Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Gestão de Estoques Gestão dos Estoques nas Empresas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. José Joaquim do Nascimento Revisão Técnica: Prof. Dr. Antonio Carlos da F. Bragança Pinheiro Prof. Me. Maick Roberto Lopes Revisão Textual: Profa. Ms. Rosemary Toffoli 5 • Introdução • A Gestão de Estoque é uma Atividade da Logística? • Temas importantes estudados em Gestão dos Estoques O tema central desta disciplina é o ESTOQUE. O estoque faz parte das atividades logísticas da organização, sendo importante a sua gestão e seu controle para, além de disponibilizar o produto no momento adequado ao cliente, também auxiliar as empresas na redução de custos. Ao final do nosso estudo, você estará apto a responder as questões a seguir: • Por que existe estoque nas empresas? • O que chamamos de política de estoque? • Modalidades tradicionais de controle dos estoques? Trata-se dos primeiros passos para compreender este tema que é visto como o elemento que equi- libra, balanceia o volume de materiais e/ou mercadorias dentro das empresas. É um regulador da atividade econômica e, portanto, elemento primordial para sinalizar o grau de eficiência e produtivi- dade de uma empresa. Veja as indicações de links, atividades e interação, como elementos fundamentais para seu de- senvolvimento. · Identificar a atividade de gestão do estoque em uma atividade maior que é a gestão de materiais · Identificar as atividades de gestão de estoque na área de logística · Identificar os temas importantes da gestão de estoques nas empresas. Gestão dos Estoques nas Empresas • Política de Gestão dos Estoques • Retorno do Capital de Giro do Estoque • Rotatividade ou Giro dos Estoques 6 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Contextualização Diante da globalização e da concorrência entre as empresas no setor econômico, a busca por formas de gestão integrada, com vistas a melhorar as condições de competitividade nos mercados vem tornando a gestão dos estoques um tema de destaque, uma atividade estratégica, responsável pelo equilíbrio entre o volume de capital aplicado e o volume de produtos necessários para atender às necessidades das empresas, ou seja, do sincronismo perfeito entre as necessidade de aquisição e atendimento aos clientes externos. De grande importância, o nível de estoque traduz ou pode até explicar a produtividade dos recursos e, consequentemente o nível de lucratividade da organização. Assim sendo, questões como: QUANDO? QUANTO? e COMO COMPRAR? passaram a ser cruciais para evitar investi- mento de capital de giro desnecessário e definir a política de estoque da empresa. Explore Vamos lá, sente-se confortavelmente e aproveite para assistir ao vídeo no link: https://youtu.be/ ZtQOLMh_0Ak. Busque verificar se entende onde se encontra nossa discussão. 7 Introdução O Estoque na Administração de Materiais A administração de materiais existe desde a mais remota época, através das trocas de caças e de utensílios até chegarmos aos dias de hoje, passando pela Revolução Industrial. Produzir, ESTOCAR, trocar objetos e mercadorias é algo tão antigo quanto a existência do ser humano (VIANA, 2002). Ainda, para Viana (2002), podemos dizer que a Revolução Industrial, que aconteceu em meados dos séc. XVIII e XIX, mudou radicalmente a lógica da empresa produzir, estocar e comercializar mercadorias. A Revolução gerou um modo de produção centrado nas fábricas e acirrou a concorrência de mercado sofisticando as operações de comercialização dos produtos, fazendo com que “compras” e “ESTOQUES” ganhassem maior importância (SLACK et al., 2009; NOVAES, 2007). Este período foi marcado por modificações profundas nos métodos e sistemas de fabricação nas empresas, alterando o sentido da estocagem de produtos e materiais. De forma simples podemos dizer que a Administração de Materiais visa à garantia de existência contínua de um estoque organizado, de modo que nunca falte nenhum produto ou mercadoria que comprometa a atividade de uma empresa, sem tornar excessivo o investimento total aplicado neles (WANKE, 2011). O Controle dos Estoques na Administração de Materiais Na gestão de Materiais ou Administração de Materiais, conforme Wanke (2011), existem várias atividades, porém uma de grande importância é a de Controle de Estoque. Veja a imagem da figura 1 em que o estoque está dentro das atividades de administração de materiais. Figura 1 – Atividades de Planejamento das Necessidades de Materiais. 