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APOSTILA Direito Penal Jordan Chaves 2017 - Para mais acesse https direitonaestaciofapbelem.blogspot.com.br

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Direito Penal 
Professor: Jordan Chaves 
 
 
 
2017 
 
1 
 
 
 
 
1) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL 
 
O Direito Penal, na Constituição, é abordado nos incisos do artigo 5º. Vejamos os 
principais. 
 
LEGALIDADE 
Art. 5º... 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
 
Obs> apenas lei em sentido estrito pode criar crimes. 
 
PERSONALIDADE OU INTRANSCENDÊNCIA PESSOAL OU INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS 
Art. 5º... 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores 
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
 
OBS> Multa é pena, portanto não é transmitida aos sucessores 
 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
Art. 5º... 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
 
IRRETROATIVIDADE 
Art. 5º... 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
NÃO AUTO INCRIMINAÇÃO 
Art. 5º... 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA 
 
É chamado de princípio da insignificância ou bagatela aquele que trata de ações tipificadas 
como crime, mas cujo efeito concreto é completamente irrelevante e não causa qualquer lesão 
à sociedade, ao ordenamento jurídico ou à própria vítima. São requisitos: 
 
a) Mínima ofensividade da conduta; 
b) Ausência de periculosidade social da ação; 
c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
Anterioridade Reserva legal 
1 
 
 
d) Inexpressividade da lesão jurídica 
CONFLITO DE NORMAS: 
 
Quando existe uma pluralidade de normas aparentemente regulando um mesmo fato criminoso 
(CONFLITO APARENTE DE NORMAS), para saber qual das normas deve ser aplicada, temos que 
recorrer aos seguintes princípios: ( SECA) 
 
SUBSIDIARIEDADE (lex primaria derrogat subsidiariae) 
Se, entre duas normas, uma pode ser considerada primária e a outra subsidiária 
(secundária), aplica-se a primária. 
 
ESPECIALIDADE (lex specialis derrogat generali) 
A norma especial é aplicada com prejuízo da norma geral. 
 
CONSUNÇÃO 
Ocorre quando um fato definido como crime atua como fase de preparação ou de 
execução, ou ainda, como exaurimento de outro crime mais grave, ficando absorvido por 
este. 
Ex: Lesão corporal + homicídio. 
 
ALTERNATIVIDADE 
Quando a norma penal descreve várias formas de execução de um mesmo delito, a 
prática de mais de uma dessas condutas caracteriza crime único. 
Ex: Participação em suicídio (art.122 CP) – instigar e auxiliar.
 
 
Em pouso no território nacional 
ou espaço aéreo correspondente DE PROPRIEDADE 
PRIVADA 
Em porto ou mar territorial do 
Brasil 
EMBARCAÇÕES 
E AERONAVES 
ESTRANGEIRAS 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
ABOLITIO CRIMINIS 
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
LEX MITIOR (Princípio da retroatividade da Lei Penal mais benigna) 
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
TEMPUS REGIT ACTUM (Ultratividade da Lei Penal) 
A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
TEMPO DO CRIME 
 
Teoria da atividade => Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão 
(momento da conduta), ainda que outro seja o momento do resultado. 
O que acontece na prática de um crime (permanente ou continuado) sob a vigência de 
uma lei, vindo a se prolongar até a entrada em vigor de outra lei? 
- Crime Permanente (Ex seqüestro) – aplica-se a última lei, mesmo que seja mais 
severa. 
- Crime Continuado (Ex: furto dos quartos de um hotel) – aplica-se a ultima lei mesmo 
que mais servera. 
- 
TERRITORIALIDADE 
Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 
Consideram-se como extensão do território nacional: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
PÚBLICAS OU A 
SERVIÇO DO GOVERNO EMBARCAÇÕES 
E AERONAVES 
BRASILEIRAS 
MERCANTES OU 
PRIVADAS 
Onde quer que se encontrem 
No espaço aéreo correspondente 
ou em alto mar 
3 
 
 
 
 
 
 
LUGAR DO CRIME 
Teoria da Ubiqüidade => Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão (Teoria da Atividade), no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado (Teoria do Resultado). 
 
TEORIA DA UBIQUIDADE = TEORIA DO RESULTADO + TEORIA DA ATIVIDADE 
4 
 
 
 
EXTRATERRITORIALIDADE (exceções a regra de aplicação da 
territorialidade) Pode ser de dois tipos: 
a) Incondicionada - o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro quando ocorrer: 
 
 
 
 
Crimes 
- contra a vida ou a liberdade do Presidente da República 
- contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público 
- contra a administração pública, por quem está a seu serviço 
- de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil 
 
 
b) Condicionada - a aplicação da lei brasileira depende do concurso de algumas condições 
quando ocorrer: 
- que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir 
- praticados por brasileiro 
Crimes 
- praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados 
 
 
 
 
 
Condições 
- entrar o agente no território nacional 
- ser o fato punível também no país em que foi praticado 
- estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição 
- não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena 
- não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não 
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável 
 
Condições necessárias para aplicabilidade da lei brasileira ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do país: 
- a extradição ter sido negada ou não ter sido pedida, e 
- haver requisição do Ministro da Justiça. 
 
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO 
- Pena igual no Brasil => ocorre o cômputo da pena já cumprida na pena brasileira. 
- Pena diferente no Brasil => a pena brasileira é atenuada. 
5 
 
 
 
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA NO BRASIL 
Quando a lei brasileira produz as mesmas conseqüências da sentença estrangeira, esta 
pode ser homologada no Brasil para: 
 
 
- obrigar o 
condenado 
à reparação do 
dano a 
restituições 
a outros efeitos civis 
 
 
 
- sujeita-lo à medidas de segurança 
 
 
 
 
 
CONTAGEM DE PRAZO 
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos 
pelo calendário comum. 
 
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
- Pena de multa => desprezam-se as frações de cruzeiro. 
- Pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos => desprezam-se as frações de 
dia. 
 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL (Princípio da especialidade) 
As regras gerais do Código Penal aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta 
não dispuser de modo diverso 
São providências de caráter preventivo que têm 
por objeto os inimputáveis e os semi-imputáveis. 
Podem ser detentivas (internação em hospital de 
custódia e tratamento psiquiátrico) ou restritivas 
(sujeição a tratamento ambulatorial). 
As obrigações dependem de pedido da 
parte interessada 
Depende da existência de tratado de extradição com o país 
de cuja autoridadejudiciária emanou a sentença, ou, na 
falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
6 
 
 
 
2) SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL 
 
SUJEITO ATIVO 
- É aquele que pratica a conduta descrita na norma penal, ou seja, é aquele a quem se atribui 
a responsabilidade. 
- Não pode ser seres irracionais. (Ex: um cachorro) 
- Pode ser pessoa jurídica nas seguintes situações: 
I – quando praticar atos contra a ordem econômica e 
financeira. 
II – quando praticar atos contra a economia popular. 
III – quando praticar atos contra o meio ambiente. 
 
SUJEITO PASSIVO 
- É o titular do bem lesionado. 
- Pode ser classificado de duas formas: 
I – Constante ou formal => é o Estado que sempre zela pela coletividade. 
II – Material ou eventual => é o protegido diretamente que tem o bem lesionado. 
 
 
E
L
E
M
E
N
T
O
S
 
 
3) TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE 
Vontade (dolo ou 
culpa) Finalidade 
CONDUTA Exteriorizaç
ão 
Consciência 
 
 
FATO TÍPICO 
SUJEITOS DA AÇÃO 
 
ativo ou passivo 
 
RESULTADO 
NEXO CAUSAL 
TIPICIDADE 
Jurídico – todo crime possui 
Naturalístico – nem todo crime 
possui 
 
Liame estabelecido entre a 
conduta e o resultado 
 
Modelo de conduta descrito na 
norma penal 
 
(refere-se ao fato) 
 
ILICITUDE OU 
ANTIJURIDICIDADE 
 
É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico 
 
 
 
 
 
(refere-se ao agente) IMPUTABILIDADE 
 
CULPABILIDADE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
 
 
 
 
 
EXCLUDENTES DE ILICITUDE 
1) Estado de necessidade (art 24 CP) 
2) Estrito cumprimento do dever legal 
3) Exercício regular de direito 
4) Legítima defesa (art 25 CP) 
A emoção ou a paixão não excluem a imputabilidade penal. 
E
L
E
M
E
N
T
O
S
 
D
O
 
C
R
IM
E
 
E
L
E
M
E
N
T
O
S
 
 
 
7 
EXCLUDENTES DE IMPUTABILIDADE 
1) Doença mental 
2) Desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado 
3) Menoridade 
4) Embriaguez completa decorrente de caso 
fortuito ou força maior 
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE 
1) Erro inevitável sobre a ilicitude do fato 
(erro de proibição) 
2) Coação irresistível 
3) Orem não manifestamente ilegal de 
superior hierárquico 
8 
 
 
 
 
- Não há conduta 
 
 
 
 
- Erro de 
proibição 
nos movimentos 
reflexos na coação 
física absoluta 
nos estados de inconsciência 
Evitável diminui a pena de 1/6ª1/3 
Inevitável exclui a culpabilidade 
- Erro de tipo exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo se previsto em lei 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 
1) Quanto à duração do momento consumativo: 
- instantâneo – Ex: estupro 
- permanente – Ex: seqüestro 
- instantâneo de efeitos permanentes – EX: homicídio 
 
