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1 UNIVERSIDADE VILA VELHA Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento Professora: Terezinha Loureiro PROPOSTA DE TREINAMENTO EM HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Cássio Rigo Altoé Helenise Mello Laís Guidolini Borghi Marcio Cardozo Van Der Put Junior Rosa Euridice Rodrigues de Oliveira Vila Velha – ES Dezembro/2017 2 Cássio Rigo Altoé Helenise Mello Laís Guidolini Borghi Marcio Cardozo Van Der Put Junior Rosa Euridice Rodrigues de Oliveira PROPOSTA DE TREINAMENTO Trabalho avaliativo do Curso de Pós- graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho na disciplina de Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento da Universidade Vila Velha. Profª Terezinha de Jesus Lyrio Loureiro Vila Velha – ES Dezembro/2017 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 6 2.1 A Psicologia da Segurança no Trabalho .............................................. 7 2.2 Comportamento Seguro......................................................................... 8 2.3 Percepção de Risco ............................................................................... 9 2.4 Fatores humanos que influenciam comportamentos de risco ......... 11 2.5 Comportamentos de risco típicos em ambiente de trabalho ............ 11 2.6 Alguns benefícios da psicologia para a segurança do trabalho ...... 12 2.7 Higienização das mãos em serviços de saúde .................................. 13 3. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE ....................... 16 3.1 Definição de Higienização das Mãos .................................................. 17 3.2 Importância e finalidade da higienização das mãos ......................... 17 3.3 Como e quando fazer a higienização das mãos? .............................. 17 4. ESPECIFICAÇÕES DO TREINAMENTO .................................................. 20 4.1 Conteúdo Geral ..................................................................................... 20 4.2 Perfil dos instrutores: .......................................................................... 22 4.3 Avaliação do Treinamento ................................................................... 22 5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 24 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 25 4 1. INTRODUÇÃO A Psicologia de Segurança do Trabalho teve sua introdução no mundo através de diversos autores, que já tratavam do ser humano envolvido em acidentes de trabalho, porém, ainda de forma bastante tímida. No Brasil, a psicologia do trabalho ainda é muito nova, pois surgiu a pouco mais de 40 anos e tem suas atuações em vários campos, sendo o mais comum a Psicologia clínica. Nesse campo o estudo do comportamento humano na ocorrência de acidentes de trabalho necessita levar em conta a forma como nós nos relacionamos com nosso meio de trabalho bem como a forma como enfrentamos os riscos existentes no ambiente. Dentro dos hospitais podemos encontrar diversos riscos, como por exemplo, os biológicos, os físicos, químicos, de acidentes e ergonômicos, sendo assim considerados ambientes insalubres. Grandes avanços tecnológicos e legais relacionados à saúde e segurança do trabalho têm proporcionado um ambiente de trabalho um pouco mais seguro, porém os índices de acidentes em ambientes hospitalares continuam a crescer. Isto pode estar relacionado ao fato de que o foco está mais concentrado no técnico- operacional do que no comportamento humano. O comportamento humano é a peça principal para a conscientização e a correta prevenção dentro do ambiente de trabalho, pois alguns acidentes ocorrem devido à forma como o indivíduo se relaciona com o seu meio e/ou situação a qual ele está exposto dentro da organização. Por isso, é de suma importância que as áreas hospitalares orientem seus trabalhadores sobre segurança no trabalho, a fim de construir a cultura do comportamento seguro. A cultura do comportamento seguro proporciona ao trabalhador a identificação e controle dos possíveis riscos inerentes àquela determinada função que ele está exercendo, diminuindo assim a probabilidade de acidentes. Esta cultura é disseminada através de treinamentos. O treinamento é uma ferramenta responsável pela capacitação do trabalhador no desempenho de suas atividades profissionais e pela educação contínua corporativa, auxiliando na postura preventiva com relação a acidentes 5 de trabalho. Logo, um bom treinamento gera o comportamento seguro, que por sua vez contribui para que os trabalhadores sejam motivados a reduzir os riscos de acidentes, além de melhorar e aumentar a qualidade dos serviços prestados e reduzir custos. Dentro dos ambientes hospitalares, é de suma importância que os treinamentos apresentem todos os riscos inerentes à função e ao ambiente ao qual o trabalhador ficará exposto, bem como é de suma importância que se observe a NR 32 que veio regulamentar a Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde e tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. 