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aula 01 Processo Administrativo

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Direito Administrativo para Magistratura Federal
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves – Aula 12
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Este curso Ž protegido por direitos autorais (copyright),
nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a
legisla‹o sobre direitos autorais e d‡ outras providncias.
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Direito Administrativo para Magistratura Federal
Teoria e exercícios comentados
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AULA 12
Ol‡ pessoal!
Na aula de hoje estudaremos o Processo Administrativo segundo a
Lei 9.784/1999.
Para um melhor aproveitamento da aula, seria interessante ter a
referida lei em m‹os.
Seguiremos o seguinte sum‡rio:
SUMÁRIO
Processo Administrativo Federal – Lei 9.784/1999 .....................................................................................3
Abrangência e aplicação ..............................................................................................................................................6
Princípios............................................................................................................................................................................8
Direitos e deveres dos administrados ................................................................................................................16
Início do processo........................................................................................................................................................19
Legitimados ....................................................................................................................................................................21
Impedimento e suspeição ........................................................................................................................................21
Forma, tempo e lugar dos atos do processo.....................................................................................................24
Intimação do interessado.........................................................................................................................................26
Instrução e decisão......................................................................................................................................................28
Desistência e extinção do processo......................................................................................................................32
Recurso administrativo e revisão do processo...............................................................................................33
Contagem de prazos ...................................................................................................................................................40
Mais questões de prova ..............................................................................................................................................43
Jurisprudência .................................................................................................................................................................65
RESUMÃO DA AULA .......................................................................................................................................................68
Questões comentadas na aula ................................................................................................................................71
Gabarito ...............................................................................................................................................................................81
Direito Administrativo para Magistratura Federal
Teoria e exercícios comentados
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PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – LEI 9.784/1999
A palavra ÒprocessoÓ, etimologicamente, significa marcha para a
frente, avano, progresso. Nesse sentido, a doutrina define processo, em
sentido amplo, como uma sŽrie de atos coordenados para a
realiza‹o dos fins estatais1.
Geralmente, a ideia de processo no setor pœblico est‡ associada ao
exerc’cio da atividade jurisdicional. E isso tem a sua raz‹o de ser, afinal, a
sentena do magistrado Ž apenas a consequncia de uma sŽrie de outros
atos praticados ao longo do processo judicial, tanto pelo juiz como pelas
partes (intima›es, medidas liminares, requerimentos de prorroga‹o de
prazo, oitivas de testemunhas etc.).
No entanto, o processo n‹o Ž exclusividade da pr‡tica jurisdicional.
O Poder Legislativo e a Administra‹o Pœblica tambŽm utilizam esse meio.
Assim, da mesma forma que o processo judicial deve ser entendido
como o encadeamento de atos tendentes ˆ produ‹o da sentena, o
processo legislativo Ž o encadeamento de atos voltados ˆ elabora‹o de
leis, de emendas constitucionais, de resolu›es etc., e o
processo administrativo, objeto do nosso estudo, est‡ voltado ˆ
produ‹o de um ato administrativo ou de uma decis‹o da
Administra‹o2.
Nessa linha, a doutrina apresenta o seguinte conceito para processo
administrativo3:
Processo administrativo: uma sŽrie de atos ordenados em
sequncia, com a finalidade de possibilitar ˆ Administra‹o Pœblica a
pr‡tica de um ato administrativo final ou a prola‹o de uma decis‹o
administrativa final.
O processo administrativo Ž o instrumento de trabalho utilizado
pela Administra‹o Pœblica para ordenar e documentar as informa›es
necess‡rias ˆ pr‡tica de um ato ou ˆ tomada de uma decis‹o de natureza
administrativa. Com efeito, um ato administrativo, de regra, n‹o surge do
nada; existe todo um conjunto de circunst‰ncias e de atos anteriores,
previamente ordenados, que levaram ˆquele resultado final.
1 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 618),
2 Maria Sylvia Di Pietro classifica o processo em duas vertentes: de um lado, o processo legislativo, pelo
qual o Estado elabora a lei; de outro, os processos judicial e administrativo, pelos quais o Estado aplica a
lei.
3 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 870).
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PRINCÍPIOS
Como visto, a Lei 9.784/1999, ao estabelecer normas b‡sicas sobre o
processo administrativo, visa, em especial, ˆ prote‹o dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administra‹o.
Para atingir esse objetivo, o art. 2¼, caput da Lei enumera v‡rios
princ’pios a serem observados nos processos administrativos. Vejamos:
Art. 2o A Administra‹o Pœblica obedecer‡, dentre outros, aos princ’pios da
legalidade, finalidade, motiva‹o, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contradit—rio, segurana jur’dica, interesse
pœblico e eficincia.
Perceba que tais princ’pios n‹o s‹o exclusivos do processo
administrativo, mas se aplicam a qualquer atividade da Administra‹o. Por
essa raz‹o, eles j‡ foram estudados de forma detalhada na nossa aula
sobre princ’pios, sendo desnecess‡rio repetir aqui5.
Afora esses princ’pios expressos no caput do art. 2¼ da Lei 9.784, a
doutrina aponta a aplicabilidade de outros princ’pios que estariam
impl’citos na lei, como a publicidade e a impessoalidade, alŽm de
outros, tambŽm impl’citos, mas s— que caracter’sticos (pr—prios) dos
processos administrativos. S‹o eles:
! Oficialidade
! Informalismo
! Instrumentalidade das formas
! Verdade material
! Gratuidade
Vamos ent‹o estudarcada um desses princ’pios impl’citos pr—prios
dos processos administrativos.
Oficialidade
O processo administrativo pode ser instaurado por iniciativa do
administrado (quando ele apresenta um requerimento, por exemplo) ou
por iniciativa da pr—pria Administra‹o (de of’cio).
O princ’pio da oficialidade, tambŽm chamado de princ’pio do
impulso oficial do processo, Ž que possibilita a Administra‹o instaurar
5 Mais a frente, ao estudarmos o parágrafo único do art. 2º, faremos uma tabela que ajudará a relembrar
esses princípios.
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2. (Cespe – Suframa 2014) Considerando que uma empresa tenha solicitado à
SUFRAMA a concessão de benefícios fiscais previstos em lei para as empresas da
ZFM que observassem o processo produtivo básico previsto em regulamento, julgue
o item abaixo.
O princípio da inércia impede que a autoridade responsável pelo julgamento do
pedido realize, por conta própria, diligência não solicitada pela empresa, ainda que
necessária para a comprovação do direito.
Comentário: O princípio da inércia ou da demanda é típico da atividade
jurisdicional, afinal, o Judiciário, de regra, só atua mediante provocação dos
interessados. Por sua vez, na esfera administrativa, o princípio que vigora é o
da oficialidade ou do impulso oficial. Segundo esse princípio, ainda que a
provocação inicial tenha sido do particular, o impulso do processo compete à
Administração. A razão disso é que os processos administrativos iniciados
pelos particulares não só atendem ao seu interesse, mas também ao interesse
público, impelindo a Administração a reavaliar a legalidade e a conveniência
dos atos que ela mesma praticou, para, se for o caso, anuláXlos, modificaXlos
ou revogaXlos.
Portanto, no caso concreto, a autoridade não só pode como deve
proceder às diligências necessárias para a conclusão do processo, daí o erro.
Gabarito: Errado
3. (Cespe – CADE 2014) Considere que, em auditoria para a verificação da
regularidade da concessão de determinado direito, tenha sido constatado que alguns
administrados foram injustamente excluídos. Nessa hipótese, em se tratando de
interesses individuais, o processo administrativo para a extensão de tal direito só
poderá ser iniciado após provocação da parte interessada.
Comentário: Nos termos do art. 1º da Lei 9.784/1999, as normas aplicáveis
ao processo administrativo federal têm como objetivo, em especial, a proteção
dos direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins da
Administração. Assim, diante da exclusão injusta do direito dos administrados,
caberá à Administração, com base no princípio da oficialidade, instaurar por
iniciativa própria um processo administrativo visando à reparação do erro,
independentemente de provocação da parte interessada.
Gabarito: Errado
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Informalismo
Nos processos administrativos, a necessidade de obedincia ˆ forma
Ž muito menos rigorosa do que nos processos judiciais. Por isso Ž que se
diz que os processos administrativos s‹o regidos pelo informalismo ou,
segundo alguns autores, pelo formalismo moderado.
Informalismo n‹o significa ausncia de
forma.
