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CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 1 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Aula Um Prezados (as) Alunos (as), É com grande satisfação que inicio o curso de Economia Brasileira destinado à preparação para a prova de Economista do BNDES. A proposta das aulas é a de ser a mais objetiva possível, ou seja, faremos a abordagem dos conteúdos de forma direta, debatendo e apresentando os principais temas e assuntos pertinentes a cada item do conteúdo programático. Se o objetivo do curso fosse um aprofundamento sobre os diversos pontos inerentes à economia nacional, daí então, com certeza, precisaríamos um tempo muito maior de estudo, o que não é possível neste momento, haja vista o curto tempo até a prova. Quero ressaltar, entretanto, que muito embora um curso preparatório deva ir “direto ao ponto”, especialmente em períodos de edital na praça, não se pode jamais passar batido por pontos considerados fundamentais, e mais do que isso, que são presença constante nas provas. Feitos os comentários iniciais, informo a vocês que nesta primeira aula nos debruçaremos sobre os itens do conteúdo programático afetos aos estudos que, na graduação em Economia, conhecemos como formação econômica do Brasil. Os assuntos a serem abordados nesta primeira aula, e na próxima (aula dois), versam sobre o a evolução da economia brasileira a partir da ascensão do Presidente Getúlio Vargas ao poder no início dos anos de 1930. De acordo com o disposto na aula demonstrativa, serão abordados nesta aula os seguintes itens do conteúdo programático: CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 2 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Economia Brasileira: crise de 1930 e a origem do modelo de substituição de importações no Brasil. As políticas de intervenção do Estado na primeira metade da década de 1950. O Plano de Metas e a industrialização pesada. A crise da economia brasileira na primeira metade da década de 1960 e as reformas estruturais no início do governo militar. Auge e declínio do “milagre” econômico (1968-1973). O primeiro choque do petróleo e o II PND. Conforme todos vocês devem saber, os temas de Economia Brasileira são bastante dissertativos, o que envolve logicamente um elevado volume de informações. Ademais, neste conjunto, serão abordados uma série de aspectos inerentes aos conhecimentos micro e macroeconômicos. Devido a isso, caso algum de vocês fique em dúvida quanto à aplicação da teoria econômica, ou mesmo quanto algum outro conceito descrito em aula, por favor, não deixem de esclarecê-lo (La) por meio do fórum de dúvidas. Para mim é uma grande satisfação poder ajudá-los no que for preciso, rumo à aprovação no concurso. Uma última informação que gostaria de passar a vocês refere-se às questões propostas na parte final da aula. Optei em adicionar à lista algumas questões cobradas pela banca CESPE, banca esta com um perfil diferente de cobrança de questões em prova. Por serem questões interpretativas, entendo que em muito contribuem para a consolidação dos assuntos abordados em aula. Vamos então à aula. Contem comigo nesta empreitada! Um grande abraço e bons estudos a todos (as), Mariotti CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 3 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 1. Crise de 1930 e a origem do modelo de substituição de importações no Brasil A evolução do entendimento econômico, devidamente aplicado à economia brasileira, passou por um grande processo de mudanças a partir da ascensão de Getúlio Vargas à Presidência do país, ainda nos anos de 1930. Começava ali o chamado modelo econômico de Substituição de Importações, o qual consistia na troca de compra da produção externa de bens e serviços pela escolha de produção interna ao país. Com a queda de Getúlio e, posteriormente, com a chegada do mineiro Juscelino Kubitschek na presidência da república, foi implantado no país o chamado Plano de Metas. Passamos a discorrer mais criteriosamente sobre este período, de forma a estruturarmos os impactos econômicos sofridos pela economia, bem como o modelo de desenvolvimento adotado pelo país no pós-guerra (fim da segunda guerra mundial). 1.1 O Processo de Substituição de Importações No período compreendido entre a proclamação da República até a chegada de Getúlio Vargas ao poder, a economia brasileira dependia basicamente do bom desempenho das exportações, que na época se restringiam a algumas poucas commodities agrícolas, especialmente o café, caracterizando a economia brasileira como essencialmente agroexportadora. O bom desempenho dependia das condições do mercado internacional de café, sendo a variável-chave nesta época o seu preço internacional. As condições deste mercado não eram totalmente controladas pelo Brasil. Mesmo sendo o principal produtor de café, outros países também influíam CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 4 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br na oferta, sendo boa parte do mercado controlado por grandes companhias atacadistas que especulavam com estoques. A demanda dependia das oscilações no crescimento mundial, aumentando em momentos de prosperidade econômica e retraindo-se quando os países ocidentais (especialmente EUA e Inglaterra) entravam em crise ou em guerra. Deste modo, as crises internacionais causavam problemas muito grandes nas exportações brasileiras de café, criando sérias dificuldades para toda economia brasileira, dado que praticamente todas as outras atividades dentro do país dependiam direta ou indiretamente do desempenho do setor exportador cafeeiro. As condições do mercado internacional de café tendiam a tornarem-se mais problemáticas na medida em que as plantações do produto no Brasil se expandiam. Nas primeiras décadas do século XX a produção brasileira cresceu desmensuradamente. O Brasil chegou a produzir sozinho mais café do que o consumo mundial, obrigando o governo a intervir no mercado, estocando e queimando café (lembre-se que quando estudamos história do Brasil, na graduação, acabamos por sempre abordar o Convênio de Taubaté.). Neste período as crises externas sucederam-se em função tanto de oscilações na demanda (crises internacionais), como em decorrência da superprodução brasileira. Em 1930, estes dois elementos se conjugaram, a produção nacional era enorme e a economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história. A depressão no mercado internacional de café logo se fez sentir e os preços vieram abaixo. Isto obrigou o governo a intervir fortemente, comprando e estocando café, desvalorizando o câmbio com o objetivo de proteger o setor cafeeiro e ao mesmo tempo sustentar o nível de emprego, de renda e de demanda. Este conjunto que problemas deixava claro que a situação de CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 5 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br dependência da economia brasileira, especialmente das exportações de um único produto agrícola, era insustentável. A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento econômico brasileiro; a fragilização do modelo agroexportador trouxe à tona a consciência sobrea necessidade da industrialização como forma de superar os constrangimentos externos e o subdesenvolvimento. Não foi o início da industrialização brasileira (esta já havia se iniciado desde o final do século XIX), mas o momento em que um novo modelo econômico, sustentado por um novo governo, passou a ser meta prioritária da governo. Este objetivo, porém, envolvia grandes esforços em termos de geração de poupança e sua transferência para a atividade industrial. Isto só seria possível com uma grande alteração na política econômica vigente, baseado no rompimento com o Estado oligárquico e descentralizado da República Velha, além da transferência e centralização do poder e dos instrumentos de política econômica nas mãos do Governo Federal. Este foi o papel desempenhado pela Revolução de 30. Dela decorreram o fortalecimento do Estado Nacional e a ascensão de novas classes econômicas ao poder, o que permitiu colocar a industrialização como meta prioritária, como um projeto nacional de desenvolvimento. A forma assumida pela industrialização foi o chamado Processo de Substituição de Importações (PSI). Devido ao estrangulamento externo ora existente, gerado de forma especial pela crise internacional ocasionada pela quebra da Bolsa de Nova York, houve a necessidade de produzir internamente o que antes era importado, defendendo-se dessa forma o nível de atividade econômica. A industrialização feita a partir deste processo de substituição de importações foi uma industrialização voltada para dentro, ou seja, que visou atender o mercado consumidor interno. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 6 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br O modelo de Substituição de Importações consistiu no processo forçado de industrialização brasileira, como forma de superação dos problemas externos e, consequentemente, da mudança da pauta exportadora do país no médio prazo. Em linhas gerais, podemos dizer que o PSI foi derivado do chamado processo de estrangulamento externo, referenciado na queda no valor das exportações de produtos agrícolas, mas com a crescente demanda interna por bens importados. A política de PSI teve continuidade durante o período de saída e retorno de Vargas ao poder, o que significou, em linhas gerais, o fim inequívoco da dependência externa do país à exportação cafeeira. 1.1.1 As políticas de intervenção do Estado na primeira metade da década de 1950. No cenário internacional Pós-Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a grande rivalidade entre os EUA e a União Soviética, que no aspecto econômico coincidiu com o período de escassez de dólares. O Brasil passou por sucessivas crises de Balanço de Pagamentos, o que fez com que o governo abandonasse literalmente o aspecto liberal das políticas econômicas e assim adotasse um modelo de desenvolvimento industrial com a relevante participação estatal. O elevado volume de importações da economia nacional, no período compreendido entre 1945-1955, levou o governo à adoção de medidas de controle do câmbio como forma de minimizar os impactos sobre o balanço. O caráter social do governo Vargas levou à publicação de uma extensa legislação, especialmente trabalhista, que beneficiou grande parte dos trabalhadores. No plano de intervenção econômica o governo Vargas fundou a CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 7 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, empresas estas que passariam a ter papel fundamental no processo industrial do país. Ainda tomava corpo no âmbito da intervenção econômica promovida por Vargas a necessidade de financiamento do desenvolvimento econômico, o que coincidiu com a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE1 e da PETROBRAS. O BNDE foi fruto de profunda discussão entre o governo brasileiro, o Banco Mundial e o Eximbank2. A promessa de repasse de recursos para a nova Instituição no montante de US$ 500 milhões permitiu que o projeto fosse efetivado, criando-se o Banco em 1952. Muito embora tenha ocorrido uma série de mudanças nas promessas feitas pelos bancos internacionais quanto ao repasse de recursos ao BNDE, o projeto da Instituição foi levado à frente, entretanto, com um menor volume de recursos disponíveis para a realização de financiamentos. A criação da PETROBRAS no ano de 1953 foi decorrente da intensa campanha iniciada no Pós-Guerra sob o título “O Petróleo é nosso”. Após uma série de discussões de cunho político foi dada à empresa o Monopólio na extração do petróleo3. 1.2 O Plano de Metas e a industrialização pesada O Plano de Metas adotado no governo Juscelino Kubitschek pode ser considerado o auge deste modelo de desenvolvimento; o rápido crescimento do produto e da industrialização no período acentuou as contradições 1 Somente em 1982 o BNDE teve a sua denominação alterada para BNDES, isto em função da criação de uma Diretoria destinada à análise de financiamento de projetos sociais. 2 Instituição Norte-Americana responsável pelo financiamento de importações e exportações ao EUA. 3 O processo de distribuição foi atribuído às companhias estrangeiras. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 8 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br mencionadas. O principal objetivo do plano era estabelecer as bases de uma economia industrial madura no país, introduzindo de ímpeto o setor produtor de bens de consumo duráveis. O Plano foi dividido especialmente nos seguintes objetivos: • Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos transportes, cabe destacar a mudança de prioridade que até o governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no governo JK passou para o rodoviário, que estava em consonância com o objetivo de introduzir o setor automobilístico no país; • Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos específicos; • Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção); e • Incentivo à produção industrial privada por meio da concessão de crédito em massa. É interessante observar a coerência que existia entre as metas do plano, em que se visava impedir o aparecimento de pontos de estrangulamento na oferta de infra-estrutura e bens intermediários para os novos setores, bem como, através dos investimentos estatais, garantir a demanda necessária para produção adicional. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 9 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br O cumprimento das metas estabelecidas foi bastante satisfatório, sendo que em alguns setores estas foram superadas, mas em outros ficaram aquém. Com isso, observou-se rápido crescimento econômico no período com profundas mudanças estruturais, em termos da base produtiva do país. Não obstante, o plano trouxe uma série de problemas. O financiamento dos investimentos públicos, na ausência de uma reforma fiscal condizente com as metas e os gastos estipulados, teve que se valer principalmente da emissão monetária, observando-se no períodouma grande aceleração inflacionária. Do ponto de vista externo, observou-se uma deterioração do saldo em transações correntes e o crescimento da dívida externa. A concentração da renda ampliou- se devido ao desestímulo à agricultura e o consequente investimento de capital intensivo na indústria. 1.3 A crise da economia brasileira na primeira metade da década de 1960 e as reformas estruturais no início do governo militar. O início dos anos 60 caracterizou-se pela primeira grande crise econômica do Brasil em sua fase industrial. Neste período ocorreu uma queda importante dos investimentos e a taxa de crescimento da renda brasileira caiu fortemente em função da materialização das contradições inerentes ao processo de substituição de importações. Para dar prosseguimento ao desenvolvimento econômico, tornava-se necessário desenvolver o setor de bens de capital e ampliar o setor de bens intermediários que estavam defasados, assim como a infra-estrutura urbana. Vários problemas se colocaram neste sentido, em especial a ausência de mecanismos de financiamento adequados, tanto para o setor público, que se encontrava com elevado déficit público devido aos gastos realizados no Plano de Metas (durante o governo de Juscelino Kubitschek), como para o setor privado, em um momento em que as altas escalas de capital dos setores a serem CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 10 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br implantados necessitavam de maiores recursos financeiros para viabilizar o investimento. Outro problema que se colocava ao prosseguimento do desenvolvimento era que tanto o setor de bens de capital como o setor de bens intermediários, chamados setores de “demanda derivada”, isto é, setores em que a demanda pelos produtos depende diretamente da demanda pelos produtos finais na economia. Em virtude da concentração de renda da economia e da ausência de mecanismos de financiamento ao consumidor, a demanda pelos produtos do setor de bens de consumo duráveis era bastante limitada, restringindo os impactos (estímulos) deste setor para o resto da economia. A consequência desta situação foi a retração nas taxas de crescimento e a aceleração inflacionária. Era um consenso na época a necessidade de reformas institucionais que promovessem um quadro favorável à retomada dos investimentos. O governo Jânio Quadros procurou adotar medidas que cunho ortodoxo, baseando-se na contenção gasto público e de uma política monetária contracionista. Muito embora as medidas tenham sido muito bem recebidas, no nível político Jânio enfrentava sérias dificuldades para aprovação de suas medidas, haja vista a inexistência de base parlamentar. Por meio de um gesto enigmático Jânio renunciou, esperando contar com a população para que o trouxesse de volta ao poder e assim pudesse dar continuidade às suas pretensões. O resultado todos nós sabemos. Jânio não obteve sucesso, e ainda ainda gerou um sério problema a ser administrado pelo Congresso, pois Constituição brasileira à época previa que o Vice-Presidente deveria assumir. Por meio de uma solução de conciliação o Congresso alterou o regime do governo do país do Presidencialismo para o Parlamentarismo, o que permitiu o CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 11 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br tempo de retorno de João Goulart ao Brasil e, ao mesmo tempo, que Tancredo Neves assumisse como Primeiro Ministro. A fase do parlamentarismo do Parlamentarismo durou até 1962. Neste período o PIB do país teve elevado crescimento, derivado da fase de maturação do Plano de Metas. Não obstante, a inflação no período teve forte elevação, passando de 40% ao ano. Por meio de um plebiscito convocado por Jango, a população votou pelo retorno do Presidencialismo, o que permitiu ao governante mais estabilidade para condução da Economia. Liderado por Celso Furtado o governo lançou o Plano Trienal, baseando-se nas propostas de impulso ao crescimento econômico com combate à inflação e a adoção de reformas sociais. Os objetivos específicos do Plano eram: • Reduzir a taxa de inflação para 25% em 1963, e até 1965 alcançar o patamar de 10%; • Crescimento dos salários na mesma proporção do aumento da produtividade da mão-de-obra; • Realização da Reforma Agrária tanto para redução da crise social que afetava o país à época quanto para permitir a elevação do consumo de ramos industriais; • Busca pela renegociação de dívida externa, a qual gerava grande pressão sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o balanço de pagamentos; e • Promover o crescimento do PIB de 7% a.a.. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 12 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Muito embora as propostas do Plano fossem positivas, não encontraram guarida. A vertente esquerdista do governo contribui para o isolamento do país, de forma a impedir com boa parte do plano obtivesse sucesso. A publicação da Lei no 4.131/62, que tratava do controle de capital, em que a remessa de lucros provenientes dos investimentos produtivos no país ficava limitada a 10%, provocou uma sensível redução de novos investimentos na economia nacional. Afora estes aspectos, mas em linha com a vertente esquerdista da política, Jango resolveu aumentar o salário do funcionalismo público e restabeleceu subsídios agrícolas abolidos no início do programa, contribuindo para a escalada inflacionária no ano de 1963. A elevação das tensões no campo político, conjuntamente com a política de expropriação de empresas estrangeiras, contribuíram para a insatisfação das forças armadas, cansadas de exacerbada filosofia adotada pelo governo. O resultado deste contexto foi queda de João Goulart, destituído por meio do Golpe Militar de março de 1964. Em resumo, pode-se dizer que tanto o governo de Jânio Quadros quanto o governo de João Goulart foram prisioneiros da situação política e, apesar de buscarem diferentes formas de resolver a questão e encaminhar a solução econômica, ocorreu certo imobilismo no campo nacional e internacional. Neste contexto, o golpe militar de 1964, impondo de forma autoritária uma solução para a crise política, foi uma precondição ao encaminhamento “técnico” das medidas de superação da crise econômica - reformas constitucionais e condução da política econômica de forma adequada e segura. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 13 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 1.3.1 O PAEG e o governo militar O governo Castelo Branco lançou o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), com vistas a resolver os problemas econômicos. O PAEG pode ser dividido em duas linhas de atuação: políticas conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas estruturais que permitiram o equacionamento dos problemas inflacionários e das dificuldades que se colocavam ao crescimento econômico. Os objetivos colocados pelo PAEG eram: acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico, conter o processo inflacionário, atenuar os desequilíbrios setoriais e regionais, aumentar o investimento e com isso o emprego, e corrigir a tendência ao desequilíbrio externo. O controle inflacionário e/ou as formas de conviver com ela eram vistos como precondições para a retomadado desenvolvimento, e o combate à inflação só poderia ser feito acoplado às reformas institucionais. O diagnóstico sobre a inflação, que havia subido para 83,2% a.a. em 1963, centrava-se no excesso de demanda. Este era explicado em função da tendência ao déficit público, da elevada propensão a consumir (decorrente da política salarial frouxa dos períodos anteriores - os chamados “arroubos populistas”) e também da falta de controle sobre a expansão do crédito. Estas pressões inflacionárias propagavam-se com a expansão monetária, que era o veículo para sua perpetuação. Especificamente, as principais metas do PAEG eram: • Redução do déficit público mediante a redução dos gastos e da ampliação das receitas através da reforma tributária e do aumento das tarifas públicas (a chamada inflação corretiva). Com isso, o CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 14 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br déficit público reduziu-se de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em 1966; • Restrição do crédito e aperto monetário. Houve aumento das taxas de juros reais e consequentemente do passivo das empresas. Este fato levou a uma grande onda de falências, concordatas, fusões e incorporações, processo este que atingiu principalmente as pequenas e médias empresas dos setores de vestuário, alimentos e construção civil. Esta “limpeza de terreno” e consequente geração de capacidade ociosa foi um importante fator para a futura retomada do crescimento econômico; • O terceiro elemento da política de contenção da demanda foi a política salarial, em que se supunha a existência de uma taxa de desemprego relativamente baixa, o que levava a elevados salários reais e inflação crescente. Para romper esta dinâmica, o governo passou a determinar os reajustes salariais, via política salarial, objetivando romper as expectativas e conter as reivindicações. A fórmula de reajustes decidida pela política salarial teve por consequência uma grande redução do salário real. Com estas medidas, a inflação reduziu-se, entre os anos de 1964 e 1967, da casa dos 90% a.a. para os 20% a.a. Este resultado se deveu em grande parte a uma retração nas taxas de crescimento econômico. 1.3.2 Reformas Institucionais do PAEG Quanto aos problemas institucionais, identificou-se como ponto básico a ausência de correção monetária em uma economia com altas taxas inflacionárias. Vários eram os problemas gerados pelo processo inflacionário: CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 15 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br • A inflação, conjugada à lei da usura (que impedia juros nominais superiores a 12% a.a.), desestimulava a canalização de poupança para o sistema financeiro; • A lei do inquilinato, numa situação inflacionária, constituía-se em forte desestímulo à aquisição de imóveis e, consequentemente, à construção civil; • Desordem tributária, pois a ausência de correção monetária, no caso dos débitos fiscais, estimulava o atraso de pagamentos e, no caso dos ativos e do patrimônio das empresas, levava à tributação de lucros ilusórios. Neste sentido, se por um lado se fazia necessária a redução das taxas de inflação, também se procurou criar mecanismos que possibilitassem o crescimento econômico em um ambiente de inflação moderada. As principais reformas instituídas pelo PAEG foram: a reforma tributária, a reforma monetária e financeira e a reforma do setor externo. 1.3.3 A Reforma Tributária Os principais elementos envolvidos nesta reforma foram: • A introdução da correção monetária no sistema tributário, visando reduzir as distorções já mencionadas; • A alteração do formato do sistema tributário. Transformaram-se os impostos tipo cascata (que incidem a cada transação sobre o valor total), em impostos tipo valor adicionado. Criou-se o IPI (imposto sobre produtos industrializados), o ICM (imposto sobre circulação de mercadorias) e o ISS (imposto sobre serviços). A importância CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 16 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br desta alteração foi romper o estímulo até então existente à integração vertical da produção, e facilitar a utilização dos impostos como instrumento de política de desenvolvimento e de redução de distorções, ao permitir as diferenciações de alíquotas e facilitar a concessão de isenções e incentivos fiscais às atividades específicas; • A redefinição do espaço tributário entre as diversas esferas do governo. A União ficou com o IPI, o Imposto de Renda, os Impostos Únicos, os Impostos de Comércio Exterior, o Imposto Territorial Rural (ITR). Os estados ficaram com o ICM e os municípios, com o ISS e o IPTU (imposto sobre propriedade territorial urbana). Além disso, foram criados os fundos de transferência intergovernamentais: o fundo de participação dos estados e dos municípios, que se baseavam em parcelas de arrecadação do IPI, do IR e do ICMS. Os critérios de distribuição dos recursos baseavam-se na área geográfica, na população e no inverso da renda per capita, com vistas a favorecer estados mais pobres. Houve importante centralização das decisões sobre a legislação tributária, inclusive definindo as alíquotas dos impostos das demais esferas, procurando eliminar a “guerra fiscal”. Dessa forma, as principais consequências da reforma tributária foram o aumento da arrecadação e uma grande centralização tanto da arrecadação como das decisões em termos de política tributária, constituindo-se em importante instrumento político, ao subordinar os estados ao governo central. Permitiu ainda, através da vinculação da receita e da criação de órgãos ao lado da administração direta, uma descentralização dos gastos, com maior flexibilidade operacional. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 17 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 1.3.4 A Reforma Monetária – Financeira Os principais objetivos nesta reforma eram: criar condições de condução independente da política monetária e direcionar os recursos montantes promovendo condições adequadas às atividades econômicas. Esta reforma divide-se em quatro grupos de medidas: • A instituição da correção monetária e criação da ORTN (Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional). A introdução da correção monetária tornava sem sentido a “Lei da Usura”, eliminando uma série de ineficiências do sistema financeiro. Ao permitir a prática de taxas de juros reais positivas, estimulava a poupança e ampliava a capacidade de financiamento da economia. A criação das ORTNs, cuja variação determinaria o índice de correção monetária, tinha por objetivo dar credibilidade e viabilizar o desenvolvimento de um mercado de títulos públicos que fornecesse instrumentos de financiamento não inflacionários do déficit público, bem como possibilitasse as operações de mercado aberto, visando o controle monetário. Este último objetivo só se viabilizou de fato a partir de 1970, com a criação das LTNs (Letras do Tesouro Nacional), pois as características das ORTNs (títulos pós-fixados de longo prazo) dificultavam as operações de mercado aberto, que devem ser feitas com títulos prefixados de curto prazo; • A Lei n.º 4.595/64 - criação do CMN (Conselho Monetário Nacional) e do BACEN (Banco Central do Brasil). Comesta lei procurava-se criar condições para que a política monetária fosse conduzida de forma independente. O CMN substituiu o conselho da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), e passou a ser o órgão normativo da política monetária, com a função de definir as regras CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 18 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e as metas a serem atingidas. O BACEN foi criado (assumindo a antiga Carteira de Câmbio e Redesconto do Banco do Brasil e o Serviço de Meio Circulante do Tesouro Nacional), para ser o agente executor da política monetária. Além disso, ele também seria o agente fiscalizador e controlador do sistema financeiro. O Banco do Brasil, além de suas funções de banco comercial, permaneceu com os serviços de compensação de cheques, depositário das reservas voluntárias, e caixa do BACEN e do Tesouro Nacional, ou seja, constituía-se no agente bancário no governo. Vários problemas ainda permaneciam para a consecução do objetivo de controle independente da política monetária, a saber: • A subordinação do BACEN ao CMN, o que permitia ingerência política na atuação do BACEN; • A Conta Movimento, criada inicialmente para transferir recursos do BB para o BACEN entrar em operação, fez com que o BB não perdesse a condição de Autoridade Monetária, uma vez que podia expandir sem limites suas operações de crédito, pois possuía uma linha direta de financiamento junto ao BACEN; • O chamado “Orçamento Monetário”, que deveria ser peça para juntar as duas autoridades monetárias (BACEN e BB). Este orçamento passou a receber vários gastos de origem fiscal, com a criação de vários fundos e programas que seriam administradas pelas Autoridades Monetárias - PROAGRO, PROEX, FUNRURAL etc. Com isso, o BACEN, que deveria ser órgão de controle monetário, transformava-se também em banco de fomento, criando-se um entrelaçamento entre contas monetárias e fiscais, de tal modo que o Orçamento Fiscal poderia aparecer equilibrado, enquanto todo o rombo se CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 19 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br colocava no Orçamento Monetário. O BACEN era responsável pela administração da dívida pública, podendo emitir títulos em nome do Tesouro Nacional. Dessa forma, a dívida pública e os gastos com juros do Tesouro poderiam crescer, independentemente da existência de um déficit a ser financiado, mas simplesmente por objetivos de controle monetário. Além disso, criava-se um mecanismo para o Tesouro Nacional forçar o BACEN a financiar seus déficits via emissão monetária. Percebe-se, portanto, que estas medidas acabaram por criar um estranho arcabouço institucional, em que se misturavam as políticas fiscal e monetária; o BACEN não controlava a política monetária nem o Tesouro Nacional controlava a política fiscal, sendo que o resultado deste quadro foi o de inviabilizar o conhecimento e o controle social sobre as operações do governo. As demais instituições do mercado de capitais - Bolsa de Valores, Corretoras e Distribuidoras - também foram regulamentadas e subordinadas ao BACEN. Criaram-se vários tipos de incentivos fiscais para dinamizar este segmento, entre os quais se destaca o Decreto-lei n.º 157, no qual os indivíduos poderiam adquirir cotas de fundo de ações com parcela do Imposto de renda (pessoa física) devido. Merece ainda destaque a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), sendo o BB o agente central, e os bancos comerciais agentes subsidiários. A fonte de recursos para o sistema era, além dos fundos fiscais e da “Conta Movimento”, uma parcela dos depósitos à vista captados pelos bancos comerciais, que deveriam obrigatoriamente ser utilizados no financiamento agrícola. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 20 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 1.3.5 A Reforma do Setor Externo A reforma do setor externo tinha por objetivo estimular o desenvolvimento econômico, evitando as pressões sobre o Balanço de Pagamentos e assim eliminando uma das principais distorções do PSI. Destacam-se duas linhas de atuação neste sentido: melhorar o comércio externo brasileiro e atrair o capital estrangeiro: • Em relação ao comércio externo, buscou-se, por um lado, estimular e diversificar as exportações através de uma série de incentivos fiscais (isenções fiscais - IPI, ICM, IR - crédito-prêmio do IPI etc.) e da modernização e dinamização dos órgãos públicos ligados ao comércio internacional (CACEX e CPA). Quanto às importações, a idéia era eliminar os limites quantitativos e utilizar apenas a política tarifária como forma de controle. A principal medida adotada na área do comércio externo foi a simplificação e unificação do sistema cambial, que objetivava eliminar as incertezas decorrentes da condução errática da política cambial, bem como os desestímulos à exportação decorrentes da valorização cambial. Para tal, adotou-se o sistema de minidesvalorizações a partir de 1968, pelo qual a valorização cambial deveria refletir o diferencial entre a inflação doméstica e a internacional; • Quanto à atração do capital estrangeiro, buscou-se inicialmente uma reaproximação com a política externa norte-americana, a chamada Aliança para o Progresso. Em seguida, efetuou-se a renegociação da dívida externa e firmou-se um Acordo de Garantias para o capital estrangeiro. As ligações com o sistema financeiro internacional foram feitas através de dois mecanismos: a Lei n.º 4.131/64, que dava acesso direto das empresas ao sistema CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 21 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br financeiro internacional, e a Resolução n.º 63, que possibilitava a captação de recursos externos pelos bancos comerciais e de investimentos para repasse interno. Esta última significava a colagem do sistema financeiro nacional ao internacional e o início do processo de internacionalização financeira no Brasil. Conclui-se assim que a política adotada no PAEG obteve grande êxito na redução das taxas inflacionárias e em preparar o terreno para a retomada do crescimento. Este quadro, como veremos, permitiu altas taxas de crescimento ao longo da década de 70, durante o período do chamado Milagre Econômico. 1.4 Auge e declínio do “milagre” econômico (1968-1973). O chamado Milagre Econômico foi o período entre 1968 e 1973 em que o PIB brasileiro apresentou as maiores taxas de crescimento, derivados de todas as reformas e estruturação do parque fabril nos 15 anos anteriores. Associado a este crescimento encontrou-se também todo o contexto favorável da economia mundial na época. As diretrizes do governo em 1967 já colocavam o crescimento econômico como objetivo principal, acompanhado de contenção da inflação, sendo que se admitia o convívio com uma taxa de inflação em torno de 20 a 30% a.a.. Nesta fase, alterou-se o diagnóstico sobre as causas da inflação, destacando os custos como principal determinante. Com isso, afrouxaram-se as políticas de contenção da demanda (monetária, fiscal e creditícia) - exceção feita à política salarial, considerada como elemento de custos. Teve início uma política de controle de preços, onde os reajustes deveriam ter aprovação prévia do governo,com base nas variações de custos. Para tal fim, criou-se o CIP (Conselho Interministerial de Preços) em 1968. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 22 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br A busca do crescimento, segundo o governo, deveria processar-se com o investimento em setores diversificados e com menor participação do Estado, ou seja, deveria basear-se no setor privado. É importante destacar que o crescimento se colocava também como uma necessidade para legitimar o Regime Militar, que procurou justificar sua intervenção na necessidade de eliminar a desordem econômica e político-institucional, e recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento. Tendo como ponto de partida o plano denominado I Plano Nacional de Desenvolvimento – I PND, teve dentre as principais fontes de crescimento do período do milagre, as seguintes: • A retomada do investimento público em infra-estrutura - possibilitada pela recuperação financeira do setor público, devido à reforma fiscal e aos mecanismos de endividamento interno (financiamento não inflacionário dos déficits); • Aumento dos investimentos das empresas estatais, observando-se, no período, um aumento nos investimentos e o processo de conglomeração destas empresas, através da criação de várias subsidiárias; a Petrobrás e a Vale do Rio Doce foram exemplos típicos deste processo; • Demanda por bens duráveis - devido à grande expansão do crédito ao consumidor pós reforma financeira. Percebe-se que a opção para a ampliação do mercado consumidor se deu em grande medida pelo endividamento familiar; • Crescimento das exportações, especialmente a de bens manufaturados, graças ao crescimento no comércio mundial e à melhoria nos termos de troca, bem como às alterações promovidas na política externa no país e aos incentivos fiscais, verificou-se no período um crescimento no valor CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 23 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br das exportações (volumes em termos de troca), o que representou ampliação significativa na capacidade de importar da economia (quanto mais moeda estrangeira entra proveniente de exportações, maiores são os recursos para compra de bens importados, também cotados em moeda estrangeira); • Tanto o setor de bens de consumo leve (não duráveis) como a agricultura apresentaram desempenhos mais modestos. O crescimento que apresentaram deveu-se ao aumento da massa salarial, que, por sua vez, se deve ao aumento de emprego, e ao crescimento das exportações de manufaturados tradicionais e de produtos agrícolas. A agricultura cresceu 4,5% a.a., em média, no período, apesar da forte expansão do crédito agrícola, centrado no BB. Nesta fase, deu-se o início do processo de modernização agrícola, através da mecanização, fazendo com que esta se tornasse importante fonte de demanda para indústria; • Quanto ao setor de bens de capital, seu desempenho pode ser dividido em duas fases. Na primeira, até 1970, apresentou menor crescimento, dado que o crescimento observado se baseou na ocupação de capacidade ociosa e não na ampliação da capacidade instalada. Conforme foi sendo ocupada esta capacidade, aumentava-se a taxa de investimento na economia, sendo que a formação bruta de capital fixo superou os 20% do PIB no período de 1971/73; • O aumento da demanda por bens de capital fez com que este setor fosse o de maior crescimento nesta segunda fase. Ao longo de todo o período 1968/73, a taxa de crescimento médio do setor foi de 18,1% a.a., concentrando-se principalmente nesta segunda fase; e • Finalmente, destaca-se que o setor de bens intermediários apresentou uma taxa média de crescimento de 13,5% a.a. no período. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 24 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Tanto no setor de bens de capital como no de bens intermediários, a expansão econômica gerava pressão por importações, causada pela insuficiência de oferta interna. Esta pressão importadora ainda foi estimulada pela política do CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial), que concedeu incentivos de forma indiscriminada e foi bastante liberal nas importações, e pode ter contribuído inclusive para o atraso na produção interna de bens de capital, cujo crescimento ocorreu apenas depois de 1970. A pressão por importações poderia levar à necessidade de recursos externos, para cobrir o Balanço de Pagamentos, não fosse o elevado crescimento do valor das exportações brasileiras. Além da política cambial (minidesvalorizações cambiais) e comercial (incentivos fiscais e monetários), o crescimento das exportações foi também beneficiado pela expansão do comércio mundial, decorrente do excesso de liquidez internacional, ocasionado pelos déficits público e externo dos EUA, financiados com expansão monetária. A conjugação desses fatores levou tanto ao crescimento da quantidade exportada como à melhora dos termos de troca, redundando numa balança comercial equilibrada no período. Além da boa performance do setor exportador, assistiu-se neste período à primeira onda de endividamento externo, com ampla entrada de recursos. A dívida externa, no período, cresceu em torno de US$ 13 bilhões, sendo que aproximadamente US$ 6,5 bilhões se transformaram em reservas, ou seja, a dívida líquida correspondia a algo em torno de US$ 6 bilhões, o que com o crescimento das exportações resultava em um coeficiente de vulnerabilidade (dívida líquida sobre exportações) menor que 1 em 1973. Assim, percebe-se que naquele momento a situação cambial estava bastante tranquila. O volume de reservas existentes em 1973 correspondia a mais de um ano de importações, enquanto o critério técnico utilizado pelo FMI recomendava um volume de reservas equivalentes a três meses de CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 25 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br importações. Isso evidenciaria a existência de um sobreendividamento no período. Embora a justificativa oficial para este endividamento tenha sido a necessidade de recurso à poupança externa para viabilizar as altas taxas de crescimento ao longo do milagre, grande parte da explicação para o endividamento externo neste período reside nas profundas transformações do sistema financeiro internacional e na ampla liquidez existente, e na ausência de mecanismos de financiamento de longo prazo na economia brasileira, exceto as linhas oficiais. Os principais tomadores de recursos externos, nesta primeira fase, foram as empresas multinacionais e os bancos de investimento estrangeiros. A contrapartida da entrada excessiva de recursos, que se transformavam em reservas, era o crescimento da dívida pública interna, visando controlar a base monetária, através das operações de mercado aberto. Um último ponto que merece destaque é a elevada participação e intervenção do setor público na economia que se percebe nos seguintes aspectos: • Estado controlava os principais preços da economia - câmbio, salário, juros, tarifas -, além de praticar uma política de preços administrados via CIP, com a justificativa da inflação de custos e o objetivo de eliminar os problemas alocativos vindos de uma economia inflacionária; e • O Estado respondia pela maior parte das decisões deinvestimento, quer através dos investimentos da administração pública e das empresas estatais, que correspondiam a praticamente 50% da formação bruta de capital, quer através da captação de recursos CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 26 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br financeiros - fundos de poupança compulsória, títulos públicos, cadernetas de poupança, agências financeiras estatais -, dos incentivos fiscais e dos subsídios. A concentração de renda que ocorreu no período pode ser considerada a principal crítica ao Milagre. Os críticos argumentam que as autoridades tinham a concentração como estratégia necessária para aumentar a capacidade de poupança da economia, financiar os investimentos e com isso o crescimento econômico, para que depois todos pudessem usufruir. Esta ficou conhecida como a “Teoria do Bolo”, segundo a qual o bolo deveria crescer primeiro para depois ser dividido. Outros analistas concordavam com a posição oficial de que a concentração de renda era uma tendência natural de um país que se desenvolvia e que demandava crescentemente mão-de-obra qualificada. Dada a escassez dessa mão-de-obra, houve aumento maior da renda dos profissionais mais qualificados em relação aos menos especializados (cuja oferta era abundante). Defendiam ainda que, apesar da concentração de renda ter aumentado, a renda per capita de toda a população cresceu, o que significa que todos devem ter melhorado em termos de condições de vida, embora as classes mais ricas tivessem melhorado mais que as classes mais pobres. 