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Procedimento do Júri, LEP, Recursos do tribunal do Juri

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PROCESSO PENAL 
Prof. Letícia Sinatora das Neves 
OAB 
 2ª Fase 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
PROCESSO PENAL 
 
PROF. LETÍCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Letícia Sinatora das Neves 
OAB 
 2ª Fase 
 
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 Sumário 
 
CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI.......................................................4 
CAPÍTULO II – COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL – Lei n. 7.210/84 ....................... 19 
CAPÍTULO III - RECURSOS .......................................................................................................... 34 
1) AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................................................. 34 
2) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................ 46 
CAPÍTULO IV – HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ....................... 49 
1) HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88) .................................................................................... 49 
2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ................................................................................... 57 
CAPÍTULO V - REVISÃO CRIMINAL ............................................................................................. 62 
CAPÍTULO VI – EXERCÍCIOS........................................................................................................67 
CAPÍTULO VII – EXERCITANDO PEÇAS ....................................................................................... 71 
 
PADRÃO DE RESPOSTAS .............................................................................................................. 75 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Letícia Sinatora das Neves 
OAB 
 2ª Fase 
 
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PROCESSO PENAL 
Prof. Letícia Sinatora das Neves 
OAB 
 2ª Fase 
 
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 CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI 
 
É o rito procedimento destinado para processar e julgar crimes dolosos contra a vida, 
previsto nos artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal. A competência constitucional está firmada no artigo 
5º, XXXVIII, da Constituição Federal. 
O rito procedimental para os processos de competência do Júri comporta duas fases: 
a primeira fase se inicia com o oferecimento da denúncia e se encerra com a decisão de pronúncia (judicium 
accusationis ou sumário de culpa); já a segunda tem início com o recebimento dos autos pelo juiz presidente 
do tribunal do júri, e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri (judicium causae). 
 
Procedimento da primeira fase – Sumário da Culpa (judicium accusationis) 
Art.406 ao 421 do CPP 
 
1.1) Recebimento da denúncia – Art. 406 
O Juiz, ao receber a denúncia, abre prazo para a defesa responder, no prazo de dez 
dias. 
A defesa poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), 
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário; as exceções são processadas em apartado. 
 
Não esqueça: A base legal da Resposta à Acusação no procedimento do Júri é o artigo 406 do CPP e não o 
artigo 396 do CPP. 
 
1.2) INDISPENSABILIDADE DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 408 
Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la 
em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. 
 
1.3) CONTRADITÓRIO – Art. 409 – Específico do Procedimento do Júri 
Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre 
preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. 
 
 
 
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PROCESSO PENAL 
Prof. Letícia Sinatora das Neves 
OAB 
 2ª Fase 
 
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1.4) Providências judiciais – Art. 410 
Recebida a defesa prévia e, eventualmente, a manifestação do órgão acusatório 
acerca de preliminares que tenham sido levantadas ou documentos, juntados, deve o magistrado deliberar a 
respeito do encaminhamento a ser dado o processo. 
Em seguida, determinará as diligências cabíveis (produção de prova pericial, 
reconstituição do crime, entre outros). O mais relevante será designar a audiência de instrução e julgamento, 
uma vez que as partes, quase sempre, arrolam testemunhas. 
Observe que não há previsão expressa de absolvição sumária antes da audiência de 
instrução e julgamento, visto que neste procedimento a absolvição sumária está prevista como uma das decisões 
que encerram a 1ª fase do Júri. Logo, há discussão doutrinária a respeito do cabimento, existindo dois 
posicionamentos: 
a) É possível a aplicação da absolvição sumária para evitar a audiência de instrução, 
aplicando-se analogicamente o artigo 397 do CPP1. 
b) Não é possível, pois somente se utilizam as regras do procedimento comum 
ordinário de forma subsidiária. No caso, há previsão expressa de aplicação do 
instituto para evitar o Plenário. 2 Dessa forma, já se manifestou o STJ3. 
 
Inobstante os posicionamentos acima, é importante verificar nos enunciados as 
informações constantes, pois somente será o caso de pedir em eventual Resposta à Acusação que seja o 
acusado Absolvido Sumariamente, nos termos do artigo 397 do CPP, aplicando-se subsidiariamente a regra do 
procedimento comum ordinário (artigo 394, §4º, do CPP), se houver indicação de causa manifesta que 
permita um juízo de certeza, antes mesmo da audiência de instrução, do contrário, seguiremos as 
regras expressas para o Procedimento Especial do Júri. 
 
1 Nesse sentindo: Nestor Tavora e Rosmar Alencar sustentam: “Entendemos possível a antecipação da absolvição sumária 
para momento anterior à audiência de instrução, com esteio no artigo 397 do CPP, aplicado analogicamente com base no 
artigo 2º do mesmo Código.” in: Curso de Direito Processual Penal. Editora JusPodivm. 2017. P. 1235. 
2 Nesse sentido: Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Volume Único. Editora JusPodivm. 2017. P. 100. 
3 Vejamos a ementa do julgado: 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. NULIDADES. 
PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 1. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA APÓS A APRESENTAÇÃO DE 
RESPOSTA ESCRITA. INAPLICABILIDADE DA REGRA. 2. CITAÇÃO POR EDITAL. NÃO ESGOTAMENTO 
DOS MEIOS PARA CITAR O RECORRENTE. TENTATIVAS INFRUTÍFERAS. PROCESSO E PRAZO PRESCRICIONAL 
SUSPENSOS. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 3. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. RISCO DE 
REITERAÇÃO. NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA. FUGA. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI 
PENAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 4. RECURSO IMPROVIDO. 
1. Caso em que não se aplica a regra do art. 397 do CPP. Nos processos que tramitam pelo rito do 
Tribunal do Júri, a avaliação acerca da absolvição é regulada pelo art. 415 do Código de Processo 
Penal. Precedentes. 
5. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. 
(RHC 68.765/ES, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe 
28/11/2016). 
 
 
 
 
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1.5) Instrução concentrada – Art. 411 
O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências 
requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 dias. Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio 
requerimento e de deferimento pelo juiz. Todas as provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o 
juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentesou protelatórias. 
Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando 
o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. A audiência terá a seguinte ordem: 
1°) declarações do ofendido, se possível; 2°) declarações de testemunhas; 3°) interrogatório do acusado; 4°) 
debates; 5°) decisão. 
As alegações escritas foram substituídas por debates orais, concedendo-se a palavra, 
respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; havendo mais de 
1 acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual; ao assistente do 
Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período 
o tempo de manifestação da defesa. 
 
1.6) Mutatio libelli: Art. 411, §3º 
Mutatio libelli: Ao final da instrução, pode-se constatar que os fatos narrados na 
denúncia ou queixa não coincidem com as provas colhidas. 
Portanto, pode ser necessário adaptar a peça acusatória ao contexto das provas 
produzidas. Evitando-se qualquer surpresa ao réu, segue-se o disposto no art. 384 do CPP. 
 
1.7) Fase de apreciação da admissibilidade da acusação: 
O procedimento da 1ª fase, de acordo com o artigo 412 do CPP, terá duração de 90 
dias. 
Finda a instrução do processo relacionado ao Tribunal do Júri, cuidando de crimes 
dolosos contra a vida e infrações conexas, o magistrado possui quatro opções: 
a) pronunciar o réu 
b) impronunciá-lo 
c) absolvê-lo sumariamente 
d) desclassificar a infração penal 
 
1.8) Pronúncia – Art. 413 
É decisão interlocutória mista não terminativa, que julga admissível a acusação, 
remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. 
 
