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Centros de Diversidade de Plantas Cultivadas

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Centros de Diversidade das Plantas Cultivadas
O maior conhecimento sobre a expansão mundial e origem das espécies
cultivadas deve-se ao trabalho sistemático do biólogo russo Nikolai Ivanovich
Vavilov, diretor do Instituto de Investigações Científicas de Leningrado na Rússia,
de 1916 a 1936. A enorme quantidade de material que reuniu através de várias
expedições realizadas em diferentes partes do mundo possibilitou o
estabelecimento dos centros de origem ou de diversidade de um grande número
de espécies cultivadas. Ao final de seu trabalho, Vavilov reconheceu a existência
de oito centros primários de origem, ainda hoje aceitos:
I - Chinês
II - Indiano
II a - Indo-Malaio
III - Asiático Central
IV - Oriente Próximo
V - Mediterrânico
VI - Abissínio
VII - Mexicano do Sul e Centro-Americano
VIII - Sul-Americano
VIII a - Chiloé
VIII b - Brasileiro-Paraguaio
É sabido que alguns cereais desempenharam importante papel nas
civilizações antigas. Como exemplos têm-se o trigo e a cevada no Egito e
Babilônia, o arroz na China e o milho nas Américas. Sempre teve importância a
movimentação de plantas cultivadas de região, país ou continente para outro,
no desenvolvimento da agricultura mundial. A descoberta da América foi muito
significativa na história da introdução de plantas. Diversas culturas foram levadas
para o Velho Mundo, como o milho, a mandioca, o tomate, a batata, o fumo, o
feijão e a abóbora. Por outro lado, de lá vieram o trigo, o arroz, a cevada, o
centeio, a aveia, a cana-de-açúcar, diversas fruteiras, hortaliças e forrageiras.
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Melhoramento Genético de Plantas: Princípios e Procedimentos
Um aspecto curioso da migração de plantas relaciona-se à sua adaptação
fora do local de origem. Em alguns casos a espécie se adapta melhor fora de
seu centro de diversidade, por estar livre de pragas e de doenças, pelo menos
nos primeiros anos. Exemplos são a seringueira (Hevea brasiliensis), levada da
Amazônia brasileira para a Malásia, região livre do mal-das-folhas , doença
causada pelo fungo Microcyclus ulei (P. Henn) v. Arx e o eucalipto (Eucaliptus
spp), trazido da Austrália, onde muitos insetos pragas prejudicam seu
desenvolvimento, para o Brasil.
Vavilov realizou expedições por todo o mundo e observou que algumas
áreas concentram maior variabilidade para determinadas espécies. Essas áreas,
quase sempre, mantêm-se isoladas umas das outras por montanhas, desertos
ou mares, que presumivelmente permitiram o isolamento de antigos grupos
humanos e algumas espécies vegetais. Jennings e Cock (1977) enfatizam que
o homem tem domesticado e conduzido as plantas para além de seus centros
de origem, de tal modo que algumas delas hoje estão difundidas por quase
todo o mundo, destacando o trabalho de Purseglove, que mostrou com clareza
que as principais áreas de produção de algumas das mais importantes culturas
encontram-se longe dos locais de onde se originaram.
3.1. CENTROS
A seguir são citadas algumas espécies mais conhecidas, entre outras
existentes e os diversos centros estabelecidos. Vavilov descreveu cerca de
600 espécies, das quais aproximadamente 500 são provenientes do Velho
Mundo; dessas, cerca de 400 foram encontradas no sul da Ásia.
I Centro Chinês
É considerado o mais antigo e o mais rico em número de espécies.
Glycine max - soja
Phaseolus vulgaris - feijão (Centro secundário)
Espécies de bambu
Raphanus sativus - rabanete
Espécies de Brassica e Allium
Espécies de Prunus
Espécies de Pyrus
Espécies de Citrus - a China é importante centro secundário de Citrus
sinensis (laranja).
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Centros de Diversidade das Plantas Cultivadas
II Centro Indiano
Oryza sativa - arroz
Sorghum bicolor - sorgo
Cajanus cajan - guandu
Solanum melonjeana - berinjela
Cucumis sativus - pepino
Mangifera indica - manga
Diversas espécies de Citrus
Sacharum officinarum - cana-de-açúcar
Cocos nucifera - coco
Gossypium arboreum - algodão
Crotalaria juncea - crotalária
Piper nigrum - pimenta-do-reino
II a Centro Indo-Malaio
Considerando como suplemento do Centro Indiano, inclui todo o
Arquipélago Malaio e a Indochina.
