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DOMINAÇÃO BELGA E BRITANICA AFRICA 2

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UNIVERSIDADE Federal da Bahia
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Curso: Licenciatura em História 
Disciplina: História da África II
Docente: Prof.ª. Raiza Canuta 
Discente: Nadja Nayara de Oliveira Docio RM: 214120167
Sobre o autor
Michael Crowder nasceu em Londres e foi educado na Mill Hill School. Depois de obter um diploma de primeira categoria em Política, Filosofia e Economia (PPE) no Hertford College, Universidade de Oxford em 1957, retornou a Lagos (já havia sido recrutado para o Regimento de Nigéria em Lagos de 1953 a 1954 para o seu serviço nacional britânico) para se tornar o primeiro editor da revista Nigéria em 1959. Michael começou sua carreira como secretário no Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Ibadan . Em 1964, foi Professor Visitante em História Africana na Universidade da Califórnia, Berkeley e Diretor do Instituto de Estudos Africanos no Fourah Bay College, Universidade de Serra Leoa, em 1965.
Enquanto na Nigéria de 1968 a 1978 foi nomeado Professor de pesquisa e Diretor do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Ife . Posteriormente, ele se tornou Professor de História na Universidade Ahmadu Bello e, finalmente, como Professor de Pesquisa em História no Centro de Estudos Culturais da Universidade de Lagos na década de 1970. Ele trabalhou como editor da Revista britânica History Today depois de retornar a Londres em 1979. Ele também foi Visiting Fellow no Centro de Estudos Internacionais da LSE e Professor de História da Universidade de Botswana na década de 1980, enquanto trabalhava como um editor consultor até sua morte.
 A África sob domínio britânico e belga
A priori, é provavelmente difícil, quando não extravagante, aproximar os regimes coloniais britânico e belga na África, tamanha a diferença aparente em seus funcionamentos. Entre 1935 e 1945, a Grã‑ Bretanha controlava dezesseis territórios africanos, exceção feita da África do Sul e do Egito. A Bélgica controlava uma única e enorme colônia, o Congo, associada a um território bem diminuto, correspondente ao Ruanda‑Urundi (atuais Ruanda e Burundi), colocado sob o seu mandato. Diferentemente da França que estabelecera um sistema administrativo quase integralmente uniforme no conjunto das suas quatorze colônias da África tropical, a Grã‑Bretanha implantou diversos sistemas com vistas a administrar as suas dependências africanas. (p. 89)
Na Nigéria, a administração indireta, aplicada no Norte e no Sul do país, apresentava na prática sensíveis diferenças. A administração do Congo belga não tinha perfil mais uniforme se comparada àquela da Nigéria, pois era preciso considerar a diversidade de estruturas sociais existente no interior das suas fronteiras. A administração indireta, à moda belga, tampouco tinha o seu próprio espaço nas novas aglomerações urbanas, como Léopoldville (atual Kinshasa), centro administrativo e de pequenas indústrias, ou Élisabethville (atual Lubumbashi), cidade gerida por uma companhia mineira. (p. 90)
Os belgas não aplicavam menos administração direta no sistema, comparativamente ao que eles haviam implementado no Congo e no território sob mandato. Mudanças muito consideráveis foram desencadeadas pela grande crise econômica cujas ondas de choque se propagaram em toda a África a partir de 1933. A Segunda Guerra Mundial que seria, de diversas maneiras, uma experiência traumática, tanto para os governantes, quanto para os governados da África britânica e, com maior gravidade, da África belga. Após a conquista da Bélgica pelos nazistas, o Congo tornar‑ se‑ia Estado‑colônia independente. A abordagem da história da África britânica e belga, em 1935 e 1945, requer, de forma imprescindível, a renúncia à tentação em se estabelecer uma nítida distinção entre os sistemas administrativos das potências e entre as suas respectivas estratégias de exploração. (p.91)
Segunda Guerra Mundial, muito negligenciada no conjunto da historiografia da época colonial na África, começou recentemente a receber a sua devida atenção alguns especialistas sustentam que a Depressão estaria, tanto quanto a própria Guerra, na raiz das mudanças que conduziriam à “descolonização” e na base da rápida transferência do poder aos africanos, ocorrida nas colônias britânicas, belgas e francesas. As potências coloniais encontraram dificuldades em prover, aos seus sujeitos, as mercadorias necessárias, enquanto a crise solapava sua confiança na missão imperial. O que a Segunda Guerra Mundial acrescentaria não seria tanto a iniciativa por reformas, mas o impulso necessário a reformas já previstas ou iniciadas. (p.92)
A Depressão alimentara um crescente descontentamento popular em relação ao poder colonial, insatisfação esta, traduzida em numerosas regiões por agitação, levantes e manifestações. Nas colônias povoadas por brancos, como a Rodésia do Sul, os imigrantes europeus eram considerados os principais atores na exploração dos recursos, os africanos, por sua vez, eram os seus funcionários neste processo. (p.93)
Tal como na África do Sul, as zonas habitadas pelos europeus e pelos africanos eram estritamente delimitadas pelo Land Apportionment Act. Atribuía‑ se pouca importância ao estatuto tradicional dos chefes e, na prática, os africanos viviam sob um sistema administrativo direto no qual os chefes eram os soldados rasos da administração, com poderes restritos e uma pequena margem de iniciativa.
