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MÉTODO CIENTÍFICO RONALDO MOTA gestão de RH

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Método Científico
1
8 • capítulo 1
1.1 Origens da Ciência e contribuições da 
Grécia Antiga
1.1.1 Sociedades primitivas
Acredita-se que os primeiros hominídeos tenham surgido na Terra há qua-
tro milhões de anos. Por sua vez, a nossa espécie, o homo sapiens, há cerca de 
duzentos mil anos (figura 1.1a.). As sociedades primitivas organizavam-se de 
tal maneira a garantir o consumo necessário e suficiente à sobrevivência do 
grupo (figura 1.1b). A vida era regulada também pelo rito mágico, associado às 
primeiras interpretações do homem para os fenômenos naturais.
 
Figura 1.1 – a) Representação do Homo Sapiens http://www.culturamix.com/cultura/curio-
sidades/a-especie-homo-sapiens b) Representação da sociedade primitiva http://www.his-
toria.templodeapolo.net c) Fragmento de ferramenta de osso usada para polimento de peles 
e couros por Neandertais tem apenas alguns centímetros de comprimento http://g1.globo.
com/ciencia-e-saude/noticia/2013/08/estudo-ve-indicios-mais-antigos-de-utensilios-de
-ossos-dos-neandertais.html 
O misticismo e a organização social das tarefas entre os membros desses agrupamen-
tos marcaram as primeiras evoluções desses grupos sociais ao longo dos primeiros 
milênios do aparecimento de nossa espécie na face do planeta. Os primeiros agru-
pamentos sociais praticavam uma economia marcada pela sobrevivência simples e o 
homem dessa época, temeroso das manifestações do mundo natural, caracterizava-se 
por enxergar os fenômenos naturais com espanto e os atribuía a seres mitológicos 
envoltos em indecifráveis mistérios (DE MEIS, 1967).
capítulo 1 • 9
O desenvolvimento de técnicas e a melhor utilização de utensílios marca-
ram esse processo evolutivo (figura 1.1c), transformando as sociedades de eco-
nomia de subsistência em direção ao surgimento dos primeiros agrupamentos 
diferenciados, nos quais a produção ultrapassava as necessidades imediatas do 
grupo, ou seja, geravam, pela primeira vez, excedentes além de suas capacida-
des naturais de consumo (ANDERY, 1999).
1.1.2 A Grécia Antiga
A Grécia Antiga é o lugar, ao menos sob a ética do desenvolvimento do mundo 
ocidental, onde os historiadores melhor localizam a ocorrência de sociedades 
organizadas em função dos excedentes produzidos (figura 1.2). O desenvolvi-
mento da produção mercantil associado ao escravismo, auxiliados pela melhor 
utilização de técnicas e utensílios para subjugar outros agrupamentos, são as-
pectos fundamentais para compreender aquela civilização no período que vai 
do século XII século ao II a.C. (KOYRE, 1922).
Figura 1.2 – Representação da Sociedade da Grécia Antiga. Disponível em – http://www.
historiadomundo.com.br/grega/governo-grego.htm
Na esteira de tal dinâmica ocorrida na Grécia Antiga têm origem os primei-
ros momentos em que tentativas racionais de interpretação dos fenômenos 
naturais são estabelecidas. Ou seja, surgem os primeiros pensamentos que dis-
pensavam interpretações mediadas necessariamente pelo divino e pelo sobre-
natural (figura 1.3). 
10 • capítulo 1
 
Figura 1.3 – Desenhos de deuses da Grécia Antiga. a) Dioniso e sátiros. Interior de um vaso 
com figuras vermelhas, 480 a.C. b) Hércules e Atena. Cerâmica grega antiga, 480–470 a.C. 
http://amanecemetropolis.net/el-aprendiz-del-drama/
Substitui-se uma relação de espanto com a natureza por uma tentativa embrionária 
de explicar racionalmente o mundo à sua volta, em contraposição às interpretações 
míticas de seus predecessores (MOTA, 1997).
A diferença essencial é que, ao contrário da narrativa baseada no mito e na 
crença, essa nova postura permite ser questionada, criticada e analisada. O con-
flito, portanto, entre o conhecimento mítico e racional marcam um momento 
crucial do processo de evolução do homem. 
Evoluções similares também ocorreram no mundo oriental, sem nenhum, ou muito pou-
co, contato com esses agrupamentos. Posteriormente, intercâmbios serão estabele-
cidos, mas cujas contribuições, ao menos por enquanto, não foram tão relevantes na 
história inicial do surgimento do pensamento racional no mundo ocidental.
Nesse período da Grécia Antiga, marcado pelo surgimento do pensamen-
to racional baseado no método, o qual era centrado na observação e na lógica, 
em oposição às abordagens míticas, podemos destacar os seguintes períodos 
distintos de sua história: período homérico (séculos XII-VIII a.C.) e helenístico 
(séculos III-II a.C.), conforme abordaremos, a seguir, com suas características 
próprias.
capítulo 1 • 11
1.1.3 O período homérico
As bases da civilização grega desenvolveram-se no período homérico, entre os sé-
culos XII e VIII a.C., na região continental do Peloponeso e nas ilhas do Mar Egeu 
(figura 1.4) . As suas origens, no entanto, remontam ao século XX a.C. na civilização 
micênica, centralizada na figura do rei, estruturada na servidão coletiva e com eco-
nomia baseada na agricultura, artesanato e na utilização do bronze. Nesse período, 
desenvolveu-se a escrita, ainda que puramente para controle palaciano.
CRETA
ILHAS CICLADES
ILHAS 
JÔNICAS
PELOPONESO
GRÉCIA CENTRAL
THESSÁLIAÉPIRUS
THRACE
KAVALA
ALEXANDROPOULIS
THESSALONIKI
IOANNINA
IGOUMENITSA
LARISSA
VOLOS
TURQUIA
BULGÁRIA
SKOPIA
(EX-IUGOSLÁVIA))
ALBÂNIA
MACEDÔNIA
ILHAS DO NORDESTE DO EGEU
TURQUIA
OLYMPIA
KALAMATA DODECANESO
ÉVIA
PIREUS
SOUNIO
KORINTHOS
HALKIDA
ATENAS
ILHAS
SPORADES
ILHAS DO GOLFO 
ARGO-SARÔNICO
E PELOPONESO
NAFPLIO
Figura 1.4 – Mapa da Grécia Antiga http://lorraynneaudrey90.xpg.uol.com.br/geografia.html 
Em torno de 1200 a.C. a invasão dos Dórios pôs fim à civilização micêni-
ca, introduziu o uso do ferro, o que implicou no aprimoramento das armas de 
guerra, e substituiu a realeza pela aristocracia. As decisões que eram exclusiva-
mente palacianas foram para as praças públicas (ágoras), compartilhadas por 
todos os cidadãos, o que não queria dizer escravos.
Com os Dórios, as forças produtivas tiveram um significativo avanço, com 
aumento na produção de cereais, óleo, vinha, horticultura, pastoreio e artesa-
nato (tecelagem, fiação, trabalhos em metal, cerâmica etc.). Da mesma forma, 
iniciaram-se as cidades (polis) com uma diversidade social mais complexa en-
volvendo, além da aristocracia e dos escravos, os artesãos, trabalhadores libe-
rais, pequenos proprietários e militares.
12 • capítulo 1
No século IX a.C. reaparece a escrita, desaparecida desde a civilização mi-
cênica, agora com nova função, muito mais pública do que aquela dos tempos 
da realeza. 
As obras de Homero (Ilíada e Odisseia) constituem, sem dúvida, o que de mais impor-
tante foi escrito nesse período. Ilíada versa sobre o período de lutas (guerra de Troia) 
e acerca de heróis de guerra. Por sua vez, a Odisseia refere-se a um período de paz, 
retratando relações familiares e a vida doméstica.
Na obra de Homero, a relação homem-deuses é um tema recorrente, valo-
rizando o homem à medida que humaniza os deuses, os quais tinham formas 
e sentimentos humanos. Na mesma proporção que o homem aproxima-se dos 
deuses, e vice-versa, nessas obras permite-se a busca da compreensão dos fenô-
menos do Universo de uma forma mais humana e menos divinizada, portanto, 
gradativamente mais racional e menos mágica.
1.1.4 O período arcaico
O próximo período (arcaico, nos séculos VII e VI a.C.) caracteriza-se pelo estabe-
lecimento definitivo das cidades-estados, um aprimoramento das polis do perí-
odo anterior. As polis (figura 1.5) compreendiam as cidades e suas redondezas 
mais próximas, sendo unidades econômicas, políticas e culturais independentes 
entre si. Nesse período intensifica-se o comércio, surgem as moedas utilizadas 
nas trocasde mercadorias e que representavam os símbolos das polis respecti-
vas. Ocorre também um aumento da utilização do trabalho escravo, permitindo 
aos cidadãos da aristocracia liberação quase total dos trabalhos manuais.
Figura 1.5 – Polis Grega http://www.mundoeducacao.com/historiageral/grecia-antiga.htm
capítulo 1 • 13
O período arcaico se por um lado aprofunda o conceito de democracia, por 
outro distancia ainda mais os cidadãos dos não cidadãos, definindo um incre-
mento da prática da cidadania nas decisões, desde que garantida a exclusão de 
setores não participantes.
