Buscar

Economia Brasileira na Primeira República

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

A economia brasileira na primeira república – 1889-1930
1889-1899
Nas últimas décadas do século XIX, a expansão do trabalho assalariado, resultante do fim da escravidão e do grande fluxo de imigrantes para o Brasil, gerou expansão da demanda por moeda, com uma grande sazonalidade: a demanda crescia nos períodos de colheita do café, açúcar, algodão e outras culturas de exportação.
O sistema bancário brasileiro, pouco desenvolvido e concentrado principalmente no Rio de Janeiro, tinha grande dificuldade de atender essa demanda sazonal por moeda física. O resultado eram problemas de liquidez e escassez de crédito.
Havia uma disputa entre metalistas, que defendiam restrições à oferta de moeda, com o objetivo de restabelecer o padrão ouro a cotação de 27 pences por mil-réis, paridade de 1846, o que exigia a apreciação da moeda nacional em relação ao nível vigente na década de 1880, e os papelistas, que defendiam a expansão da emissão de moeda, sem lastro em ouro.
O último Gabinete do Império, comandado pelo Visconde de Ouro Preto, aproveitou um momento de maior liquidez internacional, em 1888, e a natural apreciação da moeda brasileira para restabelecer o padrão ouro, a cotação de 27 pences por mil-reis. 
Ao mesmo tempo, criou um programa de concessão de crédito destinado a compensar os ex-proprietários de escravos, que, por ter a participação, inclusive no risco assumido, dos bancos privados, foi um fator de direcionamento dos recursos para os segmentos mais dinâmicos da lavoura.
Também autorizou a emissão de moeda, conversível a paridade de 27 pences por mil-reis, pelo Banco Nacional do Brasil (BNB), em volume que significaria expansão significativa da base monetária. Mas já em 1889, a conversibilidade da moeda emitida foi abandonada e os problemas de iliquidez continuavam.
Rui Barbosa foi o primeiro ministro da Fazenda da república e editou a Lei Bancária de 1890, que buscava a ampliação da oferta monetária por meio de emissões bancárias inconversíveis com lastro em títulos da dívida pública. Buscou-se também a regionalização das emissões bancárias.
O resultado da Lei Bancária de 1890 foi forte expansão da oferta de moeda e do crédito, estimulando movimentos especulativos na bolsa de valores, o surgimento de inúmeras empresas, muitas economicamente inviáveis, a desvalorização do câmbio e o aumento da inflação. 
A desvalorização do câmbio, que caiu de 27 pence por mil-réis, em meados de 1888 para 12 pence ao final de 1891, pode ser atribuída a três fatores: a expansão da oferta monetária, a crise política e a redução do fluxo internacional de capitais que acompanhou o colapso da casa Baring Brothers em Londres, em outubro de 1890, e a moratória argentina, em 1891.
Após a crise de 1891, o déficit orçamentário cresceria significativamente. A receita fiscal era muito dependente do imposto de importação e as despesas, principalmente as financeiras, cresciam quando o câmbio desvalorizava, devido à dívida externa e a contratação de obras públicas junto a empreiteiras internacionais.
Por várias vezes, entre 1891 e 1897, o governo brasileiro recorreu a bancos londrinos, especialmente a Casa Rothschild, tentando levantar empréstimos para suportar os déficits externo e fiscal. Somente em 1895 conseguiu levantar empréstimos externos, mas com prazo de vencimento relativamente curto e condicionados a medidas para elevar receitas e reduzir despesas, mas as dificuldades para financiar o déficit externo continuaram.
Em 1898, o governo brasileiro apresentou proposta de moratória da dívida externa. Conseguiu então reestruturar o pagamento da dívida. O plano tinha por base a concessão de um grande empréstimo, o funding loan, que seria utilizado para pagar débitos anteriores. A amortização do funding loan era suspensa por treze anos. Em contrapartida o governo tomou várias medidas para reduzir o déficit público, principalmente via aumento do imposto de consumo, e também para diminuir a oferta monetária. Como resultado, houve uma série de quebras bancárias em 1900.
Em 1899 e 1900, as exportações voltaram a crescer, graças em parte a as exportações de borracha.
A base monetária cresceu em um ritmo forte de 1890 a 1894. A partir de 1895 passa a cair ou crescer em ritmo moderado, só voltando a expandir-se forte em 1909. 
De 1889 a 1913, a receita do imposto de importação representou, em quase todos os anos mais de 50% da receita total do governo. A participação do imposto sobre o consumo era praticamente zero em 1896, foi de cerca de 10% de 1900 a 1913, crescendo para cerca de 20% nos anos seguintes.
