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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS Relatório de Ecotoxicologia Experimento V Determinação de arsênio em peixe Alunos: Matrícula: Jussara Ferreira Mesquita 2015.1.13.041 Levy Bueno Alves 2015.1.13.031 Profª. Eduardo Costa Figueiredo Alfenas, 31 de Outubro de 2017 Introdução O arsênio na sua forma metálica e com elevado grau de pureza, é empregado na indústria eletrônica para produção de diodos e compostos semicondutores. Alguns compostos do elemento são empregados na agricultura, como matéria prima para produção de pesticidas. Na indústria química, é empregado como agente descolorante e espessante na produção de vidros e na purificação eletrolítica do zinco. Na medicina, é usado em algumas formulações de uso médico e veterinário e compostos de As, como o clorodietilarsênio e a Lewisita (Cl-CH=CH-AsCl2), que já foram utilizados como armas químicas no passado (Pataca, Luís Caros et al, 2005). Segundo Mandal, a toxidez do elemento depende muito de sua forma química e de seu estado de oxidação. O arsênio elementar não é tóxico, mas é rapidamente convertido a produtos tóxicos pelo organismo humano. A maior parte dos compostos contendo arsênio, sejam eles orgânicos ou inorgânicos, penta- ou trivalentes, acabam sendo convertidos pelo organismo ao trióxido de arsênio, o qual reage muito rapidamente com os grupos sulfidrilas (-SH) de proteínas, inibindo a ação enzimática e bloqueando a respiração celular Nos últimos anos, a ingestão de arsênio inorgânico através da água, tem emergido como uma importante questão de saúde pública. O elemento chega aos corpos d’água por fontes de depósitos naturais ou por práticas agrícolas e industriais, principalmente a mineração. As consequências para a saúde humana da exposição crônica ao arsênio incluem um aumento no risco de várias formas de câncer e numerosos efeitos patológicos, tais como doenças cutâneas (hiperpigmentação e hiperqueratose), gastro-intestinais, vasculares, diabetes mellitus e neuropatias periféricas. Os perigos a saúde humana pelo consumo de pescado com concentrações de metais e elementos traços acima do nível natural têm sido avaliados por estudos recentes utilizando como ferramenta a avaliação de risco desenvolvida por agências de proteção ambiental. A determinação de chumbo, cádmio e arsênio em amostras de pescado é de grande interesse à saúde pública devido ao potencial de toxicidade desses elementos. Esses metais têm a capacidade de acumular-se em tecidos vivos ao longo da cadeia alimentar e os peixes podem se tornar a principal forma de transferir para a população esses elementos, uma vez que eles são capazes de bioacumulação. Objetivo Determinar a concentração de arsênio em material biológico (peixe) através da técnica de determinação espectrofotométrica. Métodos Amostra: tecido de peixe De acordo com o procedimento experimental, para a realização da prática necessitou-se dos seguintes materiais: 1. Aparelho especial para evolução de arsina. 2. Espectrofotômetro para região do visível . 3. Solução estoque de arsênio ( 1mg/mL ) . -Dissolver 0,132 g de As2O3 (trióxido de arsênio) em 1mL de solução de NaOH 10%. Adicionar 50 mL de água desionizada, neutralizar com HCl concentrado (gotas de HCL) até o pH 7,0 e diluir até 100 mL água desionizada. 4. Solução-padrão de arsênio ( 10 mg/mL ) . -Dissolver 1 mL de solução estoque de arsênio até 100 mL com água desionizada. 5. Lã de vidro impregnada com acetato de chumbo. 6. Acetato de chumbo, solução 10%. 7. Dietilditiocarbamato de prata (DDCAg), solução 0,5% em piridina. Conservar em vidro âmbar, na geladeira. Estável vários meses. 8. SnCl2, solução 40%. 9. KI, solução 15%. 10. Zinco granulado. 11. HCl, solução (1 : 1-V/V), com água desionizada. 