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Economia Brasileira Aula 03

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CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES 
 ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA 
 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 
Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 
Aula Três 
Caros (as) Estudantes, 
Em continuidade ao curso de Economia Brasileira, informo a todos que a 
partir desta aula três passamos a abordar o item do conteúdo programático 
identificado por “Tópicos especiais em economia brasileira”. 
Os temas presentes nestes tópicos especiais inserem-se no contexto 
atual da economia brasileira, em que são cada vez mais discutidos aspectos 
inerentes à intervenção estatal no processo econômico. Este aspecto fica 
implícito pela própria seleção feita pela banca. Vejamos os itens a serem 
abordados nesta aula: 
Tópicos especiais em economia brasileira: as características do 
sistema tributário brasileiro; previdência social no Brasil; federalismo 
fiscal no Brasil; transferências constitucionais e transferências 
voluntárias. 
 
Como não poderia deixar de ser, tratam-se de tópicos bastante 
dissertativos, motivo pelo qual peço que tenham bastante atenção. 
Por último, gostaria de informá-los que inexistem questões cobradas pela 
CESGRANRIO sobre os temas da aula. Dessa forma, optei por inserir na aula 
questões cobradas por outras bancas organizadoras. 
 Vamos à aula, 
Um grande abraço, 
 Mariotti 
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 ECONOMIA BRASILEIRA PARA ECONOMISTA 
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Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 
1. O Estado Brasileiro 
Um Estado forte não é precisamente um Estado grande, mas sim ágil, 
eficiente, e que seja capaz de atender através de soluções específicas, as 
demandas da sociedade administradas por este. 
 O Estado brasileiro foi o grande estimulador do processo de 
crescimento e desenvolvimento econômico do país entre os anos de 30 e 
início dos anos 70. A partir da crise internacional do petróleo, que 
evidenciou a chamada globalização das economias, este mesmo Estado 
passou a entrar em crise. As diversas políticas de centralização das decisões 
econômicas na mão de Estado brasileiro promoveram, dentre outras coisas, 
o inchamento da máquina para aquelas atividades não enquadradas nas 
funções básicas do poder público. 
A efetiva reforma do Estado brasileiro iniciou-se com a promulgação da 
Constituição de 1988. Foram estabelecidas uma série de diretrizes e 
orientações, trazendo, dentre outros fatores, o chamado federalismo fiscal, 
ponto a ser abordado por nós a frente. 
O processo de reforma inicia-se com um planejamento adequado, que 
procure aumentar a concorrência nos diversos mercados componentes da 
economia, de tal forma que o próprio Estado seja responsável pelo processo 
de coordenação e controle do desenvolvimento, via regulação da atividade 
privada. 
Basicamente, podemos definir o papel do Estado na condução 
econômica da sociedade por meio dos seguintes pontos: 
• A previdência, assistência e seguridade social pública; 
• O crescimento e modernização da infra-estrutura do país; 
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• A provisão de bens e serviços públicos; 
A seguridade social é ponto crítico na atuação do Estado, devido 
inicialmente ao crescente aumento das demandas sociais da população, o 
que leva o governo a ter ampliada suas responsabilidades, especialmente 
aquelas voltadas à saúde e à previdência da população. 
O governo Federal promoveu a cerca de 5 (cinco) anos (2006), 
mudanças na estrutura previdenciária no país, separando as atribuições de 
arrecadação previdenciária das demais atividades de saúde e assistência 
social. 
A modernização da infra-estrutura é condição sine qua non para o 
crescimento e o desenvolvimento econômico. A ampliação da malhas de 
transporte, adicionada de incentivos produtivos nas regiões mais distantes 
dos grandes centros consumidores, tende a reduzir as desigualdades 
regionais existentes em um país de demissões continentais. 
O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, inicialmente adotado 
no governo Lula, e dado continuidade no governo Dilma, é um programa que 
tem a si destinado à atribuição de corrigir parte destas distorções, sendo 
sustentado não somente com recursos públicos, mas também através da 
cooperação do Estado com a iniciativa privada (capital), o que torna e 
tornará mais efetivo e duradouro os resultados alcançados pela aplicação 
das políticas. 
Finalmente, mas não menos importante, é a ampliação do 
oferecimento dos bens públicos ou semi-públicos, tais como saúde, 
educação e segurança pública, uma vez que o próprio processo de 
desenvolvimento de um país exige do governo a contrapartida necessária. 
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2. Previdência Social no Brasil 
A Previdência Social no Brasil é parte integrante do sistema de 
Seguridade Social, também composto pela Saúde e pela Assistência Social. 
A previdência é considerada um seguro social que, mediante 
contribuições previdenciárias, tem a finalidade de prover subsistência ao 
trabalhador, em caso de perda de sua capacidade laboral. A capacidade 
laborativa envolve aspectos como idade, incapacidade de trabalho continuado, 
etc.. 
No Brasil a Previdência Social é administrada pelo Ministério da 
Previdência, responsável também pelas políticas no seu campo de atuação. 
Para essa tarefa o Ministério conta com Instituto Nacional do Seguro Social. 
Todos os trabalhadores formais devem recolher, diretamente ou por meio de 
seus empregadores, Contribuições Previdenciárias para o Fundo de 
Previdência. No caso dos servidores públicos brasileiros, existem sistemas 
previdenciários próprios, a exemplo da Lei 8.112/90, o qual trata do Regime 
Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais. 
O sistema de previdência brasileiro tem a função principal função de 
realizar a proteção social de trabalhadores que se aposentam ou que, por 
algum motivo, fica impossibilitado de trabalhar. 
Muito embora exista uma legislação até certo ponto protetora dos 
trabalhadores, a sua aplicação prática tem demonstrado um relevante 
processo de deterioração da capacidade do Estado de executar a sua função. 
 Neste contexto de piora da capacidade estatal de administrar o regime 
previdenciário encontra-se a constante ocorrência de déficits previdênciário 
(relação entre receitas e despesas previdenciárias). No intuito de tentar reduzir 
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o impacto do sistema sobre as contas do governo, em dezembro de 2003 o 
então presidente Lula fez publicar a Emenda Constitucional 41, a qual teve o 
intuito maior de tentar equilibrar, no longo prazo, a relação existente entre as 
receitas e as despesas. A título ilustrativo, apenas no ano de promulgação da 
reforma, o déficit previdenciário total, incluindo setor público e privado 
alcançou cerca de R$ 46 bilhões. 
