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Aula Penal Especial II Parte I

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TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho é tão importante que está no art. 1º da CF. A CF enfatiza o trabalho vinculando-o, inclusive, à dignidade humana. O trabalho é de livre iniciativa e de livre execução. 
1. ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
Tipo objetivo
Núcleo: constranger. É comissivo porque necessariamente exige uma ação 
Alguém: objeto material�.
Constrangimento ilegal: temos no art. 146 o crime chamado de “constrangimento ilegal”. Nosso crime em análise é uma espécie do 146�. 
Violência: vis corporalis ou absoluta. É a violência real, é o uso da força física. Essa violência, para a caracterização desse crime, pode ser imediata, isto é, contra a própria pessoa do trabalhador, ou pode ser mediata, como, por exemplo, contra o filho do trabalhador. 
Ameaça: vis compulsiva. É a violência moral. O tipo penal também trata da grave ameaça. Essa ameaça necessariamente tem que ser grave, e assim como a violência, pode ser direta ou indireta, pois o que interessa é que o trabalhador, por conta da ameaça, ceda ao que eu estou querendo. Além de ser grave, essa ameaça tem que ser verossímil, isto é, capaz de ser realizada. O mal prometido tem que ser um mal imediato e determinado: eu vou fazer “x”.
Destaques:
- Se eu utilizasse álcool, narcótico ou hipnose, o crime do art. 197 estaria configurado? Não. Seria o caso de constrangimento ilegal do art. 146. 
- É alguém que usa de violência contra coisa? 
Jorge Severiano e Bittencourt dizem que NÃO, pois o caput diz constranger “alguém”. 
A posição minoritária diz que SIM, porque no momento em que eu, por exemplo, quebrei a moto da empregada pra ela ficar na minha casa, a minha ação configurou uma grave ameaça. Em outras palavras, a violência à coisa representa uma grave ameaça à pessoa. 
- Havendo também um dano responde por este em concurso de crimes. Esse concurso é material, porque foram duas ações e dois resultados. Pela regra do concurso material, somam-se as penas. 
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência;
“a exercer ou não exercer arte”
O núcleo do tipo é exercer, o que nos remete a habitualidade. Se remete apenas a atividades exercidas por particulares, excluindo assim quanto à funcionários públicos. A esses últimos existem regras específicas. As atividades as quais o trabalhador é obrigado devem ser lícitas. Para Régis Prado os tipos de atividades especificadas no inciso constituem profissões, logo são redundantes.
“ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias”
Quando o legislador coloca certo período ou em determinados dias ele está colocando um “elemento normativo” no tipo penal. Elemento normativo são palavras ou expressões que exigem de nós uma interpretação ou um juízo de valor. Existem interpretações de que esses elementos normativos desse tipo penal consistem em trabalhar no período de férias ou de descanso ou de feriado. Então percebe-se que não é pacífico o entendimento quanto a isso. Poderia ser 15 dias, 10, 5 etc. Não se sabe.
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
“a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho”
Quando o legislador cita “estabelecimento de trabalho” também está colocando um elemento normativo, pois esse estabelecimento pode ser tanto um espaço físico imóvel como uma barraca de camelô. Então é necessário interpretação. Ney Moura Teles diz o seguinte: “na descrição típica do inciso II, a conduta martiriza a liberdade de exercer atividade econômica em estabelecimento onde se exerce qualquer trabalho lícito”. 
“participar de parede ou paralisação de atividade econômica”
A 2ª parte do inciso foi revogada pela lei 7783/89 (lei de greve), segundo a maioria dos doutrinadores.
Elementos subjetivos 
Doloso: necessita da vontade. Consiste no “constranger”. Vontade livre e consciente de constranger alguém. 
Elemento subjetivo especial do tipo/injusto/fim especial de agir: abrir ou fechar o estabelecimento de trabalho; exercer ou não exercer arte,... . 
OBS: se não colocar o elemento subjetivo especial configurará em outros tipos penais. Ou seja, é uma conduta que contém atipicidade relativa, ou seja, se não ocorrer o elemento subjetivo especial ela não se torna atípica, mas sim passa a se encaixar em outro tipo penal.