12. HNO3 conc. 13. H2O2. Nota: Os reagentes devem ser livres de arsênio e preparados com água desionizada. Técnica de mineralização por via seca: 1- Utilizamos 4,651 g de tecido de peixe (já pesado pelas monitoras), previamente triturada em almofariz, em um béquer de 250 mL e adicionou- se 4 mL de ácido clorídrico concentrado e 4 mL de peróxido de hidrogênio 30%. 2- Deixamos em pré-digestão por 20 min à temperatura ambiente, mexendo com um bastão de vidro para desfazer a amostra. 3- Colocou-se mais 4 mL de ácido clorídrico concentrado e 4 mL de peróxido de hidrogênio 30%. 4- Deixamos em pré-digestão por mais 20 min à temperatura ambiente. 5- Após isso, colocamos o béquer em chapa aquecedora a 150ºC, e deixamos até quase secura completa, tomando cuidado para a amostra não queimar. 6- Retiramos o béquer da chapa e resfriamos. Adicionamos mais 4 mL de ácido clorídrico concentrado e 5 mL de peróxido de hidrogênio 30%. 7- Deixamos em pré-digestão por mais 20 min à temperatura ambiente. Determinação de arsênio: Procedemos o experimento da seguinte forma: 1- Sob a capela, separadamente, adicionamos 90 mL de HCl e 80 ml de água desmineralizada ao béquer contendo o material biológico (peixe) já mineralizado por via seca. Agitamos o béquer e em seguida transferimos o seu conteúdo para um frasco gerador. 2- Adicionamos, separadamente, 2 mL de solução Kl 15% e 1 mL da solução SnCl2 40% ao frasco gerador e agitamos moderadamente. Esses reagente promovem a redução do arsênio 5+ para o arsênio 3+. 3- Foi preparado pelas monitoras um tubo contornado onde, na extremidade próxima a conexão com o frasco gerador, continha um chumaço de lã de vidro impregnado com acetato de chumbo. O acetato de chumbo eliminará interferências de impurezas que podem estar presentes como substâncias voláteis na amostra. 4- Adicionamos na outra extremidade do tubo contorcido 5 mL da solução de dietilditiocarbamato de prata (DDCAg) e conectamos o tubo contorcido no frasco gerador, reservando-o. O DDCAg é o agnete espectrofotométrico. 5- Retiramos o tubo contorcido e adicionamos ao frasco gerado 3,03 g de Zn e fechamos novamente de forma imediata o frasco gerador com o tubo contorcido. O zinco metálico + H+ do ácido clorídrico vão reagir formando hidrogênio nascente que reagirá com o arsênio presente na amostra formando ASH3, popularmente chamado de arsina. A solução dentro do frasco gerador vai sendo pressurizada até ir na região de maior diâmetro do tubo contorcido, onde será possível observar borbulho (alívio de pressão). A arsina reagirá com o DDCAg formando um composto colorido que pode ser quantificado por espectrofotometria. 6- Após uma hora aproximadamente, retiramos o tubo contendo a solução de DDCAg e transferimos essa solução para uma cubeta, e efetuamos a leitura da absorbância em 540 nm, utilizando como referência um branco de reativos com água desionizada. Para a realização de uma curva de calibração, realizou-se, em duplicata, alíquotas padrão de As2O3 correspondentes a 5-20 µg de As. O nosso grupo contribui realizando um ensaio de padrão de As2O3 de 10 µg, sendo assim, para a realização disso, repetiu-se o procedimento tratando o padrão como amostra e, posteriormente, foi possível realizar a leitura da absorbância no espectrofotômetro. No preparo da curva de calibração, em geral, a turma realizou os padrões através de diferentes volumes de solução padrão de arsênio (10 µg/mL), e, para realização do branco apenas nãorealizou a adição da solução padrão. O procedimento foi realizado conforme descrito abaixo e submetido a repetição do experimento do item 1 ao 6. • Branco: 90 mL de HCl + 80 mL de água desmineralizada; • Padrão 5: 0,5 mL de solução padrão de arsênio + 90 mL de HCl + 80 mL de água desmineralizada. • Padrão 10: 1,0 mL de solução padrão de arsênio + 90 mL de HCl + 80 mL de água desmineralizada • Padrão 15: 1,5 mL de solução padrão de arsênio + 90 mL de HCl + 80 mL