2) Quanto ao meio de execução 
- comissivo – praticado através de uma ação 
 
Próprio – simples abstenção independente de um resultado posterior 
 -omissivo Ex: omissão de socorro 
Impróprio – simples abstenção dependente de um resultado posterior 
Ex: a mãe que deixa de amamentar seu filho, provocando a 
morte 
 
3) Quanto ao resultado 
- material – ação e resultados exigidos – Ex: estelionato (empregar fraude para obter 
vantagem ilícita) 
- formal – ação e resultado não exigido – Ex: o seqüestro (independe do recebimento do 
resgate) 
- de mera conduta – simples ação – Ex: violação de domicílio 
 
4) Quanto ao sujeito ativo da infração penal 
- comum – pode ser praticado por qualquer pessoa – Ex: furto 
- próprio – só determinada categoria de pessoas pode cometer – Ex: corrupção passiva 
- de mão própria – só pode ser executado por uma única pessoa, não admite co-autoria – 
Ex: falso testemunho 
 
5) Quanto à valoração da pena 
- simples – o legislador enumera as elementares do crime em sua figura fundamental 
- privilegiado – quando o legislador estabelece circunstâncias que reduzem a pena 
- qualificado – quando o legislador estabelece circunstâncias que aumentam a pena 
 
9 
 
 
Ver esquema do inter criminis 
6) Quanto à quantidade de atos: 
 
- unissubsistente – a ação é composta por um só ato, não admite tentativa – Ex: injúria 
verbal 
- plurissubsistente – a ação é representada por vários atos formando um processo 
executivo que pode ser fracionado, admite tentativa – Ex: homicídio 
 
 
 
 
 
7) Quanto à quantidade de agentes 
- unissubjetivo – pode ser praticado individualmente pelo agente – Ex: homicídio 
- plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo duas pessoas – Ex: quadrilha e 
bigamia CONCURSO DE PESSOAS (autor, co-autor e partícipe) 
I – Autor => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o 
verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) 
 
II – Co-autoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta 
descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) 
 
III – Partícipe => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de 
alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão 
assaltar uma loja) 
 
 
8) Quanto à quantidade de agentes 
- unissubjetivo – pode ser praticado individualmente pelo agente – Ex: homicídio 
- plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo duas pessoas – Ex: quadrilha e 
bigamia CONCURSO DE PESSOAS (autor, co-autor e partícipe) 
IV – Autor => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o 
verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) 
 
V – Co-autoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta 
descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) 
 
VI – Partícipe => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de 
alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão 
assaltar uma loja) 
10 
 
 
 
 
9) Quanto à quantidade de agentes 
- unissubjetivo – pode ser praticado individualmente pelo agente – Ex: homicídio 
- plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo duas pessoas – Ex: quadrilha e 
bigamia CONCURSO DE PESSOAS (autor, co-autor e partícipe) 
VII – Autor => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza 
o verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) 
 
VIII – Co-autoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a 
conduta descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) 
 
IX – Partícipe => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de 
alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão 
assaltar uma loja) 
 
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
 
Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a 
um terço. 
 
Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena 
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o 
resultado mais grave. 
 
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
 
O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em 
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
 
11 
 
 
 
CONCEITOS IMPORTANTES 
 
 
Dolo 
Direto 
 
 
Indireto 
o agente quer o resultado 
Eventual – o agente prefere agir e correr o risco a deixar de fazer. (Foda-
se) 
 
Alternativo – o agente antevê dois ou mais resultados possíveis e age 
assumindo o risco de causar outro resultado. 
 
 
 
 
Culpa 
 
 
 
 
 
 
 
Crime 
Inconsciente – não há previsão do previsível. (Ih Fudeu) 
Consciente – o agente antevê o resultado danoso possível, mas sinceramente não 
aceita que ele ocorra. 
Imprópria – há um erro acerca dos elementos constitutivos do tipo penal.(Erro de 
tipo) 
 
 
doloso – o agente quer diretamente o resultado (admite tentativa) 
 
culposo – o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia 
 
preterdoloso – o agente, através de uma conduta dolosa, acarreta um resultado 
agravador culposo 
 
 
12 
 
 
 
 
INTER CRIMINIS (O CAMINHO DO CRIME) 
 
 
 
 
TENTATIVA 
 
 
DESISTÊN
CIA 
VOLUNTÁ
RIA 
 
 
ARREPENDIME
NTO 
EFICAZ 
 
ARREPENDIMEN
TO 
POSTERIOR 
 
RESULTADO 
 
 
 
COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO 
 
 
- cogitação – nessa fase o agente está apenas pensando em cometer o crime e, como não há 
exteriorização do pensamento, o ato praticado durante a fase de cogitação não é punível. 
 
- preparação – compreende a prática de todos os atos necessários ao início da execução. Em 
regra, o ato praticado durante a fase da preparação não é punível, a não ser que constitua 
crime autônomo. 
Ex: alugar uma casa para cativeiro (não é punível). 
aquisição de uma arma ilegal (é um crime autônomo, portanto é punível). 
 
TENTATIVA => não ocorre a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
- Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado diminuído de 1/3 a 2/3. 
 
 
 
- não é admitida nos 
crimes 
De mera 
conduta 
Omissivos 
Culposos 
Preterdolosos 
Impossíveis 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA => o agente pode prosseguir, mas para de praticar o crime durante 
a sua execução. 
- o agente só responde pelos atos que efetivamente já praticou. 
 
ARREPENDIMENTO EFICAZ => durante a consumação o agente se arrepende e atua em sentido 
contrário, buscando impedir que o resultado ocorra. 
- o agente só responde pelos atos que efetivamente já praticou.
13 
 
 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR => o agente percorre todas as fases do crime e alcança o 
resultado, mas, antes do recebimento da denúncia/queixa, ele age voluntariamente buscando 
sanar o dano. 
 
 
*PENAS: 
 
 
TIPOS 
DE 
PENAS 
- Privativas de liberdade – máximo de 30 anos 
- Restritiva de direitos 
- Multa – se, mesmo aplicado o máximo da pena, o Juiz considera-la 
ineficaz virtude situação econômica do réu, a pena poderá ser triplicada 
 
 
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
 
 
Reclusão - 
Regimes 
 
 
 
 
Detenção - 
Regimes 
Fechado - estabelecimento de segurança máxima ou média 
Semi-aberto - colônia agrícola, industrial ou estabelecimento 
similar 
Aberto - casa de albergado ou estabelecimento adequado 
 
 
Semi-aberto - colônia agrícola, industrial ou estabelecimento 
similar 
Aberto - casa de albergado ou estabelecimento adequado 
 
 
 
 
Condenado 
Pena > 8 anos obrigatoriedade do regime fechado 
 
Não reincidente 4 anos < pena <ou= 8 anos regime semi-aberto 
pena <ou= 4 anos regime aberto 
 
 
 
PENAS RESTRITIVAS 
DE DIREITOS 
Prestação pecuniária entre 1 e 360 salários 
mínimo Perda de bens e valores 
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas 
(condenações superiores a seis meses de privação da liberdade) 
Interdição temporária de direitos 
Limitação de fim de semana (obrigação de permanecer, aos sábados 
e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro 
estabelecimento adequado) 
 
 
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (PPL) POR RESTRITIVA DE DIREITOS (PRD) 
 
14 
 
 
- PPL não superior a 4 anos e crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa 
- qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo 
- o réu não for reincidente em crime doloso 
- a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, 
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja 
suficiente 
 
H
IP
Ó
T
E
S
E
S
 
15 
 
 
 
 
 
- se PPL < ou = a 1 ano, a substituição pode ser por multa ou por uma única PRD. 
- se PPL > 1 ano, a substituição pode ser por uma PRD e uma multa ou duas PRD. 
 
 
CONCURSO 
DE CRIMES 
 Material 2 ou + ações implicam em 2 ou + resultados (cumulatividade 
das penas) 
 
Formal – -1 ação implica em 2 ou + resultados (exasperação da pena 
de 1/6 a 1/2). 
- PROPRIO: Agente não tinha a intenção de produzir ambos os resultados 
- IMPROPRIO: Agente tinha a intenção de produzir ambos os resutados. 
Neste caso aplica-se a ( cumulatividade das penas) 
 
 
5) IMPUTABILIDADE PENAL 
Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente 
inimputáveis. 
 INIMPUTÁVEL (isenção da pena) 
- o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, 
ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
SEMI INIMPUTAVEL - REDUÇÃO DA PENA (de 1/3 a 2/3) 
- se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
6) EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE 
A punibilidade não é um elemento do crime, é uma conseqüência jurídica que decorre da 
prática de um ilícito. Ou seja, se uma causa extintiva de punibilidade é utilizada, o Estado abre 
mão de punir, porém a infração penal não deixa de existir. 
16 
 
 
EXCLUDENTES DE PUNIBILIDADE 
1) Morte do agente 
2) Anistia, graça ou indulto 
3) Retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso 
4) Prescrição, decadência ou perempção 
5) Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada 
6) Retratação do agente, nos casos em que a lei a admite 
7) Perdão judicial, nos casos previstos em lei 
17 
 
 
Vejamos todas elas separadamente: 
MORTE DO AGENTE 
- extingue a punibilidade até mesmo quando aplicada a pena de multa. 
 
ANISTIA 
- é a declaração do Estado de que não mais se interessa em punir determinados fatos. O 
Estado abre mão do direito de punir. 
- será concedida por lei. 
 
