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Apostila Psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento (1)

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
 
 
APOSTILA 
PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E 
DO DESENVOLVIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
2 
 
APRENDIZAGEM 
 
http://www.douradosnews.com.br/ultimas-noticias/psicopedagoga-luciane-sperafico-explica-sobre-dificuldades-de-aprendizagem 
 
 
Conceito 
Aprendizagem é um processo inseparável do ser humano e ocorre quando há 
uma modificação no comportamento, mediante a experiência ou a prática, que não 
podem ser atribuídas à maturação, lesões ou alterações fisiológicas do organismo. 
Do ponto de vista funcional é a modificação sistemática do comportamento em caso 
de repetição da mesma situação estimulante ou na dependência da experiência 
anterior com dada situação 
De acordo com as proposições das teorias gestaltistas é um processo 
perceptivo, em que se dá uma mudança na estrutura cognitiva. Para que haja a 
aprendizagem são necessárias determinadas condições: 
 
• Fatores Fisiológicos - maturação dos órgãos dos sentidos, do sistema nervoso 
central, dos músculos, glândulas etc.; 
 
• Fatores Psicológicos - motivação adequada, autoconceito positivo, confiança em 
sua capacidade de aprender, ausência de conflitos emocionais perturbadores etc.; 
 
• Experiências Anteriores - qualquer aprendizagem depende de informações, 
habilidades e conceitos aprendidos anteriormente. 
 
 
 
 
3 
 
Características do processo de aprendizagem 
 
 
https://www.primecursos.com.br/nocoes-de-psicologia-da-aprendizagem/ 
 
 
• Processo dinâmico - A aprendizagem é um processo que depende de intensa 
atividade do indivíduo em seus aspectos físico, emocional, intelectual e social. A 
aprendizagem só acontece através da atividade, tanto externa física, como também, 
de atividade interna do indivíduo envolve a sua participação global. 
 
• Processo contínuo - Todas as ações do indivíduo, desde o início da infância, já 
fazem parte do processo de aprendizagem. O sugar o seio materno é o primeiro 
problema de aprendizagem: terá que coordenar movimentos de sucção, deglutição e 
respiração. Os diferentes aspectos do processo primário de socialização na família, 
impõem, desde cedo, a criança numerosas e complexas adaptações a diferentes 
situações de aprendizagem. Na idade escolar, na adolescência, na idade adulta e 
até em idade mais avançada, a aprendizagem está sempre presente. 
 
• Processo global - Todo comportamento humano é global; inclui sempre aspectos 
motores, emocionais e mentais, como produtos da aprendizagem. O envolvimento 
para mudança de comportamento, terá que exigir a participação global do indivíduo 
 
 
4 
 
para uma busca constante de equilibração nas situações problemáticas que lhe são 
apresentadas. 
 
• Processo pessoal - A aprendizagem é um processo que acontece de forma 
singular e individualizada, portanto é pessoal e intransferível, quer dizer ela não 
pode passar de um indivíduo para outro e ninguém pode aprender que não seja por 
si mesmo. 
 
• Processo gradativo - A aprendizagem sempre acontece através de situações 
cada vez mais complexas. Em cada nova situação uns maiores números de 
elementos serão envolvidos. Cada nova aprendizagem acresce novos elementos à 
experiência anterior, sem idas e vindas, mas em uma série gradativa e ascendente. 
 
• Processo cumulativo - A aprendizagem resulta sempre das experiências vividas 
pelo indivíduo que servem como patamar para novas aprendizagens. Ninguém 
aprende senão, por si e em si mesmo, pela auto modificação. Desta maneira, a 
aprendizagem constitui um processo cumulativo, em que a experiência atual 
aproveita-se das experiências anteriores. 
 
 
http://www.bastosmaia.com.br/noticias/os-diferentes-estilos-de-aprendizagem/ 
 
 
5 
 
APRENDIZAGEM E MATURAÇÃO 
 
 
http://tribunadoreconcavo.com/saiba-as-diferencas-entre-dificuldade-e-transtorno-de-aprendizagem/ 
 
A maturação é constituída no processo de desenvolvimento pelas mudanças 
do organismo que ocorrem de dentro para fora do indivíduo. Mas apesar destas 
mudanças acontecerem apenas quando existe uma predisposição natural no 
organismo do indivíduo, elas dependem de estimulações no meio ambiente para se 
desenvolverem plenamente. 
As características essenciais da maturação são: 
1 - Aparecimento súbito de novos padrões de crescimento ou comportamento; 
2 - Aparecimento de habilidades específicas sem o benefício de práticas anteriores; 
3 - A consistência desses padrões em diferentes indivíduos da mesma espécie; 
4 - O curso gradual de crescimento físico e biológico em direção a ser 
completamente desenvolvido. 
A aprendizagem, diferente da maturação, envolve uma mudança duradoura 
no indivíduo, que não está marcada por sua herança genética. A aprendizagem se 
constitui no processo de socialização do indivíduo e desenvolve gostos, habilidades, 
preferências, contribui para formação de preconceitos, vícios, medos e 
desajustamentos patológicos. 
 
 
 
6 
 
A APRENDIZAGEM É CONDICIONADA PELA MATURAÇÃO 
 
 
 
http://dislexicosaibaseusdireitos.blogspot.com.br/2009/05/transtornos-de-aprendizagem-escolar.html 
 
 
De maneira geral, concluindo-se pelas próprias definições acima, a influência 
dos professores é restrita aos padrões de maturação dos alunos. Na aprendizagem 
esta influência pode ser determinante, com consequências que podem ser tanto 
positivas quanto negativas. 
As características específicas do ser humano: a fala, a noção de tempo, a 
cultura e a capacidade de abstração, confere uma qualidade única ao estudo do seu 
comportamento. 
Ainda mais significativo que tudo o que foi dito, o homem, em seu processo 
de percepção, pode observar-se simultaneamente como sujeito e objeto, como o 
conhecedor e como o que deve ser conhecido. Enquanto nos animais inferiores 
muitos dos comportamentos são supostamente instintivos, a criança, molda os seus 
múltiplos padrões de comportamento. O período relativamente de dependência da 
criança, em relação ao adulto, que se segue à necessidade total de ajuda logo após 
o nascimento, contribui para que ele adquira a cultura de seu grupo. Utilizando seu 
potencial intelectual relativamente alto e sua capacidade de se comunicar através da 
 
 
7 
 
linguagem falada e der outros símbolos, os membros de cada geração constroem 
sobre as realizações das gerações anteriores. A cultura de uma sociedade é o 
resultado de muitas gerações de aprendizagem cumulativa. 
O homem compartilha com outros mamíferos alguns impulsos orgânicos 
primários como a fome, a sede, o sexo, a necessidade de oxigênio, de calor 
moderado e de repouso e, possivelmente, umas poucas aversões primárias tais 
como medo, raiva. A primeira manifestação de tais impulsos e aversões é um 
processo de maturação. No entanto, o ser humano parece transcender de alguma 
forma tais impulsos e aversões hereditários. 
Parece não haver grupo de seres humanos que não tenha desenvolvido, 
através da aprendizagem, alguns instrumentos para enriquecer seus contatos com o 
mundo que o cerca. Os animais parecem encontrar satisfação no uso de qualquer 
das capacidades que possuem. Da mesma maneira, o homem encontra satisfação 
no uso de suas capacidades e habilidades. 
 
 
http://asesoriacomercialycoachcom.blogspot.com.br/2012/05/que-son-las-competencias-las.html 
 
 
 
 
8 
 
APRENDIZAGEM E DESEMPENHO 
 
É fundamental para se concluir como esta transcorrendo a aprendizagem a 
observação do comportamento do indivíduo. O desempenho pode ser considerado 
como o comportamentoobservável do indivíduo. Destarte, a aprendizagem não 
pode ser observada diretamente; só pode ser inferida do comportamento ou do 
desempenho de uma pessoa. 
Para tanto devem ser observadas determinadas características do 
desempenho que servirão como indicadores do desenvolvimento da aprendizagem 
ou da aquisição de uma habilidade. A característica principal é quando o 
desempenho da habilidade melhorou, durante um período de tempo no qual houve a 
prática. A pessoa sendo assim mais capaz de desempenhar a habilidade do que era 
anteriormente. 
A melhoria do desempenho deve ser marcada por certas características: 
1 - O desempenho deve ser, como resultado da prática, persistente, ou seja, 
relativamente constante. Deve ser duradoura no tempo. 
2 - As flutuações do desempenho devem ser cada vez menores, ocorrendo menos 
variabilidade. 
 
