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02 INQUERITO POLICIAL

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3. INQUÉRITO POLICIAL 
 
3.1. Natureza Jurídica do Inquérito Policial 
 
O inquérito policial é uma sequência de atos administrativos, sem uma ordem pré-definida em lei, que se 
realizam, a princípio, de acordo com a discricionariedade da autoridade policial. 
Assim, se o inquérito policial é uma sequência de atos praticados pela autoridade policial ou sob a sua 
presidência, caracteriza-se como procedimento de natureza meramente administrativa. 
Ressalte-se que os atos do inquérito são praticados, em regra, de acordo com a necessidade, utilidade e 
possibilidade para aquela investigação, ou seja, destaca-se a discricionariedade da autoridade policial na orientação 
e ordem dos atos de um inquérito policial. Por tal motivo, por não seguir um procedimento pré-definido em lei, o 
inquérito policial não é um processo, como ocorre com os procedimentos judiciais. 
Juízes, na presidência dos atos processuais, devem seguir um rito formal, cuja ordem dos atos é definida 
legalmente. O desrespeito a essa sequência legalmente definida gera, no caso de um processo, nulidade. 
Repare que no inquérito policial não há que se falar em nulidades. E tal fato se dá porque o inquérito policial 
não é formal. 
 
3.2. Conceito de Inquérito Policial 
 
O Inquérito Policial é um procedimento administrativo, presidido pela autoridade policial, de caráter informa-
tivo e inquisitivo, que tem por fim colher prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, buscando 
viabilizar o exercício da ação penal. 
 
3.3. Finalidade e objeto do Inquérito Policial 
 
O art. 4º do CPP estabelece que a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de 
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
Assim, a finalidade precípua do inquérito policial é a de recolher indícios de autoria e prova da materialidade 
do crime, de forma a viabilizar o exercício da ação penal por seu titular. 
Contudo, não podemos afirmar que a finalidade do inquérito seria a de garantir o exercício da ação penal, 
já que, inúmeras vezes, o inquérito atinge seu objetivo, colhendo provas da materialidade e indícios de autoria, e 
nem por isso a ação penal chega a ser exercida. Veja por exemplo a hipótese na qual, muito embora materialidade 
e autoria estejam demonstradas no inquérito, e o Ministério Público acaba por requerer o arquivamento em face da 
prescrição do crime, morte do agente, ou qualquer outro motivo que inviabilize a ação penal naquele caso concreto. 
Observa-se então que o objeto de investigação de um inquérito policial é o fato, sendo, de acordo com o 
processo penal moderno, completamente equivocada a ideia de que o objeto do inquérito seria o indiciado. Não 
estamos mais na Inquisição! E o inquérito policial, embora adote um modelo linear, no qual a autoridade policial, 
de forma inquisitiva, ou seja, SEM contraditório e ampla defesa, e impessoal, APURA OS FATOS, e não o indiciado. 
 
3.4. Características do Inquérito Policial 
 
3.4.1. Inquisitivo ou inquisitório 
 
O inquérito policial é um procedimento linear presidido pela autoridade policial, que, regida pela impessoa-
lidade e discricionariedade, realiza as diligências com a finalidade de esclarecer o fato objeto da investigação. Assim, 
não se tratando de um procedimento “de partes”, não há que se falar em contraditório e ampla defesa. 
 
3.4.2. Discricionário 
 
O delegado de polícia conduz as investigações do inquérito policial de acordo com sua discricionariedade. 
Isso significa que a autoridade policial que presidir o inquérito realizará diligências de acordo com seu critério de 
necessidade, possibilidade e utilidade ao esclarecimento do fato criminoso, de suas circunstâncias e autoria. Atua, 
portanto, dentro de um critério de conveniência e oportunidade. 
A discricionariedade do inquérito policial comporta, entretanto, algumas exceções: exame de corpo de delito; 
requisição do Juiz ou do Ministério Público e auto de prisão em flagrante. 
 
 
 
 
 
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3.4.3. Dispensável 
 
O Inquérito policial não passa de uma peça de informação, podendo ser substituído por peças outras desde 
que os elementos necessários ao exercício da ação penal ali estejam presentes. 
 
3.4.4. Sistemático 
 
Embora não possua um rito pré-estabelecido em lei, o que acarreta a afirmação de que o inquérito não é 
formal, é evidente que a autoridade policial realiza as diligências numa ordem que depende de seu próprio juízo de 
oportunidade ou conveniência. No entanto, o destinatário do inquérito é órgão distinto daquele que presidiu as in-
vestigações. Espera-se que o delegado, antes de remeter o inquérito ao Ministério Público, elabore um relatório que 
demonstre a orientação por ele adotada durante as investigações. Porém, o inquérito não é formal, e eventuais 
vícios não passam de meras irregularidades, motivo pelo qual um inquérito pode ter um, vários ou nenhum relatório. 
Por tal motivo, é importante que os autos de inquérito estejam organizados respeitando a cronologia das 
diligências realizadas. Daí falarmos que o inquérito é sistemático. 
 
3.4.5. Unidirecional 
 
O IP é instaurado para apurar determinado fato, objeto daquela investigação, NÃO podendo a autoridade 
policial direcionar as diligências ali realizadas para fatos estranhos àquele procedimento. Assim, as diligências rea-
lizadas em um inquérito visam esclarecer a materialidade e a autoria do fato objeto da investigação policial. 
 
