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Aula 06 Nitrogênio Não proteico

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VALTER T. MOTTA 
Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nitrogênio Não-
Protéico
Volume 
15 
233 
NITROGÊNIO NÃO-PROTÉICO 
fração nitrogênio não-protéico sérico é fo r-
mada de todos os compostos n i t rogenados 
exceto proteínas. O rim exerce papel fundamental 
na eliminação da maioria destes compostos do 
organismo. A dosagem destas substâncias na ro -
t ina laboratorial faz parte do estudo do “status” 
renal do paciente. O catabolismo de proteínas e 
ácidos nucléicos resultam na formação dos com-
pos tos n i t rogenados não-protéicos. Existem mais 
de 15 compostos ni t rogenados não protéicos na 
plasma; os principais e suas origens bioquímicas 
além das s i tuações em que são aval iados estão 
resumidos na tabela 10.1. 
Vários destes produtos metaból icos são se-
qüencialmente derivados do metabolismo de pro-
te ínas tanto endógenas ( tecidos) como exógenas 
(dieta). 
 
Tabela 10.1. Me tabó l i t os n i t rogenados na u r ina* 
Metabóli to Origem b ioqu ímica Uti l idade c l ín ica da medida 
% de n i t rogên io na 
ur ina 
Aminoác idos Proteínas endógenas e exógenas 
Enfermidade hepát ica; erros inatos do 
metabol ismo; desordens tubulares 
<1 
Amônia Aminoác idos 
Enfermidade hepática; enfermidade renal 
(congênita ou adquirida), erros inatos do 
metabol i smo 
1 0 -2 0 
Uréia Amônia Enfermidade hepática, enfermidade renal 5 5 -9 0 
Crea t in ina Crea t ina Função renal 2 -3 
Ácido úr ico Nucleotídio s pur ín icos 
Desordens da síntese purínica, “marca-
dor” do turnover ce lular 
1 -1 , 5 
*Estes compostos compreendem ao redor de 90% das subs tâncias não-pro té icas na ur ina . 
 
A 
234 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações 
 
URÉIA 
s aminoácidos provenientes do catabolismo 
protéico são desaminados com a produção de 
amônia. Como este composto é potencialmente 
tóxico, é convertido em uréia (NH2 -CO-NH2 ) no 
f ígado associado ao CO2 . A uréia constitui 45% do 
nitrogênio não protéico no sangue. Após a síntese 
hepática, a uréia é transportada pelo plasma até os 
rins, onde é filtrada pelos glomérulos. A uréia é 
excretada na urina, embora 40-70% seja reabsor-
vida por difusão passiva pelos túbulos. Um quarto 
da uréia é metabolizada no intestino para formar 
amônia e CO2 pela ação da flora bacteriana nor-
mal. Esta amônia é reabsorvida e levada ao fígado 
onde é reconvertida em uréia. O nível de uréia no 
plasma é afetado pela função renal, conteúdo 
protéico da dieta e teor do catabolismo protéico, 
es tado de hidratação do paciente e presença de 
sangramento intestin al. Apesar destas limitações, 
entretanto, o nível de uréia ainda serve como um 
índice predictivo da insuficiência renal sintomá -
t ica e no estabelecimento de diagnóstico na distin-
ção entre vár ias causas de insuficiência renal. 
H IPERUREMIA 
Enfermidades renais com diferentes tipos de le-
sões (glomerular, tubular, intersticial ou vascular) 
causam o aumento dos teores de uréia plasmática. 
O uso da uréia como indicador da função renal é 
l imitada pela variedade nos resultados causados 
por fatores não-renais . Teores aumentados de 
uréia são de três t ipos: pré-renal , renal e p ó s-re-
na l . 
 Os sinais e sintomas da hiperuremia in -cluem 
acidemia, náusea e vômito, progredindo para o 
torpor e coma. 
Uremia pré-renal . É um distúrbio funcional 
resul tante da perfusão inadequada dos rins e, por-
tanto, filtração glomerular diminuída em presença 
de função renal normal: 
§ Insuf iciência cardíaca congest iva (grave). 
§ Decréscimo do f luxo sangüíneo renal , encon-
trado na hemorragia, desidratação e volume 
sangüíneo marcadamente diminuído. 
§ Choque. 
§ Terapia por corticoesteróides e tetraciclinas. 
§ Reabsorção das proteínas sangüíneas após 
hemorragia gastrointestinal maciça e desidrata-
ção moderada. 
§ Alterações no metabolismo das proteínas. 
Promovem modificações na uremia: dieta rica 
em proteínas, febre, estresse, último trimestre 
de gravidez e na infância (aumento da síntese 
protéica), elevam ou diminuem o teor de uréia 
sangüínea. A uremia pré -renal é detectada pelo 
aumento da uréia plasmática sem a concomi-
tante elevação da creat inina sangüínea. 
Uremia renal . A filtração glomerular está dimi-
nuída com retenção de uréia em conseqüência da 
doença renal aguda ou crônica. Insuficiência renal 
é resultante de lesões nos vasos sangüíneos renais, 
glomérulos, túbulos ou interstício; estas agressões 
podem ser tóxicas, imunológicas, iatrogênicas ou 
idiopáticas. 
§ Glomerulonefrites, aumentos signif icantes da 
uréia, quando a filtração glomerular cai abaixo 
de 50% dos níveis normais. 
§ Necrose tubular aguda, isquemia prolongada e 
agentes nefrotóxicos (metais pesados, amin o-
glicosídios, rádio -contrastes) . 
§ Nefri te interst ic ial aguda induzida por medi-
camentos. 
§ Lesão arter iolar provocada por hipertensão, 
vasculite, microangiopatias (púrpura tromb o-
citopênica trombótica e síndrome hemolítico-
urêmica). 
O 
Nitrogênio não-protéico 235 
 