Aprendizagem é uma mudança no estado interno do indivíduo, que é inferida de uma 
melhora relativamente permanente no desempenho como resultado da prática. 
 
 
http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/problemas-afetam-aprendizagem-escolar/ 
 
 
9 
 
Modelo de aprendizagem motora 
 
Segundo Fitts e Posner, existem três estágios que caracterizam a 
aprendizagem motora: 
 
1 - Estágio Cognitivo - Se caracteriza por uma grande quantidade de atividade 
mental e intelectual. O principiante costuma responder às técnicas ou estratégias, 
apresentando grande número de erros grosseiros no desempenho; 
 
2 - Estágio Associativo - A atividade cognitiva envolvida na produção de respostas 
decai. Mecanismos básicos da habilidade foram aprendidos até certo ponto. O 
aprendiz está concentrado em refinar a habilidade. Detecta alguns dos seus erros. A 
variação de desempenho começa a decrescer; 
 
3 - Estágio Autônomo - As habilidades são aprendidas a um tal grau que respostas 
são geradas de maneira quase automática. Desenvolve capacidade para detectar 
seus erros e que espécies de ajustes são necessários para corrigir os erros. A 
variação do desempenho de dia a dia já se torna muito pequena. 
 
 
 
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002249/224990POR.pdf 
 
 
É importante entender esses estágios de aprendizagem para 
determinação de estratégias instrucionais apropriadas a serem 
utilizadas ao ensinar habilidades motoras. 
 
 
 
 
10 
 
 
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002249/224990POR.pdf 
 
 
O desempenho inicial na aprendizagem nem sempre permite predizer com 
precisão o desempenho posterior. O desempenho posterior deve ser considerado a 
partir de: 
a) determinação das capacidades relacionadas com a tarefa; 
b) motivação para ter sucesso e para continuar a aprender a habilidade; 
c) instrução inicial deve enfatizar os fundamentos importantes da habilidade a ser 
aprendida; 
d) quantidade de tempo de prática disponível do indivíduo é importante na 
determinação do sucesso posterior. 
 
Esses fatores além de serem valiosos na previsão do 
desempenho futuro, são geradores de informações para 
determinar o que deve ser incluído no plano de instrução, 
para ajudar o estudante a desenvolver seu potencial. 
 
 
 
http://www.funkids.com.br/a-escola/aprendizagem/ 
 
 
 
11 
 
APRENDIZAGEM E MOTIVAÇÃO 
 
 
https://psicologosepsicologias.com/category/necessidades-educativas-especiais/page/9/ 
 
 
Dentre todos os fatores que influenciam no processo de aprendizagem, o 
mais importante deles é, sem dúvida, a motivação. Sem motivação não há 
aprendizagem. Podem existir os mais diversos recursos para a aprendizagem, mas 
se não houver motivação ela não acontecerá. 
 
Funções dos motivos 
 
A motivação existe quando o indivíduo se propõe a emitir um comportamento 
desejável para um determinado momento em particular. O indivíduo motivado é 
aquele que se dispõe a iniciar ou continuar o processo de aprendizagem. 
São três as funções mais importantes dos motivos: 
• Os motivos têm a função de manter ativo o organismo para que a 
necessidade que gerou o desequilíbrio seja satisfeita; 
• Os motivos dão direção ao comportamento para que os objetivos sejam 
alcançados, definindo quais os mais adequados para conduzir a ação; 
• Os motivos fazem a seleção das respostas que satisfazem as necessidades 
para que possam ser reproduzidas posteriormente, quando situações 
semelhantes se apresentarem. 
 
 
 
12 
 
TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 
 
 
http://pensamentosdosucesso.com/como-aumentar-motivacao/ 
 
 
A seguir serão apresentadas as quatro linhas teóricas que abordam a questão 
da motivação dentro da Psicologia. 
 
 
Teoria do condicionamento 
 
Segundo esta teoria, para que o indivíduo seja motivado a emitir determinado 
comportamento, é preciso que esse comportamento seja reforçado seguidamente. A 
aprendizagem só acontece caso haja a associação de determinada resposta a um 
reforço, até que o indivíduo fique condicionado. 
Em outras palavras, uma necessidade (estímulo) leva a uma atividade 
(resposta) que a satisfaz, e aquilo que satisfaz ou reduz a necessidade serve como 
reforço da resposta. Isto é, o indivíduo age para alcançar um reforço que vai 
satisfazer sua necessidade. 
De acordo com a teoria do condicionamento, só há motivação para aprender 
em sala de aula na medida em que as matérias oferecidas estiverem associadas a 
reforços que satisfaçam certas necessidades dos alunos. 
 
 
 
13 
 
Teoria cognitiva 
 
A teoria cognitiva, ao contrário da teoria do condicionamento que considera a 
aprendizagem como resultado de uma série de estímulos externos para reforço do 
comportamento, dá maior importância a aspectos internos, racionais, como: 
objetivos, intenções, expectativas e planos do indivíduo. 
A teoria cognitiva considera que, como ser racional, o homem decide 
conscientemente o que quer ou não quer fazer. Pode interessar-se pelo estudo da 
matemática por compreender que esse estudo lhe será útil no trabalho, na 
convivência social, ou apenas para satisfazer sua curiosidade ou porque se sente 
bem quando estuda matemática. 
 
http://psicopedagogia19.blogspot.com.br/2011/11/teoria-cognoscitiva.html 
 
 
Teoria humanista 
 
Para Maslow, um dos principais formuladores desta teoria, o comportamento 
humano pode ser motivado pela satisfação de necessidades biológicas, mas que 
toda motivação humana não poderia ser explicada em termos de privação, 
necessidade e reforçamento. 
 
 
14 
 
Para Maslow existe uma hierarquia de necessidades que vão se 
manifestando a medida que as necessidades básicas, consideradas por ele de 
ordem inferior, são satisfeitas e, que evoluem em direção a necessidades de ordem 
superior. Quando não há alimento, o homem vive apenas pelo alimento. Mas o que 
acontece quando o homem consegue satisfazer sua necessidade de alimento? 
Imediatamente surgem outras necessidades, cuja satisfação provoca o 
aparecimento de outras. 
Esquematicamente, Maslow construiu uma pirâmide, que segundo ele, 
localiza esta hierarquia de sete conjuntos de motivos-necessidades: 
 
• Necessidades fisiológicas – um indivíduo com as necessidades fisiológicas – 
oxigênio, líquido, alimento e descanso – insatisfeitas tende a comportar-se como um 
animal em luta pela sobrevivência. É a satisfação dessas necessidades que permite 
ao indivíduo dedicar-se a atividades que satisfaçam necessidades de ordem social; 
• Necessidade de segurança – é o comportamento manifesto diante do perigo e de 
situações estranhas e não familiares. É essa necessidade que orienta o organismo 
na ação rápida em qualquer situação de emergência, comodoenças, catástrofes 
naturais, incêndios, etc. 
 
• Necessidade de amor e participação – expressa-se no desejo de todas as 
pessoas de se relacionarem afetivamente com os outros, de pertencerem a um 
grupo. 
 
• Necessidade de estima – leva-nos à procura de valorização e reconhecimento por 
parte dos outros. Quando essa necessidade é satisfeita, sentimos confiança em 
nossas realizações, sentimos que temos valor para os outros, sentimos que 
podemos participar na comunidade e ser úteis. 
 
• Necessidade de realização – expressa-se em nossa tendência a transformar em 
realidade o que somos potencialmente, a realizar nossos planos e sonhos, a 
alcançar nossos objetivos. A satisfação da necessidade de realização é sempre 
parcial, na medida em que sempre temos projetos inacabados, sonhos a realizar, 
objetivos a alcançar. 
 
 
15 
 
 
• Necessidade de conhecimento e compreensão – é a curiosidade, a exploração 
e o desejo de conhecer novas coisas, de adquirir mais conhecimento. Essa 
necessidade é mais forte em uns do que em outros e sua satisfação se realiza 
através de análises, sistematizações de informações, pesquisas, etc. Essa talvez 
devesse ser a necessidade específica a ser atendida pela atividade escolar. 
 
• Necessidade estética – manifesta-se através da busca constante da beleza. Essa 
necessidade, segundo Maslow, parece ser universal em crianças sadias e a escola 
pode contribuir muito para sua satisfação. 
 
 
 
http://www.dicasdeescrita.com.br/ficcao/criacao-de-personagem-piramide-de-maslow/ 
 
 
 
 
 
16 
 
Teoria psicanalítica 
 
Para a teoria psicanalítica, criada por Sigmund Freud, as primeiras 
experiências infantis são os principais fatores a determinar todo o desenvolvimento 
posterior do indivíduo. A maior parte dos motivos seriam, assim, inconscientes. 
Quando criança, todo indivíduo tem uma série de impulsos e de desejos que procura 
satisfazer. Entretanto, muito desses impulsos e desejos não podem ser satisfeitos, 
em virtudes das sanções sociais. Assim, eles são reprimidos para o inconsciente e lá 
se organizam a fim de se manifestarem de outra forma, de uma maneira que não 
contrarie as normas sociais. 
Na prática clínica, Freud, pesquisando sobre causas e funcionamento das 
neuroses, descobriu que a grande maioria dos pensamentos e desejos reprimidos 
eram de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida do indivíduo. Na vida 
infantil estavam as experiências traumáticas, reprimidas que originavam os sintomas 
atuais. Essas ocorrências deixavam marcas profundas na estrutura da 
personalidade. Freud, então, coloca a sexualidade no centro da vida psíquica e 
postula a existência da sexualidade infantil. 
 
 
http://pedro-sampaio.blogspot.com.br/2011/09/por-que-nao-sou-um-psicanalista-parte-1.html 
 
 
17 
 
TEORIAS DA APRENDIZAGEM 
 
 
http://www.superaprendizado.com/dificuldades-de-aprendizagem-voce-sabe-quais-sao/ 
 
 
As teorias da aprendizagem se caracterizam como uma área bem específica 
dentro da psicologia teórica na tentativa de fundamentar como surge a natureza 
essencial do processo de aprendizado. Serão apresentadas a seguir as principais 
teorias que procuram compreender e explicar o processo de aprendizagem: 
 
 
Watson e o behaviorismo 
 
No início de nosso século, vários psicólogos preocupavam-se em fornecer à 
Psicologia foros de ciência. Tal tentativa já havia sido feita pelos adeptos das ideias 
de Wundt, criador da Psicologia Fisio1ógica; nos Estados Unidos, J.B. Watson 
insistia em que o corpo voltasse a centralizar os estudos psicológicos e propunha 
que a Psicologia mudasse seu foco da consciência para o comportamento. O 
objetivo de Watson era que a ciência psicológica se interessasse por indícios 
publicamente verificáveis, ou seja, dados abertos à observação de outros, estudados 
por diversos pesquisadores, que poderiam chegar a conclusões uniformes. 
 
