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PROCESSO PENAL SENTENÇA

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SENTENÇA CRIMINAL E COISA JULGADA
Natureza jurídica. É um ato de jurisdição. Na sentença consuma-se a função jurisdicional do Estado, aplicando-se a lei ao caso concreto controvertido.
Conceito. É o momento culminante do processo, pois nela se realiza a entrega da prestação jurisdicional.
Sentido amplo. Qualquer pronunciamento da autoridade judiciária no decorrer da relação processual (abrange as interlocutórias e as definitivas, bem como as decisões de 2º grau, os acórdãos).
Sentido estrito (ou próprio). É a sentença definitiva, a decisão final de mérito de primeira instância, que o juiz profere solucionando a causa.
Art. 162 do CPC - “é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.”
CLASSIFICAÇÃO - 
QUANTO AO CONTEÚDO
	1.1 - INTERLOCUTÓRIAS:
	1.1.1 - Interlocutórias simples. São as que solucionam questões relativas à regularidade ou marcha processual, sem entrar no mérito da causa nem pôr fim ao processo. Ex: recebimento de denúncia, decretação de prisão preventiva, concessão de fiança etc. (não extingue)
	1.1.2 - Interlocutórias mistas (também chamadas de decisões com força de definitivas). São aquelas que têm força de decisão definitiva, encerrando etapa do procedimento processual ou a própria relação do processo, sem o julgamento do mérito da causa. 
Subdividem-se como “mistas terminativas” e “mistas não terminativas”:
SUBDIVISÃO DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS MISTAS.
	a) Interlocutórias mistas não terminativas. São aquelas que encerram uma etapa procedimental. Ex: decisão de pronúncia.
	b) Interlocutórias mistas terminativas. São aquelas que culminam com a extinção do processo sem julgamento de mérito. Ex: rejeição da denúncia, pois encerram o processo sem a solução da lide penal. 
1.2 – DEFINITIVAS - São as que solucionam a lide, julgando o mérito da causa. Podem ser:
	1.2.1. Condenatórias. Quando julgam procedente, total ou parcialmente, a pretensão punitiva.
	1.2.2. Absolutórias. Quando não acolhem o pedido de condenação.
	Subdivisão das sentenças absolutórias.
	a) Próprias. Quando simplesmente absolvem o acusado.
	b) Impróprias. Quando não acolhem a pretensão punitiva, mas reconhecem a prática da infração penal e impõem ao réu medida de segurança.
	1.2.3. - Terminativas de mérito (também chamadas de definitivas em sentido estrito). As que põem fim ao processo sem resolver o mérito. Não condenam nem absolvem o acusado. Ex: impronúncia e sentença de declaração de extinção de punibilidade.
2. QUANTO AO GRAU 
	2.1. - Sentenças. São as proferidas no juízo de primeiro grau.
	2.2. - Acórdãos. São aquelas prolatadas no juízo de segundo grau (tribunais).
3. QUANTO À EXECUTORIEDADE 
	3.1. - Executáveis. São as que podem ser executadas de imediato.
	3.2. - Não executáveis. São aquelas das quais pende recurso.
	3.3. - Condicionais. Aquelas cuja execução fica na dependência de um acontecimento futuro e incerto.. Ex: “sursis”, livramento condicional.
REQUISITOS DA SENTENÇA:
INTRÍNSECOS: (art. 381, I a V, do CPP)
preâmbulo;
relatório ou exposição;
fundamentação ou motivação; e
conclusão ou dispositivo.
EXTRÍNSECOS: (art. 381, VI, CPP)
data;
assinatura – rubricas
Preâmbulo. 
Indica as partes e a natureza da ação penal (art. 381, I).
Relatório (ou exposição ou histórico). 
É o histórico do processo, narrando tudo o que ocorreu de relevante nos autos (art. 381, II). A Lei nº 9.099/95, dispensa o relatório nas sentenças proferidas nos casos da competência do Juizado Especial Criminal. É exceção ao artigo 381, II, do CPP. 
Fundamentação ou motivação. 
Constitui obrigação do juiz, consistente na indicação, de maneira lógica, dos motivos de fato e de direito que o levaram a tomar a decisão (art. 381, III). O juiz deve abordar toda a matéria levantada pela acusação e pela defesa, sob pena de nulidade. É garantia constitucional a fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX).
Conclusão ou dispositivo. É a parte conclusiva da sentença, contendo o juízo (condenatório ou absolutório) e indicando os artigos de lei aplicados, bem como especificando as sanções (art. 381, IV eV).