INDULTO 
- é a clemência cometida pelo Presidente da República. 
- será concedido por decreto e dirigido à várias pessoas que preencham os requisitos 
estabelecidos. 
 
GRAÇA 
- é o indulto individual. 
 
RETROATIVIDADE DA LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO 
- ver abolitio criminis na página 1. 
 
DECADÊNCIA 
- é a perda do direito de representar na ação penal pública condicionada ou oferecer queixa 
na ação penal privada, por decurso do prazo previsto em lei. 
18 
 
 
 
 
- Prazo: 6 meses contados do dia que o ofendido veio a saber quem é o autor do crime ou do 
dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
- A decadência na ação penal privada subsidiária da pública não extingue a punibilidade, pois o 
Ministério Público ainda poderá propor a ação penal pública. 
 
PEREMPÇÃO 
- é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada em razão da inércia ou negligência 
processual do querelante (ofendido). 
 
RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
- é o ato unilateral por meio do qual o ofendido ou seu representante legal abre mão do direito 
de queixa ou abdica do direito de processar o autor da infração penal. 
 
- o direito de queixa ficará indisponível em duas 
ocasiões: I – quando da decadência 
II – quando já recebida a queixa pelo judiciário 
 
PERDÃO ACEITO NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
- a ação penal privada não pode ser subsidiária da pública 
- se concedido a qualquer dos querelados aproveita a todos 
- se concedido por um dos ofendidos não prejudica o direito dos outros 
- não produz efeitos se o querelado o recusa (bilateralidade) 
- perdão tácito => é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir 
na ação 
RETRATAÇÃO DO AGENTE NOS CASOS EM QUE A LEI ADMITE 
- a aceitação da retratação é irrelevante, o ato é unilateral 
 
 
Casos 
admitidos 
Calúnia 
Difamação 
Falso testemunho 
Falsa perícia 
 
PERDÃO JUDICIAL 
- é a clemência do Estado para determinadassituações expressamente previstas em lei. 
- a sentença que concede o perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência 
- hipótese de aplicação: homicídio culposo 
Ex: o pai, por imprudência, mata o filho em acidente de trânsito. 
Não é admitido o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. 
A injúria não admite retratação 
A retratação deve ocorrer antes de prolatada a sentença 
19 
 
 
 
 
 
PRESCRIÇÃO 
Tendo em vista que este assunto é bastante cobrado pela FCC, vou adaptar o 
comentário de uma questão dos simulados disponibilizados no site do adinoel. 
 
 
CRIM
E 
 
QUEIXA OU 
REPRESENTAÇÃ
O 
 
SENTENÇ
A 
FINAL 
INÍCIO DO 
CUMPRIMENT
O DA PENA 
 
 
A decadência ocorre quando o ofendido decai do direito de queixa ou de representação 
se não o exerce dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que veio a saber quem é o 
autor do crime, ou, na ação penal privada subsidiária da pública (quando o Ministério Público 
não oferece denúncia no prazo legal), do dia que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
 
Já a prescrição é a perda do direito de punir (pretensão punitiva) ou de executar a 
pena (pretensão executória) pelo decurso de prazo legal para as respectivas pretensões. 
 
Ou seja, após o recebimento da queixa, enquanto o Estado não transitar em julgado a 
sentença, poderá ocorrer a prescrição da pretensão punitiva. Após o trânsito em julgado, 
enquanto o condenado não iniciar o cumprimento da pena, poderá ocorrer a prescrição da 
pretensão executória. 
 
Vamos tratar da prescrição da pretensão punitiva e da prescrição da pretensão 
executória comparando os conceitos. 
 
O prazo prescricional da pretensão punitiva regula-se pelo máximo da pena 
privativa de liberdade que pode ser aplicada ao crime. Vejamos a tabela abaixo: 
 
PRAZO PARA A 
PRESCRIÇÃO 
MÁXIMO DA PENA / PENA APLICADA 
2 anos Inferior a 1 ano 
4 anos Maior ou igual a 1 ano e menor ou igual a 
2 anos 8 anos Maior que 2 anos e menor ou igual a 4 
anos 12 anos Maior que 4 anos e menor ou igual a 8 
anos 16 anos Maior que 8 anos e menor ou igual a 12 
anos 20 anos Superior a 12 anos 
 
Ex: Se um funcionário público comete crime de concussão, que tem como pena prevista 
reclusão de 2 a 12 anos e multa, a prescrição da pretensão punitiva será regulada pelo 
máximo da pena. Ou seja, se o máximo é de 12 anos, ao olharmos na tabela, vemos que o 
PRESCRIÇÃO 
PUNTIVA 
PRESCRIÇÃO 
EXECUTÓRIA 
20 
 
 
prazo prescricional é de 16 anos. 
 
 
 
PARTE ESPECIAL 
 
 
1.CP ART. 121 – Matar alguém. 
 
I - Bem jurídico e sujeito do delito 
 
O bem jurídico se apresenta na forma da destruição da vida humana, por um fim. Com isto em 
mente o bem jurídico tutelado é a vida, sua preservação e integridade. A importância do 
estabelecimento é de vital importância e deve assumir preponderância, pois está assegurada pela 
Constituição Federal. 
Assim se refere o doutrinador: 
O bem jurídica “vida humana” pode ser compreendido de um 
ponto de vista estritamente físico-biológico ou sob uma 
perspectiva ou sob uma perspectiva valorativa. Para 
uma concepção naturalista, a presença de vida aferida segundo 
critérios científico-naturalísticos (biológicos e fisiológicos). 
(PRADO; 2014, p. 630). 
Importa apontar que o Direito protege a vida a partir do nascimento até ser ceifada e com 
tal importância há um destaque acentuado e necessário atribuído pela Carta Magna e o 
próprio Código que trata de estabelecer sua proeminência. 
Não é demais citar, Bitencourt: 
O Direito Penal protege a vida desde o momento da concepção até 
que ela se extinga, sem distinção da capacidade física ou mental 
das pessoas. Dentre os bens jurídicos que o indivíduo é titular e 
para cuja proteção a ordem jurídica vai ao extremo de utilizar a 
própria repressão penal, a vida destaca-se como o mais valioso. 
(BITENCOURT, 2014, p. 441). 
Sem amparo para discutir a importância e valor uma vez que a lei e a doutrina assim a 
conserva, resta seguro o valor e a proteção demonstrada. 
21 
 
 
 
II - Classificação 
a) Crime é comum – não demanda do sujeito ativo qualificação especial. 
 b) Material – Exige resultado naturalístico, consistindo na morte da vítima. 
c). De forma livre – Pode ser qualquer meio escolhido pelo agente. 
d). Comissivo – O ato matar implica em ação. 
e) Instantâneo – quando não há prolongação no tempo da ação praticada é instantânea. 
f) Dano – a efetiva lesão consuma efetiva lesão ao bem jurídico. 
g) Unissubjetivo – que pode ser praticado por um só agente. 
h). Progressivo – Por trazer em seu bojo a lesão corporal como elemento implícito). 
i) Plurissubsistente – via de regra, vários atos integram a conduta de matar. 
ADMITE TENTATIVA. 
(NUCCI, 2012, p.625). 
III - Espécies: 
a) Homicídio Simples (art. 121, caput). 
 
O tipo penal prevê como crime de homicídio o ato de suprimir a vida humana, não definindo o 
modo empregado para tanto, que estará sujeita a perícia e todos procedimentos que seguem tal 
crime. 
Há compreensão da necessidade do dolo para alcançar os efeitos e a realização da descrição legal. 
Para embasamento doutrinário cita-se: 
O núcleo do tipo é representado pelo verbo matar. A conduta 
incriminada consiste em matar alguém – que não o próprio agente 
– por qualquer meio (delito de forma livre). Admite-se a sua 
execução, portanto, o recurso a meios variados, diretos ou 
indiretos, físicos ou morais, desde que idôneos à produção do 
resultado morte. (PRADO; 2014, p. 633). 
22 
 
 
 
b) Homicídio Privilegiado 
 
Está inserido no art.121, §1°, que preceitua “ se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um 1/6 a 1/3”. 
A descrição legal carrega vários elementos que que são necessários discorrer para que o texto 
legal não cai em uso abusivo e a natureza do ato praticado seja o contemplado. 
Vejamos o que os doutrinadores afirmam: 
[...]o motivo de relevante valor moral é aquele cujo 
conteúdo revela-se em conformidade com os princípios 
éticos dominantes em uma determinada sociedade. Ou seja, 
são os motivos nobres e altruístas, havidos como 
merecedores de indulgência. Tal aferição deve ser balizada 
por critérios de natureza objetiva, de acordo com aquilo que 
a moral média reputa digno de condescendência. (PRADO, 
2014, 635). 
Para não flutuar em outros focos, se mantenha este até para servir de laboratório de 
apreciação da dificuldade da interpretação legal. 
[...]relevante valor é um valor importante para a vida em 
sociedade, tais como patriotismo, lealdade, fidelidade, 
inviolabilidade de intimidade e de domicílio entre outros. 
Quando se tratar de relevante valor social, levam-se em 
consideração interesses não exclusivamente individuais, 
mas de ordem geral, coletiva. 
(NUCCI, 2012, p.630) 
 
 Por amor ao debate, cumpre citar mais um dos bons doutrinadores: 
Relevante valor moral, por usa vez é aquele superior, 
enobrecedor de qualquer cidadão em circunstâncias 
normais. Faz-se necessário que se trate de valor 
considerável, isto é, adequado aos princípios éticos 
dominantes segundo aquilo que a moral média reputa nobre 
e merecedor de indulgência. 
23 
 
