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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS OPERAÇÕES COM MERCADORIAS (Contabilidade Geral II) PROFESSOR: WALLACE SOUZA BARBOSA SÃO CRISTÓVÃO – SE 2017 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 2 SUMÁRIO 1. CONCEITOS BÁSICOS.....................................................................................03 2. APURAÇÃO EXTRACONTÁBIL DO RCM....................................................03 3. APURAÇÃO CONTÁBIL DO RCM.................................................................04 3.1. INVENTÁRIO PERIÓDICO.......................................................................05 3.2. INVENTÁRIO PERMANENTE..................................................................07 4. ICMS E IPI NAS OPERAÇÕES COM MERCADORIAS (REGRA GERAL).10 4.1. ALÍQUOTAS DE ICMS (ABORDAGEM GERAL)..................................14 5. PIS E COFINS NAS OPERAÇÕES COM MERCADORIAS (REGRA GERAL................................................................................................................14 6. OPERAÇÃO DE COMPRA ENVOLVENDO FRETES...................................22 6.1. FRETE CONTANTE DA PRÓPRIA NOTA FISCAL................................22 6.2. FRETE CONTANTE DE CTRC..................................................................23 7. OPERAÇÃO DE VENDA ENVOLVENDO FRETES......................................24 7.1. FRETE CONTANTE DA PRÓPRIA NOTA FISCAL................................24 7.2. FRETE CONTANTE DE CTRC..................................................................25 8. DEVOLUÇÃO DE COMPRAS..........................................................................26 9. DEVOLUÇÃO DE VENDAS.............................................................................27 10. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................30 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 3 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS 1 O patrimônio é o objeto da contabilidade e as mercadorias – bens tangíveis, corpóreos e de valor econômico, constituem o principal objeto negocial dos empresários comerciais. Neste sentido, ganha relevo as operações envolvendo mercadorias e seus reflexos na área tributária, cujo estudo veremos a seguir. 1 CONCEITOS BÁSICOS ● Compra de mercadoria: aquisição de propriedade da mercadoria; ● Venda de mercadoria: transferência/tradição de propriedade da mercadoria; ● Venda Cancelada: expressão usada quando a mercadoria não chega a circular fisicamente com destino ao comprador. ● Devolução de Venda: neste caso, a mercadoria chega até o comprador (circula), mas este a devolve em razão de avarias ou desacordo com o pedido. Como há circulação da mercadoria tanto na saída (venda), quanto no retorno dela (devolução da venda), há emissão de nota fiscal (documento fiscal que deve acompanhar a mercadoria) tanto pelo vendedor, quanto pelo comprador que devolveu. ● Abatimento: a fim de evitar devolução de mercadorias, há a concessão de abatimento de preço, o que, por óbvio, evita a circulação em retorno da mercadoria, não necessitando de emissão de nota fiscal nesta ocasião. Se não há emissão de Nota Fiscal, não afeta o ICMS. Entretanto, como o abatimento interfere no faturamento, então afeta o PIS e a COFINS. ● Desconto Incondicional: também conhecido como desconto comercial, ocorre por razões mercantis, isto é, quando se trata de um cliente especial, ou quando o cliente compra em grande quantidade. Assim, o desconto incondicional é contratado no ato da venda e constam do corpo da nota fiscal. Contabilmente são tratados como dedução de vendas. ● Desconto Condicional: também conhecido como desconto financeiro, depende de um evento futuro e incerto e, portanto, não constam do corpo da nota fiscal, posto que conhecido a posteriori . Como exemplo, podemos citar o caso de pagamento de uma fatura antes de seu vencimento, dependente da vontade do comprador e da condição de pagar ou não antes da data contratada. É, portanto, uma despesa financeira para quem vende e uma receita financeira para quem compra. 2 APURAÇÃO EXTRACONTÁBIL DO RCM RCM é o resultado com mercadorias que, se positivo, é lucro e, se negativo, é prejuízo. Pode ser apurado extracontabilmente (matematicamente) através das seguintes fórmulas: RCM = VL – CMV 1 Serão tratadas segundo a forma tradicional (art. 187 da Lei 6.404/76). Entretanto, quando da elaboração da DRE faremos os ajustes conforme o CPC 16 (R1) e no CPC 30 (R1), no tocante às rubricas “CMV” e “Receitas com Vendas” a serem evidenciados na DRE. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 4 VL: vendas líquidas; CMV: custo das mercadorias vendidas. VL = VB – Deduções VB: vendas brutas; Deduções de vendas: - descontos incondicionais concedidos; - devolução de vendas; - abatimentos sobre vendas - ICMS, PIS e COFINS incidentes sobre vendas. CMV = EI + CL - EF CMV: custo das mercadorias vendidas; EI: estoque inicial; CL: compras líquidas; EF: estoque final. CL = compras + fretes+ seguros + IPI – ICMS – deduções de compras Deduções de compras: - desconto incondicional obtido; - devolução de compras; - abatimento sobre compras. Exemplo: - EI = 13.000 - Compras a prazo = 20.000 - Devolução de compras = 4.000 - Vendas a prazo = 40.000 - Devolução de vendas = 5.000 - EF = 8.000 CMV = EI + CL – EF CMV = 13.000 + (20.000 – 4.000) – 8.000 CMV = 21.000 RCM = VL – CMV RCM = (40.000 – 5.000) – 21.000 RCM = 14.000 Aqui, portanto, o resultado com mercadorias foi um lucro de R$14.000,00. 3 APURAÇÃO CONTÁBIL DO RCM A apuração contábil do resultado com mercadoria depende da maneira como se controla os estoques das mercadorias, se periodicamente ou permanentemente. Nesse sentido, importante registrar que, com base no CPC 16 (R1), os Estoques devem ser mensurados e evidenciados no Balanço Patrimonial pelo valor do Custo de aquisição ou pelo Valor Realizável Líquido, dos dois o menor. Caso o custo de aquisição seja superior ao valor realizável líquido, deve-se fazer a redução ao valor realizável líquido, devendo a análise ser feita item por item, por exemplo: CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 5 ESTOQUES CUSTO DE AQUISIÇÃO VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO VALOR A SER CONSIDERADO Mercadoria A R$ 10.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 Mercadoria B R$ 10.000,00 R$ 11.000,00 R$ 10.000,00 O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. Já o valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda. O custo da mercadoria vendida (CMV), por sua vez, é encontrado a partir dos métodos de controle a seguir.3.1 Inventário Periódico Utilizam-se este tipo de inventário os micros e pequenos empresários, fazendo- se o levantamento físico dos estoques e depois se verificando o valor de aquisição de cada um deles para se chegar ao valor do estoque final. Feito isso, chega-se matematicamente aos valores do CMV e do RCM. Contabilmente, por sua vez, utiliza- se a conta “Mercadoria” com função mista ou desdobrada. 