6 2. REFERENCIAL TEÓRICO A revolução industrial foi muito responsável por uma modificação rápida da sociedade, pois com a demanda por bens de consumos, alimentos e utensílios surgiu a necessidade de se produzir em grandes escalas e assim começaram a surgir muitas industriais e com elas vieram as máquinas gerando grandes impactos no processo produtivo, e a exposição dos trabalhadores ao risco foi inevitável. Devido às preocupações de ordem moral e econômica associadas ao custo humano da Revolução Industrial, em 1919, surgiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que passou a nortear as relações de trabalho no cenário mundial. A partir de então as relações de trabalho ganharam força. Começaram a surgir normas e regulamentos para disciplinar o trabalho. Em 1938 foi publicada no Brasil a Portaria nº 3214 aprovando as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. O Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho do Ministério da Previdência Social e Ministério do Trabalho e Emprego publicado em 2015 ainda apresenta um elevado índice de acidentes de trabalho. Segundo o artigo 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, “acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente”. Pode causar desde um simples afastamento, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho, até mesmo a morte do segurado. Também são considerados como acidentes do trabalho: a) o acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado; b) a doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade; e7 c) a doença do trabalho, adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Nestes dois últimos casos, a doença deve constar da relação de que trata o Anexo II do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6/5/1999. Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação constante do Anexo II resultou de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve equipará-la a acidente do trabalho. Alguns estudos sobre a saúde psicológica do trabalhador apontam a necessidade das empresas incluírem no seu escopo de trabalho o bem-estar do trabalhador. Há pouco tempo documentos nacionais e internacionais têm destacado a seriedade de incluir os aspectos ou fatores psicossociais nas análises de riscos, que tradicionalmente contemplam apenas aspectos objetivos (químicos físicos e biológicos). (RUIZ; ARAÚJO, 2011) Diante do elevado índice de acidentes de trabalho que por consequência traz prejuízo não só para a economia, mas principalmente para o trabalhador que quando não vem ao óbito, pode deixar sequelas levando a interrupção do trabalhador no mercado de trabalho, falaremos sobre a importância da psicologia da segurança do trabalho. 2.1 A Psicologia da Segurança no Trabalho A maior parte dos acidentes de trabalho é causada por falha humana, seja por excesso de confiança, falta de aptidão ou execução inadequada da atividade, problemas emocionais, dentre outros, os quais os fatores devem ser averiguados e corrigidos por meio da psicologia. A Psicologia da Segurança no Trabalho é uma área muito importante, pois possibilita compreender o que motivou o acidente, contribuindo na melhoria do bem-estar do trabalhador. Desde a Grécia antiga o homem já 8 relaciona doenças e acidentes de trabalho a hábitos e condutas dos trabalhadores (Ramazzini, 2016). O estudo dos fenômenos psicológicos na segurança do trabalho está avançando, o que interfere positivamente na qualidade das intervenções, sendo possível assim, analisar os aspectos que são importantes para lidar com as condutas relativas aos riscos e com a elaboração de estratégias eficazes para a melhoria das condições de trabalho (BLEY, 2004). Esta área proporciona conhecimentos para profissionais que atuam em segurança no trabalho como médicos, engenheiros e técnicos. Isso não quer dizer que estes profissionais irão atuar nessa área, apenas poderão reconhecer se um trabalhador vem apresentando desequilíbrio emocional que necessite da ajuda de um profissional qualificado para atendê-lo, pois sem equilíbrio emocional o empregado está suscetível a se acidentar. Nota-se então, que a psicologia na segurança do trabalho é importante tanto no que tange à prevenção, adequando o ambiente de trabalho, quanto à intervenção, modificando o comportamento dos empregados, gestores e organização. 