 
(BITENCOURT, 2014, p. 447). 
Buscando ainda explicitar algo de relevante explicação é “sob domínio de violenta 
emoção”. Bitencourt assim conceitua: 
Não é qualquer emoção que pode assumir a condição de 
privilegiadora no homicídio, mas somente a emoção intensa, 
violenta, absorvente, que seja capaz de reduzir quase que 
completamente a vis electiva, em razão dos motivos que a 
eclodiram, dominando, segundo os termos legais, o próprio 
autocontrole do agente. 
(BITENCOURT, 2014, p. 447). 
 
c) Homicídio Qualificado § 2° 
 
É importante determinar que é a palavra tem um peso que impinge um valor ao crimepraticado 
distinguindo de um homicídio simples. 
Para permitir que impulsione a atividade delituosa. 
Assim é classificado: 
Considera-se qualificado o homicídio se impulsionando por 
certos motivos se praticado com o recurso a determinados 
meios que denotem crueldade, insídia ou perigo comum ou 
de forma a dificultar ou tornar impossível a defesa da 
vítima; ou, por fim, se perpetrado com o escopo de atingir 
fins especialmente reprováveis (execução, ocultação, 
impunidade ou vantagem de outro crime). (PRADO, 2014, 
p. 639). 
O legislador foi pródigo em apresentar nos incisos correspondentes ao homicídio qualificado 
para que não houvesse dúvida ou construções impróprias para a causação do crime. 
d) Homicídio Culposo § 3° 
 
Vem em linha diversa do doloso e apresenta elementos nos parágrafos que corroboram com a 
construção do tipo penal não cavilando dúvidas que seccione possibilidades não contempladas 
pelo legislador. 
24 
 
 
Cumpre analisar cada parágrafo para escavar suas circunstâncias. 
e) Feminicídio 
 
Entrou em vigor a lei 13.104/15. A nova lei alterou o código penal para incluir mais uma 
modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando crime for praticado contra a mulher 
por razões da condição de sexo feminino. 
 
O § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo "razões da condição de sexo 
feminino", esclarecendo que ocorrerá em duas hipóteses: a) violência doméstica e familiar; b) 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher; A lei acrescentou ainda o § 7º ao art. 121 do 
CP estabelecendo causas de aumento de pena para o crime de feminicídio. 
 
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a) durante a gravidez ou nos 3 
meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com 
deficiência; c) na presença de ascendente ou descendente da vítima. 
 
Por fim, a lei alterou o art. 1º da Lei 8072/90 (Lei de crimes hediondos) para incluir a alteração, 
deixando claro que o feminicídio é nova modalidade de homicídio qualificado, entrando, portanto, 
no rol dos crimes hediondos. 
 
f) Perdão Judicial 
É previsto que no caso de homicídio culposo, o juiz pode discricionariamente não aplicar a pena, 
“se as consequências da infração atingem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária”. (PRADO, 2014, p.646). 
Infelizmente, há casos que escapam até ao entendimento maior de justiça, um exemplo onde o 
pai esquece o filho no carro trancado num calor escaldante e a criança vem a falecer. Entende-se 
que neste caso, já houve uma penalização que é até maior do que a penalização que poderia ser 
aplicada. 
 
25 
 
 
Observação: é inadmissível o perdão judicial em se tratando de homicídio culposo, se as 
consequências da infração atingirem o próprio de forma tão grave que a sanção penal se 
torne desnecessária. (Art. 121, §5°, CP). 
 
g) Pena e ação penal 
Comina-se ao homicídio simples pena de reclusão, de seis a vinte anos (art. 121, caput, CP), e a 
cada classificação do homicídio há a cominação da pena, levando em conta agravantes, 
atenuantes e todas as circunstâncias. 
2. Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o 
faça. (Art. 31, CP) 
I - Bem jurídico tutelado e sujeito do delito 
O bem tutelado juridicamente é a vida humana, nas palavras de Bitencourt “ a vida é um bem 
jurídico indisponível! ” (BITENCOURT, 2014, 466). O sujeito ativo do delito pode ser qualquer 
agente, não necessitando ter qualidade específica, a não ser a capacidade de induzir, instigar ou 
auxiliar. 
II – Tipo objetivo 
Induzir, Instigar e auxiliar. 
III – Lesões corporais 
O doutrinador assim trata este tema: 
A produção de lesões corporais graves não consuma o tipo penal 
descrito no preceito primário, que a ela não se refere. Aliás, lesões 
corporais de natureza grave, como caracterizadoras da tentativa 
perfeita, aparecem somente no preceito secundário. 
(BITENCOURT, 2014, p.122). 
Não há exaurimento do tipo penal, uma vez que para que ocorra há a necessidade de consumação 
do suicídio. 
IV – Causas de aumento de pena 
No dispositivo legal, em seu parágrafo único, do art.122 estabelece duas causas especiais de 
aumento de pena: 
a) A prática do crime por motivo egoístico; 
26 
 
 
b) A prática do crime contra vítima menor ou com capacidade de resistência diminuída, por 
qualquer causa. 
V – Pena e ação penal 
O doutrinador Luiz Regis Prado assim preleciona: 
O delito em tela só é punível quando sobrevém a morte ou, na 
tentativa, a lesão corporal de natureza grave ao suicida. Estas 
operam como condições objetivas de punibilidade. Se o suicídio se 
consuma, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. Se há 
tentativa e desta resulta lesão corporal grave, a pena é de 
reclusão, de um a três anos. Quando da tentativa resultam apenas 
lesões corporais leves, a instigação, o induzimento ou o auxílio 
prestado são impuníveis. (PRADO, 2014, p. 654). 
Desta forma atendida as caracterizações impostas pela legislação penal, o atendimento fica 
objetivo e satisfatório. 
3. INFANTICÍDIO 
Art. 123, CP- Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o 
parto ou logo após; (ver art. 30, CP). 
A exemplo do crime de homicídio, o infanticídio tem a pretensão de proteger a vida humana, o 
que se distingue aqui é ser a vida da nascente e do recém-nascido. “É indiferente a existência de 
capacidade de vida autônoma, sendo suficiente a presença de vida biológica”. (BITERNCOURT, 
2014, p.474). 
Tipo objetivo 
A conduta resultante deste delito é matar o próprio filho, sendo necessário para tipificação ser 
“durante” ou, “logo após” o parto, e se torna indispensável apontar que esta condição é sine qua 
non, pois se for horas e dias depois o crime praticado é ou abandono de incapaz (art. 134, CP) ou 
homicídio. 
A base fundamental e psicológica para o Infanticídio 
É de suma necessidade existir uma perturbação psíquica e essa característica patológica existe 
neste estado puerperal. Se faz necessário se produzir laudo psiquiátrico para que a constatação de 
tal ato se comprove. 
O prof. Luiz Regis Prado traz ao centro da discussão um tema que merece atenção: 
Assim, por um lado, tem-se o motivo da honra, nas hipóteses em 
que a gravidez resulta de relações extramatrimoniais. A 
27 
 
 
culpabilidade é atenuada pelo temor da própria desonra. O delito é 
motivado pelo ímpeto de resguardar o pudor ante a inevitável 
reprovação social que seria endereçada à mulher. A angústia 
resultante dessa situação e o conflito íntimo que aflige a mãe 
nessas circunstâncias contribuiria para a eclosão – durante o parto 
ou logo após – de um processo perturbador da consciência, que 
culminaria na morte dada ao filho. O privilégio é consequência do 
desespero da parturiente que concebeu fora do casamento. 
(PRADO, 2014, p. 655 e 656). 
Nexo Causal 
Assim se comenta o doutrinador: “É indispensável uma relação de causalidade entre o estado 
puerperal e a ação delituosa praticada; esta tem de ser consequência da influência daquele, que 
tem nem sempre produz perturbações psíquicas na mulher”. (BITENCOURT, 2014, p. 475). 
Os efeitos do Estado Puerperal 
A doutrina assim preleciona: 
a) O puerpério não produz nenhuma alteração na mulher; b). 
Acarreta-lhe perturbações psicossomáticas que são a causa da 
violência contra o próprio filho; c). Provoca-lhe doença mental; 
d). Produz –lhe perturbação da saúde mental diminuindo-lhe a 
capacidade de entendimento ou de determinação. Na primeira 
hipótese, haverá homicídio; na segunda, infanticídio; na 
terceira, a parturiente é isenta de pena em razão de sua 
inimputabilidade (art. 26, CP); na quarta, terá redução de 
pena, em razão de sua semi-imputabilidade. (BITERNCOURT, 
2014, p.475). 
Crime próprio privilegiado 
O crime é próprio, pois exige a mãe em estado puerperal expõeprivilégio, pois há uma condição 
necessária e indispensável para que tal ato aconteça. 
Diferença entre infanticídio e aborto 
Aborto é a interrupção da gravidez com consequente morte 
do feto (produto da concepção). Consiste na eliminação da 
vida intrauterina. A lei não faz distinção entre o óvulo 
fecundado (3 primeiras semanas de gestação), embrião (3 
primeiros meses) ou feto (a partir dos 3 meses), pois 
qualquer fase da gravidez estará configurada o delito de 
aborto, quer dizer, entre a concepção e o início do parto. A 
principal característica do infanticídio é que nele o feto é 
28 
 
 
morto enquanto nasce ou logo após o nascimento. O aborto, 
ao contrário, somente se tipificará se o feto morto antes de 
iniciado o trabalho do parto haja ou não a expulsão. Antes 
de iniciado o parto existe aborto e não infanticídio. É 
necessário precisar em que momento tem início o parto, 
uma vez que o fato se classifica como um ou outro crime de 
acordo com a ocasião da prática delituosa: antes do início 
do parto existe aborto; a partir do seu início, infanticídio. 
 