Nesse período, fruto da liberação dos trabalhos manuais e da capacidade 
crescente do pensamento abstrato, alguns pensadores marcam o período com 
a produção de concepções complexas e profundas. Os mais importantes são 
Tales, Anaximandro, Anaxímenes (escola de Mileto), Pitágoras, Parmênides, 
Heráclito e Demócrito (BORNHEIM 1967).
Tales (625-548 a.C.) introduziu a matemática na Grécia com conhecimentos possivel-
mente adquiridos, em parte, de desenvolvimentos anteriores dos egípcios. Destaque-se 
também o papel de Anaximandro (610-547 a.C.) na elaboração pioneira de um mapa 
do mundo. Esses pensadores estavam rompendo com a abordagem mítica e estabe-
lecendo as bases do pensamento racional. Além disso, a natureza e os fenômenos 
naturais eram os temas centrais de suas investigações.
Pitágoras (580-497 a.C.), contribuindo com a noção de número, a visão de harmonia 
por intermédio da música, e a concepção da alma. Na matemática, sua grande contri-
buição foi o teorema de Pitágoras. Heráclito (540-470 a.C.) atribuía ao fogo um papel 
primordial, aquele que tudo transforma e para o qual tudo é transformado. A ideia da 
constante transformação (as coisas quentes esfriam e as coisas frias esquentam) e da 
tensão entre opostos marcam a essência de seus pensamentos.
1.1.5 O período clássico
No próximo período (clássico, nos séculos V e VI a.C.), uma cidade-estado di-
ferencia-se das demais de forma significativa (figura 1.6). Na polis de Atenas a 
democracia grega consolida-se na sua plenitude, na mesma medida em que se 
consolida o desprezo pelo trabalho manual e a maturidade dos pensamentos 
de seus filósofos.
14 • capítulo 1
Figura 1.6 – Representações da Polis de Athenas 
Além dos escravos e da aristocracia, há um grande contingente de estrangei-
ros obrigando um refinamento do conceito de cidadão e de cidadania. Aumenta 
o fluxo de troca de produtos na economia, exportando vinho, azeite e cerâmica 
e importando alimentos, matérias-primas e escravos. Atenas vivia também da 
cobrança pela proteção militar de cidades próximas.
Esse período, apogeu econômico e político de Atenas, foi também um perío-
do de muitas guerras (contra Esparta, entre outras), de grandes conflitos inter-
nos e com existência de partidos políticos antagônicos.
A preocupação com a produção e a transmissão dos conhecimentos fez sur-
gir homens cujo papel era prover aos filhos dos cidadãos com posses uma edu-
cação refinada e adequada ao sucesso na vida pública e privada. São os sofistas, 
profissionais pagos para, por meio da filosofia, prover a educação necessária ao 
cumprimento de seus objetivos propostos. A medida do potencial de sucesso 
de um homem era, segundo os sofistas, a sua capacidade de convencer outros 
por meio tão somente da força de seus argumentos.
O período clássico é muito rico de importantes pensadores, mas certamen-
te três filósofos marcam esse período de uma forma singular. São eles, em or-
dem cronológica, Sócrates, Platão e Aristóteles.
capítulo 1 • 15
Sócrates (469-399 a.C.), embora educado pelos sofistas, por eles desenvolveu uma 
grande aversão. Sua discordância incluía a defesa de valores de virtudes permanentes 
contra o relativismo, assim como seu pavor pelas convenções de comportamento e modos 
de vestir defendidos pelos sofistas. Nada tendo escrito, até mesmo porque acreditava que 
o autoconhecimento deveria ser fruto do diálogo permanente e sem ocupar as mãos, o 
que dele sabemos é por meio de seus discípulos. Era central no seu pensamento a neces-
sidade do homem primeiro reconhecer a sua própria ignorância, para, por meio do diálogo 
e da ironia, descobrir em sua alma o conhecimento. Assim, a sabedoria estava na desco-
berta do conhecimento pelo homem em si mesmo. Segundo Sócrates, o bem e a virtude 
eram conceitos e valores universais, imutáveis e permanentes.
Aristóteles (384-322 a.C.) não foi contemporâneo de Sócrates, ainda que infuenciado 
por ele, nasceu quando Platão já tinha 42 anos e estudou na Academia convivendo com 
ele por um período (Aristóteles tinha 36 anos na morte de Platão). Aristóteles, ao con-
trário de Sócrates e Platão, não é de Atenas, ele era originário do norte da Grécia, região 
sob domínio macedônico, onde seu pai era médico de Felipe II, imperador da Macedônia. 
Inicialmente, assumiu as teorias de Platão para depois rejeitá-las, fundando sua própria 
escola denominada Liceu.
O fim do período clássico marca a oposição Aristóteles-Platão em termos da 
visão do homem enquanto animal racional e mortal contraposto a alma imor-
tal presa no corpo mortal. Ocorre também a queda de Atenas, invadida pelos 
macedônicos, patrícios de Aristóteles, que saem vitoriosos e unificam a Grécia, 
preparando o próximo período denominado helenístico. Nesse novo império 
a vasta obra de Aristóteles, que incluía astronomia, física, biologia, botânica, 
política e, particularmente, sua especial preocupação com o método serão refe-
rências básicas que influenciarão além dos limites do próprio império.
1.1.6 O período helenístico
No período helenístico (séculos III e II a.C.) o império macedônico centraliza-se 
no Monarca, primeiro Felipe II e depois seu filho Alexandre. Descaracteriza-se 
a polis grega, cujas disputas internas tinham sido um dos motivos da queda de 
Atenas, gerando espaço para a unificação grega necessária para enfrentar os 
16 • capítulo 1
persas. O império expande-se muito durante Alexandre, porém, com sua morte, 
a disputa entre seus generais divide o império em três reinos em luta. O general 
Ptolomeu controlava Egito, Arábia e Palestina, o general Antígono garantia o 
controle de Grécia e Macedônia, e o general Seleuco tinha o controle da Síria, 
Mesopotâmia e Ásia Menor.
Como é possível observar, da dimensão geográfica do Império Grego deu-
se origem, nesse período, a uma significativa fusão da cultura grega com o co-
nhecimento oriental. Em particular, o Museu de Alexandria transformou-se no 
mais importante centro de pesquisa daquela época. Os reis egípcios participa-
ram ativamente desse empreendimento, mesmo porque eles consideravam os 
avanços no conhecimento científico, na medicina e na literatura como parte 
do tesouro real. Assim, pela primeira vez na história do homem, foi criada uma 
instituição de caráter científico organizada e financiada pelo Estado (lembre-
mos que a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles eram de cunho privado). 
O Museu tinha uma ênfase em investigação da natureza e contava com labora-
tórios de pesquisa, jardim botânico, zoológico, salas de dissecação, observató-
rio astronômico e uma grande biblioteca.
Figura 1.7 – Biblioteca de Alexandria. http://www.fisica-interessante.com/aula-historia-e
-epistemologia-da-ciencia-5-historia-da-epistemologia-3.html
capítulo 1 • 17
Figura 1.8 – Movimento na Biblioteca de Alexandria. http://caosnosistema.com/wp-content/ 
 uploads/2013/06/biblioteca-din-Alexandria-acervo.jpg
Em outubro de 2002, o Egito reinaugurou a Biblioteca de Alexandria. Para 
tentar compensar os 500 mil rolos de pergaminho queimados no século IV, o 
novo imóvel tem um arquivo que inclui 10 bilhões de páginas da internet, com-pilados desde 1996 (consultas disponíveis no site www.bibalex.gov.eg).
Foi no Museu que Euclides, na primeira metade do século III a.C., apresen-
tou uma síntese de todo o conhecimento matemático produzido pelo homem 
até então. Igualmente, Arquimedes determinou o número π, dando início ao 
cálculo infinitesimal, além de propor os fundamentos da mecânica (movimen-
to uniforme e circular) e as bases da hidrostática (conceito de empuxo).
A astronomia também teve um grande impulso, em particular a proposi-
ção sistematizada do sistema geocêntrico, proposto por Ptolomeu. Antes dele, 
também no Museu, Aristarco de Samos havia proposto originalmente o sistema 
heliocêntrico, pouco compreendido por contrariar a visão aristotélica adotada 
como base do pensamento.
Depois de seu apogeu, o Museu entra em decadência com a perda do finan-
ciamento do Estado, tendo, no entanto, papel fundamental na história poste-
rior, muito especialmente na segunda parte da Idade Média, a partir do século 
XI, quando Aristóteles e todo o conhecimento acumulado é repassado de volta 
para a Europa, seja aquele produzido na Grécia Antiga assim como aquele ali 
produzido e hibridizado com técnicas e pensamentos orientais.