2.2 Comportamento Seguro Do mesmo modo que o acidente de trabalho possui várias causas determinantes, os comportamentos relacionados à segurança também possuem causas múltiplas, internas e externas ao indivíduo. Isso explica o fato de que a maior parte dos acidentes de trabalho ocorridos nas empresas originam-se do comportamento das vítimas. Porém, faz-se necessário entender o porquê dessas vítimas se exporem ao risco. Nas discussões no âmbito da segurança no trabalho, utiliza-se, normalmente, a noção de ato inseguro como forma de referir-se aos aspectos comportamentais em segurança, o que já revela a existência de uma tendência de iniciar-se a análise tomando como ponto de partida o erro, aquilo que não se deve fazer. Há dificuldade em pesquisar sobre a noção de comportamento seguro devido à escassez de produções (científicas ou não) que tratem do que se entende por lado oposto do ato inseguro. Deveria esse ser chamado de Ato Seguro? (BLEY, 2011, p.8) 9 Ato seguro, atitude preventiva, negligência e imprudência são alguns dos adjetivos utilizados vulgarmente para classificar os comportamentos próprios e impróprios das pessoas perante aos mais diversificados perigos. Entretanto, pode-se dizer em último caso que, evitar o acidente de trabalho é a finalidade do comportamento que possui o adjetivo de seguro. A cultura de segurança existe na organização quando a cultura organizacional prioriza a segurança do trabalho. Para Glendon e Stanton (2000) e Silva e Lima (2004), a cultura de segurança tem origem na cultura organizacional e tem definição semelhante a esta, ou seja, cultura de segurança é um conjunto de crenças, valores e normas partilhados pelos membros de uma organização que constituem os pressupostos básicos para a segurança do trabalho. O comportamento de risco é decorrente de dois outros tipos de comportamento, o passivo e o agressivo. Pessoas com comportamento passivo conhecem as formas corretas de atuação no desempenho das atividades, porém não o fazem ou o fazem somente sob comando direto e permanente. Pessoas com comportamento agressivo reagem de forma consciente, ou não, contra as normas e procedimentos, por considerarem coisas sem importância ou por delas discordarem. (MOREIRA, 2005 apud PACHECO, 2012) As pessoas que adotam (possuem) comportamentos passivos necessitam ser estimuladas a exercitarem comportamentos assertivos por meio de sensibilização, formação e cobrança constantes. Contudo, pessoas com comportamento agressivo necessitam ser alertadas para o fato e igualmente estimuladas a adotarem o comportamento assertivo. Ressalta-se que, segundo Pacheco (2012), o mais importante é não atribuir a culpa pelo acidente ao empregado, mas sim, apurar em profundidade o que motivou a ocorrência. 2.3 Percepção de Risco A identificação do perigo e risco a que está exposto o trabalhador é a primeira atitude a ser tomada dentro do processo de gerenciamento de risco. Em seguida, há que se quantificar, ou seja, medir a intensidade da exposição. 10 Segundo Porto (2000), o risco, de maneira genérica, pode ser entendido como: Toda e qualquer possibilidade de que algum elemento ou circunstância existente num dado processo e ambiente de trabalho possa causar dano à saúde, seja através de acidentes, doenças ou do sofrimento dos trabalhadores, ou ainda através da poluição ambiental. Alves (2014). A Percepção de Risco tem um importante “status” nas recentes pesquisas em Psicologia da Segurança no Trabalho e diz respeito à capacidade da pessoa em identificar o perigo e a frequência na qual está exposta a situações ou condições de trabalho que possam causar dano e reconhecer os riscos que este oferece. Com relação aos riscos no trabalho, comumente chamados de riscos ocupacionais, estes têm encontrado um espaço cativo nas discussões a respeito da saúde e segurança dos trabalhadores, sendo abordados por uma diversidade de enfoques teóricos, alguns especialmente tecnicistas e outros que adotam uma perspectiva que privilegia os aspectos sociais (CAVALCANTE; FRANCO, 2007). Quando lidamos com preservação da saúde, o processo perceptivo é fundamental, pois podemos evitar danos à integridade física e psíquica dos indivíduos e prevenir acidentes e doenças. 