(http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-
juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-
aborto-e-homicidio,38211.html ). 
Crime impossível 
Ocorre no caso da mãe sem saber que a criança em seu ventre está morta pratica os atos 
característicos do infanticídio. 
Classificação Doutrinária 
Crime próprio, de dano, material, comissivo ou omissivo, instantâneo, doloso. 
4. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque 
Bem jurídico protegido 
A análise juridicamente deste bem jurídico “consiste em dar morte ao embrião ou feto 
humanos, seja no claustro materno, seja provocando sua expulsão prematura”. (PRADO, 2014, 
p.664). 
O bem jurídico protegido é a vida do ser humano em formação. 
Cumpre dizer que para o Direito Penal, o produto da concepção – 
feto ou embrião – não é uma pessoa, embora tampouco, seja 
mera esperança de vida ou simples. [...] (Bitencourt, 2014, p. 
480). 
Só após a concepção com vida que para efeito de Direito Penal, passa a ser pessoa humana 
constituída de direitos. 
 
Tipo Penal 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-homicidio,38211.html
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-homicidio,38211.html
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-homicidio,38211.html
29 
 
 
Consiste basicamente em provocar, dando causa da morte do feto, originando desta forma a 
condição sine qua non ao tipo que imperiosamente exige para que o ato seja tratado na seara 
do aborto. 
Segundo alguns, o aborto consiste na “morte dolosa do feto 
dentro do útero” ou “na violenta expulsão do feto do ventre 
materno, da qual resulte a morte”. De fato, a mera 
interrupção da gestação, por si só, não implica aborto, dado 
que o feto pode ser expulso do ventre materno e sobreviver 
ou, embora com vida, ser morto por outra conduta punível 
(infanticídio ou homicídio). 
(PRADO, 2014, 665, 666). 
Se faz necessário deter no entendimento ainda sobre a forma e instrumentalização para a 
prática deste crime. Para se alcançar a plenitude do delito se faz necessário adentrar no 
ambiente biológico. 
Do ponto de vista biológico, o início da gravidez é marcado 
pela fecundação. Todavia, pelo prisma jurídico, a gestação 
tem início com a implantação do óvulo fecundado no 
endométrio, ou seja, com a sua fixação no útero materno 
(nidação). Destarte, o aborto tem como limite mínimo 
necessário para sua existência a nidação, que ocorre cerca 
de quatorze dias após a concepção. (PRADO, 2014, p. 666, 
667). 
Aborto e homicídio: distinção 
Torna-se fundamental se distinguir as duas práticas que tem resultados semelhantes, porém, 
como aponta Bitencourt, há diferenças fundamentais e características: 
[...]uma em relação ao objeto da proteção legal e outra em 
relação ao estágio da vida que se protege: relativamente ao 
objeto não é a pessoa humana que se protege, mas a sua 
formação embrionária; em relação ao aspecto temporal, 
somente a vida intrauterina, ou seja, desde a concepção até 
momentos antes do início do parto[...] (Bitencourt, 2014, 
p.480). 
Desta feita não se pode falar que houve homicídio no aborto por considerar que não houve vida 
fora do útero, na concepção aceita pela doutrina majoritária, há um embrião em formação e na 
aceitação do direito, como não houve a expulsão deste feto fora do útero com vida, não há de se 
falar de homicídio e sim de aborto, pois houve um rompimento do ciclo natural que o classificaria 
como uma pessoa humana com vida. 
Figuras típicas de aborto 
30 
 
 
“O CP de 1940 tipifica 3 figuras: aborto provocado (124); aborto sofrido (125); aborto consentido 
(126) ”. (Bitencourt, 2014,480). Nestes três típicos caracterizado pelo código cumpre apontar 
quais são especificamente excludentes e qual é o criminoso, lembrando que o STF no julgamento 
da ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio fundamental) em 12/04/2012, por maioria de 
votos, julgou precedente a ação para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a 
qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II). 
Com esta decisão do STF, hoje na doutrina brasileira, existe 3 excludentes a saber: 1) Aborto no 
caso de estupro; 2) Aborto no caso quando a vida da gestante esteja em risco e 3) Aborto 
anencéfalo. 
Análise do art. 124 do CP 
O sujeito ativo no caso chamado “autoaborto”, ou “aborto consentido figura a própria mulher, pois 
ela mesma pode provocar aborto em si mesma ou consentir que alguém, uma segunda pessoa o 
faça. Trata-se nesta autoaborto, a qualificação é de crime de mão própria “só pode ser autor 
quem esteja em situação de realizar pessoalmente e de forma direta o fato punível”. 
(Luiz Flávio Gomes, http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121924054/o-que-se-entende-
por-crimes-comum-proprio-de-mao-propria-e-vago) 
E cumpre lembrar que como qualquer crime de mão própria 
admite a participação, como atividade acessória, quando o 
partícipe se limita a instigar, induzir ou auxiliar a gestante. 
(Bitencourt, 2014, p481). 
É de suma importância lembrar que neste caso em comento, haverá autoria por participação ativa 
no ato de aborto, como afirma o art. 126, D.P. 
Definição de Aborto 
Para melhor clareza e compreensão se torna necessário que o conceito de aborto seja assim 
dividido. 
1) A destruição da vida até o início do parto, que pode ou não ser 
criminoso. Após iniciado o parto, a supressão da vida constitui 
homicídio, salvo se ocorrem as especiais circunstâncias que 
caracterizam o infanticídio, que é figura privilegiada do homicídio 
(art.122, DP) 
2) Aborto é a interrupção da gravidez antes de atingir o limite 
fisiológico, isto é, durante o período compreendido do processo de 
gestão, mas é indispensável que ocorram as duas coisas, 
acrescidas da morte do feto, pois somente com ocorrência desta o 
crime se consuma. 
(Bitencourt, 2014, 481). 
31 
 
 
 
Provocar o aborto e consentir 
Neste caso de forma particular não há distinção entre a mulher que consente o aborto e o 
autoaborto, para efeito doutrinário é como se a própria gestante tivesse realizado o autoaborto 
(art.124, DP). O que claramente ocorre é que o consentimento encerra dois crimes, um para 
gestante que consente (art.124, D.P) e, outro para o sujeito que provoca (art. Art.126, DP). 
5. Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 – Provocar aborto, sem consentimento da gestante; 
Esta ação descrita no art. 125, do DP, conduz a punição mais gravosa, pois trata-se de aborto 
sofrido, onde houve ausência de consentimento real da gestante “ouausência de consentimento 
presumido (menor de 14 anos, alienada ou débil mental) ” (Bitencourt, 2014, p. 482). 
O doutrinador ainda explorando o tema o estende de forma a não deixar dúvidas: 
Para provocar aborto sem consentimento da gestante não é 
necessário que seja mediante violência, fraude ou grave ameaça; 
basta simulação ou mesmo dissimulação, ardil ou qualquer outra 
forma de burlar a atenção ou vigilância da gestante. Em outros 
termos, é suficiente que a gestante desconheça que nela está 
sendo praticado o aborto. (Bitencourt, 2014, 483). 
Nesta esteira é importante a análise de “morte de mulher grávida: concurso”, como preleciona 
“Matar mulher que sabe estar grávida configura também crime de aborto, verificando-se, o 
concurso formal, pelo crime de homicídio e aborto”. (Bitencourt, 2014, p. 483). 
Consumação e tentativa 
O crime de aborto é consumido com a morte do feto ou do embrião, não importando que a morte 
ocorra dentro do ventre ou fora dele, assim, consuma-se o crime com “o perecimento do feto ou a 
destruição do óvulo”. (Bitencourt, 2014, p.484). 
Sendo este crime material, admite-se a tentativa , desde que já esteja ocorrendo todas as 
manobras para que se efetue o aborto e por motivo alheio a vontade do agente, não consiga 
chegar ao fim da prática iniciada. 
Classificação Doutrinária 
Crime de mão própria (no autoaborto e no consentido), crime comum, de dano, material, 
instantâneo e doloso. 
Forma qualificada 
32 
 
 
Art. 127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 1/3, se, 
em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre 
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe 
sobrevém a morte. 
Este artigo provê duas formas de aumento de pena: a) lesão corporal de natureza grave – a pena 
é elevada em um terço; b) pela segunda – morte da gestante – a pena é duplicada. 
Aborto agravado: preterdoloso 
Assim leciona o doutrinador: 
Para que se configure o crime qualificado pelo resultado, é 
indispensável que o evento morte ou lesão grave decorra, pelo 
menos, de culpa (art.19, do CP). No entanto, se o dolo do agente 
abranger os resultados lesão grave ou morte da gestante, excluirá 
a aplicação do art.127, que prevê espécie sui generis de crime 
preterdoloso (dolo em relação ao aborto e culpa em relação ao 
resultado agravador). Nesse caso, o agente responderá pelos dois 
crimes, em concurso formal. 
(Bitencourt, 2014, p.486). 
Crime preterdoloso: O crime preterdoloso caracteriza-se quando o agente pratica uma conduta 
dolosa, menos grave, porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido, na 
forma culposa. Ou seja, o sujeito pretendia praticar um assalto, porém, por erro ao manusear a 
arma, acaba atirando e matando a vítima. 
 Crime em concurso formal: ocorre quando o autor da infração, mediante uma única conduta 
ou omissão, pratica dois ou mais delitos, iguais ou não. 
EXCLUDENTES ESPECIAIS DA ILICITUDE 
No art. 128 do CP, expõe: “ Não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio 
de salvar a vida da gestante; se II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de 
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. 
Relembrando que o STF no julgamento da ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio 
fundamental) em 12/04/2012, por maioria de votos, julgou precedente a ação para declarar a 
inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto 
anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II). 
6. Lesão Corporal 
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem; 
33 
 
