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Teoria do Crime Direito Penal

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Teoria do Crime
Professora Aline Casado
Conceito de crime
Conceito material
Conceito de crime é artificial, independe de fatores naturais.
Sociedade é a criadora inaugural do crime, qualificativo que reserva às condutas ilícitas mais gravosas e merecedoras de maior rigor punitivo.
Será que o conceito de crime é uma construção natural?
A sociedade define em torno de seus próprios interesses o que ou quais as condutas que devem ser considerado crime: portanto não é natural.
Conceito de Crime
No sentido material crime é a conduta ofensiva a um bem juridicamente tutelado, ameaçada de pena.
Claus Roxin: “o direito material é prévio ao Direito Penal e fornece ao legislador um critério político-criminal sobre o que o Direito Penal deve punir e o que deve deixar impune.”
Como nasce no grupo social o conceito material de crime?
Ex.: homofobia
Essa é a fonte, a essência do conceito material do delito.
Proj. Lei – admitido – aprovado – sancionado – lei penal incriminadora = conceito formal de delito.
Conceito formal
Análise do que a lei considera como crime.
Na concepção formal, o crime é exatamente a conduta descrita em lei como tal. 
Para isso, utiliza-se o critério de existência de um tipo penal incriminador. Existindo, há o delito em tese. 
Se alguém praticar a conduta prevista no tipo incriminador, ocorre a perfeita adequação entre o modelo de conduta proibida (previsto em lei na forma abstrata) e a conduta real, determinativa do resultado no mundo naturalístico.
É formalmente crime a conduta proibida por lei penal, sob ameaça de aplicação de pena.
Evolução dos tipos: formalmente crime e em desuso. 284, CP curandeirismo.
Conceito Analítico
O conceito analítico cuida da concepção do direito, acerca do crime.
Decomposição do conceito formal de crime para extrair os elementos que compõem o conceito de crime.
O crime é conduta típica, ilícita e culpável, vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida (tipicidade, onde estão contidos os elementos subjetivos dolo e culpa), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência potencial da ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito (culpabilidade).
Teorias bipartida, Tripartida e Quadripartida do delito
Teoria Bipartida: crime é fato típico e culpável, estando a ilicitude incluída no âmbito da tipicidade.
Teoria Tripartida Causalista: crime é fato típico, antijurídico e culpável. Difere da outra posição tripartida, pois esta insere o elemento subjetivo do crime na culpabilidade.
Teoria Quadripartida: o crime é fato típico, antijurídico, culpável e punível. A posição destaca-se pela integração da punibilidade como elemento do crime. Excludente de punibilidade afastaria o crime.
Princípios Elementares do Crime
Emerge a olhos vistos, a relevante função do princípio da legalidade, associado à anterioridade. Somente é crime a conduta assim tipificada em lei, que a defina, editada antes da prática do fato. Igualmente, somente há pena, quando previamente cominada em lei.
Onde está o conceito de crime no CP?
Várias teorias explicam o conceito de crime
Causalismo
A corrente causalista ou causal-naturalista advém de estudos realizados por Von Liszt em fins do Séc. XIX, lastreada no jusnaturalismo e no desenvolvimento científico da época.
Considera uma conduta punível, o fato ao qual a ordem jurídica associa a pena como legítima consequência.
Conteúdo do fato era preenchido com a vontade humana, afastando casos fortuitos.
Identifica sempre uma conduta contrária ao direito (ilicitude), lesionando ou colocando em risco um bem jurídico; além disso, é uma conduta culpável ou sejam um ato doloso ou culposo, praticado por um indivíduo responsável (imputável).
Causalismo
Fato: para ser típico, seria formado por uma ação ou omissão voluntária e consciente, que produzisse movimentos corpóreos que culminam com um resultado.
Conduta + resultado: houver lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico penal, encaixa-se no tipo penal = fato típico.
Fato é ilícito? (contrário ao comportamento aceito juridicamente)
Agente atuou com dolo ou culpa.
Preenchidos os três requisitos, emerge o crime e a consequência é a aplicação da pena.