 
18 
 
Watson foi iniciador da escola behaviorista. Ele considerava a pesquisa 
animal a única verdadeira, pela sua possibilidade de verificação empírica. Propunha 
a abolição dos métodos introspectivos, devido à sua falta de objetividade. Rejeitava 
o estudo da consciência e atacava veementemente a análise da motivação em 
termos de instintos. 
Na sua época, era frequente admitir que muitos comportamentos fossem 
inatos e constituíssem instintos. Watson propôs a tese de que herdamos apenas 
estrutura física e alguns reflexos. Três tipos de reação emocional são inatos: medo, 
cólera e amor; todas as outras reações emocionais são aprendidas em associação 
com eles, através de condicionamento. 
A influência de Watson foi tão grande, que a maioria das teorias que se 
seguiram foram behavioristas e, portanto, preocupadas com os fatores puramente 
objetivos, baseando-se na pesquisa com animais e preferindo a análise do tipo 
estímulo-resposta. 
 
 
 
http://pt.slideshare.net/ThalesRocha666/behaviorismo-clssico-e-tericos 
 
 
 
 
 
19 
 
Teoria do condicionamento clássico 
 
O fisiologista russo Ivan P. Pavlov (1849-19360), estava interessado em 
descobrir princípios do funcionamento das glândulas salivares e usava cães em 
suas experiências. Em uma de suas experiências um fato em particular chamou sua 
atenção. Pavlov verificou os animais salivavam, de maneira abundante, não apenas 
a vista e cheiro do alimento, mas também na presença de outros estímulos 
associados a ele, como o som de passos fora da sala, na hora da alimentação. 
Desta forma ele chegou à conclusão de que o reflexo salivar, provocado 
normalmente pela presença do alimento na boca, também podiam ser provocados 
por outros estímulos associados aos alimentos. 
Começou, então, a relacionar o alimento a outros estímulos, originalmente 
neutros quanto à capacidade de provocar a salivação, como a luz de uma lâmpada 
ou o som de uma campainha. Verificou que, se o alimento fosse muitas vezes 
precedido destes estímulos, o cão passaria a salivar também na sua presença. A 
esta reação Pavlov denominou: reflexo condicionado. 
Posteriormente, os psicólogos passaram preferir a expressão – resposta 
condicionada -, uma vez que este tipo de aprendizagem não se limita só aos 
comportamentos reflexos. 
 
http://www.dogpinda.com/pag.php?id=adestramento1 
 
 
20 
 
Teoria do condicionamento operante 
 
O psicólogo americano B. F. Skinner, nascido em 1904, fez uma distinção 
entre dois tipos de comportamentos: as respostas provocadas por um estímulo 
específico e aquelas que são emitidas sem a presença de um estímulo conhecido. 
Ao primeiro tipo de respostas Skinner chamou – respondente-; e ao segundo – 
operante. 
O comportamento respondente é automaticamente provocado por 
estímulos específicos como, por exemplo, a contração pupilar mediante uma luz 
forte. O comportamento operante, no entanto, não é automático, inevitável e nem 
determinado por estímulos específicos. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/7001676/ 
 
 
Assim, caminhar pela sala, abrir uma porta, cantar uma canção, são 
comportamentos operantes, já que não se pode estipular quais os estímulos que os 
causaram. O que caracteriza o condicionamento operante é que o reforço não 
ocorre simultaneamente ou antes da resposta (como no condicionamento clássico) 
mas sim aparece depois dela. 
A resposta deve ser dada para que depois surja o reforço, que, por sua vez, 
torna mais provável nova ocorrência do comportamento. A aprendizagem não se 
constitui, como no condicionamento clássico, em uma substituição de estímulo, mas 
sim em uma modificação da frequência da resposta.21 
 
Teoria da aprendizagem por ensaio e erro 
 
Este tipo de aprendizagem foi primeiramente estudada por Edward Lee 
Thorndike (1874-1949), psicólogo americano. Seus experimentos foram feitos com 
animais, preferencialmente gatos. Um gato faminto era colocado em uma gaiola com 
o alimento à vista do lado de fora. O gato ao tentar sair da gaiola para conseguir o 
alimento produzia uma série de ensaios ou tentativas. Ocasionalmente, ele tocava 
na tranca que abria a gaiola e o alimento era alcançado. O experimento era repetido 
durante alguns dias e o gato, ia, aos poucos, eliminando os ensaios infrutíferos para 
sair da gaiola, coisa que conseguia em cada vez menos tempo, até que nenhum erro 
mais era cometido e o gato saia da gaiola com apenas um movimento preciso: o de 
abrir a tranca. 
O ensaio e erro é um tipo de aprendizagem que se caracteriza por uma 
eliminação gradual dos ensaios ou tentativas que levam ao erro e à manutenção 
daqueles comportamentos que tiveram o efeito desejado. Thorndike formulou, a 
partir de seus estudos, leis de aprendizagem, das quais se destacam a lei do efeito 
e a lei do exercício. 
 
http://pt.slideshare.net/otiagom/lei-do-efeito 
 
 
22 
 
A lei do efeito, afirma que um ato é alterado pelas suas consequências. 
Assim, se um comportamento tem efeitos favoráveis, é mantido; caso contrário, 
eliminado. A lei do exercício propõe que a conexão entre estímulos e respostas é 
fortalecida pela repetição. Em outras palavras, a prática, ou exercício, permite que 
mais acertos e menos erros sejam cometidos como resultado de um comportamento 
qualquer. 
Pode-se notar a semelhança existente entre este tipo de aprendizagem e o 
condicionamento operante. Alguns autores, porém, estabelecem uma diferença, 
afirmando que o ensaio e erro é mais complexo, já que envolve a intenção do 
indivíduo na aquisição de algum efeito específico. 
 
 
Teoria da aprendizagem cognitiva 
 
Para John Dewey a aprendizagem deve estar vinculada aos problemas 
práticos aproximando-se o mais possível da vida cotidiana dos alunos. À escola 
cabe preparar seus alunos para a vida democrática, para a participação social, deve 
praticar a democracia dentro dela, dando preferência à aprendizagem por 
descoberta. 
 
Fonte: http://aprendizagemfm01.blogspot.com.br/ 
 
Para Dewey, seis são os passos que caracterizam o pensamento científico: 
 
• Tornar-se ciente do problema – É necessário que o problema proposto tenha 
significado para o indivíduo. O problema deve ser transformado em uma 
necessidade individual que lhe proporcione estímulos suficientes; 
 
 
23 
 
• Esclarecimento do problema – Consiste na coleta de dados e informações sobre 
o problema proposto. É onde vai se selecionar a melhor forma de atacar o problema, 
através dos recursos disponíveis; 
• Aparecimento da hipótese – São as possibilidades que surgem para a provável 
solução do problema. As hipóteses costumam surgir após um longo período de 
reflexão sobre o problema e suas implicações, a partir dos dados coletados na etapa 
anterior. 
• Seleção da hipótese mais provável – É o confronto da hipótese com o que se 
conhece do problema. Passando de uma hipótese a outra na medida que vão se 
mostrando ineficazes para a resolução do problema uma hipótese verifica-se outra; 
• Verificação de hipótese - É na prática que acontece a verdadeira prova da 
hipótese que será comprovada na ação; 
• Generalização – Em situações posteriores semelhantes, uma solução já 
encontrada poderá contribuir para a formulação de hipótese mais realista. A 
capacidade de generalizar consiste em saber transferir soluções de uma situação 
para outra. 
 
 
Teoria da aprendizagem fenomenológica 
 
As significações produzidas pelos indivíduos são, para teoria fenomenológica, 
assim como a teoria cognitiva, acima descritas, e a teoria da gestalt, que veremos 
mais adiante, de grande relevância para compreensão do processo de 
aprendizagem. A criança é vista como um ser que aprende naturalmente. A 
aprendizagem só acontece a partir do material que se vincule a experiência do 
indivíduo. Assim, existem alguns passos que devem para facilitar a aprendizagem do 
indivíduo, a partir de sua própria experiência. 
 