DE 1889 a 1903, os termos de troca pioraram consistentemente, tendo um único ano de melhora, 1893.
A taxa de câmbio desvalorizou-se de 1892 a 1899 e valorizou-se de 1900 a 1913.
1900 – 1930
De 1900 a 1913, houve crescimento do PIB de cerca de 4% ao ano e expansão mais rápida ainda da produção industrial, seja para atender as necessidades do setor cafeeiro, ou a demanda por bens de consumo não duráveis da população assalariada. Ocorreram também grandes investimentos em portos e ferrovias, financiados por investimentos diretos e empréstimos externos, em uma conjuntura de liquidez internacional e crescimento das exportações de borracha.
Como conseqüência das políticas monetárias restritivas desde o funding loan, de 1898, a economia enfrentava restrições de liquidez e aprofundava-se a tendência de valorização cambial resultante da liquidez internacional e da expansão das exportações de borracha.
Em 1906, após pressão dos cafeicultores para evitar-se a valorização cambial, criou-se a Caixa de Conversão, investida do poder de emissão de notas plenamente conversíveis em ouro, a uma taxa de câmbio fixa.
A economia brasileira era sujeita a grandes choques externos resultantes de sua dependência das exportações de café e do fato de ser o grande produtor mundial, influenciando diretamente o preço do produto.
A oferta de café era sujeita a fortes flutuações periódicas, resultantes de variações climáticas. Essas flutuações da oferta geravam grandes variações de preços.
A demanda por café tem baixa elasticidade preço, de forma que quando o preço caia, a procura pouco subia e havia grandes perdas de receitas de exportação.
O Convênio de Taubaté, de 1906, foi um acordo entre os governos dos principais estados produtores de café para defender os preços do produto por meio da aquisição de excedentes:
Visando estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a procura, o governo interviria no mercado, adquirindo os excedentes dos cafeicultores;
O financiamento das aquisições se efetuaria mediante o recurso a capitais obtidos por empréstimos no estrangeiro;
A amortização e os juros desses empréstimos seria efetuada mediante um novo imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café exportado;
Visando solucionar a médio e longo prazo o problema do excesso de produção, os governadores dos estados produtores adotariam medidas visando desencorajar a expansão das lavouras pelos cafeicultores. Contudo, ao conseguirem defender os preços e, assim, a renda dos cafeicultores, terminavam por estimular o aumento da produção
De início o governo federal se recusou a participar do acordo, mas para garantir a sobrevivência da Caixa de Conversão e a estabilidade macroeconômica, terminou por avalizar um empréstimo externo em Londres para financiar as aquisições de café.
Com a adoção da Caixa de conversão, ou seja, do padrão ouro, a oferta monetária e o nível de crescimento da demanda passam a ser diretamente dependentes dos voláteis resultados do balanços de pagamentos. 
Em momentos de liquidez internacional e bons preços dos produtos de exportação havia grande influxo de moeda externa ou ouro, adquiridos pela Caixa de Conversão, que emitia moeda nacional. A expansão monetária e creditícia resultante estimulavam a demanda interna e as importações. Já quando se reduzia a liquidez internacional, havia redução da ofertamonetária, da demanda interna e das importações. 
Os problemas desse mecanismo de ajuste eram a volatilidade dos preços de exportação e dos fluxos financeiros, o atraso na reação das importações a redução do crédito externo, que provocava dificuldades para fechar o balanço de pagamentos e o fato de todos os fatores determinantes do nível de atividade variarem de forma pró-cíclica.
Com o início da primeira guerra mundial em 1914 e a redução da liquidez internacional, o governo brasileiro fechou a Caixa de Conversão e autorizou a emissão de moeda sem lastro.
O governo federal e governos estaduais conseguiram, durante a guerra, empréstimos externos, com carências e prazos de amortização dilatados, um novo funding loan.
A partir de 1908, cresceram os déficits orçamentários, financiados por endividamento externo. Em 1915, o governo tomou medidas para reduzir o déficit público. Expandiu a base de produtos sobre o qual incidiam o imposto de consumo, reduziu gastos e emitiu títulos públicos de longo prazo.
As dificuldades sazonais de liquidez, devido a expansão da demanda por moeda na época das colheitas, continuavam. Durante a guerra, o governo decidiu dar um papel relevante ao Banco do Brasil (BB) como regulador das condições de crédito. A instituição recebeu recursos públicos para a concessão de crédito e ampliou a rede de agências. Na década de 20, o BB passou a realizar operações de redesconto e outras funções de autoridade monetária.