Causalismo – Estrutura do Crime
1) Fato típico:
A) conduta (na qual não interessa a finalidade do agente);
B) resultado;
C) nexo causal;
D) tipicidade;
2) antijuridicidade. Cometido o fato típico, presume-se ser ele antijurídico, salvo excludentes de ilicitude;
3) culpabilidade:
A) imputabilidade
B) dolo e culpa (normativo – consciência da conduta e do resultado, nexo de causalidade, antijuridicidade, vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.)
Neokantismo (Teoria Neoclássica)
Segunda fase do casualismo – Mezger e Frank.
Afastando-se do jusnaturalismo buscando certos valores, não mais compatíveis com a pureza do conceito clássico tradicional.
A culpabilidade possui outros fatores, além do dolo e da culpa, constituídos pela valoração de quem analisa o fato.
O terceiro observador é o Estado-juiz, que proferirá um juízo de valor, censurando o fato típico e antijurídico praticado pelo sujeito ou não.
Procura valer-se da imputabilidade (se o autor era capaz de entender o que faz), do elemento subjetivo do crime (se agiu com dolo ou culpa) e se podia agir conforme as normas impostas pelo direito (poderia estar sob coação moral, sem condições de agir de outro modo)
Neoclassismo – Estrutura do Crime
1) Fato típico
A) conduta (na qual não interessa a finalidade do agente)
B)resultado;
C) nexo causal;
D)tipicidade;
2) antijuridicidade. Cometido um fato típico presume-se ser ele antijurídico, salvo excludentes de ilicitude.
3) culpabilidade
A)imputabilidade
B) dolo e culpa
C)exigibilidade de conduta diversa.
Finalismo
Hans Walzel preconizou a teoria finalista, para essa teoria não há como dissociar a conduta da intenção do agente, já que ela é precedida de um raciocínio que o leva a realiza-la ou não.
A conduta portanto é o comportamento humano, voluntário e consciente (doloso ou culposo) dirigido a uma finalidade.
Dolo e culpa integram a conduta e quando ausentes – atipicidade.
A culpabilidade deixa de abranger o dolo e a culpa e, por consequência, de ser requisito do crime, passando a ser pressuposto da aplicação da pena.
No lugar do dolo e da culpa, passa a existir na culpabilidade apenas a potencial consciência da ilicitude.
Finalismo – Estrutura do Crime
1) fato típico, que contém os seguintes elementos:
A)conduta culposa ou dolosa. Dolo natural, deixa de integrar a culpabilidade e passa a compor o fato típico. 
A.1) consciência da conduta e do resultado;
A.2) consciência do nexo causal;
A.3) vontade de realizar a conduta e provocar o resultado;
B) resultado
C) nexo causal
D) tipicidade
2) antijuridicidade
Culpabilidade – pressuposto de aplicação da pena
A) imputabilidade
B) exigibilidade de conduta diversa
C) potencial consciência da ilicitude
Teoria social da Ação
Teoria pós-finalista.
Conduta é o comportamento humano socialmente relevante, dominado e dominável pela vontade. 
Conduta ilícita socialmente relevante é aquela danosa à sociedade, à coletividade, porque atinge negativamente o meio em que as pessoas vivem.
Assim se, embora objetiva e subjetivamente típico, um comportamento não afronta o sentimento de justiça, o senso de normalidade ou de adequação social do povo, não se pode considera-lo relevante para o direito penal.
Resultado
Resultado é a modificação que o crime provoca no mundo exterior, ou seja, aquilo que é produzido por uma conduta dolosa ou culposa do homem.
Ficam excluídas do conceito de resultado as modificações decorrentes dos fenômenos da natureza, das hipóteses de caso fortuito ou força maior, ou do comportamento de animais irracionais.
Para essa teoria (Naturalística), é possível que haja crime sem resultado, como nos delitos de mera conduta
Resultado
Crimes materiais:
quando o tipo penal descreve uma conduta e um resultado, e exige este para o crime ser consumado.
Crimes formais: quando o tipo penal descreve uma ação, mas dispensa o resultado para fim de consumação. Art. 147, CP/ art. 158, CP
Crimes de mera conduta: quando o tipo penal descreve apenas uma ação. porte ilegal de arma de fogo. Corrupção de menores Art. 244-A, ECA
Nexo causal
Nexo causal é a relação natural de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente.