8 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Autores como Novaes (2007) consideram que o controle dos estoques como atividade nas empresas é um subsistema da administração de materiais responsável pela gestão econômica dos estoques, através do planejamento e da programação de material, compreendendo a análise, a previsão, o controle e o ressuprimento de material. Em trabalhos como o de Martins e Alt (2002) sobre administração de materiais é claro o argumento de que o estoque é necessário para que o processo de produção-venda da empresa opere com um número mínimo de preocupações e desníveis. Os estoques podem ser de: matéria-prima, produtos em fabricação e produtos acabados. O setor de controle de estoque acompanha e controla o nível de estoque e o investimento financeiro envolvido. Para Martins e Alt (2002), um dos principais objetivos da área que administra os recursos materiais numa empresa é conseguir um Alto Giro de Estoques, pois isto implica em melhor utilização do capital, aumentando o retorno sobre os investimentos e reduzindo o valor do capital de giro, assim como um Baixo Custo de Aquisição e Posse de produtos ou mercadorias. É claro que o retorno depende fundamentalmente da boa gestão dos controles dos estoques, entre outras atividade, como armazenamento e compras. A Gestão de Estoque é uma Atividade da Logística? Sim, autores como Dias (2009) e Corrêa (2010), dizem que a gestão dos estoques está dentro da área de Administração de Materiais. Para estes autores, a Logística empresarial pode ser dividida em duas áreas, sendo elas: Administração de Materiais e Distribuição Física. A área de administração de materiais compreende o agrupamento de materiais de várias origens e a coordenação dessa atividade com a demanda de produtos ou serviços da empresa. A Distribuição Física trata da movimentação dos produtos acabados ou semiacabados de uma unidade fabril para outra, ou da empresa para seu cliente, que constitui o transporte eficiente e eficaz, englobando a armazenagem, gestão de estoques, processamento de pedidos dentre outras atividades, como salienta, Corrêa (2010). Estas atividades se constituem como atividades logísticas. A figura 2 mostra estas atividades, bem como a relação entre elas. 9 Figura 2 – Fluxograma da Cadeia de Abastecimento. Fonte: CORRÊA (2010) A Gestão dos Estoques como Atividade da Logística Ideias Chave Até este momento, vimos a gestão dos estoques como áreas da logística empresarial. Para melhorar e simplificar o entendimento, basta entendermos que: Gerir estoques ou administrar estoques é, simplesmente, o ato de gerir: recursos materiais, (NOVAES, 2007; DIAS, 2009). Como os recursos são possuidores de valor econômico e destinado ao suprimento das necessidades futuras de material, numa empresa, é necessário alguma lógica para isto: daí a logística. Por fim, a gestão deve estar relacionada à tomada de decisões sobre os materiais, (se for uma indústria) ou sobre as mercadorias (se for uma empresa comercial) que deve ser mantida em almoxarifado e no armazém, respectivamente. 10 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Trocando Ideias Você sabia que o estoque também é considerado um investimento nas organizações? Além de máquinase equipamentos produtivos, os estoques são considerados investimentos, pois representam recursos guardados para posterior uso e um consequente retorno. Vamos avançar um pouco! Será que todos investimentos feitos por uma empresa estão gerando lucros? Passe a considerar que há alguns investimentos gerados pelos gestores que, aparentemente, não produzem lucros. Entre estes estão os gastos de recursos (capital) destinados a cobrir fatores de risco em circunstâncias imprevisíveis e de solução imediata. É o caso dos investimentos em estoque (VIANA, 2002). Mas se os investimentos em estoques não geram lucros, por que alguém o faria em uma atividade empresarial qualquer? Para responder a esta questão, caro(a) aluno(a), vamos avaliar dois motivos básicos: I - A falta de materiais para produção - Não ter materiais (matéria-Prima) para a pro- dução das mercadorias, pode levar a paralisação das atividades fabris (VIANA, 2002). II – Disponibilidade de Mercadorias - Nos pontos de venda, a mercadoria deve estar disponível, caso contrário, há o não atendimento aos clientes É importante verificarmos que, quando uma empresa aplica seu capital em inventário, ou seja, em mercadorias estocadas, esta empresa está se privando em aplicar este capital em investimentos no mercado financeiro, por exemplo, o que pode gerar o chamado custo de oportunidade, que será visto adiante. Pense Então, o que deve ser feito para que não haja nem falta de materiais internamente, para atender à fabricação, e nem nos pontos de vendas? Veja que há um dilema por parte dos gestores. A empresa não pode ficar sem estoques de materiais e nem de mercadorias acabadas, mas também não deve deixar dinheiro em estoque ocioso sem gerar nenhum retorno (DIAS, 2009). 