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Economia Brasileira Aula 01

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CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES 
 ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA 
PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 
1 
Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 
Aula Um 
Prezados (as) Alunos (as), 
É com grande satisfação que inicio o curso de Economia Brasileira 
destinado à preparação para a prova de Economista do BNDES. 
A proposta das aulas é a de ser a mais objetiva possível, ou seja, 
faremos a abordagem dos conteúdos de forma direta, debatendo e 
apresentando os principais temas e assuntos pertinentes a cada item do 
conteúdo programático. 
Se o objetivo do curso fosse um aprofundamento sobre os diversos 
pontos inerentes à economia nacional, daí então, com certeza, precisaríamos 
um tempo muito maior de estudo, o que não é possível neste momento, haja 
vista o curto tempo até a prova. Quero ressaltar, entretanto, que muito 
embora um curso preparatório deva ir “direto ao ponto”, especialmente em 
períodos de edital na praça, não se pode jamais passar batido por pontos 
considerados fundamentais, e mais do que isso, que são presença constante 
nas provas. 
Feitos os comentários iniciais, informo a vocês que nesta primeira aula 
nos debruçaremos sobre os itens do conteúdo programático afetos aos estudos 
que, na graduação em Economia, conhecemos como formação econômica do 
Brasil. Os assuntos a serem abordados nesta primeira aula, e na próxima (aula 
dois), versam sobre o a evolução da economia brasileira a partir da ascensão 
do Presidente Getúlio Vargas ao poder no início dos anos de 1930. 
De acordo com o disposto na aula demonstrativa, serão abordados nesta 
aula os seguintes itens do conteúdo programático: 
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 ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA 
PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 
2 
Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 
Economia Brasileira: crise de 1930 e a origem do modelo de 
substituição de importações no Brasil. As políticas de intervenção do 
Estado na primeira metade da década de 1950. O Plano de Metas e a 
industrialização pesada. A crise da economia brasileira na primeira 
metade da década de 1960 e as reformas estruturais no início do governo 
militar. Auge e declínio do “milagre” econômico (1968-1973). O primeiro 
choque do petróleo e o II PND. 
Conforme todos vocês devem saber, os temas de Economia Brasileira são 
bastante dissertativos, o que envolve logicamente um elevado volume de 
informações. Ademais, neste conjunto, serão abordados uma série de aspectos 
inerentes aos conhecimentos micro e macroeconômicos. Devido a isso, caso 
algum de vocês fique em dúvida quanto à aplicação da teoria econômica, ou 
mesmo quanto algum outro conceito descrito em aula, por favor, não deixem 
de esclarecê-lo (La) por meio do fórum de dúvidas. Para mim é uma grande 
satisfação poder ajudá-los no que for preciso, rumo à aprovação no concurso. 
Uma última informação que gostaria de passar a vocês refere-se às 
questões propostas na parte final da aula. Optei em adicionar à lista algumas 
questões cobradas pela banca CESPE, banca esta com um perfil diferente de 
cobrança de questões em prova. Por serem questões interpretativas, entendo 
que em muito contribuem para a consolidação dos assuntos abordados em 
aula. 
 
Vamos então à aula. 
Contem comigo nesta empreitada! 
Um grande abraço e bons estudos a todos (as), 
Mariotti 
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 ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA 
PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 
3 
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1. Crise de 1930 e a origem do modelo de substituição de 
importações no Brasil 
A evolução do entendimento econômico, devidamente aplicado à 
economia brasileira, passou por um grande processo de mudanças a partir da 
ascensão de Getúlio Vargas à Presidência do país, ainda nos anos de 1930. 
Começava ali o chamado modelo econômico de Substituição de 
Importações, o qual consistia na troca de compra da produção externa de 
bens e serviços pela escolha de produção interna ao país. Com a queda de 
Getúlio e, posteriormente, com a chegada do mineiro Juscelino Kubitschek na 
presidência da república, foi implantado no país o chamado Plano de Metas. 
Passamos a discorrer mais criteriosamente sobre este período, de forma 
a estruturarmos os impactos econômicos sofridos pela economia, bem como o 
modelo de desenvolvimento adotado pelo país no pós-guerra (fim da segunda 
guerra mundial). 
1.1 O Processo de Substituição de Importações 
No período compreendido entre a proclamação da República até a 
chegada de Getúlio Vargas ao poder, a economia brasileira dependia 
basicamente do bom desempenho das exportações, que na época se 
restringiam a algumas poucas commodities agrícolas, especialmente o café, 
caracterizando a economia brasileira como essencialmente agroexportadora. 
O bom desempenho dependia das condições do mercado internacional de 
café, sendo a variável-chave nesta época o seu preço internacional. As 
condições deste mercado não eram totalmente controladas pelo Brasil. 
Mesmo sendo o principal produtor de café, outros países também influíam 
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na oferta, sendo boa parte do mercado controlado por grandes companhias 
atacadistas que especulavam com estoques. 
A demanda dependia das oscilações no crescimento mundial, 
aumentando em momentos de prosperidade econômica e retraindo-se quando 
os países ocidentais (especialmente EUA e Inglaterra) entravam em crise ou 
em guerra. Deste modo, as crises internacionais causavam problemas muito 
grandes nas exportações brasileiras de café, criando sérias dificuldades para 
toda economia brasileira, dado que praticamente todas as outras atividades 
dentro do país dependiam direta ou indiretamente do desempenho do setor 
exportador cafeeiro. 
As condições do mercado internacional de café tendiam a tornarem-se 
mais problemáticas na medida em que as plantações do produto no Brasil se 
expandiam. Nas primeiras décadas do século XX a produção brasileira cresceu 
desmensuradamente. O Brasil chegou a produzir sozinho mais café do que o 
consumo mundial, obrigando o governo a intervir no mercado, estocando e 
queimando café (lembre-se que quando estudamos história do Brasil, na 
graduação, acabamos por sempre abordar o Convênio de Taubaté.). Neste 
período as crises externas sucederam-se em função tanto de oscilações na 
demanda (crises internacionais), como em decorrência da superprodução 
brasileira. 
Em 1930, estes dois elementos se conjugaram, a produção nacional era 
enorme e a economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história. 
A depressão no mercado internacional de café logo se fez sentir e os preços 
vieram abaixo. Isto obrigou o governo a intervir fortemente, comprando e 
estocando café, desvalorizando o câmbio com o objetivo de proteger o setor 
cafeeiro e ao mesmo tempo sustentar o nível de emprego, de renda e de 
demanda. Este conjunto que problemas deixava claro que a situação de 
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dependência da economia brasileira, especialmente das exportações de um 
único produto agrícola, era insustentável. 
A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento 
econômico brasileiro; a fragilização do modelo agroexportador trouxe à tona a 
consciência sobrea necessidade da industrialização como forma de superar os 
constrangimentos externos e o subdesenvolvimento. Não foi o início da 
industrialização brasileira (esta já havia se iniciado desde o final do século 
XIX), mas o momento em que um novo modelo econômico, sustentado por um 
novo governo, passou a ser meta prioritária da governo. 
Este objetivo, porém, envolvia grandes esforços em termos de geração 
de poupança e sua transferência para a atividade industrial. Isto só seria 
possível com uma grande alteração na política econômica vigente, baseado no 
rompimento com o Estado oligárquico e descentralizado da República Velha, 
além da transferência e centralização do poder e dos instrumentos de política 
econômica nas mãos do Governo Federal. Este foi o papel desempenhado pela 
Revolução de 30. Dela decorreram o fortalecimento do Estado Nacional e a 
ascensão de novas classes econômicas ao poder, o que permitiu colocar a 
industrialização como meta prioritária, como um projeto nacional de 
desenvolvimento. 
A forma assumida pela industrialização foi o chamado Processo de 
Substituição de Importações (PSI). Devido ao estrangulamento externo ora 
existente, gerado de forma especial pela crise internacional ocasionada pela 
quebra da Bolsa de Nova York, houve a necessidade de produzir internamente 
o que antes era importado, defendendo-se dessa forma o nível de atividade 
econômica. A industrialização feita a partir deste processo de 
substituição de importações foi uma industrialização voltada para 
dentro, ou seja, que visou atender o mercado consumidor interno. 