3.1.2. Conta “Mercadoria” com função mista Em desuso, é ao mesmo tempo patrimonial e de resultado. Exemplo: - EI = 13.000 - Compras a prazo = 20.000 - Devolução de compras = 4.000 - Vendas a prazo = 40.000 - Devolução de vendas = 5.000 - EF = 8.000 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 6 (si) 13.000 4.000 (2) (2) 4.000 20.000 (1) (1) 20.000 40.000 (3) (4) 5.000 38.000 44.000 (5) 14.000 6.000 (sf) 8.000 (3) 40.000 5.000 (4) (5) 14.000 Mercadoria Fornecedores Clientes RCM Portanto, o CMV é encontrado da seguinte forma: RCM = VL – CMV. VL = VB - Deduções de vendas VL = 40.000 – 5000 VL = 35.000 RCM = VL – CMV 14.000 = 35.000 – CMV CMV = 21.000 3.1.2 Conta “Mercadoria” com função desdobrada Neste caso, a conta mercadoria tem função apenas patrimonial, sendo as vendas, compras, devolução de vendas, devolução de compras, descontos e abatimentos, se houver, registrados separadamente. Utilizando o exemplo anterior, temos: (si) 13.000 13.000 (5) 4.000 (2) 20.000 (1) 40.000 (3) 5.000 (4) (8) 8.000 16.000 35.000 Mercadoria Fornecedores Clientes (1) 20.000 20.000 (6) (7) 4.000 4.000 (2) (9) 40.000 40.000 (3) 0 0 0 Compras Devolução de Compras Receita c/ vendas (4) 5.000 5.000 (10) 13.000 (5) 4.000 (7) 5.000 (10) 40.000 (9) 0 20.000 (6) 8.000 (8) 21.000 (11) 33.000 12.000 26.000 40.000 21.000 21.000 (11) 14.000 0 Devolução de vendas CMV RCM CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 7 3.2 Inventário Permanente Atualmente é o mais usado, principalmente pelos médios e grandes empresários, posto que permite conhecer a qualquer momento o valor dos estoques e do CMV, já que a cada venda (saída) há baixa do valor contido em estoques. Para tanto, utilizam-se fichas de controle, cuja valoração vai depender do método adotado: preço do custo específico, PEPS (primeiro a entrar é o primeiro a sair), UEPS (último a entrar é o primeiro a sair) ou Média Ponderável Móvel (Custo Médio). 3.2.1 Preço do custo específico Neste método, o custo de uma mercadoria é exatamente o custo de adquiri-la, ou seja, o preço específico de cada unidade em estoque é baixado, em cada venda, por esse valor. Esse método é usado para valores vultosos, a exemplo de glebas de terra, jóias de grande valor, etc. Exemplo: Ficha de Controle de Estoque Método: Preço específico Mercadoria: Jóias em Diamante Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total 01/03/10 Saldo - - - - - - 20 20 400,00 Ei 05/03/10 Compra NF nº 108 30 30 900,00 - - - 20 20 400,00 30 30 900,00 50 1.300,00 11/03/10 Venda lote de 05/03/2010 - - - 10 30 300 20 20 400,00 - - 20 30 600,00 40 1.000,00 17/03/11 Venda lote inicial - - - 20 20 400 20 30 600,00 Ef TOTAIS 30 900,00 30 700 CL CMV Saldo Data Histórico Entradas Saídas Desta forma, o estoque final está avaliado em R$600,00 e o CMV (total da coluna “Saídas”) é de R$700,00. A título de conferência, aplique a fórmula do CMV. 3.2.2 PEPS (Primeiro a Entrar Primeiro a Sair) As mercadorias que entram primeiro são as primeiras a sair, sendo o estoque final avaliado pelos valores mais recentes, portanto, maiores. Assim, diz-se que o estoque fica superavaliado e o CMV, como são registrados pelas saídas mais antigas, tem seu valor menor, aumentando o lucro e, consequentemente, pagando mais impostos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSSL). Exemplo: - Em 01/08/2010, estoque inicial de calças populares: 45 und. a R$80,00 cada uma. - Em 01/08/2010, compra de 80 und. de calças populares a R$90,00 cada uma. - Em 03/08/2010, devolução de 25 und., referentes às últimas compras. - Em 05/08/2010, abatimento de R$165,00, referente às últimas compras. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 8 - Em 10/08/2010, venda de 80 und. de calças populares a R$180,00 cada uma. - Em 12/08/2010, devolução de 40 und., referentes às últimas vendas. -Em 18/08/2010, abatimento de R$1.200,00, referentes às últimas vendas. Ficha de Controle de Estoque Método: PEPS Mercadoria: calças populares Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total 01/08/10 Saldo - - - - - - 45 80,00 3.600,00 Ei 01/08/10 Compra NF nº 108/10 80 90,00 7.200,00 - - - 45 80,00 3.600,00 80 90,00 7.200,00 10.800,00 03/08/10 Devolução ref. NF nº 108/10 (25) 90,00 (2.250,00) - - - 45 80,00 3.600,00 - - 55 90,00 4.950,00 8.550,00 05/08/2010 Abatimento ref. NF nº 108/2010 - - (165,00) - - - 45 80,00 3.600,00 55 87,00 4.785,00 8.385,00 10/08/10 Venda conf. NF nº 001/10 - - - 45 80,00 3.600,00 35 87,00 3.045,00 20 87,00 1.740,00 80 6.645,00 12/08/10 Devolução ref. NF 001/10 - - - (35) 87,00 (3.045,00) 5 80,00 400,00 (5) 80,00 (400,00) 55 87,00 4.785,00 (40) (3.445,00) 5.185,00 Ef TOTAIS 55 4.785,00 40 3.200,00 CL CMV Saldo Data Histórico Entradas Saídas Assim, o estoque final foi avaliado em R$5.185,00 e o CMV em R$3.200,00. A título de conferência, aplique a fórmula do CMV. Já o RCM fica: RCM = VL – CMV; VL = VB – Deduções de vendas VL = (80x180) – (40x180) – 1200 VL = 6.000 RCM = 6.000 – 3.200 RCM = 2.800 Observe que o abatimento sobre vendas de R$1.200,00 não entra na ficha de controle, pela simples razão de que o que interessa nas vendas para ficha é apenas a quantidade, dado que o valor a ser baixado na saída é o valor de custo de aquisição. Como no abatimento sobre vendas não há circulação de mercadoria, ao contrário da devolução sobre vendas, não há alteração nas quantidades, não interferindo no controle dos estoques. Saliente-se que no caso do abatimento sobre compras, embora não haja circulação de mercadoria e alteração nas quantidades, tal valor entra na ficha de controle porque afeta o valor de compra, e os estoques, como sabemos, são registrado pelo preço de custo de aquisição. 