 
 
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Na pronúncia, há um mero juízo de prelibação, pelo qual o juiz admite ou rejeita a 
acusação, sem penetrar no exame do mérito. No caso de o juiz se convencer da existência do crime e de indícios 
suficientes da autoria, deve proferir sentença de pronúncia, fundamentando os motivos de seu convencimento. 
1.9) Impronúncia – Art. 414 
É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, visto que encerra a primeira 
fase, deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito. Assim, inexistindo prova da materialidade 
do fato ou não havendo indícios suficientes de autoria, deve o magistrado impronunciar o réu, que significa 
julgar improcedente a denúncia e não a pretensão punitiva do Estado. 
1.10) Absolvição sumária – Art. 415 
Absolvição sumária: ocorrerá quando estiver provada a inexistência do fato, provado 
não ser o réu autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal ou estiver demonstrada causa de 
isenção de pena ou de exclusão do crime. No caso de inimputáveis, a absolvição sumária só é possível, agora 
por disposição expressa, se a inimputabilidade for a única tese defensiva. 
 
* Recurso de apelação (art. 416) - IMPORTANTE 
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá 
apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
1.11) Desclassificação – Art. 419 
Desclassificação: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da 
acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. Quando o juiz se convencer, em discordância 
com a acusação, da existência de crime não doloso contra a vida e não for competente para o julgamento, 
remeterá os autos ao juiz que o seja, ficando à disposição deste o acusado preso. 
 
1.12) ADITAMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA PARA INCLUSÃO DE CO-RÉUS – Art. 417 
Havendo prova, colhida durante a instrução, de que outras pessoas estão envolvidas 
na infração penal pela qual está o juiz pronunciando o acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao 
Ministério Público para o necessário aditamento. 
 
1.13) EMENDATIO LIBELLI – Art. 418 
O Juiz não está adstrito à classificação feita pelo órgão do Ministério Público e o réu 
não se defende da definição jurídica do fato, mas, sim, dos fatos imputados. 
Logo, se, porventura, no momento de pronunciar, verificar o magistrado que não se 
trata de infanticídio, mas de homicídio, desde que todas as circunstâncias estejam bem descritas na denúncia, 
pode pronunciar, alterando a classificação, ainda que o réu fique sujeito a pena mais grave. 
 
 
 
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1.14) INTIMAÇÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA – Art. 420 
O acusado será intimado pessoalmente, esteja preso ou solto. 
O defensor nomeado (dativo ou defensor público) e o Ministério Público (art. 420, I). 
Quanto ao defensor constituído, ao querelante (por seu advogado) e ao assistente do 
Ministério Público (também é o advogado contratado pelo ofendido), pode-se fazer a intimação pela imprensa. 
No mais, se o acusado estiver solto e não for localizado para a intimação pessoal, far-
se-á por edital. 
 
1.15) Preclusão da decisão de pronúncia – Art. 421 
Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do 
Tribunal do Júri. Havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a 
remessa dos autos ao Ministério Público, em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. 
 
Procedimento da segunda fase/ Fase da Causa (Judicium Causae) 
Art. 422 ao 497 do CPP 
 
1.16) Preparação e organização do júri. 
O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei 11.689/2008. 
No entanto, de acordo com este artigo, o legislador os substituiu por duas novas peças 
(inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do Tribunal do Júri 
determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, 
para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo 
de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. 
 
1.17) DESAFORAMENTO – Art. 427 
 
a) Conceito 
É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critérios 
do art. 69 do CPP, com a aplicação estrita no procedimento do Tribunal do Júri, dentro dos requisitos legais 
previamente estabelecidos. 
A competência, para tal, é sempre da Instância Superior (Câmara ou Turma do 
Tribunal de Justiça). 
b) Interesse da ordem pública 
 
 
 
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A ordem pública é a segurança existente na Comarca onde o júri deverá realizar-se. 
Assim, havendo razoáveis motivos e comprovados de que a ocorrência do julgamento provocará distúrbios, 
gerando intranquilidade na sociedade local, constituído está o fundamento para desaforar o caso. 
c) Dúvida sobre a imparcialidade do júri 
Não há possibilidade de haver um julgamento justo com um corpo de jurados parcial. 
Tal situação pode dar-se quando a cidade for muito pequena e o crime tenha sido gravíssimo, levando à 
comoção geral, de modo que o caso vem sendo discutido em todos os setores da sociedade muito antes do 
julgamento ocorrer. 
d) Segurança pessoal do réu 
Em casos anormais e excepcionais, de pequenas cidades, onde o efetivo da polícia é 
diminuto e não há possibilidade de reforço, por qualquer motivo, é razoável o desaforamento. 
e) Iniciativa do desaforamento 
Podem pleitear o desaforamento as partes, agora enumerados pela Lei (Ministério 
Público, assistente, querelante ou acusado). 
O acusado pode propor por intermédio de seu defensor, mas também diretamente, 
por petição sua, afinal no processo penal, há a autodefesa. 
O Juiz que preside ainstrução pode representar pelo desaforamento, exceto quando 
houver excesso de prazo. 
f) Suspensão do julgamento pelo relator 
O CPP permite que seja determinada a suspensão do julgamento pelo júri até que o 
Tribunal possa apreciar o pedido de desaforamento. 
g) Inadmissibilidade do pedido de desaforamento 
Considerando-se que o pleito de desaforamento somente é admissível entre a decisão 
de pronúncia, com o trânsito em julgado, e a data de realização da sessão de julgamento em plenário, não há 
fundamento para ingressar com o pedido enquanto pende recurso contra a referida decisão de pronúncia. Afinal, 
pode esta ser rejeitada pelo Tribunal e o réu, impronunciado ou absolvido. 
 
1.18) EXCESSO DE SERVIÇO – Art. 428 
Na regra atual, somente se poderá pleitear o desaforamento pela demora no 
julgamento, caso seja ultrapassado o período de seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de 
pronúncia, mas fundado em excesso de serviço comprovado. 
 
 
 
 
 
 
 
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1.19) Ausência do defensor – Art. 456 
Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de 
julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao magistrado até a 
abertura da sessão em plenário. 
Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova 
data para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode o réu 
apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o fazendo, o magistrado 
intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa, observando o prazo mínimo de 10 dias. 
 
1.20) Ausência do acusado – Art. 457 
O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do 
assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. 
Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia 
desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e 
seu defensor. 
 