§ Deposição intra -renal ou sedimentos (ácido 
úrico e mieloma). 
§ Embolização de colesterol (especialmente pro-
cedimento pós-arterial). 
§ Outros fatores complicantes tais como: des i-
dratação e o edema, que causam perfusão renal 
diminuída, catabolismo de proteínas a umentado 
e o efeito antianabólico geral dos glicocort i-
cóides . 
Uremias pós-renal . É resul tante da obstrução 
do trato urinário com a reabsorção da uréia pela 
circulação: 
§ Obstrução ureteral (cálculos, coágulos, tumo-
res da bexiga, hipertrofia prostática, compre s -
sões externas e necrose papilar) . 
§ Obstrução na saída da bexiga (bexiga neuro-
gênica, hipertrofia prostática, carcinoma, cál-
culos, coágulo e estenose uretral) . 
H IPOUREMIA 
Os baixos níveis de uréia são encontrados na pre-
sença de hepatopatia grave. O fígado lesado, inca-
paz de sintetizar uréia a partir da amônio resul-
tante do metabolismo protéico, resulta na forma-
ção de amônia sangüínea, causando encefalopatia 
hepática. 
DETERMINAÇÃO DA URÉIA 
Paciente. Não são exigidos cuidados especiais . 
Amostra. Soro e plasma heparinizado (não usar 
heparina amoniacal) isento de hemólise. Refrig e-
radas (para evitar a decomposição bacteriana da 
uréia) as amostras são estáveis por uma semana. 
Interferências. Resultados falsamente aumenta-
dos: aceto-hexamida, acetona, ácido ascórbico, 
ácido etacrínico, ácido nalidíxico, aminofenol, 
análogos da guanetidina, androgênios, anfoteri-
cina B, antiácidos alcalinos, arginina, arsenicais, 
asparaginase, bacitracina, capreomicina, captopril, 
carbonato de lítio, carbutamina, carnistina, cefalo-
ridina, clonidina, cloranfenicol, clorobutanol, 
clorotiazida sódica, clortalidona, colistemetato 
sódico, compostos de antimônio, compostos me r-
curiais, dextrano, diuréticos mercuriais, diuréticos 
tiazí dicos, doxatram, espectinomicina, esteróides 
anabólicos, estreptodornase, estreptoquinase, flu-
fenazina, fluoretos, fosfato de disopiramida, furo-
semida, guanaclor, hidrato de cloral, hidroxiuréia, 
indometacina, infusões de dextrose, canamicina, 
lipomul, maconha, meclofenamato sódico, mefe-
nazina, meticilina, metildopa, metilsergida, me-
tolazona, metossuxinamida, metoxiflurano, min o-
xidil, mitramicina, morfina, naproxeno sódico, 
neomicina, nitrofurantoína, parametazona, parg i-
lina, polimixina B, propranolol, sais de amônio, 
sais de cálcio, salicilatos, sulfato de gentamicina, 
sulfato de guanetidina, sulfonamidas, tartarato de 
metoprolol, tetraciclina, tolmetin sódico, triante-
reno e vancomicina. Resultados falsamenteredu-
zidos: abuso do álcool, acromegalia, amiloidose, 
cirrose, desnutrição hepática, dieta (proteína in a-
dequada), doença celíaca, expansão do volume 
plasmático, gravidez (tardia), hemodiálise, hepa-
ti te, ingestão de líquido em excesso, lactância e 
necrose. As drogas incluem estreptomicina e t i-
mol. 
Métodos. A medida da uréia pode ser realizada 
pelo uso de métodos indiretos onde a uréia é h i-
drolizda pela enzima urease para formar amônia 
posteriormente quantificada – ou por métodos 
diretos onde a uréia reage com compostos para 
formar cromogênios. 
Urease. Os primeiros métodos empregados na 
determinação baseavam-se na transformação da 
uréia em amônia e dióxido de carbono, pela ação 
catalítica da enzima urease. A amônia formada 
nesta reação era determinada colorimetricamente 
pelo reagente de Nessler ou pela reação de Be r-
thelot . 
Urease/glutamato desidrogenase. A amônia 
obtida pela reação da urease também pode ser 
medida espectrofotometricamente pela reação 
acoplada urease/glutamato desidrogenase (GLDH) 
com o emprego de a-cetoglutarato para oxidar o 
236 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações 
 