O processo administrativo Ž formal, no sentido de que deve ser
escrito7, numerado e assinado, alŽm de conter documentado tudo o
que ocorre no seu desenvolvimento; por outro lado, Ž informal, no
sentido de que n‹o est‡ sujeito a formas r’gidas.
Com efeito, o princ’pio do informalismo preceitua que, embora
seja formal, o processo administrativo deve adotar formas simples,
apenas suficientes para proporcionar segurana jur’dica e garantir o
direito de defesa quando necess‡rio.
O art. 22 da Lei 9.784/1999 consagra o informalismo do processo
administrativo ao estabelecer:
Art. 22. Os atos do processo administrativo n‹o dependem de forma
determinada sen‹o quando a lei expressamente a exigir.
Assim, em regra, n‹o s‹o exigidas formas ou formalidades especiais
para os atos praticados no processo administrativo, sobretudo para
aqueles a cargo do particular (por exemplo, para o particular fazer um
requerimento junto ˆ Administra‹o, n‹o Ž exigido que ele redija o texto
usando determinada fonte, margem, cor do papel etc.; ao contr‡rio, ele
pode atŽ fazer um requerimento manuscrito).
Entretanto, deve-se ressaltar que o informalismo dos atos
processuais no processo administrativo Ž uma regra geral. Isso porque,
conforme destacado no final do art. 22, se a lei exigir uma forma
espec’fica como requisito para a validade de determinado ato, tal forma
dever‡ ser observada, sob pena de nulidade.
7 Quando for admitido atos processuais produzidos verbalmente, seu conteúdo deve ser reduzido a termo,
isto é, passado a escrito.
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A necessidade de maior formalismo existe, em especial, nos
processos que envolvem interesses dos administrados, como Ž o caso
dos processos de licita‹o, disciplinar e tribut‡rio8.
4. (Cespe – MDIC 2014) Em razão da simetria com o processo judicial, vigora, no
processo administrativo, o princípio do formalismo procedimental, em que se afasta
a flexibilização na tramitação do processo para evitar os arbítrios das autoridades e
garantir a legitimidade das decisões administrativas.
Comentário: Ao contrário do processo judicial, no processo
administrativo vigora o princípio do informalismo ou formalismo moderado,
pelo qual os atos processuais, de regra, não dependem de forma determinada,
senão quando a lei expressamente exigir. Como decorrência desse princípio, a
Administração não deve ficar presa a regras rígidas, mas sim buscar as
melhores soluções para o atendimento dos interesses públicos.
Gabarito: Errado
Instrumentalidade das formas
O processo Ž mero instrumento para aplica‹o da lei, de modo que
as exigncias de forma a ele pertinentes devem ser adequadas e
proporcionais ao fim que se pretende atingir.
Sendo assim, pelo princ’pio da instrumentalidade das formas,
se, no curso do processo, a finalidade de determinado ato processual for
alcanada, mesmo que n‹o tenha sido observada a forma prescrita, pode-
se considerar sanada a falta formal, desde que essa inobserv‰ncia n‹o
prejudique a Administra‹o ou o administrado.
A instrumentalidade das formas relaciona-se com outro princ’pio, o
da economia processual. Simplificadamente, pode-se dizer que da
no‹o de Òeconomia processualÓ resulta que um ato processual praticado
com alguma irregularidade s— deve ser desconstitu’do e repetido se esse
defeito efetivamente puder influenciar o resultado a que o processo
chegaria se o v’cio n‹o tivesse ocorrido9.
Exemplo da aplica‹o desse princ’pio pode ser encontrado no art. 26,
¤5¼ da Lei 9.784/1999:
8 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 626i627).
9 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 881).
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¤5o As intima›es ser‹o nulas quando feitas sem observ‰ncia das
prescri›es legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta
ou irregularidade.
Vamos analisar esse dispositivo para entender o alcance do princ’pio
da instrumentalidade das formas. A finalidade da intima‹o Ž dar cincia
ao administrado acerca de determinado ato praticado no processo, o que
Ž importante para que ele possa apresentar sua defesa ou cumprir alguma
obriga‹o, caso necess‡rio. Por isso, a Lei 9.784 estabelece algumas
formalidadesessenciais a serem observadas na intima‹o, como as
informa›es que ela dever‡ conter e o prazo de antecedncia m’nimo
(3 dias œteis). Tais formalidades servem justamente para assegurar que a
intima‹o cumpra a sua finalidade, qual seja, a de dar cincia ao
administrado. Em outras palavras, o legislador entende que, sem essas
formalidades, existiria grande chance de a finalidade do ato n‹o ser
atingida. PorŽm, caso ocorra de o administrado comparecer ao processo
(o que demonstra que ele tomou cincia do ato), ainda que alguma
formalidade prevista na lei n‹o tenha sido observada (por exemplo,
mesmo que a intima‹o lhe tenha sido entregue com apenas 2 dias de
antecedncia), significa que a intima‹o cumpriu a sua finalidade e, pelo
princ’pio da instrumentalidade das formas e da economia processual, a
n‹o observ‰ncia da formalidade prescrita na lei n‹o impactar‡ o
prosseguimento do processo.
Verdade material
Nos processos administrativos, diversamente do que ocorre nos
processos judiciais, os respons‡veis pela condu‹o do processo n‹o
precisam ficar restritos ˆs informa›es constantes dos autos para a
forma‹o das suas convic›es e para a constru‹o das decis›es a serem
proferidas.
Ao contr‡rio, a Administra‹o deve procurar conhecer como o fato
efetivamente ocorreu no mundo real, e n‹o ficar presa ˆs informa›es
trazidas aos autos do processo. Trata-se do denominado princ’pio da
verdade material, ou da verdade real ou, ainda, da liberdade da
prova10.
Em decorrncia desse princ’pio, a Administra‹o Pœblica pode trazer
aos autos quaisquer informa›es que possam auxiliar na apura‹o dos
10 Nos processos judiciais, ao contrário, aplicaise a chamada verdade formal ou verdade dos autos, de
modo que o juiz só aprecia os fatos e as provas trazidas aos autos pelas partes.
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fatos efetivamente ocorridos, inclusive mediante a produ‹o de provas de
of’cio ou a utiliza‹o de provas constantes de outro processo
administrativo ou judicial, como tambŽm recebendo os elementos
apresentados pelo administrado em qualquer fase do processo.
Por exemplo, num processo licitat—rio, a Administra‹o poder‡
consultar sites na internet ou fazer diligncias a outros —rg‹os para
confirmar informa›es apresentadas pelas licitantes, e n‹o apenas se ater
aos documentos juntados ao processo nas fases processuais pr—prias.
Enfim, nos processos administrativos, importa saber o que ocorreu de
fato, e n‹o propriamente o que est‡ nos autos.
5. (Cespe – TRE/MS 2013) No processo administrativo, a administração pública tem
o poder dever de produzir provas com o fim de atingir a verdade dos fatos, não
devendo, por isso, ficar restrita ao que as partes demonstrarem no procedimento.
Esse pressuposto, conforme a doutrina pertinente, refereRse ao princípio da
a) da gratuidade.
b) oficialidade.
c) lealdade e boaRfé.
d) do informalismo.
e) da verdade material.
Comentário: TrataXse, sem sombra de dúvidas, do princípio da verdade
material.
Gabarito: alternativa “e”
Gratuidade
Nos processos administrativos, diversamente do que ocorre nos
processos judiciais, Ž proibida a cobrana de despesas processuais. N‹o
podem ser cobrados, por exemplo, custas processuais e ™nus de
sucumbncia.
Em outras palavras, a regra Ž a gratuidade dos atos processuais.
Contudo, Ž poss’vel a cobrana caso haja previs‹o legal. No concurso
pœblico, por exemplo, Ž l’cita a cobrana de taxa de inscri‹o.
*****
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Por fim, vale saber que, inexistindo competncia legal espec’fica, o
processo administrativo dever‡ ser iniciado perante a autoridade de
menor grau hier‡rquico para decidir (art. 17).
6. (Cespe – ICMBio 2014) Considere que, ao conferir o conteúdo de requerimento
apresentado por um cidadão ao ICMBio, o analista responsável tenha recusado o
recebimento do documento por ausência de alguns dados. Nessa situação, é
vedada à administração a recusa imotivada do documento, cabendo ao servidor
orientar o cidadão a suprir as falhas.