11 Neste contexto, uma boa gestão dos estoques é fundamental para minimizar este problema. Esta boa gestão deve levar em consideração maneiras para prover o equilíbrio entre o nível dos estoques e a demanda, seja ela interna ou externa. Portanto, o principal desafio do gestor dos estoques, é atuar para equilibrar as duas forças (disponibilidade em estoque e demanda), de modo que não haja estoque em excesso e nem falta de mercadorias (WANKE, 2011). A Relação dos Estoques com outras Áreas da Empresa Para Pozo (2007), os estoques, embora representem materiais ou mercadorias guardadas e, temporariamente, sem gerar retornos, eles são importantes porque, em geral, interferem nas decisões de uma série de elementos dentro da empresa, não só dos gestores de operações, mas também do: • Gestor Financeiro, pois este, sendo responsável pelo controle eficiente das finanças, preocupa-se com a quantidade de recursos financeiros que os estoques “empatam” e seus correspondentes custos; • Gestor Comercial, pois este sendo responsável pela comercialização, preocupa-se com o prejuízo no atendimento aos clientes que uma possível indisponibilidade de produtos acabados pode acarretar; • Gestor de Produção, pois este, sendo responsável pela produção, preocupa-se com a onerosa ociosidade da fábrica, que uma possível falta de matéria-prima pode acarretar. Todos os gestores de empresas sabem que as operações produtivas com altos níveis de estoque nem sempre asseguram altos níveis de atendimento aos seus clientes, como salienta Slack e outros (2009). É possível que isso ocorra se os itens corretos não estiverem sendo mantidos em estoques nas quantidades corretas. O estoque existe e sempre existirá porque existe uma diferença de ritmo da produção e da demanda das mercadorias produzidas, é o que diz Novaes (2007). Isto implica que várias pessoas que tomam decisões dentro da empresa não podem ser prejudicadas porque faltam materiais para produzir as mercadorias ou porque não estão disponíveis para serem entregues aos clientes. Logo, se o fornecimento de qualquer item ocorresse exatamente quando fosse demandado, o item nunca seria estocado. Veja o fluxo da figura 3. Figura 3 – Esquema de entrada e saída de mercadorias passando pelo estoque 12 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Se o processo de entrada de materiais ou mercadorias em uma organização produtiva tivesse a mesma velocidade do processo de saída, então, não ficaria nada parado no estoque, como mostra a figura. Mas este sincronismo não é possível, pelo menos, até os dias atuais. Por tal motivo, as empresas têm estoques, e de diversos tipos (WANKE, 2011). Tipos de Estoques Existem diferentes tipos de estoques, cada um deles com a sua importância para a organização. Conforme Correa et al (2015), são eles: • Estoques de matérias-primas - Existem para regular diferentes taxas de suprimento – pelo fornecedor – e demanda – pelo processo de transformaç ã o. • Estoque de Material Semi-acabado - Sua existência é para regular possí veis dife- rentes taxas de produç ã o entre dois equipamentos subsequentes, seja por questõ es de especificaç ã o (os equipamentos tê m velocidades diferentes) ou por questõ es temporá rias (um deles pode ter sofrido quebra). • Estoques de Produtos Acabados - Existem para regular diferenç as entre as taxas de produç ã o do processo produtivo (suprimento) e de demanda do mercado. Essas diferenç as podem decorrer de decisõ es gerenciais (pode ter sido decidido que as taxas de produç ã o do processo produtivo seriam mantidas está veis mas a taxa de demanda do mercado é variá vel e diferente) ou por ocorrê ncias inesperadas, que chamamos de incertezas do processo ou da demanda – por exemplo, um equipamento pode ter sofrido quebra, afetando negativamente a taxa de produç ã o por um perí odo durante o qual a demanda continua a requerer produtos. Então, há vários tipos de estoques e todos representam recursos importantes para empresa que poderiam ser alocados para outras finalidades, mas precisam existir, como explica Fleury e outros (2000). É aí que se estabelece o tema gestão de estoque como área da logística de grande relevância. O estudo mais sistematizado do significado do estoque para as empresas e as questões que sugerem meios para se estabelecer um equilíbrio serão comentadas de forma básica a seguir. Temas importantes estudados em Gestão de Estoques Vamos tecer os primeiros comentários e não aprofundarmos a análise apresentando exemplos, visto que serão unidades específicas a serem estudadas nesta disciplina. Veja as atividades a partir da figura 4 que integram as atividades da gestão de estoque e em seguida uma descrição rápida. 