O resultado da reforma previdenciária foi a cobrança de contribuição 
previdenciária dos inativos do setor público (Regime Próprio de Previdência 
Social _ RPPS), a criação de nova regra de cálculo de aposentadoria, nos 
moldes do Regime Geral, como forma de cobrir parte dosdéficits projetados 
para o futuro. Foram incluídas na reforma o fim da aposentadoria no serviço 
público pelo último salário recebido, de tal forma que o cálculo para o benefício 
é hoje representado pela média de contribuição salarial ao longo do período de 
trabalho do servidor. Adiciona-se ainda o estabelecimento de teto baseado no 
Regime Geral para os novos servidores públicos, com a criação de previdência 
complementar associada e, também, a criação de regra de cálculo de pensões 
e de aposentadorias, nos moldes do Regime Geral. Até hoje ainda não foram 
editadas as leis responsáveis pela regulamentação dos aspectos relacionados à 
previdência complementar, estando os servidores entrantes no serviço público 
desde 2004, sendo descontados em folha sobre o valor bruto de salário 
recebido. 
Observação: 
Corre em paralelo no Congresso Nacional, neste ano de 2011, a proposta do 
governo de regulamentar o regime de previdência dos novos servidores 
públicos. Muito preocupado com o impacto decorrente da possibilidade de 
aposentadoria de cerca de 40% dos servidores entre 2012 e 2015, e a 
consequente necessidade de contratação de novos servidores, o governo 
Dilma corre contra o tempo para aprovar a criação do Fundo de Previdência 
dos Servidores Públicos. 
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Em linhas gerais, a reforma previdenciária visou dar maior 
sustentabilidade e continuidade ao regime de previdência pública, procurando 
para isto formas alternativas de financiamento. Para os novos servidores, a 
reforma traz no seu bojo a necessidade (conforme já evidenciado na própria 
norma), da montagem de um regime de previdência complementar, em que o 
governo entrará como participante na contribuição de um para um com o 
fundo do servidor. 
No ano de 2005 o Congresso promulgou a EC 47, que restituiu alguns 
benefícios para a aposentadoria dos servidores públicos, retirados pela EC 41. 
A principal dela refere-se à paridade salarial para os servidores que se 
aposentarem segundo os critérios da EC 41, ou seja, reajustes salariais nas 
mesmas proporções e na mesma data que os concedidos aos funcionários em 
atividade, desde que sejam atingidos alguns requisitos importantes. 
A reforma previdenciária deve ser estendida, buscando-se formas 
complementares de equilibrar os déficits ainda existentes. A atuação do 
governo nestas reformas deve se dar apenas após o ano de 2010, até porque 
tais mudanças são geradoras de bastante descontentamento por parte das 
pessoas diretamente atingidas, e não seria esta a estratégia do governo para o 
ano eleitoral. 
3. As características do sistema tributário brasileiro 
Várias são as discussões na sociedade brasileira em torno do sistema 
tributário nacional. Muito embora o sistema tributário nacional seja 
oficialmente considerado progressivo, discussões quanto ao caráter regressivo 
do sistema, em que os trabalhadores de mais baixa renda são os mais 
punidos, são constantes. 
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Na esteira das discussões inserem-se também os conflitos entre os 
setores público e privado bem como também a repartição da bolo fiscal. O 
sistema tributário do país necessita urgentemente de uma reforma profunda, a 
qual deve ser orientada por princípios como simplicidade e economicidade, de 
forma a tornar claro os deveres e direitos de cada um dos agentes envolvidos 
no processo. Em termos econômicos, uma efetiva reforma tributária de visa 
dar maior eficiência ao sistema, permitindo um maior volume de arrecadação 
conjuntamente com um menor custo de administração. 
 Cabe destacar que algumas questões tendem a obstruir a geração de 
uma efetiva reforma no sistema. Segundo Biderman e Arvate, apud Bordin1, 
está obstrução é gerada por três conflitos de interesses: 
1. O conflito de interesses entre o setor público (que quer 
maior disponibilidade de receitas) e o setor privado (que quer a 
redução do impacto negativo da tributação sobre a eficiência e a 
competitividade do setor produtivo nacional,a prestação de 
serviços públicos compatíveis e, ainda, que se faça a justiça 
social; 
2. O conflito distributivo entre as regiões num mesmo nível 
de governo (conflito horizontal), como é o caso da tributação 
do ICMS na origem ou no destino, opondo os estados produtores 
do Sul e Sudeste e os estados do Norte e Nordeste. 
3. O conflito entre as esferas de governo (conflito vertical) – 
União, estados e municípios (que brigam por fatias maiores 
no “bolo tributário” a fim de fazer face aos seus encargos e que 
lutam, no caso da União e estados, pela hegemonia legislativa 
em relação ao principal imposto da federação – o ICMS; 
 
1 Biderman, C.;Arvate, P. Economia do Setor Público no Brasil. 2004, Ed. Campus. Rio de Janeiro, pág. 171. 
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O conflito de interesses entre o setor público e o setor privado é 
o mais visível dos pontos que permeiam os debates sobre uma reforma 
tributária ampla e efetiva, uma vez que a visão da sociedade sobre o setor 
público é que este é extremamente ineficiente, impondo à iniciativa privada 
uma alta taxação sem uma contrapartida efetiva na forma de melhoria dos 
serviços públicos (educação, saúde) e no estímulo à competitividade da 
industria nacional. 
Diferentemente, o conflito distributivo entre as regiões num 
mesmo nível de governo está refletido na guerra fiscal que permeia a 
arrecadação do imposto gerador da maior fatia do “bolo tributário”, o ICMS. 
Dentre a série de mudanças impostas em matéria tributária pela 
Constituição Federal, destaca-se a mudança que trata da ampliação da base 
de cálculo do ICM, que passou a se chamar ICMS (o imposto sobre o 
consumo e de maior valor de arrecadação nacional). Os estados passaram a 
legislar plenamente sobre o imposto, podendo fixar as alíquotas internas2. 
Devido à lei Kandir, aprovada em 1996, o ICMS passou a não mais incidir 
sobre as operações com bens primários e semi-elaborados destinadas ao 
exterior. 
Considerando que a arrecadação do ICMS pertence ao estado de 
origem em transações dentro de suas divisas, mas que nas transações entre 
estados ela é dividida entre a origem e o destino, gerou-se a constante 
guerra fiscal entre estes. Segundo Giambiagi e Alem3, para que situações 
como estas sejam minimizadas, é necessária a redução da autonomia dos 
níveis subnacionais do governo quanto à capacidade de legislar sobre 
matéria tributária, sendo esta competência transferida ao governo central 
(União). 