Comentário: A questão está em perfeita consonância com o art. 6º,
parágrafo único da Lei 9.784/1999:
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida
solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I ; órgão ou autoridade administrativa a que se dirige>
II ; identificação do interessado ou de quem o represente>
III ; domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações>
IV ; formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos>
V ; data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de
documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento
de eventuais falhas.
Gabarito: Certo
7. (Cespe – CNJ 2013) É defeso à administração recusar imotivadamente o
recebimento de documentos. Nesse caso, o servidor deverá orientar o interessado
quanto ao suprimento de eventuais falhas.
Comentário: “Defeso” quer dizer “vedado”, “proibido”. Portanto, a
questão está de acordo com o art. 6º transcrito na questão anterior, ou seja,
está correta.
Gabarito: Certo
8. (Cespe – TJDFT 2013) O processo administrativo pode ser iniciado a pedido do
interessado, mediante formulação escrita, não sendo admitida solicitação oral.
Comentário: De fato, a regra é o requerimento inicial ser formulado por
escrito. Contudo, podem existir situações em que seja admitida solicitação
oral, conforme previsto no caput do art. 6º transcrito anteriormente, daí o erro.
Gabarito: Errado
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9. (Cespe – MIN 2013) Qualquer autoridade de menor grau hierárquico em uma
organização pública pode iniciar um processo administrativo, desde que não tenha
sido definida competência legal específica para esse fim.
Comentário: Segundo o art. 17 da Lei 9.784/99, “inexistindo competência
legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico para decidir”. O item está correto,
portanto. A ideia subjacente é não sobrecarregar a autoridade máxima do
órgão e, ainda, possibilitar que haja uma autoridade superior a quem o
interessado possa apresentar recurso, caso entenda necessário (se o
processo já iniciasse perante a autoridade máxima, o interessado não teria a
quem recorrer na esfera administrativa).
Gabarito: Certo
LEGITIMADOS
AlŽm da pessoa que deu in’cio ao processo (Administra‹o ou
administrado), outras pessoas e entidades podem intervir e se manifestar
nos autos, especialmente quando tiverem algum interesse pr—prio ou de
seus representados em jogo. O art. 9¼ da Lei 9.784 enumera os
legitimados no processo, na qualidade de interessados, quais sejam:
" Pessoas f’sicas ou jur’dicas que o iniciem como titulares de direitos ou
interesses individuais ou no exerc’cio do direito de representa‹o;
" Aqueles que, sem terem iniciado o processo, tm direitos ou interesses
que possam ser afetados pela decis‹o a ser adotada;
" As organiza›es e associa›es representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos;
" As pessoas ou as associa›es legalmente constitu’das quanto a direitos
ou interesses difusos.
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
As situa›es que caracterizam o impedimento ou a suspei‹o do
agente pœblico constituem aplica‹o direta do princ’pio da impessoalidade.
Trata-se de situa›es pessoais dos servidores, masque s‹o pass’veis
de comprometer a necess‡ria imparcialidade dos respons‡veis pela
condu‹o do processo. Assim, se houver alguma tendncia em prejudicar
ou favorecer quem quer que seja, Ž dever da Administra‹o afastar o
servidor ou autoridade do processo.
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interessado for seu primo, a menos que haja alguma norma específica para os
processos que tramitam no referido Tribunal.
Gabarito: Errado
11. (Cespe – TJDFT 2013) O servidor que estiver litigando judicialmente contra a
companheira de um interessado em determinado processo administrativo estará
impedido de atuar nesse processo.
Comentário: Estar litigando judicial ou administrativamente com o
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro é uma das causas de
impedimento para atuar em processo administrativo (art. 18, III). O servidor que
incorrer nesse tipo de situação deve comunicar o fato à autoridade competente
e absterXse de atuar. A omissão do dever de comunicar o impedimento
constitui falta grave, para efeitos disciplinares (art. 19).
Gabarito: Certo
FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
Como vimos, nos termos do art. 22 da Lei 9.784/1999, Òos atos do
processo administrativo n‹o dependem de forma determinada sen‹o
quando a lei expressamente a exigirÓ. Trata-se da aplica‹o do princ’pio
do informalismo ou do formalismo moderado.
Contudo, a pr—pria Lei 9.784 determina, no ¤1¼ do mesmo art. 22,
que os atos do processo sejam produzidos "por escrito, em vern‡culo12,
com a data e o local de sua realiza‹o e a assinatura da autoridade
respons‡vel". Ademais, Òo processo dever‡ ter suas p‡ginas numeradas
sequencialmente e rubricadasÓ (art. 22, ¤4¼).
A Lei tambŽm disciplina que o reconhecimento de firma somente ser‡
exigido quando houver imposi‹o ou em caso de dœvida de autenticidade
(¤2¼) e a autentica‹o de documentos exigidos em c—pia poder‡ ser feita
pelo —rg‹o administrativo (¤3¼), ou seja, n‹o precisa ser feita em cart—rio.
Quanto ao momento de realiza‹o dos atos do processo, a Lei 9.784
estipula que, de regra, devem realizar-se em dias œteis, no hor‡rio
normal de funcionamento da reparti‹o na qual tramitar o processo
(art. 23, caput). Entretanto, a Lei possibilita a conclus‹o depois do
hor‡rio normal dos atos j‡ iniciados, cujo adiamento prejudique o
curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou ˆ
Administra‹o (art. 23, par‡grafo œnico).
12 Língua nativa, ou seja, em língua portuguesa.
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Os atos processuais de incumbncia da Administra‹o ou dos
administrados devem ser realizados, quando inexistirem disposi›es
espec’ficas, no prazo de cinco dias, ressalvados motivo de fora
maior (art. 24, caput). Esse prazo de cinco dias por ser prorrogado por
atŽ igual per’odo (a Lei diz ÒatŽ o dobroÓ), desde que devidamente
justificado (art. 24, par‡grafo œnico).
Preferencialmente, os atos do processo dever‹o ser realizados na
sede do —rg‹o, mas podem tambŽm ser realizados em outro local,
hip—tese na qual o interessado dever‡ ser cientificado (art. 25).
Certos procedimentos administrativos ter‹o prioridade na
tramita‹o, em qualquer —rg‹o ou inst‰ncia. Essa prioridade ser‡
garantida nos procedimentos em que figure como parte ou interessado
(art. 69-A):
" Pessoa com idade igual ou superior a 60 anos;
" Pessoa portadora de deficincia, f’sica ou mental
" Pessoa portadora de doena grave.
Quanto a este œltimo item, a lei apresenta uma lista exemplificativa
de doenas consideradas graves: tuberculose ativa, esclerose mœltipla,
neoplasia maligna, hansen’ase, paralisia irrevers’vel e incapacitante,
cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avanados da doena de
Paget (oste’te deformante), contamina‹o por radia‹o e s’ndrome de
imunodeficincia adquirida (AIDS). AlŽm disso, a lei assegura o mesmo
direito aos portadores de Òoutra doena grave, com base em conclus‹o da
medicina especializadaÓ.
Importante ressaltar que o direito ˆ tramita‹o priorit‡ria existe
mesmo que a doena tenha sido contra’da ap—s o in’cio do processo.
Frise-se que a tramita‹o priorit‡ria n‹o acontece de of’cio. A
pessoa interessada na obten‹o do benef’cio dever‡ requer-lo ˆ
autoridade administrativa competente, juntando prova de sua condi‹o.
Deferida a prioridade, os autos receber‹o identifica‹o pr—pria que
evidencie o regime de tramita‹o priorit‡ria.
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INTIMAÇÃO DO INTERESSADO
Intimar Ž, simplesmente, dar cincia ao interessado de algum ato
praticado no processo, ou de alguma providncia que deva ser adotada,
dependa ou n‹o, do comparecimento do interessado ˆ reparti‹o13.
Segundo o art. 26 da Lei 9.784, o interessado dever‡ ser intimado
para cincia de decis‹o ou a efetiva‹o de diligncias. Mais
especificamente, devem ser objeto de intima‹o os atos do processo que
resultem para o interessado em imposi‹o de deveres, ™nus, san›es
ou restri‹o ao exerc’cio de direitos e atividades e os atos de outra
natureza, de seu interesse (art. 28).
A intima‹o dever‡ conter (art. 26, ¤1¼):
" Identifica‹o do intimado e nome do —rg‹o ou entidade administrativa;
" Finalidade da intima‹o;
" Data, hora e local em que deve comparecer;
" Se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;
" Informa‹o da continuidade do processo independentemente do seu
comparecimento;
" Indica‹o dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
Quando for necess‡rio o comparecimento do interessado ˆ reparti‹o,
a intima‹o dever‡ ser promovida com antecedncia m’nima de 3 dias
œteis (art. 26, ¤2¼).