Consumação
É um crime material, logo se consuma no momento em que o trabalhador executa ou não seu oficio de forma obrigada. Cabe tentativa, se houver só violência (crime plurisubsistente – necessita de inter criminis). É um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar. Bitt admite que a pessoa jurídica, no inciso II, também funciona como sujeito passivo, mas os demais discordam, pois ela não poderia uma vez que o caput diz “constranger alguém”. 
Se eu cometer contra criança ou adolescente essa conduta também está contemplada no ECA. Assim sendo, eu respondo em concurso formal com o art. 232� do ECA. Então eu respondo pelo CP e o ECA.
Bem Jurídico: 
Alguns doutrinadores dizem que é a liberdade de trabalho, mas não é pacífico. Outros dizem que o que é protegido é a organização do trabalho (capítulo IV, título III do CP). Essa posição parece ser a mais correta, uma vez que o CP aloca os tipos penais em capítulos estabelecidos pelo bem jurídico atingido. Se fosse a liberdade estaria nos crimes contra a liberdade individual e não nos crimes contra a organização do trabalho.
Pena: detenção por constranger e mais uma pena referente à violência empregada. Então ocorre um concurso material.
Competência 
Art. 109, VI da CF. Competência da Justiça Federal para julgar tais crimes. Embora a CF preveja isso, o STF pacificou que será competência da Justiça Federal se a conduta ferir interesses coletivos ou individuais desde que praticado nas relações de trabalho. Se a conduta criminosa atingir 1 trabalhador ou um grupo pequeno de trabalhadores tão somente na sua esfera individual, a competência é a Justiça Estadual.
2. PARALISAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTURBAÇÃO DA ORDEM
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
Greve pacífica direito é constitucional: art. 9º CF e Lei de Greve (7783/93): a greve só é direito quando é pacífica. A partir do momento em que se praticam atos violentos, torna-se uma greve ilícita. Daí aquilo que era para ser direito constitucional passa a ser um crime. 
O próprio art. 6º da Lei de Greve enfatiza isso, isto é, é assegurado o direito de greve desde que sejam utilizados meios pacíficos de persuasão. 
Mas fiquem atentos: nem toda greve ilegal é crime. O fato de uma greve ser considerada ilegal e você continuar nela não caracteriza como crime, porque para que se configure esse crime é necessário violência contra a pessoa ou contra a coisa. 
Elementos objetivos
Núcleo: Participar: comissivo. Pluralidade de pessoas. Necessariamente nesta suspensão ou abandono coletivo de trabalho tem que ter mais de duas pessoas, por conta do verbo participar que indica “pluralidade de pessoas”.
Suspensão: Lockout: greve patronal. É aquela greve por parte dos empregadores. 
Abandono coletivo: Greve ou parede (empregados). 
Pressupostos: O pressuposto para a existência do crime é: 
- Agente participe do movimento: o agente tem que estar participando do movimento 
- Empregue violência real: vejam que o tipo penal aqui não falou de graveameaça. Esse crime requer necessariamente que a violência seja física. 
Coisa ou pessoa (objeto material): O objeto material que é a coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa pode ser tanto uma pessoa como uma coisa. 
- Coisa: quebrando os objetos da empresa;
- Pessoa: qualquer um ainda que estranhas. A vítima não necessariamente precisa ser uma grevista. 
Durante o movimento: essa violência tem que ser durante o movimento. 
Destaques:
- Violência para coagir colega aderir: não. Seria 197 ou lei de greve. Então embora a priori a gente pudesse pensar que a conduta seria o tipo penal 200, não é o caso porque existem tipos penais mais específicos. 
- Aqueles que estão no movimento e não usam violência: atípica. Exceto se houver vínculo psicológico. Como assim? Só Dennis agrediu o cara, mas Mayana estava instigando. Assim, ambos responderiam pelo crime embora só Dennis tivesse agredido, porque houve um liame subjetivo, elemento do concurso de pessoas. Mayana não seria co-autora porque não praticou o núcleo do tipo, mas de alguma forma concorre para a prática do crime responde por ele na medida da sua culpabilidade. Repetindo: se uma só pessoa usou de violência, só ela responde pelo crime. Contudo, se os demais grevistas tiveram alguma participação também responderão pelo crime.
