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Direito Processual Civil – Aula 01 
João Augusto 
1 
1. Apresentação 
 Meu nome é João Augusto Castro, sou professor 
de Direito Processual Civil do CERS, meuconcur-
so.com, e PUC-GO. Moro em Goiânia (GO), e há 
alguns anos tenho o prazer de participar da formação 
e da realização dos sonhos dos meus alunos na bus-
ca de seus concursos públicos, pós graduações e 
exames da OAB. 
 Estaremos juntos aqui no meuconcurso.com na 
Disciplina de Direito Processual Civil e queria que 
você soubesse da minha alegria em participar desse 
projeto e estar, ainda que à distância, ao seu lado na 
busca de seu objetivo, que é também o nosso, é o 
meu. Farei sempre o meu melhor e o que estiver ao 
meu alcance para te apresentar esse conteúdo da 
maneira mais completa e mais didática possível. Sei 
que muitos amigos que irão me assistir não têm for-
mação jurídica e, também por isso, a linguagem será 
simples, evitando as expressões muito técnicas para 
sua melhor compreensão. 
Hoje, nessa breve aula, nossa primeira 
transmissão ao vivo pelo meuconcurso.com, tratare-
mos de dois importes assuntos e que são imprescin-
díveis na sua preparação: jurisdição e ação. Esses 
dois temas aprecem, quase que obrigatoriamente, 
nos concursos de nível médio que cobram o conteúdo 
“Noções de Direito Processual Civil”. 
Tomemos como exemplo o conteúdo de Direi-
to Processual Civil do último concurso do TJDFT para 
os cargos de analista judiciário e de técnico judiciá-
rio1: 
 
“NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL: 1 
Jurisdição: conceito; modalidades; poderes; prin-
cípios e órgãos. 2 Ação: conceito; natureza jurídi-
ca; condições; classificação. 3 Sujeitos do proces-
so: partes e procuradores. 4 Ministério Público. 5 Juiz 
e Auxiliares da Justiça: poderes, deveres e responsa-
bilidade juiz, do escrivão, do serventuário e do oficial 
de justiça. 6 Atos processuais: forma dos atos pro-
cessuais; tempo e lugar dos atos processuais; prazos; 
comunicação dos atos. 7 Noções do procedimento 
ordinário. 8 Noções do cumprimento de sentença. 9 
Noções da execução por quantia certa fundada em 
título extrajudicial. 10 Lei nº 9.099/1995, e alterações. 
11 Decreto-Lei nº 911/1969.” 
Perceba que, nesse edital, as matérias objeto 
do nosso estudo (jurisdição e ação) são os primeiros 
pontos previstos no conteúdo. É quase sempre assim, 
tratando-se de carreiras jurídicas ou não. Então va-
mos começar? Partiu? 
 
 
 
1 
http://www.cespe.unb.br/concursos/TJDFT_15_SERVIDO
R/arquivos/ED_1_ABERTURA.PDF. Acessado em 
21.08.2016. 
2. Jurisdição 
 
2.1 Aspectos gerais 
 
 O art.2º, CF, define 03 poderes da União: Legisla-
tivo, Executivo e Judiciário. O Poder Judiciário tem 
como função primordial o julgamento dos conflitos 
que lhes são submetidos, prestando a jurisdição. 
 Para entendermos isso bem, precisamos passar 
por um conceito bem básico, mas que nos acompa-
nhará durante toda nossa preparação, é o conceito de 
lide. 
 Faz parte do convívio social o surgimento de con-
flitos. Esses conflitos ocorrem quando se tem algum 
tipo de pretensão que é resistida por outra pessoa. 
Imagine que você dirigia em alta velocidade e acabou 
colidindo seu carro no meu. Desço do carro e noto 
que meu para-choque foi danificado e peço a você 
que me pague o valor de um novo ou a recuperação 
dele. Você, todavia, diz que não foi culpada da batida 
e, por isso, não tinha obrigação de me indenizar ou 
ressarcir. Eu continuo insistindo na minha pretensão 
de ver meu carro reparado e você continua resistindo 
a essa pretensão. 
 Nesse caso, temos todos os elementos para a 
compreensão do conceito de lide, que para Fransces-
co Carnelutti é o conflito de interesses qualificado 
por uma pretensão resistida. Na lide, há conflito 
entre alguém que pretende e alguém que resiste a 
essa pretensão. 
 