3.2.3 UEPS (Último a Entrar Primeiro a Sair) CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 9 As mercadorias que entram por último saem primeiro, sendo o estoque final avaliado pelos valores mais antigos, portanto, menores. Assim, diz-se que o estoque fica subavaliado e o CMV, como são registrados pelas saídas mais recentes, tem seu valor maior, diminuindo o lucro e, consequentemente, pagando menos impostos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSSL). Por isso que este método é proibido pelo fisco federal, mas os empresários podem utilizá-lo para fins gerenciais. Utilizando-se as mesmas operações do exemplo anterior, a ficha de controle de estoque fica assim: Ficha de Controle de Estoque Método: UEPS Mercadoria: calças populares Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total 01/08/10 Saldo - - - - - - 45 80,00 3.600,00 Ei 01/08/10 Compra NF nº 108/10 80 90,00 7.200,00 - - - 45 80,00 3.600,00 80 90,00 7.200,00 125 10.800,00 03/08/10 Devolução ref. NF nº 108/10 (25) 90,00 (2.250,00) - - - 45 80,00 3.600,00 - - 55 90,00 4.950,00 100 8.550,00 05/08/2010 Abatimento ref. NF nº 10/2010 - - (165,00) - - - 45 80,00 3.600,00 55 87,00 4.785,00 100 8.385,00 10/08/10Venda conf. NF nº 001/10 - - - 55 87,00 4.785,00 25 80,00 2.000,00 20 80,00 1.600,00 80 6.785,00 12/08/10 Devolução ref. NF 001/10 - - - (25) 80,00 (2.000,00) 45 80,00 3.600,00 (15) 87,00 (1.305,00) 15 87,00 1.305,00 (40) (3.305,00) 60 4.905,00 Ef TOTAIS 55 4.785,00 40 3.480,00 CL CMV Data Histórico Entradas Saídas Saldo Aqui, o estoque final foi avaliado em R$4.905,00 e o CMV registrou R$3.480,00. A título de conferência, aplique a fórmula do CMV. Já o RCM fica: RCM = VL – CMV; VL = VB – Deduções de vendas VL = (80x180) – (40x180) – 1200 VL = 6.000 RCM = 6.000 – 3.480 RCM = 2.520 3.2.4 MPM (Média Ponderada Móvel) Chama-se ponderada móvel, pois o valor médio de cada unidade em estoque altera-se pela compra de outras unidades por um preço diferente. Assim, ele será calculado dividindo-se o custo total do estoque pelas unidades existentes. Utilizando-se as mesmas operações do exemplo anterior, a ficha de controle de estoque fica assim: CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 10 Ficha de Controle de Estoque Método: MPM Mercadoria: calças populares Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total Quant. Vlr. Unit. Total 01/08/10 Saldo - - - - - - 45 80,00 3.600,00 Ei 01/08/10 Compra NF nº 108/10 80 90,00 7.200,00 - - - 125 86,40 10.800,00 03/08/10 Devolução ref. NF nº 108/10 (25) 90,00 (2.250,00) - - - 100 85,50 8.550,00 05/08/10 Abatimento ref. NF nº 108/10 - - (165,00) - - - 100 83,85 8.385,00 10/08/10 Venda conf. NF nº 001/10 - - - 80 83,85 6.708,00 20 83,85 1.677,00 12/08/10 Devolução ref. NF 001/10 - - - (40) 83,85 (3.354,00) 60 83,85 5.031,00 Ef TOTAIS 55 4.785,00 40 3.354,00 CL CMV Saldo Data Histórico Entradas Saídas Desta forma, o estoque final foi avaliado em R$5.031,00 e o CMV registrou R$3.354,00. A título de conferência, aplique a fórmula do CMV. Já o RCM fica: RCM = VL – CMV; VL = VB – Deduções de vendas VL = (80x180) – (40x180) – 1200 VL = 6.000 RCM = 6.000 – 3.354 RCM = 2.646 3.2.5 Comparação entre os métodos ITEM PEPS MPM UEPS EF 5.185,00 5.031,00 4.905,00 CMV 3.200,00 3.354,00 3.480,00 RCM 2.800,00 2.646,00 2.520,00 Note que pela MPM os valores são intermediários e que o estoque final é maior no PEPS, porque avaliado pelas compras mais recentes (valor mais próximo do real/atual), já que as primeiras saíram em primeiro lugar. Já no UEPS o estoque final é menor, porque avaliado pelas compras mais antigas (valor menos próximo do real/atual), já que as últimas saíram em primeiro lugar. Quanto ao CMV, no PEPS é menor porque as saídas são registradas pelas aquisições mais antigas, repercutindo num maior lucro (RCM). Já no UEPS, o CMV é maior porque as saídas são registradas pelas aquisições mais recentes, repercutindo num menor lucro (RCM), por isso vedado pelo fisco federal, devido à consequente redução na incidência dos impostos sobre o lucro (IRPJ e CSLL). 4 ICMS E IPI NAS OPERAÇÕES COM MERCADORIAS (ABORDAGEM GERAL) O Imposto sobre Circulação de Mercadoria – ICMS é de competência estadual e incide, grosso modo, toda vez que houver circulação de mercadoria, cujo fato gerador CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 11 principal é a saída/venda da mercadoria. Assim, quando houver venda de mercadoria ocorre o fato gerador da obrigação de pagar/recolher referido imposto. Ocorre que o ICMS é um imposto não-cumulativo, isto é, o valor a recolher pode ser abatido de crédito fiscal de ICMS que incidiu nas operações anteriores, ou seja, quando da compra da mercadoria. Exemplificando, quando um empresário compra uma mercadoria para revenda ele paga também o ICMS que está embutido no preço constante da nota fiscal de compra. Pois bem, o valor referente ao ICMS na compra, transforma-se em crédito fiscal que pode ser usado para abater do valor a recolher que for gerado quando da venda. Exemplo: Compra a prazo Venda à vista de 60% do estoque Valor da mercadoria = R$1.000,00 Valor da mercadoria = 2.000,00 Valor da NF = 1.000,00 Valor da NF = 2.000,00 ICMS (12%) = 120,00 CL = 1.000,00 – 120,00 = 880,00 ICMS (17%) = 340,00 Observe que a obrigação de recolher ocorre quando da venda, mas como houve ICMS pago na operação anterior, isso gera um direito de o empresário contribuinte abater do valor a recolher: ICMS a recuperar = R$120,00 ICMS a recolher = R$340,00 Apuração do ICMS = 340,00 – 120,00 ICMS a recolher = 220,00 Vamos contabilizar em razonetes esta operação: * Pela compra (1) 880,00 (1) 120,00 1000,00 (1) Estoques ICMS a recuperar Fornecedores Como se recupera na operação seguinte o valor do ICMS pago na operação anterior, então tal valor não representa custo para nossa empresa. Como somente vai para o estoque o custo da mercadoria, devemos excluir os R$120,00 do valor de aquisição, chegando aos R$880,00 (compras líquidas). *Pelo registro das vendas 2.000,00 (2) (2) 2.000,00 Receita com Vendas Caixa *Pela baixa nos estoques (60%) (1) 880,00 (2.1) 528,00 (2.1) 528,00 CMVEstoques CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 12 *Pela registro do ICMS sobre vendas (2.2) 340,00 340,00 (2.2) ICMS sobre vendas ICMS a recolher *Pela apuração do ICMS (1) 120,00 120,00 (3) (3) 120,00 340,00 (2.2) 0 220,00 ICMS a recolherICMS a recuperar Portanto, o ICMS a recolher no final do mês será de R$220,00, R$340,00 menos os R$120,00 de crédito/direito utilizado. Esta é a sistemática da não-cumulatividade, consignada pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, com o fim de desonerar a cadeia produtiva. Não fosse assim, o contribuinte pagaria R$120,00 constantes da nota fiscal de compra mais os R$340,00 ao governo estadual, quando do recolhimento do correspondente valor. Entretanto, com a não-cumulatividade, desembolsam-se R$220,00. Já o Imposto sobre Produtos Industrializados é de competência federal e incide, grosso modo, quando da saída dos produtos que sofreram processo de industrialização. Assim sendo, como aqui se trata de empresa comercial, não há incidência de IPI na venda, já que não se industrializou nada. Apenas comprou-se a mercadoria pronta para revender. Neste sentido, não há direito de recuperar