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[FEBRE AFTOSA] [Doenças vesiculares] Fonte: Paulo Henrique da Silva Barbosa - Medicina Veterinária - UFRRJ A Febre Aftosa tem grande importância na produção animal. É uma doença infecciosa viral aguda, altamente infecciosa, febril que apresenta aftas (lesões vesiculares) por isso faz parte do grupo das doenças vesiculares. Doença de evolução aguda (ou seja, período de incubação é curto de 2 a3 dias) e o período clínico é curto também. Etiologia RNA vírus Família Picornaviridae Gênero: Aphtovírus 7 Tipos: O, A, C, SAT1, SAT2, SAT3 (South African Territories), Asia1 Subtipos virais: Imunidade cruzada Através da identificação molecular dos vírus, sabe-se a partir de qual faz-se as vacinas, sabe-se a origem do foco. Não espera-se encontrar um vírus SAT ou Asia na América do Sul, por exemplo, e, se encontrar, sabe-se que pode ter entrado um alimento contaminado nos portos ou importou-se algum animal infectado. Resistência Preservado em temperatura de refrigeração e de congelamento; Progressivamente inativado a temperatura maior de 50ºC – Simples cozimento; Inativado em pH < 6 e >9. – Maturação. Após rigor mortis. O vírus, porém, persiste na medula óssea congelada por 5 a 7 semanas, por isso o comércio é feito em maior parte de carne desossada. Resiste no ambiente, no solo, com ausência de luz solar direta, de 2 a 5 semanas. Epidemiologia Doença altamente contagiosa; Mortalidade baixa (<5%), exceto animais jovens com baixa imunidade; Morbidade alta (em torno de 100%) Naturalmente: Biungulados (de casco fendido) domésticos e selvagens e ouriço; Fontes de Infecção Animais e alimentos contaminados. Portadores em incubação e convalescentes (Já tiveram a doença, estão em fase de cura clínica, o que não significa cura microbiológica). Vias de Eliminação Excreções e secreções: respiratórias, urina, fezes, leite, sêmen, etc. Transmissão Contato direto ou indireto com aerossóis, fômites contaminados, POA (carne e derivados com ph>6). Alimentos contaminados (carne) têm importância no carreamento do vírus para espécies como suínos, por exemplo, que se infectarão e passarão a doença para outros animais como os bovinos. Criações concomitantes. Patogenia Entrada do vírus por via oral que vai se replicar na orofaringe, faz pequena lesão vesicular na porta de entrada que não vemos e o animal mal sente por ser muito pequena. O vírus, na célula, produz tanta partícula viral que, na intenção se equilibrar o potencial osmótico interno junto com o externo, se tem muita proteína produzida na replicação viral dentro da célula, a água começa a entrar para igualar os meios, e a célula começa a inchar até que rompe e libera todo o conteúdo. O mesmo ocorre com células próximas, o que aumenta a lesão, até que chega na superfície do epitélio, rompendo e formando uma grande lesão ulcerativa, onde o conteúdo vai para o exterior. O vírus então ganha a circulação e faz a primeira viremia. Chega aos órgãos de replicação primária (fígado, baço e medula óssea). Aumentam a quantidade. Segunda viremia. Vão para os órgãos alvo (cavidade abomasal, coração, patas, úbere, tetos e rúmen). Sintomas: - Lesão vesicular - Salivação (devido às aftas) - Claudicação (Devido às lesões interdigitais) Acomete animais biungulados (casco fendido) suínos, bovinos, caprinos. Se houver uma doença vesicular que acometa equinos também então não é aftosa, pode ser estomatite pois essa acomete biungulados e solípedes (equinos), e a febre aftosa somente biungulados. Tem importância econômica pois causa prejuízos na produção pois os animais sentem dor devido às lesões na língua, focinho, entre os dígitos, etc. Então os animais deixam de se alimentar e, portanto, não engordam, não produzem leite, lã, etc. A queda na produção é muito grande. Os países no mundo estão trabalhando para erradicar a Febre Aftosa, no Brasil faltam poucos Estados, não chegando nem a 10% da população bovina do Brasil. É importante certificarmos nossa área coo livre da Aftosa, entre outros motivos, pelo fator do preço da tonelada da carne. Uma tonelada de carne de um País classificado como livre da Febre Aftosa chega a custar 30 – 50% mais caros que a mesma carne de Países que não têm essa classificação. No Brasil ocorre uma separação de áreas devido a sua grande extensão: Amazonas Roraima e Amapá – Zona Vermelha. Doença ainda não erradicada. Área livre com vacinação – Todo o resto menos SC Área livre sem vacinação – SC Estados Unidos, por exemplo, só exporta carne de Santa Catarina, não aceita de outros Estados. O vírus é mais persistente na medula óssea do que na própria carne dos produtos, por isso, a maior parte do produto exportado é carne desossada, onde a possibilidade de transmissão é muito menor. O animal cura-se clinicamente, mas passa a ser um portador assintomático e continua eliminando o agente. Quando se tem um foco de febre aftosa, marca-se um raio de 3km daquele foco onde os animais dentro desta área serão sacrificados e, a partir deste mesmo foco, marca-se um raio de 7km onde as propriedades dentro desta área serão todas visitadas para vigilância, saber se houve ou não a introdução do vírus. A