Em rela‹o ˆ forma, a intima‹o poder‡ ser (art. 26, ¤3¼):
" Pessoal, mediante cincia no processo, por ocasi‹o do comparecimento
do interessado;
" Por via postal com aviso de recebimento;
" Por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da cincia do
interessado;
" Por meio de publica‹o oficial, no caso de interessados indeterminados,
desconhecidos ou com domic’lio indefinido.
N‹o h‡ ordem de preferncia com rela‹o ˆs trs primeiras
hip—teses. J‡ a publica‹o oficial cabe somente na hip—tese listada, qual
seja, no caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com
domic’lio indefinido.
13 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 987).
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O art. 26, ¤5¼, segundo o qual Òas intima›es ser‹o nulas quando
feitas sem observ‰ncia das prescri›es legais, mas o comparecimento
do administrado supre sua falta ou irregularidadeÓ, apresenta o j‡
comentado exemplo de aplica‹o do princ’pio da instrumentalidade das
formas.
J‡ o art. 27 consagra o princ’pio da verdade material, ao estabelecer
que Òo desatendimento da intima‹o n‹o importa o reconhecimento da
verdade dos fatos, nem a renœncia a direito pelo administradoÓ. Quer dizer
que o simples fato de o administrado desatender ˆ intima‹o n‹o implica
a presun‹o da sua culpa, tampouco significa confiss‹o ou renœncia a
direitos que porventura lhes sejam assegurados, como o direito ˆ ampla
defesa. Entretanto, se o interessado desatender a intima‹o, seu direito
de ampla defesa ser‡ garantido no prosseguimento do processo, ou seja,
a tramita‹o processual n‹o ir‡ retroceder para lhe dar oportunidade de
se manifestar14.
12. (Cespe – Ministérioda Justiça 2013) Em processos administrativos, é
obrigatória a intimação do envolvido, sob pena de nulidade do ato.
Comentário: Nos termos do art. 26, caput da Lei 9.784/1999, “o órgão
competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a
intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
diligências”. Ou seja, a intimação do interessado é obrigatória e necessária
para que este tome ciência das decisões, cumpra as diligências e, mais
importante, exerça o seu direito de defesa. Assim, o ato que reflita nos
interesses do administrado e que seja praticado sem a devida intimação será
nulo.
Gabarito: Certo
14 Vale lembrar que o interessado tem o direito de apresentar documentos até antes da fase de decisão,
sendo a Administração obrigada a apreciáilos (art. 3º, III). Portanto, ainda que o interessado tenha
perdido a oportunidade de se manifestar na intimação, poderá apresentar suas alegações posteriormente,
ainda antes da decisão final.
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INSTRUÇÃO E DECISÃO
A fase de instru‹o destina-se a averiguar e comprovar os dados
necess‡rios ˆ tomada de decis‹o (art. 29).
Em raz‹o do princ’pio da oficialidade, as atividades de instru‹o
realizam-se de of’cio, ou seja, por iniciativa da pr—pria Administra‹o,
que poder‡ determinar diligncias, produzir provas, intimar os
administrados a prestar depoimentos etc.
Obviamente, isso n‹o exclui o direito dos interessados de, na fase
instrut—ria e antes da tomada da decis‹o, propor atua›es probat—rias,
isto Ž, juntar documentos e pareceres, requerer diligncias e per’cias,
bem como aduzir alega›es referentes ˆ matŽria objeto do processo.
Nessa hip—tese, a Administra‹o dever‡ impulsionar a instru‹o, vale
dizer, analisar os elementos probat—rios apresentados pelo administrado e
considera-los na motiva‹o do relat—rio e da decis‹o (art. 38).
No processo administrativo, o ™nus da prova Ž do interessado, isto
Ž, cabe a ele provar os fatos que alega, sem preju’zo do dever atribu’do
ao —rg‹o competente para a instru‹o de realiza-la de of’cio ou mediante
impuls‹o (art. 36). H‡, contudo, uma exce‹o: quando o interessado
declarar que fatos e dados est‹o registrados em documentos existentes
na pr—pria Administra‹o respons‡vel pelo processo ou em outro —rg‹o
administrativo, o —rg‹o competente para a instru‹o prover‡, de of’cio, ˆ
obten‹o dos documentos ou das respectivas c—pias, a t’tulo de prova em
favor do interessado (art. 37).
Somente poder‹o ser recusadas, mediante decis‹o fundamentada,
as provas propostas pelos interessados quando sejam il’citas,
impertinentes, desnecess‡rias ou protelat—rias. Ressalte-se que s‹o
inadmiss’veis no processo administrativo as provas obtidas por
meios il’citos, tanto por parte do interessado como por parte da
Administra‹o (art. 30).
Quando a matŽria do processo envolver assunto de interesse geral,
o —rg‹o competente poder‡ abrir per’odo de consulta pœblica, a fim de
que terceiros (pessoas f’sicas e jur’dicas n‹o enquadradas no conceito de
interessados previsto no art. 9¼) possam examinar os autos e apresentar
suas considera›es (por escrito), antes da decis‹o. A Administra‹o
dever‡ oferecer resposta fundamentada a todas as considera›es
recebidas, podendo elaborar uma resposta comum para atender ˆs
alega›es substancialmente iguais (art. 31).
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AlŽm disso, antes da tomada de decis‹o, se a autoridade competente
entender que o processo cuida de quest‹o relevante, poder‡ realizar
audincia pœblica para debates sobre a matŽria (art. 32). A diferena
para a consulta pœblica Ž que, na audincia, n‹o haver‡ acesso aos autos
por parte de terceiros n‹o interessados, nem direito de resposta ˆs
considera›es, mas apenas debates sobre a matŽria do processo.
Todos os dados levantados durante a instru‹o, tanto os obtidos de
of’cio pela Administra‹o como os produzidos por iniciativa do
interessado, ou, ainda, nas consultas e audincias pœblicas, devem ser
juntados aos autos para fundamentar a decis‹o do processo (art. 29,
¤1¼).
Quando for necess‡ria a presta‹o de informa›es ou a apresenta‹o
de provas pelos interessados ou terceiros, ser‹o expedidas intima›es
para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condi›es de
atendimento (art. 39). Caso se trate de intima‹o para a produ‹o de
uma prova ou a realiza‹o de diligncia, os interessados ser‹o
intimados com antecedncia m’nima de 3 dias œteis, mencionando-se
data, hora e local de realiza‹o (art. 41).
N‹o sendo atendida a intima‹o, poder‡ o —rg‹o competente, se
entender relevante a matŽria, suprir de of’cio a omiss‹o (princ’pio da
oficialidade), n‹o se eximindo de proferir a decis‹o (art. 39, par‡grafo
œnico).
Todavia, quando dados, atua›es ou documentos solicitados ao
interessado forem necess‡rios ˆ aprecia‹o de pedido formulado, o n‹o
atendimento da intima‹o no prazo fixado pela Administra‹o para a
apresenta‹o dessas informa›es implicar‡ arquivamento do processo.
Essa hip—tese ocorre quando a Administra‹o n‹o teve como suprir de
of’cio a omiss‹o, ou entendeu que a matŽria n‹o era relevante o suficiente
para tanto, de tal sorte que sua decis‹o dever‡ ser simplesmente pelo
arquivamento do processo (art. 40).
Durante a instru‹o, pode ser necess‡ria a produ‹o de pareceres
por —rg‹os consultivos. O prazo para emiss‹o do parecer Ž de 15 dias,
salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo (art. 42)
E se o parecer deixar de ser emitido no prazo fixado? Se for um
parecer obrigat—rio e vinculante, o processo n‹o ter‡ seguimento atŽ a
respectiva apresenta‹o do parecer, responsabilizando-se quem der causa
ao atraso. J‡ se for um parecer obrigat—rio e n‹o vinculante, o
processo poder‡ ter prosseguimento e ser decidido com dispensa do
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parecer, sem preju’zo da responsabilidade de quem se omitiu no
atendimento (art. 42, ¤¤1¼ e 2¼).
Encerrada a instru‹o, o interessado ter‡ o direito de manifestar-
se no prazo m‡ximo de 10 dias, salvo se outro prazo for legalmente
fixado (art. 44).