o IPI quando se compra de uma indústria, posto que não há obrigação de a empresa comercial recolhê-lo ao governo federal. Ou seja, se não tem obrigação de recolher, não tem direito de recuperar. E há obrigação de recolher quando se trata de contribuinte de determinado imposto. Assim, ao contrário do ICMS, o IPI é custo e deve agregar ao valor dos estoques. Exemplo: Compra a prazo Venda à vista de 60% do estoque Valor da mercadoria = R$1.000,00 IPI (10%) = 100,00 Valor da mercadoria = 2.000,00 Valor da NF = 1.100,00 Valor da NF = 2.000,00 ICMS (12%) = 120,00 CL = 1.100,00 – 120,00 = 980,00 ICMS (17%) = 340,00 Vamos contabilizar em razonetes estas operações: *Pela compra (1) 980,00 (1) 120,00 1.100,00 (1) Estoques ICMS a recuperar Fornecedores Note que os estoques foram acrescidos de R$100,00, exatamente o valor do IPI que é custo, posto que, no neste caso, não se recupera. Assim, o que vai para os estoques (R$980,00) é o valor da nota fiscal menos o ICMS que se recupera (R$1.100,00 – R$120,00). CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 13 *Pelo registro da venda 2.000,00 (2) (2) 2.000,00 CaixaReceita com Vendas *Pela baixa nos estoques(60%) (1) 980,00 588,00 (2.1) (2.1) 588,00 Estoques CMV *Pela registro do ICMS sobre vendas (2.2) 340,00 340,00 (2.2) ICMS sobre vendas ICMS a recolher *Pela apuração do ICMS (1) 120,00 120,00 (3) (3) 120,00 340,00 (2.2) 0 220,00 ICMS a recolherICMS a recuperar Observe que a diferença está no valor dos estoques, em razão de o IPI agregar valor ao custo das mercadorias, afetando posteriormente o CMV. Resumo: ICMS IPI Contribuinte do ICMS recuperável custo Contribuinte do ICMS e do IPI recuperável recuperável Não-contribuinte do ICMS e do IPI custo custo Hiipóteses OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Havia divergências quanto ao desconto incondicional fazer ou não parte da base de cálculo do IPI, sendo predominante a aplicação da Lei Federal nº 4.502/64, alterada pela Lei Federal nº 7.798/89, que não permitia o abatimento dos descontos incondicionais. Entretanto, em 04/09/2014 (decisão publicada em 23/09/2014), o Supremo Tribunal Federal (STF), no RE 567935, declarou inconstitucional o §2º do art.14 da Lei nº 4.502/64, com a redação dada pelo art. 15 da Lei nº 7.798/89, tendo em vista que cabe à lei complementar e não à lei ordinária dispor sobre base de cálculo de impostos. A lei complementar em referência é o Código tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172/66), que permite, em seu art. 47, inciso II, alínea “a”, o abatimento dos descontos incondicionais da base de cálculo do IPI. Contudo, essa decisão do STF tem efeito apenas entre as partes. Desta forma, abatendo-se os descontos incondicionais da base de cálculo do IPI, teríamos: Compra (antes do STF) Compra (depois da decisão do STF) Valor da mercadoria = R$1.000,00 Valor da mercadoria = R$1.000,00 (-) Desconto Incondicional = (50,00) (-) Desconto Incondicional = (50,00) IPI (10%) = 100,00 IPI (10%) = 95,00 Valor da NF = 1.050,00 Valor da NF = 1.045,00 ICMS (12%) = 114,00 ICMS (12%) = 114,00 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 14 CL = 1.050,00 – 114,00= 936,00 CL = 1.045,00 – 114,00 = 931,00 Observe que antes da decisão do STF a base de cálculo do IPI, neste caso, era de R$1.000,00. Depois da decisão do Tribunal Superior passa a ser de R$950,00, resultando em IPI de R$95,00 (10% de R$950,00), uma vez que os descontos incondicionais são abatidos da base de cálculo. Mas, repita-se, essa decisão do STF tem efeito apenas entre as partes, prevalecendo aos demais, até o momento, o que preceitua a Lei nº 7.798/89 em não abater os descontos incondicionais para fins de IPI. Discussões judiciais semelhantes há em relação aos fretes fazerem ou não parte da base de cálculo do IPI, uma vez que tal inclusão se deu também pela Lei ordinária n. 7.798/89, entretanto, não há posição do STF até o momento. Portanto, vamos adotar aqui o seguinte, com base, inclusive, na legislação atualmente em vigor e ainda não declarada inconstitucional pelo STF: - O IPI será calculado sobre o valor da mercadoria (valor cheio), sem considerar o desconto incondicional (SOUZA, 2016, p. 264); - O IPI será calculado sobre fretes e seguros se constantes da Nota Fiscal. Caso cobrado pela transportadora, o IPI não incidirá sobre fretes e seguros (SOUZA, 2016, p. 265). 4.1 Alíquotas de ICMS (regra geral) As alíquotas de ICMS podem ser internas e interestaduais, e variam de acordo com o tipo de mercadoria. Em Sergipe, a alíquota interna para as mercadorias em geral é de 17%. Já as interestaduais, seguem as regras conforme esquematização abaixo: 12% Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Espírito Santo Sul e Sudeste 7% Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Espírito Santo Sul e Sudeste Portanto, se sair daqui de Sergipe e for para São Paulo, a alíquota é de 12%. Se a mercadoria sair de São Paulo e vier para Sergipe, por exemplo, a alíquota a ser aplicada é de 7%, e assim sucessivamente conforme esquema. ATENÇÃO!!! No caso do Espírito Santo, aplica-se a regra geral que é de 12%, exceto se a mercadoria tiver como origem as regiões sul e sudeste, quando a alíquota a ser aplicada é de 7%. 5 PIS E COFINS NAS OPERAÇÕES COM MERCADORIAS (REGRA GERAL) A contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) incide sobre o faturamento ou sobre a folha de pagamento. Já a Contribuição para o Financiamento da CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 15 Seguridade Social (COFINS) incide sobre o faturamento. Aqui, tratemos da incidência sobre o faturamento. 5.1 PIS e COFINS (Cumulativo) Em geral, a base de cálculo e o que não a integra estão dispostos nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998 c/c o art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/1977, tendo ambos os diplomas legais redações dadas pela Lei nº 12.973/2014: Lei nº 9.718/1998 Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) Art. 3 o O faturamento a que se refere o art. 2 o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei n o 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluem-se da receita bruta: I - as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II - as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimento pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita bruta; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) IV - as receitas de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei n o 6.404, de 15 de dezembro de 1976, decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; e (Redação dada pela Lei nº 13.043 de 2014) (Vigência) V - (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VI - a receita reconhecida pela construção, recuperação, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Decreto-Lei nº 1.598/1977 Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II - o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 16 IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)§ 1 o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I - devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II - descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III - tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei n o 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) §2º... §3º... §4 o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) §5 o Na receita bruta incluem-se os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4 o . (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) 5.2 PIS não cumulativo Em geral, a base de cálculo e o que não a integra estão dispostos no art. 1º da Lei nº 10.637/02 com redação dada pela Lei nº 12.973/2014: Lei nº 10.637/02 Art. 1 o A Contribuição para o PIS/Pasep, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1 o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei n o 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica com os respectivos valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei n o 6.404, de 15 de dezembro de 1976. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 2 o A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, conforme definido no caput e no § 1 o . (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 3 o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: I - decorrentes de saídas isentas da contribuição ou sujeitas à alíquota zero; CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 17 II - (VETADO) III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; IV - (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) V - referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VI - de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VII - decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1 o do art. 25 da Lei Complementar n o 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos). VIII - financeiras decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, referentes a receitas excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IX - relativas aos ganhos decorrentes de avaliação de ativo e passivo com base no valor justo; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) X - de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XI - reconhecidas pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XII - relativas ao valor do imposto que deixar de ser pago em virtude das isenções e reduções de que tratam as alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do § 1o do art. 19 do Decreto-Lei n o 1.598, de 26 de dezembro de 1977; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XIII - relativas ao prêmio na emissão de debêntures. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) O vendedor que comprar mercadoria para revenda e suportar o ônus do Frete na compra, tem direito ao crédito do PIS incidente sobre ele (frete) quando da compra, conforme NÃO ENCONTREI BASE LEGAL!!! 5.3 COFINS não cumulativo CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 18 Lei nº 10.833/2003 Art. 1 o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1 o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei n o 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica com os seus respectivos valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei n o 6.404, de 15 de dezembro de 1976. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 2 o A base de cálculo da Cofins é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, conforme definido no caput e no § 1 o . (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 3 o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I - isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II - não-operacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; II - de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadoriasem relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; IV - (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) V - referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VI - decorrentes de transferência onerosa, a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1 o do art. 25 da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Medida Provisória nº 451, de 2008). VI - decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1 o do art. 25 da Lei Complementar n o 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeito). CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 19 VII - financeiras decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, referentes a receitas excluídas da base de cálculo da Cofins; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VIII - relativas aos ganhos decorrentes de avaliação do ativo e passivo com base no valor justo; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IX - de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) X - reconhecidas pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XI - relativas ao valor do imposto que deixar de ser pago em virtude das isenções e reduções de que tratam as alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do § 1o do art. 19 do Decreto-Lei n o 1.598, de 26 de dezembro de 1977; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) XII - relativas ao prêmio na emissão de debêntures. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) O vendedor que comprar mercadoria para revenda e suportar o ônus do Frete na compra, tem direito ao crédito do PIS incidente sobre ele (frete) quando da compra, conforme art. 3º, inciso I c/c o inciso IX, da Lei nº 10.833/2003. As alíquotas são as seguintes: Alíquotas PIS 0,65% COFINS 3,00% PIS 1,65% COFINS 7,60% Cumulativo Não-cumulativo Observe que as alíquotas variam de acordo com sistema de cumulatividade ou de não-cumulatividade. Isto é, no sistema cumulativo o PIS e a COFINS incidem toda vez que houver venda/faturamento, sem que haja direito de recuperar algum valor quando da operação anterior (compra da mercadoria). Já no sistema não-cumulativo, da mesma forma que tratamos do ICMS, o PIS e a COFINS incidem toda vez que houver venda/faturmento, mas fica facultado ao contribuinte calculá-los também sobre a compra da mercadoria a ser revendida, gerando um crédito fiscal que poderá ser abatido dos valores a recolher desses tributos. Exemplo: CUMULATIVIDADE Compra a prazo Venda à vista de 60% do estoque Valor da mercadoria = R$1.000,00 