 
2 Considerando que as alíquotas dos produtos destinados ao exterior são fixadas pelo Senado Federal e que as 
exportações estão desoneradas da incidência do referido imposto. 
3 Giambiagi. F; Além. Ana Cláudia. Finanças Públicas. Teoria e Prática no Brasil. Página 329. 
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Finalmente, destaca-se que o conflito entre as esferas de governo, 
também chamada de federalismo fiscal, a ser vistopor nós ainda nesta aula. 
 
 3.1 Reforma Tributária 
A organização político-administrativa brasileira apresenta-se na forma 
de uma federação abrangendo três níveis de governos autônomos, o federal, 
os estados e os municípios, configurando uma estrutura de governo 
descentralizada. É, teoricamente, um modelo que, segundo muitos autores, é 
defendido por trazer uma alocação mais eficiente dos recursos e um aumento 
da participação política da sociedade. 
 Tal qual esta forma de governo, segue o nosso sistema tributário, que 
através do Código Tributário Nacional dividiu entre todos os entes federados 
as chamadas competências tributárias para legislar, instituir e cobrar 
tributos de suas alçadas. 
 Sempre existiram discussões a respeito desta descentralização política 
e a arrecadação tributária, mais precisamente as competências de cada ente e 
a repartição das receitas geradas. Fenômeno conhecido como federalismo 
fiscal, estas questões apresentam-se como um grande dilema de assegurar a 
autonomia das unidades federativas, mas, ao mesmo tempo, coordenar os 
instrumentos fiscais preservando os interesses nacionais. Destaca-se que o 
regime federalista é mutável em alguns aspectos, entre os quais o tributário, 
podendo acomodar mudanças que com certeza já surgiram, foram ou não 
objeto de reformas passadas, e, também aquelas que ainda surgirão ao longo 
do tempo. 
Ao longo da evolução de Estado brasileiro sucederam-se inúmeras 
mudanças na forma de tributação, importância dos tributos e participação de 
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cada ente na receita total. Passou-se de uma tributação basicamente pautada 
no Imposto de Importação até os anos 1930 para um aumento gradativo da 
importância dos impostos internos sobre produtos, simultaneamente a um 
processo de desenvolvimento industrial, chegando à tributação sobre o valor 
agregado, com a criação de impostos sobre o consumo. 
Nos anos de 1960 houve uma grande reforma tributária, culminando na 
aprovação da Lei 5.172/66, atual Código Tributário Nacional. Buscou-se com 
esta reforma aumentar a capacidade de arrecadação do Estado visando 
solucionar o problema do déficit fiscal existente e, ao mesmo tempo, estimular 
o crescimento econômico, melhorando, entre outras coisas, a qualidade dos 
efeitos alocativos dos tributos. Buscou-se ainda com a reforma a centralização 
dos recursos nas mãos de União e consequente perda de autonomia financeira 
das demais unidades federativas. 
Objetivava-se com tudo isso um sistema amplamente conectado com as 
metas da política econômica em nível nacional. Ocorreu também uma 
racionalização do sistema tributário com a redução do numero de tributos e 
sua reformulação, principalmente de seus fatos geradores, que passaram a 
fundamentar-se principalmente em conceitos econômicos, facilitando a 
tributação sobre produção e comercialização. Os impostos passaram a ser 
classificados em quatro categorias, a saber: impostos sobre o comercio 
exterior; sobre o patrimônio e a renda; sobre a produção e a circulação; 
impostos únicos e receitas extra-orçamentárias. 
 Mudanças ocorreram também na distribuição federativa, centralizando 
os recursos na esfera federal, tendo em vista a responsabilidade desta na 
coordenação do processo de crescimento econômico. 
O principal aspecto desta reforma, sem duvida, foi a mudança na 
sistemática de arrecadação, priorizando-se a tributação sobre o Valor Agregado 
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ao invés da sistemática “em cascata” dos impostos cumulativos. Este é o 
primeiro momento no país em que se utiliza uma forma de IVA (Imposto sobre 
o Valor Agregado ou Adicionado), apesar de não ter ainda este nome, sendo 
considerado um dos sistemas tributários mais modernos para a época, 
precedendo o uso deste instrumento de tributação inclusive pela própria 
Comunidade Econômica Européia, com exceção da França. 
Foram criados dois impostos sobre o valor agregado, o Imposto sobre 
Produtos Industrializados (IPI) na esfera federal e o Imposto sobre Circulação 
de Mercadorias (ICM), de competência estadual, hoje transformado no 
conhecido Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Como o 
grande objetivo do país era o crescimento econômico, os impostos, 
principalmente sobre a produção, eram uma grande fonte de receitas 
amplamente utilizadas como instrumento de fomento, através da concessão de 
incentivos, subsídios e isenções. Contudo essa forma de agir deteriorava de 
forma expressiva a receita, levando o governo a estabelecer as contribuições 
conhecidas como PIS/PASEP, ampliando a geração de recursos para 
investimentos, porém retrocedendo a forma de tributação “em cascata”. 
Estes impostos e contribuições cumulativos tendem a elevar a carga 
tributária, e são do ponto de vista econômico, os de “pior qualidade”, 
prejudicando o desempenho do setor econômico. O aumento da participação 
na arrecadação dos impostos sobre bens e serviços tendeu a elevar a carga 
tributaria nos anos 1990 em diante, justamente pelo aumento da participação 
da tributação cumulativa, como as contribuições sociais criadas (oneram 
salários pagos pelas empresas e o preço de bem final, transferindo a carga 
tributária para a parcela da população com menor renda). 
A reforma trazida pela constituição de 1988 intensificou a 
descentralização do federalismo fiscal brasileiro que já vinha ocorrendo desde 
os anos 1980, aumentando o grau de autonomia fiscal de estados e 
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municípios, contudo trazendo consigo um aumento do desequilíbrio na questão 
federativa, pois houve um substancial aumento dos recursos destinados pela 
União aos estados e municípios e pelos estados aos municípios, tudo isso sem 
a contrapartida nas transferências dos encargos da União para os entes 
federados, e que naturalmente agravou o problema o déficit público. 