NADH a NAD+. O modo cinético de análise eli-
mina interferências causadas por desidrogenases e 
amônia na amostra. Este é o método mais usado 
em equipamentos automáticos. 
Corante indicador. A medida da amônia obtida 
pela ação da urease também é conseguida pelo 
emprego de corante indicador de pH para produzir 
cor. O princípio do corante indicador é empregado 
na tecnologia de química seca (DT Vitros). 
Conductimetria. Outro método comum para a 
quantif icação da uréia é baseado na al teração na 
conditividade de uma amostra que ocorre após a 
ação da urease sobre a uréia. O CO2 e a amônia 
produzidas pela ação enzimática reagem para fo r-
mar carbonato de amônio que aumenta a conduti-
vidade da mistura da reação. 
Outros métodos. A uréia também pode ser d e-
terminada por: (a) eletrodo íon selet ivo para mo-
nitorar a reação da urease, (b) reação da o -ftalde-
ído com as aminas primárias, como a uréia e (c) 
condensação da diacetilmonoxima com a uréia 
para formar o cromogênio diazina amarelo que é 
fotossensível (reduz rapidamente a cor formada). 
Valores de referência para uréia (mg/dL) 
Adultos ambulatoriais 15 a 39 
 
Bibliografia consultada 
BRUSILOW, S. W. “Inborn errors of urea synthesis”. In: GLEW, R. 
H., NINOMIYA, Y. Clinical studies in medical biochemistry. 2 ed. 
New York : Oxford University Press, 1997. p. 260-7. 
CALBREATH, Dona ld F . , C IULLA, Anna P . Cl in ical 
c he mistry. 2 ed. Phi ladelphia : Saunders, 1991. 468 p. 
CHANEY, A . L . , MARBACH, E . P . Mod i f ied reagents fo r 
de terminat ion o f u rea and ammonia . Clin. Chem., 8:130-
2 , 1962 . 
FRIEDMAN, H. S. Modif icat ion of the determination of urea 
by the d iace ty l monox ime method . Anal. Chem., 25:662-
4 , 1953 . 
HAMMOND, B. R., LESTER, E. Evaluat ion of a ref lectance 
photometr ic method for determinat ion of urea in b lood, 
p lasma, or serum. Clin. Che m. , 30 :5 9 6 -7 , 1984 . 
HARRISON, S. P . In te re f renca in coup led-enzyme assay of 
u rea n i t rogen by excess endogenous enzyme. Clin. 
Chem. , 39:9 1 1 , 1 9 9 3 . 
GOURMELIN, Y. , GOUGET, B. , TRUCHAUD, A . Electrode 
measurement of glucose and urea in undiluted samples. 
Clin. Chem. , 36:1 6 4 6 -9 , 1990 . 
WARNOCK, D. G. Uremic ac idos is . Kidney, 34:2 7 8 -87 , 
1 9 8 8 . 
Nitrogênio não-protéico 237 
 
237 
CREATININA 
creatinina é produzida como resultado da 
desidratação não enzimática da creatina mu s-
cular. A creatina, por sua vez, é sintetizada no 
f ígado, r im e pâncreas e é transportada para as 
células musculares e cérebro, onde é fosforilada a 
creatina-fosfato (substância que atua como reser-
vatório de energia). Tanto a creatina-fosfato como 
a creatina, em condições fisiológicas, espontane-
amente perdem o ácido fosfórico ou água, respe-
ctivamente, para formar seu anidrido, a creat i-
n ina . A creatinina livre não é reutilizada no meta-
bo lis mo corporal e assim funciona somente como 
um produto dos resíduos de creatina. A creatinina 
difunde do músculo para o p lasma de onde é re-
movida quase inteiramente e em velocidade relati-
vamente constante por filtração glomerular. Em 
presença de teores marcadamente elevados de 
creatinina no plasma, parte da mesma é também 
excretada pelos túbulos renais . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A quant idade de creatinina excretada diaria-
mente é proporcional à massa muscular e não é 
afetada pela dieta, idade, sexo ou exercício e cor-
responde a 2% das reservas corpóreas da creatina-
fosfato. A mulher excreta menos creatinina do que 
o homem devido a menor massa muscular. 
Como a velocidade de excreção da creatinina é 
relat ivamente constante e a sua produção não é 
influenciada pelo metabolismo protéico ou outros 
fatores externos, a concentração da creatinina 
sérica é uma excelente medida para avaliar a fu n-
ção renal. Os teores de creatinina sérica são mais 
sensíveis e específ icos do que a medida da con-
centração da uréia plasmática no estudo da veloci-
dade de filtração glomerular reduzida. 
H IPERCREATINEMIA 
Qualquer condição que reduz a velocidade de 
filtração glomerular promove uma menor excreção 
urinária de creatinina, com o conseqüente aumento 
na concentração plasmática da mesma. 
 A concentração da creatinina sérica aumenta 
quando ocorre a formação ou excreção reduzida de 
urina e independe da causa ser pré -renal, renal ou 
p ó s -renal. 
 Valores aumentados indicam a deterioração da 
função renal , sendo que o nível sérico gera lmente 
acompanha, paralelamente, a severidade da 
enfermidade. Por conseguinte, níveis dentro de 
faixa. Os níveis de creatinina muitas vezes não 
ultrapassam os limites de referência até que 50-
70% da função renal esteja comprometida. Por 
conseguinte, teores dentro da faixa de referência 
não implicam necessariamente em função renal 
normal. 
Causas pré-renais. Aumentos s ignificativos 
são comuns na necrose muscular esquelét ica ou 
atrofia, ou seja: traumas, distrofias musculares 
progressivamente rápidas, poliomelite, esclerose 
amiotrófica, amiotonia congênita, dermatomiosite, 
miastenia grave e fome. São ainda encontradas: 
insuficiência cardíaca congestiva, choque, deple-
ção de sais e água associado ao vômito, diarréia 
ou fístulas gastrointest inais , diabetes mell i tus 
não-controlada, uso excessivo de diurét icos, dia-
betes insípida, sudorese excessiva com deficiência 
de ingestão de sais, hipertireoidismo, acidose 
d iabética e puerpério. 
Causas renais. São encontradas na lesão do 
glomérulo, túbulos , vasos sangüíneos ou tecido 
intersticial renal. 
Causas pós-renais. São freqüentes na hipertro-
f ia prostát ica, compressões extr ínsecas dos uréte-
res, cálculos, anormalidades congênitas que com-
primem ou bloqueiam os ureteres. 
A 
C
N CH2
C
N
HN
H
CH3
O
 