18 • capítulo 1
No ano de 305 a.C Ptolomeu I Sóter foi proclamado faraó e se tornou um líder que 
acolhia os sábios do mundo inteiro de braços abertos. Demétrio de Falero, líder de 
Atenas, obrigado a se exilar na cidade de Ptolomeu I devido às guerras. Os dois com-
partilhavam dos mesmos ideais e se tornaram grandes amigos. Com isso, decidiram 
colocar em prática um projeto cuja intenção era reunir e classificar todos os tipos de 
conhecimento registrados em rolos de papiro ao redor do mundo, fazendo de Alexandria 
a capital do conhecimento. 
Iniciou-se, então, a construção do magnífico Templo das Musas [museu] com dezenas 
de salas de investigação e leitura, zoológicos, diversas hortas e jardins, laboratórios 
para dissecações, observatório astronômico e a imponente Biblioteca de Alexandria.
Sabendo que para tornar Alexandria o centro do conhecimento mundial, precisava reu-
nir os intelectuais, o faraó começou a oferecer moradia, dinheiro e alimentação para 
que estudassem no museu em troca da dedicação integral à busca pelo conhecimento. 
O sucesso foi tanto que tiveram que ampliar e o Templo de Serápis foi erguido.
Em 391 d.C., o patriarca Teófilo I destruiu a Biblioteca sob as ordens do Imperador 
Teodósio, que havia unido Roma ao Cristianismo e passou a perseguir os pagãos e 
outras religiões.
Infelizmente o medo dos governantes e sacerdotes frente ao conhecimento que vinha 
sendo desenvolvido destruiu o que, segundo Carl Sagan, foi, em seus tempos, a glória e 
o cérebro da mais importante cidade do planeta, o primeiro instituto de investigação da 
história do mundo.
Figura 1.9 – Museu de Alexandria. http://caosnosistema.com/wp-content/uploads/ 
2013/06/biblioteca-alexandria.jpg
capítulo 1 • 19
1.2 Pensamentos da Idade Média e da 
Renascença e o surgimento do Método 
Científico
1.2.1 Final do Império Romano e início da Idade Média
O Império Romano (séculos l a.C. a século V d.C.) que seguiu-se à queda do Im-
pério Grego e Macedônico teve muitas contribuições no campo da retórica, de 
estruturas urbanizadas, aquedutos e técnicas de guerra, mas que não foram tão 
fundamentais na compreensão histórica e no desenvolvimento do tema espe-
cífico que estamos tratando. Na verdade, o uso do latim pelos romanos consti-
tuiu-se em um elemento a mais para dificultar a utilização plena do conheci-
mento produzido em grego até então.
Assim, abordaremos o período Medieval, no qual, ao seu final, se estabele-
cerão as bases do início da ciência moderna, a partir da redescoberta de antigos 
pensadores da Grécia Antiga via, simbolicamente, aquele conhecimento guar-
dado no Museu de Alexandria. 
O final do Império Romano (séculos IV e V) está associado à aceleração da 
destruição do modo de produção escravista, o qual tornara-se dispendioso, 
gerando o empobrecimento dos pequenos proprietários. Além disso, revoltas 
contra os altos impostos, invasões dos bárbaros do norte, que somados aos in-
teresses de grandes proprietários em busca de maior autonomia, levaram ao 
fim de Roma e dos demais centros urbanos da época.
As novas relações a partir dos séculos V e VI são centradas na figura do se-
nhor feudal (grande latifundiário) e nos servos da gleba (arrendatários, peque-
nos agricultores, mas não escravos). A prestação de serviços (jovens campo-
neses no corpo de guarda do senhor feudal e a prática do maritagium para as 
jovens) e pequenos excedentes agrícolas eram as formas de pagamento usuais 
dos servos ao senhor em troca pela proteção dentro dos limites da gleba. A vida 
no feudo caracterizava-se pela autossuficiência, produção agrícola e criação de 
animais de pequena monta e pequena indústria caseira (MONTEIRO, 1986).
Após a queda do Império Romano no século V, a Igreja de Roma é o centro 
da cristandade ocidental e divide com os senhores feudais o controle de boa 
parte da Europa. A Igreja terá do século V até o século XII um quase monopólio 
do saber, inclusive da leitura e da escrita, exercida via o controle do sistema 
educacional.
20 • capítulo 1
1.2.2 Alta e Baixa Idade Média
O período da Idade Média está compreendido entre os séculos V ao XV. Adota-
se como marco referencial para o início da Idade Média o período que se segue 
à divisão do Império Romano (oriente e ocidente) em 395 e como final a tomada 
de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453. Não se pode enxergar a Ida-
de Média como um período homogêneo, dado que conviveram civilizações com 
organizações políticas e sociais muito diferentes, mesmo assim esse período 
tem características bastante marcantes.
Entre seu início (século V) até os séculos XI e XII é correto afirmar ter sido 
um período em que quase nada aconteceu na dinâmica da história como um 
todo na Europa, sendo denominada de Alta ldade Média. Claramente houve ex-
ceções em centros mais dinâmicos pontuais, como Granada, na Espanha. Em 
geral, nada acontecia e era muito comum alguém viver sem ter circulado além 
de poucos quilômetros do lugar em que nasceu. Gerações se passaram sem que 
transformações sociais e econômicas significativas ocorressem. Tal visão, no 
entanto, deixa de ser verdadeira na Baixa Idade Média (séculos XI ao XV), em 
que, ao contrário da fase anterior, um período de acentuada dinâmica ocorreu 
(GIORDANI, I983).
Os séculos XI e XII são marcados por incremento da interação dos povoados 
com mercadores árabes do Mediterrâneo. Resultante dessas interações, um 
conjunto de inovações técnicas foram incorporadas gradativamente à produ-
ção agrícola e artesanal. Podemos destacar as técnicas agrícolas adotadas nas 
margens dos rios Nilo, assim como nos rios Tigre e Eufrates. A adoção de cur-
vas de nível, plantação em rodízio, correções do solo, utilização de quedas da 
água, utilização da charrua e do cavalo em substituição ao arado puxado por boi 
ou gente, a correta encilhagem do cavalo, permitindo uma tração muito maior 
(preso no corpo e não na cabeça, como anteriormente). Além disso, a utilização 
da força hidráulica, a moagem de grãos por moinhos de vento, o crescimento 
da atividade têxtil via o aperfeiçoamento do tear, ajudados pelo transporte de 
mercadorias via o aperfeiçoamento náutico (leme de popa e mastro na proa), a 
utilização da bússola, a fundição do ferro, a introdução do papel, o surgimen-
to posterior da imprensa, o conhecimento da pólvora e do canhão, tudo isso 
foram elementos fundamentais que geraram a chamada revolução verde na 
Europa (MOTA, 1991). Ou seja, uma explosão, um crescimento sem preceden-
tes da produção agrícola, gerando uma quantidade muitoacima da capacidade 
capítulo 1 • 21
local de consumo, fazendo com que o intercâmbio de produtos constituísse 
um novo fenômeno que alteraria as relações sociais e econômicas de toda uma 
região, espalhando-se a partir da Península Ibérica em direção ao centro da 
Europa (FRANCO, 1986).
Figura 1.10 – Técnicas agrícolas. http://schafergabriel.blogspot.com.br/2015/02/o-feudalismo.
html
Além disso, fruto dessas novidades e geração inédita de riquezas, entre os sé-
culos XI e XIII, surgem grandes empreendimentos em toda a Europa, tais como 
construções das grandes catedrais e o surgimento das primeiras universidades.
Figura 1.11 – Catedral de Notre Dame, Paris, Trança. Início da construção–1163
22 • capítulo 1
Figura 1.12 – Universidades de Paris (França), de Oxford (Inglaterra) e de Cambridge 
(Inglaterra). http://www.brasilescola.com/historia/universidades-na-idade-media.htm. 
http://www.telegraph.co.uk/education/universityeducation/8674265/Trinity-College-
Cambridge-A-talent-for-nurturing-the-life-of-the-mind.html
1.2.3 Transição do feudalismo para o capitalismo
A decadência do regime feudal, movida pelo crescimento do comércio, a neces-
sidade de maior controle das rotas comerciais e o ambiente urbano atraente, 
gerando um abandono de servos em direção às cidades, acabam por resultar 
nas condições apropriadas para o florescimento das monarquias absolutas eu-
ropeias. A partir do século XV, novas rotas no Atlântico substituem gradativa-
mente as tradicionais do Mediterrâneo. Simultaneamente, Inglaterra, França, 
Holanda, Espanha e Portugal conquistam colônias e cada vez adentram mais o 
Mediterrâneo (BERNAL, 1976).
Até o século XIII, a Igreja detém a única forma centralizada e hierarquizada 
do saber via o monopólio dos ensinamentos, em geral visando exclusivamen-
te a formação de seus próprios religiosos. Assim, essa instituição constitui, na 
prática, o único poder que ultrapassa os limites dos feudos e utiliza muito bem 
o monopólio do saber, da leitura e da escrita em um controle educacional rígi-
do e centralizado.
