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Aula 08 Linguística II

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Linguística II
Marilda Franco de Moura
Aula 8
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Tipos de variação linguística 
Dialetos - variações faladas por comunidades geograficamente definidas. Também denominados “falares”, por alguns linguistas. 
Socioletos - variações faladas por comunidades socialmente definidas, linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da comunicação pública e da educação. 
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Idioletos - uma variação particular a uma certa pessoa, registros, o vocabulário especializado e/ou a gramática de certas atividades ou profissões. 
Etnoletos - para um grupo étnico. 
Ecoletos - um idioleto adotado por uma casa.
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Português do Brasil & Português de Portugal
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Português do Brasil & Português de Portugal
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Linguagem
Coloquial e Culta
Variantes linguísticas
Geográficas (dialetos regionais)
Linguagem: Urbana Rural
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Socioculturais (dialetos sociais)
Ligadas ao falante	idade;
por influência de 	sexo;
			profissão (jargão);
			posição social;
			grau de escolaridade.
Variantes linguísticas
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Variantes linguísticas
Ligadas à situação por influência de 
 ambiente; tema; estado emocional do falante;
 grau de intimidade entre os falantes.
Esses fatores imbricam-se e atuam simultaneamente.
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http://www.novomilenio.inf.br/idioma/20010516.htm
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	Se ultrapassar a barreira representada por uma secretária, quando se quer falar com um executivo ao telefone, já é um pouco complicado para urbanos acostumados, que dirá quando vem alguém de longe, aonde não chegaram ainda certos truques do linguajar polido daquelas que recebem dos patrões a ingrata missão de afastar em vez de aproximar.
 - Financeira Saraiva, boa tarde – diz a secretária.
 - Boa tarde, moça. O doutor Saraiva está?
 - Quem gostaria?
Diálogo difícil
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Para ouvidos traquejados, isso significa, pode estar ou pode não estar, depende de quem está falando. O verbo “gostar” no condicional joga o acesso ao doutor no terreno das possibilidades. Mas as palavras têm um sentido mais amplo do que julga quem faz uso delas no sentido particular.
 - Gostaria não é bem o causo. Eu vim mais por precisão do que por gosto.
 A resposta não servia a ela, que estava interessada no “quem” da pergunta. Já o interlocutor prestava maior atenção no verbo, porque, para ele, essa era a palavra que fazia mais sentido na circunstância. 
Diálogo difícil
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A secretária voltou à pergunta, dando ênfase na busca da informação que desejava:
 - Mas quem gostaria?
 - Gostaria de quê?
 Para fugir do impasse, a secretária resolveu usar a língua geral.
 - O que eu estou perguntando é qual é o seu nome. Quer dizer: quem gostaria de falar com ele?
 Aí, para o homem do interior, já era quase uma questão. E ele tornou, muito polido, mas marcando opinião:
Diálogo difícil
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Diálogo difícil
	
 - Uai, mas se eu perguntei primeiro se o doutor Saraiva está, a senhora tinha de me responder primeiro, antes de rebater com outra pergunta, não é não? Eu penso assim.
 - Como é que eu vou encaminhar o senhor sem saber o seu nome?
 - Posso até dar o nome, mas eu não disse que queria falar com ele. Só perguntei se ele estava...
 A secretária, com a objetividade da profissão, tentou contornar:
 - O senhor quer falar com ele?
 - Gostaria – ironizou o homem.
 - Bom, então, por favor, o senhor pode me dizer o seu nome?
 
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Diálogo difícil
 - Posso. É João Honorato.
 Aí veio outra pergunta fatal das secretárias:
 - De onde?
 Para quem conhece os códigos, a pergunta significa: de qual empresa é o senhor, qual é o seu negócio. Para quem não conhece:
 - De onde? Ah, eu sou de um lugar muito pequeninozinho perto de Barbacena, a senhora nunca deve ter ouvido: Desterro do Melo. Ouviu falar?
 - Não, não ouvi – e lá veio outra pergunta do repertório. – É particular, senhor?
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 - Aí a senhora me pegou. O Desterro? Particular?	
 - O assunto, senhor, é particular?
 - Ah, bom. Por enquanto, é. Daqui a pouco tá na boca do povo.
 - Pode adiantá-lo, senhor, para eu estar passando para o doutor Saraiva?
 - Não, eu mesmo passo. - A secretária, vencida e grilada, contatou o patrão, que atendeu na maior presteza ao ouvir o nome de João Honorato. Foi uma conversa longa. Pela porta entreaberta, ela ouviu duas risadas, apelos, 
	
Diálogo difícil
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 promessas, regateios, garantias, agradecimentos. Depois o doutor Saraiva veio até ela:
 - Dona Regina, o senhor João Honorato está vindo aí. Disse que teve dificuldades de entender a senhora. Pelo amor de Deus, fale simples com ele, como se ele fosse a sua mãezinha, o seu avozinho. De hoje em diante, por favor, não mais “quem gostaria?”, “de onde?”, “estar passando”, “qual é o assunto?”. Ele acha que quem telefona sabe o que quer e com quem quer.
 - Mas quem é esse João Honorato?
 - O rei da soja. Agora é nosso patrão: vendi minha parte para ele nesse fim de semana.
 (ÂNGELO, Ivan. Diálogo Difícil)
 
