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Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 81 OBSERVAÌO IMPORTANTE Este curso protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos ;-) Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 81 AULA 12 Ol pessoal! Na aula de hoje estudaremos o Processo Administrativo segundo a Lei 9.784/1999. Para um melhor aproveitamento da aula, seria interessante ter a referida lei em mos. Seguiremos o seguinte sumrio: SUMÁRIO Processo Administrativo Federal – Lei 9.784/1999 .....................................................................................3 Abrangência e aplicação ..............................................................................................................................................6 Princípios............................................................................................................................................................................8 Direitos e deveres dos administrados ................................................................................................................16 Início do processo........................................................................................................................................................19 Legitimados ....................................................................................................................................................................21 Impedimento e suspeição ........................................................................................................................................21 Forma, tempo e lugar dos atos do processo.....................................................................................................24 Intimação do interessado.........................................................................................................................................26 Instrução e decisão......................................................................................................................................................28 Desistência e extinção do processo......................................................................................................................32 Recurso administrativo e revisão do processo...............................................................................................33 Contagem de prazos ...................................................................................................................................................40 Mais questões de prova ..............................................................................................................................................43 Jurisprudência .................................................................................................................................................................65 RESUMÃO DA AULA .......................................................................................................................................................68 Questões comentadas na aula ................................................................................................................................71 Gabarito ...............................................................................................................................................................................81 Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 81 PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – LEI 9.784/1999 A palavra ÒprocessoÓ, etimologicamente, significa marcha para a frente, avano, progresso. Nesse sentido, a doutrina define processo, em sentido amplo, como uma srie de atos coordenados para a realizao dos fins estatais1. Geralmente, a ideia de processo no setor pblico est associada ao exerccio da atividade jurisdicional. E isso tem a sua razo de ser, afinal, a sentena do magistrado apenas a consequncia de uma srie de outros atos praticados ao longo do processo judicial, tanto pelo juiz como pelas partes (intimaes, medidas liminares, requerimentos de prorrogao de prazo, oitivas de testemunhas etc.). No entanto, o processo no exclusividade da prtica jurisdicional. O Poder Legislativo e a Administrao Pblica tambm utilizam esse meio. Assim, da mesma forma que o processo judicial deve ser entendido como o encadeamento de atos tendentes produo da sentena, o processo legislativo o encadeamento de atos voltados elaborao de leis, de emendas constitucionais, de resolues etc., e o processo administrativo, objeto do nosso estudo, est voltado produo de um ato administrativo ou de uma deciso da Administrao2. Nessa linha, a doutrina apresenta o seguinte conceito para processo administrativo3: Processo administrativo: uma srie de atos ordenados em sequncia, com a finalidade de possibilitar Administrao Pblica a prtica de um ato administrativo final ou a prolao de uma deciso administrativa final. O processo administrativo o instrumento de trabalho utilizado pela Administrao Pblica para ordenar e documentar as informaes necessrias prtica de um ato ou tomada de uma deciso de natureza administrativa. Com efeito, um ato administrativo, de regra, no surge do nada; existe todo um conjunto de circunstncias e de atos anteriores, previamente ordenados, que levaram quele resultado final. 1 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 618), 2 Maria Sylvia Di Pietro classifica o processo em duas vertentes: de um lado, o processo legislativo, pelo qual o Estado elabora a lei; de outro, os processos judicial e administrativo, pelos quais o Estado aplica a lei. 3 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 870). Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 81 PRINCÍPIOS Como visto, a Lei 9.784/1999, ao estabelecer normas bsicas sobre o processo administrativo, visa, em especial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administrao. Para atingir esse objetivo, o art. 2¼, caput da Lei enumera vrios princpios a serem observados nos processos administrativos. Vejamos: Art. 2o A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Perceba que tais princpios no so exclusivos do processo administrativo, mas se aplicam a qualquer atividade da Administrao. Por essa razo, eles j foram estudados de forma detalhada na nossa aula sobre princpios, sendo desnecessrio repetir aqui5. Afora esses princpios expressos no caput do art. 2¼ da Lei 9.784, a doutrina aponta a aplicabilidade de outros princpios que estariam implcitos na lei, como a publicidade e a impessoalidade, alm de outros, tambm implcitos, mas s que caractersticos (prprios) dos processos administrativos. So eles: ! Oficialidade ! Informalismo ! Instrumentalidade das formas ! Verdade material ! Gratuidade Vamos ento estudarcada um desses princpios implcitos prprios dos processos administrativos. Oficialidade O processo administrativo pode ser instaurado por iniciativa do administrado (quando ele apresenta um requerimento, por exemplo) ou por iniciativa da prpria Administrao (de ofcio). O princpio da oficialidade, tambm chamado de princpio do impulso oficial do processo, que possibilita a Administrao instaurar 5 Mais a frente, ao estudarmos o parágrafo único do art. 2º, faremos uma tabela que ajudará a relembrar esses princípios. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 81 2. (Cespe – Suframa 2014) Considerando que uma empresa tenha solicitado à SUFRAMA a concessão de benefícios fiscais previstos em lei para as empresas da ZFM que observassem o processo produtivo básico previsto em regulamento, julgue o item abaixo. O princípio da inércia impede que a autoridade responsável pelo julgamento do pedido realize, por conta própria, diligência não solicitada pela empresa, ainda que necessária para a comprovação do direito. Comentário: O princípio da inércia ou da demanda é típico da atividade jurisdicional, afinal, o Judiciário, de regra, só atua mediante provocação dos interessados. Por sua vez, na esfera administrativa, o princípio que vigora é o da oficialidade ou do impulso oficial. Segundo esse princípio, ainda que a provocação inicial tenha sido do particular, o impulso do processo compete à Administração. A razão disso é que os processos administrativos iniciados pelos particulares não só atendem ao seu interesse, mas também ao interesse público, impelindo a Administração a reavaliar a legalidade e a conveniência dos atos que ela mesma praticou, para, se for o caso, anuláXlos, modificaXlos ou revogaXlos. Portanto, no caso concreto, a autoridade não só pode como deve proceder às diligências necessárias para a conclusão do processo, daí o erro. Gabarito: Errado 3. (Cespe – CADE 2014) Considere que, em auditoria para a verificação da regularidade da concessão de determinado direito, tenha sido constatado que alguns administrados foram injustamente excluídos. Nessa hipótese, em se tratando de interesses individuais, o processo administrativo para a extensão de tal direito só poderá ser iniciado após provocação da parte interessada. Comentário: Nos termos do art. 1º da Lei 9.784/1999, as normas aplicáveis ao processo administrativo federal têm como objetivo, em especial, a proteção dos direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins da Administração. Assim, diante da exclusão injusta do direito dos administrados, caberá à Administração, com base no princípio da oficialidade, instaurar por iniciativa própria um processo administrativo visando à reparação do erro, independentemente de provocação da parte interessada. Gabarito: Errado Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 81 Informalismo Nos processos administrativos, a necessidade de obedincia forma muito menos rigorosa do que nos processos judiciais. Por isso que se diz que os processos administrativos so regidos pelo informalismo ou, segundo alguns autores, pelo formalismo moderado. Informalismo no significa ausncia de forma. O processo administrativo formal, no sentido de que deve ser escrito7, numerado e assinado, alm de conter documentado tudo o que ocorre no seu desenvolvimento; por outro lado, informal, no sentido de que no est sujeito a formas rgidas. Com efeito, o princpio do informalismo preceitua que, embora seja formal, o processo administrativo deve adotar formas simples, apenas suficientes para proporcionar segurana jurdica e garantir o direito de defesa quando necessrio. O art. 22 da Lei 9.784/1999 consagra o informalismo do processo administrativo ao estabelecer: Art. 22. Os atos do processo administrativo no dependem de forma determinada seno quando a lei expressamente a exigir. Assim, em regra, no so exigidas formas ou formalidades especiais para os atos praticados no processo administrativo, sobretudo para aqueles a cargo do particular (por exemplo, para o particular fazer um requerimento junto Administrao, no exigido que ele redija o texto usando determinada fonte, margem, cor do papel etc.; ao contrrio, ele pode at fazer um requerimento manuscrito). Entretanto, deve-se ressaltar que o informalismo dos atos processuais no processo administrativo uma regra geral. Isso porque, conforme destacado no final do art. 22, se a lei exigir uma forma especfica como requisito para a validade de determinado ato, tal forma dever ser observada, sob pena de nulidade. 7 Quando for admitido atos processuais produzidos verbalmente, seu conteúdo deve ser reduzido a termo, isto é, passado a escrito. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 81 A necessidade de maior formalismo existe, em especial, nos processos que envolvem interesses dos administrados, como o caso dos processos de licitao, disciplinar e tributrio8. 4. (Cespe – MDIC 2014) Em razão da simetria com o processo judicial, vigora, no processo administrativo, o princípio do formalismo procedimental, em que se afasta a flexibilização na tramitação do processo para evitar os arbítrios das autoridades e garantir a legitimidade das decisões administrativas. Comentário: Ao contrário do processo judicial, no processo administrativo vigora o princípio do informalismo ou formalismo moderado, pelo qual os atos processuais, de regra, não dependem de forma determinada, senão quando a lei expressamente exigir. Como decorrência desse princípio, a Administração não deve ficar presa a regras rígidas, mas sim buscar as melhores soluções para o atendimento dos interesses públicos. Gabarito: Errado Instrumentalidade das formas O processo mero instrumento para aplicao da lei, de modo que as exigncias de forma a ele pertinentes devem ser adequadas e proporcionais ao fim que se pretende atingir. Sendo assim, pelo princpio da instrumentalidade das formas, se, no curso do processo, a finalidade de determinado ato processual for alcanada, mesmo que no tenha sido observada a forma prescrita, pode- se considerar sanada a falta formal, desde que essa inobservncia no prejudique a Administrao ou o administrado. A instrumentalidade das formas relaciona-se com outro princpio, o da economia processual. Simplificadamente, pode-se dizer que da noo de Òeconomia processualÓ resulta que um ato processual praticado com alguma irregularidade s deve ser desconstitudo e repetido se esse defeito efetivamente puder influenciar o resultado a que o processo chegaria se o vcio no tivesse ocorrido9. Exemplo da aplicao desse princpio pode ser encontrado no art. 26, ¤5¼ da Lei 9.784/1999: 8 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 626i627). 9 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 881). Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 81 ¤5o As intimaes sero nulas quando feitas sem observncia das prescries legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Vamos analisar esse dispositivo para entender o alcance do princpio da instrumentalidade das formas. A finalidade da intimao dar cincia ao administrado acerca de determinado ato praticado no processo, o que importante para que ele possa apresentar sua defesa ou cumprir alguma obrigao, caso necessrio. Por isso, a Lei 9.784 estabelece algumas formalidadesessenciais a serem observadas na intimao, como as informaes que ela dever conter e o prazo de antecedncia mnimo (3 dias teis). Tais formalidades servem justamente para assegurar que a intimao cumpra a sua finalidade, qual seja, a de dar cincia ao administrado. Em outras palavras, o legislador entende que, sem essas formalidades, existiria grande chance de a finalidade do ato no ser atingida. Porm, caso ocorra de o administrado comparecer ao processo (o que demonstra que ele tomou cincia do ato), ainda que alguma formalidade prevista na lei no tenha sido observada (por exemplo, mesmo que a intimao lhe tenha sido entregue com apenas 2 dias de antecedncia), significa que a intimao cumpriu a sua finalidade e, pelo princpio da instrumentalidade das formas e da economia processual, a no observncia da formalidade prescrita na lei no impactar o prosseguimento do processo. Verdade material Nos processos administrativos, diversamente do que ocorre nos processos judiciais, os responsveis pela conduo do processo no precisam ficar restritos s informaes constantes dos autos para a formao das suas convices e para a construo das decises a serem proferidas. Ao contrrio, a Administrao deve procurar conhecer como o fato efetivamente ocorreu no mundo real, e no ficar presa s informaes trazidas aos autos do processo. Trata-se do denominado princpio da verdade material, ou da verdade real ou, ainda, da liberdade da prova10. Em decorrncia desse princpio, a Administrao Pblica pode trazer aos autos quaisquer informaes que possam auxiliar na apurao dos 10 Nos processos judiciais, ao contrário, aplicaise a chamada verdade formal ou verdade dos autos, de modo que o juiz só aprecia os fatos e as provas trazidas aos autos pelas partes. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 81 fatos efetivamente ocorridos, inclusive mediante a produo de provas de ofcio ou a utilizao de provas constantes de outro processo administrativo ou judicial, como tambm recebendo os elementos apresentados pelo administrado em qualquer fase do processo. Por exemplo, num processo licitatrio, a Administrao poder consultar sites na internet ou fazer diligncias a outros rgos para confirmar informaes apresentadas pelas licitantes, e no apenas se ater aos documentos juntados ao processo nas fases processuais prprias. Enfim, nos processos administrativos, importa saber o que ocorreu de fato, e no propriamente o que est nos autos. 