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O modelo de Substituição de Importações consistiu no processo forçado 
de industrialização brasileira, como forma de superação dos problemas 
externos e, consequentemente, da mudança da pauta exportadora do país no 
médio prazo. 
Em linhas gerais, podemos dizer que o PSI foi derivado do chamado 
processo de estrangulamento externo, referenciado na queda no valor das 
exportações de produtos agrícolas, mas com a crescente demanda interna por 
bens importados. 
A política de PSI teve continuidade durante o período de saída e retorno 
de Vargas ao poder, o que significou, em linhas gerais, o fim inequívoco da 
dependência externa do país à exportação cafeeira. 
1.1.1 As políticas de intervenção do Estado na primeira metade 
da década de 1950. 
No cenário internacional Pós-Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a 
grande rivalidade entre os EUA e a União Soviética, que no aspecto econômico 
coincidiu com o período de escassez de dólares. O Brasil passou por sucessivas 
crises de Balanço de Pagamentos, o que fez com que o governo abandonasse 
literalmente o aspecto liberal das políticas econômicas e assim adotasse um 
modelo de desenvolvimento industrial com a relevante participação estatal. 
O elevado volume de importações da economia nacional, no período 
compreendido entre 1945-1955, levou o governo à adoção de medidas de 
controle do câmbio como forma de minimizar os impactos sobre o balanço. 
O caráter social do governo Vargas levou à publicação de uma extensa 
legislação, especialmente trabalhista, que beneficiou grande parte dos 
trabalhadores. No plano de intervenção econômica o governo Vargas fundou a 
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Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, empresas 
estas que passariam a ter papel fundamental no processo industrial do país. 
Ainda tomava corpo no âmbito da intervenção econômica promovida por 
Vargas a necessidade de financiamento do desenvolvimento econômico, o que 
coincidiu com a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – 
BNDE1 e da PETROBRAS. 
O BNDE foi fruto de profunda discussão entre o governo brasileiro, o 
Banco Mundial e o Eximbank2. A promessa de repasse de recursos para a nova 
Instituição no montante de US$ 500 milhões permitiu que o projeto fosse 
efetivado, criando-se o Banco em 1952. Muito embora tenha ocorrido uma 
série de mudanças nas promessas feitas pelos bancos internacionais quanto ao 
repasse de recursos ao BNDE, o projeto da Instituição foi levado à frente, 
entretanto, com um menor volume de recursos disponíveis para a realização 
de financiamentos. 
A criação da PETROBRAS no ano de 1953 foi decorrente da intensa 
campanha iniciada no Pós-Guerra sob o título “O Petróleo é nosso”. Após uma 
série de discussões de cunho político foi dada à empresa o Monopólio na 
extração do petróleo3. 
1.2 O Plano de Metas e a industrialização pesada 
O Plano de Metas adotado no governo Juscelino Kubitschek pode ser 
considerado o auge deste modelo de desenvolvimento; o rápido crescimento 
do produto e da industrialização no período acentuou as contradições 
 
1 Somente em 1982 o BNDE teve a sua denominação alterada para BNDES, isto em função da criação de uma Diretoria 
destinada à análise de financiamento de projetos sociais. 
2 Instituição Norte-Americana responsável pelo financiamento de importações e exportações ao EUA. 
3 O processo de distribuição foi atribuído às companhias estrangeiras. 
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mencionadas. O principal objetivo do plano era estabelecer as bases de uma 
economia industrial madura no país, introduzindo de ímpeto o setor produtor 
de bens de consumo duráveis. 
O Plano foi dividido especialmente nos seguintes objetivos: 
• Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os 
setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos 
transportes, cabe destacar a mudança de prioridade que até o 
governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no governo JK 
passou para o rodoviário, que estava em consonância com o 
objetivo de introduzir o setor automobilístico no país; 
• Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o 
aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos 
específicos; 
• Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e 
bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção); 
e 
• Incentivo à produção industrial privada por meio da concessão de 
crédito em massa. 
É interessante observar a coerência que existia entre as metas do plano, 
em que se visava impedir o aparecimento de pontos de estrangulamento na 
oferta de infra-estrutura e bens intermediários para os novos setores, bem 
como, através dos investimentos estatais, garantir a demanda necessária para 
produção adicional. 
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O cumprimento das metas estabelecidas foi bastante satisfatório, sendo 
que em alguns setores estas foram superadas, mas em outros ficaram aquém. 
Com isso, observou-se rápido crescimento econômico no período com 
profundas mudanças estruturais, em termos da base produtiva do país. 
Não obstante, o plano trouxe uma série de problemas. O financiamento 
dos investimentos públicos, na ausência de uma reforma fiscal condizente com 
as metas e os gastos estipulados, teve que se valer principalmente da emissão 
monetária, observando-se no períodouma grande aceleração inflacionária. Do 
ponto de vista externo, observou-se uma deterioração do saldo em transações 
correntes e o crescimento da dívida externa. A concentração da renda ampliou-
se devido ao desestímulo à agricultura e o consequente investimento de capital 
intensivo na indústria. 
1.3 A crise da economia brasileira na primeira metade da década 
de 1960 e as reformas estruturais no início do governo militar. 
O início dos anos 60 caracterizou-se pela primeira grande crise 
econômica do Brasil em sua fase industrial. Neste período ocorreu uma queda 
importante dos investimentos e a taxa de crescimento da renda brasileira caiu 
fortemente em função da materialização das contradições inerentes ao 
processo de substituição de importações. Para dar prosseguimento ao 
desenvolvimento econômico, tornava-se necessário desenvolver o setor de 
bens de capital e ampliar o setor de bens intermediários que estavam 
defasados, assim como a infra-estrutura urbana. Vários problemas se 
colocaram neste sentido, em especial a ausência de mecanismos de 
financiamento adequados, tanto para o setor público, que se encontrava com 
elevado déficit público devido aos gastos realizados no Plano de Metas 
(durante o governo de Juscelino Kubitschek), como para o setor privado, em 
um momento em que as altas escalas de capital dos setores a serem 
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implantados necessitavam de maiores recursos financeiros para viabilizar o 
investimento. 
Outro problema que se colocava ao prosseguimento do desenvolvimento 
era que tanto o setor de bens de capital como o setor de bens intermediários, 
chamados setores de “demanda derivada”, isto é, setores em que a demanda 
pelos produtos depende diretamente da demanda pelos produtos finais na 
economia. Em virtude da concentração de renda da economia e da ausência de 
mecanismos de financiamento ao consumidor, a demanda pelos produtos do 
setor de bens de consumo duráveis era bastante limitada, restringindo os 
impactos (estímulos) deste setor para o resto da economia. A consequência 
desta situação foi a retração nas taxas de crescimento e a aceleração 
inflacionária. 
Era um consenso na época a necessidade de reformas institucionais que 
promovessem um quadro favorável à retomada dos investimentos. 
O governo Jânio Quadros procurou adotar medidas que cunho ortodoxo, 
baseando-se na contenção gasto público e de uma política monetária 
contracionista. Muito embora as medidas tenham sido muito bem recebidas, no 
nível político Jânio enfrentava sérias dificuldades para aprovação de suas 
medidas, haja vista a inexistência de base parlamentar. Por meio de um gesto 
enigmático Jânio renunciou, esperando contar com a população para que o 
trouxesse de volta ao poder e assim pudesse dar continuidade às suas 
pretensões. O resultado todos nós sabemos. Jânio não obteve sucesso, e ainda 
ainda gerou um sério problema a ser administrado pelo Congresso, pois 
Constituição brasileira à época previa que o Vice-Presidente deveria assumir. 
 Por meio de uma solução de conciliação o Congresso alterou o regime do 
governo do país do Presidencialismo para o Parlamentarismo, o que permitiu o 
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tempo de retorno de João Goulart ao Brasil e, ao mesmo tempo, que Tancredo 
Neves assumisse como Primeiro Ministro. 