 				
Diálogo difícil
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Podemos verificar quais as variantes linguísticas que que aparecem no texto.
Os fatores que influenciaram as personagens do texto.
Se esses fatores aparecem isoladamente, ou atuam simultaneamente?
Análise 
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Figuras de linguagem – têm fins expressivos.
Pleonasmo
Ex.: Eu vi com meus próprios olhos.
Os impostos, é necessário pagá-los.
Vícios de linguagem – desvios da norma culta.
Pleonasmo vicioso (redundância)
Ex.: Entre dentro do meu carro para ver como ele é bonito.
Tomei dois pratos de canja de galinha.
Comunicação oral
Figuras e Vícios de linguagem
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Vícios de linguagem
 Ambiguidade (anfibologia) – consiste no duplo sentido causado por má construção da frase. Ex.:
Presenciei o incêndio do edifício.
(O sujeito está no edifício 
e presenciou o incêndio, ou na 
rua viu um edifício incendiar-se.)
Pedro saiu com sua irmã.
(Pedro saiu com a irmã, ou Pedro
saiu com a irmã de você/do senhor.)
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Vícios de linguagem
2) Barbarismo – qualquer desvio que se comete relativo à palavra.
 ortoépico (provoca cacoépias): fóme, compania.
 prosódico (provoca silabadas): récorde, rúbrica.
 gráfico (provoca cacografias): a janta, maizena, eu intervi, cidadões, questã.
 semântico (provoca deslizes): cozinhar mal e porcamente, sair ao pai cuspido e escarrado, ovos estalados, dar uma mão de tinta na porta.
 estrangeirismos – galicismos: garçon (garçom), menu (cardápio), champagne (champanha).
anglicismos: show (espetáculo), hall (saguão), know-how (experiência).
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Vícios de linguagem
3) Cacofonia – seqüência silábica intervocabular que provoque som desagradável.
Ex.: A música dela foi classificada.
cacófato: ele nunca marca gol, ela tem fé demais no namorado.
eco: A solução da nação está 
na plantação de algodão.
NOTA: Na prosa, o eco é o 
fundamento da rima: Muito riso,
 pouco siso. (provérbio)
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4) Redundância (pleonasmo vicioso) – repetição de idéias mediante o emprego de palavras ou expressões distintas. Ex.:
Você vai subir para cima 
ou descer para baixo?
Faltei porque tive 
hemorragia de sangue.
Atenção que vou repetir 
outra vez.
Ela vai contar-nos uma
 novidade inédita.
Dividi a figura em duas 
metades iguais.
 
Vícios de linguagem
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Evite Redundâncias na
Redação Comercial
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Evite Redundâncias na
Redação Comercial
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Vícios de linguagem
5) Solecismo – qualquer desvio que se comete contra a sintaxe. Pode ser:
a) de concordância: Ela estava
meia aflita.
Houveram muitas reclamações 
durante o exame.
b) de regência: Você já assistiu 
esse filme?
Ainda não respondi o questionário.
c) de colocação: Me devolva o livro.
Já havíamos feito-os.
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Referências
ALKMIN, T. M. Sociolinguística. In: MUSSALIM, F.; BENTES. (Org.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2005. 
Bourdieu, P. and Passeron, J. C. (1977) Reproduction in Education, Society and Culture. Beverly Hills: Sage.
CAMACHO, Roberto Gomes. Sociolinguística. In: MUSSALIM E BENTES F. A. C. (Org.) Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2004.
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Referências
CASTILHO, A. T. de. Variação linguística, norma culta e ensino da língua materna. In: Subsídios à proposta curricular de língua portuguesa para o 1º e 2º graus – Coletânea de textos, vol. I. São Paulo, SEE-SP/ Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, 1988.
LABOV, W. The social motivation of a sound change. In: Sociolinguistic patterns.Philadelphia., University of Pensylvania Press, 1963.
______. The study of language in its social context. In:___.Sociolinguistic Patterns. 3. ed. Philadelphia: University of Pensylvania Press, 1975.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 4ªed. São Paulo: Cortez, 2003.
PRETI, D. Sociolinguística, os níveis de fala: um estudo do diálogo sociolinguístico na literatura brasileira. São Paulo: Edusp, 2003. 
 
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Linguística II
Marilda Franco de Moura
Atividade 8
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Atividade
1-Como nascem as gírias?
Neologismos - palavra criada na própria língua ou adaptada de outra. Palavra antiga tomada com sentido novo. 
Metaplasmos - Nome comum a todas as figuras que acrescentam, suprimem, permutam ou transpõem fonemas nas palavras.
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Metaplasmos
Bordões, jargões, refrões, chavões, clichês etc. 
Palavrões e calões. 
Ditados, ditos e expressões populares, frases feitas, frases de efeito. 
Modismos induzidos, especialmente na tevê, um bordão que vira modismo. 
Modismos tecnificados, uma frase, um slogan, uma palavra de ordem que vira modismo;
Regionalismo, caipirismo. 
Vícios de linguagem, barbarismos, solecismos. 
Palavras inventadas. 
Corruptelas ou corrutelas. 
Duplo significado. Na etimologia, uma coisa. Na gíria, outra. 
Inclusão ou supressão de letras e sílabas.
Preguiça de se pronunciar a palavra por inteiro. 
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2- (Enem/2003)
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: 
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE 
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A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: 
a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. 
b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. 
c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. 
d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase. 
e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase. X
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Não é possível identificar se a campanha é contra a violência do governo do Estado ou se é o governo do Estado que está promovendo uma campanha contra a violência. 
Correção - “Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase”.
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2- Todas as sentenças a seguir apresentam duplo sentido, exceto:
a) Maria pediu a Márcia para sair.
b) O advogado disse ao réu que suas palavras convenceriam o juiz.
c) Crianças que comem doce frequentemente têm cáries.
d) A mala foi encontrada perto do banco.
e) A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela. X
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