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TRABALHO - ALFRED ADLER

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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR SANT’ANA 
PSICOLOGIA 
 
JUSSARA PRADO 
 
 
 
 
 
 
 
A PSICOLOGIA INDIVIDUAL DE ALFRED ADLER: 
UMA APRECIAÇÃO CRÍTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2014 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR SANT’ANA 
PSICOLOGIA 
 
JUSSARA PRADO 
 
 
 
 
 
 
 
A PSICOLOGIA INDIVIDUAL DE ALFRED ADLER: 
UMA APRECIAÇÃO CRÍTICA 
 
 
 
Trabalho elaborado com o objetivo de obtenção de 
nota parcial do 1º bimestre da disciplina de 
Fundamentos das Teorias da Personalidade do 3º 
período do curso de Psicologia da Instituição de 
Ensino Superior Sant’Ana. 
Orientador: Profº Haroldo Sato. 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2014 
1. INTRODUÇÃO 
 Alfred Adler nasceu em Viena, no dia 7 de fevereiro de 1870, filho de um comerciante 
judeu. Inicialmente, Adler era um mau aluno, desajeitado e fisicamente frágil, sofrendo com 
muitas doenças, como raquitismo e pneumonia, além de ter sido atropelado várias vezes. Sua 
experiência de quase morte com a pneumonia foi o que o levou a se formar em Medicina na 
Universidade de Viena em 1895. De início, atuava na área de oftalmologia, mas com o tempo, 
passou a possuir um grande interesse no funcionamento e adaptação do sistema nervoso, 
transferindo-se para a área de Neurologia e Psiquiatria. (FADIMAN, 1979; HALL, LINDZEY 
& CAMPBELL, 2000). 
 Em 1902, Adler já fazia parte do círculo de membros de discussão semanal de Freud 
sobre a psicanálise, e além de gozar da alta estima que recebia, fora nomeado presidente da 
Sociedade Psicanalítica de Viena em 1910 como uma tentativa de evitar o iminente rompimento 
entre ele e Freud. Em 1911, Adler decidiu apresentar suas ideias aos demais membros do grupo 
psicanalítico, entretanto, a resposta foi tão hostil que Adler decidiu se retirar do grupo e formar 
sua própria escola: A Psicologia Individual. (FADIMAN, 1979; PERVIN, 2004; SCHULTZ & 
SCHULTZ, 2003). 
 De acordo com Pervin (2004), um dos motivos mais significativos no rompimento entre 
Freud e Adler, era a ênfase de Adler em desejos sociais e pensamentos conscientes, 
completamente oposta à de Freud, que enfatiza os desejos sexuais instintivos e os processos 
inconscientes. 
 Quando criança, Adler sofreu com muitas doenças, com a rejeição de sua mãe e com o 
ciúme e competição que tinha por seu irmão mais velho. Ao vivenciar tais situações, reconheceu 
que possuía a capacidade de compensar todas as deficiências de sua vida, buscando sua 
popularidade através dos colegas, adquirindo então sua autoestima e aceitação que não havia 
recebido da família. Seu histórico acadêmico serviu de molde para sua teoria em relação à 
inferioridade x superioridade, pois no início, Adler era um estudante inepto, e com grande 
esforço superou suas deficiências e inferioridades. (HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000; 
SCHULTZ & SCHULTZ, 2003). 
 Por mais que Adler não valorize a importância das experiências passadas na influência 
da vida do indivíduo, e em seus comportamentos, sua teoria foi completamente influenciada 
por todas as suas vivências, principalmente as da infância. As dificuldades vivenciadas por 
Adler no início de sua vida, serviram de molde para sua teoria da personalidade, como ele 
mesmo afirma: “Aqueles que conhecem o trabalho da minha vida podem ver claramente a 
concordância entre os fatos da minha infância as ideias que expressei”. (Bottome, 1939, p.9 
apud HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000, p. 117). 
Durante o século XIX, o clima positivista moldou o curso da física e da biologia, onde 
o ser humano era compreendido como um sistema complexo de energia que mantinha 
transações com o mundo externo. Os propósitos dessas transações eram a sobrevivência do 
indivíduo, a propagação de sua espécie e o desenvolvimento evolutivo contínuo. De acordo 
com a doutrina de Darwin, algumas personalidades estariam bem mais preparadas do que as 
demais para realizar tais tarefas de se adaptar ao meio. Inclusivamente, a psicologia se 
preocupou com a medição das diferenças individuais nas capacidades, e com o valor adaptativo 
dos processos psicológicos. (HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000). 
Simultaneamente, outras tendências intelectuais que foram surgindo, discordavam de 
uma concepção puramente biofísica do ser humano. No final do século XIX, a sociologia e a 
antropologia começaram a emergir, e seu rápido crescimento foi fenomenal. De acordo com 
tais ciências sociais, o homem é o resultado do meio em que vive, e sua personalidade é mais 
influenciada pelos fatores sociais do que pelos fatores biológicos. Muitos seguidores de Freud, 
insatisfeitos com a excessiva preocupação da libido, instintos sexuais e a influência das 
experiências passadas, passaram a reformular a teoria de acordo com as linhas ditadas por tais 
ciências sociais. (HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000). 
 Foi diante deste contexto que Adler passou a ver cada pessoa como uma configuração 
única, com seus próprios traços, interesses, valores e subjetividade, enfatizando a singularidade 
da personalidade e o estilo de vida distinto que cada ato da pessoa formula. Segundo Hall, 
Lindzey & Campbell (2000), com sua teoria, Adler buscava minimizar o instinto sexual, 
afirmando que o homem é uma criatura primariamente social, e que além de ser motivado pelo 
interesse social, suas inferioridades não se limitam ao domínio sexual, mas podem ser 
ampliadas a todas as faces de sua vida. Para ele, a maneira em que o indivíduo irá satisfazer 
suas necessidades é o que determinará seu estilo de vida, e não o contrário, como propunha 
Freud. 
 A seguir, iremos verificar as teorias que influenciaram Adler no desenvolvimento da 
Psicologia Individual, e como ela é regida pelo interesse social e a busca em que o indivíduo 
emprega pela superioridade. 
 