1.21) IMPRESCINDIBILIDADE DO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA – Art. 461 
É fundamental que as partes, entendendo ser indispensável o depoimento de alguma 
testemunha, arrolem-na na fase de preparação para o plenário, com o caráter de imprescindibilidade. 
Não o fazendo, deixa de haver a possibilidade de insistência na sua oitiva, caso alguma 
delas não compareça à sessão plenária. 
O momento para arrolar testemunhas, no procedimento preparatório, é o previsto no 
art. 422 do CPP, após a intimação determinada pelo juiz. 
a) Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da sessão 
Somente ocorre se a testemunha tiver sido arrolada com o caráter de 
imprescindibilidade e houver sido intimada. 
b) Infrutífera condução coercitiva 
É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual 
não se pode adiar eternamente a realização do julgamento. 
Assim, se a testemunha não for localizada para a condução ou tiver alterado o 
domicílio, instala-se a sessão. 
c) Realização do julgamento, independentemente da inquirição de testemunha arrolada 
Caso a testemunha tenha sido arrolada sem o caráter de imprescindibilidade, não 
comparecendo, o julgamento realiza-se de qualquer modo, tendo sido ela intimada ou não; 
 
 
 
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Caso tenha sido arrolada com o caráter de imprescindibildade, se for intimada e não 
comparecer, é cabível o adiamento, como regra, para que possa ser conduzida coercitivamente na sessão 
seguinte. 
Entretanto, arrolada com o caráter de imprescindibilidade, mas não localizada, 
tomando ciência a parte de que não foi intimada e não indicando o seu paradeiro, com prazo hábil para nova 
intimação ser feita, perde a oportunidade de insistir no depoimento. 
1.22) PREPARO PARA A COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA – Art. 462 
 
Para a composição do Conselho de Sentença, o juiz presidente deve checar se as 
partes estão presentes, assim como todas as testemunhas indispensáveis, convenientemente separadas e 
incomunicáveis. Ultrapassada essa fase, poderá voltar-se à formação do Conselho 
 
1.23) Abertura dos trabalhos – Art. 463 
 
Comparecendo ao menos 15 jurados, há quorum para a instalação da sessão, que 
será dada por aberta pelo juiz presidente. 
O próprio magistrado anuncia o processo a ser julgado (número do processo, nomes 
do autor e do réu, classificação do crime) e pede ao oficial que faça o pregão (anúncio na porta do plenário 
para que todos tomem ciência, vez que o julgamento é público). 
 
1.24) Ausência de quórum – Art. 464 
 
Se o quorum de 15 jurados não foi atingido, é impossível instalar a sessão. Deve o 
magistrado providenciar o sorteio de suplentes e adiar o julgamento para a data seguinte desimpedida. 
A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso 
não se atinja o quorum mínimo (quinze) e não mais o número legal (vinte e cinco). 
Ou seja, se comparecerem 18 jurados, instala-se a sessão, sem sorteio de suplentes. 
Se vierem apenas treze, adia-se a sessão e sorteiam-se suplentes até o número máximo (vinte e cinco). 
 
1.25) REUNIÃO PRÉVIA DO JUIZ COM OS JURADOS – Art. 466 
 
a) Reunião prévia do juiz com os jurados 
Somente pode realizar-se, a fim de que o magistrado forneça algumas instruções a 
respeito da forma e do julgamento e do procedimento do Tribunal do Júri, se as partes estiverem cientes e, 
desejando, possam estar presentes. 
b) Incomunicabilidade dos jurados 
 
 
 
 
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Significa que os jurados não podem conversar entre si, durantes os trabalhos, nem 
nos intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente deixando 
transparecer sua opinião. 
Logicamente, sobre os fatos desvinculados do feito podem os jurados conversar, 
desde que não seja durante a sessão – e sim nos intervalos -, pois não se quer a mudez dos juízes leigos e sim 
a preservação da sua íntima convicção. 
A troca de ideias sobre os fatos relacionados ao processo poderia influenciar o 
julgamento, fazendo com que o jurado pendesse para um ou outro lado. 
A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das 
votações do júri (art. 5º, XXXVIII, “b”), que constitui garantia das liberdades individuais e, por isso, sua violação 
configura nulidade absoluta (art. 564, III, j, c/c o art. 458, § 1º (atual, 466, § 1º). 
c) Manifestação da opinião acerca do processo 
Em razão da incomunicabilidade, deseja-se que o jurado decida livremente, sem 
qualquer tipo de influência, ainda que seja proveniente de outro jurado. 
Deve formar o seu convencimento sozinho, através da captação das provas 
apresentadas, valorando-as segundo o seu entendimento. 
Portanto, cabe ao juiz presidente impedir a manifestação de opinião do jurado sobre 
o processo, sob pena de nulidade da sessão de julgamento. 
d) Fiscalização da incomunicabilidade durante o julgamento 
É atribuição do juiz presidente, razão pela qual não pode ele afastar-se do plenário 
por muito tempo, o que coloca em risco a validade do julgamento. 
Se algum jurado desejar esclarecer alguma dúvida, a ausência do magistrado 
prejudica a formação do seu convencimento, além do que o jurado pode fazer alguma observação inoportuna, 
gerando nulidade insanável. 
e) Certidão do oficial de justiça 
A principal autoridade a controlar a manifestação dos jurados é o juiz presidente.Entretanto, vale-se dos oficiais de justiça presentes para auxiliá-lo. 
Ex: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não estar 
presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade. 
Em suma, ao final do julgamento, cumpre ao oficial lançar certidão de que a 
incomunicabilidade foi preservada durante todos os momentos processuais. 
 
1.26) Formação do Conselho de sentença – Art. 467 
 
O Conselho de Sentença no Tribunal do Júri é composta por sete jurados, escolhidos 
aleatoriamente, por sorteio, dentre os que comparecerem (mínimo de quinze e máximo de vinte e cinco). 
 
 
 
 
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1.27) Recusas motivadas e imotivadas – Art. 468 
 
Para a formação do Conselho de Sentença, essas são as duas possibilidades de recusa 
do jurado, formuladas por qualquer das partes. 
A recusa motivada baseia-se em circunstâncias legais de impedimento ou suspeição 
(arts. 448 e 449, CPP). Logo, não pode ser jurado, por exemplo, aquele que for filho do réu, nem tampouco o 
seu inimigo capital. 
A recusa imotivada – também chamada peremptória - fundamenta-se em sentimentos 
de ordem pessoal do réu, de seu defensor ou do órgão da acusação. Na constituição do Conselho de Sentença, 
cada parte pode recusar até três jurados, sem dar qualquer razão para o ato. 
A nova sistemática, introduzida pela Lei 11689/2008, impõe que, havida a recusa 
peremptória por qualquer das partes, o jurado está automaticamente excluído da formação do Conselho de 
Sentença. Anteriormente, seria preciso coincidir a recusa da defesa com a da acusação. 
 
1.28) Separação do julgamento – Art. 469 
 
Conforme disposto no art. 468, parágrafo único, quando o jurado for recusado 
imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será excluída daquela sessão, prosseguindo-se 
o sorteio para a formação do Conselho de Sentença. 
Logo, a cada recusa de jurado, este não mais permanecerá, independentemente de 
haver também recusa por parte de outro defensor ou da acusação. 
Em ilustração, computando-se 25 jurados presentes, com dois co-réus. Imaginemos 
que o primeiro defensor recuse os três primeiros jurados sorteados. Serão excluídos, com ou sem a recusa do 
segundo defensor e do promotor. Após, outros três jurados, sorteados na sequência, são recusados por parte 
do segundo defensor. Serão, também, excluídos, independentemente da manifestação do promotor. Serão 
afastados. 
Ao todo, nove jurados sorteados foram rechaçados e os envolvidos (dois defensores 
e um promotor) já não podem exercer o direito de recusa imotivada (são três para cada parte). Logo, dos 16 
jurados restantes, por sorteio, serão escolhidos obrigatoriamente 7 para compor o Conselho de Sentença. Não 
haverá cisão do julgamento. 
Caso estivessem presentes apenas 15 jurados, a exclusão de 9, recusados pelas partes 
presentes, faria com que restassem apenas 6 e ocorreria o denominado estouro da urna. Se tal se desse, haveria 
então a separação do julgamento. 
O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como 
determina o art. 469, § 2º. 
Com relação à preferência de julgamento em caso de separação, impõe-se que, em 
caso de separação, seja julgado em primeiro lugar o acusado a quem se atribuiu a autoria do fato, ou, em caso 
 
 
 
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de coautoria, aplica-se o critério de preferência do art. 429 (presos em primeiro lugar; dentre os presos, os que 
estiverem há mais tempo na prisão; em igualdade de condições, os que estiverem há mais tempo pronunciado). 
 