Creatinina 
238 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações 
 
 A concentração da creatinina sérica é monit o -
rada após transplante renal, pois um aumento, 
mesmo pequeno, pode indicar a rejeição do órgão. 
 Teores diminuídos de creatin ina não apresen-
tam significação clínica. 
DETERMINAÇÃO DA CREATININA 
Paciente. Evitar prática de exercício excessivo 
durante 8 h. Evitar a ingestão de carne vermelha 
em excesso durante 24 h antes da prova. 
Amostra. Soro, p lasma isento de hemólise, lip e-
mia ou ictérico. Urina de 24 h colhida sem con-
servantes . Refrigerada as amostras são estáveis 
por uma semana. No emprego de métodos enzi-
máticos não usar plasma obtido com anticoagu-
lantes contendoamônia. 
Inteferências. Resultados falsamente elevados: 
ácido ascórbico, anfotericina B, barbitúricos, car-
butamina, cefalotina sódica, cefoxitina sódica, 
clonidina, cloridrato de metildopato, clortalidona, 
dextran, fenolsulfonaftaleína, ciclato de doxici-
c lina, canamicina, levodopa, metildopa, para -
amino-purato, sulfato de caproemizina e sulfato de 
colis tina. 
Métodos. Jaffé (1886) demonstrou que a creati-
nina com o picrato alcalino desenvolvia cor ala-
ranjada (complexo de Janovski). No aparecimento 
deste produto color ido es tão baseados vários mé-
todos para a determinação da creatinina no sangue 
ou urina. 
Foi demonstrado, posteriormente, que esta re a-
ção é inespecífica e sujeita a interferências por 
vários compostos presentes no sangue, tais como: 
ácido ascórbico, glicose, piruvato, acetona, pro -
teínas, ácido acetoacético, ácido úrico e antibióti-
cos cefalosporinas. A part ir destas informçaões 
foram desenvolvidas diversas modificações para 
reduzir as interferências de substâncias Jaffé -po-
s i t ivas . 
Jaffé/terra de fuller. Métodos comumente usa-
dos para melhorar a especificidade da reação de 
Jaffé usam o reagente de Lloyd (sil icato de alumí-
nio, terra de fuller lavada) e a medida da veloci-
dade da reação. Sob condições ácidas, a creatinina 
é absorvida do fi l trado desproteinizado ou urina 
pelo reagente de Lloyd e tratada com picrato al-
calino com desenvolvimento de cor alaranjada. 
Este é o método de referência para a análise da 
creatinina. 
Jaffé/cinético. Métodos al ternativos foram 
desenvolvidos com base na medida da velocidade 
da reação entre a creatinina e o ácido pícrico. 
Estes métodos cinéticos eliminam algumas interfe-
rências posit ivas da glicose e ascorbato e são re a-
lizados diretamente no soro. Entretanto níveis 
elevados de acetoacetato, acetona e bi l irrubinas 
podem interferir com a re ação. Apesar destas dif i-
culdades, es tes métodos são bastante ut i l izados 
pois, além de baratos, são rápidos e fáceis de exe-
cutar. 
Enzimáticos. Foram propostos vários métodos 
enzimáticos para a determinação da creatinina 
com o emprego da creat inina iminohidrolase ou 
creat inina amidohidrolase . Estas reações são aco-
pladas a s is temas que acompanham o desapareci-
mento do NADH pela modificação da absorvância 
e 340 nm. Estes métodos sofrem poucas interfe-
rências. A enzima amidohidrolase é utilizada na 
tecnologia de química seca (DT Vitros). 
Cromatografia de al ta performance. A creati-
nina é separada de outros compostos por t roca 
iônica e, posteriormente, quantificada. 
Valores de referência para a creatinina 
Homens 0,6 a 1,2 mg/dL 
Mulheres 0,6 a 1,1 mg/dL 
Urina (homens) 14 a 26 mg/kg/d 
Urina (mulheres) 11 a 20 mg/kg/d 
 