2.2 Técnicas de composição (solução) da lide 
 Há algumas técnicas por meio das quais essa lide 
pode ser resolvida: autotutela, autocomposição e 
heterocomposição. 
 A autotutela é a forma mais arcaica de solução de 
conflitos e composição da lide. Na autotutela há em-
prego de força (física ou não), sendo que uma parte 
impõe sua vontade à outra, fazendo cessar a resis-
tência que era imposta à pretensão ou pondo fim à 
própria pretensão, mas sem consenso. Na autotutela 
as próprias partes solucionam o conflito, mas através 
da imposição, da força. 
 Ainda que se trate de técnica de solução da lide, 
ela é vedada no nosso ordenamento, existindo ape-
nas resquícios dessa técnica. A defesa direta e pes-
soal da posse (legítima defesa da posse – art.1.210, 
§1º, CPC) é um entre pouquíssimo exemplos. 
 Na autocomposição, por outro lado, as próprias 
partes solucionam seu conflito, mas sem emprego de 
força, sem imposição. Na autocomposição, consen-
sualmente, as partes resolvem seu conflito, ou porque 
uma delas abre mão da pretensão (renúncia), ou a 
outra deixa de oferecer resistência à pretensão (sub-
missão), ou quando ocorre um “mix” de renúncia e 
submissão, através de concessões recíprocas, ou 
seja, aquele que pretendia, abandona parte de sua 
pretensão e o que impunha resistência abre mão de 
 
 
 
 
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parte dela. A essa forma de autocomposição híbrida 
(renúncia e submissão) damos o nome de transação. 
Temos, então, três diferentes formas de autocompo-
sição: renúncia, submissão e transação. 
 Diferente da autotutela, a autocomposição é auto-
rizada e muito incentivada no nosso ordenamento 
(art.3º, §3º, art.334, art.139, V, CPC). Pode ela ocor-
rer antes ou durante o processo. No nosso conflito do 
carro, por exemplo, poderíamos deixar de provocar o 
Judiciário se chegássemos a uma autocomposição da 
nossa lide através da fixação de um valor de repara-
ção do para-choque que seria interessante para nós 
dois. 
 Como vimos, na autocomposição as próprias par-
tes conflitantes chegam a uma solução a seu conflito, 
ou seja, não há um terceiro que arbitra a solução, que 
resolve o conflito. Isso não quer dizer, todavia, que na 
autocomposição não se permita participação de ter-
ceiros. Permite-se sim! 
A autocomposição pode acontecer com auxí-
lio de um terceiro (conciliador ou mediador) que em-
pregando técnicas de autocomposição auxiliará as 
partes a chegar numa solução consensual da lide, 
sem ditar, arbitrar a solução. 
 Passou a ser importante para sua prova, conhecer 
a diferença entre conciliação e mediação. Essa 
diferença é possível entendendo os papéis do concili-
ador e mediador definidos nos artigos 165, §§ 2º e 3º, 
CPC: 
 
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente 
nos casos em que não houver vínculo anterior en-
tre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, 
sendo vedada a utilização de qualquer tipo de cons-
trangimento ou intimidação para que as partes conci-
liem. 
§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos 
casos em que houver vínculo anterior entre as par-
tes, auxiliará aos interessados a compreender as 
questões e os interesses em conflito, de modo que 
eles possam, pelo restabelecimento da comunica-
ção, identificar, por si próprios, soluções consensuais 
que gerem benefícios mútuos. 
 