Por conseguinte, hoje o principal problema é a falta de articulação entre 
os recursos arrecadados e os encargos, deteriorando a qualidade da tributação 
e dos serviços públicos, pois a Constituição de 1988 não previu os meios legais 
e financeiros para que se desenvolvesse um processo ordenado de 
descentralização de encargos. 
Em decorrência desta problemática, a União buscou então recursos 
tributários que não fossem partilhados com outras esferas de governo, criando 
contribuições como a COFINS, utilizando-se destes tributos “piores” do ponto 
de vista da eficiência do sistema econômico, mas com a vantagem de não 
terem a sua receita compartilhada. 
Novos tributos foram criados e as alíquotas dos já existentes, 
principalmente os não partilhados com os demais entes, foram elevadas, 
ocorrendo a reintrodução de impostos cumulativos, principalmente na forma de 
contribuições sociais (CSLL, IOF, CPMF). Em resumo, há uma queda na 
qualidade do sistema tributário sem que ocorra uma solução definitiva de seu 
desequilíbrio financeiro e fiscal. 
Em vista de todas estas reformas ocorridas ao longo dos anos, 
constituição após constituição, pode se considerar o sistema tributário vigente 
eficiente no sentido de gerar receitas elevadas, porém apresenta em seu 
contexto muitosproblemas. Para um país com o nível de renda médio do 
Brasil, o nível da carga tributária agregada acaba sendo muito elevado, 
representando um ônus importante ao cidadão. Cerca de 30% do PIB é 
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consumido na forma de tributação, o que torna o país um dos lideres em 
termos de incidência tributária sobre a geração de riqueza, perdendo apenas 
para alguns países Europeus, sendo expressivamente superior a dos países da 
América Latina. Por outro lado, se comparada a países com renda per capita 
alta, o Brasil apresenta-se em um patamar inferior, justamente pela 
progressividade da carga tributária, considerando-se que em países de renda 
elevada esta será maior, ou seja, quem ganha mais pagará mais. Este 
comparativo é um indicativo da pressão tributária incidente sobre a população, 
pois a carga tributária brasileira é superior a de outros países de renda média. 
Esta elevada carga deve-se principalmente a elevada tributação sobre bens e 
serviços, em detrimento da baixa participação da tributação da renda, que 
ocorre no país. 
Outro aspecto relevante é a falta de equidade do atual sistema. A 
tributação sobre a renda das pessoas torna o sistema mais progressivo, pois os 
impostos pessoais podem ser cobrados de acordo com a renda do contribuinte, 
sendo muito menor a possibilidade de transferência desta carga para outros 
contribuintes, diferentemente do que ocorre com impostos sobre bens e 
produtos, que tendem a ser transferidos, passados “adiante” e regressivos. 
Como o nível desta forma de tributação é baixo se comparado a de outros 
paises, há um aumento da carga de outros impostos que são prejudiciais a 
eficiência do sistema econômico. A elevada participação de tributos indiretos 
leva o sistema a ter um alto grau de regressividade, onerando mais as pessoas 
com menor rendimento. 
Um ponto importante, principalmente em relação ao aspecto 
econômico, é a estrutura tributária brasileira com forte presença de impostos 
cumulativos, conforme já comentado ao longo do texto. Por tais impostos não 
serem passiveis de desoneração plena, os produtos fabricados no país tornam-
se muito mais caros se comparados aos similares importados, concorrendo no 
mercado externo com produtos sem essa elevada taxa tributária, o que 
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prejudica a competitividade doméstica e no mercado externo. Com o aumento 
do grau de abertura econômica, o impacto destes tributos sobre a 
competitividade torna-se cada vez mais visível, e, aliado ao alto custo do 
trabalhador para as empresas, que acaba estimulando a informalidade, e 
muitas vezes a dificuldade de compreensão da legislação, como no caso da 
complicada legislação do ICMS, acaba levando a sonegação fiscal, guerras 
fiscais entre estados e diminuição da arrecadação. 
Por todos estes fatores, uma nova reforma tributária faz-se 
extremamente necessária no Brasil, levando em conta as transformações que 
vem ocorrendo com a globalização e a criação e fortalecimento de blocos 
econômicos. Este processo de integração da economia mundial pressupõe 
também a harmonização legislativa dos países que compõe estes 
agrupamentos, notadamente de seus ordenamentos tributários internos, 
facilitando a liberdade de circulação necessária. 
Como muito mencionado, o ônus tributário exigido da sociedade 
brasileira já é extremamente elevado, portanto, o objetivo principal de uma 
nova reforma deverá ser o de aumentar a qualidade da tributação, melhorando 
o que já existe e promovendo uma evolução do sistema, não introduzindo 
mudanças abruptas que poderiam causar uma desordem do sistema produtivo, 
principalmente dos preços. 
A reforma, com certeza, não é um objetivo fácil de ser alcançado, 
principalmente porque não há como dispensar tudo o que foi feito até agora e 
simplesmente iniciar do zero. Uma reforma adequada deverá ocorrer ao longo 
do tempo, adaptando-se as mudanças que ocorrem principalmente nas 
políticas publicas. Há o fato das mudanças que, com a reforma, afetariam o 
pacto federativo e a distribuição dos recursos tributários entre os estados, que 
assim como todo o resto deve ser muito bem definido, discutido e pensado 
com cautela. 
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Entre os principais objetivos devem ser considerados as seguintes 
questões: 
i. diminuir os efeitos negativos que o sistema tributário atual exerce 
sobre a eficiência e competitividade do setor produtivo, 
aumentando a competitividade dos produtos domésticos. Neste 
contexto, vem de encontro à harmonização das políticas fiscais 
com os demais países; 
ii. simplificação do sistema tributário, reduzindo custos de 
administração, promovendo uma redução da grande variedade de 
bases tributárias. Com isso haveria um aumento da qualidade do 
sistema, podendo haver redução, inclusive, da sonegação fiscal. 
Essa harmonização simplificaria a legislação de impostos internos 
complexos e de difícil compreensão e evitaria em alguns casos a 
bitributação; 
iii. eliminação dos impostos cumulativos, considerados ruins do ponto 
de vista econômico e substituição por impostos sobre o valor 
agregado. 