DEPURAÇÃO DA CREATININA 
ENDÓGENA (DCE) 
A depuração (clearence) renal é a medida da velo -
cidade de remoção de uma substância do sangue 
durante a sua passagem pelos rins. É um teste que 
avalia a velocidade de filtração glomerular. De -
fine-se a depuração como o volume mínimo de 
Nitrogênio não-protéico 239 
 
 
plasma sangüíneo que contém a quantidade total 
de determinada substância excretada na urina em 
um minuto. A depuração de uma substância é cal-
culada pela fórmula geral, C = UV/P, onde U é a 
concentração da substância na urina; V o volume 
urinário por unidade de tempo, em mililitros por 
minuto; P, a concentração plasmática e C, a depu-
ração (clearence) em mL/minuto. 
 A depuração de uma substância que não é a b-
sorvida nem secretada pelos túbulos e cuja con-
centração plasmática é idêntica a do fil trado glo -
merular é empregada como medida da velocidade 
de fil tração glomerular. Uma das substâncias que 
preenche mais adequadamente esses requisitos é a 
creatinina. Esta substância (a) é um produto natu-
ral do metabolismo, (b) é facilmente analisada por 
métodos colorimétricos, (c) é produzida a taxas 
constantes para cada indivíduo e (d) é el iminada 
somente pela ação renal. O nível plasmático de 
creatinina e sua excreção total são proporcionais à 
massa muscular; assim sendo, costuma -se expres-
sar a filtração glomerular em relação à superfície 
corporal do indivíduo (1,73 m2 ), 
CORRELAÇÃO CLÍNICA DA DCE 
A determinação da depuração da creatinina endó-
gena é um teste conveniente e fornece uma esti-
mativa razoável da taxa de filtração glomerular. 
Valores aumentados para a depuração carecem de 
significação clínica. Erros na coleta da urina e/ou 
o não esvaziamento completo da bexiga antes de 
iniciar o teste promovem taxas elevadas de depu-
ração. 
 A diminuição da depuração da creatinina é um 
indicador muito sensível da redução de taxa de 
filtração glomerular. Isto ocorre em enfermidades 
agudas ou crônicas do glomérulo ou em algum dos 
seus componentes. A redução do fluxo sangüíneo 
do glomérulo diminui a depuracão da creatinina. 
Fenômeno semelhante pode ocorrer na lesão t u -
bular aguda. 
PROCEDIMENTO PARA A DCE 
Hidratar o paciente com no mínimo 500 mL de 
água (evitar a ingestão de chá, café e drogas d u-
rante o dia da prova). A seguir o paciente deve es -
vaziar complemente a bexiga e anotar a hora. Re -
colher toda a urina por um período de tempo de-
terminado (exemplo , 4, 12 ou 24 horas), guar-
dando a mesma em refrigerador durante a coleta 
(não usar conservantes) . Manter o paciente bem 
hidratado durante a coleta para conseguir um 
fluxo urinário igual ou maior que 2 mL/min. 
 A amostra de sangue deve ser obt ida em qual-
quer momento durante o período de colheita da 
urina. 
 Medir o volume de urina e anotar tanto o v o-
lume como o período de tempo de colheita em 
minutos (horas x 60). 
 Determinar a concentração da creatinina pla s -
mática e urinária. Utilizar a seguinte fórmula para 
calcular a depuração da creatinina endógena cor-
rigida: 
U V
P A
mL
´ ´
´
=
1 73,
/ minuto de plasma depurado 
Onde U é a concentração de creatinina na urina 
em mg/dL; V o volume urinário em mL/minuto 
(para um volume de 24 h: dividir por 1440); P o 
teor de creatinina no plasma (ou soro) em mg/dL; 
A superfície corporal em metros quadrados; I,73 o 
valor médio da superfície corporal (a superfície 
corporal do indivíduo é obtida a part ir do peso e 
altura, uti l izando os nomogramas dos apêndices 
III e IV). 
Valores de referência 
Depuração da creatinina endógena corrigida 
(mL/min/1,73 m2) 
Idade (anos) Homens Mulheres 
20-30 88-146 81-134 
30-40 82-140 75-128 
40-50 75-133 69-122 
50-60 68-126 64-116 
60-70 61-120 58-110 
70-80 55-113 52-105 
 
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Nitrogênio não-protéico 241 
 
241 
ÁCIDO ÚRICO 
ácido úrico é o principal produto do catabo-
lismo das bases purínicas (adenina e guanina) 
sendo formado, principalmente no fígado, a partir 
da xantina pela ação da enzima xantina oxidase. 
Quase todo o ácido úrico no plasma está na forma 
de urato monossódico. 
 