- Violência é elementar do tipo�: comunica. Art. 30�. 
Classificação
- Plurissubjetivo�: Regis e Bitencourt. Porque? Porque embora só Dennis tenha cometido este crime, para que exista esse crime é necessário que ele esteja associado ao menos com duas pessoas (PU).
- Monossubjetivo�: Greco e Nucci. Se uma única pessoa pode cometer esse crime, então ele não é pluri, mas mono. Nas palavras de Greco, uma vez que, embora participando de uma atividade lícita, que é a greve, pode um único agente cometer a infração penal, praticando violência contra pessoa ou contra coisa. 
- Pseudoplurissubjetivo: Paulo José. Na verdade esse crime é um pseudo (falso) plurissubjetivo. Isso porque embora ele precise estar associado com duas pessoas, uma pessoa sozinha pode cometer o crime. 
É uma forma anômala de concurso necessário. 
Destaques: 
- O PU refere-se apenas à greve ou também serve para o “lockout?”. Há divergências. 
Uma corrente entende que o número de 3 só é para greve, e não lockout. Se o Mateus quiser sozinho fazer uma suspensão de trabalho e o dono quiser sozinho bater em alguém, ele vai responder por esse crime, O PU só estaria ai para esclarecer melhor sobre a greve, e não o lockout. 
A segunda corrente diz que, embora o PU tenha falado só da greve, temos que fazer uma interpretação integrativa do parágrafo com o caput. “Participar” requer mais de duas pessoas. Se ninguém participa sozinho, ou seja, requer que seja mais de um, então não é só uma empresa. Contudo, esse “participar” não é necessário que sejam 3 empresas. Pode ser uma só empresa, mas na empresa tem que ter 3 pessoas. 
Em outras palavras: Lockout: Concurso necessário? Bittencourt e Hungria dizem que não, porque a existência de 3 é só para greve. Noronha, Fragoso, Regis Prado, dentre outros dizem que sim, por conta do verbo “participar”, que exige pluralidade. Acrescenta, então, Fragoso, que não é uma pluralidade de empresas, isto é, pode ser só uma empresa, desde que haja pluralidade de pessoas. 
Elemento subjetivo
Dolo genérico: não há um fim especial de agir. Não admite forma culposa
Consumação
Crime material�: Só vai se consumar quando efetivamente houver violência contra a coisa ou pessoa. 
Tentativa: plurissubsistente
Sujeitos
Ativo: empregado ou empregador (comum). 
Obs.: Greco diz que é um crime próprio quanto ao sujeito ativo, uma vez que só pode ser o empregado ou o empregador. Mas é comum quanto ao sujeito passivo
- Só pessoa física
- Jurídica não é sujeito ativo deste crime
Passivo: pessoa (física ou jurídica) que sofreu violência. 
Obs.: Greco diz que a coletividade funciona como sujeito passivo secundário 
Objeto jurídico 
A maioria dos doutrinadores diz que estamos protegendo a liberdade de trabalhar. 
Mas Greco e Bittencourt dizem que a greve ou lockout não configuram o direito de trabalhar, mas sim o direito de não trabalhar. Para eles o bem jurídico é a correção e a moralidade que devem orientar as relações de trabalho. 
“O bem juridicamente protegido, ao contrário do que tem sustentado a imensa maioria da doutrina, não é a liberdade de trabalho. Greve e lockout não são exercício do direito de trabalhar, mas sua negação, ou seja, é seu não exercício; greve é o não trabalho. O bem jurídico tutelado é a regularidade e moralidade das relações trabalhistas” – Diz Bittencourt. 
Concurso de crimes
Pena: concurso material. Violência + 200. 
Classificação: 
Comum, doloso, comissivo, material, plurissubsistente, plurissubjetivo (divergências), não transeunte. 
3. ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro.  
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.  
Elementos objetivos
Núcleo do tipo: recrutar, convencer, atrair. 
Trabalhadores: expressão ampla. É um elemento normativo e requer uma interpretação. 