1.29) ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO, SUSPEIÇÃO OU INCOMPATIBILIDADE – Art. 470 
 
Tão logo sejam instalados os trabalhos, deve a parte interessada em levantar qualquer 
causa de impedimento ou suspeição do juiz presidente, do promotor (no caso da defesa arguir) ou de qualquer 
funcionário fazê-lo de imediato, apresentando as provas que possuir. Assim, cabe levar testemunhas, se for o 
caso, ou documentos para exibição em plenário. 
Aceita a suspeição, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido. 
Rejeitada, realiza-se o julgamento, embora todo o ocorrido – inclusive a inquirição das testemunhas – deva 
constar da ata. 
Futuramente, caberá ao Tribunal analisar se houve ou não a causa de impedimento 
ou suspeição. 
Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado, 
procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas. 
 
1.30) ESTOURO DA URNA – Art. 471 
 
Outra hipótese de adiamento da sessão para outra data é a impossibilidade de 
formação do conselho de sentença por insuficiência do número de jurados presentes, com potencial para o 
sorteio. 
Se comparecerem, por exemplo, quinze jurados (quantum mínimo para a instalação 
dos trabalhos), mas houver a recusa motivada, calcada em causas de impedimento ou suspeição, de vários 
deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal a ponto de inviabilizar o sorteio de sete jurados para 
compor o Conselho. 
 
1.31) Compromisso e entrega de peças aos jurados (art. 472) 
 
Formado o conselho de sentença, os jurados prestarão compromisso e receberão 
cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório 
do processo. A lei não mais prevê a realização de relatório pelo Juiz, em plenário. 
 
1.32) INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO – Art. 473 
Em primeiro lugar, ouve-se o ofendido. O Juiz Presidente dirige-lhes as perguntas que 
entender necessárias. Em seguida, passa a palavra ao representante do Ministério Público e ao assistente de 
acusação, se houver, ou ao querelante (se a ação for privada). Na sequência, poderá a defesa reperguntar. 
 
 
 
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Finda a oitiva da vítima, passa-se à inquirição das testemunhas de acusação. 
Primeiramente, o juiz faz as perguntas cabíveis. Em seguida, concede a palavra ao Ministério Público e ao 
assistente, se houver. Depois, à defesa. 
Após, ouvem-se as testemunhas de defesa. Inicialmente, as perguntas são formuladas 
pelo juiz. Na sequência, pela defesa. Em seguida, pelo Ministério Público e assistente. 
 
1.33) INTERROGATÓRIO DO ACUSADO – Art. 474 
Ao final da colheita das provas em plenário, Ministério Público, o assistente, o 
querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado; os jurados 
formularão perguntas por intermédio do juiz presidente; 
Nos termos do § 3º, não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período 
em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança 
das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. 
Por exceção e quando for absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à 
segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes poderá o réu permanecer 
algemado. 
Por unanimidade, o STF decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações 
excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais, dentre eles a dignidade 
da pessoa humana. 
 
1.34) DOS DEBATES – Art. 476 
a) Correlação entre acusação e pronúncia 
Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a 
acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, 
sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. O assistente falará depois do Ministério 
Público. 
b) Manifestação inicial doquerelante 
Ocorre na hipótese de ação privada, em conexão com ação pública, mas com 
desmembramento. 
Ex: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra a vida e 
o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do delito cujo titular da ação é o 
ofendido. 
Nesse caso, manifesta-se o querelante (por meio de advogado) e, na sequência, fala 
o Ministério Público, como custos legis (fiscal da lei). 
 
 
 
 
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1.35) LIMITE DE TEMPO PARA AS PARTES – Art. 477 
A Lei 11.689/2008 alterou o tempo de manifestação reservado às partes. De duas 
horas para acusação e defesa, como tempo original, passou-se a uma hora e meia. 
Em relação à réplica e à tréplica modificou-se o tempo de trinta minutos para uma 
hora. 
Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de 
uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo 
 
1.36) Referências proibidas– Art. 478 
É vedado às partes: 
a) fazer referência à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram 
admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem 
ou prejudiquem o acusado, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de 
requerimento, em seu prejuízo (trata-se de dispositivo nitidamente direcionado ao Ministério Público, com 
prejuízo à acusação); 
b) a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos 
autos com a antecedência mínima 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, abrangendo a leitura de 
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, 
croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à 
apreciação e julgamento dos jurados. 
 
1.37) DO QUESTIONÁRIO E SUA VOTAÇÃO – Art. 482/483 
Questionário é o conjunto dos quesitos elaborados pelo juiz presidente, que serão 
submetidos à votação pelo Conselho de Sentença, para obtenção do veredicto final. 
Nos termos do artigo 483 do CPP, os quesitos serão formulados na seguinte ordem: 
a) Quesito sobre a materialidade do fato. 
Se o conselho de sentença responder de forma afirmativa a essa questão, seguirá a 
votação com a questão seguinte. Se responder negativamente, encerra-se o julgamento com a absolvição do 
réu. 
b) Quesito sobre a autoria ou participação 
O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento 
do delito. 
Respondendo o Conselho de Sentença de forma afirmativa, seguirá com a pergunta 
seguinte. Caso contrário, encerra-se o julgamento com a absolvição do acusado pelo júri. 
Duas situações podem acontecer aqui: 
 
 
 
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PEÇA: 
RECURSO DE APELAÇÃO 
 
 Lembrar da Súmula 713 do 
STF 
I) Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro que não seja, o quesito 
seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado absolve o acusado?” 
II) Se houver alegação de tese de desclassificação para delito diverso do doloso contra a vida, a questão 
desclassificatória será dirigida aos jurados sempre antes do quesito que indaga se “o jurado absolve o acusado?”. 
É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do CPP, ao destacar que uma vez sustentada a 
desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para 
ser respondido após o segundo ou terceiro quesito, conforme o caso. 
Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo 
483, § 5º, do CPP, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou 
havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz 
formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito. 
III) O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa, que somente será 
formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados. 
IV) Por fim, os jurados são inquiridos sobre a existência de circunstâncias qualificadora ou causa de aumento 
de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. 
1.38) SENTENÇA – Art. 492 
A sentença pode ser: 
a) de condenação, devendo, nesse caso, o juiz fixar a pena. 
b) absolvição, caso em que o réu deverá ser posto imediatamente em liberdade, caso esteja preso 
c) desclassificação do crime doloso contra a vida para crime não doloso contra a vida, quando o juiz-presidente 
terá a competência para julgar os fatos de forma mais ou menos ampla, sendo chamada de desclassificação 
própria. 
Se, na desclassificação, o Júri indicar o crime que foi cometido, como se dá, por 
exemplo, na culpa no homicídio culposo, a desclassificação será imprópria. 
 