• Proporcionar aos alunos oportunidades de pensamento autônomo, criando um 
clima de diálogo, que os encoraje a expressar suas opiniões e a participar das 
atividades do grupo; 
 
 
 
24 
 
• Os alunos devem desenvolver suas atividades em acordo com o ritmo pessoal. O 
êxito e a aprovação sendo considerados a partir das realizações individuais; 
 
 
https://kumon.com.br/ensino-fundamental-1/passo-1/ 
 
• Oferecer aos alunos a oportunidade de utilizar um impulso universal presente em 
todos os seres humanos, no sentido de concretizar suas próprias potencialidades. 
Sem podá-los em uma camisa de força, prendendo-os à competição artificial e ao 
rígido sistema de notas. 
 
 
Teoria da aprendizagem da Gestalt 
 
Os psicólogos que preconizaram a teoria da Gestalt, como Köhler, Koffka, 
defendiam que a experiência e a percepção são mais importantes que as respostas 
específicas no processo de aprendizagem. Segundo eles a aprendizagem acontece 
através de insight, que se constituem em uma compreensão súbita para solução de 
problemas. Mas para que isso ocorra existe a necessidade de experiências 
anteriores vinculadas ao problema e só acontece em consequência de uma 
organização permanente da experiência, que permite a percepção global dos 
elementos significativos. 
 
 
 
 
25 
 
TRANSFERÊNCIA DA APRENDIZAGEM 
 
 
http://videoaula.cefac.br/cursos.php?cat=36 
 
 
Conceito e importância da transferência 
 
A transferência de aprendizagem acontece quando o indivíduo é capaz de 
transmitir o material retido em uma primeira experiência para as próximas 
experiências. É a influência de um órgão ou capacidade, sobre outra capacidade ou 
órgão, ainda não exercitado. 
A experiência é aprendida em seu conjunto e transferida como tal para uma 
situação nova, quando há identidade de estrutura ou função entre as situações. É o 
problema de transportar e de aplicar em uma situação conhecimentos, habilidades, 
ideais, valores, hábitos e atitudes, adquiridos em outros setores, ou situações de 
vida. 
Este problema afeta diretamente o conteúdo e método de ensino. Porque se 
acreditamos que, a aprendizagem é uma função tão específica que só é aplicável à 
matéria ou à habilidade diretamente envolvida, a orientação do ensino será diferente 
de quando se venha acreditar que a aprendizagem é um processo geral, que 
permite transferência a uma variedade ampla de áreas de atividades. 
 
 
 
26 
 
Transferência positiva e negativa 
 
Dizemos que houve uma transferência positiva quando uma aprendizagem 
anterior favorece uma nova aprendizagem. Dizemos que houve uma transferência 
negativa quando uma aprendizagem prejudica outra aprendizagem posterior. 
 
 
http://renataminozzo.blogspot.com.br/2015/11/transferencia.html 
 
Teorias da transferência 
 
As teorias da transferência da aprendizagem tiveram sua origem nas críticas 
à teoria da disciplina formal. A teoria da disciplina formal concebia a mente 
composta de faculdades, tais como: memória, raciocínio, vontade, atenção. Assim, 
bastava que estas “faculdades da mente” fossem, adequadamente, treinadas para 
que funcionassem igualmente bem em todas as situações, mesmo que a 
aprendizagem houvesse ocorrido em uma situação particular. O ensino de latim, por 
exemplo, treinava a capacidade de raciocínio lógico para qualquer tipo de situação.Na teoria da disciplina formal, a ênfase não se vinculava, de maneira 
específica, na matéria. Era mais importante para a educação a forma da atividade do 
que o conteúdo em si mesmo. A educação, seria então, em grande medida, uma 
questão de exercitar ou disciplinar a mente, de acordo com rigorosos exercícios 
mentais nos autores clássicos, em lógica, matemática, etc. 
 
 
27 
 
Contudo, William James (1890), em um trabalho experimental conclui que a 
melhora da memória consistia, não em qualquer melhora na retenção, mas no 
aperfeiçoamento do método de memorizar. Este experimento foi o ponto de partida 
para experiências posteriores, cujos resultados vieram contrariar a doutrina da 
disciplina formal. 
 
 
Teoria dos elementos idênticos 
 
Tem como autor Thorndike. Afirma que há transferência de aprendizagem 
quando se verifica identidade de CONTEÚDO (Exemplo: a análise lógica em uma 
língua auxilia na aprendizagem de outra.); de MÉTODO ou PROCESSO (Exemplo: o 
estudo de uma lição, lendo o conjunto e depois repetindo trechos difíceis é processo 
que faculta o estudo de outra lição do mesmo tipo.); de ATITUDE (Exemplo: o hábito 
de aprender teoremas depois de algum esforço leva o indivíduo a esperar dominar 
com esforço novo teorema.); de GENERALIDADES de fatos compreendidos 
(Exemplo: regras, princípios, leis, etc., induzidos e aplicados a seguir a casos 
particulares diversos, habilitam o indivíduo a aprender outros casos particulares, 
pelo pensamento dedutivo). 
Nesta teoria a transferência é a repetição, em uma nova situação, de uma 
reação já aprendida anteriormente. 
 
 
http://www.livrosepessoas.com/tag/sala-de-aula/ 
 
 
28 
 
Teoria da generalização da experiência 
 
Nesta teoria, que tem Judd como precursor, os fatores mais importantes são: 
o Método de Ensino ou de Estudo e Grau de Auto Atividade despertada no aluno. A 
matéria ou conteúdo a ser aprendido é de muito pouca importância. 
Esta teoria preconiza que, a função da educação é treinar a inteligência, 
internalizar o método científico, assistir os alunos a abstrair o geral e essencial dos 
aspectos particulares e acidentais em suas experiências. Esta teoria enfatiza a 
aplicabilidade de princípios e generalizações a situações variadas e diversas. 
A repetição do experimento original de Judd, por outros estudiosos, conclui 
que as crianças acostumadas com o princípio da refração da luz foram mais 
capazes de atingir um alvo submerso na água do que crianças que não conheciam o 
princípio. 
 
 
http://tutores.com.br/blog/aprender-sempre/ 
 
 
Teoria dos ideais de proceder 
 
O autor desta teoria, Bagley considera que a generalização não representa 
tudo, mas que deve ser associada a um ideal e possuir um conteúdo emocional, 
Para Bagley, a aprendizagem de hábitos de ordem, por exemplo, não se transfere 
da aritmética para a ortografia, mas que, se a aprendizagem de tais hábitos for 
 
 
29 
 
considerada um ideal, e enfatizada pelo professor, será transferida para outros 
assuntos, sem que seja preciso referência especial sobre os mesmos. 
Esta teoria acentua a transferência através da formulação de ideais e atitudes 
generalizadas, constituindo outra versão da teoria da generalização da experiência. 
 
 
Teoria da Gestalt 
 
Esta teoria enfatiza outro aspecto do conceito de generalização. Para seus 
partidários, quanto maior o significado de uma experiência, tanto mais rica sua 
conceituação e mais profunda a sua compreensão, maiores serão suas 
possibilidades de transferência. 
Para os gestaltistas, o discernimento (Insight) das relações entre os 
elementos da situação é o meio que garante a aprendizagem e é este conhecimento 
das relações que se transfere na aprendizagem. 
Os gestaltistas explicam a transferência através do que denominam 
“transposição”. Por exemplo, determinada canção ouvida em certo tom pode ser 
reconhecida em outro, ainda que todos os componentes da canção sejam diversos. 
Identicamente, gatos treinados a comer no prato maior, quando encontram outros 
dois pratos, onde o que era maior é agora o menor dos dois, comem no maior e não 
naquele no qual aprenderam a comer. Os gatos reagem não às partes, os pratos, 
mas à relação maior-menor, que continua existindo. 
Esta teoria preconiza que, a função da educação é treinar a inteligência, 
internalizar o método científico, assistir os alunos a abstrair o geral e essencial dos 
aspectos particulares e acidentais em suas experiências. Esta teoria enfatiza a 
aplicabilidade de princípios e generalizações a situações variadas e diversas. 
A repetição do experimento original de Judd, por outros estudiosos, conclui 
que as crianças acostumadas com o princípio da refração da luz foram mais 
capazes de atingir um alvo submerso na água do que crianças que não conheciam o 
princípio. 
 
 
 
 
 
30 
 
REFERENCIAIS 
 
 
BARROS, Célia S.G. Pontos da Psicologia Geral. SP: Ática, 1995. 
 
BOCK, Ana M.Bahia; FURTADO, O e TEIXEIRA, M.L. Psicologias - Uma Introdução 
ao Estudo de Psicologia. SP: Saraiva, 1993. 
 
BOWDITCH, James L. e BUONO, Anthony F. Elementos de Comportamento 
Organizacional. São Paulo: Pioneira, 1997. 
 
BRAGHIROLLI, Elaine Maria. Psicologia Geral. RJ: Vozes. 1995. 
CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Fundamentos de Psicologia Educacional. SP: 
Ática, 1986. 
 
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. SP: McGraw-Hill do Brasil, 1991. 
 