Valor da mercadoria = 2.000,00 IPI(10%) = 100,00 Valor da NF = 2.000,00 Valor da NF = 1.100,00 ICMS (17%) = 340,00 ICMS (12%) = 120,00 PIS (0,65%) = 13,00 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 20 CL = 1.100,00 – 120,00 = 980,00 COFINS (3,0%) = 60,00 Contabilizando: *Pela compra (1) 980,00 (1) 120,00 1.100,00 (1) Estoques ICMS a recuperar Fornecedores *Pelo registro das vendas 2.000,00 (2) (2) 2.000,00 CaixaReceita com Vendas *Pela baixa nos estoques (60%) (1) 980,00 588,00 (2.1) (2.1) 588,00 Estoques CMV *Pelos impostos incidentes sobre vendas (2.2) 340,00 (2.3) 13,00 (2.4) 60,00 340,00 (2.2) 13,00 (2.3) 60,00 (2.4) ICMS s/ Vendas PIS s/ Faturamento COFINS s/ Faturamento ICMS a Recolher PIS a Recolher COFINS a Recolher *Pela apuração do ICMS (1) 120,00 120,00 (3) (3) 120,00 340,00 (2.2) 0 220,00 ICMS a recolherICMS a recuperar Veja que, como o sistema é cumulativo para o PIS e a COFINS, não houve direito de crédito fiscal em relação a tais tributos, diferentemente do que veremos abaixo: NÃO-CUMULATIVIDADE Compra a prazo Venda à vista de 60% do estoque Valor da mercadoria = R$1.000,00 Valor da mercadoria = 2.000,00 IPI (10%) = 100,00 Valor da NF = 2.000,00 Valor da NF = 1.100,00 ICMS (17%) = 340,00 ICMS (12%) = 120,00 PIS (1,65%) = 33,00 PIS (1,65%) = 18,15 COFINS(7,6%) = 152,00 COFINS (7,6%) = 83,60 CL = 1.100,00-120,00-18,15-83,60 = 878,25 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 21 Contabilizando: *Pela compra (1) 878,25 (1) 120,00 (1) 18,15 (1) 83,60 1.100,00 (1) FornecedoresEstoques ICMS a recuperar PIS a recuperar COFINS a recuperar *Pelo registro das vendas 2.000,00 (2) (2) 2.000,00 CaixaReceita com Vendas *Pela baixa dos estoques (60%) (2.1) 526,95 526,95 (2.1) Estoques CMV *Pelo registro dos impostos incidentes sobre vendas (2.2) 340,00 (2.3) 33,00 (2.4) 152,00 340,00 (2.2) 33,00 (2.3) 152,00 (2.4) ICMS s/ Vendas PIS s/ Faturamento COFINS s/ Faturamento ICMS a Recolher PIS a Recolher COFINS a Recolher *Pela apuração do ICMS, PIS e COFINS (1) 120,00 120,00 (3) (1) 18,15 18,15 (3.1) (1) 83,60 83,60 (3.2) 0 0 0 (3) 120,00 340,00 (2.1) (3.1) 18,15 33,00 (2.3) (3.2) 83,60 152,00 (2.4) 220,00 14,85 68,40 ICMS a recuperar PIS a recuperar COFINS a recuperar ICMS a Recolher PIS a Recolher COFINS a Recolher Observe que, como o sistema é não-cumulativo também para o PIS e a COFINS, foram utilizados R$18,15 e R$83,60 de crédito fiscal respectivamente para tais tributos, resultando numa apuração de PIS a recolher de R$14,85 e de COFINS a recolher de R$68,40. Alerte-se também para o fato de que o direito ao crédito fiscal (PIS/COFINS a recuperar) é calculado sobre o custo de aquisição da mercadoria. Assim, como o IPI é custo, o PIS a recuperar e a COFINS a recuperar incidem sobre R$1.100,00 (o valor das mercadorias mais o IPI) e não sobre os R$1.000,00, sobre os quais é calculado o ICMS. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 22 Mas, quando é que se aplica a incidência cumulativa e a incidência não- cumulativa? Segundo as Leis 10.637/02 e 10.833/03 que regem a matéria, estão sujeitas a incidência não-cumulativaas pessoas jurídicas de direito privado que apurem o Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ com base no lucro real, isto é, cujo faturamento anual seja superior a R$48.000.000,00. Há exceções que não convém nesta disciplina tratá-las. Fiquemos com as regras gerais desses tributos. 6 OPERAÇÃO DE COMPRA ENVOLVENDO FRETES Inicialmente, cabe registrar que as cláusulas de contratos evolvendo fretes podem ser do tipo CIF (Cost, Insurance and Freight) ou FOB (Free on Bord). Em linhas gerais, quando a operação é contratada com a cláusula CIF, significa que o frete e o seguro são por conta do vendedor. Ao contrário, se a operação é contratada com a cláusula FOB, o frete é por conta do comprador. Nesta hipótese, o vendedor se obriga a pôr a mercadoria no veículo que irá transportá-la, cabendo ao comprador a responsabilidade pela carga a partir daí. Passemos agora a exemplos de compras de mercadorias envolvendo fretes, a partir das seguintes notas fiscais e CTRC (Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas). 6.1 Frete constante da própria nota fiscal Compra a prazo feita à Indústria e Roupas VIP Ltda. (NF nº 200). Valor da mercadoria = 3.600,00 (-) Desconto Inc. (5%) = (180,00) Fretes e Seguros = 450,00 IPI (10%) = 405,00 Valor da NF =4.275,00 ICMS (12%) = 464,40 CL = 4.275 – 464,40 = 3.810,60 Verifique que os valores do frete, seguros e outras despesas acessórias fazem parte da base de cálculo do ICMS, isto é, a indústria vendedora vai recolher o ICMS (R$270,90) incidente sobre tais valores, e a “nossa” empresa compradora (UFS Comercial de Roupas Ltda.) vai ter direito de recuperar referido ICMS. *Contabilizando a NF nº 200: D – Estoques...................... 3.810,00 D – ICMS a recuperar......... 464,40 C – Fornecedores.............. 4.275,00 Veja que o valor que vai para os estoques é o valor da nota fiscal menos o ICMS (valor recuperável). Observe também que o que vai para os estoques é o valor líquido, excluídos os descontos incondicionais concedidos. Usa-se essa forma de contabilização se a empresa tiver sistema auxiliar de registro para controle de tais valores, a fim de atender a CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 23 necessidades de cunho gerencial. Ao contrário, há de se contabilizar da seguinte forma esses descontos: - Pelas compras D – Compras....................3.990,60 D – ICMS a Recuperar..... 464,40 C – Fornecedores............. 4.475,00 - Pelos descontos incondicionais obtidos D – Fornecedores...........................................180,00 C – Descontos Incondicionais Obtidos..........180,00 - Pela transferência dos descontos para a conta “Compras”: D – Descontos Incondicionais Obtidos..........180,00 C – Compras...................................................180,00 Doravante, faremos a contabilização de forma direta, considerando que a empresa tem sistema auxiliar de registro de controle dos descontos incondicionais obtidos. 6.2 Frete feito por transportadora (CTRC) Compra à vista feita à Bentoni Indústria de Roupas Ltda. (NF nº 210). Valor da mercadoria = 4.000,00 (-) Desconto Inc. (5%) = (200,00) IPI (10%) = 400,00 Valor da NF =4.200,00 ICMS (12%) = 456,00 CL = 4.200 – 456,00 = 3.744,00 Frete à vista sobre compra pela Transportadora Leva Tudo Ltda. (CTRC nº 200). Valor do frete = 63,00 ICMS (12%) = 7,56 Frete Líquido = 55,44 Observe agora que como o frete esta fora da Nota Fiscal nº 210, O ICMS que a indústria tem a recolher é o constante desta Nota Fiscal, já que o ICMS de R$7,56 constante do CTRC n° 200 deverá ser recolhido pela Transportadora Leva Tudo Ltda. Entretanto, o ICMS que “nossa” empresa compradora a UFS Comercial Roupas Ltda tem a recuperar é de R$463,56: R$456,00, referentes à NF nº 210, e R$7,56, relativos ao CTRC nº 200, uma vez que pagamos por isso. Ora, se pagamos, mas vamos recuperar, então os R$463,56 não representam custo, devendo ser excluído dos estoques. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 24 *Contabilizando a NF nº 210: Contabilizando o CTRC nº 200: D – Estoques...................... 3.744,00 D – Estoques...................... 55,44 D – ICMS a recuperar......... 456,00 D – ICMS a recuperar......... 7,56 C – Caixa............................. 4.200,00 C – Caixa............................. 63,00 Aqui, o que vão para os estoques são os valores da nota fiscal e do CTRC menos os ICMS’s (valores recuperáveis) referentes a esses dois documentos fiscais. Em suma, o que for custo para a empresa compradora vai para os estoques. O Caixa vai pagar R$4.263,00: R$4.200,00 a Bentoni Industria de Roupas Ltda., e R$63,00 a Transportadora Leva Tudo Ltda. 7. OPERAÇÃO DE VENDA ENVOLVENDO FRETES Passemos agora a exemplos de vendas de mercadorias envolvendo fretes, a partir das seguintes notas fiscais e CTRC (Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas): 7.1 Frete constante da própria nota fiscal Venda a prazo feita à MM Modas Ltda. (NF nº 170). Valor da mercadoria = 6.045,00 (-) Desconto Inc.(10%) = (604,50) Fretes e Seguros = 405,00 Valor da NF =5.845,50 ICMS (12%) = 701,46 PIS s/ Faturamento(0,65%) = 37,99 COFINS s/ Faturamento(3,0)= 175,36 *Contabilizando a NF nº 170: - Pela receita com vendas: D – Clientes.............................................................5.845,50 D – Descontos Incond. Concedidos...................... 604,50 C – Receita com venda de mercadorias............. 6.450,00 Observe que, aqui nas vendas, há necessidade de contabilizar os Descontos Incondicionais Concedidos, em razão de tais valores fazerem parte da DRE. - Pela baixa nos estoques, considerando R$3.362,03 de CMV: D – CMV...................... 3.362,03 C – Estoques................. 3.362,03 - Pelos impostos incidentes sobre vendas: D – ICMS s/ Vendas.............................701,46 D – PIS s/ Faturamento (0,65%)........ 37,99 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 25 D – COFINS s/ Faturamento (3,0%).. 175,36 C – ICMS a Recolher........................... 701,46 C – PIS a Recolher................................ 37,99 C – COFINS a Recolher..................... 175,36 7.2 Frete feito por Transportador *Venda a prazo feita à MM Modas Ltda. (NF nº 103). Valor da mercadoria = 7.632,00 (-) Desconto Inc.(5%) = (381,60) Valor da NF = 7.250,40 ICMS (12%) = 701,46 PIS s/ Faturamento (0,65%) = 47,13 COFINS s/ Faturamento (3,0)= 217,51 *Frete à vista sobre vendas pela Transportadora Leva Tudo Ltda. (CTRC nº 93) Valor do Frete = 108,76 ICMS (12%) = 13,05 Observe agora que o frete está fora da Nota Fiscal nº 103, constando do CTRC nº 93, cujo ônus está por conta do emitente: nossa empresa UFS Comercial Roupas Ltda. Em nosso entendimento, segundo o Regulamento do ICMS/SE (Decreto n. 21.400/2002), também constitui direito de crédito do ICMS relativo ao frete constante do CTRC: Art. 47. Constitui crédito fiscal, para fins de cálculo do ICMS a recolher: (...) IV - o valordo imposto cobrado referente ao serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação tomado, quando utilizado pelo estabelecimento, na comercialização de mercadoria, no processo de produção, extração, industrialização ou geração, inclusive de energia, ou na prestação de serviço; (grifamos). Como o ICMS será recuperado, a despesa com frete será o valor do frete menos o ICMS a recuperar correspondente: *Contabilizando o CTRC nº 93: D – Despesa com frete............ 95,71 D – ICMS a recuperar............. 13,05 C – Caixa.................................108,76 *Contabilizando a NF nº 103: - Pela receita com vendas: D – Clientes.............................................................7.250,40 D – Descontos Incondicionais Concedidos.......... 381,60 C – Receita com venda de mercadorias..............7.632,00 CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 26 - Pela baixa nos estoques, considerando R$4.137,89 de CMV: D – CMV...................... 4.137,89 C – Estoques................. 4.137,89 - Pelos impostos incidentes sobre vendas: D – ICMS s/ Vendas................................870,05 D – PIS s/ Faturamento (0,65%).......... 47,13 D – COFINS s/ Faturamento (3,0%)... 217,51 C – ICMS a Recolher.......................... 870,05 C – PIS a Recolher............................... 47,13 C – COFINS a Recolher..................... 217,51 8 DEVOLUÇÃO DE COMPRAS A devolução de compra anula os efeitos da compra feita originariamente, bem como há necessidade de acompanhamento da mercadoria através de nota fiscal, que pode ser feita no verso da própria nota de origem ou emitindo uma nota fiscal de devolução de compra, sendo que em ambos os casos deverá haver a descrição dos motivos. Assim, os dados e a situação tributária constantes da nota fiscal de origem serão parâmetro para emissão da nota de devolução. Tomemos como exemplo a devolução de metade das mercadorias adquiridas através da Nota Fiscal nº 210 e CTRC correspondente ao frete acima referida. Observar que o valor do IPI será considerado proporcionalmente às quantidades de mercadorias devolvidas, e acrescido ao valor unitário da mercadoria. Verificar também que quanto aos fretes, originalmente pagos e acrescidos ao custo dos estoques, deverá haver sua exclusão dos estoques também proporcionalmente às quantidades devolvidas. No caso dos descontos incondicionais obtidos, deverá ser incluído o valor proporcionalmente às mercadorias devolvidas. Ou seja, o que acresceu aos estoques será diminuído, e o que reduziu o valor dos estoques será acrescido, tudo proporcionalmente às quantidades devolvidas. Vejamos: - Devolução de compras, referente à NF nº 210 (devolução de 50%): Valor da mercadoria (50%) = 2.000,00 IPI (10%) = 200,00** Desc. Incond. Concedido (5%) = (100,00) Valor NF de devolução = 2.100,00 ICMS (12%) = 228,00 Devolução líquida = 1.872,00 ** Na correspondente Nota Fiscal de devolução, o valor do IPI deve ser destacado no campo “Dados Adicionais”, acrescendo--se ao valor da mercadoria. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 27 - Estorno do frete referente ao CTRC nº 200: Valor do frete (50%) = 31,50 ICMS (12%) = 3,78 Estorno líquido do frete para baixa = 27,72 * Contabilizando a devolução da compra e o estorno do Frete. - Pelos estoques: D – Caixa................................2.100,00 D – Perda com frete............... 