2. ANTECEDENTES E INFLUÊNCIAS INTELECTUAIS 
No decorrer de sua vida e do desenvolvimento de seu trabalho, Adler sofreu influência 
de grandes teóricos que, acabaram por aparecer em suas proposições acerca da Psicologia 
Individual. A influência recebida de Darwin acerca da evolução das espécies, baseou seu 
conceito sobre a luta pela superioridade. A crença de Adler era a de que uma inferioridade 
orgânica poderia ser uma influência para estímulos superiores, ao invés de derrotar o indivíduo. 
(FADIMAN, 1979). 
 Adler é conhecido como um dos discípulos de Freud que rompeu com a psicanálise e 
formulou sua própria teoria. Por mais que Adler já tivesse iniciado sua própria teoria antes de 
conhecer Freud, ele sofreu uma forte influência da Psicanálise, principalmente nos conceitos 
que dizem respeito à relação mãe-filho, a importância do desenvolvimento psicológico nos 
primeiros seis meses de vida do indivíduo e à interpretação dos sintomas da neurose e dos 
sonhos. (FADIMAN, 1979). 
 Segundo Fadiman (1979), os primeiros conceitos de Adler sobre os instintos agressivos 
se assemelham muito sobre a formulação de Nietzsche sobre a vontade do poder que o homem 
possui. Posteriormente, o conceito de busca pela superioridade veio a ser um conceito amplo 
sobre a luta pelo poder, enfatizando o papel do crescimento e do desenvolvimento criativos do 
indivíduo. 
Além de todas as influências citadas anteriormente, o trabalho de Jon Smuts sobre as 
propriedades diferentes de um sistema todo e o impulso para a totalidade de cada indivíduo, 
influenciou fortemente no trabalho de Adler, fazendo-o encontrar na filosofia holística, 
confirmações para a maioria de suas ideias. (FADIMAN, 1979). 
Adler também sofreu influência do trabalho do filósofo Hans Vaihinger, na sua elaboração 
de que o comportamento do homem é mais influenciado por suas expectativas (ficção) do que 
por suas experiênciaspassadas (real). Adler moldou essa doutrina filosófica de positivismo 
idealista para sua teoria, alegando que o homem é mais influenciado por suas expectativas 
futuras, do que por suas experiências passadas. Essas expectativas não existem no futuro, mas 
existem mentalmente no aqui e agora do indivíduo, afetando o seu comportamento presente. 
Como no exemplo dado por Hall, Lindzey & Campbell (2000, p.120), “se uma pessoa acredita, 
por exemplo, que existe um céu para as pessoas virtuosas e um inferno para as pecadoras, essa 
crença exercerá uma considerável influência em sua conduta”. Tais metas causam eventos 
psicológicos. 
3. A PSICOLOGIA INDIVIDUAL 
 Segundo Schultz & Schultz (2003), a Psicologia Individual de Adler consiste nos fatores 
sociais como determinantes do comportamento humano. O interesse social do indivíduo, seria 
o seu potencial inapto de cooperar com os demais para atingir metas pessoais e sociais, e tal 
interesse se desenvolve já na infância, através das experiências vivenciadas pelo indivíduo. 
Adler, ao contrário de Freud, minimizava a influência do sexo, concentrando nas determinantes 
conscientes do comportamento. Adler descartava a influência das experiências do passado no 
desenvolvimento do indivíduo, acreditando na influência dos próprios planos individuais para 
o futuro. O esforço do indivíduo ao buscar metas ou antecipar acontecimentos futuros 
influenciam seu comportamento presente. E além disso, o conceito de inferioridade e a menor 
resistência de um determinado órgão, que segundo Friedrich (2009) já pertencia à histórica 
médica. A seguir, iremos apresentar os principais conceitos da Psicologia Individual de Adler. 
 