DAVIS, Cláudia e OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Psicologia na educação. 2 ed., 
SP:Cortez, 1994. 
 
GREENING, Thomas C. Psicologia Existencial-Humanista. RJ: Zahar, 1975. 
 
MOULY, G. J. Psicologia Educacional. SP: Pioneira, 1966. 
 
PENNA, A Introdução à História da Psicologia Contemporânea. Rio de Janeiro, 
Zahar, 1980. 
 
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. 13 ed. SP: Ática, 1995. 
 
TELES, Maria Luiza S. O que é Psicologia. SP: Brasiliense, 1993. 
 
SCHULTZ, Duane P. e SCHULTZ, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. 
SP: Cultrix,1992. 
 
 
31 
 
Secretária Municipal de Educação RJ. MULTIEDUCAÇÃO: Núcleo Curricular Básico 
Rio de Janeiro, 1996. 
 
STATT, David A . Introdução à Psicologia. SP: Harbra, 1978. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
 
 
Nome do autor: Jeniffer Satie Vaz Ogasawara 
Disponível em: http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-
Jenifer-Satie-Vaz-Ogasawara.pdf 
Acesso: 17 de junho de 2016 
 
 
 
O CONCEITO DE APRENDIZAGEM DE SKINNER E VYGOTSKY: 
UM DIALÓGO POSSÍVEL 
 
RESUMO 
 
Muitas são as teorias de aprendizagem existentes, atualmente, no âmbito acadêmico. Isso se deve 
ao fato de cada teórico escolher estudar os aspectos que acreditam ser essenciais para as questões 
da educação. Contudo, sabe-se que nenhuma delas esgota e explica todos os questionamentos 
dessa área de conhecimento. Esse estudo versa sobre duas dessas teorias com o objetivo geral de 
discutir a relação entre as teorias de aprendizagem de Skinner e Vygotsky e suas contribuições para 
o processo ensino-aprendizagem. Assim, fez-se necessário descrever o conceito de aprendizagem 
de Skinner e Vygotsky, apontando as suas implicações pedagógicas, para em seguida comparar os 
principais pressupostos de cada teoria. Para atender aos objetivos deste estudo comparativo utilizou-
se da pesquisa exploratória do tipo bibliográfica. Buscou-se, então, fazer um levantamento sobre as 
principais obras dos autores escolhidos, para em seguida destacar os principais conceitos envolvidos 
na questão da aprendizagem. Diferentemente da idéia difundidana comunidade acadêmica, 
esclareceu-se que as abordagens possuem vários pontos de convergência, mas que também 
divergem em alguns aspectos. Uma conclusão obtida com a realização deste trabalho se refere ao 
conceito principal de cada autor para o entendimento do processo de ensino - aprendizagem. Espera-
se que este trabalho possa contribuir para um melhor entendimento da teoria de Skinner bem como, 
explique alguns equívocos difundidos sobre sua abordagem, contribuindo também para ampliar a 
compreensão geral sobre as diferentes abordagens para o conceito de aprendizagem facilitando a 
prática pedagógica. 
 
Palavras-chaves: Teoria de Aprendizagem; Skinner; Vygotsky; Prática pedagógica. 
INTRODUÇÃO 
 
 
33 
 
 
Inúmeros são os teóricos que discutem a teoria da aprendizagem. Cada um 
destes define e aponta os principais focos que devem ser analisados para o 
entendimento do assunto. Bock, Furtado e Teixeira (2000) colocam como principais 
pontos abordados pelos estudiosos que se propõem a estudar esse processo a 
natureza e os limites da aprendizagem, como também a participação dos aprendizes 
e a motivação durante o processo. Outro ponto bastante discutido é a importância do 
outro na aquisição de novos conhecimentos. 
Na tentativa de explicar a existência de diversos resultados para pesquisas 
que se referem ao campo da Psicologia, Cunha (1998) expõe que nessa ciência os 
paradigmas são vistos como revolucionários e inéditos, pois são muito diferentes 
entre si. Isto ocorre pois cada teórico acaba por encaminhar suas pesquisas de 
acordo com o que acredita ser essencial. 
Dentre os autores que estudaram a aprendizagem, aparecem Vygotsky e 
Skinner, os escolhidos para o desenvolvimento deste trabalho. Esses autores são 
considerados opostos no que se refere às ideias que desenvolveram sobre o tema 
da aprendizagem, principalmente, pelo fato dos teóricos pertencerem a abordagens 
diferentes da psicologia. O primeiro ficou mais conhecido por sua ênfase nas 
questões cognitivas e do desenvolvimento humano, já o segundo focou seu trabalho 
para o estudo do comportamento. 
Contudo, ao analisar mais detalhadamente os escritos de cada um sobre o 
tema, é possível perceber inúmeras semelhanças das suas formas de pensamento. 
Desse modo, o objetivo geral desse estudo é discutir a relação entre as teorias de 
aprendizagem de Skinner e Vygotsky e suas contribuições para o processo ensino 
aprendizagem. Para isso, faz-se necessário descrever o conceito de aprendizagem 
de Skinner e Vygotsky, apontando as suas implicações pedagógicas e em seguida, 
faz-se uma comparação dos principais conceitos propostos por ambos. Para atender 
aos objetivos, este trabalho teve como delineamento de estudo a pesquisa 
exploratória do tipo bibliográfica. 
A necessidade da elaboração desse estudo teórico-comparativo foi sentida ao 
se perceber a existência de equívocos difundidos na Faculdade de Educação sobre 
os estudos de Skinner que, muitas vezes, são infundados ou repletos de 
desconhecimento sobre o autor. Confunde-se o que foi desenvolvido por ele com os 
 
 
34 
 
escritos de seus antecedentes dentro da filosofia behaviorista na prática docente 
sobre o estudo do conceito de aprendizagem, para os alunos do curso de pedagogia 
da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. 
A formação no curso de Psicologia permitiu que a autora do presente trabalho 
possuísse um conhecimento mais aprofundado da teoria behaviorista, sentindo-se 
responsável por contribuir para uma melhor compreensão da análise do 
comportamento e da sua filosofia, o behaviorismo radical. Para tanto, buscou-se 
desmitificar alguns conceitos ao compará-los à obra de Vygotsky, já que esta possui 
uma grande aceitação na área de Educação. Tentou-se, assim, mostrar que a teoria 
de Skinner não ocupa um lugar de oposição em relação a alguns pensamentos 
elaborados por Vygotsky. 
Gioia (2004) afirma que a propagação de ideias imprecisas ou insuficientes do 
behaviorismo radical conduz a um desconhecimento das contribuições que a análise 
do comportamento poderia oferecer sobre a relação do indivíduo com o ambiente. A 
autora destaca ainda que, dentre os contextos de interação, o ambiente escolar é o 
que poderia receber maiores benefícios em função do papel da educação na 
sociedade e da importância dada por Skinner a esse aspecto. 
Assim, as informações imprecisas sobre o behaviorismo impedem que os 
futuros professores se apropriem das ideias dessa abordagem, o que dificulta a sua 
utilização em contextos adequados. Apesar disso, Gioia (2004) afirma que esses 
dados errôneos trazem consequências ainda piores quando formam opiniões 
preconceituosas, pois são propagadas sempre da mesma forma no ambiente 
acadêmico e escolar. 
Reafirmando essa idéia, Cunha (1998) expõe que “o que se observa no dia-a-
dia das salas de aula é que os professores possuem uma capacidade insuperável 
para transformar os pressupostos de qualquer ciência da educação e adequá-los às 
suas características e possibilidades pessoais”. 
A grande aceitação da teoria de Vygotsky se deve ao fato dessa ser 
considerada a mais adequada para os moldes de educação que se pensa nos dias 
atuais. Utilizando-se da boa aceitação da teoria vygotskyana no ambiente dos 
cursos de educação, procurou-se estabelecer a relação desta com a teoria de 
Skinner, tentando, assim, aproximar os educadores da leitura da obra deste último. 
 
 
35 
 
Outra relevância de relacionar as teorias consiste no fato de que, para a 
educação, não existe uma única teoria que responderá a todas as dúvidas e 
questões vividas no contexto de sala de aula. Coll (1997) aponta uma saída para 
essa situação ao expor que se deve fugir de uma junção impensada das teorias, ao 
mesmo tempo, não se apegar unicamente a contribuições de apenas uma 
abordagem. Deve-se perceber no contexto educacional qual a teoria traria melhores 
resultados e utilizar as contribuições pertinentes a essa prática educativa. 
Percebe-se, com isso, que o conhecimento sobre as múltiplas teorias da 
aprendizagem pode auxiliar o trabalho do professor, uma vez que, tendo 
propriedade sobre as contribuições que cada uma destas teorias pode oferecer é 
possível trabalhar com a integração das mesmas. Vale ressaltar que, para trabalhar 
com inúmeras abordagens, é necessário que o professor tenha um processo 
reflexivo sobre a sua prática. Integrar as teorias significa relacioná-las e não 
simplesmente juntar as suas ideias. 
O presente estudo é composto por três capítulos. O primeiro aborda o 
trabalho desenvolvido por Skinner, seus antecedentes históricos e teóricos, o 
conceito de aprendizagem e a importância do professor no processo. Buscou-se 
desenvolver as mesmas ideias no segundo capítulo sobre o pensamento de 
Vygotsky. Por fim, o terceiro capítulo faz a interrelação dos principais pontos 
discutidos sobre os dois autores. 
 