de água desmineralizada • Padrão 20: 2,0 mL de solução padrão de arsênio + 90 mL de HCl + 80 mL de água desmineralizada. Resultados e discussões Conforme realizamos o procedimento, obtivemos os seguintes resultados que se referem aos diferentes volumes de padrões: Padrão (µg) Ensaios (A) 1º 2º Média (A) 5 0,088 0,093 0,095 10 0,038* 0,193 0,231 15 0,23 0,232 0,231 20 0,156* 0,333 0,245 Sob orientação do professor responsável pela aula prática, desconsideramos os resultados que se divergiram dos valores reais (estes expressos por “*” na tabela), pois estes valores poderiam influenciar o resultado na construção da curva de calibração, interferindo no resultado final devido a discrepância entre os resultados. Sendo assim, para a construção da curva, substituímos as médias dos padrões 10 e 20 por 0,193 e 0,333 µg, respectivamente. Sendo assim, obtemos: Padrão (µg) Absorbância (A) 5 0,095 10 0,193 15 0,231 20 0,333 Foi possível realizar a construção de uma curva de calibração através de padrões de volumes diferentes de As2O3 correspondentes a 5-20 µg de As. y = 0,015x + 0,025 R² = 0,9734 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0 5 10 15 20 25 A b so rb ân ci a (A ) Concentração (µg) Curva de calibração Obtivemos os seguintes referentes aos materiais de amostras que foram utilizados na turma 2: Amostras Ensaios (A) Média 1º 2º 3º 1 0,11 0,117 0,103 0,11 2 0,231 0,196 Ø 0,214 3 0,127 *0,059 0,107 0,117 Na tabela acima, realizou-se em triplicata as amostras 1 e 3, enquanto a amostra 2 em duplicata. No caso da amostra 3, sob orientação do professor, eliminamos o ensaio 2 (expresso em “*”) para a realização da média, pois se considerarmos esse ensaio, o resultado seria influenciado pela discrepância do valor em relação aos outros. Para calcular a concentração de arsênio presente nas amostras, utilizamos a equação da reta fornecida pelo gráfico da curva de calibração Substituindo em A1: 0,11 = 0,015x + 0,025 x = 8,5 µg Substituindo em A2: 0,214 = 0,015x + 0,025 x = 12,6 µg Substituindo na A3: 0,117 = 0,015x + 0,025 x = 6,13 µg Utilizamos 4,651 g de tecido de peixe, sendo assim: Amostras Ajuste Resultado 1 8,5 µg/ 4,651 g 1,83 µg/g 2 12,6 µg/ 4,651 g 2,71 µg/g 3 6,13 µg/ 4,651 g 1,32 µg/g O resultado final foi expresso em Mg/Kg: Resultado 1,83 mg/Kg 2,71 mg/Kg 1,32 mg/Kg Interpretação Limite máximo de tolerância de 1,0 mg/Kg (ANVISA) Analisando as três amostras 1, 2 e 3 podemos afirmar que a concentração de arsênio encontrada foi superior ao limite máximo permitido, não estando de acordo com os regulamentos permitidos pela Anvisa. indicando uma contaminação de arsênio no habitat do peixe analisado. A determinação da concentração de arsênio e outros metais em amostras de pescados é de grande interesse à saúde pública devido ao alto potencial de toxidade desses elementos, já que estão sujeitos ao efeito de bioacumulação na cadeia alimentar. Sendo assim, as amostras são inapropriadas para o consumo humano. Conclusão Foi possível determinar a concentração de arsênio em tecido de peixe através da técnica de determinação espectrofotométrica. Com o auxílio de uma curva de calibração de diferentes volumes de padrões foi possível obter uma equação da reta que possibilitou o cálculo da concentração de arsênio nas amostras 1, 2 e 3. Com a análise das amostras foi possível afirmar que ambas estavam impróprias para o consumo humano, já que apresentaram concentrações de arsênio acima do limite de tolerância pela agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA). Referências Pataca, M. Luíz Carlos et al. Determinação de arsênio em águas contaminadas usando fluorescência de raios-X por energia dispersiva. Quim. Nova, Vol. 28, No. 4, 579-582, 2005. Mandal, B. K.; Suzuki, K. T. Arsenic round the word: a review. Talanta 2002, 58, 201.
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