A fase do parlamentarismo do Parlamentarismo durou até 1962. Neste 
período o PIB do país teve elevado crescimento, derivado da fase de 
maturação do Plano de Metas. Não obstante, a inflação no período teve forte 
elevação, passando de 40% ao ano. Por meio de um plebiscito convocado por 
Jango, a população votou pelo retorno do Presidencialismo, o que permitiu ao 
governante mais estabilidade para condução da Economia. 
Liderado por Celso Furtado o governo lançou o Plano Trienal, 
baseando-se nas propostas de impulso ao crescimento econômico com 
combate à inflação e a adoção de reformas sociais. Os objetivos específicos do 
Plano eram: 
• Reduzir a taxa de inflação para 25% em 1963, e até 1965 alcançar 
o patamar de 10%; 
• Crescimento dos salários na mesma proporção do aumento da 
produtividade da mão-de-obra; 
• Realização da Reforma Agrária tanto para redução da crise social 
que afetava o país à época quanto para permitir a elevação do 
consumo de ramos industriais; 
• Busca pela renegociação de dívida externa, a qual gerava grande 
pressão sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o 
balanço de pagamentos; e 
• Promover o crescimento do PIB de 7% a.a.. 
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Muito embora as propostas do Plano fossem positivas, não encontraram 
guarida. A vertente esquerdista do governo contribui para o isolamento do 
país, de forma a impedir com boa parte do plano obtivesse sucesso. A 
publicação da Lei no 4.131/62, que tratava do controle de capital, em que a 
remessa de lucros provenientes dos investimentos produtivos no país ficava 
limitada a 10%, provocou uma sensível redução de novos investimentos na 
economia nacional. 
Afora estes aspectos, mas em linha com a vertente esquerdista da 
política, Jango resolveu aumentar o salário do funcionalismo público e 
restabeleceu subsídios agrícolas abolidos no início do programa, contribuindo 
para a escalada inflacionária no ano de 1963. 
A elevação das tensões no campo político, conjuntamente com a política 
de expropriação de empresas estrangeiras, contribuíram para a insatisfação 
das forças armadas, cansadas de exacerbada filosofia adotada pelo governo. O 
resultado deste contexto foi queda de João Goulart, destituído por meio do 
Golpe Militar de março de 1964. 
 Em resumo, pode-se dizer que tanto o governo de Jânio Quadros quanto 
o governo de João Goulart foram prisioneiros da situação política e, apesar de 
buscarem diferentes formas de resolver a questão e encaminhar a solução 
econômica, ocorreu certo imobilismo no campo nacional e internacional. Neste 
contexto, o golpe militar de 1964, impondo de forma autoritária uma solução 
para a crise política, foi uma precondição ao encaminhamento “técnico” das 
medidas de superação da crise econômica - reformas constitucionais e 
condução da política econômica de forma adequada e segura. 
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1.3.1 O PAEG e o governo militar 
O governo Castelo Branco lançou o PAEG (Plano de Ação Econômica do 
Governo), com vistas a resolver os problemas econômicos. O PAEG pode ser 
dividido em duas linhas de atuação: políticas conjunturais de combate à 
inflação, associadas a reformas estruturais que permitiram o equacionamento 
dos problemas inflacionários e das dificuldades que se colocavam ao 
crescimento econômico. 
Os objetivos colocados pelo PAEG eram: acelerar o ritmo de 
desenvolvimento econômico, conter o processo inflacionário, atenuar os 
desequilíbrios setoriais e regionais, aumentar o investimento e com isso o 
emprego, e corrigir a tendência ao desequilíbrio externo. O controle 
inflacionário e/ou as formas de conviver com ela eram vistos como 
precondições para a retomadado desenvolvimento, e o combate à inflação só 
poderia ser feito acoplado às reformas institucionais. 
O diagnóstico sobre a inflação, que havia subido para 83,2% a.a. em 
1963, centrava-se no excesso de demanda. Este era explicado em função da 
tendência ao déficit público, da elevada propensão a consumir (decorrente da 
política salarial frouxa dos períodos anteriores - os chamados “arroubos 
populistas”) e também da falta de controle sobre a expansão do crédito. Estas 
pressões inflacionárias propagavam-se com a expansão monetária, que era o 
veículo para sua perpetuação. 
Especificamente, as principais metas do PAEG eram: 
• Redução do déficit público mediante a redução dos gastos e da 
ampliação das receitas através da reforma tributária e do aumento 
das tarifas públicas (a chamada inflação corretiva). Com isso, o 
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déficit público reduziu-se de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em 
1966; 
• Restrição do crédito e aperto monetário. Houve aumento das taxas 
de juros reais e consequentemente do passivo das empresas. Este 
fato levou a uma grande onda de falências, concordatas, fusões e 
incorporações, processo este que atingiu principalmente as 
pequenas e médias empresas dos setores de vestuário, alimentos e 
construção civil. Esta “limpeza de terreno” e consequente geração 
de capacidade ociosa foi um importante fator para a futura 
retomada do crescimento econômico; 
• O terceiro elemento da política de contenção da demanda foi a 
política salarial, em que se supunha a existência de uma taxa de 
desemprego relativamente baixa, o que levava a elevados salários 
reais e inflação crescente. Para romper esta dinâmica, o governo 
passou a determinar os reajustes salariais, via política salarial, 
objetivando romper as expectativas e conter as reivindicações. A 
fórmula de reajustes decidida pela política salarial teve por 
consequência uma grande redução do salário real. 
Com estas medidas, a inflação reduziu-se, entre os anos de 1964 e 1967, 
da casa dos 90% a.a. para os 20% a.a. Este resultado se deveu em grande 
parte a uma retração nas taxas de crescimento econômico. 
1.3.2 Reformas Institucionais do PAEG 
Quanto aos problemas institucionais, identificou-se como ponto básico a 
ausência de correção monetária em uma economia com altas taxas 
inflacionárias. Vários eram os problemas gerados pelo processo inflacionário: 
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• A inflação, conjugada à lei da usura (que impedia juros nominais 
superiores a 12% a.a.), desestimulava a canalização de poupança 
para o sistema financeiro; 
• A lei do inquilinato, numa situação inflacionária, constituía-se em 
forte desestímulo à aquisição de imóveis e, consequentemente, à 
construção civil; 
• Desordem tributária, pois a ausência de correção monetária, no 
caso dos débitos fiscais, estimulava o atraso de pagamentos e, no 
caso dos ativos e do patrimônio das empresas, levava à tributação 
de lucros ilusórios. 
Neste sentido, se por um lado se fazia necessária a redução das taxas de 
inflação, também se procurou criar mecanismos que possibilitassem o 
crescimento econômico em um ambiente de inflação moderada. 
As principais reformas instituídas pelo PAEG foram: a reforma tributária, 
a reforma monetária e financeira e a reforma do setor externo. 
1.3.3 A Reforma Tributária 
Os principais elementos envolvidos nesta reforma foram: 
• A introdução da correção monetária no sistema tributário, visando 
reduzir as distorções já mencionadas; 
• A alteração do formato do sistema tributário. Transformaram-se os 
impostos tipo cascata (que incidem a cada transação sobre o valor 
total), em impostos tipo valor adicionado. Criou-se o IPI (imposto 
sobre produtos industrializados), o ICM (imposto sobre circulação 
de mercadorias) e o ISS (imposto sobre serviços). A importância 
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desta alteração foi romper o estímulo até então existente à 
integração vertical da produção, e facilitar a utilização dos 
impostos como instrumento de política de desenvolvimento e de 
redução de distorções, ao permitir as diferenciações de alíquotas e 
facilitar a concessão de isenções e incentivos fiscais às atividades 
específicas; 
• A redefinição do espaço tributário entre as diversas esferas do 
governo. A União ficou com o IPI, o Imposto de Renda, os 
Impostos Únicos, os Impostos de Comércio Exterior, o Imposto 
Territorial Rural (ITR). Os estados ficaram com o ICM e os 
municípios, com o ISS e o IPTU (imposto sobre propriedade 
territorial urbana). Além disso, foram criados os fundos de 
transferência intergovernamentais: o fundo de participação dos 
estados e dos municípios, que se baseavam em parcelas de 
arrecadação do IPI, do IR e do ICMS. Os critérios de distribuição 
dos recursos baseavam-se na área geográfica, na população e no 
inverso da renda per capita, com vistas a favorecer estados mais 
pobres. Houve importante centralização das decisões sobre a 
legislação tributária, inclusive definindo as alíquotas dos impostos 
das demais esferas, procurando eliminar a “guerra fiscal”. 