APRENDIZAGEM SEGUNDO SKINNER 
 
Burrhus Frederic Skinner nasceu em 1904 na cidade de Susquehanna, no 
Estado da Pennsylvania, Estados Unidos. Concluiu o segundo grau em 1922, no 
mesmo ano entrou na universidade Hamilton College. Graduou-se em literatura 
inglesa e línguas românicas, em 1926, e, com essa formação, Skinner decidiu ser 
escritor. Essa idéia foi abandonada em 1928 quando resolveu fazer o curso de pós-
graduação em Psicologia, se inscrevendo no programa de Psicologia Experimental, 
em Harvard University. Obteve os títulos de Mestrado e Doutorado, em 1930 e 1931, 
respectivamente. Após o doutoramento, permaneceu em Harvard, até 1936, com um 
apoio financeiro para fazer pesquisas. Após isso, mudou para Minneapolis para 
assumir as atividades de professor e de pesquisadorna University of Minnesota. Foi 
 
 
36 
 
lá que Skinner encontrou espaço livre para ensinar e pesquisar o behaviorismo. 
Tornou-se chefe de departamento de Psicologia da Indiana University, em 1945. 
Neste local, começou a escrever Verbal Behavior e Walden II, publicados em 1957 e 
1948, respectivamente. Em 1948, ele retornou a Harvard como convidado para 
pesquisar e ensinar naquela Universidade, na qual permaneceu até a sua 
aposentadoria, em 1974 (CUNHA; VERNEQUE, 2004). 
Skinner desenvolveu inúmeros estudos científicos sobre o comportamento, a 
maioria deles utilizando organismos infra-humanos como base comparativa do 
humano. Assim, desenvolveu instrumentos básicos e construiu uma sistematização 
para o estudo das relações comportamentais do organismo com seu meio ambiente. 
Nesse sentido, criou uma metodologia que denominou de Análise Experimental do 
Comportamento. Após essa organização, Skinner sentiu a necessidade de firmar a 
sua base filosófica, escrevendo Sobre o behaviorismo. Neste livro buscou elucidar 
as bases epistemológicas e filosóficas da sua ciência (CUNHA; VERNEQUE, 2004). 
Dentre as teorias que influenciaram o pensamento de Skinner, destacam-se 
principalmente dois autores: Ivan Petrovich Pavlov e Jonh B. Watson. Assim, para 
entender o pensamento skinneriano, faz-se necessário um retorno aos seus 
principais precedentes e influenciadores. 
O condicionamento operante é um processo no qual se pretende condicionar 
uma resposta de um indivíduo, seja para aumentar a sua probabilidade de 
ocorrência ou para extingui-la. No primeiro caso, são apresentados reforços toda vez 
que o sujeito apresenta a resposta adequada. Vale ressaltar que o conceito de 
reforço está diretamente ligado a ocorrência da resposta, um estímulo só pode ser 
considerado reforçador se aumentar a probabilidade do comportamento ocorrer. O 
reforço pode ser positivo quando é apresentado algo ao indivíduo ou negativo 
quando se retira algo do ambiente. Percebe-se, com isso, que, diferentemente do 
que se diz, reforço não é sinônimo de recompensa. 
 
 
APRENDIZAGEM SEGUNDO VYGOTSKY 
 
Lev Smenovitch Vygotsky nasceu em 1896 na antiga União Soviética, 
proveniente de uma família com boas condições financeiras e com um bom nível 
 
 
37 
 
intelectual, sendo sempre estimulado a ler e pesquisar sobre as coisas de seu 
interesse. Sua formação intelectual foi feita basicamente em seu ambiente familiar, 
só indo para a escola aos 15 anos. Estudou em um colégio particular por dois anos, 
tempo para concluir os estudos secundários. Após a saída do colégio, ingressou na 
Universidade de Moscou no curso de Direito, que, diferentemente dos padrões que 
possuímos hoje, era um curso no qual se estudava e discutia questões pertinentes 
às Ciências Humanas. Frequentou também a Universidade Popular de Shanyavskii, 
onde aprofundou os seus estudos em Psicologia, Filosofia e Literatura e, apesar 
disso, não recebeu nenhum título por essa universidade (OLIVEIRA, 1993). 
Devido à diversidade de assuntos estudados por Vygotsky, inúmeras foram 
também as áreas da sua atividade profissional, sendo professor e pesquisador das 
áreas de Psicologia, Filosofia, Pedagogia e Psiquiatria. Apesar de ter vivido apenas 
até os 37 anos, é grande o número de trabalhos acadêmicos desenvolvidos por este 
autor. Atualmente as áreas de Psicologia e Pedagogia são as que mais trabalham 
com as obras deste autor e seus trabalhos mais conhecidos são os que se referem 
ao desenvolvimento humano (OLIVEIRA, 1993). 
Faz-se necessário também entender o contexto social vivido por Vygotsky 
durante a sua elaboração intelectual. É importante salientar que a psicologia na 
Rússia, assim como em todo o mundo, passava por uma confrontação de correntes 
contrárias às explicações dos fenômenos psicológicos. A primeira, derivada dos 
pensamentos de Wundt, descrevia o conteúdo da consciência humana e sua relação 
com o ambiente externo, acabou sendo modificada pelos primeiro behavioristas, que 
substituíram o estudo da consciência pelo do comportamento, mas ainda buscando 
identificar a unidade básica e suas relações na formação de fenômenos mais 
complexos. A segunda era a psicologia da Gestalt, que se colocava como 
antagônica à primeira, não acreditando ser possível a explicação dos processos 
psicológicos por suas unidades básicas. (COLE; SCRIBNER, 2001). 
Para a teoria de Vygotsky, esse contexto social criou um problema 
epistemológico que foi apontado por Luria e Leontiev (apud Bruner, 1998), seus 
principais colaboradores. Esse problema consistia em livrar-se da “batalha pela 
conscientização” existente no contexto acadêmico. Era necessário “liberar-se, por 
um lado, do behaviorismo corrente e, por outro, da abordagem subjetiva dos 
fenômenos mentais enquanto condições subjetivas exclusivamente internas, cuja 
 
 
38 
 
investigação só pode ser realizada por introspecção” (LURIA; LEONTIEV apud 
Bruner, 1998, p. 8). 
 
APRENDIZAGEM 
 
Para o entendimento da aprendizagem segundo os estudos de Vygotsky, será 
utilizada a definição dada por Oliveira (1993, p. 57), sendo esta “o processo pelo 
qual o sujeito adquire informações, habilidades, atitudes, valores e etc. a partir do 
seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas”. Outro 
importante ponto a ser citado, logo inicialmente foi também ressaltado, refere-se aos 
problemas de tradução da obra deste autor. 
 
Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sóciohistóricos, a 
idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no 
processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como 
processo de ensino aprendizagem, incluindo sempre aquele que aprende, 
aquele que ensina, e a relação entre as duas pessoas. Pela falta de um 
termo equivalente em inglês, a palavra obuchenie tem sido traduzida ora 
como ensino, ora como aprendizagem e assim re-traduzida em português 
(OLIVEIRA, 1993, p. 57). 
 
Vygotsky foi um dos primeiros autores a diferenciar o processo de 
aprendizagem da criança e a formalização escolar. Para este autor, a aprendizagem 
começa no ingresso à escola. Nessa afirmação, fica claro que, para este teórico, o 
processo de formalização do conhecimento proposto pela escola não é a única fonte 
que o sujeito possui para aprender, isso está inato às capacidades humanas, 
conseguindo assim, aprender com qualquer situação vivida (VYGOTSKY, 2001). 
Por a aprendizagem ser algo tão implícito à capacidade humana, acredita-se 
que exista uma associação desta com o processo de desenvolvimento dessa 
espécie. Como se sabe, o desenvolvimento ocorre desde a geração do feto, 
perpassando por toda a vida do homem, sendo finalizado na sua morte. Acredita-se 
que a aprendizagem também seja um dos processos pelo quais se está sujeito em 
todos os momentos da vida. 
 