13 Figura 4 – Fluxograma de Gestão de Estoques e suas atividades I- Os Custos de Manutenção dos Estoques: É importante considerar que, ao buscarmos manter materiais ou mercadorias prontas no estoque, temos de incorrer em custos para mantê-los. O gestor de estoque avalia os custos de manutenção, ou seja, de armazenagem. Há custos fixos e variáveis de modo que devem ser controlados para não comprometerem os resultados finais (lucro) do negócio. Neste quesito será analisado o Lote Econômico de Compra como uma técnica de gerenciamento que minimiza o investimento em estoque ao se determinar o lote ideal de aquisição de mercadorias (WANKE, 2011). II- A Previsão de Demanda e a Gestão de Estoques: A previsão de consumo ou demanda estabelece estimativas futuras dos produtos acabados comercializados pela empresa. Define, portanto, quais produtos, quanto desses produtos e quando serão comprados pelos clientes. As características básicas da previsão de estoques são o ponto de partida de todo planejamento de estoques. Esta unidade se destina ao conhecimento das informações básicas, que permitem decidir quais serão as dimensões e a distribuição no tempo da demanda dos produtos acabados que determinam necessidades de aquisições, compras. Estas podem ser classificadas em duas categorias: quantitativas e qualitativas (BOWERSOX & CLOSS, 2004). III – Sistemas de Controledos Níveis de Estoques: diz respeito a um conjunto de indicadores que sugerem os níveis de estoques na empresa e parâmetros para novas aquisições que otimizem o capital investido em inventário. Exemplo: Sistema de Duas Gavetas: Esse sistema é o mais simples para controlar os estoques. Pela sua simplicidade é recomendável a utilização para, partes e/ou as peças que possuam menor valor agregado. 14 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Sistema de Máximos e Mínimos: Este sistema determina os níveis de estoque a partir de parâmetros como: consumo previsto, período de consumo, o ponto de ponto de pedido, e as quantidades mínimas e máximas a serem estocadas. Por estes parâmetros se determinam os níveis de estoques. Sistema das Revisões Periódicas: Por esse sistema o material é reposto, periodica- mente, em ciclos de tempo iguais, chamados de período de revisão. A quantidade pe- dida será a necessidade da demanda do próximo período. Considera-se, também, um estoque mínimo ou de segurança, que deve ser dimensionado de forma que previna o consumo acima do normal e os atrasos de entrega durante o período de revisão e o tempo de reposição. (BRUNI & FAMÁ, 2012). IV – Critérios de Avaliação dos Estoques: É importante considerar que, ao buscarmos avaliar os produtos ou as mercadorias que são usadas, seja no processo de fabricação ou comercialização, devem ter seu valor definido. É aí que entra os critérios de avaliação dos estoques para se definir o CMV ou CPV, o custo da mercadoria vendida e o custo do produto vendido, respectivamente. Ainda, segundo Bruni e Famá (2012), o uso de um critério interfere nos níveis de lucros da empresa e podem interferir nos níveis de tributos a serem recolhidos ao governo. Os critérios de avaliação englobam procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. Isto é importante porque permite que seja separados os custos dos produtos ou de aquisição dos produtos entre os que foram vendidos e os que permaneceram em estoque. Entre os critérios de avaliação mais utilizados no Brasil, destacam-se quatro métodos diferentes: avalia- ção pelo método método UEPS - Último que entra, Primeiro que Saí, do inglês LIFO - Last In First Out, avaliação pelo método pelo método PEPS - Primeiro que Entra, Primeiro que Saí, também conhecido como FIFO - First In First Out, avaliação pelo custo médio ponderado e avaliação pelo custo de reposição - preço médio ponderado (BRUNI & FAMÁ, 2012). O objetivo básico do controle dos custos de manutenção, de busca constante para prever a demanda, de se estabelecer uma sistemática de controle, de realizarmos levantamentos periódicos e usarmos critérios de avaliação dos produtos ou mercadorias em estoques é em suma: evitar que a manutenção do material ou mercadoria seja onerosa, que falte, seja para fabricação ou para atender ao cliente, que tenhamos como saber de forma precisa o quanto temos dentro da empresa, daí a contagem e adequarmos as informações de valor dos produtos dentro das regras legais determinada pelo governo para efeito de tributos, como explica Bruni (2012). Ainda, tal atividade poderá evitar desperdícios como obsolescência, roubos, extravios etc. Todas estas atividades formam o conjunto de medidas que devem ser conhecidas e dizem respeito à capacidade do gestores e, que podem ser chamada de política de controle de estoques. 