Dessa forma, as principais consequências da reforma tributária foram o 
aumento da arrecadação e uma grande centralização tanto da arrecadação 
como das decisões em termos de política tributária, constituindo-se em 
importante instrumento político, ao subordinar os estados ao governo central. 
Permitiu ainda, através da vinculação da receita e da criação de órgãos ao lado 
da administração direta, uma descentralização dos gastos, com maior 
flexibilidade operacional. 
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1.3.4 A Reforma Monetária – Financeira 
Os principais objetivos nesta reforma eram: criar condições de condução 
independente da política monetária e direcionar os recursos montantes 
promovendo condições adequadas às atividades econômicas. 
Esta reforma divide-se em quatro grupos de medidas: 
• A instituição da correção monetária e criação da ORTN (Obrigação 
Reajustável do Tesouro Nacional). A introdução da correção 
monetária tornava sem sentido a “Lei da Usura”, eliminando uma 
série de ineficiências do sistema financeiro. Ao permitir a prática de 
taxas de juros reais positivas, estimulava a poupança e ampliava a 
capacidade de financiamento da economia. A criação das ORTNs, 
cuja variação determinaria o índice de correção monetária, tinha 
por objetivo dar credibilidade e viabilizar o desenvolvimento de um 
mercado de títulos públicos que fornecesse instrumentos de 
financiamento não inflacionários do déficit público, bem como 
possibilitasse as operações de mercado aberto, visando o controle 
monetário. Este último objetivo só se viabilizou de fato a partir de 
1970, com a criação das LTNs (Letras do Tesouro Nacional), pois 
as características das ORTNs (títulos pós-fixados de longo prazo) 
dificultavam as operações de mercado aberto, que devem ser feitas 
com títulos prefixados de curto prazo; 
• A Lei n.º 4.595/64 - criação do CMN (Conselho Monetário Nacional) 
e do BACEN (Banco Central do Brasil). Comesta lei procurava-se 
criar condições para que a política monetária fosse conduzida de 
forma independente. O CMN substituiu o conselho da SUMOC 
(Superintendência da Moeda e do Crédito), e passou a ser o órgão 
normativo da política monetária, com a função de definir as regras 
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e as metas a serem atingidas. O BACEN foi criado (assumindo a 
antiga Carteira de Câmbio e Redesconto do Banco do Brasil e o 
Serviço de Meio Circulante do Tesouro Nacional), para ser o agente 
executor da política monetária. Além disso, ele também seria o 
agente fiscalizador e controlador do sistema financeiro. O Banco do 
Brasil, além de suas funções de banco comercial, permaneceu com 
os serviços de compensação de cheques, depositário das reservas 
voluntárias, e caixa do BACEN e do Tesouro Nacional, ou seja, 
constituía-se no agente bancário no governo. 
Vários problemas ainda permaneciam para a consecução do objetivo de 
controle independente da política monetária, a saber: 
• A subordinação do BACEN ao CMN, o que permitia ingerência 
política na atuação do BACEN; 
• A Conta Movimento, criada inicialmente para transferir recursos do 
BB para o BACEN entrar em operação, fez com que o BB não 
perdesse a condição de Autoridade Monetária, uma vez que podia 
expandir sem limites suas operações de crédito, pois possuía uma 
linha direta de financiamento junto ao BACEN; 
• O chamado “Orçamento Monetário”, que deveria ser peça para 
juntar as duas autoridades monetárias (BACEN e BB). Este 
orçamento passou a receber vários gastos de origem fiscal, com a 
criação de vários fundos e programas que seriam administradas 
pelas Autoridades Monetárias - PROAGRO, PROEX, FUNRURAL etc. 
Com isso, o BACEN, que deveria ser órgão de controle monetário, 
transformava-se também em banco de fomento, criando-se um 
entrelaçamento entre contas monetárias e fiscais, de tal modo que o 
Orçamento Fiscal poderia aparecer equilibrado, enquanto todo o rombo se 
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colocava no Orçamento Monetário. O BACEN era responsável pela 
administração da dívida pública, podendo emitir títulos em nome do Tesouro 
Nacional. Dessa forma, a dívida pública e os gastos com juros do Tesouro 
poderiam crescer, independentemente da existência de um déficit a ser 
financiado, mas simplesmente por objetivos de controle monetário. Além disso, 
criava-se um mecanismo para o Tesouro Nacional forçar o BACEN a financiar 
seus déficits via emissão monetária. 
Percebe-se, portanto, que estas medidas acabaram por criar um 
estranho arcabouço institucional, em que se misturavam as políticas fiscal e 
monetária; o BACEN não controlava a política monetária nem o Tesouro 
Nacional controlava a política fiscal, sendo que o resultado deste quadro foi o 
de inviabilizar o conhecimento e o controle social sobre as operações do 
governo. 
As demais instituições do mercado de capitais - Bolsa de Valores, 
Corretoras e Distribuidoras - também foram regulamentadas e subordinadas 
ao BACEN. Criaram-se vários tipos de incentivos fiscais para dinamizar este 
segmento, entre os quais se destaca o Decreto-lei n.º 157, no qual os 
indivíduos poderiam adquirir cotas de fundo de ações com parcela do Imposto 
de renda (pessoa física) devido. Merece ainda destaque a criação do Sistema 
Nacional de Crédito Rural (SNCR), sendo o BB o agente central, e os bancos 
comerciais agentes subsidiários. A fonte de recursos para o sistema era, além 
dos fundos fiscais e da “Conta Movimento”, uma parcela dos depósitos à vista 
captados pelos bancos comerciais, que deveriam obrigatoriamente ser 
utilizados no financiamento agrícola. 
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1.3.5 A Reforma do Setor Externo 
A reforma do setor externo tinha por objetivo estimular o 
desenvolvimento econômico, evitando as pressões sobre o Balanço de 
Pagamentos e assim eliminando uma das principais distorções do PSI. 
Destacam-se duas linhas de atuação neste sentido: melhorar o comércio 
externo brasileiro e atrair o capital estrangeiro: 
• Em relação ao comércio externo, buscou-se, por um lado, 
estimular e diversificar as exportações através de uma série de 
incentivos fiscais (isenções fiscais - IPI, ICM, IR - crédito-prêmio do 
IPI etc.) e da modernização e dinamização dos órgãos públicos 
ligados ao comércio internacional (CACEX e CPA). Quanto às 
importações, a idéia era eliminar os limites quantitativos e utilizar 
apenas a política tarifária como forma de controle. A principal 
medida adotada na área do comércio externo foi a simplificação e 
unificação do sistema cambial, que objetivava eliminar as 
incertezas decorrentes da condução errática da política cambial, 
bem como os desestímulos à exportação decorrentes da 
valorização cambial. Para tal, adotou-se o sistema de 
minidesvalorizações a partir de 1968, pelo qual a valorização 
cambial deveria refletir o diferencial entre a inflação doméstica e a 
internacional; 
• Quanto à atração do capital estrangeiro, buscou-se inicialmente 
uma reaproximação com a política externa norte-americana, a 
chamada Aliança para o Progresso. Em seguida, efetuou-se a 
renegociação da dívida externa e firmou-se um Acordo de 
Garantias para o capital estrangeiro. As ligações com o sistema 
financeiro internacional foram feitas através de dois mecanismos: a 
Lei n.º 4.131/64, que dava acesso direto das empresas ao sistema 
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financeiro internacional, e a Resolução n.º 63, que possibilitava a 
captação de recursos externos pelos bancos comerciais e de 
investimentos para repasse interno. Esta última significava a 
colagem do sistema financeiro nacional ao internacional e o início 
do processo de internacionalização financeira no Brasil. 
