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Aula 1 A crise do Estado de Bem Estar Social

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Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo capitalista produziu duas tendências importantes. Por um lado, verificamos a expansão dos mercados, especialmente o mercado mundial de mercadorias, sob hegemonia e a pressão do mercado norte-americano. Por outro lado, foi o período de crescimento do Estado, de forma diferenciada, na Europa e no restante do mundo. A isto, na Europa Ocidental e na América do Norte, damos o nome de Estado de bem-estar social. Segundo Wood (2001:12), “o capitalismo é um sistema em que os bens e serviços, inclusive as necessidades mais básicas da vida, são produzidas para fins de troca lucrativa; em que até a capacidade humana de trabalho é uma mercadoria à venda no mercado; e em que todos os agentes econômicos dependem do mercado, os requisitos da competição e da maximização do lucro são as regras fundamentais da vida (...). Acima de tudo, é um sistema em que o grosso do trabalho da sociedade é feito por trabalhadores sem posses, obrigados a vender sua mão-de-obra por um salário, a fim de obter acesso aos meios de subsistência”.
O Estado de Bem-Estar Social(Welfare State): é um tipo de organização politica e econômica que coloca o Estado(nação) como principal agente regulamentador de toda vida e saúde social, politica e econômica do pais, em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes. Vamos entender um pouco mais sobre ele? 
O Estado de Bem-Estar Social foi uma politica do capitalismo no pós-guerra, ela teve como objetivo recuperar a Europa devastada pela segunda guerra mundial. Seu desenvolvimento está intimamente relacionado ao processo de industrialização e aos problemas sociais gerados a partir dele. A construção do Estado de bem-estar social teve seu início marcado com a aprovação, em 1942, de uma série de providências nas áreas da saúde e escolarização. Ocorreu também uma ampliação dos serviços assistenciais públicos, abarcando as áreas de renda, habilitação e previdência social, entre outras. Paralelamente à prestação de serviços sociais, o Estado de Bem-estar social passou a intervir fortemente na área econômica, de modo a regulamentar praticamente todas as atividade produtivas com a proposta de geração de riquezas materiais para atender ao lucro capitalista e também a diminuição das desigualdades sociais com o objetivo de desmobilizar a classe trabalhadora.
Um desequilíbrio perigoso: Talvez você ainda não tenha percebido, mas o que ocorreu a partir da mudança de modelo foi um desequilíbrio nas relações entre Estados, entre mercado e Estado e, consequentemente, entre Estado e indivíduo. Vamos ver por outra perspectiva:
Embora a produção industrial tenha reduzido em 10% nos países centrais do capitalismo, o crescimento econômico, mesmo que, em menor proporção, permaneceu. Inclusive, o comércio internacional de produtos industrializados, apresentou um crescimento dos anos de 1980. No fim do século XX, os países do mundo capitalista desenvolvido se achavam, tomados como um todo, mais ricos e mais produtivos do que no início da década de 1970, e a economia global (da qual ainda formavam o elemento central) estava imensamente mais dinâmica (cf. Hobsbawm, 1995:395). Esse não era o caso da África, da Ásia Ocidental e da América Latina, que viram às voltas com o aumento da pobreza e da queda da produção. Da mesma forma os países socialistas da Europa, apesar de apresentarem um pequeno crescimento econômico nos anos de 1980, não resistiram ao processo de “desindustrialização”, caracterizado pelas “novas formas de produção, pelo desenvolvimento da economia de serviços e pelas novas formas de gerenciamento empresarial” (cf.Therbom, 1999:45).
Tudo isso proporcionou pobreza, desemprego e miséria. Mesmo nos países mais ricos do mundo capitalista, as diferenças sociais se aprofundaram: “a produção agora dispensava visivelmente seres humanos mais rapidamente do que a economia de mercado gerava novos empregos para eles” (c f.Hobsbawn, 1997:404). Dessa forma, o desemprego não é ocasional, temporário, pelo contrário ele é a expressão da nova organização econômica. Com isso, a presença de milhares de pessoas pelas ruas, sem ter onde morar, compõe o cenário dos maiores centros empresariais do mundo.
A ascensão do neoliberalismo: Finalmente na década de 1990, não dava mais para esconder que o modelo de desenvolvimento capitalista da época estava em crise. Crise essa, que já se anunciava em grande parte do mundo, desde meados dos anos de 1970. Isso favoreceu a crítica dos economistas conservadores, neoliberais, que há tempos vinham combatendo o Estado de Bem-estar social. Os neoliberais afirmavam que a economia e a política do Estado Keynesiano, baseada no pleno emprego, altos salários e nos direitos sociais, impediam o controle da inflação e o corte de custos, tanto no governo quanto nas empresas privadas. Para eles, só o livre mercado seria capaz de fomentar a distribuição da riqueza e da renda.
A ofensiva neoliberal: Ao se contrapor ao Estado de bem-estar social, segundo os preceitos do Consenso de Washington, o neoliberalismo defendia a privatização dos serviços públicos, como educação, saúde e previdência, de forma a aliviar o Estado e tornar esses serviços competitivos no mercado. Desta forma, direitos conquistados transformaram-se em mercadorias adquiríveis no mercado. 
ATIVIDADE PROPOSTA:
Ao longo das duas últimas décadas, a intensificação do processo de internacionalização das economias capitalistas, com ênfase nos mercados financeiros mundiais e a formação de grandes blocos econômicos, têm aumentado a pobreza e aprofundado as desigualdades no mundo capitalista globalizado. Sendo assim, a crise do Estado de bem-estar social está relacionada à construção de um novo modelo de capitalismo que, no afã de recuperar a lucratividade, contrapõe direito a investimentos e acumulação de capitais, e é responsável pela condução da reforma do Estado que tem provocado cortes substanciais no orçamento das políticas sociais dos países periféricos em benefício dos países centrais. 
Vá ao fórum de discussão e participe do tópico Integração do grupo, no qual você poderá interagir com seus colegas de turma. Ainda, também participe da discussão desta aula: Estado de Direitos Sociais, Estado Neoliberal e Educação.
Sugestão para leitura complementar:
1) BORON, A. Os ‘novos Leviatãs’ e a pólis democrática: neoliberalismo, decomposição estatal e decadência da democracia na América Latina. In: SADER, E & GENTILI, P. (orgs.). Pós-neoliberalismo II: que Estado para que democracia?. Petrópolis: Vozes, 1999.2) HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São paulo. Companhia das Letras, 1995. 3) SHIROMA, E. et. al. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2007.
4) THERBORN, G. As teorias do Estado e seu desafios no fim de século. In: SADER, E. & GENTILI, P. (orgs.). Pós-Neoliberalismo II: que Estado para que democracia?. Petrópolis: Vozes, 1999.
Sugestão de documentário:
Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá. O documentário trata do processo de globalização com base no pensamento do geógrafo Milton Santos, que, por suas idéias e práticas, inspira o debate sobre a sociedade brasileira e a construção de um novo mundo.
Tempo de duração: 89 minutos
Ano de lançamento: 2006
Direção: Silvio Tendler

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