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Pós-graduação em Urgência e Emergência Assistência a vítima de Trauma Adulto e pediátrico Pós-graduação em Urgência e Emergência CHOQUE DEFINIÇÃO Estado de perfusão celular generalizada na qual a liberação de oxigênio no nível celular é inadequada para atender as necessidades metabólicas ➢Metabolismo anaeróbio ➢Diminuição na produção de energia. ➢A sensibilidade das células à falta de oxigênio varia de um órgão para outro. ➢A sobrevida dos órgão exige a chegada de nutrientes importantes, como o oxigênio e a glicose às células. SISTEMAS FISIOPATOLOGIANO CHOQUESISTEMA CARDIOVASCULAR Coração: ➢Para que o coração trabalhe de forma efetiva, deve haver um volume adequado de sangue; ➢Estimativa grosseira da pressão arterial sistólica = pulso Pulso radial: 90 mmHg Pulso femural: 80 mmHg Pulso carotídeo: 70 mmHg ➢PAM = pressão diastólica + 1/3 pressão de pulso ➢Débito cardíaco (DC) = Frequência cardíaca (FC) x Volume sistólico (VS) ➢Lei de Starling: quanto mais os ventrículos se enchem, maior é a força de contração do coração. Aumento ou redução do volume é prejudicial ➢O lado esquerdo do coração trabalha com uma maior pressão e suporta uma carga maior do que o lado direito VASOS SANGUÍNEOS ✓Os vasos contêm o sangue e levam-no para as várias áreas e células do organismo; ✓Respondem ao SNS, aos hormônios circulantes adrenalina e noradrenalina, causando constrição ou dilatação. SANGUE ✓O volume sanguíneo dentro do sistema vascular deve ser igual à capacidade dos vasos sanguíneos. SISTEMA NERVOSO ✓Dirige e controla as funções involuntárias do organismo, tais como a respiração, a digestão e a função cardiovascular. ✓Aumenta a quantidade de sangue nos órgãos vitais de acordo com a necessidade. Tolerância dos órgãos à isquemia: ÓRGÃO TEMPO DE ISQUEMIA Coração, cérebro, pulmões 4-6 minutos Rins, fígado, trato gastrointestinal 45-90 minutos Músculo, osso, pele 4-6 horas AVALIAÇÃO INICIAL ➢Reconhecimento do choque ➢Diferenciação clínica da etiologia do choque: ✓Choque hemorrágico ✓Choque não hemorrágico: ▪Choque Cardiogênico ▪Pneumotórax hipertensivo ▪Choque Neurogênico ▪Choque Séptico: choque por infecção. Pode ocorrer particularmente nos doentes com ferimento penetrante de abdome com contaminação peritoneal por conteúdo intestinal. RECONHECIMENTO DO CHOQUE Exame físico ➢Taquicardia ➢Hipotensão arterial ➢Evidências de hipoperfusão estado mental alterado, diurese , pele úmida ➢Outras manifestações dependem da etiologia AVALIAÇÃO LABORATORIAL ➢ECG IAM, arritmias ➢Rx tórax pneumotórax, silhueta cardíaca anormal, edema agudo de pulmão ➢Bioquímica e hematologia hemograma, uréia, creatinina, eletrólitos, glicose, provas de função hepática, gasometria. MONITORIZAÇÃO ➢Sonda vesical de demora monitorar diurese ➢Acessos venosos ➢Rx tórax e ECG ➢Monitoramento hemodinâmico invasivo TRATAMENTO Objetivos primários ➢Restabelecer oxigenação normal (ou níveis subnormais nos casos de sepsis). ➢Perfusão orgânica adequada. CHOQUE HIPOVOLÊMICO FISIOPATOLOGIA ➢Desequilíbrio entre o volume de líquidos e o tamanho do continente. ➢O continente continua com o seu tamanho normal, mas o volume de líquido é diminuído. ➢Perda de sangue Coração é estimulado a aumentar o débito (força e frequência), pela liberação da adrenalina. ➢A noradrenalina desencadeia a constrição dos vasos. Volume sanguíneo do adulto: 7% do seu peso Criança: 8% a 9% do peso corporal (80 a 90 ml/Kg) FISIOPATOLOGIA HIPOPERFUSÃO TECIDUAL CHOQUE TAQUICARDIA VASOCONSTRIÇÃO PERIFÉRICA HIPOPERFUSÃO ORGÂNICA Débito cardíaco PA Perfusão Agitação Diurese CLASSIFICAÇÃO De acordo com o volume de sangue perdido, pode-se classificar as hemorragias em 4 classes: HEMORRAGIA CLASSE I ✓Perda de até 15% do volume sanguíneo, até 750 ml de perda). ✓Neste caso os sinais e sintomas são mínimos. ✓Nestas situações podem ocorrer: ✓Discreta taquicardia; ✓Ligeira hipotensão arterial; ✓Pulso filiforme. ✓Indicado reanimação intravenosa com fluidos. HEMORRAGIA CLASSE II ✓Perda de 15% a 30% do volume sanguíneo ✓Num adulto de 70 Kg uma Hemorragia Classe II corresponde a perda de 750 a 1500 ml de sangue ✓Ocorre taquicardia (FC > 100 