Conclui-se assim que a política adotada no PAEG obteve grande êxito na 
redução das taxas inflacionárias e em preparar o terreno para a retomada do 
crescimento. Este quadro, como veremos, permitiu altas taxas de crescimento 
ao longo da década de 70, durante o período do chamado Milagre Econômico. 
1.4 Auge e declínio do “milagre” econômico (1968-1973). 
O chamado Milagre Econômico foi o período entre 1968 e 1973 em que o 
PIB brasileiro apresentou as maiores taxas de crescimento, derivados de todas 
as reformas e estruturação do parque fabril nos 15 anos anteriores. Associado 
a este crescimento encontrou-se também todo o contexto favorável da 
economia mundial na época. 
As diretrizes do governo em 1967 já colocavam o crescimento econômico 
como objetivo principal, acompanhado de contenção da inflação, sendo que se 
admitia o convívio com uma taxa de inflação em torno de 20 a 30% a.a.. Nesta 
fase, alterou-se o diagnóstico sobre as causas da inflação, destacando os 
custos como principal determinante. Com isso, afrouxaram-se as políticas de 
contenção da demanda (monetária, fiscal e creditícia) - exceção feita à política 
salarial, considerada como elemento de custos. Teve início uma política de 
controle de preços, onde os reajustes deveriam ter aprovação prévia do 
governo,com base nas variações de custos. Para tal fim, criou-se o CIP 
(Conselho Interministerial de Preços) em 1968. 
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A busca do crescimento, segundo o governo, deveria processar-se com o 
investimento em setores diversificados e com menor participação do Estado, 
ou seja, deveria basear-se no setor privado. É importante destacar que o 
crescimento se colocava também como uma necessidade para legitimar o 
Regime Militar, que procurou justificar sua intervenção na necessidade de 
eliminar a desordem econômica e político-institucional, e recolocar o país nos 
trilhos do desenvolvimento. 
Tendo como ponto de partida o plano denominado I Plano Nacional de 
Desenvolvimento – I PND, teve dentre as principais fontes de crescimento do 
período do milagre, as seguintes: 
• A retomada do investimento público em infra-estrutura - possibilitada 
pela recuperação financeira do setor público, devido à reforma fiscal e 
aos mecanismos de endividamento interno (financiamento não 
inflacionário dos déficits); 
• Aumento dos investimentos das empresas estatais, observando-se, no 
período, um aumento nos investimentos e o processo de conglomeração 
destas empresas, através da criação de várias subsidiárias; a Petrobrás e 
a Vale do Rio Doce foram exemplos típicos deste processo; 
• Demanda por bens duráveis - devido à grande expansão do crédito ao 
consumidor pós reforma financeira. Percebe-se que a opção para a 
ampliação do mercado consumidor se deu em grande medida pelo 
endividamento familiar; 
• Crescimento das exportações, especialmente a de bens manufaturados, 
graças ao crescimento no comércio mundial e à melhoria nos termos de 
troca, bem como às alterações promovidas na política externa no país e 
aos incentivos fiscais, verificou-se no período um crescimento no valor 
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das exportações (volumes em termos de troca), o que representou 
ampliação significativa na capacidade de importar da economia (quanto 
mais moeda estrangeira entra proveniente de exportações, maiores são 
os recursos para compra de bens importados, também cotados em 
moeda estrangeira); 
• Tanto o setor de bens de consumo leve (não duráveis) como a 
agricultura apresentaram desempenhos mais modestos. O crescimento 
que apresentaram deveu-se ao aumento da massa salarial, que, por sua 
vez, se deve ao aumento de emprego, e ao crescimento das exportações 
de manufaturados tradicionais e de produtos agrícolas. A agricultura 
cresceu 4,5% a.a., em média, no período, apesar da forte expansão do 
crédito agrícola, centrado no BB. Nesta fase, deu-se o início do processo 
de modernização agrícola, através da mecanização, fazendo com que 
esta se tornasse importante fonte de demanda para indústria; 
• Quanto ao setor de bens de capital, seu desempenho pode ser dividido 
em duas fases. Na primeira, até 1970, apresentou menor crescimento, 
dado que o crescimento observado se baseou na ocupação de capacidade 
ociosa e não na ampliação da capacidade instalada. Conforme foi sendo 
ocupada esta capacidade, aumentava-se a taxa de investimento na 
economia, sendo que a formação bruta de capital fixo superou os 20% 
do PIB no período de 1971/73; 
• O aumento da demanda por bens de capital fez com que este setor fosse 
o de maior crescimento nesta segunda fase. Ao longo de todo o período 
1968/73, a taxa de crescimento médio do setor foi de 18,1% a.a., 
concentrando-se principalmente nesta segunda fase; e 
• Finalmente, destaca-se que o setor de bens intermediários apresentou 
uma taxa média de crescimento de 13,5% a.a. no período. 
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Tanto no setor de bens de capital como no de bens intermediários, a 
expansão econômica gerava pressão por importações, causada pela 
insuficiência de oferta interna. Esta pressão importadora ainda foi estimulada 
pela política do CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial), que concedeu 
incentivos de forma indiscriminada e foi bastante liberal nas importações, e 
pode ter contribuído inclusive para o atraso na produção interna de bens de 
capital, cujo crescimento ocorreu apenas depois de 1970. 
A pressão por importações poderia levar à necessidade de recursos 
externos, para cobrir o Balanço de Pagamentos, não fosse o elevado 
crescimento do valor das exportações brasileiras. Além da política cambial 
(minidesvalorizações cambiais) e comercial (incentivos fiscais e monetários), o 
crescimento das exportações foi também beneficiado pela expansão do 
comércio mundial, decorrente do excesso de liquidez internacional, ocasionado 
pelos déficits público e externo dos EUA, financiados com expansão monetária. 
A conjugação desses fatores levou tanto ao crescimento da quantidade 
exportada como à melhora dos termos de troca, redundando numa balança 
comercial equilibrada no período. 
Além da boa performance do setor exportador, assistiu-se neste período 
à primeira onda de endividamento externo, com ampla entrada de recursos. A 
dívida externa, no período, cresceu em torno de US$ 13 bilhões, sendo que 
aproximadamente US$ 6,5 bilhões se transformaram em reservas, ou seja, a 
dívida líquida correspondia a algo em torno de US$ 6 bilhões, o que com o 
crescimento das exportações resultava em um coeficiente de vulnerabilidade 
(dívida líquida sobre exportações) menor que 1 em 1973. 
Assim, percebe-se que naquele momento a situação cambial estava 
bastante tranquila. O volume de reservas existentes em 1973 correspondia a 
mais de um ano de importações, enquanto o critério técnico utilizado pelo FMI 
recomendava um volume de reservas equivalentes a três meses de 
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importações. Isso evidenciaria a existência de um sobreendividamento no 
período. 
Embora a justificativa oficial para este endividamento tenha sido a 
necessidade de recurso à poupança externa para viabilizar as altas taxas de 
crescimento ao longo do milagre, grande parte da explicação para o 
endividamento externo neste período reside nas profundas transformações do 
sistema financeiro internacional e na ampla liquidez existente, e na ausência 
de mecanismos de financiamento de longo prazo na economia brasileira, 
exceto as linhas oficiais. 
Os principais tomadores de recursos externos, nesta primeira fase, foram 
as empresas multinacionais e os bancos de investimento estrangeiros. A 
contrapartida da entrada excessiva de recursos, que se transformavam em 
reservas, era o crescimento da dívida pública interna, visando controlar a base 
monetária, através das operações de mercado aberto. 
Um último ponto que merece destaque é a elevada participação e 
intervenção do setor público na economia que se percebe nos seguintes 
aspectos: 
• Estado controlava os principais preços da economia - câmbio, 
salário, juros, tarifas -, além de praticar uma política de preços 
administrados via CIP, com a justificativa da inflação de custos e o 
objetivo de eliminar os problemas alocativos vindos de uma 
economia inflacionária; e 
• O Estado respondia pela maior parte das decisões deinvestimento, 
quer através dos investimentos da administração pública e das 
empresas estatais, que correspondiam a praticamente 50% da 
formação bruta de capital, quer através da captação de recursos 
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financeiros - fundos de poupança compulsória, títulos públicos, 
cadernetas de poupança, agências financeiras estatais -, dos 
incentivos fiscais e dos subsídios. 