A partir do século XIII, fruto do crescimento dos entrepostos comerciais e flo-
rescimento de uma nova classe, os burgueses, que detêm recursos e podem ter 
iniciativas, esboçam os primeiros centros universitários da Europa, inicialmen-
te na Península Ibérica. Essas primeiras Instituições de Ensino, não dispondo 
de mestres de suas próprias regiões e recém egressas de um período medieval 
limitador, procuram junto aos mercadores sábios do oriente que pudessem 
constituir-se nos primeiros professores. Embora tenham vindo de diversas re-
giões, há uma concentração de sábios que são remanescentes de Alexandria, 
que haviam preservado os ensinamentos da Grécia Antiga e mesclado esses 
capítulo 1 • 23
conhecimentos com contribuições de todo o oriente. Eles conheciam, e bem, 
Aristóteles, que havia sido traduzido do grego para o árabe. Por ser um conhe-
cimento completo, enciclopédico e de fácil ensinamento, constituiu a primeira 
tarefa desses sábios concluir a tradução integral de Aristóteles para o latim e 
ensiná-lo nessas Instituições emergentes.
Figura 1.13 – Um Burgo típico e uma ilustração de comércio medieval. http://
idademedia2012.tumblr.com/. http://www.historiadigital.org/curiosidades/10-curiosidades-
sobre-as-cidades-medievais/
De fato, Platão já era bem conhecido da Igreja via Santo Agostinho (SANTO 
AGOSTINHO, 1973), tendo influenciado fortemente os círculos internos da 
Igreja na Alta Idade Média (séculos V ao X). Da mesma forma, a Igreja interessa-
se por Aristóteles e, via São Tomás de Aquino (SÃO TOMÁS DE AQUINO, 1973), 
por ele é influenciada na Baixa Idade Média (séculos XI ao XV).
O final da Idade Média é um período de profundas contradições. A peste 
negra do verão de 1347 contribuiu para a afirmação do poder da Igreja, via au-
toridade papal, sendo que coube à Igreja a tarefa de coordenar os trabalhos 
de restauração da ordem nas cidades que haviam se desintegrado política e 
economicamente.
Até o final da Idade Média, a Terra é inquestionavelmente o centro do Universo 
em torno das visões do mundo hierarquizado de Aristóteles (século IV a.C.) e do 
astrônomo egípcio Cláudio Ptolomeu (século II d.C.). Acreditava-se e ensinava-se 
que Deus criara o céu em movimento circular perfeito e eterno. Por sua vez, o nos-
so mundo era imperfeito, dado que, formado de água, ar, fogo e terra, deteriorava 
e morria. Assim, o mundo era constituído de oito grandes esferas, sendo que o 
Sol ocupava a primeira, depois a Lua, após os cinco planetas conhecidos (Marte, 
Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno) e, por fim, na última esfera, todas as estrelas.
24 • capítulo 1
Após o período medieval há um grande vazio intelectual. As bases conso-
lidadas da escolástica, centrada no pensamento enciclopédico de Aristóteles, 
pode ser questionada, porém, nada há similar que possa substitui-lo no seu 
conjunto. Assim, esse período caracteriza-se pela magia, feitiçaria e alquimia. 
Tudo pode ser aceito, mas nada era consolidado, tudo parecia aceitável e con-
denável simultaneamente, carecendo de solidez os pensamentos propostos 
(MOTA, 1997).
Por outro lado, o homem agora é a preocupação principal, ao passo que até 
então o essencial havia sido discutir a relação homem-Deus. Isso abre espaço 
para tornar-se cada vez mais relevante a relação homem-natureza. Destaque-se, 
nesse período, a importância das ideias de Francis Bacon (1561-1626) que, a 
partir da oposição ao teocentrismo, via o antropocentrismo, e da oposição à fé 
pela razão propõe a ciência prática em contraposição à ciência contemplativa 
praticada até então. De acordo com Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros 
depende principalmente de observações experimentais guiadas pelo método 
indutivo e não de raciocínios matemáticos (BACON, 1973). Suas análises eram 
baseadas no exame de fatos, tipo presença e ausência. A maior falha do seu pen-
samento reside exatamente na pouca importância que ele conferia à hipótese e 
o menosprezo exagerado à formulação matemática.
No campo religioso, essa fase de transição entre o feudalismo e o capita-
lismo caracteriza-se pela ocorrência da Reforma Protestante, de alguma forma 
associada aos obstáculos da Igreja Católica às práticas capitalistas burguesas e 
também relacionado com a vontade dos Reis de não dividir o poder centraliza-
do com o Papa (WEBBER, 1930). Conforme cresce a Reforma, a Igreja lança a 
contrarreforma, onde particularmente a Companhia de Jesus tem, entre outras 
missões (inquisição, por exemplo), o papel de empreender uma ação pedagógi-
ca em oposição à escolaridade protestante.
1.2.4 A Renascença
A Renascença tem seu eixo principal na Itália, tendo sido a primeira região a 
recuperar-se dos acontecimentos da Peste Negra. Além disso, a Itália era o cen-
tro do trânsito crescente entre a Europa e o Oriente Médio. Por ali passavam 
necessariamente as especiarias, os perfumes e as sedas. Ocorre nesse período 
um significativo refinamento de sistemas administrativos, práticas bancárias e 
conhecimentos financeiros em geral. Florença em torno do século XV já detém 
capítulo 1 • 25
um efervescente sistema bancário associado ao comércio internacional. A ma-
temática (geometria, trigonometria e álgebra), usada na construção, na navega-
ção, na cartografia e no levantamento topográfico, se desenvolve fortemente. 
Por exemplo, o cosmólogo italiano Paolo Toscanelli (1397-1482) fornece a Co-
lombo o mapa que o guiou na primeira viagem à América.
Figura 1.14 – Paolo Toscanelli e uma reconstrução hipotética do mapa que guiou Colombo. 
http://www.arcetri.astro.it/~ranfagni/CD/CD_TESTI/TOSCNLLI.HTM
O clima do final da Idade Média, o florescimentodas artes na Renascença, 
a redescoberta da literatura clássica grega, as grandes navegações, o surgimen-
to de Instituições de Ensino com alguma independência da Igreja, a Reforma 
Protestante, tudo isso são elementos que propiciam uma nova concepção acer-
ca da maneira pela qual uma teoria deve estar ligada aos fatos observados que 
ela se propõe a explicar (KOIRÉ, 1984).
Rigorosamente, submeter ao controle experimental enquanto critério de 
verdade tem como precursor o filósofo inglês Roger Bacon que, no século XIII, 
defendia a ideia da verificação e falseamento a partir da verificação experimen-
tal (BACON, 1973). Ele ia além disso, propondo que o experimento era também 
fonte de novas e importantes verdades, as quais não poderiam ser descobertas 
de outra maneira, ou seja, por pensamentos puramente abstratos (de acordo 
com Roger Bacon: o experimento não é só para verificar ele também é fonte de 
conhecimento original).
1.2.5 Heliocentrismo versus geocentrismo
Um dos marcos da transição entre o pensamento medieval e o surgimento da 
ciência moderna diz respeito à discussão do heliocentrismo em oposição ao ge-
26 • capítulo 1
ocentrismo. Em 1463, a lgreja, a pedido de agricultores e navegantes, encomen-
da a um de seus agregados e protegidos, o astrônomo Johann Müller, estudos 
visando a correção do calendário egípcio (365 e ¼ dias), adotado desde Júlio 
César no sec. I d.C. A encomenda do Papa Sisto IV não é atendida satisfatoria-
mente, mas Müller publica o Epitome em 1496, sendo uma das primeiras obras 
a contrapor-se a Ptolomeu, em particular à sua obra Almagesto, ao defender 
que a Terra não era imóvel, imutável e centro do Universo.
A tarefa não cumprida por Müller é posteriormente repassada a Nicolau 
Copérnico (1473-1543), também agregado da Igreja. Em 1514, Copérnico co-
munica ao Papa Clemente VII que o problema da Páscoa (cada vez a Páscoa pa-
recia acontecer antes) não teria solução antes que as relações entre Terra, Sol e 
Lua fossem mais bem estabelecidas. Em 1530, Copérnico adota o heliocentris-
mo e, em 1543, na sua obra As Revoluções, afirma categoricamente: a Terra é 
esférica e seis planetas giram em torno do Sol em órbitas perfeitas.
O mais importante de tudo é que Copérnico, com essas hipóteses, resolveu 
o calendário, substituindo o calendário Juliano pelo Gregoriano com 365 dias, 
5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Ou seja, 11 minutos e 14 segundos mais 
longo do que o anterior. No mesmo ano de publicação de sua obra Copérnico 
morre, evitando constrangimentos a ele e à Igreja que adota o calendário pro-
posto, mesmo negando as hipóteses (ao menos publicamente) que lhe deram 
origem e respaldo. 
Figura 1.15 – Nicolau Copérnico e a teoria heliocêntrica. http://www.infoescola.com/biogra-
fias/nicolau-copernico/. http://www.astromia.com/fotohistoria/heliocentrico.htm
capítulo 1 • 27
A chamada revolução copernicana foi fundamental, tendo sido onde, pela 
primeira vez, foi elaborado de forma mais sistemática a ideia de que o sistema 
solar pode ser visto e estudado como uma estrutura independente das demais 
estrelas. Mesmo assim, contemporaneamente, logo em seguida à sua morte, 
suas ideias foram condenadas pela Igreja por estarem em conflito com a Bíblia 
e por não explicarem os fortes ventos da rotação da Terra. Mesmo líderes reli-
giosos como Calvino e Lutero também o condenaram. Assim, permaneceu a 
Terra no centro do Universo no decorrer do Renascimento.
