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Caracterização das Distorções Harmônicas de Tensão em Circuitos Secundários de Baixa Tensão André Luis Zago de Grandi Bandeirante Energia S.A. Jules Renato V. Carneiro Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. - ESCELSA Resumo O presente trabalho visa apresentar resultados estatísticos referentes a medições de distorções harmônicas de tensão realizadas em circuitos secundários de baixa tensão (BT) na área de concessão da ESCELSA, comparando-os com os valores de referência ora indicados pelos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional em seu Módulo 8, que trata dos procedimentos relativos à qualidade de energia elétrica no âmbito dos sistemas de distribuição brasileiros. Adicionalmente, apresenta-se, em moldes semelhantes à conformidade da tensão em regime permanente, uma proposta de indicador relativo à duração da transgressão para a distorção harmônica de tensão. Palavras-chaves Distorção harmônica de tensão, PRODIST, Qualidade de Energia Elétrica. I. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, os sistemas elétricos de uma forma geral presenciaram um grande aumento no volume de cargas não lineares a eles conectadas. Isto se deve ao enorme desenvolvimento e popularização da eletrônica, abastecendo o mercado consumidor com equipamentos eletro-eletrônicos de toda a gama, caracterizados por não apresentarem uma relação linear entre a tensão e a corrente. Assim, é cada vez mais freqüente nas indústrias a presença de soft-starters, fontes reguladas, inversores de freqüência, entre outros, os quais, se por um lado propiciam melhoria no controle dos processos, por outro deformam as curvas de corrente e de tensão. As unidades consumidoras residenciais e comerciais também não ficam para trás na corrida pela modernidade e sofisticação, havendo uma infinidade de equipamentos eletrônicos presentes, tais como: micro computadores, impressoras, fornos de microondas, televisores, dvd’s, etc. E sem falar das lâmpadas compactas com reatores eletrônicos, cuja presença crescente em virtude da busca pela eficiência energética e redução do consumo, tem considerável contribuição na degradação da qualidade da energia elétrica. Com isso, crescem as preocupações relativas às distorções nas formas de onda da tensão nos sistemas elétricos. Em linhas gerais, pode-se afirmar que não são raros os estudos e trabalhos que apresentam resultados teóricos ou de medições acerca das tensões e correntes harmônicas em sistemas elétricos. Entretanto, em sua grande maioria, estes trabalhos contemplam medições em médias e grandes unidades consumidoras industriais ou em sistemas de potência em média e alta tensão. No que tange a avaliações em baixa tensão, é comum estudar-se somente as injeções harmônicas provocadas por determinados tipos de cargas individualmente, caracterizando-as pelos quantitativos de correntes harmônicas injetadas na rede elétrica. Contudo, é bem verdade que cerca de 40% a 45% da carga de um sistema de distribuição advém das redes de baixa tensão, a partir, principalmente, das classes residencial e comercial, sendo importante uma melhor avaliação e caracterização das componentes harmônicas presentes neste tipo de sistema. II. DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS ACERCA DAS DISTORÇÕES HARMÔNICAS As distorções harmônicas são fenômenos associados a deformações nas formas de onda das tensões e das correntes em relação à onda senoidal na freqüência fundamental. Conforme o teorema de Fourier, toda função periódica não senoidal pode ser representada sob a forma de uma soma de expressões composta por [1]: a) uma expressão senoidal na freqüência fundamental; b) expressões senoidais cujas freqüências são múltiplos inteiros da fundamental; c) e uma eventual componente contínua. Desta forma, tem-se que para qualquer forma de onda periódica u(t), é possível escrevê-la como [2]: ( ) ( )[ ]∑ ∞ = ⋅+⋅+= 1 sencos)( n okondc tnbtnaUtu ωω (1) onde: ( )∫ + ⋅= Tt t dc o o dttu T U 1 (2) ( ) ( )∫ + ⋅⋅= Tt t ok o o dttntuTa ωcos 2 (3) ( ) ( )∫ + ⋅⋅= Tt t ok o o dttntuTb ωsen 2 (4) sendo, T o período e ωo a freqüência fundamental. Para exemplificar, a figura 1 a seguir apresenta uma onda periódica