Então, a autocomposição é técnica de resolução 
da lide permitida e incentivada no CPC e pode se dar 
com a participação de um terceiro imparcial que con-
duzirá as partes na solução da lide, mas sem decidir 
por elas. Essa técnica, a autocomposição, pode acon-
tecer antes ou durante o processo (art.487, III, CPC). 
 A terceira técnica de composição (solução) da lide 
que estudaremos é a heterocomposição. Aqui, dife-
rentemente das outras duas técnicas, haverá um ter-
ceiro imparcial que solucionará a lide pelas partes,impondo a decisão a elas. Há duas diferentes formas 
de hetercomposição: a arbitragem e a jurisdição. 
 A arbitragem é uma forma de heterocomposição 
na qual os conflitantes consensualmente elegem um 
terceiro imparcial (árbitro) da confiança deles que 
será responsável pela solução da lide. A decisão des-
se terceiro é imposta às partes e a sentença arbitral 
tem, para fins de execução, a mesma eficácia de uma 
sentença judicial, uma vez ter sido tratada como título 
executivo judicial (art.515, VII, CPC). 
 A arbitragem é tratada na Lei 9.307/96 e qualquer 
pessoa capaz pode ser árbitro (algumas provas ainda 
insistem que o árbitro depende de formação jurídica, 
cuidado!). A arbitragem não ofende o princípio da 
inafastabilidade da jurisdição (art.3º, §1º, CPC) e, 
ainda que exista divergência doutrinária, não é juris-
dição, uma vez que a jurisdição, como veremos, é 
indelegável. Trate a arbitragem, na sua prova, como 
um equivalente jurisdicional como prefere a doutri-
na majoritária. 
 
 ATENÇÃO!! Ainda que as partes tenham conven-
cionado pela arbitragem, por exemplo através de 
cláusula compromissória arbitral (cláusula inserida no 
contrato por meio da qual as partes elegem o árbitro 
para resolver conflitos advindos da contratação), pode 
qualquer delas provocar o Poder Judiciário para ter 
seu conflito resolvido (inafastabilidade da Jurisdição). 
Nesse caso, poderá o réu adotar duas condutas: ale-
gar a convenção de arbitragem em sua contestação 
(art.337, X, CPC) ou não alegar. Alegada a conven-
ção de arbitragem (o juiz não pode conhecer de ofí-
cio) e sendo a tese acolhida, o juiz deverá extinguir o 
processo sem resolução do mérito (art.485, VII, CPC). 
Não sendo alegada, o réu não pode alegar em outra 
oportunidade (preclui), o que implica na aceitação da 
jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral (art.337, 
§6º, CPC). 
 
A segunda forma de hetercomposição da lide e 
que nos tomará boa parte do tempo de estudo, é a 
jurisdição. Na jurisdição, o terceiro imparcial que re-
solverá a lide em substituição às partes é o próprio 
Estado, por meio de seu Poder Judiciário, que tem 
como função precípua julgar, prestar tutela jurisdicio-
nal. 
 
2.2 Conceito 
 Ainda que a jurisdição possa ser entendida por 
alguns diferentes escopos, para as nossas provas 
interessa o escopo jurídico, segundo o qual jurisdição 
é o poder-dever por meio do qual o Estado resolve as 
lides que lhe são submetidas, aplicando a norma abs-
trata no caso concreto, pondo fim ao conflito existente 
entre as partes. 
 A jurisdição é, ao mesmo tempo, um poder, fun-
ção e atividade. Poder por ser exercido pelo Estado, 
como um dos 03 poderes constitucionais, sendo a 
decisão imposta aos conflitantes. Função, uma vez 
que é um encargo, um serviço prestado ao jurisdicio-
nado que leva ao Estado seu conflito em busca de 
uma justa solução. Atividade porque é exercida atra-
 
 
 
 
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vés do processo, complexo de atos praticados pelos 
órgãos investidos da jurisdição. 
 
