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Ensaio final Cultura e identidade organizacional final

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
"CULTURA E VALORES NAS ORGANIZAÇÕES: um ensaio sobre as relações de trabalho na sociedade contemporânea".
Nome: Tatiana de Souza Fonseca
Ensaio elaborado para a disciplina MNC03 - Cultura e Identidade Organizacional, Curso de Especialização: Gestão Educacional, sob a orientação do Professor Milton Zamboni.
2017
DESENVOLVIMENTO DA CULTURA E DO TRABALHO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Para sobreviver e se firmar como espécie dominante neste planeta, o ser humano foi criando diversos artefatos materiais e sistemas simbólicos que chamamos de “Cultura”. Pode-se dizer que somos “animais culturais”, pois criamos cultura e a disseminamos através do processo de “endoculturação”, que é o mecanismo de aprendizado social e contínuo que envolve todos os indivíduos da sociedade.
É nesse sentido que Émile Durkheim (1858-1917) considera a cultura como cimento social, o amálgama que mantém a sociedade coesa. Não obstante, é preciso entender que essa coesão não significa que somos iguais ou pensamos da mesma maneira, e sim que compartilhamos valores simbólicos coletivos, ou seja, uma “consciência coletiva” ou “representações coletivas”. Essa consciência coletiva é muito mais do que a soma das “consciências individuais”, ela carrega os valores morais, sentimentos comuns, modos de pensar, sentir e agir (o chamado “fato social”) que formam uma sociedade. 
Como é a cultura de cada época que cria as representações coletivas, e elas são introjetadas pelo indivíduo agindo sobre sua consciência individual, podemos dizer que na teoria durkheimiana é o social que determina o indivíduo. A comunhão dessas representações coletivas é por ele chamado de “solidariedade” que seria o compartilhamento de um mesmo conjunto de regras. Há dois tipos de solidariedades, a mecânica ou por similitudes e a orgânica ou devida à divisão do trabalho. Em sociedades menos complexas e mais homogêneas, a coesão, ou ligação entre as pessoas, ocorre através da solidariedade mecânica. Já nas sociedades mais complexas, pós-industriais, capitalistas e mais heterogêneas, ocorre uma solidariedade do tipo orgânica, em que o partilhar das regras sociais é feita a partir da diferenciação feita pela divisão do trabalho social. 
RELAÇÕES DE TRABALHO E IDEOLOGIA
O trabalho é parte integrante da nossa cultura, desde os tempos em que cultivávamos nosso próprio alimento até os dias de hoje, em que construímos estruturas mecânicas de cultivos altamente tecnológicas. É o trabalho que nos define como seres humanos transformadores de matérias, criadores de mercadorias e ideias que dialeticamente modificam nossa cultura ao longo do tempo.
Com o desenvolvimento da sociedade industrial e do sistema capitalista o próprio trabalho transformou-se em mercadoria, negociada como força de trabalho e vendida pelo tempo necessário para a produção de alguma coisa. Ou seja, houve uma “mercadorização” do trabalho, o que criou uma grande dependência da venda da força de trabalho para garantir a sobrevivência. 
Para Karl Marx (1818-1883), essa dependência que os trabalhadores passaram a ter de seus empregos e patrões os tornaram alienados, desprovidos de sua autonomia. Nesse sentido, a sociedade capitalista passaria a ser dividida entre aqueles que vendiam a força de trabalho (proletariado) e aqueles que possuíam os meios de produção (burguesia), e isso caracterizaria uma luta de interesses que Marx chamou de luta de classes. 
Conforme Zamboni (2017, p8), “A alienação do trabalho nasce da produtividade, do aumento da divisão do trabalho e da própria ordem das coisas, que se expressa numa falsa visão de mundo que se chama ideologia”. Assim, nos tornamos alienados em relação à realidade e ao que produzimos, mas acreditamos e compactuamos de forma acrítica e passiva com esse sistema. 
A ideologia, segundo Marx, é produzida em três momentos fundamentais: 1) se inicia como um conjunto de pensamentos de uma nova classe em ascensão disposta a se firmar no poder; 2) ela se populariza e atinge amplamente a sociedade como um senso comum, sendo então interiorizadas; 3) essas ideias, já sedimentadas, mesmo quando se percebe que são interesses somente da classe dominante, permanecem.