3.1. Inferioridade e Compensação 
Inicialmente, Adler acreditava que as doenças afetavam cada pessoa de uma maneira 
em particular, e que cada um possuía um determinado órgão mais fraco que os demais, 
tornando-se suscetível à algum tipo de enfermidade relacionada à tal órgão. Como por exemplo, 
uma pessoa desenvolve um problema cardíaco e outra no pulmão; Diante disso, sugeriu que tal 
órgão seria uma inferioridade básica existente, devido a hereditariedade ou alguma 
anormalidade no desenvolvimento do indivíduo. Além disso, observou que pessoas com 
fraquezas orgânicas buscavam compensar tal problema, podendo vir a tornar esse órgão fraco 
em um órgão forte, através de exercícios e treinos. (FADIMAN, 1979; HALL, LINDZEY & 
CAMPBELL, 2000). 
Após as publicações sobre a inferioridade de órgão, Adler ampliou tal conceito afim de 
incluir qualquer outro tipo de deficiência, seja ela física, mental ou social, real ou imaginária, 
focando principalmente no sentimento psicológico de inferioridade existente nos indivíduos, 
com o argumento de que na infância, o sujeito é afetado por tal sentimento, devido ao seu 
tamanho e falta de poder. (FADIMAN, 1979; HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000). 
Segundo Hall, Lindzey & Campbell (2000, p. 122) “a criança é motivada por seus sentimentos 
de inferioridade a buscar um nível superior de desenvolvimento. Quando ela atinge esse nível, 
começa a sentir-se inferior novamente e inicia mais uma vez o movimento ascendente”. 
[...] Tem-se presente que toda criança se encontra na realidade em uma 
situação de inferioridade e que não poderia subsistir sem um alto grau de 
sentimento de comunidade por parte das pessoas que a rodeiam, é mister partir 
da base de que a vida da alma começa sempre com um sentimento de 
inferioridade mais ou menos profundo. Este sentimento é a força impulsora de 
que parte todos os esforços da criança e que lhe impõe uma meta ou objetivo 
de que espera toda segurança e tranquilidade para o futuro, obrigando-lhe a 
empreender a trajetória que lhe pareça mais adequada para seu ganho. 
(Barroco, 2007, p.227 apud CUNHA, AYRES & MORAES, 2010, p. 66). 
 
