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Do conhecimento quanto a origem

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DO CONHECIMENTO QUANTO À ORIGEM 
Prof.º Gustavo Faxina;
Mestre em Direito Processual e Cidadania; Pós Graduado em Direito; Advogado - Procurador Municipal.
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Do Conhecimento quanto à Origem
Qual a origem do conhecimento? 
Onde o homem vai buscar os elementos de seu conhecimento? 
Quais os elementos que contribuem a formá-lo e em que medida?
Destacam-se, três posições fundamentais, que implicam, sempre, várias soluções secundárias, ecléticas, ou de composição: o empirismo, o racionalismo e o criticismo.
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Estas três ordens de respostas marcam três tendências fundamentais do espírito humano.
Sempre houve e sempre haverá empiristas, como sempre houve e haverá racionalistas e críticos. 
A primeira corrente é a do empirismo.
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O EMPIRISMO OU EMPIRICISMO:
Empirismo — Em que consiste o empirismo, tomada esta palavra na sua acepção mais ampla? 
Designamos com o termo empirismo ou empiricismo todas aquelas correntes de pensamento que sustentam ser a origem única ou fundamental do conhecimento dada pela experiência, que alguns simplificam como sendo, em última análise, a experiência sensorial.
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O empirismo congrega inúmeros pensadores que assumem várias manifestações e atitudes, através dos tempos, como se depreende do exame, mesmo perfunctório, da matéria na Grécia, na Idade Média ou na Época Moderna, sendo notáveis as distinções e divergências que atualmente se revelam entre os adeptos do empirismo científico, nas tendências defendidas por Ludwig Wittegenstein (1877-1952), Hans Reichenbach (1891-1953), Rudolf Carnap etc.
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Quaisquer que sejam as tendências do empirismo, o que o distingue e caracteriza é a tese de que todo e qualquer conhecimento sintético haure sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de pesquisa dos dados do real, embora sua validade lógica possa transcender o plano dos fatos observados. 
Daí a clara determinação de Bertrand Russell: "empirismo pode ser definido como a asserção de que todo conhecimento sintético é baseado na experiência".
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Na obra intitulada Ensaios Sobre o Entendimento Humano,o grande filósofo inglês John Locke explica que são as sensações o ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. 
Todas as idéias são elaboração de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade.
Daí ter-se repetido, com vigor novo e sentido diferente, a afirmação de autores medievais, que, nas pegadas de Aristóteles, declaravam não existir nada no intelecto que não tenha antes passado pelos sentidos: Nihil est in intellectu quod prius non fuerit in sensu. 
Os conhecimentos seriam, pois, a posteriori, isto é, posteriores à experiência.
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Os empiristas insistem que a observação sensível é a primeira fonte e o último juiz do conhecimento, e que é enganar-se a si mesmo crer que o espírito humano seja capaz de ter acesso direto a qualquer espécie de verdades, exceto as resultantes de relações lógicas vazias de conteúdo".
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De acordo com Miguel Reale “para o empirista, todas as ciências obedecem a uma única estrutura. 
Ciências sociais e ciências naturais ajustam-se todas elas a uma mesma metodologia, porque todas devem procurar satisfazer a iguais condições de verificabilidade.
Haveria um único tipo de ciências, porque existe uma única fonte para a verdade e para o conhecimento: o que não se enquadrasse nas condições de verificabilidade experimental ou não fosse redutível a uma verdade evidente, não mereceria a dignidade científica.”
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RACIONALISMO:
O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições para extrair conclusões - se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável.
Essa era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo.
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O racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins.
O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada empiricamente - tal como a causa da origem do Universo.
Privilegia a razão em detrimento da experiência. do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento.
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Considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. René Descartes, Baruch Spinoza e Gottfried Wilhelm Leibniz introduzem o racionalismo na filosofia moderna. 
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, por sua vez, identifica o racional com o real, supondo a total inteligibilidade deste último.
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O racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados, segundo Kant, pelo conhecimento a priori, ou seja o conhecimento que não é inato nem decorre da experiência sensível mas é produzido somente pela razão.
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CRITICISMO
O criticismo, lato sensu, implica sempre um estudo metódico prévio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou, por outras palavras, uma disposição metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente, o problema do conhecimento em função da correlação "sujeito-objeto", indagando de todas as suas condições e pressupostos.
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O criticismo aceita e recusa certas afirmações das duas outras correntes, (empirismo e racionalismo) mas possui um valor próprio e autônomo, por ter revisto a colocação mesma dos problemas. 
Essa atitude não é, pois, eclética, porque resulta de uma análise dos pressupostos do conhecimento.
Focalizemos, antes, alguns aspectos do criticismo de Immanuel Kant (1724-1804).
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O que marca e distingue o criticismo kantista é a determinação a priori das condições lógicas das ciências. 
Declara, em primeiro lugar, que o conhecimento não pode prescindir da experiência, a qual fornece o material cognoscível, e nesse ponto coincide com o empirismo (não há conhecimento da realidade sem intuição sensível); 
Por outro lado, sustenta que o conhecimento de base empírica não pode prescindir de elementos racionais, tanto assim que só adquire validade universal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão; — "os conceitos, diz Kant, sem as intuições (sensíveis), são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas".
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Essa frase é muito expressiva, ao frisar que os dados empíricos, que se obtêm através das sensações, seriam cegos ou desprovidos de significado, se desligados dos conceitos próprios do entendimento ou intelecto; e que os conceitos, por sua vez, seriam vazios, se não recebessem o conteúdo dos elementos empíricos. 
Há, pois, uma funcionalidade essencial entre aquilo que Kant considera a priori e os elementos da experiência: somente se pode afirmar algo a priori, isto é com validez em si, no ato mesmo de pensar, se essa asserção é feita em função da experiência, e só é possível experiência condicionada a conceitos admitidos a priori.
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Conhecer é unir um elemento material de ordem empírica e intuitiva aos elementos formais de ordem intelectual, elementos estes que são a priori em relação aos dados sensíveis, cuja ordenação possibilitam.
Segundo Kant, o espírito humano já possui certas formas condicionantes da apreensão sensível. 
O conhecimento está sempre bitolado pela medida humana. 
Não podemos conhecer como Deus, "em absoluto", com a convicção de termos atingido as coisas nas suas essências últimas, porquanto todo e qualquer conhecimento é uma adequação de algo ao sujeito cognoscente, ao que somos enquanto "sujeitos cognoscentes".

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