[146]. Observamos que em [146] as condic¸o˜es de fronteira para as autofunc¸o˜es ϕn : [a, b] → R sa˜o gerais (por exemplo da forma ϕn(a) = 0 = ϕn(b)) mas na˜o exatamente perio´dicas da forma ϕn(a) = ϕn(b)). De qualquer forma os mesmos princ´ıpios gerais podem ser aplicados no caso perio´dico. Em [210] na expressa˜o (1.3.2) da sec¸a˜o 1.3 as condic¸o˜es perio´dicas de fronteira sa˜o contempladas como caso particular. O mesmo ocorre para o operador Hamiltoniano H correspondente a V : M → R quandoM e´ variedade Riemanniana compacta (sem bordo). Estas questo˜es unidimensionais esta˜o relacionadas ao Problema de Sturm Liouvile (num intervalo [a, b]) e sa˜o descritas com muitos detalhes em [146] e tambe´m por J. Bellissard na sec¸a˜o 1.5 pagina 555 de [299]. Por exemplo, as autofunc¸o˜es tomam valores reais (ver 2.5 na pa´gina 102 de [146]) e os autovalores formam um conjunto enumera´vel (ver 2.6 pa´gina 103 e Cor. 4 pa´gina 117 em [146]). Referimos tambe´m o leitor a [64] para outros detalhes sobre estas considerac¸o˜es. A autofunc¸a˜o ϕ0 associada menor autovalor λ0 do operador H (ver sec¸a˜o 11.5 em [184]) satisfaz e´ claro a equac¸a˜o H(ϕ0) = − ~ 2 2m △(ϕ0) + V(ϕ0) = λ0ϕ0. Assim, ϕt = e −i ~ λ0 tϕ0 descreve a evoluc¸a˜o desta condic¸a˜o inicial que e´ estacionaria. Denote por ϕm0 a soluc¸a˜o para cadam distinto deH(ϕ m 0 ) = [− ~ 2 2m △+ V ](ϕm0 ) = λ0ϕm0 No caso unidimensional a autofunc¸a˜o associada ao menor autovalor e´ u´nica e estritamente positiva. No item 3) da sec¸a˜o 1.6 onde apresen- tamos va´rios exemplos o caso espec´ıfico de potencial V perio´dico e as autofunc¸o˜es de H sera´ analisado com mais detalhe. O leitor interessado “quantum2013” 2018/2/2 page 51✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ Sec¸a˜o 1.1 Estados e a equac¸a˜o de Schrodinger 51 em mais detalhes pode encontra´-los na proposition 2.9 chapter 8 in [283] ou em [184]. Em [272] o autor (que e´ um matematico expert no assunto de limite semicla´ssico) explica que no caso de um eletron a equac¸a˜o i ǫ ∂ψ ∂t (t, x) = − ǫ 2 2m ∂2ψ(t, x) ∂x2 + V (x)ψ(t, x) e´ aquela obtida reescalando todos os parametros f´ısicos da equac¸a˜o de Schrodinger (massa, carga do eletron, constante de Plank, etc.). Este ǫ e´ uma constante ”dimensionless”, ou seja, uma constante matema´tica sem atributos de grandezas como metros, segundos, etc... Assim, o com- portamento cla´ssico ”deveria”emergir quando ǫ vai a zero assumindo a premissa ba´sica que a Mecaˆnica Cla´ssica descreve sistemas que possuem escalas de energia-tempo muito maiores que ~. Mais precisamente, para t fixo, a distribuic¸a˜o de probabilidade de |ψt(x)|2 - onde ψt satisfaz a equac¸a˜o de Schorodinger acima com ǫ varia´vel - deveria descrever, de alguma forma, quando ǫ→ 0, um sistema mecaˆnico cla´ssico. Mas uma ana´lise completa da questa˜o, segundo o autor, ainda na˜o esta´ totalmente contemplada em termos matema´ticos (ver [100] para maiores detalhes). Observac¸a˜o: No caso de V perio´dico a ana´lise do limite semicla´ssico quando m → ∞ afirma que a probabilidade descrita pela densidade |ϕm0 |2(x)dx vai se concentrar nos mı´nimos do potencial V . Esta afirmac¸a˜o esta´ matematicamente fundamentada em va´rios casos e referimos o lei- tor a [139] [265] [266], [108], [161], [162], [111] e [143] para a prova destes resultados. Observe que do ponto de vista f´ısico faz sentido que o limite do estado quantico de mı´nima energia, quando m → ∞, va´ determi- nar soluc¸o˜es no menor n´ıvel de energia para o Hamiltoniano cla´ssico. Observamos que embora em [143] (e em outras das referencias acima mencionadas) os autores falem em ~→ 0, ou ǫ→ 0, o resultado tambe´m pode ser la´ enunciado alternativamente como m→∞. Questo˜es interessantes que relacionam a poss´ıvel descoberta de um certo Hamiltoniano especial (tal que seus autovalores satisfac¸am certas propriedades determinadas) e a Hipo´tese de Riemman aparecem