Se Copérnico foi motivado pelo calendário, o dinamarquês Tycho Brahe 
(1546-1601) tinha, como principal propósito, medidas precisas dos movimen-
tos dos corpos celestes. Ele foi motivado pela demanda crescente dos navega-
dores por mapas celestes, bússolas e relógios mais exatos. Tycho descobriu o 
surgimento de novas estrelas, o que provaria que a imutabilidade do céu, apre-
goada por Aristóteles, era um equívoco. O rei da Dinamarca (Frederico II), em 
1576, concedeu a Ilha de Vem (próxima a Copenhagem) para Tycho montar um 
observatório. Ainda que a observação fosse a olho nu, lembre-se de que o teles-
cópio ainda não fora inventado, Tycho obteve pleno sucesso no mapeamento 
de estrelas e dos movimentos dos planetas. Curioso observar que Tycho Brahe 
foi, durante toda sua vida, geocêntrico. Seu trabalho, no entanto, teve aplica-
ções imediatas para navegadores, agricultores e fabricantes de relógios.
O principal continuador da obra de Brahe foi Johannes Kepler (1571-1630), 
nascido na Alemanha, que, em que pese sua infância pobre e difícil, foi eter-
nizado como o responsável pela descoberta das leis de movimento planetário. 
Em 1600, um ano antes da morte de Tycho Brahe, Kepler foi trabalhar com 
ele, de quem recebeu todos os rigorosos registros dos movimentos dos corpos 
celestes.
Fazendo uso desses dados, entre 1609 e 1618, Kepler anuncia as leis do 
Movimento Planetário:
1. Todos os planetas giram ao redor do Sol em órbitas elípticas;
2. Uma linha radial que ligue qualquer planeta ao Sol varre áreas iguais 
em tempos iguais;
3. O quadrado do período da revolução de um planeta é proporcional ao 
cubo de sua distância média em relação ao Sol.
28 • capítulo 1
Figura 1.16 – Kepler e o Movimento planetário. 
O grande mérito de Kepler está justamente em pensar em termos de forças 
físicas e não em governo divino ou coisa semelhante. Dessa forma, Kepler une 
a astronomia com a física. Mesmo assim, Kepler morre como um saudosista do 
Universo perfeito e geométrico (órbitas perfeitas e circulares) de Aristóteles que 
ele mesmo ajudou a desmontar.
1.2.6 Galileu e a completeza do Método Científico 
As contribuições de Kepler foram fundamentais para que Galileu (1564-1642) 
desse prosseguimento à sua obra. O telescópio aperfeiçoado de Galileu foi um 
dos instrumentos responsáveis que permitiram que esse pesquisador de Pisa 
revelasse o céu de uma maneira que ninguém houvera feito antes.
Galileu, aos 17 anos, começou estudar medicina em Pisa, abandonou o cur-
so por problemas financeiros, seguiu para Florença, retornando aos 25 anos 
para pleitear uma cátedra na Universidade de Pisa. Para tanto, apresentou um 
tratado sobre centro de gravidade nos sólidos.
Galileu opôs-se a Aristóteles, entre outros temas, afirmando que dois cor-
pos de massa diferentes caem em tempos iguais se desprezada a resistência 
do ar. Tal afirmação estava em contradição profunda com os ensinamentos bá-
sicos de Aristóteles e, por extensão, com a Igreja. Supostamente Galileu teria 
utilizado a Torre de Pisa para essa demonstração. Se de fato tal experimento 
ocorreu é menos relevante do que a afirmação da necessidade do experimento 
enquanto critério de verdade.
capítulo 1 • 29
Se os gregos estabeleceram o pensamento racional e o primeiro método ba-
seado na observação e na lógica, Galileu representa simbolicamente uma nova 
revolução: a afirmação do método científico enquanto observação, lógica e ex-
perimentação (BANFI, 1983).
No verão de 1592, Galileu renunciou à sua cátedra em Pisa e foi para Pádua 
à procura de espaços mais abertos às suas novas e revolucionárias ideias. 
Disputou uma cátedra também pretendida por Giordano Bruno (1548-1600), 
o qual viria a ser morto, queimado vivo, em 1600, por determinação do Papa 
Clemente VIII. Bruno, após ter sido ordenado padre em Nápoles, dirige-se para 
ensinar em Paris e Londres, caracterizando-se pelo combate permanente às 
ideias de Aristóteles, em particular acerca da Terra não ser o centro do Universo, 
afirmando ser o Universo infinito e que as estrelas não se encontravam fixas em 
uma esfera cristalina. Giordano influenciou bastante Galileu e marcou sua vida 
como mártir da liberdade de expressão.
Galileu viveu 18 anos em Pádua, onde deu continuidadeaos trabalhos de 
Kepler, organizou e sintetizou o ramo da mecânica na física, escreveu a obra O 
Ensaidor (GALILEU, 1973), que trata especialmente do método científico, es-
creveu sobre a teoria das marés e aperfeiçoou o telescópio, o que permitiu o es-
tudo das manchas solares e a compreensão da superfície montanhosa da Lua.
Em 1610, Galileu observou quatro satélites em torno de Júpiter, semelhan-
tes à Lua na Terra e identificou a Via Láctea como composta de estrelas e não de 
substância nebulosa. Lembremo-nos de que foi exatamente por motivos simi-
lares que Giordano Bruno houvera sido condenado à morte alguns anos antes. 
Galileu, da mesma forma que Giordano, afirmou ser papel da Bíblia preocupar-
se com a moral e não com a ciência. Galileu acreditava que a Bíblia não poderia 
ser interpretada ao pé da letra e prestava-se a diferentes interpretações.
-Inicialmente, até 1614, Galileu não teve maiores problemas com a Igreja. 
No entanto, em 1615 ele foi convocado a comparecer junto à Igreja e desafiado 
a demonstrar a conciliação da Bíblia com os pensamentos de Copérnico, ou 
então a renunciar explicitamente às suas ideias. Galileu justificou que os postu-
lados de Copérnico eram, para ele, uma simples suposição matemática.
Em 1616, o Cardeal Belarmino decretou que o sistema copernicano era fa-
lho e errôneo e proibiu as obras de Copérnico, o que não havia ocorrido até en-
tão, e afirmou que Deus fixou a Terra em seus alicerces para jamais ser movida. 
Em 1624, o novo Papa, Urbano VIII, amigo de Galileu, autorizou Galileu a es-
crever Os Sistemas do Mundo. Em 1632, Galileu publica Diálogo Sobre os Dois 
30 • capítulo 1
Máximos Sistemas do Mundo (GALILEU, 1973). Ainda que bem recebido na co-
munidade acadêmica, causa irritação na lgreja, especialmente em Urbano VIII, 
principalmente por não ter Galileu respeitado o decreto de 1616.
Figura 1.17 – Galileu Galilei e seu livro Diálogo Sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo. 
Finalmente, em 1633, aos 70 anos de idade, Galileu foi uma vez mais colo-
cado entre a fogueira e a negação de suas convicções. Galileu renega tudo o que 
fez, sentenciando, porém, ao final, em voz baixa, que mesmo assim ela (a Terra) 
se move (e pur, si muove).
Galileu morre em 1642 e somente em 1757 a Igreja retirou sua obra da lista 
de proibidos. Em 1992, 359 anos mais tarde, o Papa João Paulo II reconheceu 
oficialmente que os teólogos que condenaram Galileu não souberam reconhe-
cer a distinção formal entre a Bíblia e sua interpretação. Isso os levou a traspor 
indevidamente para a fé uma questão pertinente à investigação científica.
1.3 Newton e a Ciência Moderna
1.3.1 A vida e contribuições de Isaac Newton
No ano em que morreu Galileu, 1642, nasceu na Inglaterra Isaac Newton. Nas-
cido prematuro, tendo seu pai falecido três meses antes, aos três anos foi aban-
donado pela mãe e criado pela avó. Quando completou dez anos, sua mãe re-
tornou após a morte do Pastor que ela havia acompanhado e com quem teve 
outros filhos.
capítulo 1 • 31
Em que pese todo esse conjunto de dificuldades, Newton formou-se aos 
23 anos em Cambridge, Inglaterra, em um período marcado por uma forte 
incidência da peste bubônica, que levou ao fechamento da Universidade de 
Cambridge.
Newton retornou à sua terra natal e por lá permaneceu 18 meses, os quais 
foram muito profícuos e criativos, gerando a formulação de teorias que revolu-
cionariam toda a ciência moderna. Nesse intervalo de tempo, Newton elaborou 
as leis do movimento:
1. Um corpo em repouso continuará em repouso, a menos que uma for-
ça atue sobre ele e um corpo em movimento retilíneo uniforme, continuará a 
mover-se em linha reta com velocidade constante a menos que uma força atue 
sobre ele;
2. A aceleração (taxa de variação da quantidade de movimento) é direta-
mente proporcional à força;
3. A cada ação corresponde uma reação igual e oposta.
A partir dessa formulação, em termos de leis gerais do movimento, inicia-se 
plenamente a ciência mecânica ou, em outras palavras, a física clássica, ou, em 
termos mais gerais ainda, a ciência moderna.