1.5 O primeiro choque do petróleo e o II PND O rápido crescimento econômico ao longo do Milagre, com a ocupação de toda capacidade ociosa, levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que gerariam pressões inflacionárias e/ou problemas na balança comercial. A manutenção do ciclo expansionista, em fins de 1973, dependeria cada vez mais de uma situação externa favorável. Esta situação foi rompida pela crise internacional desencadeada pelo primeiro choque com o petróleo em 1973, quando os países membros da OPEP quadruplicaram o preço do barril de petróleo. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 27 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Em 1974, houve aumento das taxas de inflação que passaram de 15,5% em 1973 para 34,4%. No balanço de pagamentos, verificou-se um déficit no saldo de transações correntes da ordem de US$ 6,5 bilhões, provocado não só pelo aumento do valor das importações de petróleo, mas também em função dos bens de capital e insumos básicos, necessários para manter o nível de produção corrente. Este déficit não foi totalmente coberto pela entrada de recursos, levando a uma queima de reservas, o que revelava o elevado grau de vulnerabilidade externa da economia brasileira. Em nível interno, a situação política aparecia como uma complicação adicional; a crise mostrava os limites políticos do modelo do Milagre. Em ano de mudança de presidente, começavam a surgir várias pressões por melhor distribuição de renda e maior abertura política, o que gerava certo imobilismo no Estado. O debate sobre o que fazer em 1974 situou-se na dicotomia ajustamento ou financiamento. O choque do petróleo significava transferência de recursos reais ao exterior e, com a existência de um “hiato potencial de divisas”, a manutenção do mesmo nível de investimento trazia a necessidade de maior sacrifício sobre o consumo, e, para alcançar as mesmas taxas de crescimento do período anterior, seria necessária maior taxa de investimento. Neste contexto, percebe-se que as opções de crescimento se haviam estreitado, e a tendência natural da economia seria a desaceleração da expansão. As opções que se colocavam naquele momento eram: • Ajustamento, que continha a demanda interna e evitava que o choque externo se transformasse em inflação permanente e correção do desequilíbrio externo; e CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 28 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br • Financiamento do crescimento, visando ganhar tempo para ajustar a oferta interna, mantendo o crescimento elevado e fazendo um ajuste gradual dos preços relativos (alterados pela crise do petróleo), enquanto houvesse financiamento externo abundante. A opção tomada foi a de financiar o crescimento econômico. O plano significou uma alteração completa nas prioridades da industrialização brasileira: de um padrão baseado no crescimento do setor de bens de consumo duráveis com alta concentração de renda, a economia deveria passar a crescer com base no setor produtor de meios de produção - bens de capital e insumos básicos. Dois problemas centrais para a execução do plano eram as questões do apoio político e do financiamento do processo. Neste sentido, percebe-se isolamento do Estado, que se transformou em “Estado-empresário” e centrou o plano em si, tendo como agente central das transformações as empresas estatais. As metas do II PND eram manter o crescimento econômico em torno de 10% a.a., com crescimento industrial em torno de 12% a.a. Destacavam-se as metas de insumos básicos e de substituição de energia. Previa-se uma mudança no setor de transporte, com maiores incentivos para ferrovias e hidrovias. E contemplavam-se, também, expectativas otimistas para o setor de bens de capital, em que se esperava redução na participação das importações no setor de 52% para 40%, além de gerar excedente exportável em torno de US$ 200 milhões. A lógica do modelo estava em que, conforme as empresas estatais avançassem seus projetos de investimentos no setor de insumos, gerariam demanda derivada que estimularia o setor privado a investir no setor de bens de capital. Além da garantia de demanda, vários incentivos foram dados ao setor privado através do CDE (Conselho de Desenvolvimento Econômico), CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 29 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br principal órgão de implementação do plano. Entre os incentivos, destacavam- se: o crédito do IPI sobre a compra de equipamentos, a possibilidade de depreciação acelerada, a isenção do imposto de importação para compra de bens intermediários, formas mais ou menos explícitas de reserva de mercado para novos empreendimentos (por exemplo, a Lei da Informática), garantia de política de preços compatível com as prioridades da política industrial. Torna-se importante destacar as diferenças existentes nos investimentos realizados pelas empresas estatais e o setor privado. Quanto às empresas estatais, verificou-se a restrição do acesso destas ao crédito interno e uma política de contenção tarifária, que visavam conter as pressões inflacionárias, e forçá-las ao endividamento externo, o que serviria para cobrir o “hiato de divisas” existentes na execução do plano. Iniciou-se com isso o processo de estatização da dívida externa. Já o setor privado foi financiado basicamente com créditos subsidiados de agências oficiais, entre as quais ganhou destaque o BNDES, que teve seu funding praticamente duplicado com a transferência para este dos recursos do PIS-PASEP, antes administrados pela CEF. A dívida externa cresceu rapidamente no período, US$ 10 bilhões entre 74/77 e mais US$ 10 bilhões em 78/79. Nos dois primeiros anosa entrada de recursos serviu para cobrir os déficits em transações correntes, mas já a partir de 1976 o país voltou a acumular reservas. A facilidade de obtenção de recursos externos está relacionada ao processo de reciclagem dos petrodólares, isto é, aos superávits dos países da OPEP que, sem oportunidades de aplicação interna, retornavam ao sistema financeiro internacional. Como a demanda de crédito nos países desenvolvidos estava retraída, os países em desenvolvimento voltaram a ser vistos como clientes preferenciais. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 30 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Apesar da ampla liquidez internacional e da série de estímulos dados ao setor privado para captar recursos externos, as estatais constituíram-se nos principais tomadores. Para realizar o II PND, o Estado foi assumindo um passivo para manter o crescimento econômico e o funcionamento da economia. Dados os níveis extremamente baixos das taxas de juros internacionais, o mesmo Estado era capaz de pagar os juros, mas correndo o risco de que qualquer alteração na estrutura das taxas poderia inviabilizar as condições de pagamento, principalmente tendo-se em vista a característica flutuante das taxas de juros dos empréstimos. A deterioração da capacidade de financiamento do Estado, que socializou todos os custos no período do II PND (com grande aumento nos gastos, ao se autonomizar para realizar o desenvolvimento) sem criar mecanismos adequados de financiamento, constituir-se-ia no grande problema enfrentado posteriormente pela economia brasileira. E com base nestes últimos comentários podemos dar por encerrada a aula um. Na próxima aula daremos continuidade à abordagem da conjuntura econômica nacional desde o início dos anos de 1980 até a atualidade. Passemos agora à realização de alguns exercícios baseados em provas anteriores. Um grande abraço, Mariotti CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 31 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Questões Propostas: 1 – (ADMINISTRADOR/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de substituição de importações na economia brasileira a) ocorreu apenas a partir de 1960. b) levou à implantação no Brasil de indústrias substitutivas das importações. c) esgotou-se por volta de 1960, logo após o governo Kubitschek. d) causou crises constantes de déficits do balanço comercial. e) fez com que as regiões mais atrasadas do país crescessem mais rapidamente. 2 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960 (correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a) a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País. b) aumento do valor em dólar das exportações. c) aceleração da inflação. d) redução da taxa de crescimento do PIB. e) redução do déficit orçamentário do governo federal. 