em [31], [54] and [26] “quantum2013” 2018/2/2 page 52✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ 52 Uma Visa˜o Panoraˆmica da Mecaˆnica Quaˆntica Cap. 1 Note que para obter a densidade da posic¸a˜o do estado ψt, t fixo, nos basta |ψt|2. O papel e a necessidade de se tratar o estado ψt, t fixo, como uma func¸a˜o que toma valores complexos, no entanto, esta´ associado ao seu cara´ter de onda e sua sucetibilidade a` interfereˆncia. Vamos elaborar sobre isto. Suponha que H = ∑ n λn Pϕn . Se por acaso o estado inicial fosse ψ0 = a2ϕ2 + a7ϕ7., enta˜o, ψt = α2 e −i ~ λ2 t ϕ2 + α7 e −i ~ λ7 t ϕ7 vai definir a distribuic¸a˜o de probabilidade em x, via |ψt(x)|2, que vai variar dependendo de t. Assim, na˜o seria um estado estaciona´rio. Suponha ainda que t esta´ fixo, e, que seja poss´ıvel construir um aparato de tal forma que a part´ıcula sob a ac¸a˜o do Hamiltoniano H selecione no tempo t um estado fixo (com norma 1), digamos, e −i ~ λ2 t ϕ2. Enta˜o, a densidade na varia´vel x observada seria dada por |ϕ2(x)|2. Suponha que t esta´ fixo, e, que agora construimos um novo aparato, similar ao anterior, mas de tal forma que a part´ıcula sob a ac¸a˜o do Hamiltoniano H selecione o estado (com norma 1) e −i ~ λ7 t ϕ7. Enta˜o, a densidade na varia´vel x observada seria dada por |ϕ7(x)|2. Um fato surprendente na Mecaˆnica Quaˆntica e´ que as distintas pos- sibilidades de probabilidade se interferem entre si! Esta interfereˆncia poderia se dar de muitas formas distintas, mas a que realmente ocorre na Natureza e´ aquela que e´ a mais natural em termos da estrutura subjacente de espac¸o vetorial. Mais exatamente, su- ponha que contru´ıssemos um terceiro aparato que se utiliza dos outros dois anteriores, que na˜o privilegia em excesso nenhum dos dois, mas que permite a selec¸a˜o de part´ıculas sob as duas situac¸o˜es. Pode ocorrer uma combinac¸a˜o do dois estados. Obter´ıamos assim um estado mixto. Suponha que a2, a7 ∈ C sa˜o tais que a func¸a˜o resultante tenha norma em L2(R3) igual a 1, ou seja, que |a2 e −i ~ λ2 t ϕ2 + a7 e −i ~ λ7 t ϕ7 | = 1. “quantum2013” 2018/2/2 page 53✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ ✐ Sec¸a˜o 1.1 Estados e a equac¸a˜o de Schrodinger 53 Ao se fazer uma medic¸a˜o deste novo estado, a densidade em x ob- servada no tempo t no fenoˆmeno f´ısico em considerac¸a˜o, e´ dada por | [ a2 e −i ~ λ2 t ϕ2(x) ] + [ a7 e −i ~ λ7 t ϕ7(x) ] |2 (∗). O cara´ter da soma [ a2 e −i ~ λ2 t ϕ2(x) ] + [ a7 e −i ~ λ7 t ϕ7(x) ] (∗∗), e´ exatamente como aquela obtida atrave´s da soma de duas func¸o˜es de ondas, [ a2 e −i ~ λ2 t ϕ2(x) ] e [ a7 e −i ~ λ7 t ϕ7(x) ] (∗ ∗ ∗), que se superpo˜em. Note como podem ser distintos os possiveis valores da norma da soma ao variarmos apenas t. Se num certo tempo t e num certo ponto x as parcelas estivessem positivamente alinhadas, por exemplo, [ a2 e −i ~ λ2 t ϕ2(x) ] = 0.5 e −0.3i, e [ a7 e −i ~ λ7 t ϕ7(x) ] = 0.4 e −0.3i a soma das parcelas seria ma´xima. Desta forma a probabilidade de encontrar a part´ıcula perto deste ponto x no tempo t seria grande. Se, por outro lado, no tempo t e num certo ponto x as parcelas na˜o estivessem alinhadas, por exemplo, uma igual a 0.5 e−0.3i e a outra igual a 0.4 e (−0.3+π)i, enta˜o a soma seria bem menor. Uma expressa˜o do tipo (*) e que e´ oriunda de (**) determina muitas vezes um distribuic¸a˜o com muitas pequenas oscilac¸o˜es (grande variac¸a˜o da derivada). Isto ocorre mesmo que |ϕ2(x)|2 e |ϕ7(x)|2 na˜o possuam muitas oscilac¸o˜es. Uma descric¸a˜o geome´trica do que estamos dizendo: imagine que na figura 1.3 temos que (a) descreve o gra´fico de |a2 ϕ2(x)|2 e (b) descreve o gra´fico de |a7 ϕ7(x)|2. Enta˜o poderia eventualmente ocorrer em uma dada situac¸a˜o que (d) descreve ”aproximadamente”o gra´fico de (*). Observe que sob as condic¸o˜es acima quando se fizer uma medic¸a˜o da energia vamos obter ou λ2 ou λ7. Quando se faz uma medic¸a˜o