15 Política de Gestão dos Estoques A Gestão de Estoques está relacionada a temas importantes, como apresentado na figura 5. Figura 5 – A Gestão de Estoque e seus Temas Importantes Você vem observando pela nossa discussão que “dimensionar e controlar os estoques” para qualquer tipo de empresa, é de suma importância e portanto, preocupante. Encontrar maneiras para reduzir estoques sem afetar o processo produtivo e, sem aumentar os custos é um dos maiores desafios que os empresários estão encontrando numa época de escassez de recursos. Desse modo, devemos analisar todos os fatores envolvidos, juntamente com a definição da política da empresa, e definir o quanto e quando comprar. Trocando Ideias Ora, de forma direta, as políticas de estoques são medidas adotadas por gestores as quais, quando bem empregadas, proporcionam uma gestão de qualidade nos estoques, traduzida em níveis baixo que não comprometem nem a produção interna, tampouco as demandas externas. Existem diversas maneiras e métodos de planejar e controlar estoques, algumas muito simples, outras um pouco mais complexas. Cada método tem sua aplicação diferenciada e determinada e que não pode ser utilizada indistintamente por qualquer tipo de empresa em qualquer ramo econômico, devido às peculiaridades dos produtos e mercadorias. A política de estoque ideal depende do tipo de atividade produtiva, e do segmento de mercado, entre outras coisas, como explica Wanke (2011). O que o gestor deve ter em mente é: o quanto deve existir de produtos em estoque está relacionado à sua atividade e aliar tais níveis à ideia de representarem custos. Ora, se há um interesse à redução dos custos dentro das instalações produtivas, os níveis de estoques devem ser controlados para que não venham a gerar problemas para os clientes internos e externos (consumidores internos e finais do produto). 16 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Para Pensar Veja na figura 6 um fluxograma que ilustra os elementos participantes do processo produtivo e os sistemas relacionados. Veja que há uma engrenagem, até certo ponto complexa, ou seja, uma série de atividades relacionadas. O que poderia acontecer se o sistema de estoque falhar? Pense como os níveis de estoques poderiam alterar a atividade da estrutura produtiva, partindo do sistema de produção: Figura 6 - Fluxograma dos sistemas de uma empresa. Fonte: Novaes (2007) As medidas de gestão que aqui estamos chamando de política de estoque devem partir de alguns parâmetros para ser adotada. Para se ter uma ideia de como está o planejamento de estoques de uma empresa e, consequentemente, sua gestão, é comum utilizar-se da avaliação de Retorno do Capital de Giro do estoque, como salienta Viana (2002). Com essa avaliação, é possível saber como vai se comportando o estoque em determinado período de uma empresa específica. Outra forma é medir a rotatividade de estoques. Ambos permitem saber como vai se comportando os estoques, assim como fazer análises individuais de giro de matérias, definindo, assim, os estoques mínimos e máximos a serem adquiridos. Atenção Atenção Ora, qual é o sentido do parâmetro: retorno do capital de giro de estoques? Vamos traduzir tais termos para, então, entendermos melhor. Pense em retorno como o percentual de ganho que um determinado recurso (capital) oferece a você por um determinado período. 