A grande tendência que já vem se confirmando no setor internacional e 
tem sido amplamente discutida por governo e setores da sociedade é a 
introdução de tributos cuja base de incidência seja o valor adicionado na 
produção e distribuição das mercadorias. Destaca-se que a utilização do 
chamado IVA já ocorre em muitos países e constitui-se na cobrança dos 
tributos ser feita nas diversas etapas de produção e distribuição. A idéia seria 
substituir a série de tributos cumulativos, que oneram a produção, por uma 
espécie de IVA que minimizaria a possibilidade de sonegação e permitiria 
tributar somente as vendas destinadas ao consumo final, desonerando 
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investimentos e exportações. Em resumo, sua característica básica é a não 
cumulatividade, ou seja, o contribuinte paga apenas pelo que agrega à 
economia. 
A reforma tributária que tramita no Congresso Nacional através da PEC 
233/2008, sugere a criação de dois tipos de imposto sobre o valor adicionado: 
o IVA federal (IVA-F) e o IVA estadual (IVA-E). O IVA-F seria formado pela 
fusão do PIS/ PASEP, da COFINS e da Contribuição de Intervenção no Domínio 
Econômico (CIDE). Já o IVA-E seria uma reestruturação do atual ICMS. Os dois 
impostos teriam então uma legislação única nacional e uma mesma base de 
cálculo. 
Nesta reforma o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o 
imposto de Renda (IR), acrescido da CSLL teriam a receita repartida entre 
todos os entes federados, diferente do que ocorre hoje com a CSLL que não 
sofre repartição. O Imposto sobre Serviços (ISS) continuaria também a existir, 
pois neste ponto existe uma grande resistência dos municípios. 
Uma das mudanças do IVA-E para o atual ICMS, seria a mudança da 
atual cobrança na origem, para uma cobrança no destino. Neste caso o 
Imposto deixaria de ser recolhido no Estado ondea mercadoria é produzida 
para ser cobrado onde ela é vendida ou consumida. O imposto teria uma 
alíquota uniforme em todo o território nacional com vistas a acabar com a 
“guerra fiscal” e os estados perderiam a autonomia para legislar sobre o 
tributo. Destaca-se que este é um aspecto político relevante da reforma, pois 
muitos estados, como São Paulo, são grandes produtores e acabariam 
perdendo parte de sua arrecadação. Não é à toa inclusive que, hoje, São Paulo 
adota o sistema de substituição tributária, tributando toda a cadeia produtiva e 
de venda já na origem da produção do bem. Partindo do pressuposto de que a 
reforma tributária que transita no Congresso Nacional necessariamente 
passará pelas duas casas legislativas, é grande a probabilidade de resistência 
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na aprovação da reforma, naturalmente porque não só São Paulo, mas os 
maiores estados do país, inclusive em termos de geração de riqueza, possuem 
maioria dos votantes ao menos na Câmara dos Deputados. 
Finalmente, quanto aos aspectos administrativos, dois pontos chamam 
a atenção, o primeiro referente à facilidade na administração da arrecadação, 
pela própria simplificação do processo de recolhimento e da quantidade de 
tributos e bases de cálculo, e o segundo referente ao processo de 
administração da tributação, principalmente em termos de evitar que os 
estados possam conceder incentivos fiscais diferenciados para atrair empresas 
para o seu território, impactando contrariamente a política de distribuição dos 
recursos econômicos entre as outras regiões menos favorecidas do país. 
Por todas as questões ora narradas, não se sabe ao certo se os 
representantes dos entes da federação, em especial os de maior 
representatividade, apoiarão a mudança um tanto quanto desvantajosa para 
eles, mesmo que a promessa seja de melhora da distribuição da arrecadação, 
o que é vantajoso para o país como um todo. 
A tão comentada reforma tributária discutida na PEC 233/2008, tramita 
no Congresso Nacional a passos muito lentos, pois, conforme já comentado ao 
longo do texto, envolve muitos interesses políticos contrários dos entes 
federativos e influencia muito na capacidade política, fiscal e administrativa 
dos estados e municípios. 
É clara e presente a idéia de que a reforma tributária baseada na 
criação de um IVA Federal e um IVA Estadual contribuirá positivamente para 
todo o país. Não obstante, afora os aspectos do aumento da eficiência e da 
eficácia do sistema tributário, a mesma reforma trás no seu bojo a necessidade 
de socialização das receitas tributárias, redistribuindo os recursos de uma 
forma mais proporcional entre os maiores e os menores arrecadadores. 
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4. Federalismo fiscal no Brasil. transferências constitucionais e 
transferências voluntárias. 
A Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande mudança no processo 
de planejamento da administração pública, introduzindo um conjunto de 
instrumentos que orientam a intervenção governamental. Adicionalmente, a 
Carta Magna introduziu grandes mudanças nas relações entre os entes 
estatais, aumentando o processo de descentralização fiscal por meio tanto das 
receitas quanto das despesas. A esse fenômeno denominamos federalismo 
fiscal, o qual é caracterizado pela separação de atribuições entre os entes 
estatais referentes à arrecadação (receita) e a oferta de bens e serviços 
públicos (gasto). 
Até os anos de 1980 e, em especial, anteriormente à Promulgação da 
Constituição de 1988, o Federalismo Fiscal no Brasil se caracterizou por uma 
concentração excessiva das decisões nas mãos do governo federal, dado o 
poder concedido ao Chefe do Executivo. As decisões em pauta referiam-se 
tanto à legislação sobre competências tributárias quanto à atribuição de 
responsabilidades na execução dos gastos. Este processo permitia ao Governo 
Central uniformizar as políticas econômicas entre os Estados da Federação, 
ficando os demais entes da federação sujeitos apenas às intempéries das 
decisões políticas. Não obstante, em países que adotam o sistema federalista 
de organização governamental, o sistema tributário deve permitir certo grau 
de autonomia financeira dos membros da federação, minimizando a 
possibilidade de criação de um Estado Unitário. Dessa forma, considerando o 
regime democrático instalado, restaurado pelo Constituição de 1988, e como 
forma de descentralização do poder que se concentrava apenas nas mãos do 
governo federal, atribuiu-se aos governos subnacionais competências 
tributárias exclusivas e autonomia para legislarem sobre estes impostos, em 
especial o ICMS no caso dos estados. 
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Em conjunto com a autonomia dada aos estados e municípios, expandiu-
se consideravelmente as fatias da arrecadação federal destinada aos demais 
entes estatais, e a fatia da arrecadação estadual destinada aos municípios, 
estas derivadas dos artigos 157, 158 e 159 da Constituição Federal. As 
repartições referem-se à arrecadação dos impostos, estas constituídas: 
Da União para os estados: 
• 21,5% da arrecadação do IR e do IPI, recursos formadores do chamado 
Fundos de Participação dos Estados – FPE; 
• 30% da arrecadação do IOF referentes às operações com ouro; 
• 20% da arrecadação de novos impostos criados após a Constituição 
Federal; e 
• 10% da arrecadação do IPI são destinados aos estados exportadores, em 
proporção às exportações de produtos industrializados. 