Importante! 
Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, III, do CPP. 
 
 
 
 
 
 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
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Questões para exercitar o conteúdo 
Observação: As questões serão trabalhadas em aula 
 
Questão 01 
Cross Fox foi denunciado por homicídio qualificado. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou 
devidamente comprovada a inexistência da qualificadora, motivo pelo qual o Juiz de Direito afastou a 
qualificadora pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que em 
Plenário o Ministério Público sustente a incidência da qualificadora, fundamentando na soberania dos 
vereditos? Justifique a sua resposta. 
 
Questão 02 
(MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121, 
§ 2º, inc. I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa 
requereu exame de insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal). 
Ao final do referido incidente, restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão 
de doença mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se 
de acordo com esse entendimento. Nos debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a 
inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa, responda, respectivamente, a seguinte 
indagação: Qual decisão deverá ser proferida pelo juiz ao final da primeira fase do procedimento do 
júri e qual é o recurso cabível? Justifique 
 
Questão 03 
Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio 
qualificado tendo como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na 
comunidade por suas benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido 
por constantes conflitos envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca repercutem o 
assunto, sempre se posicionando a respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a 
imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de advogado de Andriotti, qual seria a medida 
adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu cliente, considerando que o 
julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? Justifique a sua resposta. 
 
 
 
 
 
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Questão 04 
Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, apósa 
prova produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja, 
uma causa natural, nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal 
absolveu sumariamente o acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de 
Carlitos resolve informar o que ouviu uma conversa de seu pai com um irmão, informando que teria 
sido o responsável pela morte de Carmela, tendo ministrado remédio em sua alimentação, gerando a 
disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é possível reverter essa decisão de absolvição 
sumária no júri? Justifique. 
 
Questão 05 
Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia, 
inclusive mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus 
não teriam sido submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa 
defesa ter requerido o encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado 
determinou a continuidade. Ao final, os jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na 
questão, o que poderá ser pleiteado na condição de advogado de defesa? Justifique e indique o 
recurso e a base legal que respaldam a sua resposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 CAPÍTULO II – Comentários à Lei de Execução penal – Lei n. 7.210/84 
 
 
1) Considerações iniciais 
 
 A partir da leitura do texto constitucional infere-se que toda e qualquer atuação estatal deverá estar 
pautada pelo respeito às formas procedimentais, de forma a atingir os fins de um devido processo. Assim 
sendo, tem-se como premissa a exigência de que todas aquelas garantias asseguradas durante o processo de 
conhecimento sejam estendidas ao processo de execução criminal, considerando a sua autonomia, 
especialmente, após a Constituição Federal de 1988. 
 De acordo com o artigo 1° da Lei de Execução Penal, o objetivo da lei é efetivar as disposições da 
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para harmônica integração social do condenado e 
internado. 
 Durante a execução, deverão ser observados os direitos que são assegurados aos apenados, bem 
como os deveres que deverão ser cumpridos (artigo 39 e 41 da Lei n. 7.210/84). A ideia central, que difere 
das concepções anteriores, principalmente antes da CF/88, conduz à concepção do apenado/preso ser tratado 
como sujeito de direitos e deveres, não mais como mero objeto da administração, ou seja, fantoche a serviço 
da ordem e segurança. 
 Desta forma, sustenta-se que a Execução Penal deverá ser pautada pela observância dos ditames 
constitucionais, a fim de implementar os fundamentos do Estado Democrático de Direito, dando ênfase ao 
princípio da dignidade da pessoa humana, que jamais poderá ser desprezado. 
 Por fim, é relevante mencionar que sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na 
sentença, em normas legais ou regulamentares, poderá ser suscitado o chamado Excesso ou Desvio de 
Execução. Trata-se de um incidente de execução, previsto no artigo 185 da LEP, cuja provocação poderá ser 
feita pelo Ministério Público, Conselho Penitenciário, pelo próprio sentenciado ou pelos demais órgãos da 
Execução Penal. Salienta-se ainda que a Lei de Execução Penal deverá observar os ditames constitucionais, 
uma vez que se trata de legislação anterior à promulgação da Constituição Federal. 
 
2) Finalidade da Lei de Execução Penal 
Artigo 1° - finalidade da LEP 
 
 efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal; 
 proporcionar condições para harmônica integração social do condenado/ internado 
 
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Importante lembrar que: 
 
Artigo 3° - São ASSEGURADOS TODOS OS DIREITOS NÃO ATINGIDOS pela sentença (sem qualquer distinção) 
– art. 39 e 41, LEP 
Artigo 4° - DEVER DO ESTADO - buscar a COOPERAÇÃO da sociedade nas atividades que envolvem a execução 
penal. 
 
3) Aplicação da Lei de Execução Penal 
 
Artigo 2º, § único – aplicação: 
- Aos condenados como aos presos provisórios. 
- Aos condenados pela Justiça Eleitoral e pela Justiça Militar quando recolhidos em estabelecimentos sujeitos 
à jurisdição ordinária. 
 
OBS.: Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de Execução Criminal da 
Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena. Nele 
constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou na sua forma de cumprimento4. 
OBS.: Súmula 192 do STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas 
a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à 
administração estadual. 
 
4) Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVI, CF) – fase executória 
 
Artigo 5° - os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade. 
 
Artigo 6° - A classificação será feita por uma Comissão Técnica de Classificação – CTC. 
 
 
 
4 Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ para fins de competência, importante verificar a natureza do 
estabelecimento prisional. 
 
 
 
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 A Comissão elaborará o programa individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL) AO 
CONDENADO OU PRESO PROVISÓRIO; 
 A CTC será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes de serviço, 1 psiquiatra, 1 
psicólogo e 1 assistente social (art. 7°). 
 O condenado à PPL, em regime fechado, será submetido ao exame criminológico para uma adequada 
classificação. Ainda, poderão ser submetidos o condenado à pena privativa de liberdade, em regime 
semiaberto (art. 8°). 
 
Atenção!!!! 
Identificação Genética – Art. 9º-A 
Leitura Complementar: Recurso Extraordinário 973837 
(ver notícia sobre o reconhecimento da Repercussão Social no RExt: 
 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=319797) 
 
5) Detração Penal 
 
 Artigo 42 do Código Penal - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na 
medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, 
o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos 
referidos no artigo anterior. 
 
 A partir da alteração legislativa provocada pela Lei 12.736/12, tem-se que a detração penal deverá 
ser observada, desde logo, na sentença condenatória, conforme previsto no artigo 387 do CPP. Atualmente, 
a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja, quando não for objeto na sentença, deverá ser observado 
pelo Juiz da Vara de Execução. Tal entendimento decorre do artigo 111 da LEP e do artigo 66, III, c, da LEP5. 
 Atenção!! A consideração da detração não poderá caracterizar uma conta corrente do 
indivíduo com o Estado6. Por exemplo: 
 
5 Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, 
a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, 
observada, quando for o caso a detração ou a remição. 
6 HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO. 
IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado 
não faz jus à detração penal quando a conduta delituosa pela qual houvea condenação tenha sido praticada 
posteriormente ao crime que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada. (HC 109599, Relator(a): Min. 
 