não senoidal, que pode ser decomposta na soma da onda senoidal na freqüência fundamental, juntamente com as múltiplas inteiras desta, de terceira e quinta ordens. Fig. 1. Decomposição de uma onda distorcida em uma soma de senóides. Tais múltiplas inteiras da onda senoidal na freqüência fundamental são chamadas de componentes harmônicas ou simplesmente harmônicas, cujas amplitudes correspondem, geralmente, a uma porcentagem da amplitude da fundamental. Há vários parâmetros usados para determinação dos conteúdos harmônicos em uma onda de tensão ou de corrente elétrica. Os mais comumente empregados são a distorção harmônica individual, que expressa a magnitude de cada harmônica em relação à fundamental, e a distorção harmônica total, que expressa o quão afastado a onda medida se encontra da forma de onda ideal, dada em termos da relação entre o valor eficaz de todas as harmônicas desde a ordem 2 (f2) até a enésima ordem (fn) e o valor da fundamental (f1). As expressões que representam os parâmetros mencionados serão apresentadas no tópico a seguir, já incorporando a terminologia brasileira acerca do assunto. III. DISTORÇÕES HARMÔNICAS SOB A ÓTICA DO PRODIST Com a aprovação do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional) [3] pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) em dezembro de 2008, dá-se início a um novo marco regulatório no setor elétrico brasileiro, na medida em que o mesmo vem a preencher uma lacuna que há muito faltava no setor quanto à padronização dos procedimentos e atividades técnicas relativas às instalações com tensões inferiores a 230 kV, bem como seus agentes. No que tange ao quesito qualidade da energia elétrica, há um módulo específico tratando do assunto (Módulo 8), abordando os requisitos relativos à qualidade do serviço e do produto. Assim, para a qualidade do produto, atendendo a um anseio do setor elétrico quanto a uma legislação específica acerca do assunto, o documento traz uma série de inovações para o setor de distribuição, contemplando parâmetros de qualidade relacionados a perturbações na forma da onda. Em se tratando das distorções harmônicas, o referido documento trata somente dos aspectos relativos às formas de onda da tensão, definindo a terminologia a ser aplicada ao fenômeno, bem como as formulações precedentes e limites de referência a serem observados pelo planejamento elétrico. As seguintes expressões para quantificação dos conteúdos harmônicos são assim definidas: 100 1 ⋅= V VDIT hh (5) 100 1 2 2 ⋅= ∑ = V V DTT hmáx h h (6) onde: DITh é a distorção harmônica individual de tensão de ordem h (expresso em percentual); DTT é a distorção harmônica total de tensão (percentual); Vh é a tensão harmônica de ordem h e V1 é a tensão fundamental medida. Nenhum ponto acerca das correntes harmônicas é mencionado no documento. Seguindo o publicado no PRODIST, o documento não apresenta os protocolos de medição a serem adotados pelos respectivos equipamentos de monitoração, nem tampouco as obrigações legais quanto às medições de qualidade de energia a serem realizadas pelas concessionárias. Quanto aos limites referenciais das distorções harmônicas individuais, cujo espectro deve contemplar, no mínimo, até a 25ª ordem harmônica, e total de tensão, a Tabela I abaixoapresenta os limites dos indicadores estabelecidos no Módulo 8 do PRODIST, referenciados aos circuitos de baixa tensão (tensão nominal menor ou igual a 1 kV), escopo do trabalho. TABELA I. NÍVEIS DE REFERÊNCIA PARA DISTORÇÕES HARMÔNICAS DE TENSÃO PARA BARRAMENTOS ATENDIDOS EM BAIXA TENSÃO. Distorção Harmônica de Tensão (Vn ≤ 1 kV) Ordem harmônica DIT [%] 5 7,5 7 6,5 11 4,5 13 4,0 17 2,5 19, 23, 25 2,0 Ímpares não múltiplas de 3 >25 1,5 3 6,5 9 2,0 Ímpares múltiplas de 3 ≥15 1,0 2 2,5 4 1,5 Pares ≥6 1,0 DTT = 10% Estes limites são ditos referenciais porquanto serão alvos de regulamentação futura específica, após realização de campanhas de medição. IV. RESULTADOS DAS MEDIÇÕES Adiantando-se as solicitações de campanha de medições para estabelecimento em definitivo de metas e limites referentes às distorções harmônicas de tensão, realizou-se na ESCELSA uma série 114 medições de grandezas harmônicas em circuitos de baixa tensão (220 / 127 V) de modo a se