** Se o juiz não indica os arts. de lei, a sentença é nula (CPP, arts. 381, V e 564, III, m – RT 621/358). 
** É nula a sentença que deixa de considerar todos os fatos articulados na inicial acusatória (RT 607/336).
SENTENÇA SUICIDA. Quando a parte dispositiva contraria as razões da fundamentação. A sentença ou é nula ou sujeita a embargos de declaração para correção de seus erros (art. 382). 
EFEITOS DA SENTENÇA.
Com a publicação da sentença o juiz esgota seu ofício, entregando a tutela jurisdicional, não lhe sendo mais permitido movimentar a decisão, a não ser nos casos expressos em lei, como nos embargos de declaração, os chamados embarguinhos, do artigo 382 do CPP.
A sentença implica a saída do juiz da relação processual. Caso haja recurso, o novo juiz natural da causa passa a ser o tribunal ad quem.
Se o juiz for para o tribunal, fica automaticamente impedido de funcionar como órgão de jurisdição no processo em que atuou na instância inferior (252, III - incompatibilidades).
Efeito autofágico da sentença. É o que se dá com a decisão que estatui pena que, após o trânsito em julgado, gerará a prescrição retroativa. A sentença traz em seu bojo elemento que a levará à destruição. 
PRINCÍPÍO DA CORRELAÇÃO. 
Deve haver uma correspondência entre o fato descrito na denúncia ou queixa e o fato pelo qual o réu é condenado. Está diretamente vinculado a dois outros princípios:
Jura novit curia (princípio da livre dicção do direito) - pelo qual se entende que o juiz compreende o direito. 
Narra mihi factum dabo tibi jus (narra-me o fato e te darei o direito) – pelo qual se explica a razão de o réu defender-se da narração do fato, e não da capitulação feita na denúncia.
A INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO GERA NULIDADE DA DECISÃO.
Sentença citra petitum. Ex: o MP articula duas infrações na denúncia e a sentença analisa apenas uma delas.
Sentença ultra petitum. Ex: o MP articula crime de furto na denúncia e a sentença condena por roubo, sem que estivessem contidos, explícita ou implicitamente, na inicial, os elementos deste tipo penal.
Sentença extra petitum. Ex: o MP articula crime de lesão leve na denúncia e a sentença condena também por furto, ante as referências surgidas no processo.
EMENDATIO LIBELLI (art. 383)
**Se o juiz se convencer que estão provados os fatos descritos na denúncia ou queixa, poderá dar definição jurídica diversa da que consta na inicial, mesmo que tenha que aplicar pena mais grave.
**Exige-se que o fato esteja descrito na denúncia. Ocorre quando a capitulação feita na inicial é diferente da prevista para a narração fática. Vale, afinal, a descrição do fato, e não sua capitulação.
** O Tribunal, em julgamento de recurso, pode aplicar a emendatio libelli, mas não pode aplicar pena mais grave quando o recurso é exclusivo da defesa, por ofensa ao princípio que veda a reformatio in pejus. (tantum devolutum quantum appellatum) 
** Cabe em ação penal pública e em ação penal exclusivamente privada. 
MUTATIO LIBELLI (384 e parágrafo único)
1) Mutatio libelli simples (384, caput).
**Prova dos autos revelar crime diverso do descrito na denúncia ou queixa.
Aditamento e procedimento.
**Cabe mesmo quando a pena para o crime novo seja inferior à do crime descrito na inicial. Não cabe condenação nem absolvição direta do réu, devendo o juiz proceder na forma do artigo 384, “caput”, sempre que for o caso.
Cabe na ação penal privada subsidiária da pública também, mas quem adita a queixa é o MP.
Não cabe na ação penal exclusivamente privada. 
Não se aplica à segunda instância (S.453-STF). 
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA (art. 386) 
Efeitos da sentença absolutória (art. 386, parágrafo único):
aplicar medida de segurança, se cabível;
mandar soltar o réu imediatamente, salvo se estiver preso por outro motivo. Mesmo em caso de recurso de sentença
absolutória, o réu deve ser solto;
levantamento de medida assecuratória hipoteca e seqüestro (125 e 141 do CPP);
restituição de fiança (337);
impedimento de argüição de exceção da verdade nos crimes contra a honra (CP, 138, § 3º, III; e CPP, 523).
O réu pode apelar da sentença absolutória, para que se mude o fundamento da absolvição. Ex: absolvido por insuficiência de prova, pretende seja reconhecida a inexistência do fato. 
