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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS Relatório de Ecotoxicologia Experimento IV Determinação de ácido hipúrico em urina por HPLC Alunos: Matrícula: Ana Viana 2012.1.05.004 Jussara Ferreira Mesquita 2015.1.13.041 Levy Bueno Alves 2015.1.13.031 Rosângela Gonçalves 2015.1.13.034 Profª. Eduardo Costa Figueiredo Alfenas, 17 de Outubro de 2017 Introdução O Ácido hipúrico é o principal metabólito urinário do tolueno. A determinação urinária é utilizada para monitorização biológica de trabalhadores expostos ocupacionalmente ao solvente. Os produtos metabólicos do tolueno são o cresol (menos de 1%) e o metabólito intermediário benzaldeído. O benzaldeído é metabolizado a ácido benzóico o qual se conjuga com a glicina e forma o ácido hipúrico. Cerca de 80% do tolueno inalado é metabolizado a ácido hipúrico e é excretado na urina 12 horas após a exposição. Alguns trabalhos incluem dosagens desse metabólito para confirmação da efetividade da exposição ao tolueno. Porém outros autores afirmam que não há valor diagnóstico nas dosagens de ácido hipúrico pois este é um constituinte normal da urina e pode ser influenciado pela dieta. No entanto, é importante que se observe o intervalo entre a exposição ao tolueno e a coleta da amostra. Concentrações de tolueno podem ser bifásicas; um pico inicial é seguido por uma baixa refletindo ligação ao lipídios no sistema nervoso central e um pico subseqüente pode ocorrer em decorrência da liberação lenta do tolueno na corrente sangüínea. O exame pode ser positivo mesmo muitos dias após a retirada do tolueno. (Forster et al., Rev Saúde Pública, 28 (2), 1994). Usando a técnica de Crommatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC ou CLAE), que é o método de separação de compostos químicos em solução amplamente usada nas áreas da química e biologia, podemos determinar a concentração de ácido hipúrico em urina. Objetivo Determinar a quantidade de ácido hipúrico (AH) na urina, através da técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), para diagnóstico de indivíduos que podem estar expostos ocupacionalmente ao tolueno. Métodos Foi realizado pelas monitoras os seguintes procedimentos: Calibração - Fazer 3 calibradores e branco da urina (em balão volumétrico) • C1 = 0,1 mg/ml (adicionar 100μL do padrão 2 a 5ml de urina) - homogeneizar no sonicador, 10 min • C2 = 0,5 mg/ml (adicionar 50μL do padrão 1 a 5ml de urina) - homogeneizar no sonicador,10 min • C3 = 1,0 mg/ml (adicionar 100μL do padrão 1 a 5ml de urina) - homogeneizar no sonicador, 10 min Padrão de Ácido Hipúrico (AH) • Sol. 1(50mg/ml) : Dissolver 0,2525g de HÁ (Sigma, 99%) em 5 ml de metanol. Sonicar 10 min e deixar a 4ºC • Sol2.(5mg/ml) : Diluir 1:10ml (balão de 10 ml) da sol.1 Posteriormente, o nosso grupo realizou os seguintes tratamentos: Ensaios Reagentes 1 1 ml de urina (amostra 1) 1 ml de etanol 2 1 ml de C2 1 ml de etanol 3 1 ml de branco 1 ml de etanol Outros grupos realizaram outros tratamentos diferentes, obedecendo as mesmas quantidades de reagentes na tabela acima. Ambos ensaios foram homogeneizados em tubo de centrífuga e submetidos à centrifugação de 2000 rpm por 15 minutos. Após isso, transferiu-se 500 µL do sobrenadante de cada ensaio para frascos âmbar com tampa de rosca para que pudessem ser lidos pela HPLC. No final do processo, obtivemos ao todo: Grupo A1 A2 C1 C2 C3 Branco DBZ X X X ELI X X Laís X X LJA X X X WW X X YMT X X Total 3 3 2 2 2 2 Totalizando uma duplicata de branco da urina, uma duplicata de cada calibrador e uma triplicata de cada amostra. Foram injetados 20 µL do sobrenadante no HPLC. Na técnica de HPLC respeitou-se as seguintes condições: Condições do HPLC Fase móvel: água/metanol/ácido acético (para 1L = 792/200/8) Vazão: 1,3 ml/min C.onda = 257nm Técnica de Cromatografia Líquida de Alta Pressão A cromatografia é um método físico-químico de separação. Ela está fundamentada na migração diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações, entre duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. A grande variedade de combinações entre fases móveis e estacionárias a torna uma técnica extremamente versátil e de grande aplicação. A cromatografia pode ser utilizada para a identificação de compostos, por comparação com padrões previamente existentes, para a purificação de compostos, separando-se as substâncias indesejáveis e para a separação dos componentes de uma mistura. O grande avanço na cromatografia em coluna foi o desenvolvimento e a utilização de suportes com partículas diminutas responsáveis pela alta eficiência, as quais tornam necessário o uso de bombas de alta pressão para a eluição da fase móvel, devido a sua baixa permeabilidade. A Figura 1 mostra um equipamento típico de HPLC. As fases móveis utilizadas em HPLC devem possuir alto grau de pureza e estar livres de oxigênio ou outros gases dissolvidos, sendo filtradas e desgaseificadas antes do uso. Figura 1 – Esquema do equipamento de HPLC A bomba deve proporcionar ao sistema vazão contínua sem