O CLT define empregado: “pessoas que prestam serviços de natureza não eventual a empregador, mediante salário”. Entretanto, para efeito deste crime, esse conceito não serve. 
Para efeitos deste crime, o termo é mais amplo: autônomos, estagiários ainda que se sem remuneração etc. Não é necessário que haja vínculo empregatício. Basta que a pessoa seja recrutada para qualquer tipo de trabalho, ainda que sem remuneração. 
Mas a partir de quantos trabalhadores haverá esse crime? Para alguns doutrinadores, a partir de 2, porque já é plural. Em contrapartida, outros não concordam e dizem que tem que ser no mínimo 3. Para estes, quando o legislador se contentou com duas pessoas ele o fez de forma expressa, a exemplo dos arts. 150, §1º; 155; 157, §2º, II; 158 etc. Por esse motivo tem que ser 3, porque se fosse 2 o legislador teria colocado expressamente. 
Fraude: é elementar normativa. 
Trata-se de promessas de condições inexistentes de trabalho. É prometer algo que nunca irá se cumprir. 
E a prostituição? Conflito aparente de normas. Alguns doutrinadores dizem que não é o caso do 206, por conta do art. 231, que é mais específico. Assim, embora continue sendo fraude, o 231 é mais específico. Bitencourt discorda disso, mas não enfrenta esse problema. 
Elemento subjetivo
Dolo: recrutar com fraude. Vontade livre e consciente de querer recrutar trabalhadores com fraude. 
Elemento subjetivo especial do tipo: fim de emigração. É um fim especial de agir. Toda vez que um crime requer um elemento especial, você só vai cometer o crime se agir imbuído desse fim especial de agir. Se não houver esse fim especial de agir, o crime será outro: art. 207�. Assim, a depender do fim especial de agir, o crime será um ou outro. É atipicidade relativa. 
Consumação e tentativa
Consumação: Trata-se de crime formal: se consuma com o recrutamento com fraude, independentemente da saída. 
Tentativa: plurissubsistente (a depender da forma como é feita o recrutamento). 
Sujeitos
Ativo: crime comum
Passivo: Estado, para a maioria doutrina. Mas Bitencourt diz que, embora o Estado tenha interesse na organização do trabalho, toda vez que existir uma pessoa determinada sendo vítima deste crime, é ela que é vítima. Para o autor, a pessoa determinada seria a vítima imediata, e o Estado a vítima mediata. 
Objeto jurídico
Permanência do trabalhador no solo brasileiro. Protege-se o interesse público da não emigração. Protege-se as relações honestas no trabalho. Pode prejudicar a produção, o comércio e até a ordem econômica. 
TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
1. ULTRAJE A CULTO E IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO DE ATO A ELE RELATIVO.
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ouperturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Trata-se de um “tipo misto” (composto de várias condutas). Os tipos mistos podem ser alternativos� ou cumulativos�. Este crime trata-se de um tipo misto cumulativo, no qual o agente pode ser responsabilizado em concurso de crimes, na hipótese de praticar mais de um comportamento previsto pelo tipo penal em estudo. Assim, o agente poderá, por exemplo, escarnecer de alguém publicamente, bem como vilipendiar objeto de culto religioso, devendo, pois, responder por duas infrações penais. 
Elementos objetivos 
- 1º Conduta – “Escarnecer de alguém publicamente”
Escarnecer: é zombar, menosprezar. 
Pessoa determinada: esse crime requer “aquela” pessoa. A freira, O pastor, O crente. Também poderia ser um grupo, desde que pudesse ser um grupo determinado. 
Publicamente: condição elementar normativa
Mas será que esse publicamente tem que ser local e numero de pessoas, ou pode ser num lugar público com apenas uma pessoa assistindo meu escárnio? O publicamente requer que seja um local público, e que esse escárnio seja assistido por um número razoável de pessoas. 
Por motivo de crença ou função religiosa: necessariamente tem que ser por motivo de crença ou função religiosa. 
Obs.: esse crime não requer que seja cara a cara. 
Obs.: é um crime de ação livre, isto é, pode ser cometido de diversas maneiras. 