17 Retorno do Capital de Giro do Estoque Presente em diversos livros didáticos a Avaliação do Retorno de Capital investido em estoque baseia-se no lucro das vendas anuais sobre o volume de capital investido em estoques. Como parâmetro de validade de uma boa gestão de estoques, o retorno de capital deve situar-se acima de um coeficiente 1 (um). Entenda deste modo: Se o volume de estoque representa uma quantidade de capital de R$ 1.000,00, o lucro da venda deste estoque deve ser superior a R$ 1.000,00 para que seja maior que 1. O número 1 indica 1000 / 1000 = 1. Assim o estoque de R$ 1.000,00 deve ser vendido por valor acima de R$ 1.000,00. Logo, quanto maior for o coeficiente melhor será o resultado do capital investido em estoques. Veja a equação abaixo; Equação: RC = L / C Onde: RC – Retorno de capital Investido L - Lucro C - Capital investido em estoque Situação I – Retorno Ruim do Capital Investido em Estoques. Para demonstrar isso, podemos usar um exemplo de uma empresa X que tem um volume de vendas anuais R$500.000,00 eseu lucro anual foi de R$ 58.000,00. Esta empresa, tem em seus estoques um investimento de R$ 150.000,00. Neste exemplo, qual será o seu retorno de capital em estoques? Se o Retorno de Capital Investido é o lucro pelo capital de estoque, teríamos um retorno de capital de 0,3867. Veja que dividi R$ 58.000,00 que é o lucro por R$ 150.000,00 que é o capital investido em estoques. A partir da perspectiva indicada acima, um RC – Retorno de Capital é ruim, pois representa 38,67%. O valor 0,3867 multipliquei por 100 para encontrar um número inteiro. Solução do Exemplo: RC = 58.000,00 / 150.000,00 = 0,3867 ou 38,67% 18 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Situação II – Retorno Bom do Capital Investido em Estoques Avaliando-se uma empresa Y, que tem os mesmos dados acima mencionados, exceto seu estoque, que é de R$ 40.000,00. Qual será o seu retorno de capital em estoques? Nessa empresa, a partir dos dados indicados, teríamos um retorno de capital de 1,45. Logo, para este caso o RC, indica um ótimo retorno. Ou seja, um RC – Retorno de Capital de 145%. Como o coeficiente ideal para retorno de capital em materiais são os resultados acima de 1, logo a situação II indicou um bom retorno. O procedimento para medir foi o mesmo, usado no exemplo anterior. Equação RC = Lucro / Capital investido em estoque RC = 58.000,00 / 40.000,00 = 1,45 ou 145% Rotatividade ou Giro dos Estoques Caro Aluno, neste momento, iremos estudar um dos mais importantes indicadores para medir o desempenho dos estoques na organização, este indicador é o “Giro de Estoque”. Logo, o Giro de Estoque é um tipo de indicador e ele serve para medir, de uma forma padronizada, a qualidade de um estoque. Ainda, ele pode ser aplicado a qualquer tipo de estoque, independente da sua complexidade ou tamanho. E, quanto ao resultado, o giro de estoque, representa a quantidade de vezes que cada um dos itens foi renovado dentro de um determinado período. Dizer que o giro de um estoque foi 1, durante um mês, significa dizer que tudo que tinha no estoque foi vendido e o estoque foi reposto por produtos novos. Dizendo de outro modo:100% do material ou mercadoria que tinha dentro do estoque foi vendido ou alocado para transformação dentro da empresa. Como é o cálculo? É bastante simples, basta você atentar-se para o procedimento a ser adotado: Durante um determinado período, some tudo o que foi vendido, depois, divida-os pela média de estoque existente. Assim, se tivermos em média um estoque de 2 mil notebook e, se vendemos mil e compramos outros mil, tivemos um giro de 0,5; isto é, metade do estoque foi renovada. A interpretação do resultado final é o que interessa pra o gestor e, deve ser visto caso a caso. De uma forma geral, podemos dizer que quanto maior for o giro, melhor. Considere este exemplo I: Imagine que uma loja de camisas tenha um estoque, com um único tipo de camisa. Vamos supor que no início do mês, tenhamos 10 camisas em estoque. 19 Durante alguns dias, 5 camisas foram vendidas. Notando a diminuição do nível de estoque, o Fornecedor foi acionado e o gestor da loja comprou mais 10 camisas. O mês continuou e a loja vendeu mais 5 camisas, totalizando 10 vendas no mês. Dessa forma, o mês terminou com 10 camisas no estoque. Como o mês iniciou com 10 camisas e terminou com 10 camisas, podemos dizer que a média de estoque neste mês foi de 10 camisas. Com tais informações, podemos calcular o Giro de Estoque como sendo o total de vendas dividido pela média de estoque, isto é, 10 unidades de camisas vendidas dividido por 10 unidades de camisas no estoque, que é igual a 1. Nesse caso, o Giro de Estoque igual a 1 significa que todos os produtos foram renovados 1 vez durante o mês. Se o número fosse menor do que 1, teríamos uma indicação de que algumas camisas que iniciaram o mês no estoque (na prateleira), permanecem no estoque. Considere agora esta hipótese como outro exemplo II: Considere a mesma loja de camisas e o mesmo estoque, ou seja, iniciando o mês com as mesmas 10 camisas. Aí, passando alguns dias, 5 camisas foram vendidas. Para cobrir o estoque, o lojista compra outras 10 camisas do fornecedor. As vendas continuaram e mais 5 camisas foram vendidas. Passado