Na Rodésia do Norte, os colonos brancos eram bem menos numerosos que na Rodésia do Sul e detinham uma fração consideravelmente menor das terras. Os brancos possuíam importantes empresas mineradoras cujos interesses não coincidiam sempre com aqueles dos agricultores brancos. No plano político, os colonos brancos eram bem menos influentes que na Rodésia do Sul, seus pontos de apoio se limitavam à linha da estrada de ferro e às terras dos agricultores brancos. os africanos haviam sido espoliados da maior parte das melhores terras, em proveito de colonos brancos, simultaneamente beneficiados com duvidosas concessões outorgadas por precedentes soberanos suázi e por uma legislação, não menos duvidosa, editada pelos primeiros administradores britânicos. (p. 94)
Entre estes dois tipos de colônia aquelas onde o europeu era o principal agente da exploração e aquelas nas quais este papel fora devolvido ao africano, haviam colônias, outras, cujos recursos agrícolas e minerais eram explorados por sociedades comerciais, maiores ou menores, dirigentes dos assuntos cotidianos da vida dos africanos por elas empregados, assim como daqueles das suas famílias. (p. 97)
O sistema belga diferia do indirect rule britânico, em função do pouco respeito nele acordado à tradição, quando se tratava, quer da designação dos chefes, quer da reestruturação das estruturas pré‑coloniais dos organismos do executivo. Os britânicos, confrontados populações insubmissas diante de uma autoridade central, teriam criado com toda semelhança Warrant Chiefs [chefes designados], substituídos em razão da sua impopularidade, nos anos 30, por conselhos à imagem, tanto quanto possível, do sistema de decisões “tradicional” do grupo em questão.
O sistema belga se distanciava radicalmente do francês, como por exemplo no âmbito financeiro através da criação de caixas locais autóctones à moda britânica, mesmo aqui, o direito de controle, pelo chefe, sobre a alocação dos créditos era muito inferior, comparativamente àquele desfrutado pelo seu homólogo nigeriano.
No que tange às concessões de plantações ou de minas a existência do trabalhador africano era regida pela empresa que o tivesse empregado. As dificuldades encontradas no recrutamento e, em seguida, na formação de bons trabalhadores haviam conduzido a União Mineira a fazer tudo ao seu alcance para conservar a sua mão de obra. (p. 98)
Foi conduzida uma política empresarial paternalista, motivo de reputação do Congo: oferecia‑se aos operários contratos de duração trienal, encorajando‑ os a levar consigo as suas mulheres e as suas crianças; eles eramalojados e bem alimentados; serviços médicos lhes eram assegurados assim como às pessoas deles dependentes; a carga horária de trabalho não ultrapassava oito ou nove horas por dia e o operário tinha direito a quatro dias de descanso por mês. Viviam em uma “vila de trabalhadores”, colocada sob a responsabilidade de um encarregado local, nomeado pela empresa e habilitado a resolver as desavenças locais ou receber as reclamações dos seus administrados. A direção da União Mineira buscava conservar um “domínio completo sobre a vida dos seus empregados, visando aumentar a produção cobre” e, deste modo, criar aquilo descrito por Bruce Ferrer como uma “instituição opressora total. (p. 99)
Os dirigentes africanos, tanto “tradicionais” quanto “modernos” − frequentemente uma única e mesma pessoa − foram muito cedo politizados, em razão da sua determinação em repelir a ameaça de incorporação a uma União por eles odiada.