 
 
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a) X comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido. 
b) X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo: X comete um delito de furto simples, 
na expectativa de não ficar preso, pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro 
delito. Caso seja condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma 
conta corrente. 
 
6) Regimes Prisionais 
 
 Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença penal condenatória ou quando for 
aplicada a pena em um acórdão pelo Tribunal, inclui uma das fases da individualização da pena (artigo 59, 
III, CP e artigo 110 da LEP). Será determinado conforme as regras contidas no Código Penal (arts. 33, §2° e 
59). 
 Caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a determinação do regime 
será feita através da soma do restante da que está sendo cumprida com a nova condenação (art. 111, §2°). 
Na aplicação da pena privativa de liberdade, o Juiz para fixar o regime prisional deverá se orientar pela tabela 
contida no artigo 33, §2º, do CP7. 
 Com relação ao regime prisional é importante verificar as seguintes súmulas do Supremo Tribunal 
Federal: 
Súmula 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige 
motivação idônea. 
Súmula 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea 
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. 
 
 
TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03-
2013 PUBLIC 13-03-2013) 
7 Art. 33, §2º, do CP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo 
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime 
mais rigoroso: 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, 
desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, 
cumpri-la em regime aberto. 
 
 
 
 
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 Já o Superior Tribunal de Justiça traz as seguintes súmulas: 
Súmula 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual 
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. 
Súmula 440: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais 
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. 
 
 Importante conhecer o entendimento firmado pelo STF no julgamento do HC 111.840/ES ocasião em 
que declarou a inconstitucionalidade, em caráter incidental, do artigo 2º, §1º, da Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes 
Hediondos. Assim, permitiu no caso em tela que um apenado condenado por tráfico pudesse iniciar o 
cumprimento da sua reprimenda em regime inicial semiaberto. 
 Assim sendo, a previsão legal de regime inicial fechado para delitos hediondos, foi relativizada, 
devendo ser observado no caso concreto as mesmas regras previstas no artigo 33, §2º, CP para fixação do 
regime. 
 
7) Regime Disciplinar Diferenciado – artigo 52 da LEP 
 
 O Regime Disciplinar Diferenciado é uma sanção administrativa, está arrolado no artigo 53 da LEP. É 
aplicável aos condenados ou presos provisórios, nacionais ou estrangeiros. 
 As situações que podem ensejar a inclusão do preso no regime disciplinar penitenciário: 
1) prática de fato definido como crime doloso quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina 
internas, praticado por preso provisório ou condenado (art. 52, caput, LEP); 
2) quando o preso (provisório ou condenado, nacional ou estrangeiro) apresentar alto risco para a ordem 
e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52,§1°, LEP); 
3) quando recair sob o preso provisório ou condenado suspeitas de envolvimento ou participação, a 
qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, §2°, LEP). 
 As características desse regime são: 
a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma 
espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada; 
b) recolhimento em cela individual; 
c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar o número de crianças; 
d) banho de sol de duas horas diárias. 
 
 
 
 
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 Atenção!! 
 A inclusão do preso no RDD, de acordo com o artigo 54 da LEP, dependerá de requerimento 
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. 
 A decisão judicial que incluir o preso no RDD será precedida de manifestação do Ministério Público e 
da defesa e prolatada no prazo máximo de 15 dias, devendo ser fundamentada. 
 
8) Sistema Progressivo – Progressão de Regime 
 
 A LEP adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena, ou seja, a transferência do regime 
mais rigoroso para um menos rigoroso mediante a observância de alguns requisitos. O artigo 112 da LEP 
dispõe que a progressão: 
 
- será determinada pelo juiz, com manifestação da defesa e do MP; 
- verificado o cumprimento de ao menos um sexto da pena; 
- verificado o bom comportamento, comprovado pelo diretor do estabelecimento. 
 
 
 
 O artigo 112 da LEP é a regra geral, aplicando-se aos delitos não hediondos ou, excepcionalmente, 
aos condenados por delitos hediondos praticados antes da alteração legislativa que sofreu o artigo 2º da Lei 
8072/90. 
 Importante frisar que é permitida a progressão de regime mesmo antes do trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória, conforme consta na súmula 716 do STF. 
 A progressão é por etapa, vejamos a Súmula 491do STJ: "É inadmissível a chamada progressão per 
saltum de regime prisional." 
 ATENÇÃO: Progressão de Regime nos casos de Crimes Hediondos e equiparados 
 A progressão de regime para condenados por crimes hediondos é regulada pela lei 11.464/07 que 
alterou a lei 8.072/90, a qual prevê a possibilidade de progressão de regime para condenados por delitos 
hediondos desde que haja o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena, se reincidente. 
 Quanto à aplicação da Lei 11.464/07, importante destacar que somente é aplicada esta lei para 
aqueles apenados que praticarem crimes a partir da sua vigência. Em relação a este ponto, destaca-se a 
súmula vinculante n. 26 do STF e a súmula 471 do STJ. 
O Diretor do estabelecimento atesta o comportamento 
carcerário através do chamado Atestado de Conduta 
Carcerária - ACC 
 
 
 
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 Caso o delito tenha sido praticado antes do dia 29/03/2007, o lapso temporal a ser aplicado deverá 
ser aquele do artigo 112 da LEP, com base no entendimento firmado no julgamento do HC 82959-7/SP pelo 
STF. 
Condenados por delitos não hediondos Condenados por delitos hediondos e equiparados 
Artigo 112 da LEP 
Primário ou Reincidente: 1/6 da pena + bom 
comportamento carcerárioPrimeiro: ver a data da prática do delito 
Antes de 29/03/07: Primário ou Reincidente: 1/6 da 
pena + bom comportamento carcerário – artigo 112 
da LEP – Súmula 471, STJ 
A partir do dia 29/03/07: 2/5 – primário ou 3/5 se 
reincidente. 
Em todas as situações acrescentar o bom 
comportamento carcerário. 
 
 
 
 Há forte posicionamento sobre progressão de regime e a exigência de exame criminológico no STF e 
STJ. Os Tribunais superiores têm entendido que, muito embora a nova redação do artigo 112 da LEP tenha 
excluído a exigência de realização de exame criminológico para obtenção de progressão de regime, não 
caracteriza constrangimento ilegal a submissão do apenado à realização de exame, desde que devidamente 
fundamentada a necessidade pelo Juiz da Vara de Execução Criminal. 
 Neste sentido, temos as seguintes súmulas: 
a) Súmula Vinculante n. 26, STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime 
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e 
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame 
criminológico. 
b) Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão 
motivada. 
 
 
 Falta grave e Progressão de Regime 
 Importante 
 
 
 
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Súmula 534, STJ - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de 
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. 
 
9) Regressão de Regime (art. 118) 
 A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando: 
* o apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (artigo 50 e 51); Nesses caso, antes da 
regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art. 118, § 2° - audiência de justificativa. 
 
Súmula 526, STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime 
doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo 
penal instaurado para apuração do fato. 
 
* quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a nova 
condenação torne impossível a manutenção do regime (art. 111). 
 