3.4.6. Escrito 
 
Prevalece no inquérito a forma documental. Ainda que existam atos produzidos oralmente, devem eles ser 
necessariamente reduzidos a termo. O inquérito é escrito, o que, aliás, é característica eminentemente inquisitiva. 
 
3.4.7. Sigiloso 
 
O sigilo do inquérito tem duas finalidades: a primeira, obviamente, é a de garantir que as próprias diligências 
se realizem; enquanto a segunda é garantia do próprio indiciado, contra quem ainda não há indícios suficientes, não 
se justificando que as meras suspeitas sejam do conhecimento do público em geral. Assim, caso nada fique com-
provado contra o indiciado, será ele devolvido “à sociedade” no status quo ante. 
No momento em que uma das funções do sigilo do inquérito é a de resguardar a figura do próprio indiciado, 
não pode ele ser prejudicado por uma garantia que possui, motivo pelo qual o advogado tem garantido o acesso às 
diligências já realizadas. Tal garantia é assegurada pelo art. 7º, XIV, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil 
(Lei no. 8.906/94). 
A Súmula Vinculante 14 apenas explicita a prerrogativa estabelecida pela Lei no. 8.906/94, mas, ressalte-
se, não alcança diligências investigatórias de natureza sigilosa ainda em curso, e sim aquelas já encerradas e 
documentadas nos autos do inquérito policial. 
 
3.4.8. Indisponível 
 
Embora regido pela oficialidade (pois o inquérito é conduzido pela polícia judiciária, ou seja, pela Polícia 
Federal ou pela Polícia Civil, órgãos de direito público), e pela oficiosidade (em regra, os atos devem ser impulsio-
nados de ofício pela autoridade policial), não poderá o delegado de polícia desistir ou arquivar o inquérito policial. 
 
3.5. Prazo do Inquérito 
 
O art. 10 do CPP estabelece que o inquérito deverá ser concluído em 10 (dez) dias em caso de indiciado 
preso, e em 30 (trinta) dias no caso de indiciado solto ou quando não houver indiciado. 
Este prazo é, no entanto, prazo genérico, devendo ser observada eventual disposição específica em leis 
extravagantes. Assim, é no caso dos inquéritos em curso na Polícia Federal, já que o art. 66 da Lei no. 5.010/66 
estabelece o prazo de 15 (quinze) dias no caso de indiciado preso, podendo este prazo ser prorrogadofundamen-
tadamente por mais 15 (quinze) dias. Referida lei não apresenta um prazo para inquéritos de soltos, aplicando-se o 
prazo de 30 (trinta) dias do CPP. 
 
 
 
 
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Da mesma forma, a Lei de Tóxicos (Lei no. 11.343/2006) apresenta prazo especial no art. 51: 30 (trinta) dias 
para inquéritos de presos e 90 (noventa) dias para inquéritos de soltos, podendo tais prazos serem duplicados em 
caso de extrema necessidade. 
Devemos lembrar que o prazo de conclusão do inquérito em qualquer uma das hipóteses acima é, na ver-
dade, prazo para a remessa dele ao Ministério Público que, entendendo pela necessidade de continuidade das 
investigações, baixará os autos de volta à delegacia por um novo prazo, requisitando diligências. 
 
3.6. Arquivamento e desarquivamento do Inquérito 
 
Uma vez concluído o Inquérito Policial, o mesmo é remetido ao Ministério Público que, na forma do art. 46 
do CPP, terá o prazo de 05 (cinco) dias, se o indiciado estiver preso, ou 15 (quinze) dias, se o indiciado estiver solto, 
para oferecer denúncia. 
Não podemos fazer interpretação literal. A leitura do art. 46 nos indica, na verdade, que o Ministério Público 
tem aquele prazo para formar a opinio deliciti, ou seja, analisar as peças de informação, verificando a presença ou 
ausência dos requisitos necessários ao exercício da ação penal, podendo: oferecer denúncia, devolver os autos à 
delegacia para continuidade da investigação ou ainda requerer o arquivamento. 
Quando o membro do Ministério Público requer o arquivamento do inquérito ao juiz, havendo discordância, 
o mesmo aplicará o disposto no art. 28 do CPP, ou seja, remeterá os autos ao Procurador-Geral, que poderá: 
oferecer a denúncia; designar outro órgão do Ministério Público para oferecer a denúncia; insistir no pedido de 
arquivamento, ao qual terá o juiz que atender. 
Na hipótese do Procurador Geral designar outro promotor ou procurador para oferecer a denúncia, este 
membro do MP recebe verdadeira delegação e, apesar de inúmeras críticas doutrinárias, atua como longa manus, 
devendo, apesar de sua independência funcional, oferecer denúncia. 
O arquivamento do Inquérito Policial tem natureza jurídica de ato administrativo complexo ou composto, 
uma vez que somente se concretiza com a participação do Ministério Público, formador da opinião sobre o crime 
(opinio delicti), e do Juiz, fiscal do princípio da obrigatoriedade que rege a atuação do MP. 
Por tal motivo, a decisão de arquivamento é administrativa, e dela não há possibilidade de recurso, motivo 
pelo qual não faz coisa julgada (exceção à regra geral está na hipótese da promoção de arquivamento fundar-se na 
atipicidade da conduta ou ainda na extinção da punibilidade), sendo possível, diante do surgimento de novas provas, 
o desarquivamento do inquérito ou mesmo o exercício da ação penal. Neste sentido, temos o art. 18 do CPP e a 
súmula 524 do STF. 
 
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
 
 
 
 
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