31,50 C – ICMS a Recolher*............. 231,78 C – Estoques............................1.899,72 Explicando os lançamentos: Caixa: conforme compra originária, pagamos R$4.200,00 em relação à NF nº 210. Como estamos devolvendo metade da compra (50%), então recebemos de volta R$2.100,00. Perda com frete: conforme frete (CTRC nº 200) relativo à compra originária, pagamos R$63,00. Como estamos devolvendo metade das mercadorias adquiridas, então R$31,50 constitui perda com frete, a não ser que haja o ressarcimento do dinheiro, ocasião em que debitaríamos a conta Caixa. OBSERVAÇÃO: estamos aqui contabilizando os efeitos da devolução no frete relativo à compra originária. No caso de devolução a mercadoria será transportada de volta para o remetente e, portanto, haverá outro frete, cujo ônus ficará a cargo de novo acordo entre as partes. Geralmente, o novo frete fica por conta do remetente, que deu causa à devolução. ICMS a Recolher: conforme compra originária através da NF nº 210, recuperamos o ICMS de R$463,56 (R$456,00 da NF nº 210 e R$7,56 do CTRC nº 200). Como estamos devolvendo a metade das mercadorias, temos direito de recuperar apenas 50%, isto é, R$231,78 (R$228,00 da NF nº 210 mais R$3,78 do CTRC nº 200), razão por que devemos creditar ICMS a Recolher em R$231,78 para anular o efeito de metade do ICMS a Recuperar registrado originariamente. Em tempo, ressaltamos que pode ser que creditemos a conta ICMS a Recuperar para anular tal efeito, entretanto, como devolução de compra representa na verdade uma saída, é também admissível creditarmos a conta ICMS a Recolher. Estoques: conforme compra originária (NF nº 210) e frete correspondente (CTRC nº 200), debitamos estoques no valor de R$3.799,44 (R$3.744,00 da NF nº 210 mais R$55,44 do CTRC nº 200). Como estamos devolvendo a metade das mercadorias, devemos dar baixa de R$1.899,72. 9 DEVOLUÇÃO DE VENDAS Da mesma forma que na devolução de compra, a devolução de venda anula os efeitos da venda feita originariamente, bem como há necessidade de acompanhamento CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 28 da mercadoria através de nota fiscal, que pode ser feita no verso da própria nota de origem ou emitindo uma nota fiscal de devolução de venda, sendo que em ambos os casos deverá haver a descrição dos motivos. Assim, os dados e a situação tributária constantes da nota fiscal de origem serão parâmetro para emissão da nota de devolução. Tomemos como exemplo a devolução de metade das mercadorias vendidas através da Nota Fiscal nº 103 e CTRC nº 93 correspondente ao frete. Observar que como não houve incidência de IPI por se tratar de empresa comercial apenas, não há reflexos na devolução, neste aspecto. No caso dos descontos incondicionais concedidos, deverá ser incluído o valor proporcionalmente às mercadorias devolvidas. Ou seja, deverá haver a anulação dos efeitos ocorridos quando da venda originária. Vejamos: - Devolução de vendas, referente à NF nº 103 (devolução de 50%) Valor da mercadoria (50%) = 3.816,00 (-) Descontos Incondicionais Concedidos (5%) = (190,80) Valor da Nota Fiscal de Devolução = 3.625,20 ICMS(12%) = 435,02 PIS (0,65%) = 23,56 COFINS(3%) = 108,76 * Contabilizando a devolução da venda, referente à NF de venda originária nº 103. - Pela dedução da receita D – Devolução de venda............................3.816,00 C – Desconto Incondicional Concedido... 190,80 C – Clientes.................................................3.625,20 - Pelos estoques D – Estoques...............................................2.068,94 C – CMV....................................................2.068,94 - Pelos impostos incidentes sobre vendas D – ICMS a Recuperar.............. 435,02 D – PIS a Recuperar....................23,56 D – COFINS a Recuperar...........108,76 C – ICMS s/ Vendas...................435,02 C – PIS s/ Faturamento................23,56C – COFINS s/ Faturamento.......108,76 Quanto aos fretes, verifica-se que eles não afetaram os estoques, já que inerentes à venda. Portanto, se não houver ressarcimento do valor do frete, não há estorno a fazer. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 29 Entretanto, se houver ressarcimento do frete, far-se-á o estorno da seguinte forma: - Pelo ressarcimento e estorno (50%) do frete na venda: D – Caixa.....................................................54,38 C – ICMS a Recolher....................................6,52 C – Ressarcimento de despesa c/ frete....47,86 Como houve ressarcimento de 50% referente ao valor do frete, a despesa originária do frete de R$95,71, o direito inicial a crédito de R$13,05 e o valor pago de R$108,76 têm de ser estornado pela metade. Importante ressaltar que no caso de devolução a mercadoria será transportada de volta para o remetente e, portanto, haverá outro frete, cujo ônus ficará a cargo de novo acordo entre as partes. Geralmente, o novo frete fica por conta do remetente, que deu causa à devolução. Observe que há uma anulação de 50% dos efeitos ocorridos na venda originária, utilizando-se as mesmas contas registradas inicialmente. Exceção se faz às receitas, que usamos a conta Devolução de Vendas, e os impostos, que usamos ICMS a Recuperar, PIS a Recuperar e COFINS a Recuperar, tendo em vista que devolução de vendas é tratada como entrada de mercadorias. Entretanto, é admissível utilizar as contas “a Recolher” para fazer face aos correspondentes estornos. Desta forma, vimos os principais aspectos atinentes às operações com mercadorias e compatíveis com a presente disciplina. CONTA 0029 – Contabilidade Geral II. Profº Wallace Souza Barbosa 30 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade Introdutória. Atualizada de acordo com as leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09. 11ª ed. – São Paulo: Atlas, 2010. FERRARI, Ed. Luiz. Contabilidade Geral: teoria e 1.000 questões. 13 ed. rev. Niterói, RJ: Impetus, 2013. FERREIRA, Ricardo J.. Contabilidade Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009. IUDÍCIBUS, Sérgio de, MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2008. IUDÍCIBUS, Sérgio de ... [ et. al] ... Manual de Contabilidade Societária. Aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas, 2010. NEVES, Silvério das. Contabilidade Básica. 14 ed. São Paulo: Frase Editora, 2009. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Comercial Fácil. 15. Ed. 3ª Tiragem. São Paulo: Saraiva, 2008. SOUZA, Sérgio Adriano de Souza. Contabilidade geral 3D: básica, intermediária e avançada. 3 ed. rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016.
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