Observações importantes – posicionamento jurisprudencial retirado do site do Superior Tribunal de Justiça: 
1. (STJ - jurisprudência) Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da execução penal, 
é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, 
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado. (Tese 
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC). Precedentes: REsp 1378557/RS, Rel. Ministro MARCO AURELIO 
BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, (recurso repetitivo pendente de publicação); HC 
175251/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 13/12/2013. 
 
Matéria sumulada em 2015: Súmula 533, STJ - Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito 
da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do 
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou 
defensor público nomeado. 
 
 
2. (STJ - jurisprudência) Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para 
apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja, o 
de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2 
anos se a falta tiver ocorrido até essa data. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra 
 
 
 
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REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013; AgRg no REsp 
1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 
25/11/2013; 
Atenção!!! 
Há mais uma hipótese de regressão de regime prevista no artigo 146 – C, § único, LEP, violar os deveres 
relacionados ao monitoramento eletrônico. 
 
 OBS.: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia do 
apenado, passando a exigir somente nos casos de regressão definitiva. 
 
10) Prisão Domiciliar (artigo 117) 
 
 Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se enquadrar 
em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da LEP, quais sejam: 
• condenado maior de setenta anos; 
• condenado acometido de doença grave; 
• condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal; 
• condenada gestante. 
 
 Atentar para a Súmula Vinculante n. 56 do STF, vejamos: A falta de estabelecimento penal adequado 
não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa 
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. 
 
Precedente representativo da Súmula: 
"3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e 
aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se 
qualifiquem como 'colônia agrícola, industrial' (regime semiaberto) ou 'casa de albergado ou estabelecimento 
adequado' (regime aberto) (art. 33, § 1º, alíneas "b" e "c"). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto 
de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas, 
deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade 
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta 
de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao 
regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão 
 
 
 
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domiciliar ao sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 
11.5.2016, DJe de 8.8.2016) 
 
11) Remição de pena – hipóteses legais 
 A remição é o computo do período trabalhado ou estudado como tempo de pena cumprida, nos termos 
do artigo 128 da LEP. 
 É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas possibilidades. 
Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da LEP. 
 Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e semiaberto, a LEP omitiu 
a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os Tribunais superiores entendem que como não há 
previsão legal e o trabalho é requisito para ingressar no regime aberto, não há direito a remição neste caso. 
 Já a remição por estudo, é possível em todos os regimes prisionais, inclusive, na última etapa do 
cumprimento de pena, ou seja, quando o apenado estiver em livramento condicional. 
 
12) Trabalho prisional: espécies de Trabalho Prisional: serviço interno e serviço externo 
 
* Quanto à forma de serviço: 
 
a) Serviço interno (art. 31) qualquer regime poderá trabalhar internamente e a qualquer momento, desde que 
existam vagas. 
 
b) Serviço externo (art. 36) 
 
 Em relação ao serviço externo, é importanteobservar que o artigo 37 da LEP atribui ao Diretor do 
Estabelecimento Prisional a concessão da autorização, todavia, é importante registrar que há forte 
posicionamento doutrinário e de uso prático no cotidiano forense de que o trabalho prisional no âmbito externo 
deverá ser autorizado pelo Juiz da VEC (Neste sentido: Sídio Rosa de Mesquita Júnior, Norberto Avena, entre 
outros)8. 
 
8 EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA 
ELEITA. REGIME SEMIABERTO. TRABALHO EXTERNO. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL DE 
PROPRIEDADE DE OUTRO CONDENADO BENEFICIÁRIO DO REGIME ABERTO. POSSIBILIDADE. 
1. [...] 
2. A controvérsia a ser resolvida é unicamente de direito e enseja o pronunciamento a respeito da possibilidade de o 
condenado prestar serviços em sociedade empresarial cujo proprietário também fora condenado criminalmente. 
 
 
 
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13) PERMISSÃO DE SAÍDA (art. 120) E SAÍDA TEMPORÁRIA (art. 122) 
 Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em regime fechado, semiaberto e 
provisórios, mediante escolta, em duas hipóteses: 
• falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão); 
• necessidade de tratamento médico. 
 Súmula 520, STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional 
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. 
 Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a apenados que cumprem pena em regime 
semiaberto. 
 Vale destacar que foi introduzida em 2010 a possibilidade da utilização de monitoramento eletrônico, 
no artigo 122, parágrafo único, da LEP (redação dada pela Lei n. 12.258/10). 
 Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a monitoração 
eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal. 
Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto, deverão preencher os seguintes 
requisitos: 
• comportamento adequado; 
• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes; 
• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. 
 
 Será concedida por período não superior a 7 dias, podendo ser renovadas por mais 4 vezes, logo faz 
jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as saídas. 
 A Lei n. 12.258/10 também inovou ao estabelecer que o juiz imporá condições ao apenado, para 
obtenção das saídas temporárias, permitindo que além das previstas em lei outras poderão ser estabelecidas, 
vejamos a nova redação do §1º do artigo 124 da LEP: 
 
3. O paciente pretende prestar serviços em uma empresa de estacionamento de automóveis como lavador, microempresa 
individual formalmente constituída, cujo proprietário também está cumprindo pena em regime aberto. 
4. O fato de o proprietário do estabelecimento, situado na mesma localidade de cumprimento da reprimenda, estar 
cumprindo pena em regime aberto não pode servir, por si só, de fundamento à negativa do trabalho externo ao apenado que 
cumpre os requisitos objetivo e subjetivo para a concessão do benefício e se encontra em regime semiaberto. 
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para restabelecer a decisão proferida pelo magistrado de 
primeiro grau. (HC 333.144/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 24/11/2015, DJe 
17/12/2015) 
 
 
 
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§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que 
entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: 
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o 
gozo do benefício; 
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; 
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. 
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o 
tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. 
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.” (NR) 
 
Importante !!! 
 
Artigo 124, § 2º, da LEP (redação dada pela Lei n. 12.258/2010) - Quando se tratar de freqüência a curso 
profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o 
cumprimento das atividades discentes. 
 
14) MONITORAÇÃO ELETRÔNCIA 
 
 O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo com a lei, poderá ser definido 
pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário. O instituto está previsto a partir do artigo 146-
B, LEP. 
 
15) Livramento condicional 
 
 Os requisitos para obtenção de livramento estão previstos no artigo 83 do CP em combinação com o 
artigo 112, §2º, da LEP. 
 
+ 1/3 Não reincidente em crime doloso 
+ ½ Reincidente em crime doloso 
 
 
 
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+ 2/3 Condenados por crimes hediondos, tráfico, tortura, terrorismo e tráfico de pessoas se enquadram 
nesta hipótese. Ressaltando que em caso de reincidência em delitos dessa natureza não será possível a 
concessão de livramento condicional. 
 
Obs.: Súmula 441 do STJ 
# Revogação obrigatória e facultativa – artigos 86 e 87 do CP. 
# Efeitos da revogação – artigos: 88 do CP e artigos 141 e 142 da LEP. 
 