5. (Cespe – TRE/MS 2013) No processo administrativo, a administração pública tem o poder dever de produzir provas com o fim de atingir a verdade dos fatos, não devendo, por isso, ficar restrita ao que as partes demonstrarem no procedimento. Esse pressuposto, conforme a doutrina pertinente, refereRse ao princípio da a) da gratuidade. b) oficialidade. c) lealdade e boaRfé. d) do informalismo. e) da verdade material. Comentário: TrataXse, sem sombra de dúvidas, do princípio da verdade material. Gabarito: alternativa “e” Gratuidade Nos processos administrativos, diversamente do que ocorre nos processos judiciais, proibida a cobrana de despesas processuais. No podem ser cobrados, por exemplo, custas processuais e nus de sucumbncia. Em outras palavras, a regra a gratuidade dos atos processuais. Contudo, possvel a cobrana caso haja previso legal. No concurso pblico, por exemplo, lcita a cobrana de taxa de inscrio. ***** Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 81 Por fim, vale saber que, inexistindo competncia legal especfica, o processo administrativo dever ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierrquico para decidir (art. 17). 6. (Cespe – ICMBio 2014) Considere que, ao conferir o conteúdo de requerimento apresentado por um cidadão ao ICMBio, o analista responsável tenha recusado o recebimento do documento por ausência de alguns dados. Nessa situação, é vedada à administração a recusa imotivada do documento, cabendo ao servidor orientar o cidadão a suprir as falhas. Comentário: A questão está em perfeita consonância com o art. 6º, parágrafo único da Lei 9.784/1999: Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados: I ; órgão ou autoridade administrativa a que se dirige> II ; identificação do interessado ou de quem o represente> III ; domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações> IV ; formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos> V ; data e assinatura do requerente ou de seu representante. Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. Gabarito: Certo 7. (Cespe – CNJ 2013) É defeso à administração recusar imotivadamente o recebimento de documentos. Nesse caso, o servidor deverá orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. Comentário: “Defeso” quer dizer “vedado”, “proibido”. Portanto, a questão está de acordo com o art. 6º transcrito na questão anterior, ou seja, está correta. Gabarito: Certo 8. (Cespe – TJDFT 2013) O processo administrativo pode ser iniciado a pedido do interessado, mediante formulação escrita, não sendo admitida solicitação oral. Comentário: De fato, a regra é o requerimento inicial ser formulado por escrito. Contudo, podem existir situações em que seja admitida solicitação oral, conforme previsto no caput do art. 6º transcrito anteriormente, daí o erro. Gabarito: Errado Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 81 9. (Cespe – MIN 2013) Qualquer autoridade de menor grau hierárquico em uma organização pública pode iniciar um processo administrativo, desde que não tenha sido definida competência legal específica para esse fim. Comentário: Segundo o art. 17 da Lei 9.784/99, “inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir”. O item está correto, portanto. A ideia subjacente é não sobrecarregar a autoridade máxima do órgão e, ainda, possibilitar que haja uma autoridade superior a quem o interessado possa apresentar recurso, caso entenda necessário (se o processo já iniciasse perante a autoridade máxima, o interessado não teria a quem recorrer na esfera administrativa). Gabarito: Certo LEGITIMADOS Alm da pessoa que deu incio ao processo (Administrao ou administrado), outras pessoas e entidades podem intervir e se manifestar nos autos, especialmente quando tiverem algum interesse prprio ou de seus representados em jogo. O art. 9¼ da Lei 9.784 enumera os legitimados no processo, na qualidade de interessados, quais sejam: " Pessoas fsicas ou jurdicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exerccio do direito de representao; " Aqueles que, sem terem iniciado o processo, tm direitos ou interesses que possam ser afetados pela deciso a ser adotada; " As organizaes e associaes representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; " As pessoas ou as associaes legalmente constitudas quanto a direitos ou interesses difusos. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO As situaes que caracterizam o impedimento ou a suspeio do agente pblico constituem aplicao direta do princpio da impessoalidade. Trata-se de situaes pessoais dos servidores, masque so passveis de comprometer a necessria imparcialidade dos responsveis pela conduo do processo. Assim, se houver alguma tendncia em prejudicar ou favorecer quem quer que seja, dever da Administrao afastar o servidor ou autoridade do processo. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 81 interessado for seu primo, a menos que haja alguma norma específica para os processos que tramitam no referido Tribunal. Gabarito: Errado 11. (Cespe – TJDFT 2013) O servidor que estiver litigando judicialmente contra a companheira de um interessado em determinado processo administrativo estará impedido de atuar nesse processo. Comentário: Estar litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro é uma das causas de impedimento para atuar em processo administrativo (art. 18, III). O servidor que incorrer nesse tipo de situação deve comunicar o fato à autoridade competente e absterXse de atuar. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares (art. 19). Gabarito: Certo FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Como vimos, nos termos do art. 22 da Lei 9.784/1999, Òos atos do processo administrativo no dependem de forma determinada seno quando a lei expressamente a exigirÓ. Trata-se da aplicao do princpio do informalismo ou do formalismo moderado. Contudo, a prpria Lei 9.784 determina, no ¤1¼ do mesmo art. 22, que os atos do processo sejam produzidos "por escrito, em vernculo12, com a data e o local de sua realizao e a assinatura da autoridade responsvel". Ademais, Òo processo dever ter suas pginas numeradas sequencialmente e rubricadasÓ (art. 22, ¤4¼). A Lei tambm disciplina que o reconhecimento de firma somente ser exigido quando houver imposio ou em caso de dvida de autenticidade (¤2¼) e a autenticao de documentos exigidos em cpia poder ser feita pelo rgo administrativo (¤3¼), ou seja, no precisa ser feita em cartrio. Quanto ao momento de realizao dos atos do processo, a Lei 9.784 estipula que, de regra, devem realizar-se em dias teis, no horrio normal de funcionamento da repartio na qual tramitar o processo (art. 23, caput). Entretanto, a Lei possibilita a concluso depois do horrio normal dos atos j iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou Administrao (art. 23, pargrafo nico). 12 Língua nativa, ou seja, em língua portuguesa. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 81 Os atos processuais de incumbncia da Administrao ou dos administrados devem ser realizados, quando inexistirem disposies especficas, no prazo de cinco dias, ressalvados motivo de fora maior (art. 24, caput). Esse prazo de cinco dias por ser prorrogado por at igual perodo (a Lei diz Òat o dobroÓ), desde que devidamente justificado (art. 24, pargrafo nico). Preferencialmente, os atos do processo devero ser realizados na sede do rgo, mas podem tambm ser realizados em outro local, hiptese na qual o interessado dever ser cientificado (art. 25). Certos procedimentos administrativos tero prioridade na tramitao, em qualquer rgo ou instncia. Essa prioridade ser garantida nos procedimentos em que figure como parte ou interessado (art. 69-A): " Pessoa com idade igual ou superior a 60 anos; " Pessoa portadora de deficincia, fsica ou mental " Pessoa portadora de doena grave. Quanto a este ltimo item, a lei apresenta uma lista exemplificativa de doenas consideradas graves: tuberculose ativa, esclerose mltipla, neoplasia maligna, hansenase, paralisia irreversvel e incapacitante, cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avanados da doena de Paget (ostete deformante), contaminao por radiao e sndrome de imunodeficincia adquirida (AIDS). Alm disso, a lei assegura o mesmo direito aos portadores de Òoutra doena grave, com base em concluso da medicina especializadaÓ. Importante ressaltar que o direito tramitao prioritria existe mesmo que a doena tenha sido contrada aps o incio do processo. Frise-se que a tramitao prioritria no acontece de ofcio. A pessoa interessada na obteno do benefcio dever requer-lo autoridade administrativa competente, juntando prova de sua condio. Deferida a prioridade, os autos recebero identificao prpria que evidencie o regime de tramitao prioritria. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 81 INTIMAÇÃO DO INTERESSADO Intimar , simplesmente, dar cincia ao interessado de algum ato praticado no processo, ou de alguma providncia que deva ser adotada, dependa ou no, do comparecimento do interessado repartio13. Segundo o art. 26 da Lei 9.784, o interessado dever ser intimado para cincia de deciso ou a efetivao de diligncias. Mais especificamente, devem ser objeto de intimao os atos do processo que resultem para o interessado em imposio de deveres, nus, sanes ou restrio ao exerccio de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse (art. 28). A intimao dever conter (art. 26, ¤1¼): " Identificao do intimado e nome do rgo ou entidade administrativa; " Finalidade da intimao; " Data, hora e local em que deve comparecer; " Se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; " Informao da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento; " Indicao dos fatos e fundamentos legais pertinentes. Quando for necessrio o comparecimento do interessado repartio, a intimao dever ser promovida com antecedncia mnima de 3 dias teis (art. 26, ¤2¼). Em relao forma, a intimao poder ser (art. 26, ¤3¼): " Pessoal, mediante cincia no processo, por ocasio do comparecimento do interessado; " Por via postal com aviso de recebimento; " Por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da cincia do interessado; " Por meio de publicao oficial, no caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido. No h ordem de preferncia com relao s trs primeiras hipteses. J a publicao oficial cabe somente na hiptese listada, qual seja, no caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido. 13 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 987). Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 81 O art. 26, ¤5¼, segundo o qual Òas intimaes sero nulas quando feitas sem observncia das prescries legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidadeÓ, apresenta o j comentado exemplo de aplicao do princpio da instrumentalidade das formas. J o art. 27 consagra o princpio da verdade material, ao estabelecer que Òo desatendimento da intimao no importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renncia a direito pelo administradoÓ. Quer dizer que o simples fato de o administrado desatender intimao no implica a presuno da sua culpa, tampouco significa confisso ou renncia a direitos que porventura lhes sejam assegurados, como o direito ampla defesa. Entretanto, se o interessado desatender a intimao, seu direito de ampla defesa ser garantido no prosseguimento do processo, ou seja, a tramitao processual no ir retroceder para lhe dar oportunidade de se manifestar14. 12. (Cespe – Ministérioda Justiça 2013) Em processos administrativos, é obrigatória a intimação do envolvido, sob pena de nulidade do ato. Comentário: Nos termos do art. 26, caput da Lei 9.784/1999, “o órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências”. Ou seja, a intimação do interessado é obrigatória e necessária para que este tome ciência das decisões, cumpra as diligências e, mais importante, exerça o seu direito de defesa. Assim, o ato que reflita nos interesses do administrado e que seja praticado sem a devida intimação será nulo. Gabarito: Certo 14 Vale lembrar que o interessado tem o direito de apresentar documentos até antes da fase de decisão, sendo a Administração obrigada a apreciáilos (art. 3º, III). Portanto, ainda que o interessado tenha perdido a oportunidade de se manifestar na intimação, poderá apresentar suas alegações posteriormente, ainda antes da decisão final. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 81 INSTRUÇÃO E DECISÃO A fase de instruo destina-se a averiguar e comprovar os dados necessrios tomada de deciso (art. 29). Em razo do princpio da oficialidade, as atividades de instruo realizam-se de ofcio, ou seja, por iniciativa da prpria Administrao, que poder determinar diligncias, produzir provas, intimar os administrados a prestar depoimentos etc. Obviamente, isso no exclui o direito dos interessados de, na fase instrutria e antes da tomada da deciso, propor atuaes probatrias, isto , juntar documentos e pareceres, requerer diligncias e percias, bem como aduzir alegaes referentes matria objeto do processo. Nessa hiptese, a Administrao dever impulsionar a instruo, vale dizer, analisar os elementos probatrios apresentados pelo administrado e considera-los na motivao do relatrio e da deciso (art. 38). No processo administrativo, o nus da prova do interessado, isto , cabe a ele provar os fatos que alega, sem prejuzo do dever atribudo ao rgo competente para a instruo de realiza-la de ofcio ou mediante impulso (art. 36). H, contudo, uma exceo: quando o interessado declarar que fatos e dados esto registrados em documentos existentes na prpria Administrao responsvel pelo processo ou em outro rgo administrativo, o rgo competente para a instruo prover, de ofcio, obteno dos documentos ou das respectivas cpias, a ttulo de prova em favor do interessado (art. 37). Somente podero ser recusadas, mediante deciso fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilcitas, impertinentes, desnecessrias ou protelatrias. Ressalte-se que so inadmissveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilcitos, tanto por parte do interessado como por parte da Administrao (art. 30). Quando a matria do processo envolver assunto de interesse geral, o rgo competente poder abrir perodo de consulta pblica, a fim de que terceiros (pessoas fsicas e jurdicas no enquadradas no conceito de interessados previsto no art. 9¼) possam examinar os autos e apresentar suas consideraes (por escrito), antes da deciso. A Administrao dever oferecer resposta fundamentada a todas as consideraes recebidas, podendo elaborar uma resposta comum para atender s alegaes substancialmente iguais (art. 31). Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 81 Alm disso, antes da tomada de deciso, se a autoridade competente entender que o processo cuida de questo relevante, poder realizar audincia pblica para debates sobre a matria (art. 32). A diferena para a consulta pblica que, na audincia, no haver acesso aos autos por parte de terceiros no interessados, nem direito de resposta s consideraes, mas apenas debates sobre a matria do processo. Todos os dados levantados durante a instruo, tanto os obtidos de ofcio pela Administrao como os produzidos por iniciativa do interessado, ou, ainda, nas consultas e audincias pblicas, devem ser juntados aos autos para fundamentar a deciso do processo (art. 29, ¤1¼). Quando for necessria a prestao de informaes ou a apresentao de provas pelos interessados ou terceiros, sero expedidas intimaes para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condies de atendimento (art. 39). Caso se trate de intimao para a produo de uma prova ou a realizao de diligncia, os interessados sero intimados com antecedncia mnima de 3 dias teis, mencionando-se data, hora e local de realizao (art. 41). No sendo atendida a intimao, poder o rgo competente, se entender relevante a matria, suprir de ofcio a omisso (princpio da oficialidade), no se eximindo de proferir a deciso (art. 39, pargrafo nico). Todavia, quando dados, atuaes ou documentos solicitados ao interessado forem necessrios apreciao de pedido formulado, o no atendimento da intimao no prazo fixado pela Administrao para a apresentao dessas informaes implicar arquivamento do processo. Essa hiptese ocorre quando a Administrao no teve como suprir de ofcio a omisso, ou entendeu que a matria no era relevante o suficiente para tanto, de tal sorte que sua deciso dever ser simplesmente pelo arquivamento do processo (art. 40). Durante a instruo, pode ser necessria a produo de pareceres por rgos consultivos. O prazo para emisso do parecer de 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo (art. 42) E se o parecer deixar de ser emitido no prazo fixado? Se for um parecer obrigatrio e vinculante, o processo no ter seguimento at a respectiva apresentao do parecer, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. J se for um parecer obrigatrio e no vinculante, o processo poder ter prosseguimento e ser decidido com dispensa do Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 81 parecer, sem prejuzo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento (art. 42, ¤¤1¼ e 2¼). Encerrada a instruo, o interessado ter o direito de manifestar- se no prazo mximo de 10 dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado (art. 44). Em caso de risco iminente, a Administrao Pblica poder motivadamente adotar providncias acauteladoras sem a prvia manifestao do interessado (art. 45). o caso, por exemplo, de um processo administrativo em que se constate a iminncia de ocorrer um dano ao errio, hiptese em que a Administrao poder adotar as providncias necessrias para evitar o dano, sem que tenha de ouvir o interessado previamente (poder ouvi-lo depois). Quando o rgo de instruo no for competente para emitir a deciso final, elaborar relatrio com o resumo do processo, indicando o pedido inicial, o contedo das fases do procedimento e formular proposta de deciso, objetivamente justificada, encaminhando o processo autoridade competente (art. 47). importante salientar que a Administrao tem o dever de, explicitamente, emitir deciso nos processos administrativos (art. 49). A deciso pode ser tanto no sentido de resolver o mrito do processo (por exemplo, deferindo ou indeferindo o pedido formulado, adjudicando a licitao etc.) como tambm de arquiv-lo, quando estiverem ausentes elementos necessrios deciso. O prazo para Administrao decidir de 30 dias a partir do trmino da instruo, prorrogvel, motivadamente, por igual perodo (art. 49). Por fim, como aplicao direta do princpio da publicidade, a Lei 9.784 estabelece que os interessados tm direito vista do processoe a obter certides ou cpias reprogrficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito privacidade, honra e imagem (art. 46). Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 81 13. (Cespe – CNJ 2013) As atividades desenvolvidas na fase instrutória do processo administrativo destinamRse a averiguar e a comprovar os dados necessários à tomada de decisão e são realizadas pela administração em observância ao princípio da oficialidade, não competindo ao administrado a proposição de atos probatórios. Comentário: O quesito ia bem, mas escorregou na parte final, pois os administrados podem sim propor atuações probatórias, como a oitiva de testemunhas, a juntada de documentos etc. É o que diz o art. 29 da Lei 9.784: Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam;se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. Gabarito: Errado 14. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Ao proferir uma decisão em processo administrativo, o administrador é isento de apresentar as razões jurídicas que embasam sua decisão quando esta impuser determinado tipo de sanção à terceiro. Comentário: O art. 50 da Lei 9.784/1999 enumera os atos administrativos em que motivação, ou seja, a indicação expressa dos fatos e fundamentos jurídicos, é necessária. TrataXse de uma lista bastante ampla, fazendo com que a motivação seja a regra. Vamos ver: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I ; neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses> II ; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções> III ; decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública> IV ; dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório> V ; decidam recursos administrativos> VI ; decorram de reexame de ofício> VII ; deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais> VIII ; importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. Portanto, voltando à questão, ao proferir decisão em processo administrativo que imponha sanção a terceiro, o administrador tem a obrigação de apresentar as razões jurídicas e factuais que embasaram sua Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 81 decisão, daí o erro. Gabarito: Errado 15. (Cespe – Bacen 2013) Encerrada a instrução, o processo deverá ser imediatamente remetido à autoridade competente para julgáRlo, para decisão. Comentário: Segundo o art. 44 da Lei 9.784/1999, encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestarXse no prazo máximo de 10 dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Portanto, encerrada a instrução, o processo não é remetido imediatamente para decisãoo antes disso, deveXse dar oportunidade para o interessado se manifestar. Gabarito: Errado 16. (Cespe – ICMBio 2014) Considere que o ICMBio tenha instaurado processo administrativo que necessite da realização de atos em município que não tenha órgão hierarquicamente subordinado ao instituto. Nessa situação, se houver, naquela localidade, outro órgão administrativo apto a executar os atos necessários à instrução do processo, é possível que parte da competência do instituto lhe seja delegada. Comentário: TrataXse de assunto delegação de competências, estudado na aula sobre atos administrativos. A resposta está no art. 12 da Lei 9.784/1999: Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Gabarito: Certo DESISTÊNCIA E EXTINÇÃO DO PROCESSO O interessado poder, mediante manifestao escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponveis (art. 51). A sua desistncia ou renncia, porm, no prejudica o prosseguimento do processo, se a Administrao considerar que o interesse pblico assim o exige (art. 51, ¤2¼). Por exemplo, o servidor entra com um requerimento para pleitear uma gratificao que julga ter direito, mas no vem recebendo. O pedido dar incio a um processo administrativo. Porm, uma conversa com amigos o faz mudar de ideia quanto ao seu direito gratificao e, por isso, ele resolve desistir do processo. No obstante o pedido do Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 81 interessado, se a Administrao entender que a soluo do feito ser importante para orientar futuros requerimentos semelhantes, poder decidir manter o processo aberto e ir at o fim. Ressalte-se que a desistncia ou renncia de um interessado no atinge outros eventuais interessados habilitados no processo (art. 51, ¤1¼). O rgo competente poder declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou quando o objeto da deciso se tornar impossvel, intil ou prejudicado por fato superveniente (art. 52). 17. (Cespe – Bacen 2013) O interessado que der início a um processo administrativo não poderá desistir do pedido formulado, devendo o processo tramitar até seu julgamento final. Comentário: Segundo o art. 51 da Lei 9.784/1999, o interessado pode, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. Tal desistência, contudo, não prejudica o andamento o processo, caso a Administração conclua que a matéria tratada seja de interesse público. E isso se dá em decorrência do princípio da oficialidade, pelo qual a Administração deve impulsionar o processo, ainda que instaurado pelo particular, e também do princípio da verdade material, pelo qual a Administração deve buscar a verdade dos fatos, ou seja, o que realmente ocorreu. Não obstante, ressalteXse que, de acordo com o art. 52 da Lei 9.784/1999, o processo administrativo poderá ser extinto pelo órgão competente quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. Gabarito: Errado RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO DO PROCESSO Recurso administrativo o meio de que dispe o administrado para que, ao discordar de determinada deciso adotada pela Administrao, solicite que esta reavalie a questo. A Lei 9.784/1999 prev a possibilidade de se apresentar recurso contra a deciso adotada ao final do processo administrativo, por razes de legalidade ou de mrito. Assim, por exemplo, o interessado pode Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 81 recorrer por achar que o processo no foi decidido pela autoridade competente ou porque no lhe foi dado o necessrio direito de defesa (razes de legalidade) ou, ainda, por entender que a deciso da Administrao no foi a melhor para o caso (razes de mrito). Tm legitimidade para interpor recurso administrativo (art. 58): " Os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; " Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela deciso recorrida; " As organizaes e associaes representativas,no tocante a direitos e interesses coletivos; " Os cidados ou associaes, quanto a direitos ou interesses difusos. O recurso interpe-se por meio de requerimento no qual o recorrente dever expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes (art. 60). De regra, o prazo a interposio de recursos administrativos de 10 dias, salvo disposio legal especfica em sentido diverso. O prazo contado a partir da cincia ou da divulgao oficial do ato contra o qual ser proposto (art. 59). Note que possvel recursos administrativos com outros prazos, desde que a lei especfica assim estabelea. Exemplo disso so os prazos recursais contidos no art. 109 da Lei 8.666/1993, que cuida especificamente de recursos em processos licitatrios (5 dias teis, em regra). Interposto o recurso, o rgo competente para dele conhecer dever intimar os demais interessados no processo, se houver, para que, no prazo de 5 dias teis, apresentem alegaes (art. 62). Essa oportunidade para evitar que o recurso apresentado por um dos interessados prejudique os demais. Quando a lei no fixar prazo diferente, o recurso administrativo dever ser decidido no prazo mximo de 30 dias, a partir do recebimento dos autos pelo rgo competente (art. 59). Tal prazo poder ser prorrogado por igual perodo, ante justificativa explcita (art. 59, ¤1¼). Vale destacar que o descumprimento pela Administrao do prazo para decidir no acarreta nulidade da deciso (diz-se que um prazo imprprio), mas poder resultar na responsabilidade funcional de quem houver, de maneira injustificada, dado causa ao atraso. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 81 responsabilizao pessoal nas esferas cvel, administrativa e penal (art. 64-B). Segundo o art. 56, ¤2¼ da Lei 9.784/99, a interposio de recurso administrativo independe de cauo, salvo exigncia legal. Significa que, nos processos administrativos, no admitida a chamada garantia de instncia, ou seja, no necessrio o depsito de valores ou oferecimento de bens em garantia para que o recurso seja admitido. Alis, tal vedao objeto da Smula Vinculante n¼ 21 do STF: Smula Vinculante n¼ 21 - inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamento prvios de dinheiro ou bem para admissibilidade de recurso administrativo. Outra regra importante encontra-se no art. 61 da Lei 9.784/99, pelo qual Òsalvo disposio legal em contrrio, o recurso no tem efeito suspensivoÓ, isto , no suspende os efeitos da deciso recorrida. Dessa forma, a Administrao no fica impedida de praticar o ato que esteja sendo alvo de impugnao. Costuma-se dizer que os recursos administrativos possuem efeito apenas efeito devolutivo, que um efeito inerente a qualquer recurso, e significa simplesmente que a matria recorrida submetida a nova apreciao e deciso pelo rgo com competncia recursal. Por exemplo: imagine um comerciante que tem sua licena cassada pela Administrao em funo do descumprimento de determinadas normas e apresenta recurso contra essa cassao; este recurso ter efeito devolutivo, uma vez que obrigar a Administrao a reavaliar o ato de cassao; entretanto, no ter, de regra, efeito suspensivo, significando que, enquanto a Administrao no decidir sobre o recurso, a licena continuar cassada, impedindo o comerciante de exercer suas atividades. Todavia, a autoridade competente (ou aquela imediatamente superior) para apreciao do recurso administrativo poder, de ofcio ou a pedido, de modo excepcional, conceder efeito suspensivo ao expediente recursal, se houver justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrente da deciso recorrida (art. 61, pargrafo nico). Em outras palavras, caso a Administrao verifique a possibilidade de que o particular tenha razo em seu recurso, e de que este venha a ter um prejuzo irreparvel com o ato administrativo, poder dar efeito suspensivo ao recurso. o que pode acontecer no exemplo da licena cassada, quando o recurso poder ser recebido com efeito suspensivo, Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 81 liberando o exerccio da atividade no perodo de apreciao do recurso, o que evitaria causar prejuzos ao particular. Esse procedimento, alm de beneficiar o particular, tambm beneficiaria a prpria Administrao, eis que, caso fosse verificada irregularidade na cassao da licena, poderia a Administrao ser obrigada a indeniz-lo por todo o perodo da paralisao. Por oportuno, registre-se que, em alguns casos, a legislao reconhece a necessidade de efeito suspensivo para alguns recursos administrativos, em razo do potencial prejuzo que poderia ser resultante da no atribuio de tal efeito. o que o ocorre, por exemplo, nos recursos administrativos quanto s fases de habilitao e julgamento de licitao, os quais tm efeitos suspensivos por determinao expressa da Lei 8.666/1993. O efeito devolutivo dos recursos administrativos bastante amplo. Segundo o art. 64 da Lei 9.784/1999, o rgo competente para decidir o recurso poder confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso recorrida, desde que se trate de matria da sua competncia. possvel, inclusive, que a autoridade superior reforme a deciso em prejuzo do recorrente, ou seja, agravando a sua situao inicial (a denominada reformatio in pejus). Se a deciso do recurso puder causar o agravamento da situao do recorrente, este dever ser cientificado previamente para que formule suas alegaes antes da deciso (art. 64, pargrafo nico). Pois bem, vamos falar agora da reviso. Os processos administrativos de que resultem sanes podem ser objeto de reviso, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada (art. 65). Os fundamentos da reviso, portanto, so os fatos novos ou as circunstncias relevantes que justifiquem a inadequao da penalidade aplicada. Dessa forma, no cabe reviso por conta de alegao de injustia ou luz das provas que j foram produzidas e constam do processo. Cumpre destacar que, segundo o pargrafo nico do art. 65, da reviso do processo no poder resultar agravamento da sano. Ou seja, diferentemente do que ocorre nos recursos administrativos em geral, na reviso dos processos de que resultem sanes vedada a Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 81 aplicao da reformatio in pejus (agravamento da situao do interessado). 18. (Cespe – Suframa 2014) Considerando que uma empresa tenha solicitado à SUFRAMA a concessão de benefícios fiscais previstos em lei para as empresas da ZFM que observassem o processo produtivo básico previsto em regulamento, julgue o item abaixo. Em caso de indeferimento do pedido da empresa, caberá recurso administrativo, que será dirigido à autoridade que proferiu a decisão. Se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, a autoridade o encaminhará à autoridade superior. Comentário: O recurso administrativo regido pela Lei 9.784/1999 desenvolveXse em três instâncias, sendo a primeira delas a própria autoridade autora da decisão impugnada, a quem o recurso deverá ser dirigido inicialmente. Na verdade, trataXse de um pedido de reconsideração, para que a autoridade “pense melhor” a respeito da decisão que tomou. O prazo para ela decidir se reconsidera ou não seu ato anterior é de 5 diaso caso não reconsidere, deverá encaminhar o recursoà autoridade superior, aí sim configurando um recurso hierárquico. É o que diz o art. 56 da Lei 9.784: Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. Gabarito: Certo 19. (Cespe – CADE 2014) Considere que Paulo figure como interessado em processo administrativo em tramitação em determinada autarquia e que tenha sido prolatada decisão desfavorável pelo órgão administrativo colegiado competente. Considere, ainda, que Paulo, em razão da delegação de competência feita pelo órgão colegiado, tenha interposto recurso administrativo decidido pelo presidente do órgão colegiado. Nessa situação, deverá haver nulidade na decisão prolatada pelo presidente. Comentário: Conforme o art. 13 da Lei 9.784, a decisão de recursos administrativos é um ato indelegável. Portanto, o órgão colegiado não poderia ter delegado a competência ao presidente do órgão, de modo que a decisão por ele prolatada no recurso padece de vício insanável de competência, ou seja, é nula. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 81 Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I ; a edição de atos de caráter normativo> II ; a decisão de recursos administrativos> III ; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Gabarito: Certo 20. (Cespe – DP/DF 2013) Considere que, negado o pleito de um indivíduo perante a administração pública, o chefe da respectiva repartição pública tenha inadmitido o recurso administrativo sob a alegação de que o recorrente não teria apresentado prévio depósito ou caução, exigidos por lei. Nessa situação hipotética, o agente público agiu de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, visto que, segundo entendimento do STF, a exigência de depósito ou caução pode ser realizada desde que amparada por lei. Comentário: Embora a Lei 9.784/1999 disponha que “salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução” (art. 56, §2º), a Súmula Vinculante nº 21 do STF é taxativa ao enunciar que a exigência de depósito ou arrolamento prévio de dinheiro ou bem para a admissibilidade de recurso administrativo é inconstitucional. Assim, eventual lei que trouxesse em seu texto exigência de caução como requisito para a admissibilidade de recurso seria inconstitucional nessa parte. Portanto, na situação hipotética, o agente público não agiu de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, visto que, segundo entendimento do STF, a exigência de depósito ou caução ofende a CF, e não pode ser realizada nem mesmo se amparada por lei. Gabarito: Errado CONTAGEM DE PRAZOS Os prazos no processo administrativo federal comeam a correr a partir da data da cientificao oficial, excluindo-se da contagem o dia do comeo e incluindo-se o do vencimento (art. 66). Por exemplo, se o administrado tomou cincia da intimao no dia 10 (segunda-feira), o prazo de 3 dias teis venceria no dia 13 (quinta- feira)16. Os prazos expressos em dias contam-se de modo contnuo (art. 66, ¤2¼). Por exemplo, prazo de 5 dias iniciado no dia 10 (quinta-feira), vence no dia 15 (tera-feira), incluindo, portanto, os dias de final de semana (a menos que houvesse meno a dias teis). 