- 2ª Conduta – “impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso”
Impedir ou perturbar: tem que ser uma perturbação considerável. 
Obs.: também é de ação livre
Obs.: macumba não é religião. 
- 3ª Conduta – “vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”:
Vilipendiar: tem o mesmo sentido de escarnecer, mas aqui é um objeto. 
Alguns autores dizem que se esse objeto, como um santo, estiver numa loja de venda, e lá for escarnecido, não configura crime, porque não desperta o mesmo sentimento religioso. Mas para outros autores, o objeto não tem que estar necessariamente dentro de uma igreja. 
Elemento subjetivo
- 1ª Conduta
Dolo (escarnecer) + Elemento subjetivo especial ou fim especial de agir (por motivo de crença ou função religiosa). 
- 2ª Conduta
Dolo (impedir ou perturbar) 
E o elemento subjetivo especial? Há divergências. 
Para a primeira corrente não há elemento subjetivo especial, porque se o legislador assim o quisesse teria feito como fez na primeira conduta. Assim, basta impedir ou perturbar, independentemente do motivo. Em outras palavras, não há fim especial de agir porque o legislador não exigiu. 
Por outro lado, há uma corrente que diz que esse crime há sim um fim especial de agir, com a seguinte argumentação: nem todo elemento subjetivo especial vem explícito no tipo penal. Essa corrente diz que se trata de um crime contra o sentimento religioso, então essa conduta tem que ser praticada com o objetivo de ferir o sentimento religioso, embora não esteja explícita. Assim, o cara que colocou o som alto pra se livrar do barulho da igreja não cometeu esse crime. 
- 3ª Conduta
Mesmas considerações da segunda conduta.
Sujeitos
Ativo – qualquer pessoa
Passivo – divergências
Para a primeira corrente, é a coletividade que é o sujeito passivo principal. Mas se daquela conduta alguém se sentir diretamente ofendido, vai ser sujeito passivo secundário ou indireto. 
Para a segunda corrente, na primeira conduta, que diz escarnecer de “alguém”, esse “alguém” é o sujeito passivo principal, e a coletividade secundariamente. Nas segunda e terceira condutas é a coletividade. 
Consumação
1ª conduta: no momento em que escarneceia
2ª conduta: no momento em que impede ou perturba
3º conduta: no momento em que ele vilipendia 
Tentativa
Depende da forma como o crime foi cometido. 
Obs.: oral? 90% dos autores afirmam que crimes orais não admitem tentativa, porque não tem inter criminis, isto é, não tem início de ato executório, e não há como o DP interferir antes disso. Quando eu inicio uma fala, já consumei. Entretanto, uma pequena parcela diz que depende do crime a ser cometido na forma oral. Ex.: consigo injuriar alguém com uma única palavra? Sim. Se for um crime oral que eu cometa com uma única palavra, não admite tentativa. Mas se for um crime como esse em análise, por exemplo, vai exigir que sejam proferidas várias palavras. Assim, para uma parte da doutrina, esse crime admite tentativa. 
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
Esse PU fere o bis in idem 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
1. DESTRUIÇÃO, SUBTRAÇÃO OU OCULTAÇÃO DE CADÁVER
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Trata-se de um crime misto alternativo, em que o agente responderá por uma única infração penal se vier a praticar mais de um comportamento típico, a exemplo daquele que, depois de subtrair o cadáver, vier a destruí-lo. 
Destruir: É aniquilar, fazer perder a forma original, suprimir etc. Ex.: dar para os cachorros. 
Ocultar: alguns doutrinadores dizem que a diferença de ocultar para subtrair é que quando você retira o cadáver de um lugar para o outro antes do sepultamento, você está ocultando o cadáver. 
Subtrair: seria depois do sepultamento. 
Obs.: há divergências: Damásio de Jesus diz que a diferença é que na ocultação você retira o cadáver de um lugar para o outro sem que o cadáver estivesse na vigilância de alguém. Mas se você retira o cadáver que estava sob a vigilância de alguém, seria subtrair o cadáver. 