Diante disso, Schultz & Schultz (2003), alegam que na concepção de Adler, esse 
sentimento de inferioridade funcionava como um impulso motivador para o indivíduo e para a 
sociedade, pois motivava a busca continua pelo aperfeiçoamento. Entretanto, um sentimento de 
inferioridade extremo pode vir a impedir o crescimento e desenvolvimento positivo do 
indivíduo, ocasionando certas manifestações anormais, tais como o complexo de inferioridade 
ou o complexo de superioridade compensatório. (FADIMAN, 1979; HALL, LINDZEY & 
CAMPBELL, 2000). 
 
3.2. Busca pela Superioridade 
No decorrer do desenvolvimento de sua teoria, Adler elaborou o conceito de “busca pela 
superioridade”, observando que a agressão e a vontade de poder existentes no indivíduo eram 
expressões de um objetivo maior, como a perfeição ou superioridade. Tal superioridade não 
está relacionada à distinção social, liderança ou posição superior na sociedade, mas se apresenta 
como um princípio de auto realização, como a busca de uma completude perfeita. (FADIMAN, 
1979; HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000; PERVIN, 2004). 
Tal busca pela superioridade é inata no ser humano, e age impulsionando o indivíduo 
de um estágio para o outro no desenvolvimento da vida. “A luta pela perfeição é inata no sentido 
de que faz parte da vida; uma luta, um impulso, um algo sem o qual a vida seria inimaginável”. 
(Adler, 1956, p. 104 apud FADIMAN, 1979, p. 75). 
Segundo Fadiman (1979), a superioridade alcançada pode vir a ser positiva ou negativa; 
aquele que viesse a buscar o bem estar e interesse social, estaria se desenvolvendo em uma 
direção construtiva e positiva; já aquele que buscasse apenas a superioridade pessoa, estaria se 
pervertendo neuroticamente. De acordo com Pervin (2004), normalmente, a busca do indivíduo 
pela superioridade é expressa no sentimento de cooperação social, como também na 
assertividade e competição, confirmando o argumento de que há um interesse inato no indivíduo 
em se relacionar com os demais ao seu redor, além de um potencial inato para a cooperação. 
 
3.3. Interesse Social 
 O interesse social é a ajuda em que o indivíduo se despende na sociedade, buscando 
alcançar a meta da sociedade perfeita; é “a verdadeira e inevitável compensação de todas as 
fraquezas naturais dos seres humanos” (Adler, 1929b, p. 31 apud HALL, LINDZEY & 
CAMPBELL, 2000, p. 122), e também é o “senso de solidariedade humana, a relação de um 
homem com outro... a mais ampla conotação de um ‘senso de fraternidade na comunidade 
humana’”. (Wolfe em Adler, 1928, p. 32 apud FADIMAN, 1979, p. 78). 
 Na argumentação de Fadiman, todo e qualquer comportamento do homem é social, pois 
ele cresce e se desenvolve em um meio social, logo, tal interesse social é mais do que uma 
preocupação com a sociedade, pois envolve os sentimentos de afinidade para com toda a 
humanidade e com a totalidade da vida. O interesse social se refere à preocupação com “a 
comunidade ideal de todo o gênero humano, o último estágio da evolução”. (Adler, 1964, p. 35 
apud FADIMAN, 1979, p. 78). 
 Hall, Lindzey & Campbell (2000) alegam que com o interesse pelo social, a busca pela 
superioridade do indivíduo se socializa, pois, o ideal de uma sociedade perfeita substitui uma 
ambição egoísta, logo, quando o homem trabalha pelo bem comum, ele compensa suas 
fraquezas individuais. Além disso, por mais que tal interesse social seja inato, ele precisa ser 
orientado, treinado e incentivado para que o indivíduo o realize. 
 