Da União para os municípios: 
• 22,5% da arrecadação do IR e do IPI, recursos formadores do chamado 
Fundos de Participação dos Municípios – FPM; 
• 70% da arrecadação do IOF referentes às operações com ouro; e 
• 50% da arrecadação do ITR. 
Dos estados para os seus municípios: 
• 25% da arrecadação do ICMS; 
• 50% da arrecadação do IPVA; 
• 25% da transferência que o estado recebe do Fundo do IPI-Exportação. 
Finalmente, adiciona-se que a CF estabeleceu que o IR retido na fonte 
dos funcionários públicos dos demais entes estatais é considerado receita 
destes. Destaca-se assim que, em decorrência do processo de descentralização 
das receitas promovido pela Constituição, a União teve uma grande redução da 
sua receita própria, necessitando buscar fontes alternativas de receita não 
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vinculadas à arrecadação de impostos. Segundo destaca Giambiagi e Alem4, 
entre as medidas tomadas neste sentido, temos a redução das transferências 
voluntárias pela União e a criação de contribuições sociais, nos moldes da CIDE 
e da CPMF; 
Aspecto importante já comentado, mas digno de destaque é referente às 
mudanças impostas pela CF de 1988 que tratam da ampliação da base de 
cálculo do ICM, que passou a se chamar ICMS (o imposto sobre o consumo e 
de maior valor de arrecadação nacional). Os estados passaram a legislar 
plenamente sobre o imposto, podendo fixar as alíquotas internas. Devido à lei 
Kandir, aprovada em 1996, o ICMS passou a não mais incidir sobre as 
operações com bensprimários e semi-elaborados destinadas ao exterior. 
Considerando que a arrecadação do ICMS pertence ao estado de origem em 
transações dentro de suas divisas, mas que nas transações entre estados ela é 
dividida entre a origem e o destino, gerou-se a constante guerra fiscal entre 
estes. Segundo Giambiagi e Alem5, para que situações como estas sejam 
minimizadas, é necessária a redução da autonomia dos níveis subnacionais do 
governo quanto à capacidade de legislar sobre matéria tributária, em especial 
sendo esta competência transferida ao governo central; 
O Federalismo Fiscal brasileiro derivado da Constituição de 1988 atribuiu 
diferentes responsabilidades aos três entes da federação. O problema 
associado a estas atribuições foi a desproporção imposta principalmente aos 
estados frente a sua parte no “bolo” da arrecadação. A transferência das 
atribuições de oferecimento de saúde e educação sem o repasse de pessoal e 
de bens do ativo fixo destinados a este fim, obrigaram os entes subnacionais a 
expandirem consideravelmente os seus gastos; Resumidamente, pode-se 
afirmar que à União coube a responsabilidade do pagamento de pessoal, 
auxílio desemprego, aposentadorias e os serviços da dívida pública, inclusive 
 
4 Giambiagi. F; Além. Ana Cláudia. Finanças Públicas. Teoria e Prática no Brasil. Página 329. 
5 Giambiagi. F; Além. Ana Cláudia. Finanças Públicas. Teoria e Prática no Brasil. Página 329. 
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por meio do assunção das dívidas de estados e municípios nos anos de 1990; 
Não obstante, e conforme já abordado, coube à União à competência residual 
de criação de novas contribuições sociais, permitindo ao ente recompor a sua 
receita disponível. 
No caso dos municípios, em termos de verticalidade do “bolo” da 
arrecadação, estes foram os principais beneficiados, em especial os pequenos 
municípios que sem necessidade de atendimento de grandes demandas da 
sociedade, puderam desfrutar de uma receita total muito maior do que a 
receita própria gerada. Por fim, destaca-se que os estados foram os mais 
prejudicados na repartição de competências, uma vez que tendo a si associado 
a necessidade de atendimento de demandas na área de saúde a educação, 
teve a sua receita disponível diminuída, por mais que este receba 
transferências da União, pois boa parte das receitas dos impostos de sua 
competência, ICMS e IPVA e também 25% da transferência que o estado 
recebe do Fundo do IPI-Exportação deve ser destinado aos municípios. 
Adiciona-se que o subterfúgio utilizado por estes no início dos anos de 1990, 
derivado do financiamento dos seus gastos via os antigos bancos estaduais, foi 
proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, enrijecendo ainda mais as 
ações dos governos estaduais. 
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Questões Propostas: 
1 - (APO/MPOG – ESAF/2005) Com relação ao Federalismo Fiscal 
não é correto afirmar que 
a) um modelo ideal de responsabilidade fiscal entre diferentes níveis de 
governo atribuiria aos governos estaduais e municipais atividades alocativas, 
enquanto atividades distributivas, bem como atividades alocativas de caráter 
nacional seriam executadas pelo governo federal. 
b) a estabilidade e equilíbrio financeiros são condições necessárias mas não 
suficientes para que o propósito de eficiência na gestão dos recursos por meio 
da descentralização seja de fato alcançado. 
c) a descentralização e a integração são os ingredientes necessários à 
instituição de formas eficientes de controle da sociedade sobre as ações do 
Estado. 
d) a descentralização favorece uma maior integração social, através do 
envolvimento dos cidadãos na determinação dos rumos da sociedade. 
e) as decisões sobre um aumento de despesas ou sobre a distribuição setorial 
dos gastos governamentais são tomadas no mesmo nível das decisões 
relativas às medidas a serem utilizadas em um país onde a organização é 
federativa. 
2 – (APO/MPOG – ESAF/2008) Em organizações federativas, o sistema 
tributário é o elemento central na estruturação das relações 
financeiras entre níveis de governo. Com relação ao Federalismo Fiscal 
no Brasil, não se pode afirmar que: 
a) a Constituição Federal brasileira de 1988 provocou graves desequilíbrios no 
federalismo fiscal, especialmente porque não dimensionou bem as atribuições 
de cada ente federado e suas respectivas fontes de receitas. 
b) na concepção do federalismo fiscal de 1988, não foi considerado o cenário 
de abertura e de competitividade econômica internacional nem os processos de 
integração econômica internacional. 