pulsos com alta reprodutibilidade, possibilitando a eluição da fase móvel a um fluxo adequado. As válvulas de injeção usadas possuem uma alça de amostragem para a introdução da amostra com uma seringa e duas posições, uma para o preenchimento da alça e outra para sua liberação para a coluna. Existem alças de diversos volumes, sendo utilizadas geralmente alças na faixa de 5-50 μL para injeções analíticas e 0,5-2 mL para preparativas. As colunas utilizadas em HPLC são geralmente de aço inoxidável, com diâmetro interno de cerca de0, 45 cm para separações analíticas e na faixa de 2,2 cm para preparativas. O comprimento é variável, sendo comuns colunas analíticas de 10- 25 cm e preparativas em torno de 25-30 cm. Essas colunas são reaproveitáveis, sendo empacotadas com suportes de alta resolução, não sendo necessária sua regeneração após cada separação. O detector mais utilizado para separações por HPLC é o detector de ultravioleta, sendo também empregados detectores de fluorescência, de índice de refração, e eletroquímicos, entre outros. Detectores de polarimetria para HPLC, recentemente desenvolvidos, diferenciam compostos quirais, através da rotação de seus estereoisômeros frente à luz plano-polarizada. Fundamento químico: O ácido hipúrico é considerado um marcador de exposição ocupacional para o tolueno estando a sua concentração relacionada à exposição ocupacional, durante a jornada de trabalho do dia. O tolueno é um composto aromático também chamado de metilbenzeno por sua estrutura química. É um líquido incolor, volátil quando em pressão de vapor a 25°C, com propriedade significativa de lipossolubilidade e que apresenta traços de benzeno de até25%, quando utilizado para fins comerciais. A absorção ocorre principalmente pela via pulmonar, sendo que cerca de 40% do tolueno inalado é absorvido pelos pulmões. A absorção ocorre principalmente pela via pulmonar, sendo que cerca de 40% do tolueno inalado é absorvido pelos pulmões. A principal via de biotransformação é a oxidaçãodo grupamento metila. O primeiro passo corresponde à formação do álcool benzílico, mediado pelo citocromo P450.Segue-se a oxidação a benzaldeído, pela ação de álcool desidrogenase e finalmente a formação do ácido benzóico, etapa catalisada pela enzima aldeído desidrogenase . Este ácido se conjuga principalmente com a glicina, formando o ácido hipúrico e em menor proporção com o ácido glicurônico, produzindo benzoilglicuronatos. O Etanol utilizado no tratamento da amostra tem função de precipitar cristais de urina. Resultados e discussões Através da análise das cromatografias obtivemos os seguintes resultados: Resultados Tratamentos 1º 2º Média Branco 109684 90816 100250 C1 291490 269555 280523 C2 1163451 1655190 1409321 C3 2872425 2700299 2786362 Os valores médios de C1, C2, e C3 foram subtraídos com a média do branco, permitindo a construção de uma curva de calibração: y = 3E+06x - 92464 R² = 1 0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 mg/mL Curva de Calibração Foram analisadas duas amostras: A1 e A2, onde: Resultados Amostras 1º 2º 3º Média A1 657704 709010 *1251549 683357 A2 1996238 2030817 1947686 2013527,5 Atenção: o terceiro ensaio de A1, representado por “*”, foi desconsiderado para o cálculo da média já que pode influenciar no resultado. Assim: Substituindo em A1: 683357 = 3000000 x – 92464 x = 0,26 mg/mL ou 0,26 g/L Substituindo em A2: 2013527,5= 3000000 x - 92464 x = 0,70 mg/mL ou 0,7 g/L Para amostra 1: 0,26 ÷ 1,5 = 0,17 g de ácido hipúrico /g de creatinina Para amostra 2: 0,70 ÷ 1,5 = 0,47 g de ácido hipúrico/g de creatinina Interpretação Valores de referência: VR = 1,5 g/g de creatinina IBMP = 2,5 g/g de creatinina Pode-se interpretar que a quantidade de ácido hipúrico/creatinina na urina tanto na amostra 1, que equivale a 0,17 g de ácido hipúrico/g de creatinina, assim como na amostra 2 que equivale a 0,47 g de ácido hipúrico/g de creatinina, estão abaixo do Valor de Referência e abaixo do IBMP estabelecidos. Portanto, o valor está dentro do esperado. Conclusão Conclui-se que pelo método de HPLC, que a quantidade de ácido hipúrico na urina está abaixo do estabelecido, portanto dentro do padrão (VR=1,5g/g de creatinina e IBMP= 2,5g/g de creatinina). Através do gráfico, pode-se concluir que ele é crescente, porque quanto maior a concentração do calibrador, maior o sinal. Este aumento é linear, porque respeita a equação de uma reta. Referências OGA, S Fundamentos de toxicologia. 3° edição. São Paulo: ateneu Editora, 2008 LORENZETTI, G. G.; LETTIERI, M. T. Avaliação de ácido hipúrico como biomarcador de exposição ocupacional em trabalhadores de postos de combustíveis. Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n.3, p. 319-324, 2009. SILVA, Z. L.; NICÁCIO, J. S.; JACINTO, M.; AMORIN, L. C. A.; ALVAREZLEITE, E. M. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences. Vol. 38, n. 2, 2002. SIQUEIRA, M. E. P. B.; PAIVA, M. J. N. Hippuric acid in urine: reference values. Revista Saúde Pública, 36 (6), p. 723-727, 2002.
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