 
I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito 
A doutrina dominante é plural em afirmar que “o bem jurídico tutelado é a incolumidade humana”, 
ou seja, diretamente a proteção da integridade física, psíquica da pessoa humana, bem como “ a 
normalidade anatômica”. (PRADO, 2014, p.685). 
O professor Luiz Regis Prado avança nesta tese destacando o porquê desta proteção: 
Ao proteger a incolumidade pessoal, atende-se também ao 
interesse social na conservação de cidadãos aptos e eficientes, 
capazes de impulsionar o crescimento da sociedade e do Estado. 
Cumpre notar que no artigo 129, §9°, protege-se ainda o respeito 
devido à pessoa no âmbito familiar. Isso vale dizer: o bem-estar 
pessoal de cada integrante do círculo íntimo de convivência, como 
decorrência do princípio da humanidade, que veda o tratamento 
degradante. (PRADO, 2014, 685). 
Ao tratar o dispositivo legal no art. 129, caput §§1°, 2°, 3° e 6°, do Código Penal pode ser 
qualquer pessoa, desta forma trata-se de delito comum. Cumpre a análise de que a lei não 
penaliza a autolesão, e excetuando-se “quando caracteriza os delitos de fraude para recebimento 
de indenização ou valor de seguro (art. 171, §2°, V, CP) ou da criação ou simulação de 
incapacidade física para furtar-se para incorporação militar. (Art.184, COM). (PRADO, 214, 
p.685). 
 
II – Tipicidade objetiva e subjetiva 
Se faz sumamente necessário a análise da conduta incriminadora que se transmite através de 
ofender “à integridade corporal entende-se toda alteração nociva da estrutura do organismo, seja 
afetando as condições regulares de órgãos e tecidos internos, seja modificando o aspecto externo 
do indivíduo (fraturas, luxações, ferimentos) ”. (PRADO, 2014, 688). 
É importante salientar o “objeto material do crime de lesão corporal é o ser humano vivo”. 
(Idem). Por tanto, golpes desferidos contra um cadáver, mas em crimes acostados no art. 211, CP 
(Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele) ou art.212, CP (Vilipendiar, cadáver ou suas 
cinzas). 
Tratando da subjetividade, “O tipo subjetivo é composto pelo dolo, ou seja, pela consciência e 
vontade de ofender a integridade corporal ou a saúde outrem”. A consumação do crime ocorre 
quando efetivamente a ofensa atinge a integridade corporal ou à saúde de outrem, havendo assim 
delito de resultado. 
34 
 
 
Quanto a tentativa é admissível ao verificar-se que o agente atua com consciência e vontade de 
atingir a incolumidade física ou psíquica. A afirmativa exposta não é o mesmo de se admitir lesão 
culposa (art.129, §6°) e de lesão corporal seguida de morte (art.129, §3°). 
III – Espécies de lesão corporal 
a) Lesão Corporal leve 
 A lesão corporal leve, mais também chamada simples é aquela que não se obtém resultado 
gravoso ou, que não apresenta resultado que a lei classifica como circunstâncias qualificadoras 
nos §§ 1°, 2° e 3° do art. 129, ou seja, pode ser definida “como a ofensa à integridade corporal 
ou a saúde de outrem (art. 129, caput, CP – tipo básico ou fundamental) ”. (PRADO, 2014, p. 
691). Por contraste, todas as hipóteses expostas nas lesões graves e gravíssimas. 
Cumpre dizer que não se deve entender como a lesão insignificante, “incapaz de ofender o bem 
jurídico tutelado”. (PRADO, 2014, p.691). Para que não reste dúvida este delito tratado, a lesão 
“os danos à incolumidade física, ou psíquica”, sendo apenas estas para o exaurimento do tipo 
penal. 
b) Lesão Corporal grave 
Este tipo penal apresenta por sua vez a natureza grave (lato sensu), e estão arroladas nos §§ 
1° e 2°, do art. 129. O professor os chamam “tipos penais derivados (qualificados), nos quais 
é conferido maior relevo ao desvalor do resultado (lesão ou perigo concreto de lesão ao bem 
jurídico protegido). As consequências mais gravosas elencadas no mencionando dispositivo são 
imputadas ao agente a título de dolo e culpa”. (Prado, 2014, p. 691). 
Para haver a caracterizada pela doutrina e legislador há situações que devem ser geradas 
como forma de comprovação da gravidade: 
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias (inciso I): Estas 
incapacidades são aquelas rotineiras desenvolvidas pelo indivíduo em sua vida normal, de 
trabalho, estudo, passeio, e tudoo mais que possa se encaixar em seus afazeres. Enfim, o que 
se depreende do texto legal é que se houver uma incapacidade que impeça a vítima de dar 
prosseguimento a sua vida de forma natural, sem limitações, seja física ou psíquica estabelece 
o tipo penal de lesão corporal grave. 
II – Perigo de vida (inciso II) – para que esta condição alcance seu apogeu é necessário 
que haja concretude e iminência de um resultado letal. Não é aceito probabilidade ou 
prognóstico presumida e eventual, o perigo tem que ser real, efetivo, apresentando “sinais 
indiscutíveis de grandes proporções sobre a vida orgânica”. (PRADO, 2014, p.693). Nas 
palavras da doutrina: 
O perigo de vida deve ser atestado por laudo pericial, 
devidamente fundamentado. Demais disso, cabe ao perito 
35 
 
 
demonstrar que a lesão provocada deu lugar a perigo – 
ainda que breve – para a vida da vítima. (PRADO, 2014, p. 
693). 
III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função (inciso III) - Quando 
se trata de debilidade se aponta o enfraquecimento, até a possível redução, assim trata Luiz 
Regis Prado. 
 a diminuição da capacidade funcional. Membros são os 
quatro apêndices do tronco, abrangendo os membros 
superiores (braço, antebraço, mão) e os inferiores (coxa, 
perna, pé). Sentidos são as faculdades perceptivas do 
mundo exterior (olfato, audição, visão, tato e paladar). 
Função é a atuação específica ou própria desempenhada por 
cada órgão, aparelho ou sistema (função digestiva, 
respiratória, secretora, reprodutora, circulatória, 
locomotora, sensitiva). (PRADO, 2014, p.693). 
 Além de tudo o já descrito importa que a debilidade seja permanente, o que não implica 
perpetuidade. A redução deve ser duradoura, permanente e persistente, não tendo condições de 
proporcionar previamente quando terá fim. Com este quadro formado fica evidente que se trata 
de uma lesão gravíssima e com proporções a longo prazo (ou melhor ainda, sem prazo). 
IV – Aborto (inciso V) – conforme já tratado aborto é a morte imposta ao feto, estando a 
mulher em período gestacional, de forma forçosa se expele o embrião através de medicação ou 
instrumentação própria para expeli-lo. 
A lesão corporal é dolosa, e o resultado que agrava 
especialmente a pena (aborto) deve ser imputado ao agente 
a título de culpa. Todavia, se a vontade do agente se dirige 
a realização do resultado (morte do produto da concepção) 
como consequência direta de sua ação (dolo direto), ou 
considera como possível ou provável o seu advento, 
assumindo o risco de sua produção (dolo eventual), 
responde pelo delito de aborto (art. 125, CP), em concurso 
formal com a lesão à incolumidade da mulher grávida. 
(PRADO, 2014, p.696). 
Se torna necessário fazer a distinção entre o artigo 129, §2°, V, do exposto do artigo 127, do 
Código Penal. Na questão da lesão, o objetivo é causar lesão não o aborto que passa a ser 
consequência da lesão praticada, enquanto no art.127, do CP o objetivo é o aborto que acaba por 
gerar lesão. “É preciso que o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima. Se ignorava tal 
estado – sendo sua ignorância escusável – exclui-se a qualificadora”. (Prado, 2014, 696). 
V – Lesão Corporal seguida de morte 
36 
 
