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CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula Demonstrativa Prezados (as) Economistas, Trata-se do curso de Economia do Setor Público voltado à preparação para a prova de profissional básico do BNDES. Inicio me apresentando a vocês. Sou Analista do BACEN. Leciono em cursos preparatórios para concursos desde 2005, já tendo dado aulas em diversos cursos preparatórios presenciais e, em especial, neste único Ponto dos Concursos. Dentre alguns cursos já oferecidos, destaco os de Finanças, Economia, Análise de Projetos e matérias afins para concursos como FINEP, BNDES (Engenheiro), BACEN, CVM, SUSEP e diversos outros concursos. Em relação ao curso, gostaria de informá-los que, para que vocês tenham o melhor rendimento possível, a cada aula abordaremos de forma pormenorizada cada item componente do conteúdo programático, sendo que ao final de cada uma delas serão propostas questões cobradas em provas elaboradas especialmente pela CESGRANRIO, mas também das demais bancas organizadoras de concursos com provas objetivas de múltipla escolha (ESAF, FCC, etc.). No caso específico desta disciplina, é pequena a quantidade de questões elaboradas pela CESGRANRIO, motivo pelo qual lançaremos mão de questões das demais bancas. As aulas seguirão as datas e itens do conteúdo programático descritos abaixo. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 2 Aula Demonstrativa Introdução à Economia do Setor Público – Funções Governamentais Aula 1 – dia 20 de outubro de 2011 Classificação de bens: público, semipúblico e privado. Bens públicos e externalidades. Funções governamentais. Princípios gerais de tributação. Aula 2 – dia 27 de outubro de 2011 Tendências gerais da evolução do gasto público no mundo. O cálculo do déficit público: as Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP) nos conceitos primário, nominal e operacional. Informo a vocês que poderão ocorrer pequenas alterações nos pontos do conteúdo programático a serem abordados em cada uma das aulas. Qualquer mudança neste sentido objetiva tornar as aulas as mais didáticas possíveis. Coloco-me à disposição de vocês para qualquer esclarecimento através do e-mail franciscomariotti@pontodosconcursos.com.br. Um grande abraço e bem vindo ao curso, Mariotti CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 3 1. Economia do Setor Público A disciplina de Economia do Setor Público, ou Finanças Públicas, estuda o processo de intervenção governamental na atividade econômica do país. De acordo com Musgrave1, “Finanças Públicas é a terminologia que tem sido tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política econômica que envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos”. Esta definição baseia-se no fato de que a necessidade da atuação econômica do poder público prende-se na constatação de que a simples existência do sistema de mercado (consumidores versus produtores) não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas e funções que visam o bem-estar da população. A maneira pela qual o Estado intervém no processo econômico é dependente da série de instrumentos que este dispõe, inclusive em termos do financiamento de suas atividades. Sendo assim, podemos dizer que o estudo das Finanças Públicas abrange a emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio Estado. Na captação dos recursos são estudadas as diversas formas de receitas, obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu endividamento ou por força do seu poder tributário. Uma vez captados os recursos impõe-se a sua administração até o efetivo dispêndio. As fontes geradoras de receitas são a tributação, classificada como receita derivada do poder coercitivo do Estado e o endividamento público, representado pela emissão e resgate de títulos da dívida pública. 1 MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo. Atlas, 1974. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 4 A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, ele tem condições de mobilizar da sociedade. Deste ponto, ressalta-se o porquê da tributação constituir um dos principais condicionantes do endividamento público. 