Em caso de risco iminente, a Administra‹o Pœblica poder‡
motivadamente adotar providncias acauteladoras sem a prŽvia
manifesta‹o do interessado (art. 45). ƒ o caso, por exemplo, de um
processo administrativo em que se constate a iminncia de ocorrer um
dano ao er‡rio, hip—tese em que a Administra‹o poder‡ adotar as
providncias necess‡rias para evitar o dano, sem que tenha de ouvir o
interessado previamente (poder‡ ouvi-lo depois).
Quando o —rg‹o de instru‹o n‹o for competente para emitir a
decis‹o final, elaborar‡ relat—rio com o resumo do processo, indicando o
pedido inicial, o conteœdo das fases do procedimento e formular‡
proposta de decis‹o, objetivamente justificada, encaminhando o
processo ˆ autoridade competente (art. 47).
ƒ importante salientar que a Administra‹o tem o dever de,
explicitamente, emitir decis‹o nos processos administrativos (art. 49).
A decis‹o pode ser tanto no sentido de resolver o mŽrito do processo (por
exemplo, deferindo ou indeferindo o pedido formulado, adjudicando a
licita‹o etc.) como tambŽm de arquiv‡-lo, quando estiverem ausentes
elementos necess‡rios ˆ decis‹o.
O prazo para Administra‹o decidir Ž de 30 dias a partir do tŽrmino
da instru‹o, prorrog‡vel, motivadamente, por igual per’odo (art. 49).
Por fim, como aplica‹o direta do princ’pio da publicidade, a Lei 9.784
estabelece que os interessados tm direito ˆ vista do processoe a obter
certid›es ou c—pias reprogr‡ficas dos dados e documentos que o
integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por
sigilo ou pelo direito ˆ privacidade, ˆ honra e ˆ imagem (art. 46).
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13. (Cespe – CNJ 2013) As atividades desenvolvidas na fase instrutória do processo
administrativo destinamRse a averiguar e a comprovar os dados necessários à
tomada de decisão e são realizadas pela administração em observância ao princípio
da oficialidade, não competindo ao administrado a proposição de atos probatórios.
Comentário: O quesito ia bem, mas escorregou na parte final, pois os
administrados podem sim propor atuações probatórias, como a oitiva de
testemunhas, a juntada de documentos etc. É o que diz o art. 29 da Lei 9.784:
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados
necessários à tomada de decisão realizam;se de ofício ou mediante impulsão do
órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de
propor atuações probatórias.
Gabarito: Errado
14. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Ao proferir uma decisão em processo
administrativo, o administrador é isento de apresentar as razões jurídicas que
embasam sua decisão quando esta impuser determinado tipo de sanção à terceiro.
Comentário: O art. 50 da Lei 9.784/1999 enumera os atos administrativos
em que motivação, ou seja, a indicação expressa dos fatos e fundamentos
jurídicos, é necessária. TrataXse de uma lista bastante ampla, fazendo com que
a motivação seja a regra. Vamos ver:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
I ; neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses>
II ; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções>
III ; decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública>
IV ; dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório>
V ; decidam recursos administrativos>
VI ; decorram de reexame de ofício>
VII ; deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais>
VIII ; importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
Portanto, voltando à questão, ao proferir decisão em processo
administrativo que imponha sanção a terceiro, o administrador tem a
obrigação de apresentar as razões jurídicas e factuais que embasaram sua
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decisão, daí o erro.
Gabarito: Errado
15. (Cespe – Bacen 2013) Encerrada a instrução, o processo deverá ser
imediatamente remetido à autoridade competente para julgáRlo, para decisão.
Comentário: Segundo o art. 44 da Lei 9.784/1999, encerrada a instrução, o
interessado terá o direito de manifestarXse no prazo máximo de 10 dias, salvo
se outro prazo for legalmente fixado. Portanto, encerrada a instrução, o
processo não é remetido imediatamente para decisãoo antes disso, deveXse dar
oportunidade para o interessado se manifestar.
Gabarito: Errado
16. (Cespe – ICMBio 2014) Considere que o ICMBio tenha instaurado processo
administrativo que necessite da realização de atos em município que não tenha
órgão hierarquicamente subordinado ao instituto. Nessa situação, se houver,
naquela localidade, outro órgão administrativo apto a executar os atos necessários à
instrução do processo, é possível que parte da competência do instituto lhe seja
delegada.
Comentário: TrataXse de assunto delegação de competências, estudado
na aula sobre atos administrativos. A resposta está no art. 12 da
Lei 9.784/1999:
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial.
Gabarito: Certo
DESISTÊNCIA E EXTINÇÃO DO PROCESSO
O interessado poder‡, mediante manifesta‹o escrita, desistir
total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a
direitos dispon’veis (art. 51). A sua desistncia ou renœncia, porŽm, n‹o
prejudica o prosseguimento do processo, se a Administra‹o considerar
que o interesse pœblico assim o exige (art. 51, ¤2¼).
Por exemplo, o servidor entra com um requerimento para pleitear
uma gratifica‹o que julga ter direito, mas n‹o vem recebendo. O pedido
dar‡ in’cio a um processo administrativo. PorŽm, uma conversa com
amigos o faz mudar de ideia quanto ao seu direito ˆ gratifica‹o e, por
isso, ele resolve desistir do processo. N‹o obstante o pedido do
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interessado, se a Administra‹o entender que a solu‹o do feito ser‡
importante para orientar futuros requerimentos semelhantes, poder‡
decidir manter o processo aberto e ir atŽ o fim.
Ressalte-se que a desistncia ou renœncia de um interessado n‹o
atinge outros eventuais interessados habilitados no processo (art. 51,
¤1¼).
O —rg‹o competente poder‡ declarar extinto o processo quando
exaurida sua finalidade ou quando o objeto da decis‹o se tornar
imposs’vel, inœtil ou prejudicado por fato superveniente (art. 52).
17. (Cespe – Bacen 2013) O interessado que der início a um processo
administrativo não poderá desistir do pedido formulado, devendo o processo tramitar
até seu julgamento final.
Comentário: Segundo o art. 51 da Lei 9.784/1999, o interessado pode,
mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido
formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. Tal desistência, contudo,
não prejudica o andamento o processo, caso a Administração conclua que a
matéria tratada seja de interesse público. E isso se dá em decorrência do
princípio da oficialidade, pelo qual a Administração deve impulsionar o
processo, ainda que instaurado pelo particular, e também do princípio da
verdade material, pelo qual a Administração deve buscar a verdade dos fatos,
ou seja, o que realmente ocorreu.
Não obstante, ressalteXse que, de acordo com o art. 52 da Lei 9.784/1999,
o processo administrativo poderá ser extinto pelo órgão competente quando
exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou
prejudicado por fato superveniente.
Gabarito: Errado
RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO DO PROCESSO
Recurso administrativo Ž o meio de que disp›e o administrado
para que, ao discordar de determinada decis‹o adotada pela
Administra‹o, solicite que esta reavalie a quest‹o.
A Lei 9.784/1999 prev a possibilidade de se apresentar recurso
contra a decis‹o adotada ao final do processo administrativo, por raz›es
de legalidade ou de mŽrito. Assim, por exemplo, o interessado pode
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recorrer por achar que o processo n‹o foi decidido pela autoridade
competente ou porque n‹o lhe foi dado o necess‡rio direito de defesa
(raz›es de legalidade) ou, ainda, por entender que a decis‹o da
Administra‹o n‹o foi a melhor para o caso (raz›es de mŽrito).
Tm legitimidade para interpor recurso administrativo (art. 58):
" Os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
" Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela
decis‹o recorrida;
" As organiza›es e associa›es representativas,no tocante a direitos e
interesses coletivos;
" Os cidad‹os ou associa›es, quanto a direitos ou interesses difusos.
O recurso interp›e-se por meio de requerimento no qual o recorrente
dever‡ expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os
documentos que julgar convenientes (art. 60).
De regra, o prazo a interposi‹o de recursos administrativos Ž de
10 dias, salvo disposi‹o legal espec’fica em sentido diverso. O prazo Ž
contado a partir da cincia ou da divulga‹o oficial do ato contra o qual
ser‡ proposto (art. 59). Note que Ž poss’vel recursos administrativos com
outros prazos, desde que a lei espec’fica assim estabelea. Exemplo disso
s‹o os prazos recursais contidos no art. 109 da Lei 8.666/1993, que cuida
especificamente de recursos em processos licitat—rios (5 dias œteis, em
regra).