11 2.4 Fatores humanos que influenciam comportamentos de risco O indivíduo - Está ligado a valores, crenças, atitudes e percepção do indivíduo aos riscos presentes no ambiente de trabalho. Isso pode contribuir tanto de maneira positiva, como negativa, dependendo da atividade realizada. A organização - Os fatores organizacionais possuemuma grande influência nos comportamentos dos grupos e dos indivíduos, pois as práticas, a cultura e a estrutura da organização reflete a forma como o trabalhador irá se comportar diante de uma situação de risco. As organizações devem estabelecer a sua própria cultura de segurança positiva, ela deve promover o engajamento e o compromisso dos colaboradores com os assuntos de segurança em todos os níveis. O trabalho - O trabalho deve ser desenvolvido conforme a capacidade e treinamento do indivíduo bem como atendendo aos padrões ergonômicos, caso contrário geralmente resultam em erros humanos. 2.5 Comportamentos de risco típicos em ambiente de trabalho Comportamentos de risco são praticados diariamente por indivíduos que não adquiriram o hábito da prevenção. Dentre os comportamentos de riscos mais típicos, podemos citar alguns como: Executar atividades sem o uso de EPIs; Fumar próximo aos produtos inflamáveis; Obstruir hidrantes e extintores; Não utilizar cinto de segurança ou dirigir veículos em excesso de velocidade e fora das normas de segurança; Operar equipamentos sem a devida autorização, capacitação ou habilidade necessária; 12 Transportar sobrepeso; Utilizar ferramentas ou EPI que já não estejam em condições seguras de uso; Agir com desatenção durante a realização da atividade; Ritmo acelerado e rotina estressante de trabalho que comprometem a concentração na atividade; Improvisar ferramentas ou maquinário. Sanches (2014). 2.6 Alguns benefícios da psicologia para a segurança do trabalho A negligência de algumas empresas quanto à segurança no trabalho e à psicologia vem sendo substituída por cuidado e atenção a essas áreas, pois a importância delas no meio organizacional é relevante. Empresas que se atentam com essas áreas são bem vistas pelo mercado, pois demonstram que se preocupam com seus trabalhadores, não somente com os lucros que as atividades exercidas por eles proporcionam. Além disso, o índice de acidentes reduz aumentando consequentemente a produção. A relação entre patrões e empregados também melhora. Sabe-se que não é possível executar ações sem que haja conhecimento sobre elas, e na área de segurança do trabalho não é diferente. Para que seja possível direcionar medidas de segurança ao ser humano, é necessário que se 13 conheça a dinâmica biopsicossocial, e a psicologia é a área responsável por isso. A função do psicólogo é observar a conduta da empresa, do indivíduo, do grupo em relação à segurança do trabalho na sua prática laboral, ou seja, observar a relação do trabalhador com o seu ambiente de trabalho. A partir do momento que a empresa adota a atuação da psicologia em conjunto com a segurança no trabalho, notam-se as melhorias e os benefícios ao trabalhador, como listados a seguir. Rápida detecção de problemas na segurança; Intervenção precisa; Bem-estar do trabalhador; Maior conscientização, reduzindo os acidentes; Maior satisfação; Gratidão dos colaboradores à empresa; Maior reconhecimento; Redução de gastos com provimentos médicos ao colaborador; Redução do índice de desligamento. Portanto, percebe-se que a psicologia torna a segurança no trabalho mais atuante dentro da empresa, quando implantadas em conjunto, fazendo com que a saúde e o bem-estar dos empregados sejam da mesma forma respeitados. 2.7 Higienização das mãos em serviços de saúde A portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998, e da RDC n. 50, de 21 de fevereiro 2002, estabelece práticas a serem desenvolvidas nas atividades de assistência a saúde para reduzir o risco de incidência de infecções. Nessa portaria é reforçado o papel da higienização das mãos como a ação mais importante na prevenção de infecções. Segundo o manual de higienização das mãos da Anvisa (2007), a administração de infecções nos serviços de saúde, incluindo as práticas da 14 higienização das mãos, além de atender às exigências legais e éticas, ocorre também para melhoria da qualidade no atendimento e assistência ao paciente. Os benefícios desta prática são vários, sobretudo a redução de custos associados ao tratamento dos quadros infecciosos. KATY (2012) conta o caso do médico obstetra