 As bases purínicas, adenina e guanina, os n u-
c leos íd ios e os nucleot íd ios es tão presentes nos 
ácidos nucléicos e outros compostos metabolic a-
mente importantes (ex.: AMP, ATP). 
SÍNTESE DAS PURINAS 
São inicialmente obtidos a partir da dieta, mas 
também são sintetizados in vivo. São dois os pro-
cessos de s ín tese das pur inas : s ín tese de novo e 
s ín tese de sa lvação . 
S ín tese de novo. Inicia com a formação de 5-
fosforribosil pirofosfato (PRPP) a partir de ribose 
5-fosfato e ATP catalisada pela enzima fosforri-
bosil pirofosfatase (PRPPS). A conversão do 
PRPP mais a glutamina em 5-fosforribosilamina é 
catalisada pela enzima 5-fosforribosil-1-pirofos-
fato (PRPP)-amidotransferase (PRPP-AT) que é a 
reação l imitante da s íntese das purinas estando 
sujeita a feedback negativo pelos nucle o t íd ios 
purínicos. Após várias fases intermediárias que 
necessitam energia na forma de ATP, a inosina 
monofosfato (IMP) pode ser convertida à guano-
sina monofosfato (GMP) e adenosina monofosfato 
(AMP). Os nucleotídios purínicos GMP, IMP e 
AMP são desdobrados durante a renovação c elular 
nas respect ivas bases purínicas: guanina, hipo-
xantina e adenina. Estas são convertidas em xan-
tina e posteriormente em ácido úrico em re ação 
catalisada pela xantina oxidase. 
Via de salvação. As bases purínicas l ivres 
(guanina e adenina) formadas pela degradação 
hidrolít ica dos ácidos nucléicos, e a hipoxantina 
derivada da adenin a, podem ser reconvertidas em 
nucleotídios purínicos pela via de salvação envol-
vendo a enzima hipoxantina-guanina fosforribosil 
transferase (HGPRT) e adenina fosforribosil trans-
ferase (APRT). O outro substrato em ambos os 
casos é a PRPP. A via de salvação não requer 
ATP. 
METABOLISMO DO URATO 
Como resul tado da cont ínua renovação das sub-
stâncias contendo purinas, quantidades constantes 
de ácido úrico são formadas e excretadas. O teor 
de urato encontrado no plasma (ao redor de 6 
mg /dL) representa o equil íbrio entre a produção 
(700 mg/d) e a excreção pela urina (500 mg/d) e 
fezes (200 mg/d). Quase todo o ácido úrico ex-
cretado pelos glomerúlos é reabsorvido pelos t ú -
bulos proximais; pequenas quantidades são secre-
tadas pe los túbulos distais e excretadas na urina. 
O teor de ácido úrico na urina é influenciada pelo 
conteúdo de purina na dieta. O urato excretado 
pelo sistema digestório é degredado pelas enzimas 
bacter ianas. 
 O ácido úrico plasmático varia influenciado 
por vários fatores f isiológicos: 
§ Sexo. Os valores de referência para o ácido 
úrico plasmático são maiores em homens do 
que em mulheres. 
§ Obesidade. O ácido úrico plasmático tende ser 
maior em indivíduos obesos. 
§ Classe social . As c lasses mais abas tadas ten-
dem à hiperuricemia . 
O 
N
N N
N
O
O
O
H H
H
H
 
Ácido úrico 
242 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações 
 
 
Figura 15.1. Síntese do IMP, AMP e GMP. Formação 
de ácido úrico. 
§ Dieta. Dietas ricas em proteínas e ácidos n u-
cléicos, como também, o elevado consumo de 
álcool aumentam o teor de uricemia. 
Síntese de dos 
nucleotídios purínicos
novo 
Interconversões dos nucleotídios, seu
desdobramento e a 'via de salvação'
IMP
PRPP - Amidotransferase
+ CO, asparato, formato, glutamina
2
IMPIMP AMPD
5' Nucleotidase 5' Nucleotidase
HGPRT
5' Nucleotidase
HGPRT
Purina nucleosídio
fosforilase
Xantina
Oxidase
Purina nucleosídio
fosforilase
Purina nucleosídio
fosforilase
Xantina
Oxidase Guanase
Xantina
Oxidase
Xantina
 