A grande revolução estava justamente em encontrar leis matemáticas sim-
ples e precisas, a partir das quais tornava-se possível trabalhar minuciosamen-
te com as medidas observadas experimentalmente.
Newton afirmou que ele só pôde completar sua obra, indo muito além e en-
xergando bem longe, porque apoiara-se em ombros gigantes. Referia-se a vá-
rios, mas particularmente a Galileu e a Kepler, com justiça.
Curiosamente, embora toda essa formulação estivesse acabada após os 18 
meses de retorno à casa da avó, mesmo tendo retornado a Cambridge poste-
riormente, Newton não publica de imediato seus achados. Somente 17 anos de-
pois, em 1684, ao mostrar seus resultados e análises para Edmond Halley, um 
grande astrônomo da época, foi tão grande a insistência, que Newton concor-
dou com a publicação, a qual foi paga por Halley. Foi Halley, com crédito para 
tanto, quem escreveu o prefácio daquela que é considerada a mais influente 
obra escrita por um único indivíduo em toda a história da humanidade (BRODY 
e BRODY, 2000).
32 • capítulo 1
O Principia (NEWTON, 1979), na verdade, é constituído de três livros:
1. Mecânica;
2. Movimento dos corpos em meios com resistência (ar ou água);
3. Estrutura e funcionamento do sistema solar, inclusive o tratamento das 
marés e cometas.
Figura 1.18 – Isaac Newton e o Principia
Embora essa obra tenha despertado enorme interesse da comunidade cien-
tífica da época, Newton perde parcialmente seu interesse pela ciência, elege-
se para o Parlamento cinco anos após sua publicação, tendo também ocupado 
os cargos de Supervisor e Diretor da Casa da Moeda. De 1703 até sua morte, 
Newton foi Presidente da Royal Society de Londres.
Em 1704, Newton publica Óptica (NEWTON, 1979), um tratado sobre re-
flexões e cores da luz, elementos sobre os quais houvera trabalhado e escrito 
em 1675, cerca de trinta anos antes. Newton escreveu também sobre química, 
alquimia e religião, mas foi com o Principia, especialmente, complementado 
pelo Óptica, que ele registraria eternamente seu nome como um dos maiores 
cientistas de todos os tempos.
1.3.2 Consolidação do Método Científico
Os gregos têm o mérito da introdução do método, enquanto observação e lógi-
ca. Galileu, simbolicamente, representa a introdução da experimentação com-
pletando o método científico como tal. Por sua vez, Newton representa o ama-
durecimento e a constatação de que todo o conhecimento científico sobre o 
capítulo 1 • 33
mundo deve ser construído por intermédio da utilização do método científico. 
Tudo pode ser racionalizado, medido e calculado. Newton estabeleceu a possi-
bilidade de chegar às leis sobre a natureza com ênfase no poder da razão. Gra-
dativamente, a partir de então, o racionalismo passa a ser, cada vez mais, con-
siderado uma característica diferencial do ser humano. A razão é vista como 
mecanismo, meio de obtenção do conhecimento e guia das ações humanas. 
Em síntese, o método científico é definido como o método pelo qual cientis-
tas pretendem construir uma representação precisa – ou seja, confiável, consis-
tente e não arbitrária – do mundo à sua volta. Em geral, podemos afirmar ter o 
método científico quatro etapas fundamentais:
1. Observação e descrição de um fenômeno ou grupo de fenômenos;
2. Formulação de uma hipótese para explicar os fenômenos. Muitas ve-
zes tais hipóteses assumem a forma de um mecanismo causal ou relação 
matemática;
3. A hipótese é utilizada para prever a existência de outros fenômenos, 
ou então para predizer, quantitativamente, a ocorrência de novas observações 
possíveis;
4. Realização de testes experimentaisacerca das previsões por vários ex-
perimentalistas independentes e confirmação dos pressupostos adotados. 
Caso os experimentos confirmem as hipóteses e as previsões decorrentes, po-
de-se construir uma lei ou teoria científica.
Cabe destacar, brevemente, que as palavras hipótese, modelo, teoria e lei, 
usadas arbitrariamente acima, apresentam conotações diferentes com relação 
ao estágio de aceitação do conhecimento acerca de um grupo de fenômenos.
Uma hipótese é uma afirmação limitada acerca de causa e efeito em situa-
ções específicas. A palavra modelo é reservada para situações nas quais é sabi-
do que a hipótese tem, pelo menos, uma validade limitada. Uma teoria científi-
ca ou lei representa uma hipótese, ou grupo de hipóteses relacionadas, as quais 
têm sido confirmadas por testes experimentais confiáveis e independentes (DA 
COSTA, 1997).
Interessante também observar que não é a ciência nossa única forma de en-
tender e representar o mundo. Há uma variada gama de conhecimentos que, 
embora sendo conhecimentos, não fazem parte daquilo que denominamos co-
nhecimento científico. Incluem-se nessa categoria os conhecimentos religio-
sos e populares. Para ser conhecimento científico há que ser proveniente do 
34 • capítulo 1
uso, assim como estar submetido ao teste, do método científico. Dessa forma, 
não basta ser verdade, para ser conhecimento científico há que ser verdadeiro e 
demonstrável à luz do método científico (MOTA, 2000).
A título de explicação do discutido acima, imagine alguém que firmemente 
crê em vidas em outros planetas. Trata-se de crença pessoal que pode ser ver-
dadeira, dado que é possível que tais seres existam. Assim, embora respeitável 
enquanto fé, no entanto, não é ciência. Não por não ser verdadeiro, dado que 
igualmente não pode a ciência provar a impossibilidade de vidas extraterres-
tres, mas sim por não haver provas que atendam aos pressupostos do método 
científico.
1.3.3 Os séculos XVIII e XIX e as relações entre ciência, tecnologia 
e produção
Consolidada a ciência moderna com Newton, foi exatamente a visão de que não 
bastaria entender o mundo, era preciso modificá-lo, que implicaria nas gran-
des transformações que marcaram os séculos XVIII e XIX. Em particular, a má-
quina a vapor, descoberta por James Watt em 1784, representou um tremendo 
impulso na área da produção (ANDERY, 1999).
A partir de então, ciência e produção interferem-se mutuamente. A ciência 
modifica, altera, submete a natureza à sua volta a serviço do homem.
No século XIX, a ciência organiza-se formalmente, deixando suas práticas 
basicamente amadoras, sendo que especialmente na Inglaterra, na França e na 
Alemanha ela volta-se naturalmente para os interesses da produção.
Esse período tem como característica a ênfase no poder da razão. O raciona-
lismo passa a ser entendido como uma marca natural do ser humano, e a razão, 
mais do que um mecanismo de obtenção do conhecimento, era vista como um 
guia das ações humanas.
A possibilidade de se chegar a leis sobre a natureza gera o pressuposto de 
que há regularidades e uniformidades nos fenômenos – quer físicos ou sociais 
– já que todos passam a ser considerados fenômenos naturais. Em suma, em 
princípio, acreditava-se que tudo pudesse ser observado, medido e calculado.
No decorrer do século XIX, há um grande desenvolvimento capitalista, po-
dendo ser entendido como dividido em dois grandes momentos. Primeiro até 
1848, período em que ocorreu uma expansão centrada principalmente nos pa-
íses industrializados. Nesse período, crescem as forças produtivas e a classe 
capítulo 1 • 35
operária cresce tanto em número como em nível de pobreza. Na mesma pro-
porção aumenta sua consciência política, enquanto classe, dando origem à 
proposta do socialismo.
Em 1848, há uma enorme efervescência na Europa, um período revolucio-
nário, levando os capitalistas a prepararem mudanças e implementarem um 
novo momento do desenvolvimento capitalista (BERNAL, 1976). A unificação 
da Alemanha e da Itália em meados da segunda metade do século XIX contribui 
com a implantação de políticas nacionalistas e liberais.
Marx, participante ativo da esquerda Hegeliana, em 1841 defendeu sua 
tese de doutorado acerca da filosofia de Demócrito e Epícuro (MARX, s/d). 
Posteriormente, ele trabalhou acerca da concepção materialista do homem e 
da história em contraposição à visão idealista de Hegel. Uma vasta produção 
posterior, incluindo os Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844) (MARX, 
1984), Miséria da Filosofia (1847) (MARX, s/d), Ideologia Alemã (1848) (MARX 
e ENGELS, 1980), Manifesto Comunista (1848) (MARX, 1985), O Dezoito 
Brumário (MARX, 1985), O Capital I (1867), II (1885) e III (1894) (MARX, 1983), 
marcarão profundamente a virada do século IXI para o XX.
A importância de Marx, do ponto de vista do método, está justamente na 
tentativa de elaboração de um sistema explicativo baseado em bases metodo-
lógicas, consubstanciadas no materialismo histórico e no materialismo dialé-
tico. A visão de Marx está centrada na concepção de que as transformações na 
sociedade se dão via contradições e antagonismos, estando o desenvolvimento 
associado à superação permanente desses conflitos, sendo que os elementos 
de transformação não estão fora da sociedade, mas sim efetivados por meio do 
próprio homem enquanto agente social.