 
 
 
39 
 
O PAPEL DO PROFESSOR 
 
Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele baseia as suas intervenções 
pensando no que o sujeito está em fase de maturação, isto é, o que está na zona de 
desenvolvimento proximal. “O aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não 
para o passado.” (VYGOSTKY, 1998, p. 130). 
Com a afirmação de Vygotsky, pode-se perceber a necessidade que o 
professor tem de estar atento àquilo que a criança ainda está em fase de apreensão. 
As boas atividades de aprendizagem são sempre as que trabalham com os 
aprendizados ainda não totalmente conquistados pelos alunos. 
Vygotsky também coloca como um fator crucial para um bom trabalho do 
professor que este entenda, de forma clara, a formação dos conceitos pelas 
crianças. Assim, divide conceito em duas categorias:a primeira, os conceitos 
espontâneos, que são aqueles construídos aleatoriamente ao longo da vida, e os 
conceitos científicos, os que necessitam de um processo especial para a sua 
assimilação. 
Fazendo uma crítica ao ensino tradicional, Vygotsky diz que o ensino que 
tenha como foco uma transmissão direta de conceitos é ineficiente. Para ele, o 
professor que baseie seu trabalho nessa passagem direta não conseguirá obter 
bons resultados, o máximo que irá conseguir são alunos que repetem o que foi 
aprendido sem que haja uma internalização do conceito utilizado, o que acaba por 
ser um aprendizado totalmente vazio e sem significado para a vida do sujeito 
(VYGOTSKY, 1998). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Essa pesquisa buscou discutir a relação entre as teorias de aprendizagem 
desenvolvidas por Skinner e Vygotsky. Assim, fez-se necessário descrever os 
principais conceitos elaborados e defendidos por estes autores nas questões sobre 
a temática escolhida. Durante a descrição, foi-se percebendo a existência de 
inúmeras concordâncias e discrepâncias das duas teorias. Apesar disso, buscou-se 
deixar ainda mais clara esta relação, fazendo-se um capítulo apenas para discutir 
essa questão. 
 
 
40 
 
Durante a análise da relação das teorias, foi percebido que os autores 
convergem no que se refere à necessidade de um desenvolvimento prévio para a 
programação de atividades que promovam a aprendizagem; à importância dada ao 
meio social na aquisição de novos conceitos; à aprendizagem e ao papel do 
professor no processo de ensino-aprendizagem. 
Percebeu-se, assim, que diferentemente do que são trazidos em alguns livros 
didáticos que abordam as duas teorias, estas não são opostas, porém, possuem 
diferenças básicas, como ocorre com qualquer estudo elaborado por pessoas 
distintas, sendo possível também visualizar semelhanças. Faz-se necessário então 
propor a utilização de materiais mais condizentes com a realidade teórica e a 
necessidade de mais trabalhos que se proponham a dialogar com perspectivas tidas 
como diferentes. 
No que se refere ao pensamento de Skinner, esse trabalho buscou 
desmistificar alguns equívocos sobre este autor. Pretende-se que as pessoas, ao 
terem acesso a este trabalho, se permitam conhecer mais sobre os estudos deste 
autor, tentando modificar os conhecimentos errôneos que lhes foram transmitidos ao 
longo do tempo por inúmeras fontes. 
É importante salientar que, para o curso de Pedagogia, pesquisas deste tipo 
melhoram o entendimento do processo de aprendizagem, pois permitem a análise 
43 mais completa sobre o fenômeno, de forma a poder integrar diferentes 
abordagens de trabalho. Sabe-se que nenhum trabalho desenvolvido irá esgotar as 
possibilidades de análise nem fornecerá um entendimento do total. 
Outro ponto que merece destaque é a necessidade de leituras mais 
fidedignas sobre o estudo de um autor. Percebe-se que a leitura do autor em seus 
próprios escritos é sempre mais profunda do que a análise feita por outros autores. 
Apesar disso, nos cursos de graduação, os alunos costumam apenas trabalhar com 
os teóricos a partir de seus comentadores. 
Espera-se que este trabalho contribua para a formação de professores ao 
propor a integração de diferentes abordagens teóricas, através da compreensão dos 
conceitos presentes nas duas teorias. O contexto da educação permite que os 
educadores façam ajustes nas teorias, aplicando-as da forma mais adequada com 
os alunos. Acredita-se que, se os professores de forma reflexiva e consciente, se 
 
 
41 
 
valerão dos ganhos teóricos de ambos os autores, muito se tem a ganhar nas 
práticas educativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.ciclosdavida.net/?page_id=294 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lurdes T.; Psicologias: 
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45 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
AUTORES: Maria Sebastiana Gomes Mota e 
Francisca Elisa de Lima Pereira 
DISPONÍVEL EM: 
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/tcc_desenvolvi
mento.pdf 
ACESSO: 31 de agosto de 2016 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM 
 
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO 
MENTAL DO INDIVIDUOMaria Sebastiana Gomes Mota 
Pós-graduanda em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao 
Ensino Médio na Modalidade EJA 
Francisca Elisa de Lima Pereira 
 Professora Drª do Curso de Especialização em Educação Profissional Técnica de Nível 
Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade EJA 
 
 
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar as teorias de Bruner e Piaget 
onde a aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo e 
que as passagens da vida são marcadas por constante aprendizagem, assim o 
indivíduo será resultado de suas potencialidades genéticas. Apresentamos aqui 
também, um esboço das idéias básicas de Jean Piaget sobre o desenvolvimento mental 
e sobre o processo de construção do conhecimento (Adaptação, assimilação e 
acomodação). Conclui-se que o ato de ensinar envolve sempre uma compreensão bem 
 
 
46 
 
mais abrangente do que o espaço restrito do professor na sala de aula ou as atividades 
desenvolvidas pelos alunos. Todo trabalho deve ser planejado para evitar a 
improvisação. O professor que planeja com competência, engaja o compromisso com 
as transformações sociais. 
Palavras-chave: Aprendizagem; Desenvolvimento Cognitivo; 
Planejamento; Assimilação; Adaptação; Acomodação. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O indivíduo sofre, durante toda a sua vida, a influência dos agentes externos 
de natureza física e social. Esses agentes atuam sobre o seu organismo e sobre o 
seu espírito, estimulando suas capacidades e aptidões e promovendo o seu 
desenvolvimento físico e mental. 
O processo para uma aprendizagem eficaz depende de inúmeros fatores, 
dentre os quais, os mais prementes são: o talento do professor, o tipo intelectual do 
aluno, as oportunidades oferecidas pelo ambiente imediato da escola, perspectivas 
futuras de vida do aluno. 
A escola não pode mais ser considerada como uma simples máquina de 
alfabetização. Sua função não se restringe mais, como antigamente, à modesta 
tarefa de ensinar, sua tarefa é mais ampla e profunda, ou seja, deve levar o nosso 
aluno a ser mais critico, mais compromissado e mais otimista em relação à 
aprendizagem. 
Suas responsabilidades atuais são bem maiores. Além de instrumento de 
formação física, intelectual e moral, cabe-lhe a missão de promover a integração 
harmoniosa do educando no seio da comunidade, fornecendo-lhe todos os 
elementos para que se possa tornar um fator de progresso individual e social. 
Assim, a aprendizagem é um processo de assimilação de determinados 
conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no 
processo ensino aprendizagem. 
 
 
 
47 
 
Processo de Construção do Conhecimento e Desenvolvimento Mental do 
Indivíduo 
 
A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do 
indivíduo, desde a mais tenra infância até a mais avançada velhice. Normalmente 
uma criança deve aprender a andar e a falar; depois a ler e escrever, aprendizagens 
básicas para atingir a cidadania e a participação ativa na sociedade. Já os adultos 
precisam aprender habilidades ligadas a algum tipo de trabalho que lhes forneça a 
satisfação das suas necessidades básicas, algo que lhes garanta o sustento. As 
pessoas idosas embora nossa sociedade seja reticente quanto às suas capacidades 
de aprendizagem podem continuar aprendendo coisas complexas como um novo 
idioma ou ainda cursar uma faculdade e virem a exercer uma nova profissão. 
O desenvolvimento geral do individuo será resultado de suas potencialidades 
genéticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. 
A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. 
As passagens pelos estágios da vida são marcadas por constante 
aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”, diz a sabedoria popular. Assim, os 
indivíduos tendem a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes impõe. A 
aprendizagem permite ao sujeito compreender melhor as coisas que estão à sua 
volta, seus companheiros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se ao 
seu ambiente físico e social. 
A teoria da instrução de Jerome Bruner (1991), um autêntico representante da 
adordagem cognitiva, traz contribuições significativas ao processo ensino-
aprendizagem, principalmente à aprendizagem desenvolvida nas escolas. Sendo 
uma teoria cognitiva, apresenta a preocupação com os processos centrais do 
pensamento, como organização do conhecimento, processamento de informação, 
raciocínio e tomada de decisão. Considera a aprendizagem como um processo 
interno, mediado cognitivamente, mais do que como um produto direto do ambiente, 
de fatores externos ao aprendiz. Apresenta-se como o principal defensor do método 
de aprendizagem por descoberta (insight). 
 