2.3 Características/princípios 
 Examinaremos aqui as principais características 
da jurisdição, levando em conta, especialmente a 
maior incidência em provas de concurso. Algumas 
das características aqui tratadas podem, em uma ou 
outra banca, aparecerem como sendo princípios da 
jurisdição. Tratar algumas das características como 
princípios é, muitas vezes, opção doutrinária. Não há 
problema, desde que você entenda o assunto. 
 
2.3.1 Inércia 
 Diferentemente dos outros Poderes, a Jurisdição 
depende de provocação para ser exercida. Se a parte 
que tem sua pretensão resistida, não submeter seu 
conflito ao Poder Judiciário, provocando a jurisdição 
estatal, a tutela jurisdicional não será prestada, a lide 
não será resolvida. 
 Assim, sendo a jurisdição inerte, assim como um 
sólido na física, deve-se exercitar sobre ela uma for-
ça, uma ação, para que, uma vez provocado o Esta-
do-juiz seja colocado em “movimento”, cumprindo seu 
poder-dever de julgar o conflito a ele submetido. 
 Essa característica vem estampada no art.2º, CPC 
que afirma que o processo civil começa por iniciativa 
da parte (provocação) e depois se desenvolve por 
impulso oficial. Quando se diz que o processo se 
desenvolve por impulso oficial, quer-se dizer que o 
próprio Estado dará prosseguimento ao processo 
após ter sido ele deflagrado pela parte. A provocação 
inicial depende da parte, mas há diversos atos que 
não dependem dessa provocação, como, por exem-
plo, a possibilidade que o próprio juiz, sem provoca-
ção das partes, determine a produção de provas que 
entender necessárias (art.370, CPC). 
 Há, todavia, algumas poucas exceções a essa 
inércia. O art.536, CPC, por exemplo, afirma que no 
cumprimento de sentença que reconheça a exigibili-
dade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz 
poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetiva-
ção da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo 
resultado prático equivalente, determinar as medidas 
necessárias à satisfação do exequente. 
 
2.3.2 Substitutividade 
 Uma vez provocada, a jurisdição substitui a vonta-
de das partes conflitantes. Quando, por exemplo, o 
credor promove ação de execução e o Estado é auto-
rizado a invadir o patrimônio do devedor para penho-
rar e expropriar seus bens nota-se claramente essa 
característica. A jurisdição, substituindo e atuando 
contra a vontade do devedor, penhora e vende seus 
bens para resolver a crise jurídica de adimplemento. 
Assim como a inércia, não é absoluta a característica 
da substitutividade. Nas execuções indiretas, por 
exemplo, não há substitutividade, mas a criação de 
mecanismos de pressão psicológica para que o de-
vedor cumpra a obrigação. 
 
2.3.4 Definitividade 
 O Poder Judiciário é o único dos poderes com 
essa característica de resolver conflitos com definiti-
vidade, ou seja, sem que a decisão possa ser revista 
ou modificada. Após o trânsito em julgado, ou seja, 
depois de esgotados todos os recursos possíveis 
contra a decisão judicial, ela se torna imutável, atra-
vés da autoridade da coisa julgada, conforme art.502, 
CPC. 
 A definitividade ou imutabilidade não é absoluta, 
uma vez que a própria lei cria situações em que a 
decisão, mesmo após o trânsito em julgado, pode ser 
rescindida por meio de ação própria e autônoma 
chamada Ação Rescisória (art.966, CPC). 
 
2.3.5 Indelegabilidade 
 Enquanto monopólio estatal, a Jurisdição não po-
de ser delegada a outro poder e outros órgãos que 
não pertençam ao Poder Judiciário. A jurisdição é 
função precípua do Poder Judiciário e, ainda quando 
exercida atipicamente por outro poder, é dentro dos 
estreitos limites da Constituição. 
 