Interposto o recurso, o —rg‹o competente para dele conhecer dever‡
intimar os demais interessados no processo, se houver, para que, no
prazo de 5 dias œteis, apresentem alega›es (art. 62). Essa oportunidade
Ž para evitar que o recurso apresentado por um dos interessados
prejudique os demais.
Quando a lei n‹o fixar prazo diferente, o recurso administrativo
dever‡ ser decidido no prazo m‡ximo de 30 dias, a partir do
recebimento dos autos pelo —rg‹o competente (art. 59). Tal prazo poder‡
ser prorrogado por igual per’odo, ante justificativa expl’cita (art. 59,
¤1¼).
Vale destacar que o descumprimento pela Administra‹o do prazo
para decidir n‹o acarreta nulidade da decis‹o (diz-se que Ž um prazo
impr—prio), mas poder‡ resultar na responsabilidade funcional de
quem houver, de maneira injustificada, dado causa ao atraso.
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responsabiliza‹o pessoal nas esferas c’vel, administrativa e penal
(art. 64-B).
Segundo o art. 56, ¤2¼ da Lei 9.784/99, a interposi‹o de recurso
administrativo independe de cau‹o, salvo exigncia legal. Significa
que, nos processos administrativos, n‹o Ž admitida a chamada garantia
de inst‰ncia, ou seja, n‹o Ž necess‡rio o dep—sito de valores ou
oferecimento de bens em garantia para que o recurso seja admitido.
Ali‡s, tal veda‹o Ž objeto da Sœmula Vinculante n¼ 21 do STF:
Sœmula Vinculante n¼ 21 - ƒ inconstitucional a exigncia de dep—sito ou
arrolamento prŽvios de dinheiro ou bem para admissibilidade de recurso
administrativo.
Outra regra importante encontra-se no art. 61 da Lei 9.784/99, pelo
qual Òsalvo disposi‹o legal em contr‡rio, o recurso n‹o tem
efeito suspensivoÓ, isto Ž, n‹o suspende os efeitos da decis‹o recorrida.
Dessa forma, a Administra‹o n‹o fica impedida de praticar o ato que
esteja sendo alvo de impugna‹o. Costuma-se dizer que os recursos
administrativos possuem efeito apenas efeito devolutivo, que Ž um
efeito inerente a qualquer recurso, e significa simplesmente que a matŽria
recorrida Ž submetida a nova aprecia‹o e decis‹o pelo —rg‹o com
competncia recursal.
Por exemplo: imagine um comerciante que tem sua licena cassada
pela Administra‹o em fun‹o do descumprimento de determinadas
normas e apresenta recurso contra essa cassa‹o; este recurso ter‡ efeito
devolutivo, uma vez que obrigar‡ a Administra‹o a reavaliar o ato de
cassa‹o; entretanto, n‹o ter‡, de regra, efeito suspensivo, significando
que, enquanto a Administra‹o n‹o decidir sobre o recurso, a licena
continuar‡ cassada, impedindo o comerciante de exercer suas atividades.
Todavia, a autoridade competente (ou aquela imediatamente
superior) para aprecia‹o do recurso administrativo poder‡, de of’cio ou
a pedido, de modo excepcional, conceder efeito suspensivo ao
expediente recursal, se houver justo receio de preju’zo de dif’cil ou
incerta repara‹o decorrente da decis‹o recorrida (art. 61, par‡grafo
œnico). Em outras palavras, caso a Administra‹o verifique a possibilidade
de que o particular tenha raz‹o em seu recurso, e de que este venha a ter
um preju’zo irrepar‡vel com o ato administrativo, poder‡ dar efeito
suspensivo ao recurso. ƒ o que pode acontecer no exemplo da licena
cassada, quando o recurso poder‡ ser recebido com efeito suspensivo,
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liberando o exerc’cio da atividade no per’odo de aprecia‹o do recurso, o
que evitaria causar preju’zos ao particular. Esse procedimento, alŽm de
beneficiar o particular, tambŽm beneficiaria a pr—pria Administra‹o, eis
que, caso fosse verificada irregularidade na cassa‹o da licena, poderia a
Administra‹o ser obrigada a indeniz‡-lo por todo o per’odo da
paralisa‹o.
Por oportuno, registre-se que, em alguns casos, a legisla‹o
reconhece a necessidade de efeito suspensivo para alguns recursos
administrativos, em raz‹o do potencial preju’zo que poderia ser resultante
da n‹o atribui‹o de tal efeito. ƒ o que o ocorre, por exemplo, nos
recursos administrativos quanto ˆs fases de habilita‹o e julgamento de
licita‹o, os quais tm efeitos suspensivos por determina‹o expressa da
Lei 8.666/1993.
O efeito devolutivo dos recursos administrativos Ž bastante amplo.
Segundo o art. 64 da Lei 9.784/1999, o —rg‹o competente para decidir o
recurso poder‡ confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decis‹o recorrida, desde que se trate de matŽria da sua
competncia. ƒ poss’vel, inclusive, que a autoridade superior reforme a
decis‹o em preju’zo do recorrente, ou seja, agravando a sua
situa‹o inicial (a denominada reformatio in pejus). Se a decis‹o do
recurso puder causar o agravamento da situa‹o do recorrente, este
dever‡ ser cientificado previamente para que formule suas alega›es
antes da decis‹o (art. 64, par‡grafo œnico).
Pois bem, vamos falar agora da revis‹o.
Os processos administrativos de que resultem san›es podem ser
objeto de revis‹o, a qualquer tempo, a pedido ou de of’cio, quando
surgirem fatos novos ou circunst‰ncias relevantes suscet’veis de justificar
a inadequa‹o da san‹o aplicada (art. 65).
Os fundamentos da revis‹o, portanto, s‹o os fatos novos ou as
circunst‰ncias relevantes que justifiquem a inadequa‹o da penalidade
aplicada. Dessa forma, n‹o cabe revis‹o por conta de alega‹o de
injustia ou ˆ luz das provas que j‡ foram produzidas e constam do
processo.
Cumpre destacar que, segundo o par‡grafo œnico do art. 65, da
revis‹o do processo n‹o poder‡ resultar agravamento da san‹o.
Ou seja, diferentemente do que ocorre nos recursos administrativos em
geral, na revis‹o dos processos de que resultem san›es Ž vedada a
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aplica‹o da reformatio in pejus (agravamento da situa‹o do
interessado).
18. (Cespe – Suframa 2014) Considerando que uma empresa tenha solicitado à
SUFRAMA a concessão de benefícios fiscais previstos em lei para as empresas da
ZFM que observassem o processo produtivo básico previsto em regulamento, julgue
o item abaixo.
Em caso de indeferimento do pedido da empresa, caberá recurso administrativo, que
será dirigido à autoridade que proferiu a decisão. Se não a reconsiderar no prazo de
cinco dias, a autoridade o encaminhará à autoridade superior.
Comentário: O recurso administrativo regido pela Lei 9.784/1999
desenvolveXse em três instâncias, sendo a primeira delas a própria autoridade
autora da decisão impugnada, a quem o recurso deverá ser dirigido
inicialmente. Na verdade, trataXse de um pedido de reconsideração, para que a
autoridade “pense melhor” a respeito da decisão que tomou. O prazo para ela
decidir se reconsidera ou não seu ato anterior é de 5 diaso caso não
reconsidere, deverá encaminhar o recursoà autoridade superior, aí sim
configurando um recurso hierárquico. É o que diz o art. 56 da Lei 9.784:
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade
e de mérito.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a
reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
Gabarito: Certo
19. (Cespe – CADE 2014) Considere que Paulo figure como interessado em
processo administrativo em tramitação em determinada autarquia e que tenha sido
prolatada decisão desfavorável pelo órgão administrativo colegiado competente.
Considere, ainda, que Paulo, em razão da delegação de competência feita pelo
órgão colegiado, tenha interposto recurso administrativo decidido pelo presidente do
órgão colegiado. Nessa situação, deverá haver nulidade na decisão prolatada pelo
presidente.
Comentário: Conforme o art. 13 da Lei 9.784, a decisão de recursos
administrativos é um ato indelegável. Portanto, o órgão colegiado não poderia
ter delegado a competência ao presidente do órgão, de modo que a decisão
por ele prolatada no recurso padece de vício insanável de competência, ou
seja, é nula.