 
No art.129, § 3°, do CP ao se postar sobre a lesão corporal seguida de morte, se pode notar que 
não era este o resultado desejado pelo que pratica a lesão corporal, não queria este resultado e 
nem tampouco assumiu o risco. “Trata-se de lesão corporal qualificada pelo resultado (morte), 
que opera como condição de maior punibilidade, estabelecendo a lei uma agravação de pena para 
o resultado mais grave causado no mínimo por culpa”. (PRADO, 2014, p.696). 
Assumindo as palavras do professor Luiz Regis “Conclui-se, portanto, que a lesão corporal seguida 
de morte é um misto de dolo e culpa: conjuga o dolo no antecedente (lesão corporal) e a culpa no 
consequente (morte) ”. (PRADO, 2014, p. 696). 
VI – Lesão Corporal Culposa 
Prevista no art.129, §6°, CP. Estando contemplada no diploma legal para destilar o dolo das 
condutas que são dolosas e, portanto, mais sérias e contundentes, uma boa forma de verificar 
isso é apresentar as formas como se apresentam as lesões culposas: Leves, graves e gravíssimas. 
É significativo que “da lesão advinda da inobservância do cuidado exigível na vida de relação 
social resulta, por exemplo debilidade permanente de membro [...]deve o magistrado avaliar a 
magnitude da ofensa produzida quando da aplicação concreta da pena”. (PRADO, 2014, 697). 
Cumpre salientar que “a lesão corporal culposa relacionada à direção de veículo automotor 
encontra previsão explicita no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997). Com efeito no artigo 
303 do referido diploma tipifica a conduta de „praticar lesão culposa na direção de veículo 
automotor‟”. ((PRADO, 2014, p. 697). 
VII – Causa de diminuição de pena 
O Direito Penal deve ser cioso no trato dos tipos estabelecidos para não gerar quebra dos 
princípios formadores do bastião de seus deveres. Por tanto, entender e examinar individualmente 
os casos que se apresentam, buscando extrair o que deu causa ao crime se faz pungente. 
No caso em tela, o caso de diminuição de pena se aplica quando “por motivo de relevante valor 
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço” (Art. 129, §4° CP). Trata-se de causa 
especial de diminuição de pena que determina a redução desta em virtude de menor 
reprovabilidade pessoal da conduta típica e antijurídica”. (PRADO, 2014, p.703). 
Nesta esteira pode se afirmar que a lesão corporal leve, alcança ser substituída pela pena de 
multa, ocorrendo qualquer umas das hipóteses do art. 129, §4°. 
VIII – Causas de aumento da pena 
No diploma legal em seu art. 129, §7° apresenta a pena aumentada de 1/3 se ocorrer o previsto 
no art. 121, §§ 4° e 6°, DP. Há uma nova redação que faz jus se valer do doutrinador Luiz Regis 
Prado: 
37 
 
 
Logo, no que se refere à primeira parte, se a lesão decorrer de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, e deixa 
o agente de prestar imediato socorro à vítima ou não procura 
diminuir as circunstâncias do seu ato, ou, por fim, se foge para 
evitar da prisão em flagrante, sobre a pena cominada para a lesão 
corporal culposa (detenção, de dois meses a um ano) incide o 
acréscimo decorrente da presença da causa especial de aumento 
de pena. (PRADO, 2014, p. 704). 
Quando a lesão corporal for dolosa (art.129, caput e §§ 1°, 2° e 3°, CP, a pena será aumentada 
de 1/3 e, nesta mesma linha o crime for contra menor de 14 anos ou pessoa com idade superior a 
60 anos. (Art. 129, §7°). 
 
IX – Perdão Judicial 
A lei 8.069/1990 – prevê hipótese de perdão judicial, com base no art. 129, §8°, esta previsão é 
encontrada nos arts 107, IX e 120, CP), quando a lesão for culposa, podendo promover a extinção 
da punibilidade, cumpre lembrar que se o agente que provoca a lesão corporal em outra pessoa, 
for atingido de forma tão grave ou pior, a sanção penal é de toda desnecessária. 
7. Abandono de Incapaz 
Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, 
porque qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. 
 I – Bem Jurídico protegido e sujeito do delito 
A tutela recaí sobre a vida e saúde da pessoa humana, de forma particular daqueles que não 
podem se defender e o perigo se torne iminente, devido à falta de cuidado é sobressaia a 
necessidade do dever de guarda, assistência e proteção. A lei procura proteger os indivíduos 
considerados incapazes, e que não possua condições de se protegerem por si só. 
Sujeito ativo – é somente aquele que possua uma especial relação de assistência com a vítima, 
ou que esteja cuidando, ou com a guarda, vigilância ou imediata autoridade (delito especial 
próprio). 
Sujeito passivo -é aquele que está sob a guarda, ainda que provisória, não se limitando o 
legislador a figura do infante, trazendo todos aqueles que figurem como incapazes de serem 
resguardados dos perigos e riscos possíveis do seu abandono. O doutrinador Luiz Regis Prado 
aponta um quadro de quem pode se enquadrar (ébrio, paralítico, cego e enfermo, etc.). (PRADO, 
2014, p.723). Urge lembrar que pessoas consideradas capazes, mas que por circunstâncias 
encontre-se temporariamente incapazes de assumirem sua vida sozinho, sem ajuda de outrem, 
mesmo que provisoriamente se encontram como incapazes. 
38 
 
 
II - Tipo objetivo e subjetivo 
Como tipo objetivo trata de conduta ela passa a ser típica quando ocorre o abandono do incapaz, 
possibilitando serem exposto a perigo concreto. Cumpre entender que para consolidação do 
abandono é necessário o afastamento físico, proporcionando perigo iminente. 
O legislador ao tipificar esta conduta procura dispensa destila a ideia de cuidado, guarda, 
vigilância ou autoridade, conferindo ao incapaz todo cuidado possível e assistência necessária não 
dando espaço para ocorrência de perigo. 
O tipo subjetivo se caracteriza pelo dolo, isto é, “pela consciência e vontade do agente de expor a 
perigo concreto a vida ou saúde do sujeito passivo através do abandono”. (PRADO, 2014, p.275). 
Consuma-se o crime através da efetividade de abandono, uma vez havendo perigo concreto. Não 
há uma medida de tempo determinada pela lei, sendo importante para caracterização um perigo 
iminente. Lembrando que o crime é classificado como instantâneo, sendo necessário a situação de 
perigo que não transcorre com o tempo, mas sim de sua concretude e existência. 
III – Formas qualificadas 
Uma vez gerado o abandono houver resultante de lesão corporal de natureza grave, “são elevadas 
as margens penais”. (PRADO, 2014, p.726). (Art.133, §§ 1°e 2°, CP). Se faz propício a indicação 
do que a doutrina efetivamente trata do tema: 
Configura-se, aqui, delito qualificado pelo resultado, que deve ser 
imputado ao agente a título de culpa (art.19, CP). Caso tenha 
atuado com consciência e vontade de ofender a integridade física 
ou a saúde da vítima, ou produzir a sua morte (dolo), servindo-se 
do abandono como meio para alcançar tais resultados, responde o 
sujeito por lesão corporal grave (art. 129, §§ 1° e 2°, CP) ou 
homicídio (Art.121, CP). (PRADO, 2014, p.726). 
A legislação apresenta de forma inequívoca apresenta através dos artigos expostos como ocorre a 
forma qualificada. 
IV – Causas de aumento de pena 
Extraindo do tipo básico (Art. 133, caput, CP) e as derivações (Art. 133, §§ 1°,2° e 3°, CP), o 
aumento ocorre em um 1/3. 
8. Exposição ou abandono de recém-nascido (Art.134) 
9. Omissão de Socorro 
39 
 
 
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desemparo ou 
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública; 
I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito 
Resguarda-se a vida e saúde da pessoa humana. É inegável a exclusividade a incolumidade física 
de pessoa que necessitam de amparo, por estarem sem condições sozinhas de sair da situação de 
perigo, ou de acidente. Este bem jurídico amparado é indisponível. 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa sem restrição (delito comum), há apenas uma 
exigência no caso em tela é que o sujeito ativo esteja próximo, podendo prestar socorro. 
Sujeito passivo – criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, 
ou qualquer pessoa em grave e iminente perigo. (PRADO, 2014, p.736). 
Crimes omissivos próprios – Os crimes omissivos próprios ou puros consistem numa 
desobediência a norma mandamental, norma esta que determina a prática de uma conduta que 
não é realizada. Há, portanto, a omissão de um dever de agir imposto normativamente. 
(BITENCOURT, 2014, p.544). 
Tipo subjetivo: adequação típica – O elemento subjetivo deste crime é o dolo (de perigo), 
representado pela vontade de omitir com a consciência do perigo, isto é, o dolo deve 
abranger a consciência da concreta situação de perigo em que a vítima se encontra. O dolo poderá 
ser eventual, por exemplo, quando o agente, com sua conduta omissiva, assume o risco de 
manter de manter o estado de perigo preexistente. (BITENCOURT, 2014, p.548). 
Classificação doutrinária – A omissão de socorro é crime omisso próprio e instantâneo, crime 
de perigo, crime comum. (BITENCOURT, 2014, p.134, 135). 
OBSERVAÇÃO: Não há forma de omissão culposa. O erro quanto à existência do perigo exclui o 
dolo. No entanto, sobrevindo dano (lesão corporal ou morte), o agente responderá pelo crime 
culposo (Art. 20 e § 1°). 
10. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (135 – A) – Exigir 
cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de 
formulários administrativos, como condição para atendimento médico-hospitalar emergencial: 
11. Maus-tratos 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, 
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou 
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de 
meios de correção ou disciplina: 
40 
 