3 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de João Goulart, tinha vários objetivos específicos, dentre os quais NÃO se encontra o de a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado interno. b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao aumento da produtividade. c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a. d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida externa. e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 32 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 4 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e nos anos imediatamente subseqüentes, no Brasil, a) aumentaram substancialmente os salários. b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos. c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes. d) criaram o Banco Central do Brasil. e) eliminaram a correção monetária no país. 5 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as opções abaixo, a que NÃO corresponde a uma das principais características da política de industrialização brasileira no Pós-Guerra. a) Fornecimento de crédito a longo prazo para implantação de novos projetos. b) Proteção à indústria nacional, mediante tarifas de importação e barreiras não tarifárias. c) Participação direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia, transporte). d) Participação direta do Estado na produção em alguns setores tidos como prioritários (siderurgia, mineração, petróleo). e) Intensa preocupação de atender o consumidor doméstico com produtos de qualidade e baratos. 6 – (ENGENHEIRO/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de substituição de importações, como instrumento para a promoção do desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a) a) encarecimento dos produtos importados dentro do país. b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do país. c) estímulo às exportações do país. d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas dentro do país. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 33 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) intervenção do estado na economia do país. 7 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O período de 1974-78 foi de adaptação da economia brasileira e mundial à enorme alta dos preços do petróleo. Nesse período houve mudanças importantes, tais como: a) redução substancial dos gastos brasileiros com a importação de petróleo. b) redução das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido à grande oferta de “petrodólares” pelos países exportadores de petróleo. c) aumento considerável dos déficits em conta corrente dos países importadores de petróleo, financiados pela reciclagem dos “petrodólares” via sistema financeiro internacional. d) expansão econômica mundial, financiada pela reciclagem dos “petrodólares” promovida pelo sistema financeiro internacional. e) grande aumento das exportações brasileiras, mais do que compensando os maiores gastos com a importação de petróleo. 8 – (ECONOMISTA/PETRORAS – CESGRANRIO/2005) O II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado no sentido de complementar o processo de substituição de importações no Brasil, além de estimular a criação de setores exportadores e reduzir a dependência de petróleo da economia brasileira. Com relação ao setor externo, é correto afirmar que: a) aumentou bastante o fluxo de empréstimos externos para o Brasil, sobretudo assumidos pelas empresas estatais. b) houve uma rápida reversão do saldo comercial brasileiro ainda na década de 1970. c) observou-se uma grande retração das transferências unilaterais no Balanço de Pagamentos. d) criou-se uma dívida externa fundamentalmente privada no Brasil naquele momento. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 34 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) foram fortemente elevadas as exportações de petróleo do Brasil com a descoberta dos campos gigantes da Bacia de Campos. 9 – (APO/MPOG – ESAF/2010) Desde a década de 1940, diversos governos utilizaram o planejamento comoalavanca para o desenvolvimento nacional. Indique qual dos planos abaixo foi elaborado na fase do “milagre brasileiro”. a) Plano SALTE. b) I Plano Nacional de Desenvolvimento. c) Plano Plurianual 1996-1999. d) Plano de Metas. e) Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). 10 –(Analista de Ativ. Meio Ambiente/SEPLAG-DF – CESPE/2009) A análise da economia brasileira é importante para compreender os fenômenos econômicos que caracterizam o país. A esse respeito, julgue os itens seguintes. 76 Os esforços de promoção do desenvolvimento econômico empreendidos no âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento contaram não somente com inversões públicas, mas também com estímulos diversos ao investimento privado, exceto aqueles representados pelas barreiras comerciais, formadas pelos impostos de importação, fortemente reduzidos nesse período. 11 – (Analista de Gestão Pública/PMV – CESPE/2008) O estudo da economia brasileira, incluindo-se aí o fenômeno inflacionário que a caracterizou durante um longo período, é importante para a compreensão da situação econômica atual. No que concerne a esse assunto, julgue os itens subseqüentes. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 35 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 100 O financiamento do Plano de Metas se realizou, principalmente, por meio da inflação, decorrente da expansão monetária, que financiava o gasto público, e do aumento do crédito, que viabilizava os investimentos privados. 101 A expansão da indústria de bens de consumo e o desempenho marcante do setor agrícola constituíram as principais fontes de crescimento da economia brasileira durante o período do denominado milagre econômico. 102 O foco do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi eliminar as restrições, tanto estruturais como externas, ao crescimento da economia brasileira, mediante investimentos nos setores de infra-estrutura, bens de produção, energia e exportações. 103 Em face dos choques externos — incluindo-se aí o aumento do preço do petróleo e a alta das taxas de juros no mercado internacional —, o ajuste estrutural do governo Geisel, embora bem-sucedido, aumentou a vulnerabilidade externa da economia e o estoque da dívida pública. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 36 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Gabarito Comentado: 1 – (ADMINISTRADOR/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de substituição de importações na economia brasileira a) ocorreu apenas a partir de 1960. b) levou à implantação no Brasil de indústrias substitutivas das importações. c) esgotou-se por volta de 1960, logo após o governo Kubitschek. d) causou crises constantes de déficits do balanço comercial. e) fez com que as regiões mais atrasadas do país crescessem mais rapidamente. Comentários: Essa é uma questão quase que autodidata, ou seja, a resposta da está no próprio enunciado. O processo de substituição de importações - PSI, adotado no Brasil no início do governo Vargas, visava reduzir drasticamente a dependência da economia brasileira da exportação de café. Por meio de um processo de industrialização induzido pelo governo o país buscava produzir os bens dos quais era diretamente dependente de importação. Gabarito: letra “b”. 2 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960 (correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a) a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País. b) aumento do valor em dólar das exportações. c) aceleração da inflação. d) redução da taxa de crescimento do PIB. e) redução do déficit orçamentário do governo federal. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 37 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Comentários: Trata-se de uma questão relativamente tranqüila de ser respondida. Conforme estudado, o governo JK provocou uma profunda mudança da estrutura de desenvolvimento do país, expandindo atividades sustentadoras do crescimento econômico. De acordo com o abordado em aula, foram tomadas as seguintes medidas: • Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos transportes, cabe destacar a mudança de prioridade que até o governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no governo JK passou para o rodoviário, que estava em consonância com o objetivo de introduzir o setor automobilístico no país; • Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos específicos; • Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção); e • Incentivo à produção industrial privada por meio da concessão de crédito em massa. Esta série de medidas contribuiu para o grande desenvolvimento brasileiro nos anos seguintes. De todo modo, na esteira destes benefícios, algumas consequências negativas ocorreram. O resultado da política implementada por JK, via financiamento da atividade produtiva, não foi acompanhada de uma CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 38 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br reforma fiscal adequada, fazendo com que o governo se utilizasse da emissão de moeda para atendimento à sua política. Como não poderia deixar de ser, o resultado foi a aceleração da inflação. No plano externo ocorreu a deterioração do saldo em transações correntes e o crescimento da dívida externa. Ainda como impactos negativos da política econômica de JK verificou-se o desestímulo à agricultura, haja vista a opção feita pelo governo de direcionar sua atuação para a indústria intensiva em capital. Gabarito: letra “c”. 