o tempo, outras 10 camisas foram vendidas (comercializadas), deixando o estoque vazio. O lojista compra mais 10 camisas do fornecedor para reintegrar o estoque. No final do mês, o lojista fechou com 20 vendas, 20 compras e um estoque de 10 camisas, exatamente como começou. Para se calcular o novo Giro de Estoque, devemos dividir o total de vendas durante o mês pela média de estoque. Nesse caso, a venda foi de 20 camisas, então o giro de estoque ficou 20 dividido por 10, ou seja, 2. Pode-se então dizer que o estoque se renovou 2 vezes durante o mês. Para determinarmos o GE, quando se tem um controle físico das mercadorias, aplique a fórmula: GE = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final Estoque (Médio) Estoque (Médio) = (Estoque Inicial + Estoque Final) / 2 Ou = (Soma dos Estoques mensais) / 12 Exemplo prático (didático): Uma loja de calçados comprou durante o ano 2750 pares de sapatos masculinos de vários modelos. Iniciou o ano com um estoque de 180 pares e no final do ano tinha 150. Seu estoque médio mensal foi de 160 pares. Qual o “Giro de Estoque” (GE)? Qual o tempo médio em que esse estoque “girou”? 20 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Cálculo: GE = 180 + 2750 – 150 = 2780 = 17,37 giros 160 Tempo Médio (TM) = 365 dias = 21 dias 17,37 Giros Resposta: A loja de calçados “girou” seu estoque em média 17 vezes ao ano, e o fez a cada 21 dias. O GE também pode ser extraído das contas contábeis, através do Balancete, do Balanço ou mesmo da Demonstração de Resultado do Exercício. Há duas fórmulas para calcular-se: GE = Estoque (Médio) x 360 CMV Obs. O Estoque (Médio) pode ser obtidos pela soma do Estoque no início do ano, mais o Estoque no fim do ano, dividido por 2; Na equação acima, o GE representa o tempo demandado para “girar” os estoques. Quando falamos do CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) obtemos tal custo usando uma equação simples, conforme abaixo: CMV=Estoque Inicial + Compras de Mercadorias (Produtos) – Estoque Final. Então a divisão do custo da mercadoria vendida pelo estoque médio permite-nos identificarmos o Giro de Estoque. Veja equação abaixo: GE = CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) Estoque (Médio) Vamos a um exemplo de uma empresa que tem um grande número de itens à venda: Uma loja de materiais para construção, (que faz “inventário” anual), comprou durante o ano R$ 590.000,00 em mercadorias. Iniciou o ano com um estoque de R$ 70.000,00 e terminou o ano com um estoque de R$ 80.000,00. Qual o “Giro de Estoque” (GE)? Qual o tempo médio que esse estoque “girou”? Resolução: Estoque (médio) = (70.000,00 + 80.000,00) / 2 = 75.000,00 GE = 70.000,00 + 590.000,00 – 80.000,00 = 580.000,00 = 7,73 giros 75.000,00 75.000,00 Tempo Médio (TM) = 365 dias = 47 dias 7,73 giros 21 Resposta. A loja de materiais “girou” seu estoque em média 8 vezes ao ano, e o fez a cada 47 dias. Atenção: O “giro” de 7,73 refere-se a uma média do estoque como um todo. Ressalte-se que produtos diferentes possuem “giros” diferentes. No nosso exemplo, todos os produtos (mix) estão agregados numa mesma medida; Parasabermos se o GE da loja de materiais para construção está baixo ou alto, comparar com a média de outras empresas do mesmo ramo de atividade. Ideias Chave “Gire” seus estoques. “Ponha a mercadoria para fora”. Várias vezes num dia, numa semana, num mês, se for o caso. Faça liquidações, “promoção relâmpago” se possível, quando perceber que a mercadoria “encalhou” e está próximo o vencimento da validade. Dentre as tantas vantagens de se ter um estoque com alto giro, podemos citar: • O produto não envelhece na prateleira; • Não precisa de muito espaço para armazenamento; • O pagamento ao Fornecedor é fracionado; • Em caso de acidente, incêndio ou roubo, perde-se menos, etc. Considere a expressão Giro como sinônimo da expressão Rotatividade. Assim, é a quantidade de vezes que o valor de estoque gira, e ele pode ser calculado em períodos menores, mas geralmente é cálculo em período anual. Veja com atenção! Trata-se da quantidade de vezes que o valor do estoque gira no período de um ano. Para se calcularmos a rotatividade precisamos ter o valor de estoque final e o total de vendas realizado em termos anuais, sendo que dos valores das vendas anuais temos de subtrair todas as despesas com mão-de-obra e gastos gerais, para sabermos somente o valor da mercadoria que saiu do estoque. Dica! Considere o momento econômico em que o Brasil vem passando. Com o baixo índice de inflação (e até casos de deflação em alguns setores, como se divulga na