Tais pensamentos de Marx partem da abordagem que as ideias são decor-
rentes da interação do homem com a natureza, de um homem que faz parte da 
natureza e que recria constantemente suas concepções da natureza, a partir de 
sua interação com ela. Para Marx não é a consciência dos homens que determi-
na seu ser, mas o contrário, é o seu ser social que determina sua consciência. 
Interessante observar aqui que a concepção materialista de Marx carrega em 
sua base uma visão da natureza e da relação do homem com essa natureza.
36 • capítulo 1
Do ponto de vista do método, de acordo com Marx, é da produção e da base 
econômica que se parte para explicar a própria sociedade. Trata-se de, no limi-
te, tentar descobrir nos fenômenos leis que originam e conduzem às transfor-
mações. Marx alerta, no entanto, que não é possível, no campo social, pensar-se 
em leis abstratas, imutáveis, atemporais e a-históricas. Trata-se, segundo ele, 
de descobrir as leis que, sob condições históricas específicas, são as determi-
nantes de um fenômeno que tem existência em condições dadas, e não uma 
existência que independe da história.
Considerando que Marx estava atrás da descoberta das relações e conexões, 
envolvendo a totalidade dos fenômenos, compreendidos a partir da realidade 
concreta, sua obra representa tanto um marco do pensar ou agir político como, 
também, a questão do método nas ciências.
O conhecimento científico adquire, de forma acentuada a partir de Marx, o 
caráter de ferramenta a serviço da compreensão do mundo visando sua trans-
formação. No caso específico de sua visão política, a serviço de uma classe, os 
trabalhadores, e em conflito com os detentores dos meios de produção.
1.3.4 Fim do século XIX e começo do século XX
A ciência na virada do século XIX para o século XX explicita sua não neutrali-
dade. O caráter do conhecimento científico, enquanto comprometido com a 
transformação concreta do mundo, geraria a certeza de que o século seguinte 
só não seria mais como houvera sido até então.
O clima dominante na Europa no começo do século XX é o positivismo ló-
gico, baseado em que algo só é verdadeiro se for possível demonstrá-lo lógica 
e empiricamente. Assim, matemática e ciência são consideradas fontes supre-
mas de verdade.
Charles Sanders Pierce, filósofo americano, considerado o fundador da filo-
sofia do pragmatismo,afirma no começo do século XX que a verdade absoluta 
é, por definição, tudo aquilo que os cientistas afirmarem ser verdadeiro quan-
do chegarem ao final de seu trabalho (WIENER, 1966).
capítulo 1 • 37
1.4 Os grandes filósofos da ciência do 
século XX
1.4.1 Papel da ciência e da tecnologia na sociedade contemporânea
Ciência e tecnologia, particularmente no século XX, constituíram elementos 
centrais do mundo e são fundamentais para procurar entender aqueles tempos 
(MOTA, 2001). Curiosamente, em que pese sua relevância, jamais o conheci-
mento, no sentido amplo da palavra, esteve tão distante entre aqueles que o 
praticam e o desenvolvem nas suas fronteiras e a população em geral. 
Assim, o cidadão comum do século XX, embora tão próximo dos impactos 
de novas descobertas científicas, em geral, sabe muito pouco sobre os dilemas 
da ciência atual, como ela é produzida e, particularmente, acerca do método 
científico e seus questionamentos.
Tais dilemas tornaram muito claro que entender a história da ciência, a 
questão da metodologia científica e a educação científica e tecnológica cons-
tituem ingredientes absolutamente fundamentais para que as sociedades con-
temporâneas possam adequadamente analisar seus problemas, escolher as 
soluções e enfrentar seus destinos de forma esclarecida.
Uma geração de filósofos tratou desse tema de forma muito profunda, ten-
tando estabelecer como os cientistas do século XX e, também os atuais, lidam 
com suas próprias hipóteses e, fazendo uso de suas metodologias, constroem 
suas teorias. Em particular, examinaremos esses tratamentos à luz de três dos 
mais importantes filósofos da ciência que marcaram profundamente o pensa-
mento do século XX: Karl Popper, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend.
Para entender os dilemas que cercam a adoção do método científico no sé-
culo XX e nos dias de hoje é preciso conferir especial atenção aos reflexos de 
poder e de prestígio que a ciência adquiriu ao final do século XIX. Como res-
saltado anteriormente, o positivismo lógico era a filosofia dominante na virada 
entre os séculos XIX e XX, definindo como verdadeiro tudo aquilo, e somente 
aquilo, que pudesse ser demonstrado logicamente e empiricamente.
38 • capítulo 1
1.4.2 Karl Popper e a refutabilidade
No decorrer do século XX há um movimento de pensadores contestando essa 
atitude perante a ciência. Destacam-se os esforços de Karl Popper (POPPER, 
1934; ibid, 1945; ibid, 1963) em distinguir entre ciência verdadeira e pseudoci-
ência. Popper, diferentemente dos positivistas lógicos, negava a afirmação de 
que os cientistas pudessem provar uma teoria por indução, por testes empíri-
cos, ou via observações sucessivas.
Popper estabelece, a partir de seu critério de refutabilidade, uma distinção 
entre ciência verdadeira testável, via modos empíricos de conhecimento, e ci-
ência irônica, ou seja, ciência que não é experimental e que, portanto, não pode 
ser testada, consequentemente não sendo ciência no sentido estrito da palavra.
Mesmo no contexto das ciências testáveis, ele argumenta que as observa-
ções nunca são capazes de provar totalmente uma teoria. Só podemos, de fato, 
provar sua inverdade ou refutá-la. A partir do princípio da refutação, Popper 
estabelece o chamado racionalismo crítico baseado no conflito conjectura e 
refutação.
Em que pese Popper afirmar que a ciência não deveria reduzir-se a um mé-
todo, inegavelmente o programa por ele proposto de refutabilidade acabou por 
constituir-se no método que influenciou, de forma muito marcante, por um 
razoável período, os pensadores da filosofia da ciência no século passado. De 
alguma forma, a partir de seu antidogmatismo, uma vez aplicado à ciência, aca-
bou tornando-se uma espécie de dogmatismo.
1.4.3 Thomas Kuhn e os paradigmas
Thomas Kuhn (KUHN, 2000), entre outros, apresenta um conjunto de diver-
gências significativas acerca da visão de Popper. Segundo ele, a refutação não 
é mais possível do que a verificação, dado que cada processo implica na exis-
tência de padrões absolutos de evidências, que transcendem os paradigmas 
individuais.
Assim, um novo paradigma pode ser superior (melhor) do que o anterior 
para resolver um conjunto de enigmas propostos. O fato de a nova ciência pro-
duzir mais explicações e aplicações práticas do que a outra não permite sim-
plesmente qualificar a velha ciência como falha.
capítulo 1 • 39
A partir do ponto de vista de Kuhn, qualquer método científico deverá 
ser avaliado não absolutamente, mas sim a partir daquilo que se possa fazer 
com ele. Nesse contexto, e somente nele, pode-se aplicar os conceitos de fal-
so e verdadeiro, desde que necessariamente no interior de um paradigma bem 
estabelecido.
Kuhn afirma que, em geral, os cientistas trabalham no contexto de uma ci-
ência normal, ou seja, preenchem detalhes, resolvem charadas, que reforçam 
o paradigma dominante. Assim funciona até que haja uma ruptura, gerada a 
partir de perguntas não respondidas nos limites do paradigma anterior, que 
demanda modificações profundas em direção à construção de um novo para-
digma. A adoção de novos conceitos, diferentes enfoques e originais teorias se-
rão decorrentes da implementação do eventual paradigma revolucionário.
Popper e Kuhn divergem a respeito da natureza essencial da ciência e a gê-
nese das revoluções científicas. Popper crê que se uma refutação for bastante 
convincente está definida a necessidade de uma revolução. Por outro lado, se-
gundo Kuhn, a maior parte do tempo, os cientistas dedicam-se ao exercício da 
ciência normal. Consequentemente, uma revolução científica é um fenômeno 
singular, muito raro e ocasional.
1.4.4 Paul Feyerabend e o Contra o Método
Um enfoque diferente de Popper e também de Kuhn é apresentado por Paul 
Feyerabend, em especial na sua obra intitulada: Conta o método (FEYERA-
BEND, 1975). Nela, o filósofo afirma que não há, de fato, lógica na ciência. Se-
gundo ele, os cientistas criam e adotam teorias científicas por razões de nature-
za subjetivas, e muitas vezes irracionais. 
Do ponto de vista de Feyerabend, o racionalismo crítico de Popper não era 
tão distante do positivismo que o precedera e que ele tanto condenara. Da mes-
ma forma, ainda que mais tolerante com relação a Kuhn, Feyerabend acredita-
va que raramente a ciência era tão normal quanto Kuhn supunha. Em resumo, 
ele defendia ardentemente a ideia de que não havia método científico no senti-
do estrito. O que havia eram ideias que funcionavam dentro de certas circuns-
tâncias. Na ocorrência de novas situações, há que se adotar novas tentativas, 
afirmava Feyerabend.