vacina é trivalente, não se faz o reforço para a febre aftosa, onde o vírus é inativado. O período de validade de imunidade é de 6 meses. Tem Estado que se vacina todo o rebanho tanto em Maio quanto em Novembro. Tem Estados que nos dois primeiros anos de vida faz todo semestre e, passados dois anos, faz- se uma dose anual. Por exemplo: Maio vacina-se todos os animais, inclusive menor de dois anos. Todo o rebanho. Na segunda etapa, os adultos acima de dois anos não serão vacinados, só os menores de 2 anos. Por que isso? Acredita-se, principalmente pela característica do nosso processo produtivo de não ter mais circulação de Aftosa, pode-se deixar de vacinar o animal adulto que se tem uma imunidade de rebanho já bastante consolidada, tendo a proteção garantida apenas com uma vacinação ao ano. Nos Estados da Zona Vermelha, por exemplo, vacina-se todo o rebanho em todas as etapas da campanha porque não é uma área que tem a erradicação da doença. O vírus é bastante susceptível a mudança de pH da carne, o que acontece por exemplo no processo de putrefação. Deve-se ter cuidado no descarte das carcaças, pois os vírus permanecem na medula óssea. Devem ser enterradas, incineradas caso seja aprovada pelo Meio Ambiente. Normalmente são os suínos que começam os focos de febre aftosa através de uma carne crua, um osso que sobrou e dá-se como lavagem para os animais. Patogenia O vírus entra pelo epitélio, normalmente pela região orofaringe, então o vírus normalmente penetra por via aérea. Faz uma pequena replicação na porta de entrada. Invade a célula, produz quantidade gigantesca de partículas e sai rompendo a célula. Produz um processo de emaciação da célula e posterior rompimento. As células ao redor passam pelo mesmo processo e, com esse rompimento em camadas, observa-se então a formação de uma vesícula. O vírus ganha a circulação linfática, vai para os órgão de replicação primária como fígado, baço, medula óssea, infectam esses órgãos, produzem mais vírus e, em grande quantidade, ganham a circulação, fazendo então a segunda viremia. Esses vírus vão então em direção aos órgãos alvo como todo o epitélio nasal, oral, membrana interdigital, rodetes coronários, úbere e tetos. Internamento, pode-se observar crescimento do vírus nos pilares do rúmen, desenvolvendo lesões. Pode-se observar também lesões no miocárdio de bezerros, onde ocorre a substituição de tecido muscular por conjuntivo, “degeneração de zenker” , “cora ção tigrado” , váriasestrias no tecido cardíaco que é tecido conjuntivo, cicatricial. Por isso, uma porcentagem de bezerros infectados podem morrer por essa degeneração do tecido cardíaco. Lesões vesiculare Bolhas. Descolamento do epitélio e tecido subcutâneo à mostra, provocando dor, redução da ingestão de alimentos, dificuldade de locomoção, entre outros. Prevenção da Febre Aftosa Hoje temos no Brasil uma situação de vacinação obrigatória. Daqui há uns anos, se o Brasil for caracterizado como livre da Febre Aftosa, será obrigatória a vigilância, controle de trânsito, etc. Sorologia no rebanho para detctar a produção de anticorpos. Se os animais não são mais vacinados, não devem apresentar mais anticorpos e, se apresentarem, é porque tem circulação viral. Controle de trânsito, controle do foco, atendimento do foco. Tem a notificação, o serviço oficial vai até a propriedade, faz investigação epidemiológico, faz-se análise clínica dos animais (quem tá babando, quem tá mancando, vacinações, número de animais, idade, trânsito de animais), coleta de material. A propriedade, neste momento já está interditada. No dia seguinte começa- se a investigar propriedades seguintes. Esse material vai para o laboratório, se tiver tudo OK, em até 72h chega o resultado. Se der positivo para a febre aftosa, faz-se o sacrifício dos animais dentro da área focal. Devem ser enterrados. Faz-se então o processo de desinfecção, lavando curral, cercas, ordenhadeiras, áreas comuns. É feito o vazio sanitário, ou seja, ausência de animais susceptíveis naquela propriedade por um período pré estabelecido. O necessário para aquilo que a desinfecção não matou: temperatura, luz, condições atmosféricas, etc, consiga matar o restante dos agentes etiológicos. Introduz-se então animais sentinelas, que são animais que nunca foram vacinados para a febre aftosa, ou seja, totalmente susceptíveis, onde serão criados pelos próximos 30 dias. Faz coleta de sangue em 15 e 30 dias. As duas amostras não podem apresentar anticorpos pois os animais nunca foram vacinados. Se os resultados derem negativo, a propriedade está autorizada a fazer o repovoamento. Só que não recomenda-se por muitos animais de uma vez e sim que seja feito de maneira gradual. Se nesses dois exames, um deles der positivo (dia 15) repete-se todo o procedimento. A vacina da febre aftosa possui um marcador, existem testes específicos para identificar anticorpos gerados através de infecção e anticorpos gerados através de vacina. Através deste teste da pra se monitorar, portanto, se a vacinação contra a febre aftosa está sendo feita, além de monitorar se há ou não a circulação do vírus no local.
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