3.4. Estilo e Objetivo de Vida 
 A personalidade de cada indivíduo funciona de acordo com seu estilo de vida, 
explicando a singularidade de cada um, pois, cada um possui um estilo de vida, mas não existe 
duas pessoas com o mesmo estilo. O estilo de vida é único e integra a vida do indivíduo na 
busca do seu objetivo, e cada pessoa escolhe e cria o seu próprio. Tal estilo de vida próprio de 
cada um, envolve comportamentosque compensam a inferioridade vivenciada na infância. 
(FADIMAN, 1979; HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000; SCHULTZ & SCHULTZ, 
2003). “O estilo de vida é definido como o esquema aperceptivo através do qual os indivíduos 
compreendem e dão sentido ao mundo que os rodeia”. (Adler, 1956 apud ARAÚJO, 2009, p. 
18). 
 
A ciência da Psicologia Individual desenvolveu-se a partir do esforço para 
compreender esse misterioso poder criador da vida, que se expressa no desejo 
de desenvolver-se, lutar e realizar... Esse poder é teleológico expressa-se na 
luta por um objetivo e, nessa luta, todo o movimento corporal e psíquico é 
feito para cooperar. É, então, absurdo estudar movimentos corporais e 
condições mentais de forma abstrata, sem relação com um todo individual. 
(Adler, 1956, p. 92 apud FADIMAN, 1979, p. 77). 
 
 De acordo com Hall, Lindzey & Campbell (2000) e Fadiman (1979), o estilo de vida do 
indivíduo é determinado pelas inferioridades vivenciadas por ele na realidade ou fantasia da 
infância, agindo como uma compensação de uma inferioridade particular. Cada hábito ou traço 
que a pessoa possui, adquire um significado dentro do contexto de vida e dos seus objetivos, 
onde cada pessoa cria seu próprio objetivo de vida, como uma compensação pelos sentimentos 
de inferioridade, insegurança e desamparo vivenciados. Tais objetivos atuam como proteção 
contra o sentimento de impotência e incentivo a um futuro brilhante, realizador e poderoso. 
 
3.5. Holismo 
 Influenciado pelas ideias de Jon Smuts, Adler fundou o sistema holístico da Psicologia 
Individual, que busca compreender cada indivíduo como uma totalidade integrada num sistema 
social. Cada pessoa é única, indivisível e unificada, que deve sempre ser considerada em relação 
ao seu contexto social do qual faz parte. Tal perspectiva holística, fez com que Adler encarasse 
o ser humano não só como um todo unificado, mas também como parte de outros todos, como 
a família, a sociedade, a comunidade e a humanidade. (FADIMAN, 1979). 
 
3.6. Finalismo Ficcional 
 Influenciado por Hans Vaihinger, Adler moldou sua doutrina filosófica para a 
Psicologia Individual, propondo que o homem vive de acordo com as ideias puramente 
ficcionais. Como já foi dito anteriormente, Adler alegou que o comportamento do homem é 
mais influenciado por suas expectativas futuras do que por suas experiências passadas. (HALL, 
LINDZEY & CAMPBELL, 2000). 
 