Reduzir a ciência a uma metodologia particular, seja a teoria da refutabi-
lidade de Popper ou o modelo de ciência normal de Kuhn, seria o mesmo que 
40 • capítulo 1
destruí-la. A ciência pode ser considerada superior às demais formas de conhe-
cimento somente à medida que permite que todos que com ela trabalham pos-
sam estar em contato com o maior número possível de modos de pensar dife-
rentes e, a partir desse pressuposto, escolher livremente entre eles. 
Feyerabend findou conhecido como o filósofo da anticiência por defender 
que toda descrição da realidade seria necessariamente inadequada. No entan-
to, a leitura atenta de sua obra mostra essencialmente uma preocupação, antes 
de mais nada um alerta, acerca das dificuldades em todos os empreendimentos 
humanos que vissem reduzir a diversidade natural inerente à realidade. Nesse 
sentido, ele era um cético da crença de que os cientistas pudessem um dia abar-
car a realidade em uma teoria única no mundo, a partir da qual um método 
científico completo seria bem estabelecido.
1.4.5 Autoinfluências e tipos de falseacionismos
Frutode todas essas discussões que marcaram o século e esses três filósofos, 
eles se autoinfluenciaram e foram mudando e incorporando novos elementos 
aos seus respectivos pensamentos. Em particular, Popper, no processo do ama-
durecimento de suas teorias, podemos destacar pelo menos três fases bastante 
distintas nas suas concepções de falseacionismo: dogmático, metodológico e 
sofisticado (LAKATOS e MUSGRAVE, 1965).
O falseacionismo dogmático é influenciado, ainda que oposto, pelas visões dos 
justificacionistas clássicos, os quais só admitiam como teorias científicas as te-
orias provadas. Os justificacionistas neoclássicos, por sua vez, estenderam esse 
critério às teorias prováveis. Os falseacionistas dogmáticos só aceitavam teorias 
que fossem refutáveis. Dentro dos marcos do falseacionismo dogmático, tam-
bém conhecido como naturismo, admite-se a falibilidade de todas as teorias 
científicas, uma vez que em falhando, abandonam-se as mesmas imediatamen-
te. Da mesma forma, executam-se sumariamente todas as proposições que não 
possam ser falseadas. Obviamente, tratava-se de um critério demasiadamente 
rígido entre o caráter científico e não científico do conhecimento.
O falseacionismo metodológico apresenta de novidade a adoção do convencio-
nalismo, onde permite-se que o valor da verdade nem sempre pode ser prova-
do por fatos. Em alguns casos, pode-se decidir por consenso. O falseacionista 
metodológico separa a rejeição da refutação, que o falseacionista dogmático 
havia fundido. O falseacionista metodológico indica a necessidade urgente de 
capítulo 1 • 41
substituir uma hipótese falseada por uma melhor. Esse critério metodológico 
é muito mais liberal do que o dogmático anterior. Por exemplo, as teorias pro-
babilísticas merecem a qualificação de científicas, porque embora não sendo 
falseáveis, podem, no entanto, ser mostradas inconsistentes.
Por fim, Popper, na sua fase mais recente, adotou o falseacionismo metodoló-
gico sofisticado, o qual difere dos anteriores tanto nas regras de aceitação como 
nas regras de falseamento (eliminação). Dentro do falseacionismo sofisticado 
uma teoria será aceitável se tiver um excesso corroborado de conteúdo empíri-
co em relação à sua predecessora (ou rival), isto é, se levar a descoberta de fatos 
novos.
Enquanto nos marcos do falseacionismo dogmático, uma teoria pode ser 
falseada se uma observação conflitar com ela, dentro dos pressupostos do fal-
seacionismo sofisticado uma teoria científica T só será falseada se outra teoria 
T’ tiver sido proposta com as seguintes características:
1. T’ apresenta um excesso de conteúdo empírico com relação a T;
2. T’ explica com êxito tudo o que explica também T e todo o conteúdo não 
refutado de T está incluído no conteúdo de T’;
3. Parte do conteúdo excessivo de T’ é corroborado.
Além disso, nessa última fase, Popper passou a trabalhar com a aceitação de 
hipóteses auxiliares (ad hoc). De acordo com Popper, salvar uma teoria com a 
ajuda de hipóteses auxiliares que satisfazem a certas condições bem definidas 
pode representar um progresso científico. Observando que, neste caso, qual-
quer teoria científica precisaria ser avaliada juntamente com suas hipóteses au-
xiliares. Assim, examinamos uma série de teorias e não mais teorias isoladas. 
Dessa forma, o falseacionista sofisticado transfere o problema de avaliar teo-
rias para avaliação de séries de teorias. Somente uma série de teorias poderia 
ser científica ou não científica, e não mais uma teoria isolada. Aplicar o termo 
científico a uma única teoria poderia incorrer em um erro de categoria.
Fundamentalmente, a grande modificação no falseacionismo sofisticado, 
com relação às versões anteriores de falseacionismo, é a concepção de que não 
há falseamento de uma teoria antes da emergência de uma teoria melhor. A 
proliferação de teorias é muito mais importante nesse contexto do que para as 
visões anteriores. Ou seja, como exemplificado por Lakatos, a teoria de Einstein 
não é melhor do que a de Newton porque esta foi refutada e a de Einstein não. 
De fato, rigorosamente existem anomalias conhecidas na teoria Einsteiniana. 
42 • capítulo 1
O motivo central para a teoria de Einstein ser considerada progresso, quando 
comparada com a de Newton, reside no simples fato que ela explica com êxito 
tudo que a teoria anterior explicava e decifra também algumas anomalias que a 
anterior não poderia entender (por exemplo, a luz não se propaga em linha reta 
quando próxima a corpos com grandes massas).
1.4.6 Programas de pesquisa científica
Na verdade, essa discussão, que tem como protagonistas no final do século 
passado Popper, Kuhn e Feyerabend, não impediu que a ciência crescesse em 
ritmos sem precedentes na segunda metade do século XX. Parte disso decorreu 
do uso apropriado de métodos científicos que, embora não unificados, atende-
ram a um conjunto de receitas bem evidentes, ainda que não necessariamen-
te discutidos de forma explícita. Como veremos, essa prática assenta-se justa-
mente nos debates que envolveram os protagonistas citados (HORGAN, 1999).
Em primeiro lugar, há bem estabelecido que um programa de pesquisa cien-
tífica deve atender intrinsecamente a regras metodológicas claras. Podemos 
formulá-las como o método analítico negativo: a descrição dos caminhos que 
devem ser evitados, e o método analítico positivo: a descrição dos caminhos 
que devem ser trilhados (LAKATOS e MUSGRAVE, 1965).
O que caracteriza um programa de pesquisa científica é o seu núcleo. Ao 
redor do núcleo temos as chamadas hipóteses auxiliares, as quais formam 
um cinturão de proteção com o intuito de suportar o impacto dos testes (mé-
todo analítico negativo). Essas hipóteses podem tanto ser reajustadas ou mes-
mo completamente substituídas, desde que o núcleo seja apropriadamente 
preservado.
Por outro lado, o método analítico positivo consiste em um conjunto parcial 
articulado de sugestões ou palpites sobre como mudar e desenvolver as varian-
tes refutáveis do projeto de pesquisa e sobre como modificar e sofisticar o cin-
turão de proteção refutável.
Baseado no que vimos antes, na concepção de Kuhn, as anomalias e inco-
erências sempre abundam na ciência, mas em períodos normais o paradigma 
dominante assegura um padrão de crescimento, pelo menos até que de fato se 
instaure uma crise.
Da mesma forma, as eventuais refutações de Popper não eliminam tão ra-
pidamente um projeto de pesquisa. De fato, a crítica destrutiva, puramente 
capítulo 1 • 43
negativa, como a refutação ou a demonstração de uma inconsistência, não eli-
minam um projeto. Mesmo mostrando a degeneração de um projeto, somente 
a crítica construtiva pode, com a ajuda de projetos de pesquisas rivais, cumprir 
a missão de não só falsear o primeiro, mas estabelecer de forma “definitiva” o 
segundo. 
Assim, a partir da apropriação de conceitos fundamentais de Popper e 
Kuhn, somados aos alertas de Feyerabend por mais tolerância e menos preten-
são de rigidez desnecessária, viramos o século, e o milênio, com a produção 
de conhecimentos científicos em um ritmo sem precedentes comparados com 
períodos anteriores da humanidade.
Tal constatação torna ainda mais importante que a ciência seja populari-
zada sem ser vulgarizada, o que obtém-se pelo incremento substancial da edu-
cação científica da população. Por fim, não pode haver educação e divulgação 
científica sem que o método científico seja discutido, conhecido e, acima de 
tudo, utilizado como instrumento de análise da realidade que nos cerca e de 
nós mesmos, enquanto investigadores da própria natureza.
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1 Agradecimento especial à Editora Cesma Edições, por cessão de direitos autorais de partes do livro "Método 
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