2.3.6 Inafastabilidade 
 A lei não pode excluir da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito. Essa é a dicção 
do art.5º, XXXV, CF, agora repetida pelo art.3º, CPC. 
Isso quer dizer que o jurisdicionado não precisa sub-
meter seu conflito a meios administrativos de solução 
de conflito antes de provocar o Poder Judiciário, as-
sim como não pode a lei criar empecilhos ao acesso 
da parte à jurisdição. 
 Ainda que as partes tenham convencionado 
pela arbitragem, por exemplo, será lícito exercitar a 
ação no Poder Judiciário e, não havendo arguição 
dessa arbitragem pela parte ré no momento de sua 
defesa, a lide será resolvida pelo Poder Judiciário 
(art.337, §5º e 6º, CPC). 
 
2.3.7 Indeclinabilidade 
 A inafastabilidade não se confunde com a indecli-
nabilidade que explica o fato de, uma vez provocada 
a Jurisdição, o órgão competente para seu exercício 
não pode deixar de prestá-la, ainda que inexista lei 
que regule a situação concreta submetida à aprecia-
ção. Segundo dicção do art.140, CPC, “o juiz não se 
exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscu-ridade do ordenamento jurídico”. 
 Em caso de omissão legislativa, deve o juiz se 
valer dos métodos de integração normativa: a analo-
gia, os costumes e os princípios gerais de direito, 
em conformidade com art.4º, da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, LINDB. 
 Fique atento, porque a lei prevê que o juiz pode 
se valer da equidade como técnica de julgamento, 
 
 
 
 
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mas apenas nos casos previstos em lei (art.140, pa-
rágrafo único, CPC). Equidade é a justiça do caso 
concreto, o julgamento que busca o ideal de justiça. 
Ainda que seja impossível impedir que em todo julga-
do exista uma boa dose de equidade, só está, o juiz, 
autorizado a utilizá-la abertamente quando a lei ex-
pressamente autoriza, como é o caso de algumas 
condenações de honorários advocatícios (art.85, §8º, 
CPC). 
 
2.3.9 Inevitabilidade 
 Uma vez proposta a ação e, portanto, provocada a 
jurisdição, as decisões tomadas no curso do processo 
são impostas às partes conflitantes, não tendo elas a 
oportunidade de escolher cumpri-las ou não. Gostan-
do ou não das decisões judiciais as partes se sujei-
tam obrigatoriamente a elas e ao próprio processo. 
Por exemplo, ainda que o réu citado não queira estar 
nessa condição de réu, uma vez citado é inevitável 
que sofra o ônus de ser réu e cumpra as eventuais 
decisões que lhe sejam contrárias, gostando delas ou 
não. 
O art.77, IV, CPC, estabelece como dever 
das partes, procuradores e de qualquer um que parti-
cipe do processo, o cumprimento com exatidão das 
decisões judiciais. 
 