Espécies de Musa - banana
Cocos nucifera - coco
Saccharum officinarum - cana-de-açúcar
Piper nigrum - pimenta-do-reino
III Asiático Central
Triticum aestivum - trigo-comum
Outras espécies de Triticum
Secale cereale - centeio (centro secundário)
Pisum sativum - ervilha
Cicer arietinum - grão-de-bico
Linum usitatissimum - linho
Gossypium herbaceum - algodão
Daucus carota - cenoura
Allium cepa - cebola
Allium sativum - alho
Pyrus communis - pêra
Vitis vinifera - uva
Cucumis melo melão
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Melhoramento Genético de Plantas: Princípios e Procedimentos
IV Do Oriente Próximo
Nove espécies de Triticum
Secale cereale - centeio
Avena sativa - aveia
Medicago sativa - alfafa
Beta vulgaris - beterraba (Centro secundário)
Brassica oleracea - repolho, couve, couve-flor, etc.
Lactuca sativa - alface
Ficus carica - figo
Espécies de Pyrus
Espécies de Prunus
V Mediterrânico
Espécies de Triticum
Lens esculenta - lentilha
Beta vulgaris - beterraba
Brassica napus - nabo
Brassica cepa - cebola
Allium sativum - alho
Asparagus officinalis aspargo
VI Abissínio
Espécies de Triticum
Hordeum sativum - cevada
Sorghum bicolor - sorgo
Vigna sinensis - ervilha-de-vaca
Vicia faba - fava
Ricinus communis - mamona
Coffea arabica - café arábica
VII Mexicano do Sul e Centro-Americano
Inclui também as Antilhas.
Zea mays - milho
Phaseolus vulgaris - feijão (comum)
Phaseolus lunatus - feijão (fava)
Espécies de Cucurbita
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Centros de Diversidade das Plantas Cultivadas
Ipomea batatas - batata-doce
Gossypium hirsutum - algodão
Agave sisalana - sisal
Carica papaya - mamão
Persea americana - abacate
Psidium guayava - goiaba
Anacardium occidentale - caju
Theobroma cacao cacau
VIII Sul-Americano
Abrange áreas montanhosas do Peru, Bolívia e parte do Equador.
Solanum tuberosum - batata
Zea mays - milho amiláceo, grãos grandes (Centro secundário)
Phaseolus lunatus - feijão-fava (Centro secundário)
Phaseolus vulgaris - feijão-comum (Centro secundário)
Lycopersicon esculentum - tomate
Cucurbita maxima - moranga
Gossypium barbadense - algodão
Psidium guayava - goiaba
Nicotiana tabacum - fumo
VIII. a Chiloé
Pequena ilha localizada nas costas do Chile. São mencionadas apenas
quatro espécies, sendo a mais importante a batata (Solanum tuberosum).
VIII. b Brasileiro-Paraguaio
Manihot esculenta - mandioca
Arachis hypogaea - amendoim
Theobroma cacao - cacau
Hevea brasiliensis - seringueira
Ilex paraguayensis - chá-mate
Myrciaria jaboticaba, M. cauliflora - jabuticaba
Ananas comosus - abacaxi
Bertholetia excelsa - castanha do Pará
Anacardium occidentale - caju
Passiflora edulis - maracujá
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Melhoramento Genético de Plantas: Princípios e Procedimentos
Vavilov propôs que é nos centros de origem que ocorre a maior diversidade
genética das espécies. Esse fato, todavia, é discutido por alguns pesquisadores,
que afirmam que nem sempre o centro de origem coincide com o centro de
maior diversidade genética de uma espécie. Realmente, alguns centros definidos
por Vavilov são áreas de agricultura recente. Todavia, para os melhoristas de
plantas essa discussão não tem maior importância, pois o que interessa é que
nesses centros sejam realmente encontradas formas genéticas diferenciadas
entre si, que podem ser usadas em introduções e no melhoramento genético.
Estabeleceu ainda a existência de Centros Secundários de Origem, geralmente
com formas oriundas dos Centros Primários, ou com menor diversidade.
