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UMA REFLEXÃO SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Artigo Sandra

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UMA REFLEXÃO SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
RESUMO:
Este estudo tem por finalidade fazer uma reflexão da história da inclusão, levando em conta, os paradigmas conceituais e os princípios que vem sendo progressivamente defendidos em documentos nacionais e internacionais. A inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais está sendo assumida, nos dias de hoje como um novo paradigma social e educacional visando uma sociedade mais justa e democrática, mas, apesar das iniciativas, têm-se um grande número de barreiras físicas e sociais que impedem o efetivo processo de inclusão nas instituições de ensino. A Inclusão é um movimento de luta das pessoas portadoras de necessidades especiais e de seus familiares na busca dos seus direitos e lugar na sociedade. Mas o que de fato é inclusão? O que leva as pessoas a terem entendimentos e significados tão diferentes? Cabe aqui tecer algumas reflexões, pois, dessa forma estaremos contribuindo para uma prática menos segregacionista e preconceituosa.
Palavras chave: Reflexão da inclusão, Inclusão, Educação inclusiva.
INTRODUÇÃO
A elaboração deste trabalho tem por objetivo fazer perceber a importância e a trajetória da inclusão dos alunos com necessidades especiais e se as escolas se encontram preparadas para receber tais crianças. 
A importância deste tema se justifica pelo fato que, para os deficientes, ainda hoje a inclusão não é uma realidade em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas. 
Buscando um resgate da história da inclusão desde a Idade Antiga até os dias atuais percebemos como ela é bem recente na sociedade. E, se no mundo a inclusão é recente, no Brasil, ela é mais ainda. 
O que fez com que esta inclusão demorasse tanto tempo para ocorrer, talvez, tenha sido o preconceito. Entretanto o processo de exclusão social de pessoas com necessidades especiais é tão antigo quanto a socialização da sociedade. 
 A falta de conhecimento da sociedade, em geral, faz com que a deficiência seja considerada uma doença crônica, um peso ou um problema. O estigma da deficiência é grave, transforma pessoas surdas, cegas, deficientes físicos e mentais em seres incapazes, indefesos, sem direitos, sempre deixados em segundo lugar na sociedade, pois é mais fácil prestar atenção nos impedimentos e nas aparências do que no potencial e na capacidade de tais pessoas, é necessário muito esforço para superar este estigma.
O processo de inclusão social salienta a equiparação de oportunidades, a mútua interação de pessoas com e sem deficiência, e o pleno acesso aos recursos da sociedade. Lutar em favor da inclusão deve ser responsabilidade de cada um.
A necessidade de estudar este tema tão discutido deve-se à grande dificuldade que as escolas e os profissionais encontram para fazer as adaptações necessárias tanto na parte física quanto na proposta pedagógica. Todas essas atitudes refletem-se no cotidiano escolar. Para assegurar educação inclusiva com qualidade são necessárias não apenas leis, mas um comprometimento de todos os envolvidos no processo inclusivo.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 INCLUSÃO – IDADE ANTIGA À REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
 Na história da humanidade, o deficiente sempre foi vítima de segregação, pois a ênfase era na sua incapacidade física, e, em sua anormalidade. Até o século XV crianças deformadas eram jogadas nos esgotos da Roma Antiga. Na Idade Média, deficientes encontram abrigo nas igrejas, como o “Quasímodo” do livro o Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, que vivia isolado na Torre da Catedral de Paris. Na mesma época os deficientes ganham uma função: Bobos da Corte. Martinho Lutero defendia que deficientes mentais eram seres diabólicos que mereciam castigos para ser purificados. Já, no século XVI a XIX, as pessoas com “Deficiência Físicas e Mentais” continuam isoladas do resto da sociedade, mas agora em asilos, conventos e albergues. Surge o primeiro hospital na Europa, mas todas as instituições dessa época não passam de prisões sem tratamento especializado e nem programas educacionais com currículos adaptados para esta clientela.
Sendo assim, na antiguidade as relações econômicas que definem a relação do homem com a sua realidade eram representadas pela agricultura, pela pecuária e pelo artesanato. A terra e o rebanho eram abundantes, de posse familiar, para os membros da classe da nobreza. Os valores sociais eram atribuídos aos senhores, enquanto que aos demais, não cabia atribuição de valor, contando com sua condição de subumanos.