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Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I ; a edição de atos de caráter normativo>
II ; a decisão de recursos administrativos>
III ; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Gabarito: Certo
20. (Cespe – DP/DF 2013) Considere que, negado o pleito de um indivíduo perante
a administração pública, o chefe da respectiva repartição pública tenha inadmitido o
recurso administrativo sob a alegação de que o recorrente não teria apresentado
prévio depósito ou caução, exigidos por lei. Nessa situação hipotética, o agente
público agiu de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, visto que, segundo
entendimento do STF, a exigência de depósito ou caução pode ser realizada desde
que amparada por lei.
Comentário: Embora a Lei 9.784/1999 disponha que “salvo exigência
legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução” (art. 56,
§2º), a Súmula Vinculante nº 21 do STF é taxativa ao enunciar que a exigência
de depósito ou arrolamento prévio de dinheiro ou bem para a admissibilidade
de recurso administrativo é inconstitucional. Assim, eventual lei que trouxesse
em seu texto exigência de caução como requisito para a admissibilidade de
recurso seria inconstitucional nessa parte. Portanto, na situação hipotética, o
agente público não agiu de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro,
visto que, segundo entendimento do STF, a exigência de depósito ou caução
ofende a CF, e não pode ser realizada nem mesmo se amparada por lei.
Gabarito: Errado
CONTAGEM DE PRAZOS
Os prazos no processo administrativo federal comeam a correr a
partir da data da cientifica‹o oficial, excluindo-se da contagem o dia
do comeo e incluindo-se o do vencimento (art. 66).
Por exemplo, se o administrado tomou cincia da intima‹o no dia 10
(segunda-feira), o prazo de 3 dias œteis venceria no dia 13 (quinta-
feira)16.
Os prazos expressos em dias contam-se de modo cont’nuo (art. 66,
¤2¼). Por exemplo, prazo de 5 dias iniciado no dia 10 (quinta-feira), vence
no dia 15 (tera-feira), incluindo, portanto, os dias de final de semana (a
menos que houvesse men‹o a dias œteis).
16 O primeiro dia da contagem seria o dia 11 (terçaifeira), o segundo 12 (quartaifeira) e o terceiro, que
coincide com o vencimento, seria o dia 13 (quintaifeira).
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21. (Cespe – CADE 2014) Nos processos administrativos, os prazos, expressos em
dias, são contados em dias úteis, de acordo com a legislação de regência.
Comentário: Os prazos expressos em dias são contados em dias
contínuos, nos termos do art. 66, §2º da Lei 9.784/1999.
Gabarito: Errado
*****
Com isso terminamos a parte te—rica da aula de hoje. Como j‡ Ž de
praxe, vamos resolver mais algumas quest›es de prova #
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MAIS QUESTÕES DE PROVA
22. (FCC – TRT23 2016) Em dois processos administrativos distintos, de âmbito
federal, constatouRse a obrigatoriedade de ser ouvido órgão consultivo, devendo os
respectivos pareceres serem emitidos no prazo de quinze dias, porém não foram
apresentados. No primeiro processo, o parecer era obrigatório e vinculante e deixou
de ser emitido no prazo fixado. No segundo processo, o parecer era obrigatório mas
não vinculante e também deixou de ser emitido no prazo fixado. Nos termos da Lei
no 9.784/1999 e independentemente da responsabilização cabível,
a) apenas na segunda hipótese, o processo poderá ter prosseguimento e ser
decidido com sua dispensa.
b) em ambas as hipóteses, os processos não terão seguimento até que os pareceres
sejam apresentados.
c) apenas na segunda hipótese, o processo poderá ter prosseguimento, mas a
decisão só será possível após a apresentação do parecer.
d) em ambas as hipóteses, os processos poderão ter prosseguimentoa no entanto,
apenas no segundo caso, poderá ser decidido com sua dispensa.
e) em ambas as hipóteses, os processos terão seguimento normalmente,
independentemente do momento da apresentação dos pareceres.
Comentários: A resposta está no art. 42 da Lei 9.784/99:
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer
deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou
comprovada necessidade de maior prazo.
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo
fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação,
responsabilizandoLse quem der causa ao atraso.
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo
fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa,
sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
Assim, se o parecer é obrigatório e vinculante, o processo não poderá ter
seguimento até a respectiva apresentaçãoo se, por outro lado, o parecer for
obrigatório e não vinculante, o processo poderá seguir e ser decidido sem o
parecer, sem prejuízo da responsabilidade de quem deu causa à omissão.
Correta, portanto, a opção “a”.
Gabarito: alternativa “a”
23. (FCC – TRT14 2016) No curso de determinado processo administrativo de
âmbito federal, a norma administrativa em discussão foi devidamente interpretada e,
em seguida, extinto o processo. Posteriormente, a Administração pública deu nova
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interpretação à mesma norma, e desarquivou o mencionado processo administrativo
para aplicáRla retroativamente. Nos termos da Lei nº 9.784/1999,
a) só será possível a aplicação retroativa de nova interpretação quando deferida
pelo Chefe do Poder Executivo.
b) é possível aplicação retroativa de nova interpretação, desde que em prol do
interesse particular.
c) sempre será possível a aplicação retroativa de nova interpretação.
d) só será possível a aplicação retroativa de nova interpretação quando postulada
pelo particular.
e) é vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
Comentários: A Lei 9.784/99 taxativamente veda a aplicação retroativa de
nova interpretação. Veja:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
(...)
XIII L interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.
Gabarito: alternativa “e”
24. (FCC – TRT14 2016) Manoel e Manoela, além de irmãos, são partes
interessadas no mesmo processo administrativo em curso perante a Administração
Pública Federal. No curso do feito, Manoel desistiu do pedido. Em razão disso, a
Administração estendeu a desistência a ambas as partes e extinguiu o processo. Em
outro processo administrativo, a parte interessada, Ricardo, também desistiu do seu
pedido, o que foi negado pela Administração por considerar que o interesse público
justificava a continuidade do feito. Nos termos da Lei nº 9.784/1999, a conduta da
Administração Pública Federal está
a) incorreta apenas no segundo caso, pois a desistência do pedido diz respeito a
direito disponível da parte e deve ser prontamente acolhida pela Administração.
b) correta em ambos os casos.
c) incorreta em ambos os casos, pois não é cabível desistência em processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.
d) incorreta apenas no primeiro caso, pois a desistência atinge somente quem a
formulou.
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e) incorreta no primeiro caso, vez que a lei veda duas partes no mesmo processo
administrativo e também incorreta no segundo processo, pois não é possível
contrariar o interesse da parte, haja vista tratarRse de direito disponível.
Comentários: No primeiro caso, a Administração agiu incorretamente,
pois, segundo o art. 51, §1º da Lei, “havendo vários interessados, a desistência
ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado”. Ou seja, a
Administração não poderia ter estendido a desistência de Manoel à outra parte.
No segundo caso, a Administração agiu corretamente, pois, segundo o
art. 51, §2º da Lei, “a desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso,
não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar
que o interesse público assim o exige”.
Gabarito: alternativa “d”
25. (FCC – Procurador TCM/GO 2015) Durante a tramitação de processo
administrativo disciplinar para apuração de ilícito administrativo supostamente
cometido por um servidor, foi proferida decisão desfavorável àquele. Transcorrido o
prazo para recurso, o servidor não interpôs a peça. Foi então certificado o trancurso
do prazo e o processo foi encaminhamento para cumprimento da decisão. A certidão
lançada no processo administrativo
a) reconhece, na verdade, preclusão administrativa, que não se estende à esfera
judicial, na qual ainda pode ser questionada a decisão administrativa.
b) consubstanciaRse, em verdade, em decadência do direito de questionar a decisão,
tanto no âmbito administrativo, quando no âmbito judicial, para o qual se estende.
c) configura materialização da prescrição administrativa, impedindo o
questionamento judicial da decisão, na medida em que houve a opção de não
recorrer.
d) tanto pode ser qualificada como prescrição, quanto como decadência, tendo em
vista que no âmbito administrativo pouco diferem, na medida em que ambos
impedem o questionamento judicial da decisão.
e) não é relevante para fins funcionais, tendo em vista que os processos
disciplinares exigem a observância do recurso ex officio em defesa do administrado.
Comentários: Preclusão administrativa nada mais é que a impossibilidade
de se apreciar novamente a matéria na esfera administrativa. Nesse sentido, o
art. 63, incisos I e IV da Lei 9.784/99 estabelecem que o recurso não será
conhecido quando interposto fora do prazo e nem após exaurida a esfera
administrativa. No caso, portanto, a certidão lançada no processo
administrativo deve reconhecer a preclusão administrativa, em vista do
esgotamento do prazo para a interposição do recurso, o que não impede,
logicamente, que o interessado acesse o Poder Judiciário para rediscutir a
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matéria, diante da inafastabilidade da tutela jurisdicional. Correta, portanto, a
alternativa “a”.