A concentração de renda que ocorreu no período pode ser considerada a 
principal crítica ao Milagre. Os críticos argumentam que as autoridades tinham 
a concentração como estratégia necessária para aumentar a capacidade de 
poupança da economia, financiar os investimentos e com isso o crescimento 
econômico, para que depois todos pudessem usufruir. Esta ficou conhecida 
como a “Teoria do Bolo”, segundo a qual o bolo deveria crescer primeiro para 
depois ser dividido. Outros analistas concordavam com a posição oficial de que 
a concentração de renda era uma tendência natural de um país que se 
desenvolvia e que demandava crescentemente mão-de-obra qualificada. 
Dada a escassez dessa mão-de-obra, houve aumento maior da renda dos 
profissionais mais qualificados em relação aos menos especializados (cuja 
oferta era abundante). Defendiam ainda que, apesar da concentração de renda 
ter aumentado, a renda per capita de toda a população cresceu, o que significa 
que todos devem ter melhorado em termos de condições de vida, embora as 
classes mais ricas tivessem melhorado mais que as classes mais pobres. 
1.5 O primeiro choque do petróleo e o II PND 
O rápido crescimento econômico ao longo do Milagre, com a ocupação de 
toda capacidade ociosa, levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que 
gerariam pressões inflacionárias e/ou problemas na balança comercial. A 
manutenção do ciclo expansionista, em fins de 1973, dependeria cada vez 
mais de uma situação externa favorável. Esta situação foi rompida pela crise 
internacional desencadeada pelo primeiro choque com o petróleo em 1973, 
quando os países membros da OPEP quadruplicaram o preço do barril de 
petróleo. 
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Em 1974, houve aumento das taxas de inflação que passaram de 15,5% 
em 1973 para 34,4%. No balanço de pagamentos, verificou-se um déficit no 
saldo de transações correntes da ordem de US$ 6,5 bilhões, provocado não só 
pelo aumento do valor das importações de petróleo, mas também em função 
dos bens de capital e insumos básicos, necessários para manter o nível de 
produção corrente. Este déficit não foi totalmente coberto pela entrada de 
recursos, levando a uma queima de reservas, o que revelava o elevado grau 
de vulnerabilidade externa da economia brasileira. 
Em nível interno, a situação política aparecia como uma complicação 
adicional; a crise mostrava os limites políticos do modelo do Milagre. Em ano 
de mudança de presidente, começavam a surgir várias pressões por melhor 
distribuição de renda e maior abertura política, o que gerava certo imobilismo 
no Estado. 
O debate sobre o que fazer em 1974 situou-se na dicotomia ajustamento 
ou financiamento. O choque do petróleo significava transferência de recursos 
reais ao exterior e, com a existência de um “hiato potencial de divisas”, a 
manutenção do mesmo nível de investimento trazia a necessidade de maior 
sacrifício sobre o consumo, e, para alcançar as mesmas taxas de crescimento 
do período anterior, seria necessária maior taxa de investimento. Neste 
contexto, percebe-se que as opções de crescimento se haviam estreitado, e a 
tendência natural da economia seria a desaceleração da expansão. 
As opções que se colocavam naquele momento eram: 
• Ajustamento, que continha a demanda interna e evitava que o choque 
externo se transformasse em inflação permanente e correção do 
desequilíbrio externo; e 
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• Financiamento do crescimento, visando ganhar tempo para ajustar a 
oferta interna, mantendo o crescimento elevado e fazendo um ajuste 
gradual dos preços relativos (alterados pela crise do petróleo), enquanto 
houvesse financiamento externo abundante. 
A opção tomada foi a de financiar o crescimento econômico. O plano 
significou uma alteração completa nas prioridades da industrialização 
brasileira: de um padrão baseado no crescimento do setor de bens de 
consumo duráveis com alta concentração de renda, a economia deveria 
passar a crescer com base no setor produtor de meios de produção - bens 
de capital e insumos básicos. Dois problemas centrais para a execução do 
plano eram as questões do apoio político e do financiamento do processo. 
Neste sentido, percebe-se isolamento do Estado, que se transformou em 
“Estado-empresário” e centrou o plano em si, tendo como agente central 
das transformações as empresas estatais. 
As metas do II PND eram manter o crescimento econômico em torno de 
10% a.a., com crescimento industrial em torno de 12% a.a. 
Destacavam-se as metas de insumos básicos e de substituição de 
energia. Previa-se uma mudança no setor de transporte, com maiores 
incentivos para ferrovias e hidrovias. E contemplavam-se, também, 
expectativas otimistas para o setor de bens de capital, em que se esperava 
redução na participação das importações no setor de 52% para 40%, além de 
gerar excedente exportável em torno de US$ 200 milhões. 
A lógica do modelo estava em que, conforme as empresas estatais 
avançassem seus projetos de investimentos no setor de insumos, gerariam 
demanda derivada que estimularia o setor privado a investir no setor de bens 
de capital. Além da garantia de demanda, vários incentivos foram dados ao 
setor privado através do CDE (Conselho de Desenvolvimento Econômico), 
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principal órgão de implementação do plano. Entre os incentivos, destacavam-
se: o crédito do IPI sobre a compra de equipamentos, a possibilidade de 
depreciação acelerada, a isenção do imposto de importação para compra de 
bens intermediários, formas mais ou menos explícitas de reserva de mercado 
para novos empreendimentos (por exemplo, a Lei da Informática), garantia de 
política de preços compatível com as prioridades da política industrial. 
Torna-se importante destacar as diferenças existentes nos investimentos 
realizados pelas empresas estatais e o setor privado. Quanto às empresas 
estatais, verificou-se a restrição do acesso destas ao crédito interno e uma 
política de contenção tarifária, que visavam conter as pressões inflacionárias, e 
forçá-las ao endividamento externo, o que serviria para cobrir o “hiato de 
divisas” existentes na execução do plano. Iniciou-se com isso o processo de 
estatização da dívida externa. Já o setor privado foi financiado basicamente 
com créditos subsidiados de agências oficiais, entre as quais ganhou destaque 
o BNDES, que teve seu funding praticamente duplicado com a transferência 
para este dos recursos do PIS-PASEP, antes administrados pela CEF. 
A dívida externa cresceu rapidamente no período, US$ 10 bilhões entre 
74/77 e mais US$ 10 bilhões em 78/79. Nos dois primeiros anosa entrada de 
recursos serviu para cobrir os déficits em transações correntes, mas já a partir 
de 1976 o país voltou a acumular reservas. A facilidade de obtenção de 
recursos externos está relacionada ao processo de reciclagem dos 
petrodólares, isto é, aos superávits dos países da OPEP que, sem 
oportunidades de aplicação interna, retornavam ao sistema financeiro 
internacional. Como a demanda de crédito nos países desenvolvidos estava 
retraída, os países em desenvolvimento voltaram a ser vistos como clientes 
preferenciais. 
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Apesar da ampla liquidez internacional e da série de estímulos dados ao 
setor privado para captar recursos externos, as estatais constituíram-se nos 
principais tomadores. 
Para realizar o II PND, o Estado foi assumindo um passivo para manter o 
crescimento econômico e o funcionamento da economia. Dados os níveis 
extremamente baixos das taxas de juros internacionais, o mesmo Estado era 
capaz de pagar os juros, mas correndo o risco de que qualquer alteração na 
estrutura das taxas poderia inviabilizar as condições de pagamento, 
principalmente tendo-se em vista a característica flutuante das taxas de juros 
dos empréstimos. A deterioração da capacidade de financiamento do Estado, 
que socializou todos os custos no período do II PND (com grande aumento nos 
gastos, ao se autonomizar para realizar o desenvolvimento) sem criar 
mecanismos adequados de financiamento, constituir-se-ia no grande problema 
enfrentado posteriormente pela economia brasileira. 