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c) o equilíbrio federativo e a descentralização fiscal são importantes para que o 
Brasil se insira num contexto de integração econômica internacional com uma 
harmonização jurídico-tributária e com a remoção de tributos que inviabilizem 
a competição e impeçam uma integração econômica bem sucedida. 
d) durante o período de 1970/1988, a fragilidade financeira dos Estados e 
Municípios impossibilitou a maior atribuição de funções de caráter regional e 
local a esses níveis de governo. 
e) em termos verticais, os principais privilegiados pelo processo de 
descentralização brasileiro, principalmente após a Constituição de 1988, foram 
os estados, que praticamente dobraram sua participação no total da receita 
tributária disponível. 
3 – (AFRFB/SRFB – ESAF/2009) Os principais pontos da reforma da 
Previdência Social brasileira, entre outros, são os seguintes, exceto: 
a) teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) também para os futuros 
servidores públicos, desde que seja constituída a sua previdência 
complementar. 
b) aplicação de teto remuneratório geral (federal, estadual e municipal). 
c) nova regra permanente de cálculo de aposentadoria e pensões, alinhada 
com a regra do Regime Geral. 
d) idade de referência para os atuais servidores sobe de 50/55 (H/M) para 
65/70 (H/M), incluindo-se regras que desestimulam a aposentadoria 
precoce. 
e) contribuição solidária de aposentados e pensionistas à estabilidade do 
Regime Próprio de Previdência Social. 
4 – (AFRFB/SRFB – ESAF/2009) Com relação à descentralização fiscal 
no Brasil, indique a opção falsa. 
a) Em meados dos anos 1990, o processo de descentralização fiscal foi 
aprofundado com a criação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). 
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b) O processo de descentralização, iniciado nos anos 1980 e aprofundado com 
a Constituição de 1988, teve basicamente uma motivação política. 
c) Com o agravamento da crise econômica e o processo de 
redemocratização do país ao fim dos anos 1970, as esferas subnacionais de 
governo começaram sua luta pela descentralização tributária. 
d) A partir da Constituição de 1988, a combinação de maiores receitas, com 
assunção de responsabilidades que inicialmente eram da União, levou a soma 
de estados e municípios a ter uma participação crescente no total do gasto 
público do país.e) A federação brasileira é marcada por expressivas disparidades sócio-
econômicas que se refletem em diferentes capacidades fiscais. 
5 - (APO/MPOG – ESAF/2003) Uma das preocupações importantes no 
desenho de sistemas tributários em regimes federativos é assegurar o 
necessário equilíbrio entre a repartição de competências impositivas e 
autonomia dos entes federados. Aponte a opção falsa no tocante ao 
federalismo fiscal. 
a) A federação reforça a descentralização e a descentralização amplia os 
espaços da democracia. 
b) O governo central deve procurar equalizar ou amenizar as desigualdades 
fiscais entre as jurisdições, por meio de transferências intra-governamentais. 
c) A descentralização dos recursos e do poder para administrá-los afeta a 
capacidade de o Estado atuar com a finalidade de evitar a concentração 
regional de renda. 
d) A partilha de competências tributárias é um instrumento poderoso de 
incentivo à cooperação. 
e) A descentralização de recursos aumenta as dificuldades de coordenação de 
política fiscal, com riscos para o atingimento das metas de equilíbrio 
macroeconômico. 
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Gabarito Comentado: 
1 - (APO/MPOG – ESAF/2005) Com relação ao Federalismo Fiscal 
não é correto afirmar que 
a) um modelo ideal de responsabilidade fiscal entre diferentes níveis de 
governo atribuiria aos governos estaduais e municipais atividades alocativas, 
enquanto atividades distributivas, bem como atividades alocativas de caráter 
nacional seriam executadas pelo governo federal. 
b) a estabilidade e equilíbrio financeiros são condições necessárias mas não 
suficientes para que o propósito de eficiência na gestão dos recursos por meio 
da descentralização seja de fato alcançado. 
c) a descentralização e a integração são os ingredientes necessários à 
instituição de formas eficientes de controle da sociedade sobre as ações do 
Estado. 
d) a descentralização favorece uma maior integração social, através do 
envolvimento dos cidadãos na determinação dos rumos da sociedade. 
e) as decisões sobre um aumento de despesas ou sobre a distribuição setorial 
dos gastos governamentais são tomadas no mesmo nível das decisões 
relativas às medidas a serem utilizadas em um país onde a organização é 
federativa. 
Comentários:
Em países em que a organização não é federativa, como no caso de países 
como a França, as decisões sobre um aumento de despesas ou sobre a 
distribuição setorial dos gastos governamentais, são tomadas no nível 
Nacional, promovendo-se assim uma política uniforme entre todas as regiões 
pertencentes ao mesmo Estado Unitário. No caso brasileiro, em que a 
organização é federativa, é comum a existência de distorções, inicialmente 
porque os Estados e os Municípios que apresentam a maior população e a 
maior carga de arrecadação tributária, tende a receber a maior da repartição 
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do bolo da arrecadação, por meio dos Fundos de Participação, o que tende a 
enrijecer a capacidade de União de realizar políticas que visem modificar a 
estrutura de desenvolvimento de cada Estado da Federação. Os programas de 
transferências voluntárias, tal como o “Bolsa Família”, procuram minimizar 
este problema, uma vez que os principais beneficiados são os habitantes de 
Estados e Municípios que possuem a menor parte do bolo da arrecadação. 
Gabarito: letra “e”.
2 – (APO/MPOG – ESAF/2008) Em organizações federativas, o sistema 
tributário é o elemento central na estruturação das relações 
financeiras entre níveis de governo. Com relação ao Federalismo Fiscal 
no Brasil, não se pode afirmar que: 
a) a Constituição Federal brasileira de 1988 provocou graves desequilíbrios no 
federalismo fiscal, especialmente porque não dimensionou bem as atribuições 
de cada ente federado e suas respectivas fontes de receitas. 
b) na concepção do federalismo fiscal de 1988, não foi considerado o cenário 
de abertura e de competitividade econômica internacional nem os processos de 
integração econômica internacional. 
c) o equilíbrio federativo e a descentralização fiscal são importantes para que o 
Brasil se insira num contexto de integração econômica internacional com uma 
harmonização jurídico-tributária e com a remoção de tributos que inviabilizem 
a competição e impeçam uma integração econômica bem sucedida. 
d) durante o período de 1970/1988, a fragilidade financeira dos Estados e 
Municípios impossibilitou a maior atribuição de funções de caráter regional e 
local a esses níveis de governo. 
e) em termos verticais, os principais privilegiados pelo processo de 
descentralização brasileiro, principalmente após a Constituição de 1988, foram 
os estados, que praticamente dobraram sua participação no total da receita 
tributária disponível. 