“A deficiência, nessa época, inexistia enquanto problema, sendo que as crianças portadoras de deficiências imediatamente detectáveis, onde a atitude adotada era da “exposição”, ou seja, ao abandono, ao relento, até a morte”. ( PESSOTI; 1984).
Mas, na Idade Antiga as mulheres deveriam ser fortes para gerar guerreiros fortes e aqueles que nascessem com anomalias eram eliminados, as crianças deformadas e indesejadas eram abandonadas em esgotos localizados no lado externo do Templo da Piedade.
		Na Idade Média, a sociedade passa a se estruturar em “Feudos”, mantendo ainda como atividade econômica a agricultura, a pecuária e o artesanato. Com o advento do Cristianismo, a organização sócio-política da sociedade muda de configuração para Nobreza, Clero (guardiões do conhecimento e dominadores das relações sociais) e Servos, responsáveis pela produção. Pois o diferente não produtivo (deficiente) adquire, nessa época, “status” humano e possuidor de uma alma. Assim a custódia e o cuidado destas crianças ou até mesmo adultos deficientes passam a ser assumida pela família e pela igreja, apesar de não terem nenhuma organização na provisão do acolhimento, proteção, treinamento e ou tratamento destas pessoas.
Na Idade Média a igreja começou a condenar o infanticídio, os deficientes passaram a ser vistos como portadores de alma e merecedores de caridade e cuidados. Para que o cuidado se efetivasse criaram-se os orfanatos, manicômios e prisões. E o trabalho com crianças surdas foram as primeiras experiências positivas no campo da Educação Especial.
No século XVII, caracterizou-se pela grande marginalização de todas as pessoas com algum tipo de deficiência, referindo-se a elas como pessoas “idiotas”, “delinquentes”, “rebeldes”, além de serem excluídas ao confinamento em asilos.
Na Reforma Luterana, o tratamento dado aos imbecis, idiotas e loucos não se diferencia muito da inquisição católica, eles permanecem com uma rigidez ética carregada de culpa, porém com responsabilidade pessoal. “Nestes a concepção de deficiência variou em função das noções teológicas de pecado e de expiação. A explicação reside na visão pessimista do homem, entendido como uma besta demoníaca, quando lhe vem a faltar à razão ou ajuda divina”. (PESSOTI, 1984, p.12).
Na Idade Moderna, o homem passa a ser entendido como animal racional, que trabalha planejando e executando atividades para melhorar o mundo dos homens e atingir a igualdade através da produção em maior quantidade. A apologia era o método experimental. Valorizam-se a observação, a testagem e as hipóteses. Encaminham-se esforços para descobrir as leis da natureza relegando-se a plano secundário as discussões sobre as leis divinas. 
 Com o surgimento do método científico iniciam-se estudos em torno das tipologias e com elas a mentalidade classificatória na concepção das deficiências, decorrentes do modelo médico, impregnados de noções com forte caráter de patologia, doença, mediação e tratamento.
A fatalidade hereditária ou congênita assume o lugar da danação divina, para efeito de prognóstico. A individualidade ou irrecuperabilidade do idiota é o novo estigma, que vem substituir o sentido expiatório e o propiciatório que a deficiência receberá durante as negras décadas que atenderam a medicina, também supersticiosa. O médico é o novo árbitro do destino do deficiente. Ele julga, ele salva, ele condena.(PESSOTI, 1984, p.68).
Na Idade Contemporânea, o problema crucial é o próprio homemna sociedade. Não é o método de pensar dedutivo, não é a associação entre fé e razão, não é trabalho, não é a técnica, mas sim o homem na sociedade o conteúdo central do questionamento deste período. Com base nesta compreensão, as atitudes para com os deficientes se modificam nesta nova sociedade, na medida em que vão sendo oferecidas oportunidades educacionais e de integração social até chegar aos dias atuais, em que sua integração se efetiva ou está em vias de se concretizar. 