16 O primeiro dia da contagem seria o dia 11 (terçaifeira), o segundo 12 (quartaifeira) e o terceiro, que coincide com o vencimento, seria o dia 13 (quintaifeira). Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 81 21. (Cespe – CADE 2014) Nos processos administrativos, os prazos, expressos em dias, são contados em dias úteis, de acordo com a legislação de regência. Comentário: Os prazos expressos em dias são contados em dias contínuos, nos termos do art. 66, §2º da Lei 9.784/1999. Gabarito: Errado ***** Com isso terminamos a parte terica da aula de hoje. Como j de praxe, vamos resolver mais algumas questes de prova # Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 81 MAIS QUESTÕES DE PROVA 22. (FCC – TRT23 2016) Em dois processos administrativos distintos, de âmbito federal, constatouRse a obrigatoriedade de ser ouvido órgão consultivo, devendo os respectivos pareceres serem emitidos no prazo de quinze dias, porém não foram apresentados. No primeiro processo, o parecer era obrigatório e vinculante e deixou de ser emitido no prazo fixado. No segundo processo, o parecer era obrigatório mas não vinculante e também deixou de ser emitido no prazo fixado. Nos termos da Lei no 9.784/1999 e independentemente da responsabilização cabível, a) apenas na segunda hipótese, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa. b) em ambas as hipóteses, os processos não terão seguimento até que os pareceres sejam apresentados. c) apenas na segunda hipótese, o processo poderá ter prosseguimento, mas a decisão só será possível após a apresentação do parecer. d) em ambas as hipóteses, os processos poderão ter prosseguimentoa no entanto, apenas no segundo caso, poderá ser decidido com sua dispensa. e) em ambas as hipóteses, os processos terão seguimento normalmente, independentemente do momento da apresentação dos pareceres. Comentários: A resposta está no art. 42 da Lei 9.784/99: Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizandoLse quem der causa ao atraso. § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Assim, se o parecer é obrigatório e vinculante, o processo não poderá ter seguimento até a respectiva apresentaçãoo se, por outro lado, o parecer for obrigatório e não vinculante, o processo poderá seguir e ser decidido sem o parecer, sem prejuízo da responsabilidade de quem deu causa à omissão. Correta, portanto, a opção “a”. Gabarito: alternativa “a” 23. (FCC – TRT14 2016) No curso de determinado processo administrativo de âmbito federal, a norma administrativa em discussão foi devidamente interpretada e, em seguida, extinto o processo. Posteriormente, a Administração pública deu nova Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 81 interpretação à mesma norma, e desarquivou o mencionado processo administrativo para aplicáRla retroativamente. Nos termos da Lei nº 9.784/1999, a) só será possível a aplicação retroativa de nova interpretação quando deferida pelo Chefe do Poder Executivo. b) é possível aplicação retroativa de nova interpretação, desde que em prol do interesse particular. c) sempre será possível a aplicação retroativa de nova interpretação. d) só será possível a aplicação retroativa de nova interpretação quando postulada pelo particular. e) é vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Comentários: A Lei 9.784/99 taxativamente veda a aplicação retroativa de nova interpretação. Veja: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) XIII L interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Gabarito: alternativa “e” 24. (FCC – TRT14 2016) Manoel e Manoela, além de irmãos, são partes interessadas no mesmo processo administrativo em curso perante a Administração Pública Federal. No curso do feito, Manoel desistiu do pedido. Em razão disso, a Administração estendeu a desistência a ambas as partes e extinguiu o processo. Em outro processo administrativo, a parte interessada, Ricardo, também desistiu do seu pedido, o que foi negado pela Administração por considerar que o interesse público justificava a continuidade do feito. Nos termos da Lei nº 9.784/1999, a conduta da Administração Pública Federal está a) incorreta apenas no segundo caso, pois a desistência do pedido diz respeito a direito disponível da parte e deve ser prontamente acolhida pela Administração. b) correta em ambos os casos. c) incorreta em ambos os casos, pois não é cabível desistência em processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. d) incorreta apenas no primeiro caso, pois a desistência atinge somente quem a formulou. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 81 e) incorreta no primeiro caso, vez que a lei veda duas partes no mesmo processo administrativo e também incorreta no segundo processo, pois não é possível contrariar o interesse da parte, haja vista tratarRse de direito disponível. Comentários: No primeiro caso, a Administração agiu incorretamente, pois, segundo o art. 51, §1º da Lei, “havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado”. Ou seja, a Administração não poderia ter estendido a desistência de Manoel à outra parte. No segundo caso, a Administração agiu corretamente, pois, segundo o art. 51, §2º da Lei, “a desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige”. Gabarito: alternativa “d” 25. (FCC – Procurador TCM/GO 2015) Durante a tramitação de processo administrativo disciplinar para apuração de ilícito administrativo supostamente cometido por um servidor, foi proferida decisão desfavorável àquele. Transcorrido o prazo para recurso, o servidor não interpôs a peça. Foi então certificado o trancurso do prazo e o processo foi encaminhamento para cumprimento da decisão. A certidão lançada no processo administrativo a) reconhece, na verdade, preclusão administrativa, que não se estende à esfera judicial, na qual ainda pode ser questionada a decisão administrativa. b) consubstanciaRse, em verdade, em decadência do direito de questionar a decisão, tanto no âmbito administrativo, quando no âmbito judicial, para o qual se estende. c) configura materialização da prescrição administrativa, impedindo o questionamento judicial da decisão, na medida em que houve a opção de não recorrer. d) tanto pode ser qualificada como prescrição, quanto como decadência, tendo em vista que no âmbito administrativo pouco diferem, na medida em que ambos impedem o questionamento judicial da decisão. e) não é relevante para fins funcionais, tendo em vista que os processos disciplinares exigem a observância do recurso ex officio em defesa do administrado. Comentários: Preclusão administrativa nada mais é que a impossibilidade de se apreciar novamente a matéria na esfera administrativa. Nesse sentido, o art. 63, incisos I e IV da Lei 9.784/99 estabelecem que o recurso não será conhecido quando interposto fora do prazo e nem após exaurida a esfera administrativa. No caso, portanto, a certidão lançada no processo administrativo deve reconhecer a preclusão administrativa, em vista do esgotamento do prazo para a interposição do recurso, o que não impede, logicamente, que o interessado acesse o Poder Judiciário para rediscutir a Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 81 matéria, diante da inafastabilidade da tutela jurisdicional. Correta, portanto, a alternativa “a”. Nas alternativas “b”, “c” e “d”, o erro é que se trata de preclusão administrativa, e não propriamente de prescrição ou decadência. Ademais, as assertivas afirmam que não seria possível a ação no âmbito judicial, o que não é verdade. Por fim, a opção “e” erra porque, em processos disciplinares, não há previsão de recurso de ofício da Administração em favor do administrado. Gabarito: alternativa “a” 26. (FCC – Procurador TCM/RJ 2015) O processo administrativo é informado por regras e princípios, assemelhandoRse, neste ponto, ao processo judicial, mas com sensíveis distinções. No caso do processo administrativo disciplinar, há semelhanças ou distribuições ainda mais específicas, tais como: I. O processo administrativo disciplinar, diferentemente do processo administrativo comum, não admite o indeferimento de provas consideradas impertinentes ou prescindíveis a elucidação dos fatos, tendo em vista ter potencial condenatório, independentemente do grau da pena. II. O processo administrativo disciplinar admite o emprego da discricionariedade, nos moldes do que autoriza a legislação pertinente, quando, por exemplo, permite a opção por pena mais grave, desde que de forma fundamentada e coerente com o conjunto probatório dos autos, não sendo permitido que o Poder Judiciário reforme essa decisão no que concerne ao juízo de escolha de conveniência e oportunidade. III. As nulidades no processo administrativo disciplinar, diferentemente do processo administrativo comum e do processo judicial, não são admitidas em nenhuma hipótese, sendo imperiosa a declaração das mesmas, em qualquer das fases do processo, mesmo que delas não decorra nenhum prejuízo à defesa do servidor. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I e III. c) I. d) II. e) III. Comentários: vamos analisar cada item: I) ERRADA. No processo administrativo em geral, e no processo disciplinar em particular, é possível sim o indeferimento de provas impertinentes, meramente protelatórias ou de nenhum interesse para o Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 81 esclarecimento dos fatos. Tal hipótese, inclusive, é prevista de forma expressa na Lei 8.112/90: Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial. § 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. § 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer de conhecimento especial de perito. II) CERTA. De fato, a Administração possui discricionariedade no exercício do poder disciplinar, notadamente na escolha da gradação das penalidades a serem impostas, desde que respeitados os limites da Lei e a proporcionalidade com a gravidade da infração. Assim, por exemplo, é que a autoridade competente pode usar seu poder discricionário para aplicar uma suspensão de 10 dias ou uma de 30 dias, mediante a sua avaliação própria a respeito da gravidade da infração. Essa avaliação discricionária, caso tenhaobservado os limites da lei e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, não pode ser revista pelo Poder Judiciário, cuja atuação é restrita ao exame de legalidade. Nesse sentido, o Judiciário poderia anular um ato de aplicação de penalidade que não tenham observado o devido processo legal, mas não poderia, por exemplo, alterar a suspensão de 30 para 10 dias, pois essa ponderação está dentro do juízo de discricionariedade próprio da Administração. III) ERRADA. As nulidades são sim admitidas no processo disciplinar, especialmente quando for verificada a ocorrência de vício insanável (ex: não observância do direito de defesa). Gabarito: alternativa “d” 27. (FCC – TRT9 2015) Alguns princípios processuais têm conteúdo peculiar quando dirigidos especificamente ao processo administrativo, como o princípio a) da oficialidade, pois no processo administrativo não vigora o princípio da inércia, podendo ser instaurado e movimentado de ofício, com vistas à completa instrução e conclusão do processo. b) da publicidade, que no processo administrativo é mais amplo do que no processo judicial, na medida em que é vedada qualquer forma de sigilo de informações. c) do contraditório e da ampla defesa, que no processo administrativo é sensivelmente mais brando, quando não facultativo, tendo em vista que poderá ser garantido ao administrado, posteriormente, na fase judicial. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 81 d) da formalidade, que prevê obediência estrita à forma prescrita em lei para a instauração e tramitação do processo administrativo, sob pena de nulidade, em razão de representar garantia ao administrado, considerando que os demais princípios são flexíveis. e) da tipicidade, que se aplica ao processo administrativo com maior rigor, no sentido de exigir a que a infração administrativa seja precisamente descrita e tipificada, pois representa garantia à defesa do administrado. Comentários: vamos analisar cada alternativa: a) CERTA. O princípio da oficialidade é característico dos processos administrativos que, diferentemente dos processos judiciais, podem ser instaurados de ofício, e não apenas mediante provocação dos interessados. b) ERRADA. Embora a publicidade seja a regra nos processos administrativos, é possível sim manter o sigilo de informações, nas hipóteses previstas em lei. c) ERRADA. O princípio do contraditório e da ampla defesa não é mais brando, muito menos facultativo nos processos administrativos. Tal direito deve ser necessariamente assegurado nos processos de que possam resultar restrições de direitos ou sanções administrativas. d) ERRADA. O processo administrativo é regido pelo princípio do formalismo moderado, segundo o qual devem ser observadas apenas as formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados. Ou seja, a rigor, não há necessidade de obediência “estrita” à forma. Vale lembrar que, segundo o art. 22 da Lei 9.784/99, “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir”. e) ERRADA. A tipicidade é um princípio próprio dos processos judiciais, de modo que não é correto afirmar que se aplica ao processo administrativo com maior rigor. Assim, nos processos administrativos não é necessário que a infração administrativa seja precisamente descrita e tipificada, como nos processos judiciais. Gabarito: alternativa “a” 28. (FCC – Juiz TJ/PE 2015) Acerca do processo administrativo, tal como disciplinado na Lei Federal no 9.784/99, é correto afirmar que a) a ausência de parecer obrigatório nem sempre impedirá o prosseguimento do processo administrativo até final decisão. b) se aplica ao processo administrativo o princípio que veda a reformatio in pejus, o que se justifica em razão da observância do princípio do devido processo legal. Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 81 c) o processo administrativo deve ser formalista, o que se impõe, em observância ao princípio da segurança jurídica. d) em virtude da indisponibilidade do interesse público, é vedado ao particular interessado no processo formular desistência ou renúncia. e) se aplica no processo administrativo o princípio da identidade física do juiz, pelo qual o órgão que promoveu a instrução deve ser o mesmo a decidir a questão controversa. Comentários: vamos analisar cada alternativa: a) CERTA. Se o parecer for obrigatório e vinculante, o processo não poderá prosseguir sem sua emissão. Por outro lado, se o parecer for não vinculante, ainda que obrigatório, o processo poderá seguir, sem prejuízo da responsabilidade de quem deu causa à omissão. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizandoLse quem der causa ao atraso. § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. b) ERRADA. Os recursos administrativos podem sim agravar a situação dos recorrentes, ou seja, no processo administrativo é admitido a reformatio in pejus. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. c) ERRADA. O processo administrativo se rege pelo princípio do formalismo moderado, segundo o qual devem ser observadas apenas as formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) Direito Administrativo para Magistratura Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 12 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 81 VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administradosR d) ERRADA. O particular pode sim formular desistência ou renúncia: Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. e) ERRADA. Nos processos administrativos não há a obrigatoriedade informada no item, que é própria dos processos judiciais. Gabarito: alternativa “a” 29. (FCC – Manausprev 2015, adaptada) A instauração de processo administrativo, nos termos do que dispõe a Lei nº 9.784/99, a) depende de provocação do interessado, sendo vedada a instauração de ofício ou requerida por terceiros. b) deve se dar por meio de ofício, vedada a participação de interessados indiretos no objeto do processo. c) deve se dar após autorização judicial quando houver potencial de aplicação de pena de demissão a servidor público. d) pode se dar a pedido de pessoa física ou jurídica titular do interesse em questão, ou mesmo ser instaurada de ofício. e) deve se dar por provocação do interessado ou do Ministério Público,
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