1.1 Falhas de Mercado – Bens Públicos e Externalidades Ao abordarmos os conceitos de Bens Públicos e Externalidades, busca-se destacar o que a literatura econômica define por “falhas de mercado”. Podemos interpretar como “falha” tudo aquilo que acontece de modo ineficiente. No mesmo sentido, podemos interpretar “mercado” como sendo o local onde indivíduos e empresas transacionam bens e serviços com o objetivo de atingir, respectivamente, o maior bem-estar possível, derivado da sua renda de trabalhador, e a maximização do lucro, obtido pela produção e venda dos mesmos bens e serviços. Temos a seguinte definição dada pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) para as Falhas de Mercado: "Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o processo econômico a uma situação social ótima. Um aspecto importante disto é que se deixa de incluir, nos custos e nos preços, os efeitos externos (externalidades) ou a redução dos lucros de outros agentes que não aqueles diretamente envolvidos nas transações de mercado e atividades afins. Com relação aos bens e serviços ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes à poluição, à exploração dos recursos e à degradação de ecossistemas. Assim, as falhas de mercado impedem o mercado de alocar os recursos no mais alto interesse da sociedade" (OECD, 1994). CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 5 As Falhas de Mercado são representadas por toda alocação ineficiente de recursos econômicos, derivada das transações ocorridas entre todos os componentes da sociedade, destacando-se, entre estas as externalidades e os bens públicos. A chamada teoria do bem-estar econômico, conhecida como welfare economics, afirma que os mercados perfeitamente competitivos, sem interferência governamental, promovem a alocação eficiente de recursos entre os agentes econômicos, de tal forma que qualquer realocação em benefício de um agente prejudicará os demais agentes. Este conceito é comumente conhecido como “Ótimo de Pareto”. 1.1.1 Externalidades As externalidades representam a forma como as ações de determinado indivíduo ou empresa impactam os demais indivíduos ou mesmo empresas. A existência de externalidades implica que os chamados custos e benefícios privados – ocorridos em função da ação da iniciativa privada – sejam diferentes dos custos e benefícios sociais destas mesmas ações. O que estamos dizendo é que os preços negociados entre consumidores e produtoresrefletem apenas a negociação privada, sendo necessária a presença do Estado imputando, por exemplo, a tributação ou subsídios fiscais como forma de corrigir as externalidades ocorridas. As externalidades se subdividem em positivas e negativas. Um bom exemplo de externalidade positiva, e que nos dias de hoje é tão importante, seria o caso da realização de uma limpeza geral da casa por parte de um indivíduo que visasse à eliminação de possíveis focos de reprodução dos mosquitos transmissores da dengue. Nesta situação, o benefício privado será CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 6 superior ao custo privado, da mesma forma que o consequente benefício social será muito maior do que o custo social de adoção da medida. De forma contrária, as externalidades negativas são representadas por determinadas ações que de forma direta ou indireta prejudicam os demais indivíduos participantes da sociedade. Um caso clássico de externalidade negativa é representado pelo despejo por parte de empresas, de produtos poluentes nos rios. Esta ação tende a tornar o custo social superior ao custo privado, especialmente pelo fato de que as comunidades ribeirinhas às margens do rio serão diretamente atingidas. A existência destas falhas justifica a atuação do governo que deve coibir a externalidade negativa através da aplicação de uma tributação desestimuladora da poluição, da mesma forma que deve oferecer subsídios às atividades geradoras de externalidades positivas. 1.1.2 Bens Públicos Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, tendo a caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. Destaca-se que, mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros, todos podem desfrutar do bem. De outra forma, pode-se afirmar que os bens públicos são aqueles em que o seu consumo é indivisível ou mesmo “não rival”, dado que não existe rivalidade quanto a quem consumirá mais de um ou outro bem. São exemplos de bens públicos tangíveis (que podem ser tocados), as praças e as ruas. Como bens públicos intangíveis, temos a segurança pública, a justiça e a defesa nacional. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 7 Uma questão importante sobre os bens públicos é que o seu consumo não pode estar passivo de exclusão – princípio da não-exclusão -, de tal forma que, por exemplo, quando colocado à disposição da população de um determinado bairro o policiamento extensivo, todos serão beneficiados pela decisão governamental. Em outras palavras, pode-se dizer que o custo de exclusão do consumo de um bem público é alto, dada a quase impossibilidade de se medir a utilização deste por cada indivíduo. A existência do princípio da não-exclusão no consumo dos bens públicos é que leva a existência das Falhas de Mercado. Isto ocorre pelo fato de que como o governo não consegue mensurar o “quantum” do bem público está sendo consumindo por cada indivíduo, ele não conseguirá repartir o ônus imposto à sociedade na forma da tributação, que é justamente a fonte de recursos para o oferecimento de bens públicos. Com este conceito é possível afirmar que o custo marginal de provisão de bens públicos é igual a zero, já que o custo por si só já é dado. Devido ainda ao princípio da não-exclusão, passam a existir na economia os chamados “free riders” ou também chamados de caronas, que se beneficiam dos bens públicos sem pagar nada por isso, alegando que não precisam do bem oferecido ou simplesmente por não pagarem a tributação imposta aos mesmos. Assim sendo, podemos afirmar que, para que o mercado possa funcionar adequadamente, um dos quesitos será a validade do princípio da exclusão, podendo o consumo ser mensurado para cada um dos consumidores. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 8 Destaque: O Bem Privado (Não caracterizado como uma Falha de Mercado) Considerando as informações descritas acima, podemos conceituar o chamado bem privado, que seria aquele cujo consumo não pode ser compartilhado simultaneamente por quaisquer dois ou mais usuários, em função dos direitos de propriedade bem demarcados. De outra forma, passa a ser válido o princípio da exclusão. Da mesma forma, o bem privado é considerado como um bem rival, uma vez que o consumo por parte de um agente econômico reduz o consumo pelos demais agentes. Um bom exemplo de um bem privado seria a contratação de uma empresa de vigilância privada que atenderia a determinado condomínio de moradores. Considerando que a segurança deve atender somente um círculo restrito de moradores, caso ocorra assaltos na redondeza do condomínio, mas sem impactos para este, de nada se poderá cobrar da empresa de vigilância. É aquele velho ditado, só desfruta quem paga! 1.4 Bens Semipúblicos ou Meritórios Os chamados bens semipúblicos são aqueles bens que possuem associados a si o princípio da exclusão. Nas palavras de Viceconti e Neves (2007, pág. 412) encontramos outra definição para os bens semipúblicos: “São os bens que, embora possam ser explorados economicamente pelo setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 9 população de baixa renda seja excluída de seu consumo, por não poder pagar o preço correspondente: é o caso de educação e saúde”. Os bens semipúblicos são também chamados de meritórios pelo fato de serem disponibilizados (oferecido) às pessoas que adquirem mérito para tal. Um bom exemplo é a Universidade Pública. Somente aqueles que possuem o mérito de passar no vestibular é que terão a si concedidos o mérito de cursar gratuitamente o ensino superior. Importante considerar, conforme vemos no dia-a-dia que o ensino superior também é oferecido pela iniciativa privada, sendo, no entanto, passível de cobrança, ficando assim garantido o princípio da exclusão. Outrossim, o objetivo lógico do governo é o de garantir o direito ao ensino público gratuito à população, exigindo, em contrapartida, o mérito de passar no vestibular. Box de Comentários: As definições de bens públicos e semipúblicos são variáveis em decorrência do uso dos bens e do mercado no qual este é ofertado. Bens Públicos: Em decorrência da impossibilidade de exclusão, que implica que os indivíduos não podem ser privados dos benefícios do bem ou serviço, mesmo se não tiverem contribuído para o seu financiamento, geram algumas conclusões. Um exemplo de bem que apresenta essa característica é um espetáculo pirotécnico, que pode ser visto pelas pessoas de quintais, jardins e praças públicas. Isto dificulta a provisão privada desse tipo de evento porque a CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 10 impossibilidade de exclusão impede que sejam cobrados ingressos para financiar os custos, incluindo-se aí os lucros do organizador.Afinal, porque pagaríamos por esse show, se podemos vê-lo gratuitamente? Portanto, nenhum empresário privado se interessaria pela sua produção e, então, apesar da forte demanda, o espetáculo poderia não ser produzido. A impossibilidade de exclusão, ao inviabilizar o uso do sistema de preço para racionar o consumo, reduz os incentivos para o pagamento voluntário dos bens públicos. Essa relutância em contribuir, voluntariamente, para financiar esses bens é conhecida como o problema do “carona” (free rider). A não rivalidade no consumo é outra característica do bem público. Isto implica que uma