Com a Revolução Industrial criaram-se instituições especializadas longe das cidades com o pretexto de que a vida do campo seria benéfica para o desenvolvimento dos sujeitos. Com a Revolução Francesa produziram-se avanços na Educação Especial, criou-se a primeira escola de surdos e a educação de cegos.
	
 HISTÓRICO DA INCLUSÃO NO BRASIL
A inclusão hoje é assumida como um novo paradigma social e educacional que visa resgatar o sentido original do termo integração, defendendo uma sociedade mais justa e mais democrática, livre das práticas discriminatórias e segregacionistas que marcaram negativamente a história da humanidade, sendo construída num outro contexto cultural, político e ideológico. (OLIVEIRA e MARQUES, 2003). 
No Brasil por um longo período não se pode falar na existência de atendimento em educação especial. Sendo restrito aos meios acadêmicos. Enquanto em outros países durante os séculos XVIII e XIX criavam-se instituições que segregavam e acolhiam os deficientes, em nosso país não existia nenhum interesse pela educação das pessoas consideradas idiotas e imbecis. Nesse período conhecido como a era da negligência, mesmo nos países onde havia tratamento, este era visto como um caso a ser isolado, pois era uma ameaça para a população.
 O Governo Imperial (1854) cria o Instituto dos Meninos Cegos e o Instituto de Surdos-Mudos (1857). O que representou uma gota d’água frente às reais necessidades do país. Mesmo assim essas ações isoladas restringiam-se ao atendimento de deficiências visuais e auditivas, sendo totalmente negligenciada a deficiência mental. Visando uma economia para os cofres públicos, a política de educação, não considerava a deficiência mental como uma ameaça, evitando assim a segregação destes, não precisava então construir manicômios, asilos ou penitenciárias. Divergia assim, do que estava sendo feito nos outros países.
A partir das décadas de trinta e quarenta, houve várias mudanças na educação brasileira, com a expansão do ensino primário e secundário e a fundação da Universidade de São Paulo, mas a educação especial ainda continuou sendo deixada de lado, este quadro só iria mudar a partir da década de cinquenta. Seguindo o panorama mundial, o Brasil teve uma rápida expansão das classes e escolas especiais. O crescimento se deu em escolas especiais públicas e privadas sem fim lucrativo. Destaque para a Sociedade Pestalozzi do Brasil (criada em 1945) e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), que em 1962 já com dezesseis instituições criou a sua Federação (FENAPAES).
Nos anos cinquenta e sessenta, as tentativas de superar a desigualdade identificaram a necessidade de conquistar a igualdade de oportunidade para todos. Nessa época, igualdade de oportunidades era equivalente à possibilidade de que todas as crianças dispusessem de uma vaga na escola (CASASSUS, 2002).
Atendimento público só se deu a partir 1957, quando o governo criou campanhas voltadas à educação especial. A partir da década de sessenta começam a criar classes especiais dentro das escolas regulares públicas para os portadores de deficiência mental leve. Ao longo desta década houve a maior expansão dos números de escolas de ensino especial no país. Enquanto no cenário mundial a integração dos deficientes mentais na sociedade, inicia-se a partir da década de setenta, no Brasil só se deu a partir de 1988, com a Constituição Federal. Embora a Constituição assegurasse o atendimento educacional especial, ainda era mínimo o acesso à escola, o que só agravava a situação, havendo poucas oportunidades, levando os deficientes a marginalidade social.
Na década de setenta, houve uma explosão de manifestações mundiais em defesa dos indivíduos com deficiência, onde acabou regulamentando leis internacionais que passaram a garantir direitos a elas; isso refletiu nos dispositivos legais de grande parte das nações. Diversos direitos são assegurados pela Constituição Federal Brasileira. Além desses direitos, também visam oferecer condições de justiça social para as pessoas deficientes (FONSECA, 1995).
Apesar de todos os esforços e iniciativas, existem inúmeras barreiras físicas e sociais que impedem o efetivo processo de integração dos educandos especiais no mundo de todos. A análise retroativa mostra que houve um tempo onde às pessoas portadoras de deficiências eram sacrificadas por não serem consideradas úteis a sociedade. Gradativamente essa rejeição transformou-se em compaixão, proteção e filantropia que felizmente hoje vem tentando ser substituída pela conquista de “Dignidade, Direito e Cidadania” (PARANÁ, 1997).