2.4 JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E VOLUNTÁRIA 
 Até agora tudo que dissemos sobre jurisdição 
nos fez pensar na jurisdição enquanto poder-dever de 
julgar lides, de impor a vontade da Lei aos litigantes, 
criando uma lei que valeria entre as partes, resolven-
do as angústias que são submetidas ao Poder Judici-
ários por meio do exercício do direito de ação. Essa é 
a jurisdição contenciosa, a ideia tradicional de jurisdi-
ção. 
 Ocorre que há outra divisão da jurisdição, a volun-
tária. Diferentemente da contenciosa, na jurisdição 
voluntária não há lide, não há contenda. Aqui o papel 
do Estado é realizar a administração pública de 
interesses privados. Há jurisdição no sentido formal, 
uma vez que, na essência, o Estado não julga, mas 
apenas chancela com o “carimbo” estatal alguns pro-
cedimentos que o legislador entendeu que depende-
riam dessa chancela para produzir efeitos válidos. 
 Imagine, por exemplo, uma emancipação judicial 
ou uma interdição em que há concordância de todos 
os envolvidos, mas que ainda assim haja necessida-
de de provocar o Estado para que ao final o ato prati-
cado pelas partes tenha validade. 
 Na jurisdição voluntária não há lide, portanto, não 
há que se falar aqui em partes, mas apenas em inte-
ressados (art.720, CPC). 
 Os procedimentos de jurisdição voluntária são 
tratados entre os arts.719 e 770, CPC e, diferente-
mente dos contenciosos, neles a inquisitoriedade 
(princípio do inquisitivo) fala mais alto que o dispositi-
vo, ou seja, na jurisdição voluntária, o juiz tem papel 
mais ativo na formação, condução e decisão da de-
manda. Outra característica importante dessa jurisdi-
ção é que nela o juiz, à luz do art.723, parágrafo úni-
co, CPC, não está obrigado a observar critério de 
legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a 
solução que considerar mais conveniente ou oportu-
na, ou seja, se na contenciosa, a equidade é exce-
ção, aqui na jurisdição voluntária, o juiz, como regra, 
julga conforme os critérios de conveniência e oportu-
nidade (equidade). 
 Na jurisdição voluntária a característica da substi-
tutividade também não é verificada, uma vez que o 
Estado aqui apenas administra interesses, integrando 
e chancelando o acordo de vontades entre as partes 
para que produzam seus esperados efeitos, não ha-
vendo de fato uma aplicação da norma abstrata ao 
caso concreto, criando, como ocorre na contenciosa, 
uma lei entre as partes. 
 
 Como já caiu... 
 
1) (2015 - Banca: CESPE - Órgão: TCU-Prova: Au-
ditor Federal de Controle Externo - Conhecimen-
tos Gerais) 
No que concerne aos princípios processuais e à juris-
dição, julgue o item que se segue. 
( ) Na jurisdição contenciosa, o Estado, em substi-
tuição às partes, resolve a lide submetida a sua apre-
ciação, sendo inadmitida, após a instauração do 
processo contencioso, a composição entre as partes. 
 
02) (2015 - Banca: FCC - Órgão: TJ-AL - Prova: 
Juiz Substituto) Em relação à jurisdição, conside-
re os seguintes princípios e características: 
 
I. As únicas soluções possíveis para a lide são por 
meio da jurisdição e pelos mecanismos alternativos 
da autocomposição e da arbitragem. 
II. Pelo princípio da indeclinabilidade, a prestação 
jurisdicional não é discricionária e sim obrigatória para 
o Estado. 
III. Pelo princípio da inevitabilidade, tem-se que a 
jurisdição é atividade pública que cria um estado de 
sujeição às partes do processo. 
IV. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão 
quando a parte ou o interessado a requerer, nos ca-
sos e forma legais, é enunciado relativo ao princípio 
da indelegabilidade das atribuições típicas e refere-se 
à jurisdição contenciosa e voluntária. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em: 
 
A) I e IV. 
B) II e III. 
C) I, II e III. 
D) I, II e IV. 
E) III e IV. 
 
 
 
 
 
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3. Ação 
 
3.1 Aspectos gerais 
 A ação, assim como a jurisdição, faz parte da trilo-
gia do Direito Processual Civil. Se a jurisdição é inerte 
e depende da provocação da parte para ser prestada, 
a provocação da parte é um direito que pode ou não 
ser exercido (a ação). 
Pode a parte que tem a pretensão resistida 
(lembre-se do nosso antigo exemplo do para-choque 
do carro) abrir mão de buscar a tutela de seu direito 
junto ao Poder Judiciário, assim como pode provocar 
a jurisdição estatal. A esse direito que todos têm de, 
uma vez envolvido em um conflito, buscar tutela juris-
dicional à sua pretensão, dá-se o nome de ação. A 
jurisdição, em regra, depende da provocação da parte 
por meio do exercício da ação para ser prestada. Em 
outra oportunidade, quando pudermos avançar nesse 
estudo, terminaremos a trilogia do Direito Processual, 
compreendendo que a ação quebra a inércia do Po-
der Judiciário, para que a jurisdição seja prestada por 
meio de um método ao qual se dá o nome de pro-
cesso. 
 