traçar um perfil harmônico desse nível de tensão. Foram realizadas medições tanto em pontos de entrega de energia (PEE) como diretamente no secundário de transformadores de distribuição. Os medidores utilizados para tal ação atendem aos requisitos estabelecidos para medição de tensão em regime permanente (Res. ANEEL 505/2001), com taxa de amostragem de 128 amostras por ciclo, medição com janela fixa de 12 ciclos e precisão de 0,5% para toda a faixa. Como dito, as medições compreenderam pontos de monitoramento em PEE’s e secundários de transformadores, na proporção 2:1, respectivamente, tendo cada medição 1008 registros válidos com integralização de 10 minutos. A bem da verdade, na média, observa-se pouca diferença entre os resultados obtidos com as medições nos PEE’s e nos secundário dos transformadores, em termos da distorção harmônica total de tensão. Estatisticamente, o que se distingue é um maior espalhamento dos percentuais de distorção harmônica de tensão nos PEE’s em relação à média dos mesmos (maior desvio padrão do conjunto de medições). Trabalhando as distorções harmônicas totais de tensão (DTT), em média, o perfil diário apresenta valores relativamente baixos, para ambos os tipos de pontos medidos (PEE’s e transformadores). Os gráficos apresentados nas figuras 2 e 3 a seguir apresentam o perfil médio diário das medições realizadas e o percentil 95% das medições. Em torno da curva média, tem-se a área delimitada por um desvio padrão, indicando o percentual de pontos medidos que se encontram nas semi-áreas superior e inferior à média. Fig. 2. Perfil diário do DTT% das medições nos PEE’s. Fig. 3. Perfil diário do DTT% das medições nos transformadores. Das figuras anteriores, observa-se que, o perfil médio dos registros de DTT durante o período de 24 horas de monitoramento para um circuito de baixa tensão, é da ordem de 4,0%. Mais de 75% dos pontos medidos permaneceram a uma distância da média inferior a um desvio padrão. 95% das medições nos pontos de entrega de energia possuem registros de DTT diários inferiores a 6,5%. Em transformadores, o valor de DTT é ainda menor, 5,7%. Em uma outra possibilidade de análise realizada, foram determinados os quantitativos de pontos medidos em função das faixas de percentis P95% e P99% calculados das distorções harmônicas totais obtidas em cada uma das medições com 1008 registros. Fig. 4. Distribuição em freqüência dos percentis 95% dos circuitos medidos. Fig. 5. Distribuição em freqüência dos percentis 99% dos circuitos medidos. Observa-se a prevalência dos circuitos secundários em uma faixa macro de 3,0% a 6,0% de DTT. Quanto menor o percentil utilizado a tendência natural é de que os circuitos apresentem DTT’s mais baixas, como é possível observar na comparação entre as figuras 4 e 5 anteriores. Não é difícil perceber que o percentual de circuitos que se aproximam do limite referencial da ANEEL de 10% de DTT para a BT é bastante pequeno, tendo-se verificado que somente um único circuito apresentou resultado superior a 10%, trabalhando-se com o percentil P99%. Com os máximos de distorção medida, tem-se cinco circuitos acima do limite referencial. Observando-se a partir de agora as distorções harmônicas individuais de tensão, têm-se os espectros harmônicos referentes às medições realizadas nos pontos de entrega de energia e nos secundários dos transformadores apresentadas nas figuras 6 e 7 a seguir. Fig. 6. Espectro harmônico típico dos circuitos de baixa tensão, medição nos pontos de entrega de energia. Fig. 7. Espectro harmônico típico dos circuitos de baixa tensão, medição nos secundários dos transformadores. Em ambas as figuras apresentadas, as barras cheias indicam o espectro médio dos pontos medidos nos circuitos secundários de baixa tensão, enquanto que as barras pontilhadas representam os valores máximos obtidos em 95% dos circuitos medidos. Observa-se que é a componente em 300 Hz tende a ser a ordem harmônica mais significativa. Aqui é possível perceber um certo grau de diferença entre os pontos medidos em relação às ordens ímpares múltiplas de 3, notadamente a terceira harmônica. Esta é superior quando medida nos PEE’s, em comparação com os pontos medidos nos secundários dos transformadores. Os fatores