Em meados da década de noventa, no Brasil, começaram as discussões em torno do novo modelo de atendimento escolar denominado inclusão escolar. Esse novo paradigma surge como uma reação contrária ao processo de integração, e sua efetivação prática tem gerado muitas controvérsias e discussões.  Reconhecemos que trabalhar com classes heterogêneas que acolhem todas as diferenças traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento das crianças deficientes e também as não deficientes, na medida em que estas têm a oportunidade de vivenciar a importância do valor da troca e da cooperação nas interações humanas. Portanto, para que as diferenças sejam respeitadas e se aprenda a viver na diversidade, é necessária uma nova concepção de escola, de aluno, de ensinar e de aprender. 
Muito mais do que uma ideia defendida com entusiasmo por profissionais de diversas áreas desde mil novecentos e noventa a construção de sociedades inclusivas, nos mais diferentes pontos do planeta, é meta do que se poderia chamar de movimento pelos "direitos humanos de todos os humanos". No dia quatorze de dezembro foi assinada a resolução 45/ 91 da ONU, que solicitou ao mundo "uma mudança no foco do programa das nações unidas sobre deficiência passando da conscientização para a ação, com o compromisso de se concluir com êxito uma sociedade global para todos por volta de 2010".
No Decreto Federal nº. 914/1993 podemos ver que em umas das diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a inclusão da pessoa portadora de deficiência, tem de ser respeitada em suas peculiaridades, nas iniciativas do Governo relacionadas à educação, saúde, trabalho, seguridade social e edificação social, transporte, habitação, cultura, esporte e lazer (BRASIL, 1993). A intenção de toda legislação em favor dos deficientes, implica que essas crianças possam inscrever-se na escola de sua comunidade local e receber uma educação apropriada, com recursos adequados desde que todas as pessoas interessadas considerem esse ambiente como sendo o menos restritivo possível (CROKER e KENTISH, 1999).
O marco histórico da inclusão foi em junho de mil novecentos e noventa e quatro, com a Declaração da Salamanca Espanha, realizado pela UNESCO na Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, assinado por noventa e dois países, que tem como princípio fundamental: "todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independente das dificuldades e diferenças que apresentem".
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases em 1996, refere-se sobre estar preferencialmente incluída, mas também haverá quando necessários serviços de apoio especializado na escola regular para atender as peculiaridades e que o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que em função das condições específicas do aluno não for possível sua integração nas classes comuns doensino regular. A LDB 9.394/96 visa reforçar e ampliar o atendimento, assim como a preparação dos professores do ensino regular, juntamente com o apoio especializado, quando houver necessidade. Os direitos amparados pela lei estão muito longes de serem alcançados, há carência de recursos pedagógicos, formação deficitária dos professores e muitas vezes o apoio especializado inexiste. Embora não possamos negar que houve um avanço considerável desde a época da negligência, ainda há muito a ser conquistado, entre avanços e retrocessos estamos chegando a uma nova etapa no que diz respeito à educação especial.
 Com a Resolução nº. 2/2001 que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, houve um avanço na perspectiva da universalização e atenção à diversidade, na educação brasileira, com a seguinte recomendação: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para a educação de qualidade para todos. No entanto a realidade desse processo inclusivo é bem diferente do que se propõe na legislação e requer muitas discussões relativas ao tema.
A Declaração de Madrid (2002), define o parâmetro conceitual para a construção de uma sociedade inclusiva, focalizando os direitos das pessoas com deficiências, as medidas legais, a vida independente, entre outros: ”O que for feito hoje em nome da questão da deficiência terá significado para todos no mundo de amanhã”.
No Japão (2002), foi aprovada a declaração de Sopporo representado por cento e nove países, por ocasião da VI Assembléia Mundial da Disabled Peoples International-DPI, onde fala sobre a educação inclusiva: a participação plena começa desde a infância nas salas de aulas, nas áreas de recreio e em programas e serviços. Quando crianças com deficiência se sentam lado a lado com muitas outras crianças, as nossas comunidades são enriquecidas com a aceitação de todas as crianças. Devemos instar os governos em todo mundo a erradicarem a educação segregada e estabelecer uma política de educação inclusiva.