E com base nestes últimos comentários podemos dar por encerrada a 
aula um. Na próxima aula daremos continuidade à abordagem da conjuntura 
econômica nacional desde o início dos anos de 1980 até a atualidade. 
Passemos agora à realização de alguns exercícios baseados em provas 
anteriores. 
Um grande abraço, 
 Mariotti 
 
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Questões Propostas: 
1 – (ADMINISTRADOR/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de 
substituição de importações na economia brasileira 
a) ocorreu apenas a partir de 1960. 
b) levou à implantação no Brasil de indústrias substitutivas das importações. 
c) esgotou-se por volta de 1960, logo após o governo Kubitschek. 
d) causou crises constantes de déficits do balanço comercial. 
e) fez com que as regiões mais atrasadas do país crescessem mais 
rapidamente. 
2 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960 
(correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a) 
a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País. 
b) aumento do valor em dólar das exportações. 
c) aceleração da inflação. 
d) redução da taxa de crescimento do PIB. 
e) redução do déficit orçamentário do governo federal. 
3 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal, 
elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de João Goulart, 
tinha vários objetivos específicos, dentre os quais NÃO se encontra o de 
a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado 
interno. 
b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao 
aumento da produtividade. 
c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a. 
d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida 
externa. 
e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965. 
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4 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de 
Ação Econômica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e 
nos anos imediatamente subseqüentes, no Brasil, 
a) aumentaram substancialmente os salários. 
b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos. 
c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes. 
d) criaram o Banco Central do Brasil. 
e) eliminaram a correção monetária no país. 
5 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as 
opções abaixo, a que NÃO corresponde a uma das principais 
características da política de industrialização brasileira no Pós-Guerra. 
a) Fornecimento de crédito a longo prazo para implantação de novos projetos. 
b) Proteção à indústria nacional, mediante tarifas de importação e barreiras 
não tarifárias. 
c) Participação direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia, 
transporte). 
d) Participação direta do Estado na produção em alguns setores tidos como 
prioritários (siderurgia, mineração, petróleo). 
e) Intensa preocupação de atender o consumidor doméstico com produtos de 
qualidade e baratos. 
6 – (ENGENHEIRO/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de 
substituição de importações, como instrumento para a promoção do 
desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a) 
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país. 
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do 
país. 
c) estímulo às exportações do país. 
d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas 
dentro do país. 
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e) intervenção do estado na economia do país. 
7 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O período de 1974-78 
foi de adaptação da economia brasileira e mundial à enorme alta dos 
preços do petróleo. Nesse período houve mudanças importantes, tais 
como: 
a) redução substancial dos gastos brasileiros com a importação de petróleo. 
b) redução das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido à grande oferta de 
“petrodólares” pelos países exportadores de petróleo. 
c) aumento considerável dos déficits em conta corrente dos países 
importadores de petróleo, financiados pela reciclagem dos “petrodólares” via 
sistema financeiro internacional. 
d) expansão econômica mundial, financiada pela reciclagem dos “petrodólares” 
promovida pelo sistema financeiro internacional. 
e) grande aumento das exportações brasileiras, mais do que compensando os 
maiores gastos com a importação de petróleo. 
8 – (ECONOMISTA/PETRORAS – CESGRANRIO/2005) O II Plano 
Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado 
no sentido de complementar o processo de substituição de 
importações no Brasil, além de estimular a criação de setores 
exportadores e reduzir a dependência de petróleo da economia 
brasileira. Com relação ao setor externo, é correto afirmar que: 
a) aumentou bastante o fluxo de empréstimos externos para o Brasil, 
sobretudo assumidos pelas empresas estatais. 
b) houve uma rápida reversão do saldo comercial brasileiro ainda na década de 
1970. 
c) observou-se uma grande retração das transferências unilaterais no Balanço 
de Pagamentos. 
d) criou-se uma dívida externa fundamentalmente privada no Brasil naquele 
momento. 
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e) foram fortemente elevadas as exportações de petróleo do Brasil com a 
descoberta dos campos gigantes da Bacia de Campos. 
9 – (APO/MPOG – ESAF/2010) Desde a década de 1940, diversos 
governos utilizaram o planejamento comoalavanca para o 
desenvolvimento nacional. Indique qual dos planos abaixo foi 
elaborado na fase do “milagre brasileiro”. 
a) Plano SALTE. 
b) I Plano Nacional de Desenvolvimento. 
c) Plano Plurianual 1996-1999. 
d) Plano de Metas. 
e) Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). 
10 –(Analista de Ativ. Meio Ambiente/SEPLAG-DF – CESPE/2009) A 
análise da economia brasileira é importante para compreender os 
fenômenos econômicos que caracterizam o país. A esse respeito, 
julgue os itens seguintes. 
76 Os esforços de promoção do desenvolvimento econômico empreendidos no 
âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento contaram não somente com 
inversões públicas, mas também com estímulos diversos ao investimento 
privado, exceto aqueles representados pelas barreiras comerciais, formadas 
pelos impostos de importação, fortemente reduzidos nesse período. 
11 – (Analista de Gestão Pública/PMV – CESPE/2008) O estudo da 
economia brasileira, incluindo-se aí o fenômeno inflacionário que a 
caracterizou durante um longo período, é importante para a 
compreensão da situação econômica atual. No que concerne a esse 
assunto, julgue os itens subseqüentes. 
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100 O financiamento do Plano de Metas se realizou, principalmente, por meio 
da inflação, decorrente da expansão monetária, que financiava o gasto público, 
e do aumento do crédito, que viabilizava os investimentos privados. 
101 A expansão da indústria de bens de consumo e o desempenho marcante 
do setor agrícola constituíram as principais fontes de crescimento da economia 
brasileira durante o período do denominado milagre econômico. 
102 O foco do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi eliminar as 
restrições, tanto estruturais como externas, ao crescimento da economia 
brasileira, mediante investimentos nos setores de infra-estrutura, bens de 
produção, energia e exportações. 
103 Em face dos choques externos — incluindo-se aí o aumento do preço do 
petróleo e a alta das taxas de juros no mercado internacional —, o ajuste 
estrutural do governo Geisel, embora bem-sucedido, aumentou a 
vulnerabilidade externa da economia e o estoque da dívida pública. 
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Gabarito Comentado: 
1 – (ADMINISTRADOR/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de 
substituição de importações na economia brasileira 
a) ocorreu apenas a partir de 1960. 
b) levou à implantação no Brasil de indústrias substitutivas das importações. 
c) esgotou-se por volta de 1960, logo após o governo Kubitschek. 
d) causou crises constantes de déficits do balanço comercial. 
e) fez com que as regiões mais atrasadas do país crescessem mais 
rapidamente. 
Comentários: 
Essa é uma questão quase que autodidata, ou seja, a resposta da está no 
próprio enunciado. 
O processo de substituição de importações - PSI, adotado no Brasil no início do 
governo Vargas, visava reduzir drasticamente a dependência da economia 
brasileira da exportação de café. Por meio de um processo de industrialização 
induzido pelo governo o país buscava produzir os bens dos quais era 
diretamente dependente de importação. 
Gabarito: letra “b”.
2 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960 
(correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a) 
a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País. 
b) aumento do valor em dólar das exportações. 
c) aceleração da inflação. 
d) redução da taxa de crescimento do PIB. 
e) redução do déficit orçamentário do governo federal. 
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Comentários: 
Trata-se de uma questão relativamente tranqüila de ser respondida. Conforme 
estudado, o governo JK provocou uma profunda mudança da estrutura de 
desenvolvimento do país, expandindo atividades sustentadoras do crescimento 
econômico. De acordo com o abordado em aula, foram tomadas as seguintes 
medidas: 
• Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os 
setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos 
transportes, cabe destacar a mudança de prioridade que até o 
governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no governo JK 
passou para o rodoviário, que estava em consonância com o 
objetivo de introduzir o setor automobilístico no país; 
• Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o 
aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos 
específicos; 
• Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e 
bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção); 
e 
• Incentivo à produção industrial privada por meio da concessão de 
crédito em massa. 