3.2 Conceito 
 Ação é, pois, o direito público, subjetivo, abstrato e 
autônomo de provocar o Poder Judiciário para que 
esse Poder, exercitando uma de suas funções precí-
puas, resolva a lide que lhe é submetida por meio de 
um método ou instrumento chamado processo. 
 
3.3 Características 
 Do conceito apresentado podemos tirar as carac-
terísticas desse direito. 
 
3.3.1 Subjetivo 
 A ação é um direito facultativo, que pode ou não 
ser exercido, portanto é uma facultas agendi, uma 
faculdade de agir. Pode a parte imersa na situação 
conflituosa, por exemplo, escolher não exercer seu 
direito, situação na qual a jurisdição não atuará. 
 
3.3.2 Autônomo 
 O direito de ação não se confunde com o direito 
material. Pode a parte, por exemplo, ter direito mate-
rial (alguém que tenha direito a alimentos do pai, por 
exemplo) e não exercitar direito de ação. Assim como 
é possível exercitar direito de ação sem ter direito 
material (ainda que culpado pelo acidente eu propo-
nho uma ação para ver ressarcidos os prejuízos sofri-
dos). 
 
 
3.3.3 Abstrato 
 O direito de ação não depende da afirmação con-
creta do direito material. Sendo assim, sendo exerci-
do o direito de ação, ainda que, ao final, o processo 
termine com uma sentença de totalimprocedência do 
pedido do autor, ou seja, ainda que eu proponha uma 
ação pedindo a cobrança de uma dívida e o juiz, ao 
final, entenda que eu não tinha direito à cobrança, 
meu direito de ação foi exercido. 
 
3.3.4 Condicionado 
 O direito de ação, levando em conta a teoria eclé-
tica adotada no Brasil sempre foi concebido como 
condicionado, ou seja, para Liebman2, o autor só teria 
direito de ação se demonstrasse o preenchimento de 
condições mínimas. Condições que se deveria de-
monstrar para que se tivesse direito a merecer do 
Estado uma sentença de mérito, ou seja, uma sen-
tença que resolvesse o conflito submetido à jurisdi-
ção. 
 Ocorre que o novo CPC não tratou mais, ao me-
nos expressamente, dessa categoria condições da 
ação, não havendo mais nenhuma remissão expressa 
aos termos: condição da ação e carência de ação. 
 Para nossas provas, devemos nos posicionar de 
maneira inteligente a partir da leitura do enunciado. 
Se o caput da questão afirmar que as condições da 
ação continuam tratadas, tudo bem, desde que você 
lembre que, mesmo para os que entendem que elas 
continuam tratadas, não foram tratadas expressamen-
te, mas apenas de maneira implícita. Para os que, 
assim como eu, acreditam que elas não foram mais 
tratadas por uma opção legislativa, o que eram condi-
ções da ação passaram à categoria de pressupostos 
processuais. 
 Há, todavia, um consenso: não se fala mais em 
possibilidade jurídica do pedido como condição 
da ação ou pressuposto processual. No novo CPC, 
se o pedido for impossível, deve o juiz improcedê-lo, 
resolvendo-se o mérito (art.487, I, CPC). 
 Para os que entendem que as condições continu-
am tratadas, ainda que implicitamente, são duas as 
condições: legitimidade das partes (ad causam) e 
interesse processual. (art.17, CPC). 
 Entender que as condições continuam previstas 
ou passaram a ser pressupostos processuais, não 
traz nenhuma diferença prática, uma vez que sendo a 
parte ilegítima ou faltando interesse processual, o fim 
será o mesmo, a extinção do processo sem resolução 
do mérito (art.485, VI, CPC). 
 