 
12. Da rixa 
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
I – Bem jurídico tutelado – A incolumidade da pessoa humana, acrescendo que a simples 
participação da rixa já opera punição. 
Sujeitos dos crimes – “Os participantes da rixa são ao mesmo tempo sujeitos ativos e passivos 
uns em relação aos outros: rixa é crime plurissubjetivo (Delito cuja definição exige a participação 
de mais de uma pessoa na prática da ação típica. O mesmo que crime de concurso necessário. 
Não se confunde com a coautoria) recíproco, que exige a participação de, no mínimo, três 
contendores no Direito pátrio, ainda que alguns sejam menores”. (BITENCOURT, 2014, 
p.137) (acréscimos nosso) 
Tipo objetivo: adequação típica – “Rixa é uma briga entre mais de duas pessoas, 
acompanhada de vias de fato ou violência reciprocas. Para caracterizá-la é insuficiente a 
participação de dois contendores. ” [...] (BITENCOURT, 2014, p.137). Salta ao texto a importância 
de: haver vias de fato, haver mais do que dois contendores, e que haja generalização entre todos, 
ou seja, todos brigando contra todos. 
Classificação doutrinária – crime de concurso necessário, crime instantâneo, crime 
Plurissubsistente, crime comissivo, doloso, não havendo possibilidade de modalidade culposa, por 
só haver condições da prática por meio de ação ativa. 
Figuras qualificadas – Havendo lesão corporal de natureza grave ou resultando em morte, se 
estabelece a qualificação do delito rixa. 
13. Calúnia 
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. 
Bem jurídico protegido 
É a honra objetiva, aquela que atinge o conceito do que as pessoas de convívio pensam ou a 
imagem que criaram do caluniado, atingindo “seus atributos morais, éticos, culturais, intelectuais, 
físicos ou profissionais. É, é em outros termos, o sentimento do outro que incide sobre as nossas 
qualidades ou nossos atributos”. (BITENCOURT, 2014, p. 567). 
Definição de honra 
“Honra é valor imaterial, insuscetível de apreciação, valoração ou mensuração de qualquer 
natureza, inerente à própria dignidade e personalidade humana”. (BITENCOURT, 2014, p.567). 
41 
 
 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa “imputável”. Excetuando-se pessoa jurídica “por faltar-
lhe capacidade penal, não pode ser sujeito ativo dos crimes contra a honra. ” (BITENCOURT, 
2014, p. 568). 
Sujeito passivo – no aspecto mais amplo qualquer pessoa pode ser sujeito passivo. 
Tipo objetivo – Calúnia é imputação falsa de fato tipificado como crime a alguém. 
Falsidade de imputação– É de suma importância que se atribui a alguém seja falsa, não sendo 
verdade. E a acusação tem que figurar na tipificação do Código Penal, e tão necessário quanto que 
a calúnia seja conhecida por terceiros. Caso contrário a tipicidade não tem azo. 
Consumação – Ocorre quando a calúnia chega ao conhecimento de terceira pessoa. É impossível 
a tentativa. 
Classificação doutrinária – Crime formal, crime comum, crime instantâneo, crime comissivo, 
crime unissubsistente (via oral), [delito que se consuma em um ato só] e crime plurissubsistente 
(por escrito), [é o constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta]. 
Exceção da verdade – significa haver possibilidade do sujeito ativo ter a possibilidade de provar 
o fato imputado. (Art.141, § 3°, do CP), como o próprio tipo aponta a falsidade da calúnia como 
elemento indispensável para que o crime seja exaurido. 
Calúnia contra Presidente da República – se faz sumamente necessário registrar que calúnia 
contra o Presidente da República motivada pela política se perfaz em crime contra a Segurança 
Nacional (Art. 2°, c/c com o art. 26 da lei 7.170/12/1983), não havendo motivação política, o 
crime será comum. 
Calúnia e denunciação caluniosa – Se uma pessoa se dirige a delegacia e anuncia um crime 
indicado a pessoa que o praticou, e se investigar e perceber tratar-se de uma calúnia, trata-se de 
Denunciação Caluniosa, que é de ação penal pública, ou seja, cabe ao Estado o responsável em 
fazer o que denunciou falsamente responder pela denunciação caluniosa. 
Crime de calúnia e exercício da advocacia: incompatibilidade - “Art. 7º São direitos do 
advogado: § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou 
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou 
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. 
(Vide ADIN 1.127-8) ”. Porém cumpre lembrar que dos Crimes contra honra, não foi objeto deste 
artigo a Calúnia. 
 Excluem-se da imunidade profissional as ofensas que possam 
configurar crime de calúnia (…). A tanto não poderia chegar a 
inviolabilidade, sob pena de esmaecer sua justificação ética, 
legalizando os excessos, que, mesmo em situações de tensão, o 
advogado nunca deve atingir. Nestes casos, responde não apenas 
42 
 
 
disciplinarmente, mas também no plano criminal. Contudo, 
mesmo na hipótese de calúnia, é admissível a exceptio veritas. 
[Lobo, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 4ª 
ed. 2007. Saraiva. pg. 63] 
 
 
Segundo o Estatuto da OAB a calúnia proferida por advogado, que não possa ser provada fica 
considerada crime e deve ser tratada como tal. Esta é uma exceção a liberdade do advogado 
tanto na defesa escrita como defesa oral. 
RETRATAÇÃO 
O crime de calúnia aceita, admite retratação, antes da sentença (Art. 143). Sendo claro o que se 
considera como retratação: “Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que se disse. Não se 
confunde com negação do fato, pois retratação pressupõe o reconhecimento de uma afirmação 
confessadamente errada, inverídica. A retratação é causa extintiva de punibilidade (Art. 107, VI). 
14. Difamação 
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Bem jurídico tutelado 
O bem protegido é a honra, a reputação. “A tutela da honra, como bem jurídico autônomo, não é 
um interesse exclusivo do indivíduo, mas da própria objetividade, que se interessa pela 
preservação desse atributo, além de outros bens jurídicos, indispensáveis para a boa convivência 
harmônica em sociedade”. (BITENCOURT, 2014, p.579). 
Sujeitos ativos e passivos - pode ser tanto qualquer pessoa nos dois sujeitos. 
Tipo Objetivo – Difamar é imputar a uma pessoa fato ofensivo à sua reputação. Em oposição ao 
delito de calúnia o fato imputado, não precisa ser falso e nem tampouco, ser definido como crime. 
Tipo subjetivo – A subjetividade deste delito reside no dolo de dano, “ que se constitui na 
vontade consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato desonroso; é 
irrelevante tratar-se de fato falso ou verdadeiro. [...] O dolo pode ser direto ou eventual”. 
(BITENCOURT, 2014, p. 581). 
Consumação – ao atingir o conhecimento de outras pessoas o crime está estabelecido. 
Classificação doutrinária – Crime comum, crime formal, crime instantâneo, crime comissivo, 
crime unissubsistente (via oral), crime plurissubsistente. 
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Retratação – antes da sentença, admite retratação (Art. 143, CP). 
15. Injúria 
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
Bem jurídico tutelado 
Trata-se de crime contra honra, havendo diferença que esta honra é a subjetiva. 
Injúria Real – “ A injúria real, definida no § 2°, do Art. 140, é um dos chamados crimes 
complexos, reunindo sob sua proteção dois bens jurídicos distintos: e a integridade ou 
incolumidade física de alguém. ” (BITENCOURT, 2014, p.140). 
Tipo objetivo – O injuriar é ofender a dignidade ou o decoro da pessoa humana. 
Tipo subjetivo – é o dolo de dano, instituindo, constituído pela vontade livre e consciente de 
injuriar. 
Injúria preconceituosa – é determinante que a injúria seja motiva pela raça, cor, etnia, religião 
ou origem. 
Consumação – atinge a consumação quando chega ao conhecimento do ofendido. 
Classificação doutrinária – crime comum, crime formal, crime instantâneo, crime comissivo. 
Perdão judicial – é o meio adequado que legalmente possibilita o juiz deixar aplicar pena diante 
da existência “na legislação especial”. (BITENCOURT, 2014, p.591). 
16. Constrangimento ilegal 
Art. 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver 
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, 
ou fazer o que ela não manda: 
Bem jurídico protegido e sujeitos do delito 
A proteção é tanto a liberdade individual, bem como a liberdade de pensar livremente, ou como 
expõe Prado, “cuida-se da liberdade psíquica”. 
Sujeito ativo – qualquer pessoa pode praticar este delito, havendo senão a funcionário público 
(Art. 327, CP), que emprega violência ou grave ameaça no exercício de suas funções, configura-se 
o delito de violência arbitrária (Art. 322, CP). (Prado, 2014, p. 798). 
Sujeito passivo – pode ser qualquer pessoa física. 
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Tipo objetivo – Constranger (forçar, compelir, obrigar, coagir), considerando que para se 
efetivar o delito é importante destacar o alcance de fazer “ alguém a não fazer o que a lei permite, 
ou a fazer o que ela não manda. 
Tipo subjetivo – há composição do dolo, há por assim dizer consciência e a vontade de 
constranger a vítima, “ através da violência física ou moral, para dela obter a conduta pretendida. 
Exige-se a consciência da ilegitimidade da pretensão. São irrelevantes os motivos determinantes e 
o fim visado, salvo se capazes de excluir a ilicitude do constrangimento”. (PRADO, 2014, p. 
800,801). 
Consumação – havendo a efetiva realização, pelo constrangido da conduta visada pelo agente. E 
um dado importante: “se na cobrança de dívidas é utilizada ameaça, coação, constrangimento 
físico ou moral ou qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a 
ridículo ou interfira em seu trabalho, descanso ou lazer, há o delito do art. 71 do CDC”. (PRADO, 
2014, p. 801). 
Causa de aumento de pena – “O § 1° do art. 146 determina a aplicação cumulativa e em dobro 
das penas previstas [...] – quando para execução do crime: a) se reúnem mais de três pessoas, 
ou; b) há emprego de arma. 
“A lei 10.826/2003 simplesmente veda a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de 
brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas possam se confundir (Art. 26 
da lei citada), mas não estabeleceu nenhuma punição para tal conduta, em evidente falta de 
técnica legislativa”. (PRADO, 2014, p.803). 
Exclusão

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