Na primeira Conferência da Rede Ibero-Americana de Organizações Não Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias, reunida em Caracas,(14 e 18 de outubro de 2002), considerando que é compromisso de todos elevar a qualidade de vida de pessoas com deficiência e suas famílias por meio de serviços de qualidade em saúde, educação, moradia e trabalho. Ficou declarado que o ano de dois mil e quatro seria o ano das pessoas com deficiência e suas famílias, almejando a vigência efetiva das Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiências e o cumprimento dos acordos estabelecidos na Convenção Interamericana para Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas com Deficiência (Convenção da Guatemala​ 2001).
Com a Declaração de Quito (11 de abril de 2003), os governos da América Latina defendem uma Convenção Internacional para a proteção e promoção dos direitos e dignidade da ONU.
No ano de dois mil e seis os objetivos e metas traçados pelo Plano Nacional de Educação no que diz respeito à ampliação dos atendimentos da educação infantil até a qualificação profissional em escolas regulares já podem ser vistos através do censo escolar. Embora timidamente, os portadores de necessidades educacionais especiais, estão sendo matriculados  em quase todas as etapas e se concentram em sua maioria no ensino fundamental.
A habilitação dos profissionais teve (exercício de 2002 a 2006 cresceu 33,3%) um resultado da política de incentivo na formação continuada de professores do Plano Nacional de Educação.
Em 2008, o Decreto Lei Nº 3/2008, constituídos por trinta e dois artigos, teve e tem como principais objetivos, definir os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário dos setores público, particular, cooperativo ou solidário, criar condições para a adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com deficiências ou incapacidades e definir como finalidade da educação especial a inclusão educativa e social, o acesso e o sucesso educativos, a autonomia, a estabilidade emocional, bem como a promoção da igualdade de oportunidades, a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional. 
Com a implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, MEC/2008, em consonância com a Constituição Federal que garante o direito de todos à educação, artigo 205; elege como um dos princípios para o ensino a igualdade de condições de acesso e permanência na escola, artigo 206; determina o ensino fundamental obrigatório e gratuito e o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino, artigo208. No Decreto nº 6.571, (17 de setembro de 2008) define, no parágrafo 1º do artigo 1º que: Considera-se o atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos, organizados institucionalmente, prestados de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. 
Dessa forma, a implementação de sistemas educacionais inclusivos requer a mudança na organização e nas práticas pedagógicas no ensino regular, adotando uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva que estimule as potencialidades de todos os alunos. A educação especial, na interface com o ensino regular, orienta sobre os serviços e recursos, pedagógicos e de acessibilidade para a participação e aprendizagem dos alunos em classe comum.
Enfim após a análise histórica da legislação brasileira podemos concluir que  todas  garantem o direito de qualquer aluno à educação regular e que esta política já vem dando resultados. O nosso papel neste momento é de reflexão sincera, sem resistência às mudanças e inovações, a fim de promover a reforma estrutural e organizacional das instituições de ensino e assegurar efetivamente a inclusão dos portadores de necessidades especiais.
	
2. A INCLUSÃO NA ATUALIDADE
Deparamo-nos com frequência com as resistências dos professores e direções, manifestadas através de questionamentos e queixas ou até mesmo com expectativas de que possamos apresentar soluções mágicas, de aplicação imediata causando certa decepção e frustração, pois ela não existe. O problema se agrava quando vemos o professor totalmente dependente de apoio ou assessoria de profissional da área da saúde, pois nesse caso a questão clínica se sobressai e novamente o pedagógico fica esquecido. Com isso o professor se sente desvalorizado e fora do processo por considerar esse aluno como doente concluindo que não pode fazer nada por ele, pois ele precisa de tratamento especializado da clínica. Parece que o professor está esquecendo do seu papel, porém não se considera, o momento do professor, sua formação, as condições da própria escola em receber esses alunos, que entram nas escolas e continuam excluído de todo o processo de ensino-aprendizagem e social, causando frustração e fracassos, dificultando assim a proposta de inclusão.
Por um lado os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda, despreparados e impotentes frente a essa realidade que é agravada pela falta de material adequado, de apoio administrativo e recursos financeiros.
