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Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal! Primeiramente, irei fazer uma breve apresentação. Meu nome é César de Oliveira Frade, sou funcionário de carreira do Banco Central do Brasil aprovado no concurso de 1997. No início de 2010, retornei ao Banco Central após ficar cedido por alguns anos a outro órgão federal e de ter gozado licença interesse para dar aulas para concursos públicos. De 2005 a 2008 fui Coordenador-Geral de Mercado de Capitais na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, auxiliando em todas as mudanças legais e infralegais, principalmente aquelas que tinham ligação direta com o Conselho Monetário Nacional – CMN. Sou professor de Finanças, Microeconomia, Macroeconomia, Conhecimentos Bancários, Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Valores Mobiliários, Estatística e Econometria. Leciono na área de concursos públicos desde 2001, tendo dado aula em mais de uma dezena de cursinhos em várias cidades do país, desde presenciais até via satélite. No início da carreira pública, trabalhei com a emissão de títulos da dívida pública externa no Banco Central do Brasil, assim que tomei posse. Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Possuo uma Pós-graduação em Finanças e Mercado de Capitais pelo IBMEC, outra em Derivativos para Reguladores na Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F e uma especialização em Derivativos Agrícolas pela Chicago Board of Trade – CBOT1. Sou Mestre em Economia2 com ênfase em Finanças na Universidade de Brasília e o Doutorado, pela mesma Universidade, está faltando apenas a defesa da Tese3, sendo que os créditos já foram concluídos. Exatamente pelo fato de a maioria de vocês nunca ter visto a matéria e o nosso tempo ser muito curto, tentarei nesse curso mostrar da forma mais clara o que está sendo pedido no Edital. É claro que para exaurir toda a matéria, 1 A Chicago Board of Trade - CBOT é a maior bolsa de derivativos agrícolas do mundo. 2A dissertação “Contágio Cambial no Interbancário Brasileiro: Uma Análise Empírica” defendida em 2003 foi publicada na Revista da BM&F, o paper aceito na Estudos Econômicos e em alguns dos mais importantes Congressos de Economia da América Latina – LAMES. Versava sobre o risco sistêmico a ser propagado via mercado de câmbio e as contribuições da Câmara de Compensação de Câmbio da BM&F para a mitigação desse risco. 3 Tese de Doutorado é um parto e a gestação já está durando alguns anos. Acho que pode ser que ela não saia. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 2 desde a parte básica até a avançada seriam necessárias inúmeras aulas. Mas não temos esse tempo. Sejamos práticos. Irei pegar as últimas provas da Cesgranrio para não Economistas e também a última do BNDES para seguir a linha da Banca neste curso e não colocar nada muito além do necessário. Se compararmos a parte de micro e de macro, vemos que micro é muito mais extenso e complexo para esta prova. Possuo um estilo peculiar de dar aulas. Prefiro tanto em sala quanto em aulas escritas que elas transcorram como conversas informais. Entretanto, quando tenho que dar aulas de Teoria, gosto de explicar não apenas a matéria, mas também a forma como vocês devem raciocinar para acertar a questão. Acredito que todos aqui estão muito mais interessados em passar no concurso do que aprender tudo de Microeconomia. Desta forma, estarei fazendo uma mescla entre um papo informal (papo que ocorrerá sempre que for possível) e a teoria formal. Mas nunca deixarei de ensinar qual o raciocínio que vocês devem utilizar para acertar as questões. Acredito que a matéria sendo exposta de forma informal torna a leitura mais tranqüila e isso pode auxiliar no aprendizado de uma forma geral. Exatamente por isso, utilizo com freqüência o Português de uma forma coloquial. Assim, a “Aula Demonstrativa” mostrará para vocês um pouco do que será esse curso. Será uma aula bem menor que as outras, mas é apenas para vocês sentirem o gostinho de que essa matéria não é tão complicada como a maioria pensa. Não há a necessidade de nenhum conhecimento prévio de Economia. Serão pelo menos, 200 páginas dissecando o assunto de forma clara e objetiva, mostrando a vocês como devem raciocinar para conseguir êxito na prova. Além disso, nestas aulas resolveremos mais de 80 questões acerca de todos os assuntos. As questões serão TODAS de provas anteriores e darei preferência a questões da CESGRANRIO, mas terei que utilizar outras bancas como a ESAF e o CESPE com o objetivo de cobrir todos os assuntos tanto na teoria quanto nos exercícios. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 3 Conteúdo Programático (1 aula por semana – Sextas-feiras): Aula 0 – 24/01/2011 Demanda. Aula 1 –11/02/2011 Oferta, Equilíbrio e Elasticidades. Aula 2 – 18/02/2011 Teoria do Consumidor – Parte 1 Aula 3 – 25/02/2011 Teoria do Consumidor – Parte 2 Aula 4 – 04/03/2011 Teoria da firma; economias e deseconomias de escala. Aula 5 – 11/03/2011 Oferta em mercados competitivos; monopólio e concorrência monopolística; Aula 6 – 18/03/2011 Oligopólios. Externalidades; categorias de bens: privados, públicos, comuns e naturais Espero que este curso seja bastante útil a você e que possa, efetivamente, auxiliá-lo na preparação para o concurso do BNDES. As dúvidas serão sanadas por meio do fórum do curso, a que todos os matriculados terão acesso. Caso tenha exercícios da matéria e queira me enviar, farei todos os esforços para que eles sejam, à medida do possível, incluídos no curso. Envie para meu e-mail abaixo (e-mail do Ponto). As críticas ou sugestões poderão ser enviadas para: cesar.frade@pontodosconcursos.com.br. Finalmente, gostaria de dizer a vocês que muito mais do que saber toda a matéria, é importante que você saiba fazer uma prova e esteja tranqüilo neste momento! Portanto, tente aprender a matéria mas certifique-se que você Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 4 entendeu como deve proceder para marcar o “X” no lugar certo. Não interessa saber a matéria, interessa marcar o “X” no lugar certo e ver o nome na lista. Prof. César Frade Janeiro/2011 Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 5 1. Microeconomia A economia possui recursos escassos e a microeconomia estuda a melhor forma de aproveitar esses recursos que são colocados à disposição das pessoas. Enquanto a macroeconomia estuda os problemas existentes em um país, a microeconomia se preocupa com as decisões individuais das pessoas e empresas. Logo, para que você otimize o seu aprendizado, pense sempre nas suas decisões individuais para cada situação proposta no curso. Tentarei mostrar a vocês algumas situações inusitadas queilustrariam bem cada momento. Na verdade, acho que está na hora de passarmos para a matéria propriamente dita. Vamos lá? 2. Curva de Demanda A curva de demanda informa a quantidade a ser consumida de um produto a cada nível de preço. De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem menos as pessoas querem adquirir daquele bem. Veja que estou falando de uma forma geral, claro que existem exceções. Imagine que você adore feijão ou carne. Se o preço do quilo do feijão subir, a sua tendência não seria reduzir o consumo do bem? Pois bem, se todos pensassem e tomassem atitudes dessa forma, a demanda coletiva do bem feijão cairia com essa alta de preço. Portanto, o normal na atitude das pessoas é reduzir o consumo quando há aumento no preço do bem e aumentar o consumo quando o preço do bem for reduzido. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 6 Suponhamos que o bem esteja com o preço P1, conforme mostrado no desenho acima. Com esse preço, os consumidores estariam demandando uma quantidade Q1 e, portanto, estariam sobre o ponto 1 da curva de demanda. Se por um motivo qualquer (por exemplo, grande produção agrícola daquele bem) o preço cair para P2, haverá um conseqüente aumento da quantidade demanda para Q2. Imagine que o preço da carne caia 50%. Você concorda que a sua demanda por carne será aumentada? Por exemplo, ela poderá passar de Q1 para Q2. Esses bens que atendem à referida Lei da Demanda são chamados de Bens Comuns. Entende-se como bens comuns aqueles bens em que as pessoas reduzem o seu consumo quando ocorre um aumento no preço ou quando as pessoas aumentam o seu consumo quando os preços são reduzidos. O livro do Varian define o bem comum exatamente como expus acima. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 7 Matematicamente, podemos definir os bens comuns da seguinte forma: Bem Comum 0 ≤∂ ∂⇔ X X D p Q Entretanto, existem algumas exceções. Imagine que uma farmácia esteja colocando o preço de um remédio na promoção. Será que pelo fato de o preço do remédio estar mais barato, você irá comprar e consumir mais daquele remédio? Se o preço do sal cair em 30%, isso fará com que você compre mais sal e coloque mais sal na comida? A resposta para essas duas perguntas é NÃO. As pessoas não irão alterar o consumo desses produtos porque houve variação em seus preços. Mas estas exceções são menos importantes e iremos estudá-las mais à frente. Você acha que uma pessoa poderá reduzir o consumo de um bem quando o preço desse bem for reduzido? Ou seja, será que a queda do preço de um produto pode induzir o consumidor a comprar menos daquele produto? É intrigante essa situação mas a resposta é SIM. É possível que uma pessoa reduza o consumo de um bem pelo fato de o preço do produto ter caído. Fazendo isso, ela passaria a ter uma quantidade maior de recursos para adquirir outros bens. Veja o exemplo. Suponha que um consumidor esteja comendo batata no café da manhã, batata no almoço e batata no jantar. Ele repete esse cardápio há 30 dias. Será que se o preço da batata cair, o consumidor irá consumir mais batata? A resposta é não. Se o preço da batata cair, esse consumidor dará graças a Deus por isso pois sobrarão mais recursos para a aquisição de um outro bem e, assim, poderá reduzir a quantidade demandada de batata. Esses são os chamados Bens de Giffen. Vamos a um exemplo. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 8 Imagine que você tenha uma verba mensal de R$ 600,00 para fazer os seus almoços e deverá dividi-la entre as duas possibilidades existentes, quais sejam: sanduíche ou filé com fritas. De início, te digo que você preferiria sempre filé a sanduíche. Entretanto, o preço de uma refeição de filé custa, atualmente R$ 30,00 enquanto que o sanduíche custaria R$ 20,00. Assim sendo, se você tem esses preços e essa renda, a melhor forma de conseguir almoçar que individuo teria seria comendo apenas sanduíche nos trinta dias. Assim, estaria gastando a totalidade de sua verba mensal com sanduíche. Mas observe, essa pessoa prefere comer filé a sanduíche e não come filé todo dia senão os recursos acabariam em vinte dias e ela teria que ficar dez dias sem almoço. Suponha agora que o preço do sanduíche caia pela metade, ou seja, passe para R$ 10,00. A idéia inicial seria a de que se o preço do sanduíche caiu, o indivíduo deveria comer mais sanduíche, certo? Nesse caso, errado. Errado, porque a queda no preço do sanduíche fez com que sobrasse dinheiro e esse recurso poderia ser destinado a um bem que fizesse o consumidor mais feliz. Observe que se o consumidor continuar comprando apenas sanduíche, seu custo mensal de almoço passaria para R$300,00. Ele teria R$300,00 ainda para gastar. Sendo assim, qual seria a melhor escolha para o consumidor? A melhor escolha seria comer quinze dias de filé e quinze dias de sanduíche. Dessa forma, estaria gastando R$ 450,00 com o almoço de filé e R$ 150,00 com o sanduíche. Veja que o sanduíche é um bem de Giffen pois uma queda em seu preço provocou uma redução na quantidade demandada. No entanto, guarde, um bem só pode ser classificado conforme sua situação, conforme o enredo da questão. Um bem de Giffen para uma determinada pessoa pode não ser comum para outra. Certa vez, dando uma aula, um aluno me perguntou: Professor, você não vai explicar o que é Bem de Veblen? Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 9 Eu respondi: Bem de quem?? Ele falou: Bem de Veblen. Respondi: Nunca ouvi falar nisso. Onde você leu isso? Ele responde: um professor me indicou um livro que fala desse bem. Enfim esse foi o papo que tive com o aluno. Chegando em casa peguei o Varian e ele não falava nada, Pindyck não tinha nada, Mas-Colell muito menos. No dia que tinha aula na UnB (estava fazendo meu Doutorado) perguntei à minha orientadora e ela me respondeu: Bem de quem?? Ela sugeriu que eu perguntasse ao professor de micro, doutor em uma TOP 5 americana. E lá fui eu. Professor, o que é Bem de Veblen? E ele responde, nunca ouvi falar. Enfim... Fui ao Google e descobri. Era um economista nascido em 1857 e que veio a falecer em 1929 (ninguém nem sabia quem era Keynes na época). Pelo que li, ele vivia sempre em conflitos com os outros acadêmicos da época e tinha idéias bastante independentes. Ficou conhecido como bem de Veblen aquele bem que com um aumento no preço teria um aumento na demanda. Dito isso, queria dizer a vocês para esquecerem isso. Não existe essa definição nem no Varian, Pindyck, Mas-Collel ou Ferguson. Logo, não podemos levar em consideração, ou melhor, não devemos levar em consideração, na minha opinião, esse tipo de bem. O Mas-Collel define bem de Giffen da seguinte forma: “Although it may be natural to think that a fall in a good´s price will lead the consumer to purchase more of it, reverse situation is not an economic impossibility. Good L is saidto be a Giffen good at (p,w) if ( ) 0 , >∂ ∂ L L p wpx .” Com isso, podemos deduzir: Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 10 Bem de Giffen 0 >∂ ∂⇔ X X D p Q 2.1. Fatores que alteram a quantidade demandada São cinco os fatores que podem modificar a quantidade demandada. São eles: • Preço; • Renda; • Preço de Produtos Relacionados; • Gosto; e • Expectativas a) Preço Esse princípio já foi anunciado. Em geral, uma variação no preço do produto provoca uma alteração na quantidade demandada do mesmo. Importante ressaltar que apesar de o examinador cobrar com bastante freqüência questões acerca do Bem de Giffen, devemos pensar nesse bem apenas como uma exceção. Tendo em vista o fato de já termos discutido exaustivamente seu funcionamento, a partir de agora vamos tratar dos bens que possuem uma relação preço-quantidade inversamente proporcional. Observe que a curva de demanda é uma função que exprime a quantidade demandada pelos consumidores em função do preço do bem. Matematicamente, temos: QD = a – bP Sendo a e b constantes positivas. E o sinal negativo mostra que a curva de demanda é negativamente inclinada. Sendo assim, quando aumentamos o preço do bem, haverá uma variação na quantidade demandada do mesmo e, portanto, um deslocamento SOBRE a curva de demanda. Veja a figura abaixo. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 11 b) Renda Uma variação na sua renda, poderá provocar uma alteração na quantidade demandada do bem. Se eu te perguntar, o que ocorreria com a demanda de um bem se você passasse nesse concurso público e, portanto, tivesse a sua renda aumentada? Provavelmente, você me responderia que esse aumento na sua renda provocaria um aumento na quantidade demandada do bem. Veja bem. Se atualmente você compra um curso de microeconomia do Ponto dos Concursos, será que quando você passar no concurso e a sua renda for majorada, você irá comprar dois cursos de microeconomia? Você me disse que quando passar no concurso comprará muito mais cursos do Ponto, não foi isso? Pois bem. Já vimos que as coisas não funcionam assim. Existem alguns bens que você gosta de consumir (não é o caso de microeconomia) e existem outros Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 12 que a situação te faz consumir. Muito provavelmente, quando a sua renda aumentar você irá aumentar o consumo daqueles bens que você gosta de consumir mas que ainda não consome em uma quantidade adequada. No entanto, aqueles bens que você não gosta mas que consome por necessidade (como esse curso) podem ter o seu consumo reduzido com o aumento da renda. Isso dará origem a dois tipos distintos de bens. Serão os bens inferiores e os bens normais. Se não entenderam, não fiquem preocupados. Explico de novo e de uma forma mais clara. Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir o consumo de um bem, esse bem será chamado de inferior. Já imagino que vocês devam estar com uma certa dúvida. Sempre pergunto em sala: Se o seu salário aumentar, o que ocorrerá com o seu consumo dos bens. E a galera em peso responde: aumentará. No entanto, isto não está correto. Imagine um bem que você não goste, mas consome porque não tem condições de comprar um outro bem melhor, o que você gosta. Vou dar um exemplo que ocorreu comigo mesmo. Antes de passar em um concurso público, fui morar em Brasília para trabalhar como engenheiro. Foi uma época difícil, despesa com moradia aqui não é nada barata e o salário de engenheiro, na época, bem baixo. Portanto, era sempre necessário economizar para não ter que ficar pedindo dinheiro para meu pai. Um bem que não me agrada, em nenhuma hipótese, é carne de frango. Eu não gosto mesmo, mas quando tenho que comer, só o faço se for peito de frango. Mas duro, sem grana, morando em uma cidade cara, tinha que abrir uma exceção. Éramos 7 dividindo uma casa (uma república com três homens e quatro mulheres), todos sem dinheiro. Então, ficou decidido que comeríamos frango três vezes por semana (segunda, quarta e sexta), pois, na época, o frango custava algo em torno de R$ 1,00 / quilo. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 13 Conclusão: na minha cesta de consumo tinha o frango, entre outros bens. Um ano depois passei no concurso do BACEN. Te pergunto: Você acha que, por ter passado no concurso e estar recebendo um salário maior, eu aumentei o consumo de frango? Claro que não. Na verdade, quase deixei de comer frango. Logo, vimos que um aumento de renda pode provocar uma redução na quantidade demandada de um bem. Se isso ocorrer, dizemos que esse bem é inferior. Portanto, bens inferiores são aqueles que: 0 <∂ ∂ R Q XD . Observe que se a sua renda reduzir e a demanda pelo bem aumentar, esse bem também é inferior. Matematicamente: Bem Inferior 0 <∂ ∂⇔ X X D R Q Conclusão: Se a demanda pelo bem for em uma direção e a renda na direção oposta, esse bem será considerado inferior. No entanto, alguns dos bens que eu consumia antes de passar no concurso me deixavam satisfeitos. Esses bens tiveram um aumento de consumo quando a renda aumentou. Entre eles, podemos citar, no meu caso, viagens, picanha, filé mignon, entre outros. Segundo Hal Varian: “Normalmente pensaríamos que a demanda por um bem aumenta quando a renda aumenta. Os economistas, com uma falta singular de imaginação, chamam esses bens de normais.” Portanto, gravem: o inverso dos bens inferiores são os bens normais. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 14 Matematicamente, dizemos que um bem é normal: Bem Normal 0 ≥∂ ∂⇔ X X D R Q Observe que uma mudança na renda poderá proporcionar uma mudança na quantidade demandada do bem mesmo sem que ocorra a mudança em seu preço. Como a função de demanda mostra uma relação entre o preço e a quantidade demandada, não teremos o que fazer a não ser DESLOCAR a função para que seja possível aumentar a quantidade demandada a um determinado nível de preço. Veja na figura abaixo: Guarde uma dica. Sempre que o preço alterar a demanda, exatamente pelo fato de a curva estar em um plano PREÇO x QUANTIDADE, ocorrerá um deslocamento sobre a curva de demanda. Qualquer outra variável que Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 15 modificar a quantidade demandada, exatamente pelo fato de manter o preço em um nível constante, provocará um deslocamento da curva de demanda. O último detalhe que gostaria de salientar nesse item é que todo bem de Giffen é inferior mas nemtodo inferior é de Giffen. Observe o diagrama de Venn abaixo: Observe que todo bem de Giffen é inferior mas nem todo inferior é de Giffen. Vamos voltar a esse assunto na aula de Teoria do Consumidor – Efeito Renda e Efeito Substituição. Inclusive faremos questões numéricas sobre esse assunto. c) Preço de Produtos Relacionados Importante ressaltar que um único bem pode ter várias classificações. Por exemplo, ele pode ser normal e comum, inferior e comum, Giffen e inferior. Ou seja, não é apenas uma classificação por cada bem. Nesse tópico apresentaremos uma outra classificação para os mais variados bens. Imagine dois bens, por exemplo, manteiga e margarina. Suponha ainda que você é uma pessoa indiferente entre o consumo desses bens. Logo, se o preço da manteiga sobe, você irá reduzir o consumo da manteiga e substituí-la pela margarina. Sendo que esta última terá seu consumo majorado. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 16 Pois bem, se dois bens tiverem essa característica eles são denominados de bens substitutos. Ou seja, se a mudança no preço de um dos bens provocar uma mudança na demanda do outro bem eles podem ser substitutos. Serão considerados substitutos se o aumento no preço de um bem provocar aumento da demanda do outro bem. De forma análoga, dois bens são substitutos se a redução no preço de um dos bens provocar redução na demanda do outro bem. Com isso concluímos que: Bens Substitutos 0 >∂ ∂⇔ Y X D P Q É importante esclarecer que o símbolo (⇔ ) significa se e somente se. A conclusão acima deve ser lida da seguinte forma: Os bens são substitutos se 0 >∂ ∂ Y X D P Q for verdadeiro e se 0>∂ ∂ Y X D P Q , os bens são substitutos. Agora imaginemos a gasolina e o óleo de motor. Se o preço da gasolina aumentar, as pessoas tendem a andar menos de carro e, portanto, reduzem a demanda por gasolina. Se as pessoas andarem menos de carro passarão mais tempo sem efetuar a troca de óleo e, assim, a demanda por óleo de motor será reduzida. Recapitulando, um aumento no preço da gasolina reduz a demanda por gasolina e, conseqüentemente, reduz a demanda por óleo de motor. Esses dois bens são considerados bens complementares. Com isso concluímos que: Bens Complementares 0 <∂ ∂⇔ Y X D P Q Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 17 Observe que está havendo uma mudança na quantidade demandada do bem porque o preço de um outro bem está sendo alterado. Dessa forma, haverá um deslocamento da curva de demanda, como ocorre no caso da renda. d) Gosto E possível que o gosto de uma pessoa altere o consumo de um determinado bem. Esse consumo poderá ser aumentado ou reduzido. Isto depende do bem e de cada pessoa. Apesar de esse ser mais um motivo para que haja alteração na quantidade demandada, não me lembro de nenhuma questão em prova que isso foi cobrado. Importante lembrar que essa alteração na quantidade demandada, tendo em vista o fato de que o preço do bem não é alterado, provoca um DESLOCAMENTO na curva de demanda. e) Expectativas As expectativas modificam a quantidade demandada. Imagine que após ler essa aula, você decidiu se matricular no curso de Micro com a convicção de que se tudo for explicado dessa forma, não haverá nada que você não consiga compreender muito bem. E aí, você optou por comprar o curso dado que isso criou uma expectativa de aumento da probabilidade de passar. Com esse aumento, você acaba indo ao Shopping fazer compra e começando a gastar por conta, pois houve uma mudança da expectativa. Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros podem ser colocados e inventados pelo examinador. O importante é tentar notar qual dos itens está alterando a demanda. Se for a expectativa a curva de demanda também será DESLOCADA. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 18 Enunciado para a questão 1 Considerando a equação de demanda ( )RPPQQ YXDX D ,,= , em que XDQ seja a quantidade demandada do bem X; XP , o preço do bem X; YP , o preço do bem relacionado Y; e R, a renda do consumidor, julgue os itens subsequentes. Questão 1 (CESPE – MPU - Economista – 2010) – Se 0 >∂ ∂ R QYD , então, o bem X é considerado superior. Questão 2 (Cesgranrio – REFAP – Economista Júnior – 2007) – O que acontece quando o preço da maçã aumenta? a) Aumenta a quantidade demandada de maçãs. b) O preço da pêra também aumenta, devido à maior demanda por pêras. c) O preço da pêra cai, pois a demanda por esta fruta aumenta. d) Certamente a demanda por maçãs aumenta, provocando a alta de seu preço. e) Certamente a oferta de maçãs aumenta, provocando a alta de seu preço. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 19 QUESTÕES RESOLVIDAS Questão 14 A primeira coisa que devemos fazer é tentar classificar os bens em relação à sua quantidade demandada. A quantidade demandada informa o quanto que cada consumidor demandaria de um determinado bem para cada unidade de preço. Estaremos trabalhando em um plano preço x quantidade. Ou seja, a curva de demanda é plotada em um espaço em que em uma das direções determinamos o preço do bem e na outra direção há a determinação da quantidade do bem. Em geral, uma alta no preço faz com que as pessoas reduzam o consumo daquele bem específico. Claro que existem exceções e essas serão definidas oportunamente. Algumas grandezas alteram a quantidade demandada. São elas: • Preço; • Renda; • Preço de Produtos Relacionados; • Gosto; e • Expectativas Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir o consumo de um bem, esse bem será chamado de inferior. Já imagino que vocês devam estar com uma certa dúvida. Sempre pergunto em sala: Se o seu salário aumentar, o que ocorrerá com o seu consumo dos bens. E a galera em peso responde: aumentará. No entanto, isto não está correto. 4 Observe que nas minhas aulas desse curso, a solução dos exercícios tenta sempre trazer informações que agregam no conteúdo ministrado e não apenas opto por solucionar a questão sem maiores comentários. Elas serão, em sua maioria, resolvidas e terão extensos comentários. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 20 Para alguns autores, os bens considerados superiores são aqueles que com o aumento da renda ocorre um aumento da quantidade demandada. Entretanto, esses autores são minoria. Uma outra parte considera bens superiores aqueles bens que com o aumento da renda, há um aumento mais que proporcional no consumo dos bens e, nesse caso, eles seriam sinônimos de bens de luxo. Verificamos que para alguns autores, os bens superiores são sinônimos dos normais, para outros formam um subconjuntodos bens normais. Vejamos o que alguns renomados autores dizem a respeito desses conceitos: Segundo Eaton & Eaton5: “um bem é normal se o seu consumo aumenta quando a renda aumenta, e é inferior se seu consumo diminui quando a renda aumenta.” Segundo Mas-Colell6, Whinston & Green: “A commodity L is normal at (p,w) if ( ) 0 , ≥∂ ∂ w wpxL ; that is, demand is nondecreasing in wealth. If commodity L´s wealth effect is instead negative, then it is called inferior at (p,w). If every commodity is normal at all (p,w), then we say that demand is normal.” Segundo Ferguson7: “para os chamados bens “normais” ou “superiores” um acréscimo de renda monetária conduz a um acréscimo no consumo, e um decréscimo na renda monetária a um decréscimo no consumo.” Observamos com isso que autores como Mas-Colell e Varian, que podemos considerar entre os mais importantes da atualidade, sequer mencionam a 5 Esse é um livro pouco conhecido no Brasil, mas que me agrada bastante. Algumas passagens só ele consegue ser claro o suficiente. 6 Este livro há pelo menos dez anos é utilizado em cursos de mestrado e doutorado em boa parte das conceituadas Universidades ao redor do mundo. Seria uma das bíblias da Microeconomia. Além disto, vou me dar o direito de, sempre em caso de dúvida, optar pelo que o Mas-Colell define. 7 Esse livro foi bastante utilizado nas décadas de 60 e 70. No entanto, atualmente, está esquecido nos armários. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 21 existência dos bens superiores. O único que faz menção a esse bem é o Ferguson. No entanto, a questão está claramente errada, pois a equação de demanda fornecida é do bem x e ela informa que a quantidade demandada do bem x depende do preço do bem x, do preço de y e da renda. Para podermos classificar o bem x como normal ou inferior, devemos verificar o que ocorre com a demanda desse bem quando há uma variação na renda. Por outro lado, se quisermos classificar o bem y como normal ou inferior, deveríamos ter acesso à curva de demanda desse bem y e, assim, podermos verificar o que ocorreria com essa demanda