Esta série de medidas contribuiu para o grande desenvolvimento brasileiro nos 
anos seguintes. De todo modo, na esteira destes benefícios, algumas 
consequências negativas ocorreram. O resultado da política implementada por 
JK, via financiamento da atividade produtiva, não foi acompanhada de uma 
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reforma fiscal adequada, fazendo com que o governo se utilizasse da emissão 
de moeda para atendimento à sua política. Como não poderia deixar de ser, o 
resultado foi a aceleração da inflação. 
No plano externo ocorreu a deterioração do saldo em transações correntes e o 
crescimento da dívida externa. Ainda como impactos negativos da política 
econômica de JK verificou-se o desestímulo à agricultura, haja vista a opção 
feita pelo governo de direcionar sua atuação para a indústria intensiva em 
capital. 
 
Gabarito: letra “c”.
3 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal, 
elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de João 
Goulart, tinha vários objetivos específicos, dentre os quais NÃO se 
encontra o de 
a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado 
interno. 
b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao 
aumento da produtividade. 
c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a. 
d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida 
externa. 
e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965. 
Comentários: 
O Plano Trienal, ou Plano para os três anos de João Goulart no poder, foi 
estruturado como forma de dar a sociedade brasileira que o apoio no plebiscito 
de retorno ao presidencialismo no Brasil, uma reposta ao ambiente econômico 
fragilizado deixado pela renúncia de Jânio Quadros. 
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Entre os objetivos específicos do plano encontravam-se: 
• Redução da taxa de inflação para 25% em 1963, e até 1965 alcançar o 
patamar de 10%; 
• Crescimento dos salários na mesma proporção do aumento da 
produtividade da mão-de-obra; 
• Realização da Reforma Agrária tanto para redução da crise social que 
afetava o país à época quanto para permitir a elevação do consumo de 
ramos industriais; 
• Busca pela renegociação de dívida externa,a qual gerava grande pressão 
sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o balanço de 
pagamentos; e 
• Promover o crescimento do PIB de 7% a.a.. 
 A elevação dos salários estava associada á igual magnitude do aumento da 
produtividade da mão-de-obra, e não 3% acima. 
Gabarito: letra “b”.
4 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de 
Ação Econômica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e 
nos anos imediatamente subseqüentes, no Brasil, 
a) aumentaram substancialmente os salários. 
b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos. 
c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes. 
d) criaram o Banco Central do Brasil. 
e) eliminaram a correção monetária no país. 
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Comentários: 
Uma série de medidas e reformas foram implementadas com a ascensão do 
governo militar ao poder. Afora os aspectos de cunho político, na esfera 
econômica, as medidas implementadas trouxeram grandes mudanças para o 
país. 
Entre as medidas institucionais adotadas pelo governo Castelo Branco estava a 
adoção de reajustes salariais controlados pelo governo, a qual buscava entre 
outros aspectos a contenção da inflação. Ainda no escopo das reformas 
implementadas estavam: 
- a introdução da correção monetária no sistema tributário, de forma a se 
evitar a perda de receita decorrente da inflação; 
- Melhoria das relações de comércio exterior e estimulo à atração de capital 
estrangeiro para o país; 
- A reforma tributária implementada teve como resultado o aumento da 
arrecadação e uma grande centralização tanto da arrecadação como das 
decisões em termos de política tributária, constituindo-se em importante 
instrumento político, ao subordinar os estados ao governo central. 
- Criação, por meio da Lei 4.595/64, do Conselho Monetário Nacional e do 
Banco Central do Brasil, sendo que este último passaria a ter a atribuição do 
de realizar a política monetária. 
Com base nestas informações, pode-se anotar a letra “d” como gabarito da 
questão, uma vez que se trata da única assertiva correta. 
Gabarito: letra “d”.
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5 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as 
opções abaixo, a que NÃO corresponde a uma das principais 
características da política de industrialização brasileira no Pós-Guerra. 
a) Fornecimento de crédito a longo prazo para implantação de novos projetos. 
b) Proteção à indústria nacional, mediante tarifas de importação e barreiras 
não tarifárias. 
c) Participação direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia, 
transporte). 
d) Participação direta do Estado na produção em alguns setores tidos como 
prioritários (siderurgia, mineração, petróleo). 
e) Intensa preocupação de atender o consumidor doméstico com produtos de 
qualidade e baratos. 
Comentários: 
Entre as diversas características das políticas de industrialização adotadas pelo 
país no Pós Guerra, estas devidamente debatidas em aula, a única não 
verdadeira relaciona-se à preocupação em atendimento ao consumidor interno 
com produtos baratos. A proteção à industrial nacional, que por sinal ocorreu 
até o início dos anos de 1990, acabou por levar à elevação dos preços do bens 
sem, logicamente, estar associada à melhoria da qualidade dos produtos. 
Gabarito: letra “e”.
6 – (ENGENHEIRO/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de 
substituição de importações, como instrumento para a promoção do 
desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a) 
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país. 
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do 
país. 
c) estímulo às exportações do país. 
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d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas 
dentro do país. 
e) intervenção do estado na economia do país. 
Comentários: 
O processo de substituição de importações – PSI foi caracterizado pelo 
estímulo dado pelo governo federal, no âmbito do Estado Novo (ascensão de 
Getúlio Vargas ao poder), no sentido de que a produção do país fosse voltada 
para dentro, sendo a demanda gerada pelos bens suprida por produção interna 
ao invés da importação de bens. Os estímulos realizados estavam associados 
entre outras coisas à imposição de barreiras tarifárias. Do mesmo modo, 
buscou-se a redução da dependência externa do país, uma vez que este não 
mais poderia contar apenas com suas exportações como forma de geração de 
renda ao país. 
Gabarito: letra “c”.
7 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O período de 1974-78 
foi de adaptação da economia brasileira e mundial à enorme alta dos 
preços do petróleo. Nesse período houve mudanças importantes, tais 
como: 
a) redução substancial dos gastos brasileiros com a importação de petróleo. 
b) redução das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido à grande oferta de 
“petrodólares” pelos países exportadores de petróleo. 
c) aumento considerável dos déficits em conta corrente dos países 
importadores de petróleo, financiados pela reciclagem dos “petrodólares” via 
sistema financeiro internacional. 
d) expansão econômica mundial, financiada pela reciclagem dos “petrodólares” 
promovida pelo sistema financeiro internacional. 
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e) grande aumento das exportações brasileiras, mais do que compensando os 
maiores gastos com a importação de petróleo. 
Comentários: 
O período entre 1974 e 1978 foi caracterizado pelo primeiro Choque do 
Petróleo. Neste período houve uma grande elevação nos gastos com a 
importação de petróleo, o aumento das taxas de juros no Brasil e no mundo no 
sentido de captação dos Petrodólares que migravam para os países 
componentes da OPEP. Estes Petrodólares serviram como ferramenta de 
fechamento dos déficits das transações correntes, via resultado positivo do 
balanço de capitais (que contabiliza a entrada de Petrodólares). No período, 
apenas o Brasil, por meio do II PND, buscou o crescimento via financiamento 
externo, tendo as demais economias reduzido o seu ritmo de crescimento por 
meio de acomodações nas principais variáveis impactadas pela alta no preço 
do Petróleo. A diminuição do ímpeto dos demais países impactou diretamente 
o Brasil, prejudicando direta a exportação de bens e serviços. 
Gabarito: letra “c”.
8 – (ECONOMISTA/PETRORAS – CESGRANRIO/2005) O II Plano 
Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado 
no sentido de complementar o processo de substituição de 
importações no Brasil, além de estimular a criação de setores 
exportadores e reduzir a dependência de petróleo da economia 
brasileira. Com relação ao setor externo, é correto afirmar que: 
a) aumentou bastante o fluxo de empréstimos externos para o Brasil, 
sobretudo assumidos pelas empresas estatais. 
b) houve uma rápida reversão do saldo comercial brasileiro ainda na década de 
1970. 
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