Nitrogênio não-protéico 243 
 
 
H IPERURICEMIA 
A importância clínica das purinas reside funda-
mentalmente nas desordens caracterizadas pelo 
aumento do teor de ácido úrico no plasma. O acú-
mulo de urato pode ser devido ao aumento da sua 
síntese ou por defeitos em sua el iminação. 
 Soluções de urato monossódico tornam-se s u -
persaturados quando a concentração excede 0,42 
mmol/L. No entanto, a relação entre a severidade 
da hiperuricemia e a conseqüente artri te ou cál-
culo renal é mais complexa do que estas consid e-
rações sobre solubi l idade dos uratos . 
Gota. É uma desordem clínica caracterizada por 
hiperuricemia, deposição de cristais de uratos 
monossódicos ( tofos) insolúveis nas juntas das 
extremidades, ataques recorrentes de artrite infla-
matória aguda, nefropatia , cálculos renais de 
ácido úrico e, eventualmente, várias deformida-
des . A gota pode ser primária (supostamente ge-
nética) ou secundária (adquirida). A gota primária 
é causada por hiperprodução ou secreção defici-
ente de ácido úrico, ou ambas. Ocorre principal-
mente em homens e se manifesta por hiperurice-
mia e crises de artri te gotosa. 
 Os sintomas agudos da gota são provavelmente 
devidos ao trauma ou modificações metabólicas 
locais que levam a deposição de urato monossó-
d ico nas juntas. Os cris tais são fa gocitados pelos 
leucócitos e macrófagos. Nos leucócitos promo-
vem lesões nas membranas internas. O conteúdo 
lisossomal e outros mediadores da resposta à in -
flamação aguda (citoquinas, prostaglandinas, radi-
cais l ivres etc.) são então l iberados, provocando 
tanto as manifestações sistêmicas como as locais 
da gota . 
 Alguns pacientes mostram claras evidências de 
elevação na produção de urato e marcado aumento 
de excreção urinária do mesmo. Em alguns casos a 
deficiência de HGPRT foi demonstrada. 
 Pacientes com g ota primária muitas vezes des -
envolvem cálculos renais, principalmente com-
posto de ácido úrico, mas a incidência varia gra n-
demente, pois depende de outros fatores como a 
desidratação e pH urinário baixo. 
 O diagnóstico da gota é realizado clinicamente 
com base do envolvimento das juntas, história de 
episódios similares e a presença de hiperuricemia. 
No entanto, nem todos os casos são t ipi f icados 
clinicamente. Nem sempre o aumento da uricemia 
é devido à gota, além do que muitos pacientes 
apresentam ácido ú rico plasmático normal no 
momento do ataque. 
 Nos casos não esclarecidos, é necessár ia a 
a sp iração do l íquido sinovial durante o ataque 
agudo. Este é então examinado microscopicamente 
e a presença de cristais de urato em forma de 
agulha que mostra birefringência negativa 
estabelece o diagnóst ico. 
 Em tratamentos não adequados pode ocorrer o 
desenvolvimento de uroli t íase, ou doença renal , 
ou ambos : 
§ Urolit íase. Ao redor de 5% de todos os cálcu-
los renais tem urato em sua composição, sendo 
que 10-20% dos indiv íduos go tosos desenvo l-
vem cálculo. 
§ Doença renal . A insuficiência renal crônica 
progressiva é uma importante causa de morb i-
dade da gota não-tratada (deposição de cristais 
de uratos nos túbulos renais) e insuficiência 
renal aguda provocada pela uropatia o bstrutiva 
motivada por hiperuricemia severa desenvol-
v ida durante a terapia citotóxica contra o cân-
cer. 
Defeitos na eliminação de uratos. Exceto 
para uma pequena porção l igada à proteínas, o 
urato é completamente filtrado no glomérulo e 
quase todo reabsorvido no túbulo proximal. No 
túbulo distal , existetanto a secreção ativa como a 
reabsorção pós-secretória em sítio mais distal. 
Estes processos podem ser afe tados por doenças 
ou d rogas : 
§ Insuf iciência renal crônica . Leva a um pro-
gressivo aumento de ácido ú rico plasmático 
causado pela redução na excreção. Nestes c a-
sos, a gota clínica é rara. 
§ Sal ic i latos . São drogas que afetam as vias de 
transporte. Paradoxalmente reduzem a excreção 
urinária quando em pequenas doses por dimi-
nuição na secreção tubular distal mas aume n-
244 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações 
 
tam a excreção por redução da reabsorção t u -
bular quando em doses e levadas. 
§ Redução da secreção tubular dis tal . O ácido 
láctico, o ácido b-hidroxibutírico e algumas 
drogas (ex.: clorotiazida, frusemida) competem 
com o urato, por esta via de excreção. Assim, 
condições que provocam acidose láct ica ou 
cetoacidose tendem a hiperuricemia. 
§ Doenças metabólicas inerentes. Aquelas asso-
ciadas com acidose láctica, como a doença de 
armazenamento do glicogênio tipo I (von Gi-
erke) que muitas vezes causam hip eruricemia. 
§ Hipertensão e doença cardíaca isquêmica. Em 
40% dos casos es tão associadas com hiperuri-
cemia por várias razões, como a obesidade e 
t ratamento por drogas. 
§ Outras causas. Envenenamento pelo chumbo. 
Ingestão prolongada de álcool. Endocrinopa-
t ias : hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, h i-
pertensão, desidratação, acidemia orgânica 
( lactato, acetoacetato e b-hidroxibutirato são 
inibidores competitivos da secreção tubular r e-
nal). A depleção do volume do líquido extra-
celular estimula a reabsorção d o ácido úrico, 
reduzindo a excreção. 
Aumento da renovação dos ácidos nucléi-
cos. Nos casos onde ocorre aumento da renova-
ção ou destruição das células . 
§ Desordens mieloproli ferativas. Policitemia 
rubra vera é provavelmente a mais comum 
des tas desordens , que estão associadas com s i-
nais de gota. É promovida pelo aumento da r e-
novação dos precursores dos er i t róci tos cau-
sando hiperuricemia. 
§ Terapia com drogas ci totóxicas. Especialmente 
em leucemias e linfomas. A insuficiência renal 
ocorre pela deposição de cris ta is de ura to nos 
ductos coletores e uretéres . A manutenção de 
elevada ingestão de líquidos e profilaxia com 
alopurinol muitas vezes, previnem este estado. 
§ Psoríase. A hiperuricemia é provocada pelo 
aumento na velocidade de renovação das célu-
las da pele. 
§ Estados hipercataból icos e inanição. Pelo au-
mento na velocidade de destruição celular e 
por reduzir a excreção de urato pela acidose 
láctica associada. 
Defeitos enzimáticos específicos 
§ Deficiência da HGPRT (hipoxantina-guanina 
fosforribosil transferase). A síndrome de 
Lesch-Nyahan é uma condição inerente muito 
rara presente na primeira infância com retardo 
mental, movimentos involuntários e auto-mu -
tilação.(moléstia ligada ao cromossomo X, é 
encontrada em indivíduos do sexo masculino). 
A atividade da HGPRT está grandemente redu-
zida tornando a “via de salvação” inoperante e 
as pur inas não são reconvert idas a nucleosí -
dios; em lugar disso são transformadas em 
urato. Está associada com a aumento ácido 
ú rico plasmático, manifestações de gota, hiper-
s ecreção d e urato e formação de cálculos re -
nais. Existe outra condição inerente onde 
ocorre a deficiência parcial da HGPRT que 
causa uma forma severa de gota. Os pacientes 
são a t ingidos no início da fase adulta e apre -
sentam elevadas concentrações de ácido úrico 
no plasma e urina. 
§ Hiperatividade da fosforribosil pirofosfato 
sintetase. Uma desordem que resulta no au-
mento na produção de purinas com hiperuric e-
mia intensa. 
§ Deficiência de glicose 6 -fosfatase . A doença de 
von Gierke resulta no acúmulo de glicogênio 
hepático e renal, hipoglicemia em jejum, aci-
dose láctica, hipertrigliceridemia e hiperuric e-
mia promovidos pela deficiência da enzima 
glicose 6-fosfatase. A hiperuricemia é produ-
zida pela e levação da s íntese de novo e redução 
da excreção de uratos em conseqüência da aci-
dose láctica. 
Nitrogênio não-protéico 245 
 