vez que o bem está disponível, o custo marginal de provê-lo, para um indivíduo adicional, é nulo. Considere, por exemplo, o caso do espetáculo pirotécnico. O custo do espetáculo, uma vez determinado, não é alterado pelo fato de um grupo adicional de turistas decidir vê-lo. Ademais, essa decisão dos turistas em nada reduz o usufruto do evento pelos habitantes locais. Portanto, o custo marginal de provisão do espetáculo para esses espectadores adicionais é zero. Isso representa um franco contraste com os bens privados, que se caracterizam por níveis elevados de rivalidade no consumo. De fato, quando ocupamos um lugar, por exemplo, no cinema ou no teatro, este lugar deixa de estar disponível para outras pessoas. Bens Semipúblicos A definição de bem público, anteriormente discutida, não é absoluta, mas varia com as condições de uso, de mercado e com o estado da tecnologia. Esse serviço, quando usado nos domicílios privados, é um bem eminentemente privado: caso a conta de energia não seja paga, o serviço CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 11 é suspenso e, portanto, os usuários são excluídos do seu consumo. Por outro lado, trata-se de um bem cujo consumo é rival. Quando eu consumo uma determinada quantidade de quilowatts, ela já não mais está disponível para os demais consumidores. Por outro lado, quando essa energia é usada para iluminar os locais públicos, ela torna-se um bem público puro. Isto porque é impossível excluir alguém do benefício da iluminação pública, além de desnecessário; o custo de prover esse serviço para passantes adicionais é zero. Outro exemplo menos extremo é o caso das estradas de rodagem. Assim, o uso de uma estrada vicinal, semideserta, pode ser não rival na medida em que, nela, o tráfego é muito inferior a sua capacidade e, portanto, o custo marginal de utilização por um veículo adicional é muito baixo. Por outro lado, embora seja possível excluir os veículos de seu uso por meio da introdução de um pedágio, provavelmente os custos de instalação e de manutenção desse pedágio serão superiores à arrecadação e, por conseguinte, não valerá a pena introduzi-lo. Porém, quando a estrada é, por exemplo, a Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, além do custo de exclusão ser compensatório, a rivalidade no consumo se expressa por meio do congestionamento. Nesse caso, essa rodovia pode ser vista como um bem privado. Podemos, assim, pensar que grande parte dos bens satisfaz, apenas parcialmente, as condições de impossibilidade de exclusão e não- rivalidade no consumo. Os bens que atendem parcial ou totalmente a pelo menos uma dessas características são chamados de bens públicos impuros ou bens quase-públicos. Os serviços de saúde pública são bens semipúblicos, tais como vacina contra doenças infecto-contagiosas, que beneficiam não somente as CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 12 pessoas vacinadas, mas a população como um todo, já que previnem o surgimento de epidemias. Adiciona-se o custo marginal da vacinação é positivo e a exclusão de não pagantes é possível. Porém, não é possível excluir dos benefícios aliados à redução das epidemias (nem cobrar por tais benefícios) aqueles que não se vacinaram. Isso torna esses serviços bens públicos impuros e por essa razão, muitos governos mantêm programas gratuitos de vacinação para encorajar, e até mesmo obrigar, a imunização maciça da população. 1.5 Bens ou Recursos Comuns e Naturais Os bens comuns são considerados bens não-exclusivos, mas, entretanto, rivais, pois muito embora não seja possível excluir o consumo por parte de um agente, o próprio consumo do bem impede o consumo do mesmo bem por outro agente. O exemplo mais claro de um bem comum são os recursos ambientais, e que inexiste a possibilidade de se excluir os consumidores, uma vez que não existe direito de propriedade sobre os bens, mas, entretanto, o consumo de um causa externalidades para outros, a exemplo da poluição ambiental e a extinção de espécies animais, pela caça por exemplo. Uma expressão comumente utilizada para os bens comuns é a denominada "tragédia dos bens comuns", caracterizada pela utilização desordenada e competitiva dos recursos naturais que, ao mesmo tempo em que pertencem a todos, não pertencem a ninguém privativamente. Com exceção dos recursos naturais do subsolo que, constitucionalmente pertencem à União, os recursos naturais como o ar pertence a todos nós. Por conta disto, não se pode cobrar pelo ar que se respira. O uso desse recurso em si nunca poderá ser impedido. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 13 Se poluirmos o ar com gases e partículas, a exemplo de automóveis desregulados, os proprietários de automóveis não poluidores terão direito de reclamar. Percebe-se assim que o uso indevido de bens comuns leva a uma privatização (por parte dos poluidores) sem uma contrapartida para os não poluidores. E com base nos assuntos ora tratados, podemos dar por encerrada a aula demonstrativa. De todo modo, deixo a seguir alguns exercícios para fins de consolidação da matéria. Um grande abraço, Mariotti CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 14 Questões Propostas 1: 1 – (ECONOMISTA/ELETROBRÁS – CESGRANRIO/2010) Uma das diferenças dos bens privados, em relação aos bens públicos, é que são a) produzidos por empresas privadas. b) produzidos para um grupo privado e específico de consumidores. c) rivais, isto é, quando uma pessoa consome o bem impede que outra o faça. d) geradores de benefícios privados, apenas. e) superiores, isto é, o custo de excluir uma pessoa de seu consumo é baixo. 2 – (ECONOMISTA/PETROBRÁS – CESGRANRIO/2010) Analise as possíveis características de um certo bem. I - O público em geral tem acesso a ele. II - O custo de excluir pessoas de usá-lo é muito elevado. III - Ele é produzido por uma empresa do setor público. IV - Uma pessoa pode consumi-lo sem que isto impeça outra pessoa de fazê-lo também. V - Traz benefícios para o público em geral. Para ser considerado um bem público, deve atender APENAS às características a) I e II. b) I e V. c) II e III. d) II e IV. e) III e V. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 15 3 - (AFC/STN – ESAF/2008) Sob determinadascondições, os mercados privados não asseguram uma alocação eficiente de recursos. Em particular, na presença de externalidades e de bens públicos, os preços de mercado não refletem, de forma adequada, o problema da escolha em condições de escassez que permeia a questão econômica, abrindo espaço para a intervenção do governo na economia, de forma a restaurar as condições de eficiência no sentido de Pareto. Nesse contexto, é incorreto afirmar: a) externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão. b) consumidores podem causar externalidades sobre produtores e vice- versa. c) a correção de externalidades, pelo governo, pode ser feita mediante tributação corretiva, no caso de externalidades positivas, ou aplicação de subsídios, no caso de externalidades negativas. d) um exemplo de bem público puro é o sistema de defesa nacional, cujo consumo se caracteriza por ser não-excludente e não-rival. e) falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o estado de bem-estar social, por meio do livre mercado, sem interferência do governo. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 16 Gabarito Comentado: 1 – (ECONOMISTA/ELETROBRÁS – CESGRANRIO/2010) Uma das diferenças dos bens privados, em relação aos bens públicos, é que são a) produzidos por empresas privadas. b) produzidos para um grupo privado e específico de consumidores. c) rivais, isto é, quando uma pessoa consome o bem impede que outra o faça. d) geradores de benefícios privados, apenas. e) superiores, isto é, o custo de excluir uma pessoa de seu consumo é baixo. Comentários: Conforme verificado, um bem privado além de ser excludente, ele é rival, no sentido de que o seu consumo por parte de um agente impeça o consumo por parte dos demais agentes. Gabarito: letra “c”. 2 – (ECONOMISTA/PETROBRÁS – CESGRANRIO/2010) Analise as possíveis características de um certo bem. I - O público em geral tem acesso a ele. II - O custo de excluir pessoas de usá-lo é muito elevado. III - Ele é produzido por uma empresa do setor público. IV - Uma pessoa pode consumi-lo sem que isto impeça outra pessoa de fazê-lo também. V - Traz benefícios para o público em geral. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 17 Para ser considerado um bem público, deve atender APENAS às características a) I e II. b) I e V. c) II e III. d) II e IV. e) III e V. Comentários: I - Tanto no caso de um bem público quanto de um bem privado, todos têm acesso, dependendo apenas a sua capacidade financeira de cada um. Caso ele seja excludente, automaticamente ele deixa de ser um bem público puro. II – Trata-se de uma das características do bem público, conforme descrito no item 1.2, quinto parágrafo: “Uma questão importante sobre os bens públicos é que o seu consumo não pode estar passivo de exclusão – princípio da não-exclusão -, de tal forma que, por exemplo, quando colocado à disposição da população de um determinado bairro o policiamento extensivo, todos serão beneficiados pela decisão governamental. Em outras palavras, pode-se dizer que o custo de exclusão do consumo de um bem público é alto, dada a quase impossibilidade de se medir a utilização deste por cada indivíduo.” III – Empresas do setor público produzem bens privados, a exemplo de empresas como Itaipu, geradora de energia elétrica consumida pelos agentes econômicos por meio de pagamento. IV – É novamente uma característica de um bem público. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 18 V – Bens privados podem também trazer benefícios em geral para a população, a exemplo de automóveis pouco poluentes do meio-ambiente. Gabarito: letra “d”. 3 - (AFC/STN – ESAF/2008) Sob determinadas condições, os mercados privados não asseguram uma alocação eficiente de recursos. Em particular, na presença de externalidades e de bens públicos, os preços de mercado não refletem, de forma adequada, o problema da escolha em condições de escassez que permeia a questão econômica, abrindo espaço para a intervenção do governo na economia, de forma a restaurar as condições de eficiência no sentido de Pareto. Nesse contexto, é incorreto afirmar: a) externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão. b) consumidores podem causar externalidades sobre produtores e vice- versa. c) a correção de externalidades, pelo governo, pode ser feita mediante tributação corretiva, no caso de externalidades positivas, ou aplicação de subsídios, no caso de externalidades negativas. d) um exemplo de bem público puro é o sistema de defesa nacional, cujo consumo se caracteriza por ser não-excludente e não-rival. e) falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o estado de bem-estar social, por meio do livre mercado, sem interferência do governo. CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 19 Comentários: Antes de começarmos a analisar as assertivas da questão, cabem alguns comentários a respeito do conceito de “Ótimo de Pareto”. Este conceito está associado à chamada teoria do bem-estar econômico, conhecida como welfare economics, que afirma que os mercados perfeitamente competitivos, ou seja, que não possuem qualquer interferência governamental, promovem a alocação eficiente de recursos entre os agentes econômicos, de tal maneira que é impossível melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a de outro. Naturalmente que se trata de um entendimento meramente teórico, mas que reflete adequadamente a alocação dos escassos recursos econômicos. De volta à análise da questão, temos que: a) Os detritos derivados da produção de uma indústria que são jogados diretamente em um rio não são mensurados no preço do bem vendido a posteriori. A poluição causada nas águas pode gerar malefícios à população ribeirinha, fazendo com que estas busquem tratamento junto à rede de saúde do Município. Naturalmente, em decorrência desta externalidade, seria importante a imposição de tributação corretiva por parte do Governo no sentido de cobrir o custo social imposto à população, não mensurado nos custo de produção da indústria. Assertiva Correta b) De fato consumidores podem causar externalidade sobre produtores. Motoristas de automóveis (considerados consumidores de serviços de transporte), que utilizam as filas exclusivas de ônibus nas grandes cidades tendem a gerar externalidades sobre os produtores do próprio serviço de transporte, seja para as empresas transportadoras que tendem a ter um CURSO ON-LINE – PROFISSIONAL BÁSICO - BNDES ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PARA ECONOMISTA PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br 20 aumento no tempo de viageme no custo de transporte dos ônibus, seja da empresa responsável pela fiscalização do trânsito, que terá que realizar a contratação de novos profissionais que ficarão responsáveis pela fiscalização da externalidade gerada pelos motoristas de automóveis. Assertiva Correta c) na verdade a correção de externalidades, pelo governo, deve ser feita mediante tributação corretiva, no caso de externalidades negativas, como no caso da poluição das águas do rio por parte da indústria, ou pela aplicação de subsídios, no caso de externalidades positivas, como no caso da preservação e limpeza feitos diretamente por moradores de um bairro turístico de uma cidade. Assertiva Incorreta d) A defesa nacional é considerada um bem público puro, dado o fato de que esta defesa não exclui qualquer habitante do país e tão quanto rivaliza com qualquer outro tipo de defesa nacional, exercida de forma exclusiva pelas forças armadas. Assertiva Correta e) A definição dada na assertiva reflete exatamente o de “Falhas de Mercado”. Assertiva Correta Gabarito: letra “c”.
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