P/min no adulto) ✓Aumento da frequência respiratória ✓Redução do débito urinário (20 a 30 ml/h) ✓Alterações do Sistema Nervoso Central como ansiedade ✓Indicado reposição volêmica com cristalóides e eventual transfusão sanguínea HEMORRAGIA CLASSE III ✓Perda de 30% a 40% do volume sanguíneo. ✓Corresponde a perda de 1500 a 2000 ml de sangue em adultos. ✓Sinais e sintomas de uma insuficiente perfusão tecidual; ✓Aumento da frequência cardíaca e respiratória; ✓Descida acentuada da prensão arterial; ✓Redução do débito urinário (5 a 15 ml/h). ✓Intensificação das alterações mentais. ✓Indicação de reposição volêmica com cirstalóides e sangue. Muitos casos requerem intervenção cirúrgica. HEMORRAGIA CLASSE IV ✓Perda de mais de 40% do volume sanguíneo (mais de 2000ml de volume). ✓Requer imediata reposição sanguínea e pode causar a morte. ✓Há acentuado aumento da frequência cardíaca e respiratória, ✓Queda intensa da pressão arterial sistólica e muita dificuldade na detecção da diastólica. ✓Requer reanimação agressiva (cristalóides, sangue e intervenção cirúrgica). CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE AVALIAÇÃO DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO EXAME FÍSICO ➢Via área e respiração ➢Circulação e controle da hemorragia ➢Disfunção neurológica – exame neurológico ➢Exposição – exame completo. ➢Exame secundário ▪Dilatação gástrica – descompressão: a dilatação gástrica pode causar hipotensão inexplicada ou arritmias cardíacas (bradicardia) por estimulo vagal. ▪Sondagem vesical: avaliação de hematúria e monitorização do débito urinário. EXAMES LABORATORIAIS ➢Hemograma completo ➢ Plaquetas ➢ Tempo de protrombina (TAP) ➢Fibrinogênio ➢Gasometria arterial TRATAMENTO ➢A, B, C ✓Pressão sistólica entre 80 a 90 mmHg ✓Estado mental normal ✓Identificar e tratar a fonte da hemorragia ✓compressão mecânica ✓Evitar sobrecarga de volume (Reposição de líquidos) = edema agudo de pulmão ➢D ➢E ✓Manutenção da temperatura corporal REPOSIÇÃO VOLÊMICA INICIAL ➢Reanimação controlada – hipotensão permissiva. ➢Reposição = 3l de eletrólitos para cada 1l de sangue perdido. ➢1/3 da solução permanece no intravascular 1h após a sua administração. ➢Adulto = um a dois litros, Criança = 20 ml/Kg (bomba) ➢No choque moderado a grave é melhor repor eletrólitos e sangue do que somente sangue. ➢Soro fisiológico pode causar hipercloremia, com aumento da acidose. ➢O acesso venoso deve ser trocado tão logo seja possível. ➢Após a punção de cateter em jugular interna e subclávia solicitar Rx. AVALIAÇÃO DA REPOSIÇÃO VOLÊMICA E PERFUSÃO ORGÂNICA ➢Normalização da pressão sanguínea, da pressão e da frequência do pulso; ➢Melhora da PVC, circulação cutânea; ➢Volume do débito urinário: ✓0,5 ml/Kg/h no adulto; ✓1 ml/Kg/h na criança acima de um ano; ✓2ml/Kg/h na criança menor de um ano. ➢Equilíbrio ácido-básico: ✓Alcalose respiratória , seguida de acidose metabólica leve – não precisam de tratamento; ✓Acidose metabólica grave – infusão de líquido e sangue ✓O bicarbonato não deve ser usado rotineiramente na acidose metabólica secundária ao choque hipovolêmico. DECISÃO TERAPÊUTICA BASEADA NA RESPOSTA DO DOENTE ➢RESPOSTA RÁPIDA: Respondem rapidamente (perda inferior a 20% do volume sanguíneo). ➢RESPOSTA TRANSITÓRIA: Respostarápida, entretanto a medida que se reduz a velocidade de infusão para níveis de manutenção apresenta deterioração (perda de 20 a 40% do volume sanguíneo). ➢RESPOSTA MÍNIMA OU AUSENTE: falta de resposta adequada à administração de cristaloides e de sangue. Indica necessidade de intervenção definitiva imediata (cirurgia ou angioembolização). REPOSIÇÃO DE SANGUE ➢Sangue com prova cruzada tipo específico e tipo O: ✓Preferência para o sangue tipo específico; ✓Quando indisponível está indicado o uso de concentrado de hemácias tipo O. ✓Em mulheres uso de glóbulos Rh negativos. ➢Aquecimento dos líquidos – plasma e cristaloides: ✓aquecidos a 39ºC através da passagem por aquecedores de fluidos intravenosos. ➢Autotransfusão: ✓Indicado em hemotórax volumoso (tubo de drenagem de tórax que permite a coleta estéril, a anticoagulação, com solução de citrato de sódio, e a retransfusão do sangue drenado. REPOSIÇÃO DE SANGUE ➢Coagulopatias: ✓Traumatismos graves, hemorragias e hipotermias. Medidas do tempo de protrombina, tromboplastina parcial e contagem de plaquetas. ➢Reposição de cálcio: ✓A maioria dos doentes que recebem sangue não necessitam de reposição de cálcio. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CHOQUE ➢Equiparação da pressão arterial ao débito cardíaco: ✓A pressão sanguínea é proporcional ao débito cardíaco e à resistência vascular sistêmica. O aumento da PA pode não equivaler ao aumento do débito cardíaco; ➢Idade avançada: processo de envelhecimento. ➢Atletas: ✓O volume sanguíneo pode aumentar de 15 a 20% ; ✓Débito cardíaco pode aumentar até seis vezes; ✓Volume de ejeção sistólica pode aumentar 50%; ✓ Pulso em repouso em torno de 50. ➢Gravidez: hipervolemia fisiológica. ➢Medicamentos: ➢Bloqueadores de receptores beta-adrenérgicos e os canais de cálcio – interfere na taquicardia; ➢Uso crônico de diuréticos – hipocalcemia; ➢Agentes anti-inflamatórios e anti-coagulantes: prejudica a função plaquetária. ➢Marca-passo: ➢Taquicardia em resposta a perda sanguínea prejudicada. ➢Hipotermia: ✓Coagulopatias ▪Reaquecimento do ambiente, lâmpada de aquecimento, cobertores térmicos, aquecimento de gases respiratórios, líquidos aquecidos; ▪Reaquecimento central: irrigação da cavidade peritoneal ou torácica – cristaloide a 39ºC, ou circulação extracorpórea. REAVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES ➢A monitorização cuidadosa da PVC minimiza o risco de hiperidratação. ➢Quando o doente não responde ao tratamento procurar causas como: ➢Tamponamento cardíaco; ➢Pneumotórax hipertensivo; ➢Problemas ventilatórios; ➢Distensão gástrica; ➢Perda volêmica não reconhecida; ➢Infarto do miocárdio; ➢Acidose diabética; ➢Hipoadrenalismo; ➢Choque neurogênico. CHOQUE NEUROGÊNICO FISOPATOLOGIA ➢Lesão da medula no local de saída dos nervos do sistema nervoso simpático ➢Os vasos periféricos abaixo do nível da lesão ficam dilatados, devido da perda da inervação simpática Hipovolemia relativa: Não compromete a produção de energia SINTOMASSINTOMAS ➢Queda da PAS e PAD; ➢Pressão de pulso normal ou elevada; ➢Pele quente e seca, principalmente abaixo da lesão; ➢Bradicardia; ➢Pulso pode ser fraco; ➢Alerta, orientado e lúcido. ➢Alguns pacientes com choque neurogênico podem ter lesões associadas à hemorragia intensa. ➢Se sinais de choque hipovolêmico, como taquicardia, tratar de maneira adequada. CONDUTA ➢Imobilização ➢Expansão volêmica ➢Oxigenioterapiamanter PO2 > 60 mmHg AVALIAR PARA DECIDIR MEDIDAS GERAIS ➢Qual a causa do choque? ➢Qual o tratamento definitivo? ➢O que é que pode ser feito até o tratamento definitivo. VIAS AÉREAS ➢Respiração ➢Vias aéreas comprometidas ➢Frequência ventilatória ➢Respiração ruidosa VENTILAÇÃO ➢Monitorização da oximetria: Manter FiO² de pelo menos 95% ➢Administrar O² a 100% CIRCULAÇÃO ➢Controle da hemorragia Hemorragia externa: ➢Curativo compressivo ➢Compressão direta sobre a lesão ➢Torniquete ➢Imobilização. HEMORRAGIA INTERNA ➢Sangramento nos locais de fratura ➢Hemorragias intra-abdominal ou pélvica ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS ➢Hipóxia e perfusão deficiente = restaurar a perfusão. EXPOSIÇÃO E CONTROLE DO AMBIENTE ➢Retirada das roupas molhada e aquecimento. REPOSIÇÃO VOLÊMICA •Acesso venoso calibroso Soluções intravenosas ➢Cristalóides isotônicos ➢O ringer lactato é a solução de escolha ➢O soro fisiológico a 0,9% é uma alternativa aceitável (hipercloremia em excesso) ➢Soluções glicosadas não são bons expansores do plasma, não devem ser usados ➢O líquido deve ser aquecido a 39ºC ➢Manter a pressão arterial sistólica entre 80 a 90 mmHg ALGORITMO DE TRATAMENTO DE CHOQUE REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA • Comitê do Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões. Suporte avançado de vida no trauma para médicos: manual do curso para alunos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. • National Association of Emergency Medical Technicians. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. PHTLS. 8° ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
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