 
48 
 
 A teoria de Bruner apresenta muitos pontos semelhantes às teorias de Gestalt 
e de Piaget. Bruner considera a existência de estágios durante o desenvolvimento 
cognitivo e propõe explicações similares às de Piaget, quanto ao processo de 
aprendizagem. Atribui importância ao modo como o material a ser aprendido é 
disposto, assim como Gestalt, valorizando o conceito de estrutura e arranjos de 
idéias. “Aproveitar o potencial que o indivíduo traz e valorizar a curiosidade natural 
da criança são princípios que devem ser observados pelo educador” (BRUNER, 
1991, p. 122). 
A escola não deve perder de vista que a aprendizagem de um novo conceito 
envolve a interação com o já aprendido. Portanto, as experiências e vivências que o 
aluno traz consigo favorecem novas aprendizagens. Bruner chama a atenção para o 
fato de que as matérias ou disciplinas tais como estão organizadas nos currículos, 
constituem-se muitas vezes divisões artificiais do saber. Por isso, várias disciplinas 
possuem princípios comuns sem que os alunos – e algumas vezes os próprios 
professores – analisem tal fato, tornando o ensino uma repetição sem sentido, em 
que apenas respondem a comandos arbitrários, Bruner propõe o ensino pela 
descoberta. O método da descoberta não só ensina a criança a resolver problemas 
da vida prática, como também garante a ela uma compreensão da estrutura 
fundamental do conhecimento, possibilitando assim economia no uso da memória, e 
a transferência da aprendizagem no sentido mais amplo e total. 
Segundo Bock (2001), a preocupação de Bruner é que a criança aprenda a 
aprender corretamente, ainda que “corretamente” assuma, na prática, sentidos 
diferentes para as diferentes faixas etárias. Para que se garanta uma aprendizagem 
correta, o ensino deverá assegurar a aquisição e permanência do aprendido 
(memorização), de forma a facilitar a aprendizagem subseqüente (transferência). 
Este é um método não estruturado, portanto o professor deve estar preparado para 
lidar com perguntas e situações diversas. O professor deve conhecer a fundo os 
conteúdos a serem tratados. Deve estar apto a conhecer respostas corretas e 
reconhecer quando e porque as respostas alternativas estão erradas. Também 
necessita saber esperar que os alunos cheguem à descoberta, sem apressa-los, 
mas garantindo a execução de um programa mínimo. Deve também ter cuidado para 
 
 
49 
 
não promover um clima competitivo que gere, ansiedade e impeça alguns alunos de 
aprender. 
O modelo de ensino e aprendizagem de David P. Ausubel (1980) caracteriza-
se como um modelo cognitivo que apresenta peculiaridades bastante interessantes 
para os professores, pois centraliza-se, primordialmente, no processo de 
aprendizagem tal como ocorre em sala de aula. Para Ausubel, aprendizagemsignifica organização e integração do material aprendido na estrutura cognitiva, 
estrutura esta na qual essa organização e integração se processam. 
Psicólogos e educadores têm demonstrado uma crescente preocupação com 
o modo como o indivíduo aprende e, desde Piaget, questões do tipo: “Como surge o 
conhecer no ser humano? Como o ser humano aprende? O conhecimento na escola 
é diferente do conhecimento da vida diária? O que é mais fácil esquecer?” 
atravessaram as investigações científicas. Assim, deve interessar à escola saber 
como criança, adolescentes e adultos elaboram seu conhecer, haja vista que a 
aquisição do conhecimento é a questão fundamental da educação formal. 
A psicologia cognitiva preocupa responder estas questões estudando o 
dinamismo da consciência. A aprendizagem é, portanto, a mudança que se 
preocupa com o eu interior ao passar de um estado inicial a um estado final. Implica 
normalmente uma interação do individuo com o meio, captando e processando os 
estímulos selecionados. 
O ato de ensinar envolve sempre uma compreensão bem mais abrangente do 
que o espaço restrito do professor na sala de aula ou às atividades desenvolvidas 
pelos alunos. Tanto o professor quanto o aluno e a escola encontram-se em 
contextos mais globais que interferem no processo educativo e precisam ser levados 
em consideração na elaboração e execução do ensino. 
 Ensinar algo a alguém requer, sempre, duas coisas: uma visão de mundo 
(incluídos aqui os conteúdos da aprendizagem) e planejamento das ações 
(entendido como um processo de racionalização do ensino). A prática de 
planejamento do ensino tem sido questionada quanto a sua validade como 
instrumento de melhoria qualitativa no processo de ensino como o trabalho do 
professor: 
 
 
50 
 
 
[...] a vivência do cotidiano escolar nos tem 
evidenciado situações bastante questionáveis neste 
sentido. Percebese, de início, que os objetivos 
educacionais propostos nos currículos dos cursos 
apresentam confusos e desvinculados da realidade 
social. Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, 
são definidos de forma autoritária, pois os professores, 
via re regra, não participam dessa tarefa. Nessas 
condições, tendem a mostrar-se sem elos significativos 
com as experiências de vida dos alunos, seus 
interesses e necessidades (Lopes, 2000, p. 41). 
 
De modo geral, no meio escolar, quando se faz referência a planejamento do 
ensino – aprendizagem, este se reduz ao processo através do qual são definidos os 
objetivos, o conteúdo programático, os procedimentos de ensino, os recursos 
didáticos, a sistemática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia 
básica a ser consultada no decorrer de um curso, série ou disciplina de estudo. Com 
efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela maioria dos professores e que 
passou a ser valorizado apenas em sua dimensão técnica. 
Em nosso entendimento a escola faz parte de um contexto que engloba a 
sociedade, sua organização, sua estrutura, sua cultura e sua história. Desse modo, 
qualquer projeto de ensino – aprendizagem está ligado a este contexto e ao modo 
de cultura que orienta um modelo de homem e de mulher que pretendemos formar, 
para responder aos desafios desta sociedade. Por esta razão, pensamos que é de 
fundamental importância que os professores saibam que tipo de ser humano 
pretendem formar para esta sociedade, pois disto depende, em grande parte, as 
escolhas que fazemos pelos conteúdos que ensinamos, pela metodologia que 
optamos e pelas atitudes que assumimos diante dos alunos. De certo modo esta 
visão limitada ou potencializada o processo ensino-aprendizagem não depende das 
políticas públicas em curso, mas do projeto de formação cultural que possui o corpo 
docente e seu compromisso com objeto de estudo. 
Como o ato pedagógico de ensino-aprendizagem constitui-se, ao longo prazo, 
num projeto de formação humana, propomos que esta formação seja orientada por 
 
 
51 
 
um processo de autonomia que ocorra pela produção autônoma do conhecimento, 
como forma de promover a democratização dos saberes e como modo de elaborar a 
crítica da realidade existente. 
Isto quer dizer que só há crítica se houver produção autônoma do 
conhecimento elaborado através de uma prática efetiva da pesquisa. Entendemos 
que é pela prática da pesquisa que exercitamos a reflexão sobre a realidade como 
forma de sistematizar metodologicamente nosso olhar sobre o mundo para 
podermos agir sobre os problemas. Isto quer dizer que não pesquisamos por 
pesquisar e nem refletimos por refletir. Tanto a reflexão quanto à pesquisa são 
meios pelos quais podemos agir como sujeitos transformadores da realidade social. 
Isto indica que nosso trabalho, como professores, é o de ensinar a aprender para 
que o conhecimento construído pela aprendizagem seja um poderoso instrumento 
de combate às formas de injustiças que se reproduzem no interior da sociedade. 
Piaget (1969), foi quem mais contribuiu para compreendermos melhor o 
processo em que se vivencia a construção do conhecimento no indivíduo. 
Apresentamos as ideias básicas de Piaget (l969, p.14) sobre o 
desenvolvimento mental e sobre o processo de construção do conhecimento, que 
são adaptação, assimilação e acomodação. 
Piaget diz que o individuo está constantemente interagindo com o meio 
ambiente. Dessa interação resulta uma mudança contínua, que chamamos de 
adaptação. Com sentido análogo ao da Biologia, emprega a palavra adaptação para 
designar o processo que ocasiona uma mudança contínua no indivíduo, decorrente 
de sua constante interação com o meio. 
Esse ciclo adaptativo é constituído por dois subprocessos: assimilação e 
acomodação. A assimilação está relacionada à apropriação de conhecimentos e 
habilidade. O processo de assimilação é um dos conceitos fundamentais da teoria 
da instrução e do ensino. Permite-nos entender que o ato de aprender é um ato de 
conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e relações 
do mundo, da natureza e da sociedade, através do estudo das matérias de ensino. 
Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem é uma relação cognitiva entre o 
sujeito e os objetos de conhecimento. 
 
 
52 
 
A acomodação é que ajuda na reorganização e na modificação dos esquemas 
assimilatórios anteriores do indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência, 
acomodando-as às estruturas mentais já existentes. Portanto, a adaptação é o 
equilíbrio entre assimilação e acomodação, e acarreta uma mudança no indivíduo. 
A inteligência desempenha uma função adaptativa, pois é através dela que o 
indivíduo coleta as informações do meio e as reorganiza, de forma a compreender 
melhor a realidade em que vive, nela agi, transformando. Para Piaget (1969, p.38), a 
inteligência é adaptação na sua forma mais elevada, isto é, o desenvolvimento 
mental, em sua organização progressiva, é uma forma de adaptação sempre mais 
precisa à realidade. É preciso ter sempre em mente que Piaget usa a palavra 
adaptação no sentido em que é usado pela Biologia, ou seja, uma modificação que 
ocorre no indivíduo em decorrência de sua interação com o meio. 
Portanto, é no processo de construção do conhecimento e na aquisição de 
saberes que devemos fazer com que o aluno da EJA seja motivado a desenvolver 
sua aprendizagem e ao mesmo tempo superar as dificuldades que sentem em 
assimilar o conhecimento adquirido. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Concluímos dizendo que a relação entre ensino e aprendizagem não é 
mecânica, não é uma simples transmissão do professor que ensina para o aluno que 
aprende. Ao contrário, é uma relação recíproca

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