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Comentários:
Conforme destacado na parte teórica da aula, os estados foram os principais 
prejudicados com o efeito derivado do federalismo fiscal, uma vez que as suas 
receitas não aumentaram na mesma proporção das suas responsabilidades 
consubstanciadas na geração de despesas. 
Gabarito: letra “e”.
3 – (AFRFB/SRFB – ESAF/2009) Os principais pontos da reforma da 
Previdência Social brasileira, entre outros, são os seguintes, exceto: 
a) teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) também para os futuros 
servidores públicos, desde que seja constituída a sua previdência 
complementar. 
b) aplicação de teto remuneratório geral (federal, estadual e municipal). 
c) nova regra permanente de cálculo de aposentadoria e pensões, alinhada 
com a regra do Regime Geral. 
d) idade de referência para os atuais servidores sobe de 50/55 (H/M) para 
65/70 (H/M), incluindo-se regras que desestimulam a aposentadoria 
precoce. 
e) contribuição solidária de aposentados e pensionistas à estabilidade do 
Regime Próprio de Previdência Social. 
Comentários:
A letra “d” é o gabarito da questão, ou seja, a questão incorreta. Não existe 
este tipo de regra no atual sistema. Na verdade o que existe refere-se à regra 
de transição para os servidores da ativa que não tinham, na data de 
promulgação da EC 41, direito adquirido para a aposentadoria e sequer 
poderiam pagar o pedágio (20% do tempo de contribuição requerido). Trata-se 
assim do exemplo de um servidor que ingressou no serviço público federal por 
meio do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS. Neste caso, os atuais 
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servidores, homens e mulheres, com idade mínima de 60/55 (H/M), além de 
períodos mínimos de permanência de 20 anos no serviço público, 10 anos na 
carreira e 5 anos no cargo, teriam direito assegurado, ressaltando a 
necessidade de cumprimento de 35 anos de contribuição para homens e 30 
para as mulheres. 
Quanto aos comentários das demais alternativas, merecem destaque as 
assertivas: 
b – O teto remuneratório refere-se ao subsídio concedido aos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal – STF. 
e – A contribuição previdenciária passou a incidir sobreos inativos do RPPS, 
nos rendimentos auferidos acima do teto dos benefícios concedidos pelo RGPS. 
Gabarito: letra “d”.
4 – (AFRFB/SRFB – ESAF/2009) Com relação à descentralização fiscal 
no Brasil, indique a opção falsa. 
a) Em meados dos anos 1990, o processo de descentralização fiscal foi 
aprofundado com a criação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). 
b) O processo de descentralização, iniciado nos anos 1980 e aprofundado com 
a Constituição de 1988, teve basicamente uma motivação política. 
c) Com o agravamento da crise econômica e o processo de 
redemocratização do país ao fim dos anos 1970, as esferas subnacionais de 
governo começaram sua luta pela descentralização tributária. 
d) A partir da Constituição de 1988, a combinação de maiores receitas, com 
assunção de responsabilidades que inicialmente eram da União, levou a soma 
de estados e municípios a ter uma participação crescente no total do gasto 
público do país. 
e) A federação brasileira é marcada por expressivas disparidades sócio-
econômicas que se refletem em diferentes capacidades fiscais. 
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Comentários:
Genericamente falando, pode-se definir o Fundo de Estabilização Fiscal, 
constituído pela EC 10/96, como sendo os recursos financeiros retidos pela 
União e consequentemente não repassados aos demais entes da federação 
destinados ao pagamento de gastos de caráter vinculado determinados pela 
Constituição. A desvinculação de recursos surgiu inicialmente a partir da 
criação do Fundo Social de Emergência (FSE) de 1994, constituída pela 
Emenda de Revisão número 1, a qual liberava 20% de recursos vinculados 
constitucionalmente à área social para livre disposição pela área econômica do 
governo. Já em 2000 o FEF passa a receber a denominação de Desvinculação 
das Receitas da União (DRU) que, recentemente, teve nova prorrogação, por 
meio da Emenda Constitucional número 56 de 2007, sendo válida até 31 de 
dezembro de 2011. 
Apenas pelo exposto acima pode-se afirmar que o FEF teve o objetivo de 
promover nova centralização fiscal das receitas nas mãos da União, 
diminuindo, em parte, a descentralização fiscal imposta pela Constituição de 
1988. 
As demais alternativas versam essencialmente sobre os aspectos que norteiam 
o próprio federalismo fiscal, que trata tanto da repartição das competências 
tributárias como pela assunção de obrigações em termos de gastos a serem 
realizados pelos demais entes da Federação (Estados, DF e Municípios). 
Gabarito: letra “a”.
5 - (APO/MPOG – ESAF/2003) Uma das preocupações importantes no 
desenho de sistemas tributários em regimes federativos é assegurar o 
necessário equilíbrio entre a repartição de competências impositivas e 
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autonomia dos entes federados. Aponte a opção falsa no tocante ao 
federalismo fiscal. 
a) A federação reforça a descentralização e a descentralização amplia os 
espaços da democracia. 
b) O governo central deve procurar equalizar ou amenizar as desigualdades 
fiscais entre as jurisdições, por meio de transferências intra-governamentais. 
c) A descentralização dos recursos e do poder para administrá-los afeta a 
capacidade de o Estado atuar com a finalidade de evitar a concentração 
regional de renda. 
d) A partilha de competências tributárias é um instrumento poderoso de 
incentivo à cooperação. 
e) A descentralização de recursos aumenta as dificuldades de coordenação de 
política fiscal, com riscos para o atingimento das metas de equilíbrio 
macroeconômico. 
Comentários:
No que se refere á alternativa “b”, não se trata em equalizar as desigualdades 
fiscais, mas sim as desigualdades sociais e econômicas, que diferentemente da 
desigualdade fiscal, derivada do próprio federalismo e enrijecida pela 
Constituição, pode ser amenizada por meio de transferências intra-
governamentais, ou seja, entre o governo federal e o estadual, ou federal e 
municipal, via, por exemplo, distribuição de recursos do “Bolsa Família”. 
Gabarito: letra “b”.

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