Não havia nada em comum entre a maneira belga e o modo britânico de administrar os mandatos, e tampouco entre as diferentes formas através das quais a própria Grã‑Bretanha administrava os seus mandatos no Togo, em Camarões e no Tanganyika. Todavia e em termos práticos, aos Governos britânico e belga não se lhes obrigava, por assim dizer, a prestar contas à organização internacional, em respeito ao cumprimento das suas tarefas. os belgas eram mais respeitosos, no Ruanda‑Urundi, em relação às estruturas “tradicionais”, se cotejarmos esta postura com a sua atitude no Congo; no Tanganyika, os britânicos haviam claramente declarado que este território da África oriental, colônia de povoamento à época da administração alemã, futuramente veria o cuidado com o seu desenvolvimento ser confiado aos africanos e não aos europeus imigrados. (pp.100 /101)
Independentemente das diferenças que pudessem existir entre as modalidades administrativas sob as quais viviam os africanos e as suas diversas incidências na vida cotidiana, três eventos do período considerado marcariam senhores e sujeitos, tanto na África britânica quanto na África belga: a Depressão Econômica, a “Crise Abissínia”22 e a Segunda Guerra Mundial.(p. 101)
A crise expunha a falência da política colonial, como constatado por ao menos alguns de seus responsáveis, os quais, como sir Philip Mitchell, governador da Uganda de 1935 a 1940, não eram atingidos pela miopia que parece ter afetado, desde então, a visão dos exegetas da obra colonial. enquanto ganhavam vigor os protestos manifestos contra a conduta de um regime colonial agravado pela crise, críticas da mesma ordem se faziam ecoar na metrópole, não somente na imprensa e no Parlamento mas, nos próprios corredores do Colonial Office. (p. 109)
Os territórios belgas e britânicos praticamente não haviam mantido relações durante os anos de crise. Os destinos destes dois conjuntos seriam chamados a se entrecruzar durante a Segunda Guerra Mundial, pois a Grã‑ Bretanha e a Bélgica encontrar‑ se‑ iam diante do mesmo inimigo comum: a Alemanha.
Congo belga funcionava como um Estado‑ colônia efetivamente independente da administração ou da política econômica e sobre o qual o governo belga, exilado em Londres, não exercia senão um relativamente limitado controle, mesmo sendo responsável por 85% do seu financiamento. A Grã‑Bretanha tendo mantido a integridade do seu território, conservava as suas dependências coloniais sob um controle, evidentemente, tão estrito quanto em tempos de paz. Suas colônias africanas que forneciam tropas e carregadores ao seu exército e aprovisionavam as suas usinas em produtos agrícolas e minerais. A perda da principal fonte de abastecimento em estanho, látex e produtos derivados da palmeira transformara o Congo belga e as dependências britânicas da África em novos fornecedores destas matérias‑ primas, absolutamente vitais para o esforço de guerra anglo‑ americano. (p.110)
Em suas colônias, belgas e britânicos efetuaram a mobilização da população africana segundo diferentes modalidades, desenvolvidas com base em concepções incomparáveis entre si.
Os belgas, não projetando para os africanos instruídos nenhum futuro político relativamente à gestão do Estado colonial, não apresentariam nenhum constrangimento ao não fazer distinção entre suscitar e exigir apoio.
Nas colônias britânicas, inclusive naquelas dominadas pelos brancos, tal qual na Rodésia do Norte54, fora penoso persuadir os africanos a participarem do esforço de guerra, apresentando‑se como voluntários ao serviço militar, aumentando a produção ou, ainda, depositando a sua contribuição nas caixas de guerra, tudo em troca da promessa de uma melhoria, ao final da guerra, na sua situação econômica, social e política. (p. 114)
Nos anos do imediato pós-guerra, o Congo desempenhara em relação à recuperação da Bélgica um papel tão essencial quanto outrora, fornecendo aos Aliados alguns ingredientes à sua vitória. (p.115)
O impacto da guerra sobre as dependências africanas da Grã-Bretanha fora muito diferente. Embora os agricultores africanos não gozassem de todos os benefícios alcançados com a elevação das cotações dos produtos no mercado mundial e, em certos casos, sequer os percebessem, ser‑ lhes‑ ia necessário pagar mais caro pelas mercadorias importadas cuja oferta se encontrava reduzida em razão das dificuldades no âmbito do transporte marítimo. Surgiria uma inflação de incidência indistinta sobre trabalhadores rurais e urbanos. 
Neste contexto, agravado pela inflação, tal proletariado encontrar‑se‑ ia maduro para a ação política e reivindicatória. Numerosas greves foram desencadeadas em apoio a reivindicações salariais durante a guerra na África britânica. (p.117)
A Grande Crise Econômica e a Segunda Guerra Mundial haviam exercido uma forte influência, tanto sobre a atitude dos colonizados quanto sobre aquelas dos colonizadores. A Depressão e a Segunda Guerra Mundial reforçariam, cada qual a sua maneira, a percepção pelas elites das injustiças do sistema colonial, especialmente quanto à sua participação no sistema, antes bloqueada e em seguida facilitada por estes acontecimentos. (p.120/121)
Estes eventos históricos apuraram o entendimento do campesinato e do nascente proletariado no que tange ao Estado colonial. Quando tomaram consciência da realidade destas mudanças, os britânicos estavam preparados e adaptados a elas, no que diz respeito aos belgas, esta preparação não ocorrera e as consequências desta inadequação mostrar‑se‑iam catastróficas.
Referência: 
CROWDER, Michael. A África sob o domínio britânico e belga. In: MAZRUI & WONDJI. Op. Cit.,2010. p. 89-121.

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