Nos crimes materiais, a tipificação do delito pressupõe que se demonstre que a conduta do agente provocou o resultado, ou seja, que reste devidamente demonstrado o nexo causal.
Nos crimes formais e nos crimes de mera conduta não se exige nexo causal, uma vez que esses crimes dispensam a ocorrência de qualquer resultado naturalístico, basta o comportamento.
O fato típico dos crimes materiais possui quatro requisitos: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade.
Nos crimes formais e de mera conduta: conduta e tipicidade.
Teorias do Nexo Causal
Teoria da Equivalência dos antecedentes (Teoria da equivalência das condições ou teoria da condição simples ou generalizadora): qualquer das condições que compõem a totalidade dos antecedentes é causa do resultado, pois a sua inocorrência impediria a produção do evento.
É a teoria denominada conditio sine que non (sem o antecedente não há resultado), que sustenta que a “causa da causa também é causa do que foi causado” (causa causae est causa causati).
Venda de arma, condução por taxista, tiros, morte de alguém.
Todas as ações, ainda que lícitas, são consideradas causas do resultado morte
Não se está apurando, nesta fase, a responsabilidade penal, que depende de dolo ou culpa.
Causalidade adequada
Teoria das condições qualificadas: um evento somente será produto da ação humana quando esta tiver sido reputada apta e idônea a gerar o resultado.
Consideram-se causa do evento delituoso apenas os antecedentes comuns e razoáveis a gerar aquele tipo de resultado.
Venda de arma, condução por taxista, tiros, morte de alguém
Descarte como causas de um delito.
Causas independentes e relativamente independentes
Causas independentes: são situações que surgem no curso causal de um evento, e, por si só, capazes ou aptas a produzir o resultado, cortam, rompem o nexo causal.
Ex.: tiro e vítima atingida por raio. Causalidade antecipadora
Causas relativamente independentes: surgem de alguma forma ligadas às causas geradas pelo agente mas, possuem força suficiente para gerar o resultado por si mesmas.
Ex.: vítima no hospital e incêndio.
Causas independentes e relativamente independentes
A causa relativamente independente tem força para cortar o nexo causal, fazendo com que o agente responda somente pelo que já praticou, desde que hajam 2 requisitos:
1) previsibilidade do agente quanto ao resultado mais grave;
2) força da causa superveniente provocar, sozinha, o resultado.
*linha evolutiva do perigo.
O agente do disparo responderá somente pelo já praticado antes do desastre ocorrido: tentativa de homicídio ou lesão consumada, conforme a intenção.
Concausas e seus efeitos
Concausa: é a confluência de uma causa exterior à vontade do agente na produção de um mesmo resultado, estando lado a lado com a ação principal.
Concausa é fator estranho ao comportamento do agente, que se insere no processo dinâmico, de modo que o resultado é diferente do que seria esperado em face do referido comportamento.
Concausa superveniente relativamente independente.
Concausa preexistentes.
Concausas absolutamente independentes.
Teoria da Imputação Objetiva
Claus Roxin um dos principais teóricos ensina que:
“a atribuição de um resultado a uma pessoa não é determinado pela relação da causalidade, mas é necessário um outro nexo, de modo que esteja presente a realização de um risco proibido pela norma”.
A adoção da teoria da imputação objetiva, segundo os defensores, transcende o contexto do nexo causal, impondo-se como alternativa ao finalismo.
Novos mecanismos de transformação radical nos institutos jurídico-penais, quer quanto ao conteúdo dogmático, quer quanto às classes e tipos de sanções a serem aplicadas dadas as inúmeras mudanças no comportamento do indivíduo e nas relações sociais.
Teoria da Imputação Objetiva
Outro defensor nos dias de hoje Günther Jakobs.
A imputação objetiva exige, em síntese, para que alguém seja penalmente responsabilizado por conduta que desenvolveu, a criação ou o incremento de um perigo juridicamente intolerável e não permitido ao bem jurídico protegido, bem como a concretização desse perigo em resultado típico.
Trata-se de analisar o nexo necessário entre a atuação do autor e a produção do resultado nos delitos de resultado.

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