Ignaz Philipp Semmelweis, que foi o pioneiro no controle de infecções hospitalares. Certa vez, durante a realização de uma necropsia, um dos amigos de Semmelweis, foi ferido acidentalmente por um bisturi. Este profissional adquiriu uma infecção parecida com as pós-parto, levando Semmelweis a deduzir que o mesmo havia sido contaminado pelas bactérias introduzidas no sistema sanguíneo. Da mesma forma que o bisturi da dissecção que introduziu esse material na corrente sanguínea do patologista, as mãos contaminadas dos médicos estudantes carregavam bactérias da sala de autópsia para a mulher durante o exame de toque vaginal e parto. Em maio de 1847, Semmelweis tornou obrigatório para todos os médicos, estudantes de medicina e pessoal da enfermagem a lavagem das mãos com uma solução clorada, reduzindo consideravelmente a mortalidade pela infecção. A queda dos índices foi considerável: de 12,24% para 1,89%. FONSECA (2013) explica que mesmo após a prática das lavagens das mãos antes de entrar na enfermaria, Semmelweis observou que as infecções poderiam ser evitadas ainda mais com a lavagem das mãos ao realizar o atendimento entre o pacientes. Implantando essa técnica ele reduziu ainda mais o índice de transmissão. Na tabela a seguir é possível observar essa redução da mortalidade materna na clínica. 15 FONSECA (2013). Ainda segundo FONSECA (2013), a humanidade ainda não estava pronta para “medicina baseada em evidência” mostrada por Semmelweis. Ele foi demitido em 1849, seu sucessor revogou as medidas implementadas. Suas descobertas não foram valorizadas até o final do século XIX, quando outros cientistas, por outros caminhos, chegaram às mesmas conclusões. O manual da ANVISA (2007) relata um surto ocorrido no Brasil, isolados de Candida Parapsilosis (fungo causador da candidíase) idênticos foram achados nas mãos de dois profissionais de saúde e em seis pacientes com candidemia. Outro surto envolvendo este agente identificou o mesmo clone nas mãos de dois profissionais de saúde e de três pacientes com candidemia. As mãos dos profissionais de saúde também já foram identificadas, por meio de tipagem molecular, como fonte de infecção de fungos como Pichia anômala e Malassezia spp. Portanto, os estudos envolvendo esse meio de transmissão reforçam a importância das mãos dos profissionais de saúde como fonte de infecção relacionada à assistência à saúde. 16 3. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE A higienização das mãos é uma iniciativa simples de segurança adotada nos ambientes de promoção e cuidado com a saúde, sendo considerada uma das medidas mais importantes na prevenção e controle de infecções. “Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), infecções relacionadas à assistência à saúde afetam milhões de pacientes e têm um impacto significativo nos doentes e nos sistemas de saúde em todo o mundo” (PORTAL BRASIL, 2016). Com relação às infecções em ambientes hospitalares, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) cita que: [...] a legislação brasileira, por meio da Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998, e da RDC n. 50, de 21 de fevereiro 2002, estabelece, respectivamente, as ações mínimas a serem desenvolvidas com vistas à redução da incidência das infecções relacionadas à assistência à saúde e as normas e projetosfísicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Embora exista essa norma, poucos aderem a técnica de lavagem de mãos. De acordo com Arias e outros (2013-2014), “[...] a baixa taxa de adesão dos profissionais da saúde à prática da higienização das mãos, geralmente inferior a 50% na maioria dos hospitais, constitui um desafio para o controle das infecções hospitalares em todo o mundo”. Arias e outros (2013-2014) ainda citam que os fatores que contribuem para a baixa adesão podem acontecer devido: [...] falta de tempo, irritação da pele devido a frequente lavagem das mãos com produtos inadequados, sobrecarga de trabalho e falta de pessoal, excessivo uso de luvas, difícil acesso às pias e conhecimento inadequado das indicações para a higienização das mãos. Mediante estes fatos, se faz necessário a conscientização e a colaboração de todos para que haja a criação de um ambiente de trabalho seguro. 17 Higienizar as mãos é um tema tão importante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) intitulou o dia 05 de maio como o dia mundial da higiene das mãos. 3.1 Definição de Higienização das Mãos De acordo com a ANVISA (2007), a higienização das mãos “é a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde”. De um modo geral, higienizar as mãos “[...] engloba a higienização simples, a higienização anti-séptica, a fricção anti-séptica e a anti-sepsia cirúrgica das mãos” (ANVISA. 