3 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de João Goulart, tinha vários objetivos específicos, dentre os quais NÃO se encontra o de a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado interno. b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao aumento da produtividade. c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a. d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida externa. e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965. Comentários: O Plano Trienal, ou Plano para os três anos de João Goulart no poder, foi estruturado como forma de dar a sociedade brasileira que o apoio no plebiscito de retorno ao presidencialismo no Brasil, uma reposta ao ambiente econômico fragilizado deixado pela renúncia de Jânio Quadros. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 39 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Entre os objetivos específicos do plano encontravam-se: • Redução da taxa de inflação para 25% em 1963, e até 1965 alcançar o patamar de 10%; • Crescimento dos salários na mesma proporção do aumento da produtividade da mão-de-obra; • Realização da Reforma Agrária tanto para redução da crise social que afetava o país à época quanto para permitir a elevação do consumo de ramos industriais; • Busca pela renegociação de dívida externa,a qual gerava grande pressão sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o balanço de pagamentos; e • Promover o crescimento do PIB de 7% a.a.. A elevação dos salários estava associada á igual magnitude do aumento da produtividade da mão-de-obra, e não 3% acima. Gabarito: letra “b”. 4 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e nos anos imediatamente subseqüentes, no Brasil, a) aumentaram substancialmente os salários. b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos. c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes. d) criaram o Banco Central do Brasil. e) eliminaram a correção monetária no país. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 40 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br Comentários: Uma série de medidas e reformas foram implementadas com a ascensão do governo militar ao poder. Afora os aspectos de cunho político, na esfera econômica, as medidas implementadas trouxeram grandes mudanças para o país. Entre as medidas institucionais adotadas pelo governo Castelo Branco estava a adoção de reajustes salariais controlados pelo governo, a qual buscava entre outros aspectos a contenção da inflação. Ainda no escopo das reformas implementadas estavam: - a introdução da correção monetária no sistema tributário, de forma a se evitar a perda de receita decorrente da inflação; - Melhoria das relações de comércio exterior e estimulo à atração de capital estrangeiro para o país; - A reforma tributária implementada teve como resultado o aumento da arrecadação e uma grande centralização tanto da arrecadação como das decisões em termos de política tributária, constituindo-se em importante instrumento político, ao subordinar os estados ao governo central. - Criação, por meio da Lei 4.595/64, do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central do Brasil, sendo que este último passaria a ter a atribuição do de realizar a política monetária. Com base nestas informações, pode-se anotar a letra “d” como gabarito da questão, uma vez que se trata da única assertiva correta. Gabarito: letra “d”. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 41 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 5 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as opções abaixo, a que NÃO corresponde a uma das principais características da política de industrialização brasileira no Pós-Guerra. a) Fornecimento de crédito a longo prazo para implantação de novos projetos. b) Proteção à indústria nacional, mediante tarifas de importação e barreiras não tarifárias. c) Participação direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia, transporte). d) Participação direta do Estado na produção em alguns setores tidos como prioritários (siderurgia, mineração, petróleo). e) Intensa preocupação de atender o consumidor doméstico com produtos de qualidade e baratos. Comentários: Entre as diversas características das políticas de industrialização adotadas pelo país no Pós Guerra, estas devidamente debatidas em aula, a única não verdadeira relaciona-se à preocupação em atendimento ao consumidor interno com produtos baratos. A proteção à industrial nacional, que por sinal ocorreu até o início dos anos de 1990, acabou por levar à elevação dos preços do bens sem, logicamente, estar associada à melhoria da qualidade dos produtos. Gabarito: letra “e”. 6 – (ENGENHEIRO/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de substituição de importações, como instrumento para a promoção do desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a) a) encarecimento dos produtos importados dentro do país. b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do país. c) estímulo às exportações do país. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 42 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas dentro do país. e) intervenção do estado na economia do país. Comentários: O processo de substituição de importações – PSI foi caracterizado pelo estímulo dado pelo governo federal, no âmbito do Estado Novo (ascensão de Getúlio Vargas ao poder), no sentido de que a produção do país fosse voltada para dentro, sendo a demanda gerada pelos bens suprida por produção interna ao invés da importação de bens. Os estímulos realizados estavam associados entre outras coisas à imposição de barreiras tarifárias. Do mesmo modo, buscou-se a redução da dependência externa do país, uma vez que este não mais poderia contar apenas com suas exportações como forma de geração de renda ao país. Gabarito: letra “c”. 7 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O período de 1974-78 foi de adaptação da economia brasileira e mundial à enorme alta dos preços do petróleo. Nesse período houve mudanças importantes, tais como: a) redução substancial dos gastos brasileiros com a importação de petróleo. b) redução das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido à grande oferta de “petrodólares” pelos países exportadores de petróleo. c) aumento considerável dos déficits em conta corrente dos países importadores de petróleo, financiados pela reciclagem dos “petrodólares” via sistema financeiro internacional. d) expansão econômica mundial, financiada pela reciclagem dos “petrodólares” promovida pelo sistema financeiro internacional. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 43 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br e) grande aumento das exportações brasileiras, mais do que compensando os maiores gastos com a importação de petróleo. Comentários: O período entre 1974 e 1978 foi caracterizado pelo primeiro Choque do Petróleo. Neste período houve uma grande elevação nos gastos com a importação de petróleo, o aumento das taxas de juros no Brasil e no mundo no sentido de captação dos Petrodólares que migravam para os países componentes da OPEP. Estes Petrodólares serviram como ferramenta de fechamento dos déficits das transações correntes, via resultado positivo do balanço de capitais (que contabiliza a entrada de Petrodólares). No período, apenas o Brasil, por meio do II PND, buscou o crescimento via financiamento externo, tendo as demais economias reduzido o seu ritmo de crescimento por meio de acomodações nas principais variáveis impactadas pela alta no preço do Petróleo. A diminuição do ímpeto dos demais países impactou diretamente o Brasil, prejudicando direta a exportação de bens e serviços. Gabarito: letra “c”. 8 – (ECONOMISTA/PETRORAS – CESGRANRIO/2005) O II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado no sentido de complementar o processo de substituição de importações no Brasil, além de estimular a criação de setores exportadores e reduzir a dependência de petróleo da economia brasileira. Com relação ao setor externo, é correto afirmar que: a) aumentou bastante o fluxo de empréstimos externos para o Brasil, sobretudo assumidos pelas empresas estatais. b) houve uma rápida reversão do saldo comercial brasileiro ainda na década de 1970. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 44 Prof. Francisco
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