3.7. O Poder Criativo do “Self” 
 Através da hereditariedade e da influência do ambiente, o indivíduo adquire algumas 
habilidades e experiências, mas o que proporciona a base para a formação da personalidade e 
das atitudes do indivíduo é a maneira de usar e de interpretar ativamente tais experiências e 
habilidades. O “Self” é a capacidade que o indivíduo possui de determinar a própria 
personalidade de acordo com o seu estilo de vida próprio, atuando entre os estímulos que agem 
sobre o indivíduo e as respostas que o mesmo tem por esses estímulos. Ao possuir um self 
criativo, o homem responde criativamente e ativamente à todas influências que possam afetar 
sua vida, criando sua própria personalidade a partir do material bruto de suas vivências e 
hereditariedade. (FADIMAN, 1979; HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000; SCHULTZ & 
SCHULTZ, 2003). 
 Na visão de Adler, o indivíduo não é determinado pelas experiências do passado, ele se 
determina, moldando conscientemente sua própria personalidade e seu próprio destino. Tal 
poder criativo do Self codifica e interpreta cada experiência, desenvolvendo um esquema de 
apercepção individual, originando um modelo próprio de interação com o mundo. Todo esse 
processo orienta e impulsiona a resposta do indivíduo ao meio ambiente, fazendo com que ele 
seja único, consciente e tenha controle sobre o seu próprio estilo de vida. Tal criatividade dá 
significado à vida, sendo o princípio ativo da vida humana. (FADIMAN, 1979; HALL, 
LINDZEY & CAMPBELL, 2000; SCHULTZ & SCHULTZ, 2003). 
 
3.8. O Esquema de Apercepção 
Em cada estilo de vida, o indivíduo desenvolve uma concepção acerca de si e do mundo, 
tal esquema é denominado por Adler como esquema de Apercepção, que, envolve uma 
interpretação subjetiva do que o sujeito percebe. A visão que a pessoa possui do mundo é o que 
influencia o seu comportamento, pois, “nossos sentidos não recebem fatos reais, mas apenas 
uma imagem subjetiva deles, um reflexo do mundo externo” (Adler, 1956, p. 182 apud 
FADIMAN, 1979, p. 77). Logo, se possuímos medo é provável que percebemos apenas ameaça 
do meio externo, reforçando tal crença. 
 