2007). 3.2 Importância e finalidade da higienização das mãos Através das mãos, o profissional da área de saúde pode transmitir diversos microrganismos para os pacientes, seja pelo contato direto ou indireto. A lavagem de mãos torna-se importante pois através de sua técnica simples, contribui para a minimização do número de infecções. Segundo a ANVISA (2007), a higienização das mãos apresenta as seguintes finalidades: - Remoção de sujidade, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato. - Prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. 3.3 Como e quando fazer a higienização das mãos? De acordo com a Anvisa (2007), as mãos poder ser “[...] higienizadas utilizando-se: água e sabão, preparação alcoólica e anti-séptico”. A utilização de um determinado produto depende das indicações descritas abaixo (ANVISA, 2007): 18 USO DE ÁGUA E SABÃO: Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais. Ao iniciar o turno de trabalho. Após ir ao banheiro. Antes e depois das refeições. Antes de preparo de alimentos. Antes de preparo e manipulação de medicamentos. USO DE PREPARAÇÃO ALCOÓLICA: a) Antes de contato com o paciente Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplos: exames físicos (determinação do pulso, da pressão arterial, da temperatura corporal); contato físico direto (aplicação de massagem, realização de higiene corporal); e gestos de cortesia e conforto. b) Após contato com o paciente Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente. c) Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplos: contato com membranas mucosas (administração de medicamentos pelas vias oftálmica e nasal); com pele não intacta (realização de curativos, aplicação de injeções); e com dispositivos invasivos (cateteres intravasculares e urinários, tubo endotraqueal). d) Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplo: inserção de cateteres vasculares periféricos. e) Após risco de exposição a fluidos corporais. Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes. f) Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao paciente. Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos de uma determinada área para outras áreas de seu corpo. Exemplo: troca de fraldas e subsequente manipulação de cateter intravascular. Ressalta-se que esta situação não deve ocorrer com frequência na rotina profissional. Devem-se planejar os cuidados ao paciente iniciando a assistência na sequência: sítio menos contaminado para o mais contaminado. g) Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente. 19 Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes. Exemplos: manipulação de respiradores, monitores cardíacos, troca de roupas de cama, ajuste da velocidade de infusão de solução endovenosa. h) Antes e após remoção de luvas. Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes. As luvas previnem a contaminação das mãos dos profissionais de saúde e ajudam a reduzir a transmissão de patógenos. Entretanto, elas podem ter microfuros ou perder sua integridade sem que o profissional perceba, possibilitando a contaminação das mãos. Outros procedimentos. Exemplos: manipulação de invólucros de material estéril. 20 4. ESPECIFICAÇÕES DO TREINAMENTO O treinamento, baseado no conteúdo do Manual de Referência Técnica para a Higiene das Mãos, elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tem por objetivo capacitar todos os profissionais que trabalham na área hospitalar com relação a importância e execução da técnica de higienização das mãos com o intuito de assegurar o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde. O treinamento aborda conteúdo sobre saúde e segurança do trabalho, dando ênfase ao conceito, importância e finalidade da higienização das mãos; relatar sobre os cinco momentos da higiene das mãos, além das orientações de quando e como fazer a correta higienização. Público-alvo: é destinado aos profissionais da assistência (médicos, enfermeiros e técnicos) e aos profissionais de áreas administrativas. Ou seja, todos aqueles que “[...] trabalham em serviços de saúde, com contato direto ou indireto com os pacientes; que atuam na manipulação de medicamentos; alimentos e material estéril ou contaminado” (ANVISA, 2007). Tipo de treinamento: Demonstrar a real importância do tema a ser discutido e