Aspectos importantes no tocante ao livramento condicional no tocante ao delito de associação ao tráfico: 
1. O crime de associação ao tráfico não é considerado hediondo pelo entendimento do STJ, portanto, todavia 
vejamos a manifestação no âmbito do Superior Tribunal de Justiça: 
 
16) Incidentes da Execução Penal 
• Conversão da PPL em PRD (art. 180) – PPL não superior a dois anos; condenado em regime aberto; 
cumprido pelo menos ¼; antecedentes e personalidade indiquem. 
• Conversão da PRD em PPL (art. 181) – ocorrerá na forma do art. 45 do CP. 
• Desvio ou Excesso de Execução (artigo 185 da LEP) 
 
17) ANISTIA, GRAÇA, INDULTO 
 São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, II, do CP. 
 A anistia “é a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornam impuníveis por 
motivo de utilidade social. O instituto volta-se a fatos, e não a pessoas. Pode ocorrer antes da condenação 
definitiva – anistia própria – ou após o trânsito em julgado da condenação – anistia imprópria. Tem a força de 
extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se a crimes políticos, embora nada impeça a sua 
concessão a crimes comuns.” A anistia somente é concedida através de lei editada pelo Congresso Nacional. 
 A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a 
fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República, dentro de sua avaliação 
discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia. É uma medida de caráter 
excepcional, destinada a premiar atos meritórios extraordinários praticados pelo sentenciado no cumprimento 
de sua reprimenda ou ainda atender condições pessoais de natureza especial, bem como a corrigir equívocos 
na aplicação da pena ou eventuais erros judiciários.” É concedida mediante análise do caso individual. 
 
 
 
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 De acordo com o artigo 5°, inc. XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia para delitos 
considerados hediondos. 
 Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade, no entanto é concedido de forma 
coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de cada ano a publicação de um Decreto concedendo Indulto para 
todos aqueles que preencherem determinadas condições. 
 No ano de 2007, foi publicado no dia 11 de dezembro o Decreto n. 6.294/07, o qual consta em anexo 
para conhecimento. 
 Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao indulto, devendo ser 
apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções. 
 Destaca-se que no mesmo Decreto há previsão legal para a concessão de Comutação de Pena, porém 
esta não se confunde com o Indulto, pois não se trata de extinção da punibilidade, mas sim um abatimento 
da pena, desde que haja o preenchimento dos requisitos (ver artigos 2° e 4° do Decreto em anexo – somente 
para exemplificar, pois o Decreto não poderá ser objeto de questionamento na prova). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 CAPÍTULO III – Recursos 
 
1) AGRAVO EM EXECUÇÃO 
 
1.1) CABIMENTO/CONTEÚDO – ARTIGO 66 DA LEP 
É recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso 
da execução criminal, disciplinada na Lei nº 7.210/84. Não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar 
qualquer decisão proferida pelo juízo da execução penal, cuja competência é definida no artigo 66 da LEP (Lei 
nº 7.210/84), como, por exemplo, em relação aos seguintes temas: 
Decisão que concede ou nega a progressão de regime; 
Que determina a regressão do regime carcerário e perda dos dias remidos; 
Que indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade 
delitiva; 
Que concede ou denega pedido de livramento condicional; 
Que indefere o pedido de saídas temporárias; 
Concede ou denega o pedido de indulto, comutação, remição. 
1.2) BASE LEGAL 
 
 
 
 
 
 
1.3) IDENTIFICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Base legal: art. 197 da Lei 7.210/84 (LEP) 
PEÇA: 
 AGRAVO EM EXECUÇÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
DECISÃO PELO JUÍZO 
DA EXECUÇÃO 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
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1.4) RITO E COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO 
A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução, 
definindo, apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem 
efeito suspensivo”. 
Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência amplamente dominante adotam o 
entendimento no sentido de que deve ser adotado o mesmo rito do recurso em sentido estrito, notadamente 
no que se refere ao prazo, ao juízo de retratação e ao processamento. 
Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 STF, segundo a qual “É de 
cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra a decisão do juiz da execução penal. 
A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que 
proferiu a decisão, para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação. 
As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente (Tribunal 
de Justiça, se da competência da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da competência 
da Justiça Federal). 
1.5) PRAZO 
 
 
 
 
 
 
1.6) EFEITOS 
Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução possui efeito 
regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar 
a questão, mantendo-a ou reformando-a, aplicando-se analogicamente o artigo 589, “caput”, do CPP. 
Se o juiz manter a decisão, determinará a remessa dos autos à instância superior; 
se reformá-la, o recorrido, por simples petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a 
subida dos autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz. 
Nos termos do artigo 197 da LEP, o agravo em execução, em regra, não tem efeito 
suspensivo. Ou seja, as decisões proferidas em sede de execução penal devem ser, via de regra, 
imediatamente executadas. 
 
PRAZO
• Interposição: 5 dias
• Razões: 2 dias
 
 
 
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Agravo em Execução e Medida de Segurança: artigo 179 da LEP – atribui excepcionalmente o 
efeito suspensivo nos casos de execução de Medida de Segurança. 
 
1.7) SISTEMA PROGRESSIVO BRASILEIRO 
Nos termos do artigo 33, § 2º, do Código Penal, as penas privativas de liberdade 
devem ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do condenado. Em outras palavras, 
adota-se no Brasil o sistema progressivo de cumprimento de pena, no qual o condenado, após cumprir parte 
da pena e demonstrar merecimento, passará gradativamente de um regime mais severo para outro mais 
brando. 
Todavia, para a concessão da progressão de regime exige a lei dois requisitos: um 
de caráter objetivo, que é o cumprimento de parte da pena anterior, e um de caráter subjetivo, que se refere 
ao mérito do condenado indicando a oportunidade da transferência. 
Para se verificar a possibilidade de concessão da progressão de regime e os 
respectivos requisitos, mostra-se necessário fazer distinção entre crime não hediondo e crime hediondo ou 
equiparado. 
I) PROGRESSÃO DE REGIME PARA DELITOS NÃO HEDIONDOS OU EQUIPARADOS 
A) Requisito objetivo 
Conforme o artigo 112 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), em primeiro 
lugar, para obter a progressão de regime, deve o condenado ter cumprido 1/6 da pena ou do total das penas 
que lhe foram impostas no regime inicial. 
De outro lado, se a pena superar 30 anos, é pacífico na jurisprudência que o lapso 
temporal para a progressão de regime deverá considerar a pena total, não sendo observado, para tal fim, o 
limite de 30 anos previsto no artigo 75 do CP. 
Nesse sentido é a Súmula 715 do “A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE 
DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É 
CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU 
REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.” 
B) Requisito subjetivo 
Além do cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior, exige a lei, para a 
transferência para regime menos rigoroso, que o mérito do condenado indique a progressão. 
Importante destacar nesta hipótese que a exigência de 1/6 da pena é 
tanto para os apenados primários, quanto para os reincidentes. 
Mérito significa aptidão, capacidade, merecimento. Deve o apenado, portanto, 
demonstrar, ao longo do cumprimento da pena, estas características para merecer a progressão. 
 
 
 
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A partir da edição da Lei 10.792/2003, que suprimiu o parágrafo único do artigo 112, 
passou-se a dispensar o exame criminológico, considerando suficiente para a comprovação do requisito 
subjetivo a elaboração de atestado de boa conduta carcerária pelo diretor do presídio. 
Logo, a regra para se aferir o requisito subjetivo é no sentido de que basta atestado 
de boa conduta carcerária expedido pelo Diretor do Presídio, conforme dispõe o artigo 112 da Lei 7210/84. 
Exceção: Dependendo das circunstâncias do caso concreto o Ministério Público 
poderá requerer sua realização e o juiz poderá, fundamentadamente, deferir a realização do exame 
criminológico. É nesse

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