 
H IPOURICEMIA 
A hipouricemia é de pouca importância clínica. 
Teores reduzidos de ácido úrico (abaixo de 2 
mg/dL) são encontrados: doença hepatocelular 
severa com redução da síntese das purinas ou da 
xant ina oxidase . Também está diminuido nos d e-
fei tos de reabsorção do ácido úrico – adquiridos 
ou congênitos (s índrome de Fanconi e doença de 
Wilson). Também está diminuído após administra-
ção de alopurinol, 6-mercaptopurina ou azatio -
p rina ( inibidores da s íntese “de novo” das puri-
nas). Os diuréticos tiazídicos associados com pro -
benecid e fenilbutazona aumentam a excreção de 
u rat o s . 
DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ÚRICO 
Paciente. Não necessita jejum nem cuidado s 
especiais . Apesar da dieta poder afetar os níveis 
de ácido úrico, uma refeição recente não apresenta 
alterações significativas. 
Amostras. Soro, plasma e urina. O plasma para a 
determinação por métodos enzimáticos não deve 
ser colhido com EDTA ou fluore to por suas in ter-
ferências posit ivas. Separar o soro e o plasma 
mais rápido possível das células. Evitar amostras 
com lipemia intensa e com traços de hemólise. O 
ácido úrico na amostra é estável por três a cinco 
dias sob refrigeração e por seis meses a –20 0 C. 
 À urina de 24 h adicionar 10 mL de hidróxido 
de sódio (50 g/dL) para evitar a precipitação de 
sais de urato. O ácido úrico na urina é preservado 
por três dias em temperatura ambiente, quando 
protegido de contaminação bacteriana. 
Métodos. A alantoína produzida pela oxidação 
do ácido úrico é um agente redutor empregado em 
muitos ensaios para o ácido úrico. 
Ácido fosfotúgstico. Estes métodos estão fun-
damentados na capacidade do ácido úrico em s o-
lução alcalina reduzir o ácido fosfotúngstico a 
azul de tugstênio. A intensif icação da cor desen-
volvida é conseguida pela emprego de carbonatos 
ou íon cianeto. Alguns destes métodos apresentam 
contra si a desvantagem do aparecimento de tur-
vação no desenvolvimento de cor. A adição de 
sulfato de l í t io ao reagente reduz este problema. A 
reação que emprega o cianeto deve ser evitada 
pela sua ação tóxica e pela instabil idade das solu-
ções. Outros compostos podem interferir também 
por reduzir o ácido fosfotúgstico. 
Uricase. Maior especificidade é conseguida 
com métodos que empregam a enzima uricase que 
catalisa a oxidação do ácido úrico à alantoína com 
a conseqüente formação de peróxido de hidrogê-
nio. Vários métodos são util izados para quantifi-
car o ácido úrico baseados nesta ação enzimática: 
§ Quantificação por diferença da absorção antes 
e depois da ação da uricase. 
§ Medida colorimétrica da quantidade de peró-
xido de hidrogênio produzido. 
§ Medida polarográfica da quantidade de oxigê-
nio consumido na reação. 
Cromatografia l íquida de al ta performance. 
São métodos propostos como referência para a 
determinação do ácido úrico. Não são realizados 
rotineiramente. 
Valores de referência para o ácido úrico 
 Homens Mulheres 
Soro sangüíneo 3,5 a 7,2 mg/dL 2,6 a 6,0 mg/dL 
Urina de 24 h 250 a 750 mg/d 
 
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