capacitar trabalhadores a executarem de forma correta a higienização das mãos. Carga horária total: 2 h Encontros (divisão da carga horária total pelo número de encontros): 1 Objetivo Geral: Fornecer capacitação a todos os profissionais (assistenciais e administrativos) sobre a importância da higienização das mãos; ensinar a técnica de forma correta com o intuito de manter o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde. 4.1 Conteúdo Geral Informações sobre infecções hospitalares; Informações sobre importância e finalidade da higienização das mãos;21 Quando e como fazer a higienização das mãos; Relatar sobre os cinco momentos da higiene das mãos. Tópicos do conteúdo Objetivos Específicos Métodos Recursos Tempo Informações sobre infecções hospitalares; Demonstrar como ocorrem as infecções e relatar a importância do controle de Infecção Hospitalar. Técnicas expositivas Apresentação Power point e vídeo sobre infecções hospitalares 30 min Informações sobre importância e finalidade da higienização das mãos; Motivar e mobilizar os funcionários em prol de um ambiente de trabalho mais seguro; Desenvolver competências preventivas. Técnicas expositivas Apresentação Power point 20 min Quando e como fazer a higienização das mãos; Incentivar os profissionais a fazer a higienização das mãos nos momentos certos e com técnica correta. Técnicas expositivas Apresentação Power point e apresentação de vídeo ensinando a técnica de higienização das mãos. 40 min Relatar sobre os cinco momentos da higiene das mãos. Demonstrar de que forma a higienização das mãos nos cinco momentos do contato dos profissionais de saúde com os pacientes pode diminuir a transmissão de bactérias multirresistentes no mundo. Técnicas expositivas Apresentação Power point e apresentação de vídeo sobre os cinco momentos da higiene das mãos. 30 min 22 4.2 Perfil dos instrutores: Rosa Eurídice – Enfermeira do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) Laís Borghi – Enfermeira do trabalho (SESMT). 4.3 Avaliação do Treinamento Os funcionários serão avaliados através de uma prova objetiva com o foco no aprendizado e comportamento. Segue abaixo a avaliação do treinamento: AVALIAÇÃO SOBRE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Identificação Setor/Unidade em que trabalha:____________________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Qual a sua idade?______ Responda às seguintes perguntas marcando com X 1) Você já recebeu algum treinamento em higienização das mãos? ( ) Sim ( ) Não 2) Existe algum produto alcoólico disponível para higienização das mãos em sua unidade? ( ) Sim ( ) Não 23 3) Se sim, o produto alcoólico favorece a sua utilização (Ex: seca rápido, não gruda na mão)? ( ) Sim ( ) Não 4) Qual é a importância da higiene das mãos na prevenção de infecções hospitalares? ( ) Muito pouca ( ) Pouca ( ) Média ( ) Grande ( ) Muito grande 5) Qual dos itens a seguir é o MAIOR responsável pela transmissão de infecção hospitalar para o paciente? ( ) Contato do paciente com superfícies do ambiente hospitalar ( ) Mãos dos profissionais quando não estão higienizadas ( ) Compartilhar objetos entre pacientes ( ) Não tenho certeza 24 5. CONCLUSÃO A partir dos estudos feitos conclui-se que a área hospitalar possui diversos riscos, dentre esses o destacado foi o biológico, e que a higienização correta das mãos é uma excelente forma de diminuir esse risco. Os estudos analisados mostraram que quanto maior o número de lavagens das mãos menor era o risco de transmitir e contrair algum tipo de doença. Conclui-se ainda que a conscientização, a prevenção, o reconhecimento dos riscos no ambiente de trabalho e o treinamento contínuo são essenciais para a segurança dos profissionais da saúde e pacientes. 25 REFERÊNCIAS ALVES, José Luiz Lopes. Percepção de risco deve ser trabalhada para evitar acidentes de trabalho, afirma artigo. Revista Proteção. Novo Hamburgo – RS. 2014. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em serviços de saúde. Revisão técnica. Brasília : Anvisa, 2007. BLEY, Juliana. COMPORTAMENTO SEGURO a Psicologia da Segurança no Trabalho e a educação para a prevenção de doenças e acidentes. Livro “Comportamento Seguro” de Juliana Bley – Versão “E-Book”. 2011. BLEY, Juliana. Variáveis que caracterizam o processo de ensinar comportamentos seguros no trabalho. 135 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Psicologia, Curso de Mestrado, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. 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