mídia impressa) e a boa oferta da produção, é financeiramente inviável manter altos estoques, atualmente. Com a moeda relativamente estável, é pouco ou quase nenhum o ganho pela variação dos preços 22 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas das mercadorias estocadas. E, por outro lado, o custo de manutenção dos estoques de repente pode superar o “ganho” eventual, que possa existir. É claro que em outras décadas isto não era fato. É certo que há segmentos que tem a oferta de produtos monopolizada e a demanda é muito expressiva neste momento, a exemplo do cimento, ferro entre outros produtos, em que os distribuidores estocam estes produtos por que conhecem a sistemática de elevação de preços dos ofertantes e ganham com a estocagem dos produtos. Em Síntese A despeito de segmentos ou atividades, muito específica, como os mencionados acima, uma alternativa inteligente para incrementar os lucros é obter um alto giro dos estoques, ou seja, num estabelecimento comercial repor os estoques na “velocidade” das vendas, para mais interessante. Nada de grandes estoques, para longo prazo, para não correr o risco de danos, roubos, perecimento ou vencimento das validades. Ao pensar em estoques, o empresário deve pensar, também, do impacto nas finanças, pois as obrigações com os fornecedores tem data para vencer e a mercadoria poderá ainda estar dentro das caixas, em estoques. 23 Material Complementar O primeiro componente do ciclo de conversão de caixa é a idade média dos estoques. O objetivo da administração de estoques é girá-los o mais rapidamente possível, sem causar perda de vendas decorrente de faltas. O administrador financeiro tende a agir como assessor ou vigia no que se refere aos estoques; não tem controle direto sobre eles, mas fornece dados ao processo de sua gestão. Diferentes pontos de vista quanto aos níveis de estoque É comum haver, entre os administradores financeiro, de marketing, de produção e de compras de uma empresa pontos de vista divergentes quanto aos níveis apropriados de estoques. Cada um encara essa questão à luz de seus próprios objetivos. A inclinação geral do administrador financeiro ante o nível de estoque é mantê-lo baixo para garantir que o dinheiro da empresa não seja desnecessariamente investido em recursos excessivos. O responsável pelo marketing, por outro lado, prefere contar com grande estoque de produtos acabados. Isso garantiria atendimento rápido a todos os pedidos, eliminando atrasos causados por faltas. A principal responsabilidade do administrador de produção é implementar o plano de produção de tal maneira que resulte na quantidade desejada de produtos acabados, com qualidade aceitável, disponíveis no prazo e a baixo custo. Para cumprir esse papel, ele manteria elevado o estoque de matérias-primas para evitar atrasos na produção. Também favoreceria grandes lotes de produção para reduzir o custo unitário, resultando em elevado estoque de produtos acabados.O administrador de compras preocupa-se exclusivamente com o estoque de matérias-primas. Precisa ter disponíveis, nas quantidades corretas, no momento desejado e a um preço favorável quaisquer dos itens solicitados pela produção. Na ausência de um controle efetivo, ao tentar obter descontos por volume ou antecipando-se a elevações de preços e escassez de determinados itens, o responsável por compras pode adquirir quantidades de recursos maiores do que as efetivamente necessárias. Uma aplicação prática do giro do estoque em um varejo é dada pelo vídeo disponível no link a seguir: https://youtu.be/7domr1TZBgc 24 Unidade: A Gestão do Estoque nas Empresas Referências BOWERSOX, D.J.; CLOSS, D.J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2004. BRUNI, A. L., FAMÁ, R. – Gestão de Custos e Formação de Preços: Atlas. 2012. CORRÊA, H. L. Gestão de Redes de Suprimento: integrando cadeias de suprimento no mundo globalizado. São Paulo: Atlas, 2010. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. FLEURY, P. F.; FIGUEIREDO, K. F.; WANKE, P. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2007. POZO, Hamilton, Administração de materiais e patrimoniais: uma abordagem logística, 4ª ed. São Paulo, Atlas 2007. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Pearson Education, 2004. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. WANKE, P. F. Gestão de estoques na cadeia de suprimento: decisões e modelos quantitativos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. VIANA, João José. Administração de Matérias. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. 25 Anotações
Compartilhar