SENTENÇA CONDENATÓRIA (art. 387) 
Efeitos da sentença condenatória.
certeza da obrigação de reparar o dano. Neste ponto, a sentença é declaratória, pois a obrigação de reparar o dano surge com o crime, e não com a sentença (CPP, 63; CPC, 584, II; 586, § 1º, e 603);
perda de instrumentos ou do produto do crime (art, 91, II, CP);
outros efeitos previstos no artigo 92 do CP: perda do cargo, função pública etc.;
prisão do réu (393, I). Se o réu for primário e possuidor de bons antecedentes, estando isso reconhecido na sentença, poderá apelar em liberdade (594).
Lançamento do nome do réu no rol dos culpados, após o trânsito em julgado da sentença (393, II, CPP, c/c art. 5º, LVII, da CF).
PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA. É com a publicação que a sentença produz efeitos em relação às partes e terceiros (389). 
A publicação dá-se com a entrega da mesma em cartório. Se proferida em audiência, ocorre no ato da leitura da mesma pelo juiz.
INALTERAÇÃO DA SENTENÇA. Com a publicação encerra-se a prestação jurisdicional do juiz, não podendo mais o mesmo mexer na sentença, a não ser se provocado por embargos declaratórios.
Quanto aos erros materiais, a legislação é omissa. Permitem doutrina e jurisprudência que o juiz corrija erros materiais, a requerimento das partes, e mesmo “ex officio”.
INTIMAÇÃO DA SENTENÇA (390 a 392)
Ministério Público. Deve ser intimado pessoalmente, pelo escrivão, no prazo de 03 dias, após a publicação da sentença (390).
Querelante e o assistente. Intimação pessoal ou na pessoa do advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, intimação por edital, com prazo de 10 (dez) dias (391). 
Réu preso. Intimação sempre pessoal. 
Seu defensor constituído deve também ser intimado pessoalmente e, se não for encontrado, por edital. Vale o princípio constitucional da ampla defesa.
Réu solto. Intimação pessoal. Se não for encontrado, por edital. 
Seu defensor constituído deve ser intimado pessoalmente e, se não for encontrado, por edital. Vale o princípio constitucional da ampla defesa.
Sempre devem ser intimados o réu e seu defensor, seja este constituído ou não, segundo jurisprudência tranqüila do STF e do STJ.
O prazo para recurso começa a correr a partir da última intimação, não importando se o réu ou seu defensor seja o último a ser intimado.
Prazo do edital. Nas penas privativas de liberdade iguais ou superiores a um ano, o prazo do edital é de 90 dias. Nos demais casos, o prazo é de 60 dias.
Crise de instância. Consiste no estancamento da marcha processual, em face de alguma ocorrência impeditiva de prosseguimento até a sentença final. Ex: surgimento de questão prejudicial que implique a suspensão da demanda (92 e 93), fuga do réu após a sentença de pronúncia por crime inafiançável (414) etc. 
COISA JULGADA
A coisa julgada se funda em imperativos de ordem jurídica que, em determinado momento, deve adquirir estabilidade, tornando imutáveis as situações jurídicas decorrentes das decisões judiciais. A ordem jurídica não encontraria a estabilidade necessária se em determinados momentos não se tornassem imutáveis as situações jurídicas criadas, modificadas ou extintas por decisões judiciais.
A coisa julgada é um atributo específico da jurisdição. Encerrada a fase de conhecimento do processo penal, o direito de punir é reconhecido ou negado ao Estado. 
A imutabilidade da sentença ocorre quando a mesma se torna irrecorrível, não podendo mais ser modificada.
Coisa julgada formal. Quando estão esgotados todos os recursos cabíveis. É a imutabilidade da sentença, considerada esta como ato processual, irradiando seus efeitos no processo.
Coisa julgada material. É a imutabilidade da sentença em relação ao conteúdo do julgamento, impedindo que se faça novo exame do assunto e que haja nova resolução a respeito entre as partes, naquele ou em qualquer outro tribunal ou juízo. Seus feitos se irradiam para fora do processo.
Se for absolutória a sentença, não se mexe mais.
Se for condenatória, ainda cabe revisão criminal. Há corrente que entende cabível inclusive “habeas corpus”. É exceção à coisa julgada. 
Coisa julgada difere de preclusão. A preclusão diz respeito a fatores temporais. Ex: não arrolamento de testemunhas na defesa prévia.

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