3.9. Ordem de Nascimento 
 Por seu interesse nos determinantes sociais da personalidade e por sua experiência 
familiar, Adler desenvolveu o conceito da ordem do nascimento como influenciador da 
personalidade do indivíduo. Observando a personalidade dos filhos por ordem de nascimento, 
como o do primogênito, o do filho do meio e do caçula, Adler atribuiu diferenças às 
experiências distintivas que cada um vivencia no grupo social. (HALL, LINDZEY & 
CAMPBELL, 2000; SCHULTZ & SCHULTZ, 2003). 
 Por ser o primeiro, o filho mais velho acaba por receber a atenção total só para si durante 
um certo tempo, até quando o filho do meio chega e ele tem de dividir a atenção dos pais. Tal 
experiência pode condicioná-lo a tornar-se inseguro, hostil, autoritário e conservador, 
manifestando um grande interesse em manter a ordem. Além disso, o filho mais velho tende a 
se interessar pelo passado (época em que era o centro das atenções). Caso os pais saibam como 
lidar com a situação preparando-o para o inevitável, o indivíduo pode vir a transformar-se em 
uma pessoa responsável e protetora. (HALL, LINDZEY & CAMPBELL, 2000; SCHULTZ & 
SCHULTZ, 2003). 
 De acordo com Schultz & Schultz (2003), o filho do meio tende a ser ambicioso, rebelde 
e ciumento, e se coloca em uma busca constante para tentar superar o filho mais velho, em 
qualquer circunstância. Com isso, tende a ser rebelde e invejoso. Já o filho mais novo, tende a 
ser mimado e com disposição a apresentar problemas comportamentais na infância e na vida 
adulta. Segundo Hall, Lindzey & Campbell (2000), o filho caçula tem maior probabilidade de 
se tornar um adulto neurótico desajustado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No presente trabalho, discorreu-se sobre a história de vida e teoria de Alfred Adler. 
Quando pequeno, Adler fora um menino desajeitado e fisicamente frágil, sendo alvo de diversas 
doenças. Sua experiência de quase morte com a Pneumonia foi o que o levou a se formar em 
Medicina. Posteriormente, ao se interessar pela Neurologia e Psiquiatria, Adler passou a 
investigar o funcionamento e a adaptação do sistema nervoso do ser humano. Antes mesmo de 
se juntar ao círculo psicanalítico de Freud, Adler já elaborava sua teoria, influenciado por 
diversos pensamentos como a vontade do poder de Nietzsche, o Holismo de Jong Smuts, o 
finalismo ficcional de Hans Vaihinger, e logo depois, pela importância do desenvolvimento 
psicológico no início da vida do indivíduo, apresentado por Freud. Na elaboração da Psicologia 
Individual e de sua psicoterapia, Alfred Adler não aceitou nenhuma influência da Psicanálise 
em relação à determinação da libido no comportamento humano. Para ele, a busca pela 
superioridade era o maior fator motivacional para o comportamento do homem. Tal conceito 
fora vivenciado por ele mesmo em sua infância, ao superar todas as suas inferioridades e 
dificuldades, objetivando um crescimento e melhora pessoal, tanto nos estudos quanto na vida 
social. 
Tive como objetivo fazer um apanhado geral de sua obra, dando ênfase aos seus conceitos 
mais importantes dentro da Psicologia Individual. Atravésde uma revisão bibliográfica, cumpri 
tal objetivo ao descrever que os conceitos centrais de Adler são: a Inferioridade e Compensação 
do indivíduo, onde a criança se vê inferior perante os adultos e através de seus comportamentos, 
busca compensar tal inferioridade; a Busca pela Superioridade, que age impulsionando o 
homem a passar de um estágio para o outro no decorrer de seu desenvolvimento, sempre 
buscando a perfeição; o Interesse Social, como um fator importante na busca da superioridade; 
o Estilo e Objetivo de Vida único de cada ser humano; o Holismo; o Finalismo Ficcional; o 
Poder Criativo do “Self”; o Esquema de Apercepção e a Ordem de Nascimento. Por fim, pode-
se concluir que este foi um pensador revolucionário para a Psicologia. 
Estudar sua obra nos permite pensar sobre a dimensão humana, sobre o todo que envolve o 
comportamento humano, como a influência da sociedade e das expectativas do futuro. Suas 
contribuições nos permitem compreender a complexidade e unicidade de cada ser humano 
presente em nossa sociedade. E que, por mais que vivenciem em uma mesma sociedade, seus 
estilos e objetivos de vida jamais serão os mesmos, pois suas inferioridades jamais foram as 
mesmas. Tudo isso nos permite ver que, o homem é mais do que traumas da infância, é mais 
do que sua libido, é mais do que suas possíveis neuroses. O homem é um ser único, complexo 
e social, que convive com outros homens únicos, complexos e sociais, dentro de uma 
comunidade, dentro de uma humanidade. Tal contribuição tem certo peso dentro da Psicologia 
nos tempos vivenciados atualmente, principalmente em uma sociedade que preza mais o social 
do que o individual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ARAÚJO, A. M. D. C. Antecedentes, Dinâmica e Consequentes do Desenvolvimento 
Vocacional na Infância. Tese de Doutoramento em Psicologia. 2009. Disponível em: 
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10047/1/tese.pdf Acesso em 29 de março 
de 2014. 
 
CUNHA, N.V.S., AYRES, N., MORAES, B. A Teoria da Compensação em Adler e em 
Vigotski. Revista Eletrônica Arma da Crítica. Ano 2. Dezembro 2010. Disponível em: 
http://www.armadacritica.ufc.br/phocadownload/artigo_4_especial.pdf Acesso em 29 de 
março de 2014. 
 
FADIMAN, J. Teorias da Personalidade. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1979. 
 
HALL, C.S., LINDZEY, G., CAMPBELL, J. B. Teorias da Personalidade. 4.ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2000. 
 
FRIEDRICH, S. M. Alfred Adler. Febra Psi – Federação Brasileira de Psicanálise. 2009. 
Disponível em: http://www.febrapsi.org.br/novo/wp-content/uploads/2013/02/alfred_adler.pdf 
Acesso em 29 de março de 2014. 
 
PERVIN, L.A. Personalidade: Teoria e Pesquisa. 8.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
SCHULTZ, D.P., SCHULTZ. S.E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Pioneira 
Thomson Learning, 2003.

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