FIGURA 3.1. Centros de origem das plantas cultivadas, segundo Vavilov: I - Chinês;
II - Indiano; IIa - Indo-Malaio; III - Asiático Central; IV - do Oriente Próximo;
V - Mediterrânico; VI - Abissínio; VII - Mexicano do Sul e Centro-Americano; VIII - Sul
Americano; VIIIa - Chiloé; VIIIb - Brasileiro-Paraguaio(Briggs e Knowlles, 1967).
Acredita-se que na atualidade os principais centros de diversidade estejam
bem distantes dos reais centros de origem. Estudos recentes têm modificado
em parte a distribuição de espécies feita por Vavilov e, também, determinado a
criação de alguns centros secundários, além de localizar prováveis centros de
algumas espécies que ainda não haviam sido estudadas.
3.2. INTRODUÇÃO DE PLANTAS
Sabe-se que a maioria das espécies cultivadas no Brasil foram introduzidas
de outros países e continentes; algumas delas vieram com os colonizadores.
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Centros de Diversidade das Plantas Cultivadas
Como exemplos citam-se a cana-de-açúcar, o trigo, o arroz, várias espécies de
fruteiras e hortaliças. Em contrapartida, foram encontradas a mandioca, o
amendoim, o milho, entre outras plantas cultivadas pelos índios. O café foi
introduzido no Brasil, pelo Estado do Pará, em 1727 e, posteriormente, a soja e
outras espécies.
De modo geral, novas cultivares podem ser obtidas a partir de introduções
das seguintes maneiras:
a) Utilização direta como cultivar, após avaliação em ensaios de competição
com materiais já cultivados;
b) Seleção de genótipos no material original, se este for heterogêneo,
procedendo-se principalmente à eliminação de tipos indesejáveis;
c) Cruzamento com outras cultivares, visando a transferência de alelos
de interesse. Muitas vezes se introduzem genótipos por apresentarem
características especiais de interesse para o melhoramento de uma
cultura em particular. Costuma-se introduzir uma variedade
simplesmente por apresentar resistência apreciável a determinados
patógenos que constituem sério problema em algumas regiões ou,
até mesmo, estados ou países.
A simples introdução pode, às vezes, resolver problemas sérios na
agricultura de alguns países. No Brasil, a introdução de canas javanesas e
indianas solucionou o problema de ataque de doenças em canaviais nacionais,
entre 1920 e 1940. Outro exemplo é o da cultivar de feijão preto Rico-23,
introduzida em 1954, da Costa Rica. Essa cultivar foi diretamente submetida a
ensaios regionais, com variedades comerciais e outras introduções, tendo-se
sobressaído em termos de produção de grãos, resistência a doenças e outras
características. Após cinco anos de testes, passou a ser distribuída aos
agricultores, alcançando todo o País.
É fato conhecido que certas culturas podem ser exploradas com maior
sucesso em zonas ou países que não os da sua origem, principalmente por não
estarem sujeitas a doenças e pragas ali encontradas.
No processo de introdução de plantas é importante considerar o tipo de
material que deve ser introduzido. Normalmente, não é aconselhável a introdução
de material vegetativo na forma de estacas, manivas, toletes, etc., para evitar a
introdução concomitante de patógenos e pragas, mesmo presumindo-se a
realização de tratamentos preventivos. A introdução de sementes previamente
tratadas é um processo que vem sendo feito regularmente para muitas espécies.
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Melhoramento Genético de Plantas: Princípios e Procedimentos
Atualmente, tem sido dada ênfase ao intercâmbio de materiais reprodutivos
das plantas de valor econômico, na forma de cultura de tecidos, livres de
patógenos. A aplicação da biotecnologia vem sendo cada vez maior nesse tipo
de intercâmbio, principalmente quando se trata de transferir materiais
provenientes de locais onde alguma doença constitua problema sério na
agricultura local. Em vários países são comuns as instituições que cuidam da
introdução de plantas, nas quais se faz a catalogação do material recebido. No
Brasil a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) dispõe do
Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN), que
tem, entre outras atribuições, a competência de realizar triagens no intercâmbio
de material genético entre o Brasil e outros países. Esse intercâmbio ocorre,
por exemplo, com genótipos de mandioca, in vitro , na forma de cultura de
meristemas, do Brasil com a Colômbia (Centro Internacional de Agricultura
Tropical-CIAT) e outros países, e vice-versa. Nos locais para onde são
introduzidas as variedades passam a fazer parte da coleção de material genético
básico, para uso em progamas de melhoramento.

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