quando houvesse uma mudança na renda. Como a curva de demanda fornecida foi a do bem x, não podemos classificar (nem afirmar) que o bem y é normal, inferior ou superior. Essas classificações só poderiam ser possíveis em relação ao bem x. Não é muito comum cair em prova o bem superior, pois os autores possuem opiniões diferentes e cobrar uma questão dessa e ter a resposta como CERTO só trará problemas para a Banca que deverá examinar uma enxurrada de recursos. Gabarito: E Questão 2 (Cesgranrio – REFAP – Economista Júnior – 2007) – O que acontece quando o preço da maçã aumenta? a) Aumenta a quantidade demandada de maçãs. b) O preço da pêra também aumenta, devido à maior demanda por pêras. c) O preço da pêra cai, pois a demanda por esta fruta aumenta. d) Certamente a demanda por maçãs aumenta, provocando a alta de seu preço. e) Certamente a oferta de maçãs aumenta, provocando a alta de seu preço. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 22 Resolução: Se estamos falando do aumento de preço de um determinado bem, este fato pode gerar conseqüências tanto na oferta quanto na demanda deste bem, como também em outros bens. Inicialmente, assim que o examinador fala em aumento no preço, nosso raciocínio já imagina que esse aumento afetará a quantidade demandada do bem e que esta cairá. Entretanto, várias outras variáveis podem ser afetadas e devemos avaliar cada uma delas para não incorrermos em nenhum erro. Vamos a eles? No item a, o examinador diz que um aumento no preço das ações provoca um aumento da quantidade demandada. Observe que se isso ocorrer, temos um bem de GIFFEN, mas só devemos pensar nessa hipótese se o examinador estiver falando de uma exceção. Esse não é o caso. Apesar de caber um recurso a essa questão, essa não deve ser a resposta pois esse não é o padrão. O padrão é a queda da demanda quando ocorrer um aumento do preço e como o examinador não usa qualquer palavra restritiva como SEMPRE, NUNCA, na minha opinião, não devemos pensar no bem de GIFFEN. O item b está correto uma vez que podemos pensar que maçã e pêra são bens substitutos. Quando o preço da maçã aumentar, a demanda por maçã cai e as pessoas que consumiam maçã passariam a consumir pêra, substituindo um bem pelo outro. Dessa forma, haveria aumento no consumo de pêra, provocando um deslocamento da curva de demanda, conforme mostrado na figura abaixo. Com esse aumento de demanda, as pêras acabariam tendo seus preços majorados. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 23 Os itens C, D e E já estão comentados no item B e estão errados. Sendo assim, o gabarito é a letra B. Gabarito: B Bibliografia Eaton & Eaton – Microeconomia, Editora Saraiva – 3ª Edição, 1999. Ferguson, C.E. – Microeconomia, Editora Forense Universitária – 8ª Edição, 1985. Mas-Colell, Whinston & Green – Microeconomic Theory, Oxford University Press, 1995. Pindyck & Rubinfeld – Microeconomia, Editora MakronBooks – 4a Edição, 1999. Varian, Hal R. – Microeconomia – Princípios Básicos, Editora Campus – 5ª Edição, 2000. Curso Online – Microeconomia para o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Engenharia Teoria e Exercícios Prof. César Frade Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 24 Galera, Terminamos aqui a nossa “Aula Demonstrativa”. Tentei passar para vocês nesta aula um pouco de como vai ser o curso, lembrando sempre que irei mantê-lo com uma linguagem simples e direta com o intuito de facilitar a compreensão. Sempre tentando colocar exemplos do nosso dia-a-dia. Pois o que estamos interessados não é em aprender Economia, mas sim em acertar as questões da prova, não é mesmo? Lembro que serão apresentadas várias questões e elas não serão apenas resolvidas. Optarei, em grande parte delas, em fazer a solução além de citar o que os vários renomados autores falam sobre o assunto e tecer comentários adicionais com o intuito de enriquecer o material. A idéia é fazer que você não tenha que recorrer a nenhum outro material de microeconomia para fazer essa prova. Abraços, César Frade
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