que podem influenciar nesta característica derivam da impedância das redes secundárias de baixa tensão e das diferenças entre os montantes de correntes que circulam em um e no outro ponto de medição, sendo maiores nos transformadores. Similarmente ao apresentado para a distorção harmônica total de tensão, as figuras 8 e 9 apresentam os perfis diários médios das principais harmônicas individuais de tensão. Fig. 8. Perfil diário médio do DIT das principais ordens harmônicas - PEE’s. Fig. 9. Perfil diário médio do DIT das principais ordens harmônicas - transformadores. Contabilizando-se os pontos medidos em função das faixas de percentis P95% e P99% calculados das distorções harmônicas individuais das principais ordens harmônicas presentes em cada uma das medições com 1008 registros, semelhante ao apresentado para a DTT, têm-se as distribuições apresentadas nas figuras a seguir. Observando-as, somente a harmônica de ordem 3 possui característica, nos percentis P99% e P95%, de violação do indicador de referência para distorção harmônica individual de tensão (DIT3) apresentado pelo PRODIST (Tabela I). Fig. 10. Distribuição em freqüência dos percentis dos circuitos – H2. Fig. 11. Distribuição em freqüência dos percentis dos circuitos – H3. Fig. 12. Distribuição em freqüência dos percentis dos circuitos – H5. Fig. 13. Distribuição em freqüência dos percentis dos circuitos – H7. V. PROPOSTA DE UM INDICADOR DE VIOLAÇÃO DOS LIMITES DE DISTORÇÃO HARMÔNICA Percentis são medidas de posição relativa, sendo seu resultado representativo do limiar cuja percentagem de amostras encontra-se abaixo deste valor. Assim, ao se trabalhar com os percentis (P) nas medições realizadas com 1008 registros válidos cada uma, nada mais se faz do que eliminar a percentagem (100-P)% dos registros, numa ordenação decrescente. Sabe-se que pelo teorema de Fourier qualquer forma de onda não senoidal pode ser expressa pelo somatório de ondas senoidais em freqüências múltiplas. Portanto, mesmo em situações transitórias, verifica-se a presença de componentes harmônicas (em geral, de alta freqüência) por curtos intervalos de tempo, que podem proporcionar alterações na característica harmônica associada ao período de integralização que as abrange. Como as harmônicas de tensão (e de corrente) são fenômenos de caráter permanente,tais registros alterados por situações transitórias necessariamente devem ser expurgados quando da tratativa dos dados de medição. Então, ao se utilizar os percentis, tende-se a eliminar os possíveis “picos” de distorção harmônica provocados por situações transitórias. Apoiado sob esta questão e, utilizando-se dos mesmos moldes estabelecidos para a conformidade da tensão em regime permanente, é possível estabelecer um indicador relativo à violação dos limites referenciais de distorções harmônicas de tensão apresentados pelo PRODIST. Este indicador informaria quantos registros medidos de DTT ou de DITh durante o período de monitoramento, acima de um limite percentual permissível definido, ultrapassariam os limites referenciais. Portanto: 100 1008 ⋅= T T nlvDRV [%] (7) 100 1008 ⋅= h h nlvDRV [%] (8) onde: DRVT e DRVh são, respectivamente, a duração relativa da violação do limite de distorção harmônica total de tensão e individual de ordem h de tensão e nlvT e nlvh são, respectivamente, o maior valor entre as fases do número de leituras situadas acima do limite referencial de DTT e de DITh, ou seja, com violação. O denominador igual a 1008 refere-se ao quantitativo de leituras válidas com período de integralização de 10 minutos cada, correspondendo a 168 horas de monitoramento. Na seqüência, os indicadores DRVT e DRVh seriam comparados a um DRVMÁX, que, para avaliação neste trabalho, buscando-se a maximização dos resultados de distorções harmônicas verificados nas medições, foi adotado como 1%, suficiente para eliminação de possíveis situações transitórias. Assim, considerando-se todos os circuitos medidos, observa-se que um único circuito apresentou um DRVT superior ao DRVMÁX, ou seja, com mais que 1% de registros de DTT acima do limite referencial do PRODIST, 10%. Entretanto, avaliando-se a possibilidade de variações deste limite, levando-se em consideração que normas internacionais [4] acerca do assunto possuem limites inferiores aos apresentados no PRODIST, tanto para baixa tensão quanto para os demais níveis, pode-se traçar um gráfico que demonstra o acréscimo de circuitos de baixa tensão com DRVT acima de 1% a medida em que se reduz o limite de distorção harmônica total de tensão. Fig. 14. Variação do número de circuitos com violação do DRVT em função do percentual do limite de DTT considerado. Observa-se que o aumento de circuitos com violação do indicador DRVT responde parcialmente de forma exponencial à redução do limite de distorção harmônica total de tensão. A figura 15 a seguir apresenta a variação do percentual de circuitos com DRVh superior a 1% do tempo acima do limite distorção harmônica individual de tensão, desde o referencial do PRODIST até 50% do valor. Fig. 15. Variação do número de circuitos com violação do DRVh em função do percentual do limite de DIT considerado. Quando se trata das harmônicas individuais presentes nos circuitos de baixa tensão, algumas praticamente não são afetadas pelo limite imposto, pois somente com uma elevada redução do limite é possível perceber violação. Entretanto, outras, seguem a mesma tendência apresentada para a distorção harmônica total. A figura 16 a seguir, por sua vez, mostra a estratificação do quantitativo de violação do DRVT desde o limite de DTT do PRODIST até 50% deste valor (equivalente ao limite estabelecido pela IEEE 519). Fig. 16. Distribuição do quantitativo de circuitos com DRVT superior a 1% em função do percentual do limite de DTT considerado. VI. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos nas medições realizadas, observa-se que, em média, as distorções harmônicas de tensão total ou individuais encontradas em circuitos secundários de baixa tensão são bastante inferiores aos limites referenciais apresentados pelo PRODIST, de modo que poucos circuitos apresentaram DTT ou DITh (notadamente na harmônica de ordem 3) superando estes limites. Mesmo assim, a consideração de diferentes percentis da medição de 07 dias consecutivos realizada em cada ponto, pode proporcionar alterações no quantitativo de circuitos com violação, de modo que esta questão, a princípio não abordada no PRODIST quanto às distorções harmônicas, tende a ser de extrema importância na tratativa dos resultados de medição. Em linhas gerais, quando comparado, o PRODIST se apresenta com menor rigor em seus limites relativamente a outras normais internacionais acerca do assunto (IEEE 519, EN50160, NRS 048, NTCSE, IEC 61000-2-2), concedendo maior flexibilidade ao sistema elétrico brasileiro. Vale lembra que recomendações nacionais sobre harmônicos dos extintos grupos de trabalho GCOI e GCPS apontavam 6,0% como limite de distorção harmônica total em sistemas com tensões abaixo de 69 kV. Entretanto, ao se verificar os resultados das medições quando se adota este limite ou o limite de 5,0% do IEEE, observa-se uma forte tendência a uma situação de desconforto dos circuitos de baixa tensão e exposição a maiores riscos das concessionárias, possivelmente trazendo maiores obrigações e eventuais penalidades, considerando-se que, ao se apresentar limites de distorção harmônica de tensão, porém nenhuma imposição ou recomendação para distorções de corrente, toma-se uma postura pela socialização do problema, agregando-o às concessionárias. Por fim, a aplicação do tempo como nova variável em relação às distorções harmônicas pode ser de grande importância quando se pensar nos desdobramentos decorrentes dos possíveis resultados procedentes de medições, pois a partir da obtenção de um indicador DRVh ou DRVT é possível propor, de forma mais equilibrada e distinta, prazos para regularização e possíveis penalidades associadas. REFERÊNCIAS [1] SCHNEDER ELETRIC, PROCOBRE. Qualidade de Energia – Harmônicas. 2003. Disponível em http://www.viewtech.ind.br/downloads. [2] GRADY, W. M. Understanding Power System Harmonics. Texas, 2000. 182 p. [3] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST. Módulo 8, SRD, 2008. [4] UFU – Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica. Contribuições para a Normalização da Qualidade da Energia Elétrica. Uberlândia, 2001.
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