Observam-se com freqüência, a dificuldade dos professores, a partir de suas falas carregadas de preconceitos e estigmas, frustrações e medo: não sou capaz disso, não sei por onde começar, é preciso ter uma equipe técnica na escola, a direção não entende, vai prejudicar os outros alunos, não vou beneficiar o aluno com deficiência, a criança com deficiência sofre rejeição dos outros alunos, preciso de assessoramento em sala de aula, tanto para os com deficiência quanto para os de altas habilidades, ficamos angustiados e sem ação frente aesse aluno, precisamos de pessoal qualificado que nos ajude a amenizar a angústia que temos ao trabalhar com eles, o professor encontra-se perdido quanto à inclusão, alunos e professores despreparados para aceitá-los, imposto pelo MEC as escolas tem que recebê-los, qual as metodologias mais rápidas, eficientes e adequadas ao nosso aluno? Necessitamos de treinamento específico, não somos preparados para atuar em todas as áreas, como alfabetizar o deficiente? Como realizar prova diferente para o aluno especial? Que atitude tomar com a criança imperativa se os outros alunos não aceitam o diferente? O professor encontra-se perdido diante o aluno portador de necessidades especiais, como trabalhar esse aluno na parte psicológica? Os professores são despreparados para atender melhor o aluno especial.
Segundo (FIGUEIRA, 1995.) palavras são expressões verbais de imagens construídas pela mente. Às vezes, o uso de certos termos, muito difundido e aparentemente inocentes, reforça preconceitos. Além dessas falas, temos observado, o medo da mudança com a certeza do fracasso e medo da diferença onde se sentem ameaçados, os que provocam afastamento, o estigma e consequentemente o preconceito. O professor desconhece quem é este sujeito, suas possibilidades, seu desejos, suas dificuldades e limitações.
Devemos considerar também os conflitos que se estabelecem nas relações​ frente às questões relativas à gratificação no plano salarial e o aumento no trabalho para os professores do ensino regular.
Aliado a esse contexto escolar, encontramos a dificuldade do ponto de vista econômico, principalmente nos pequenos municípios, que analisam o custo ​benefício da acessibilidade, como, adaptar os ônibus, com custo elevado para o número insignificante de pessoas com deficiência. Por trás disso, sabe-se que tem a idéia, que as pessoas com deficiência são improdutivas e por isso pouco se investe. Contudo esse posicionamento dificulta a entrada na escola e no trabalho, acentuando assim a sua condição desfavorecida em relação a outras pessoas.
Cabe salientar ainda que segundo a ONU, alguns fatores ainda interferem na inclusão: ignorância negligência e superstição e o medo (WERNEK, 1997). Estes fatores são mantidos certamente pela desinformação a respeito das deficiências e inclusão.
3 CONCLUSÃO
Falar de inclusão, em nossa sociedade é um desafio. Porque simplesmente, esta dita sociedade possui barreiras para separar as escolas regulares dos alunos com necessidades especiais. A primeira, e mais difícil, é o preconceito.
O termo inclusão já trás implícito a ideia de exclusão, pois só é possível incluir alguém que já foi excluído. A inclusão está respaldada na dialética inclusão/ exclusão, com a luta das minorias na defesa dos seus direitos. Para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas concepções e resignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e amplitude que envolve essa temática. Também se faz necessário, uma mudança de paradigma dos sistemas educacionais onde se centra mais no aprendiz, levando em conta suas potencialidades e não apenas as disciplinas e resultados quantitativos, favorecendo uma pequena parcela dos alunos. A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse princípio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo. O paradigma da inclusão vem ao longo dos anos, buscando a não exclusão escolar e propondo ações que garantam o acesso e permanência do aluno com deficiência no ensino regular. No entanto, o paradigma da segregação é forte e enraizado nas escolas e com todas as dificuldades e desafios a enfrentar, acabam por reforçar o desejo de mantê-los em espaços especializados.
Mas temos que pensar que para que a inclusão se efetue, não basta estar garantido na legislação, mas demanda modificações profundas e importantes no sistema de ensino. Essas mudanças deverão levar em conta o contexto sócio-econômico, além de serem gradativos, planejadas e contínuas para garantir uma educação de ótima qualidade (BUENO, 1998).