Dessa forma, a dominação dos homens sobre os homens foi tomando a aparência de dominação das ideias de uma classe sobre a outra. Para Marx, mesmo os intelectuais que se colocam ao lado dos trabalhadores, contra a burguesia, interiorizam as ideias dominantes transformando-as em ideologias. E os trabalhadores que aceitavam tais ideologias, o faziam por já terem interiorizado a divisão do trabalho manual e intelectual, por “crerem que não sabem pensar e que devem confiar em quem pensa” (Chauí, 1984:97).
É nesse sentido que Marx via na ideologia uma inversão das relações entre o ideal e o real. Ele exemplifica as relações sociais capitalistas onde “o social virou coisa e a coisa virou social” (Chauí, 1984:59) e onde as relações de exploração são ocultadas e até justificadas racionalmente.
IDENTIDADE E VALORES SOCIAIS 
A Sociologia Compreensiva de Max Weber (1864-1920) destaca o indivíduo como sujeito criador de ação social. Ao contrário de Durkheim, para quem a sociedade definia o indivíduo, Weber afirmou que o indivíduo é motivado por valores que ele ajuda a construir ou modificar. Assim, ele estabelece uma relação entre valores e ação social.
Nossa socialização primária dá-se dentro do núcleo familiar, onde introjetamos os valores compartilhados por nossos pais, avós, tios e todos aqueles com quem convivemos na primeira infância. Ao longo do nosso desenvolvimento, vamos nos deparando com outros meios sociais, como a escola, a igreja, o trabalho, e então incorporamos novos valores e discursos sociais, caracterizando nossa socialização secundária. Nesse momento “os indivíduos acabam por afirmar e reafirmar práticas de trabalho e a sua organicidade se representa interna e externamente a eles”. (Zamboni, 2017)
O fato de trabalharmos em um tipo de empresa, em uma área de atuação ou em uma profissão, acaba gerando uma “cultura” referente àquele grupo ou sociedade organizacional. Wright Mills (1976) afirma que o efeito do trabalho sobre a personalidade do trabalhador seria o produto líquido de sua atividade, mais os significados que ele lhe atribui, mais as ideias dos outros sobre essa atividade. Por isso existe uma hierarquia social do trabalho baseado no status social da profissão ou área de trabalho, remuneração e outros mecanismos simbólicos que criamos de acordo com nossa cultura.
Ou seja, cada grupo organizacional tem a sua “posição social”, que apresenta uma cultura, sua rotina, sua linguagem, vestimentas e representações sociais que, de certo modo, os definem. Sendo que uma mesma área de atuação pode apresentar grandes semelhanças se comparadas entre si em diferentes cidades ao redor do mundo, como por exemplo, um operador da bolsa de valores de São Paulo, Nova York ou Tókio. 
Nesse sentido, esses profissionais compartilhariam semelhanças ocupacionais, que Pierre Bourdieu define como o habitus de um grupo. O conceito de habitus tem a ver com os “processos de interiorização e de exteriorização das ações apreendidas socialmente e introjetadas individualmente em um jogo entre a prática social, o conhecimento objetivo do que se aprende na experiência e a sua reprodução.”. (Bourdieu “ Esboço de uma teoria da prática, apud A Sociologia de Pierre Bordieu, Renato Ortiz (org),1983) , p. 46-47)”
Ao estudarmos autores como Durkheim, Marx, Weber e Bourdieu, podemos entender que a cultura do trabalho apresentam-se como um forte fator de organização da nossa sociedade, pois cria dependência entre as pessoas e forma uma complexa rede de interação social. Mas essa interação vai muito além do trabalho, ela forma as instituições sociais e o arcabouço simbólico que estruturam a sociedade em que vivemos. 
Referências
CHAUÍ, Marilenade Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense, 17ª ed., 1984.
MILLS, Wright. “O Trabalho”. In: A Nova Classe Média. III parte, Cap. 10. Rio de Janeiro. 2ª edição: Zahar, 1976.
UNIFEI. Atividade 9 - Livro: Crítica e Representações do Trabalho. (Acessado em 14/01/2018)
UNIFEI. Tópico 1 – Cultura: Um Conceito Antropológico. (Acessado em 20/01/2018)
UNIFEI. Valores sociais, valores institucionais e valores incutidos (Acessado em 21/01/2018)
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/divisao-do-trabalho-e-especializacao/12675/ (acessado em 14/01/2018).
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/capital-trabalho-alienacao-segundo-karl-marx.htm (acessado em 14/01/2018).
RIBEIRO, Paulo Silvino. "Émile Durkheim: os tipos de solidariedade social"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/Emile-durkheim-os-tipos-solidariedade-social.htm>. Acesso em 21 de janeiro de 2018.
* Vídeos de apoio das aulas. 
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