Nas alternativas “b”, “c” e “d”, o erro é que se trata de preclusão
administrativa, e não propriamente de prescrição ou decadência. Ademais, as
assertivas afirmam que não seria possível a ação no âmbito judicial, o que não
é verdade.
Por fim, a opção “e” erra porque, em processos disciplinares, não há
previsão de recurso de ofício da Administração em favor do administrado.
Gabarito: alternativa “a”
26. (FCC – Procurador TCM/RJ 2015) O processo administrativo é informado por
regras e princípios, assemelhandoRse, neste ponto, ao processo judicial, mas com
sensíveis distinções. No caso do processo administrativo disciplinar, há
semelhanças ou distribuições ainda mais específicas, tais como:
I. O processo administrativo disciplinar, diferentemente do processo administrativo
comum, não admite o indeferimento de provas consideradas impertinentes ou
prescindíveis a elucidação dos fatos, tendo em vista ter potencial condenatório,
independentemente do grau da pena.
II. O processo administrativo disciplinar admite o emprego da discricionariedade, nos
moldes do que autoriza a legislação pertinente, quando, por exemplo, permite a
opção por pena mais grave, desde que de forma fundamentada e coerente com o
conjunto probatório dos autos, não sendo permitido que o Poder Judiciário reforme
essa decisão no que concerne ao juízo de escolha de conveniência e oportunidade.
III. As nulidades no processo administrativo disciplinar, diferentemente do processo
administrativo comum e do processo judicial, não são admitidas em nenhuma
hipótese, sendo imperiosa a declaração das mesmas, em qualquer das fases do
processo, mesmo que delas não decorra nenhum prejuízo à defesa do servidor.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) I.
d) II.
e) III.
Comentários: vamos analisar cada item:
I) ERRADA. No processo administrativo em geral, e no processo
disciplinar em particular, é possível sim o indeferimento de provas
impertinentes, meramente protelatórias ou de nenhum interesse para o
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esclarecimento dos fatos. Tal hipótese, inclusive, é prevista de forma expressa
na Lei 8.112/90:
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente
ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e
contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados
impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o
esclarecimento dos fatos.
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato
independer de conhecimento especial de perito.
II) CERTA. De fato, a Administração possui discricionariedade no
exercício do poder disciplinar, notadamente na escolha da gradação das
penalidades a serem impostas, desde que respeitados os limites da Lei e a
proporcionalidade com a gravidade da infração. Assim, por exemplo, é que a
autoridade competente pode usar seu poder discricionário para aplicar uma
suspensão de 10 dias ou uma de 30 dias, mediante a sua avaliação própria a
respeito da gravidade da infração. Essa avaliação discricionária, caso tenhaobservado os limites da lei e os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, não pode ser revista pelo Poder Judiciário, cuja atuação é
restrita ao exame de legalidade. Nesse sentido, o Judiciário poderia anular um
ato de aplicação de penalidade que não tenham observado o devido processo
legal, mas não poderia, por exemplo, alterar a suspensão de 30 para 10 dias,
pois essa ponderação está dentro do juízo de discricionariedade próprio da
Administração.
III) ERRADA. As nulidades são sim admitidas no processo disciplinar,
especialmente quando for verificada a ocorrência de vício insanável (ex: não
observância do direito de defesa).
Gabarito: alternativa “d”
27. (FCC – TRT9 2015) Alguns princípios processuais têm conteúdo peculiar
quando dirigidos especificamente ao processo administrativo, como o princípio
a) da oficialidade, pois no processo administrativo não vigora o princípio da inércia,
podendo ser instaurado e movimentado de ofício, com vistas à completa instrução e
conclusão do processo.
b) da publicidade, que no processo administrativo é mais amplo do que no processo
judicial, na medida em que é vedada qualquer forma de sigilo de informações.
c) do contraditório e da ampla defesa, que no processo administrativo é
sensivelmente mais brando, quando não facultativo, tendo em vista que poderá ser
garantido ao administrado, posteriormente, na fase judicial.
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d) da formalidade, que prevê obediência estrita à forma prescrita em lei para a
instauração e tramitação do processo administrativo, sob pena de nulidade, em
razão de representar garantia ao administrado, considerando que os demais
princípios são flexíveis.
e) da tipicidade, que se aplica ao processo administrativo com maior rigor, no sentido
de exigir a que a infração administrativa seja precisamente descrita e tipificada, pois
representa garantia à defesa do administrado.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. O princípio da oficialidade é característico dos processos
administrativos que, diferentemente dos processos judiciais, podem ser
instaurados de ofício, e não apenas mediante provocação dos interessados.
b) ERRADA. Embora a publicidade seja a regra nos processos
administrativos, é possível sim manter o sigilo de informações, nas hipóteses
previstas em lei.
c) ERRADA. O princípio do contraditório e da ampla defesa não é mais
brando, muito menos facultativo nos processos administrativos. Tal direito
deve ser necessariamente assegurado nos processos de que possam resultar
restrições de direitos ou sanções administrativas.
d) ERRADA. O processo administrativo é regido pelo princípio do
formalismo moderado, segundo o qual devem ser observadas apenas as
formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados. Ou seja, a
rigor, não há necessidade de obediência “estrita” à forma. Vale lembrar que,
segundo o art. 22 da Lei 9.784/99, “os atos do processo administrativo não
dependem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir”.
e) ERRADA. A tipicidade é um princípio próprio dos processos judiciais,
de modo que não é correto afirmar que se aplica ao processo administrativo
com maior rigor. Assim, nos processos administrativos não é necessário que a
infração administrativa seja precisamente descrita e tipificada, como nos
processos judiciais.
Gabarito: alternativa “a”
28. (FCC – Juiz TJ/PE 2015) Acerca do processo administrativo, tal como
disciplinado na Lei Federal no 9.784/99, é correto afirmar que
a) a ausência de parecer obrigatório nem sempre impedirá o prosseguimento do
processo administrativo até final decisão.
b) se aplica ao processo administrativo o princípio que veda a reformatio in pejus, o
que se justifica em razão da observância do princípio do devido processo legal.
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c) o processo administrativo deve ser formalista, o que se impõe, em observância ao
princípio da segurança jurídica.
d) em virtude da indisponibilidade do interesse público, é vedado ao particular
interessado no processo formular desistência ou renúncia.
e) se aplica no processo administrativo o princípio da identidade física do juiz, pelo
qual o órgão que promoveu a instrução deve ser o mesmo a decidir a questão
controversa.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. Se o parecer for obrigatório e vinculante, o processo não
poderá prosseguir sem sua emissão. Por outro lado, se o parecer for não
vinculante, ainda que obrigatório, o processo poderá seguir, sem prejuízo da
responsabilidade de quem deu causa à omissão.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer
deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou
comprovada necessidade de maior prazo.
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo
fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação,
responsabilizandoLse quem der causa ao atraso.
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo
fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa,
sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
b) ERRADA. Os recursos administrativos podem sim agravar a situação
dos recorrentes, ou seja, no processo administrativo é admitido a reformatio in
pejus.
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar,
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de
sua competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer
gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule
suas alegações antes da decisão.
c) ERRADA. O processo administrativo se rege pelo princípio do
formalismo moderado, segundo o qual devem ser observadas apenas as
formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
(...)
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VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administradosR
d) ERRADA. O particular pode sim formular desistência ou renúncia:
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou
parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
e) ERRADA. Nos processos administrativos não há a obrigatoriedade
informada no item, que é própria dos processos judiciais.
Gabarito: alternativa “a”
29. (FCC – Manausprev 2015, adaptada) A instauração de processo
administrativo, nos termos do que dispõe a Lei nº 9.784/99,
a) depende de provocação do interessado, sendo vedada a instauração de ofício ou
requerida por terceiros.
b) deve se dar por meio de ofício, vedada a participação de interessados indiretos no
objeto do processo.
c) deve se dar após autorização judicial quando houver potencial de aplicação de
pena de demissão a servidor público.
d) pode se dar a pedido de pessoa física ou jurídica titular do interesse em questão,
ou mesmo ser instaurada de ofício.
e) deve se dar por provocação do interessado ou do Ministério Público,

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