3.3 Elementos da ação 
 As condições da ação, não se confundem com 
seus elementos. Os elementos são responsáveis pela 
identificação da ação. Sabe-se, por exemplo, que 
uma ação é idêntica ou semelhante a uma outra não 
em virtude do nome que as partes atribuíram a elas 
(tecnicamente ação não tem nome), mas em virtude 
de terem os mesmo elementos ou se aproximarem 
em alguns deles. 
 
2 Enrico Tullio Liebman 
 
 
 
 
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João Augusto 
6 
 São elementos da ação: as partes (elemento sub-
jetivo); a causa de pedir (fato + fundamento jurídico) 
e o pedido. 
 Cada um desses três elementos merece um estu-
do separado e, por exemplo, o estudo das partes tem 
enorme importância para os concursos de nível médio 
que cobram Noções de Direito Processual Civil. 
 Consigo, todavia, antecipar alguns detalhes muito 
cobrados em provas. Fundamento jurídico não se 
confunde com fundamento legal ou normativo, ou 
seja, a parte, ao propor a ação, não está vinculada a 
demonstrar o fundamento normativo/legal na petição 
inicial, bastando demonstrar que de seus fatos há 
alguma consequência jurídica que justifica a atuação 
do Poder Judiciário. 
 O Brasil adota, no que diz respeito à causa de 
pedir, a teoria da substanciação, uma vez que nossa 
causa de pedir é formada pela narração do fato e do 
fundamento jurídico, muito embora o juiz não esteja 
vinculado ao fundamento jurídico exposto pelo autor, 
ou seja, pode o juiz atribuir aos fatos um fundamento 
jurídico diverso daquele que tinha sido atribuído pelo 
autor (pode o juiz atribuir um “roupa” jurídica diversa 
aos fatos). Aqui vale a lembrança do tradicional bro-
cardo da mihi factum, dabo tibi ius, ou seja, apresen-
tado o fato ao juiz, compete a ele extrair desse fatos a 
melhor consequência jurídica, não estando vinculado 
àquela apontada pelo autor. 
 Por exemplo, o autor propõe uma ação indenizató-
ria argumentando que, no caso, o réu deve se res-
ponsabilizar objetivamente pelo ilícito praticado, pode 
o juiz entender, ao julgar, se tratar de responsabilida-
de subjetiva, recebendo os fatos do autor e atribuindo 
a eles uma outra conotação jurídica, outra “roupa-
gem” jurídica. 
 
 Como já caiu... 
 
03) (2015 - Banca: FCC - Órgão: MPE-PB - Prova: 
Técnico Ministerial) A respeito da ação e da juris-
dição, considere: 
 
I. O direito de ação depende do direito material ou da 
eventual relação jurídica entre as partes. 
II. O direito de ação é o direito subjetivo público de 
pleitear ao Poder Judiciário uma decisão sobre uma 
pretensão. 
III. A jurisdição é o poder, função e atividade de apli-
car o direito a um fato concreto pelos órgãos públicos 
destinados a tal, obtendo-se a justa composição da 
lide. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em: 
 
A) II e III. 
B) I e II. 
C) II. 
D) I. 
E) III. 
 
04) (2016 - Banca: FGV - Órgão: MPE-RJ - Prova: 
Técnico do Ministério Público - Notificações e 
Atos Intimatórios) São condições para o regular 
exercício da ação: 
 
A) legitimidade ad causam e demanda regularmente 
formulada; 
B) interesse de agir e competência do juízo; 
C) legitimidade ad processum e possibilidade jurídica 
do pedido; 
D) possibilidade jurídica do pedido e competência do 
juízo; 
E) legitimidade ad causam e interesse de agir. 
 
 
 
 
 
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GABARITOS 
 
01 E 
02 B 
03 A 
04 E

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