Portanto a inclusão depende de mudança de valores da sociedade e a vivência de um novo paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções, pais, alunos e comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar em conta as diferenças. Como colocar no mesmo espaço demandas tão diferentes e específicas se muitas vezes, nem a escola especial consegue dar conta desse atendimento de forma adequada, já que lá também temos demandas diferentes?
 Para que a inclusão seja uma realidade, será necessário rever uma série de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos de avaliação. É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino aprendizagem, levando em conta como se dá este processo para cada aluno. Devemos utilizar novas tecnologias e investir em capacitação, atualização, sensibilização, envolvendo toda comunidade escolar. Focar na formação profissional do professor, que é relevante para aprofundar as discussões teóricas-práticas, proporcionando subsídios com vistas à melhoria do processo ensino aprendizagem. Assessorar o professor para resolução de problemas no cotidiano na sala de aula, criando alternativas que possam beneficiar todos os alunos. Utilizar currículos e metodologias flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas ideias e desafios para novas situações. Investir na proposta de diversificação de conteúdos e práticas que possam melhorar as relações entre professor e alunos. Avaliar de forma continuada e permanente, dando ênfase na qualidade do conhecimento e não na quantidade, oportunizando a criatividade, a cooperação e a participação.
Concluímos que para o processo de inclusão escolar é preciso que haja uma transformação no sistema de ensino que vem beneficiar toda e qualquer pessoa, levando em conta a especificidade do sujeito e não mais as suas deficiências e limitações.
4 REFERENCIAS 
BRASIL, Decreto de Lei nº 3/2008 de 07 de Janeiro de 2008.Diário da República nº 4/7 - 1.ª Série. Ministério da Educação. Lisboa. 2008.
 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei n.9.394/96.1996.
 BRASIL. Plano Nacional da Educação/ lei n.º 10.172/2001.2001.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Assistência à saúde. Atenção à Pessoas Portadoras de Deficiência no sistema Único de Saúde: Planejamento e Organização de Serviços. Brasília, da Saúde, 1993.
 BRASIL. Ministério da Justiça. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais – Brasília, Corde, 1997.
BUENO. J.G.S. Crianças com Necessidades Educacionais Especiais, Política Educacional e a Formação de professores Generalistas ou Especialista? Revista Brasileira de Educação Especial,v.3,nº 5, p. 7-25, set, 1998.
CASASSUS. J. A Escola e a Desigualdade. Brasília: Plano Nacional de Educação, 2002.
 CROKER, A.; KENTISH, M. Serviços de Fisioterapia para crianças em idade Pré-escolar e Escolar. In: BURNS, Y. R.; MACDONALD, J. Fisioterapia e crescimento na Infância. São Paulo: Santos, 1999.
 FIGUEIRA, E. A Imagem do Portador de Deficiência Mental na Sociedade e nos Meios de Comunicação – Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. 1995.
 FONSECA, V. Educação Especial: Programa de Estimulação Precoce. 2ª ed. Porto Alegre: Arte Médicas, 1995.
 OLIVEIRA, F.D.; MARQUES, L.P. Inclusão: os Sentidos nas/ das Dissertações e Teses. Temas sobre Desenvolvimento, v.12, n.70, p.25-32, set/out,2003.PARANÁ. Pessoa Portadora de Deficiência: Integrar é o Primeiro Passo. Governo do Estado.Secretaria do Estado de Educação e Departamento de Educação Especial. Curitiba: Imprensa Oficial, 1997.
 PESSOTTI, Isaias.Deficiência Mental: da Supertição à Ciência. São Paulo: Queiroz/ EDUSP. 1984.
SASSAKI, K.R.. Tradução da Declaração de Madrid. 2002.
SASSAKI, K.R.. Tradução da Declaração de Saporo. 2002.
SASSAKI, K.R.. Tradução da Declaração de Quito. 2003.
UNESCO. Declaração de Salamanca: Sobre Princípios, Política em Educação Especial, 1994.
WERNECK, C. Ninguém é vai ser bonzinho na sociedade Inclusiva – Rio de Janeiro: WVA Ed,1997.

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