A guerra produziu uma piora dos termos de troca, dificuldades de importação e uma diversificação das exportações, pois as dificuldades de outros países no suprimento de algumas matérias-primas e almentos abriu espaço para produtores brasileiros.
A capacidade ociosa da indústria resultante da recessão de 1913 a meados de 1915 e as dificuldades de importação resultantes da guerra estimularam o aumento da produção industrial. Mas não se pode grande expansão da capacidade produtiva, conforme indica o baixo nível de importações de máquinas e equipamentos.
A alta dos precos dos alimentos, durante a guerra, reduziu os salários reais e provocou a primeira onda de greves e manifestações operárias no País.
A entrada do Brasil na guerra, contra os alemães, em 1917, esteve diretamente associada ao confisco pelo alemães de depósitos do governo paulista em bancos na Alemanha e na Bélgica ocupada, a ofensiva submarina alemã, a entrada dos Estados Unidos na guerra e a possibilidade do governo brasileiro expropriar mais de quarenta navios de bandeira alemã, que estavam internados em portos brasileiros.
Após o fim da guerra, em 1918, houve forte elevação dos preços das commodities e, assim, das exportações brasileiras, entretanto, já em 1920, políticas monetárias restritivas nas principais economias mundiais levaram a recessão nesses países e a queda no preço das commodities.
Em 1917 e 1921, programas de defesa do preço do café foram financiados em parte pela emissão de títulos da dívida do governo federal..
Em 1920, em meio a restrições de liquidez, foi criada a carteira de redesconto do Banco do Brasil. O BB terminou por se tornar também financiador do déficit do governo federal.
A política de defesa do preço do café foi o principal fator da rápida recuperação da economia depois da recessão de 1920-21, por preservar a renda do setor cafeeiro, o mais dinâmico da economia, gerando efeitos positivos encadeados sobre a demanda interna.
Contribuiram também a desvalorização cambial e a emissão de moeda pelo BB para financiar o déficit público.
Artur Bernardes, presidente do final de 1922 ao final de 1926, dotou o BB do monopólio de emissão e instaurou novo esquem de defesa do preço do café. As compras de excedentes de produção foram substituídas por esquema de retenção do café colhido em armazéns reguladores, com o controle dos volumes embarcados para exportação a partir desses armazéns. Assim, o custo da retenção do café era repassado do governo para os fazendeiros. O novo sistema exigia vultosos recursos para financiar os estoques retidos. O programa econômico também propunha a redução do déficit público.
No final de 1924, o governo federal transferiu a responsabilidade pelo programa de valorizaçào do café ao governo paulista, por ser incompatível restringir a oferta monetária, para controlar a inflação, e manter o financiamento da defesa do preço do café.
As políticas restritivas de 1925/26 provocaram redução da atividade econômica, inflação e apreciação cambial.
Em 1927, o presidente Washington Luís, propõe o retorno ao padrão ouro, com uma Caixa de Estabilização que emitiria notas conversíveis em ouro a uma paridade fixa.
O programa de valorização do café do governo paulista conseguiu um empréstimo externo para o Banco do Estado financiasse, em caso de necessidade, os bancos envolvidos no financiamento da manutenção dos estoques reguladores.
Os bons preços do café e a liquidez financeira internacional, que significavam expansão monetária em um contexto de câmbio fixo levou a forte expansão do PIB em 1927 e 1928.
Em 1929, ainda antes da quebra da bolsa de Nova York, as condicões internacionais pioram com redução da do fluxo de capitais, o que significava redução da oferta monetária, mantida a opção pelo câmbio fixo, e dificuldades de manter a defesa do café, em um cenário de queda da demanda pelo produto e grande aumento da safra.
Em 1930, os preços dos café recuam dramaticamente, em uma conjuntura marcada pela crise financeira internacional, e o país entra em grave crise, que levou a profundas mudanças políticas e econômicas.
Alguns números:
Períodos de baixo crescimento (Expansão abaixo ou igual a 2,3%, dados disponíveis a partir de 1901)
1903-1905. 1908 1913-1915 1921 1924-1925 1929. 
Períodos de inflação alta (deflator do PIB acima de 10%, dados disponíveis desde 1909)
1915-1916 1920 1923-1925 1928
Períodos de restrição na expansão da base monetária (expansão abaixo de 2,5%, dados disponíveis desde 1889)
1889 1895 1899-1905 1908 1912-1913 1925-1926 1929
Períodos de melhora dos preços de exportação:
1893 1899-1900 1903-1905 1909-1912 1916-1919 1922-1925 1928
Questões ANPEC:
1998 1999 2000 Questões 1,2,3 
2001 Questões 1,2 
2002 a 2006 e 2008 a 2011 Questão 1

Outros materiais