Obs.: não confundir com remoção. Remover é tirar de um lugar para o outro e depois avisar que tirou. Ex.: estou dirigindo e atropelei alguém (claro). Para não chamar a atenção de ninguém, jogo esse cadáver dentro do mato e vou em frente (já fiz isso mesmo). Neste caso eu ocultei o cadáver, pois tirei de um lugar para o outro esse cadáver estava sem vigilância (ou não tinha sido sepultado, a depender da corrente). Mas se, por outro lado, eu retirei o cara da estrada, joguei no mato, mas dei condições pra ele ser localizado e sepultado, não há que se falar desse crime. Resumindo: tirei o cadáver de um lugar pro outro e avisei, não á que se falar desse crime. 
Objeto material: O objeto material desse crime é cadáver. Mas o que é cadáver? Temos um conceito de cadáver elaborado por um alemão chamado Von Liszt que diz que cadáver é aquela pessoa que ainda apresenta uma aparência humana. Assim sendo, uma pessoa que é encontra morta em elevado estado de putrefação, se eu destruir, subtrair ou ocultar, não terei praticado esse crime. 
Obs.: E a múmia? A múmia, por sua vez, não é cadáver, porque não desperta em nós o sentimento pelo morto. 
Obs.: E o feto? Posso considerar o feto um cadáver? E o natimorto? Há divergências. 
Para uma corrente, nem feto nem natimorto são cadáveres, porque cadáver exige vida extrauterina. Nelson Hungria é um dos partidários dessa corrente.
Para outra corrente, feto não é considerado cadáver, porque não tem aparência de humano e não desperta em nós o sentimento de respeito aos mortos. O natimorto, por sua vez, sim, e, portanto, pode ser considerado cadáver. 
Para uma terceira corrente, o feto depois de seis meses e o natimorto são considerados cadáveres. 
Elemento subjetivo
Dolo.
Elemento subjetivo especial? Não. Com uma exceção:
Temos a lei 9434/97 alterada pela lei 10211/01, que regula o transplante de órgãos humanos. Em seu bojo, essa lei prevê vários crimes que são relacionados ao transplante. Dentre esses crimes temos o art. 14 que prevê o seguinte crime: haverá crime quando houver remoção de órgãos, tecidos ou parte do corpo de uma pessoa ou cadáver em desacordo com a lei. 
Assim, se uma pessoa subtrair um cadáver para retirar um órgão dele, este será o fim de agir. Entretanto, aplicar-se-á o crime do art. 14, pois mais especial. 
Consumação
No momento da destruição, subtração ou ocultação. 
TentativaAdmite tentativa em todas as suas formas.
Concurso de crimes
Violar para subtrair os bens materiais do cadáver? 
Uma parcela diz que há consunção: o fim absorve o meio. 
Outra parte diz que há concurso e que o cara vai responder por dois crimes, porque toda vez que aquela conduta afetar dois bens jurídicos diferentes, não há que se falar de consunção. 
Outros crimes contra o respeito aos mortos: 
	
	Elemento objetivo
	Elemento subjetivo
	Sujeitos
	Consumação
	Tentativa
	Bem jurídico
	209
	♥ Impedir e perturbar: núcleos do tipo. Trata-se de um tipo misto alternativo.
♥Objeto material: cerimônia e enterro. Elementar normativa
	♥ Dolo: vontade livre e consciente de querer impedir ou querer perturbar.
Há elemento subjetivo especial? Há divergências.
Para a primeira corrente, existe o fim especial de agir, que seria implícito, que é ferir o sentimento de respeito aos mortos.
Por outro lado, existem aqueles que dizem que se tivesse fim especial de agir, viria expresso.
	♥ Ativo: qualquer pessoa.
♥ Passivo: coletividade e família.
	♥ Crime material, que se consuma no momento em que impede ou no momento em que perturba.
	♥ Possível, a depender da forma a ser praticado.
	♥ Sentimento de respeito aos mortos.
	210
	♥ Núcleos do tipo: violar ou profanar. Misto alternativo
♥ Objeto material: Sepultura ou urna.
	♥ Dolo: vontade livre e consciente de querer praticar o núcleo do tipo.
Fim especial de agir? Na primeira conduta não há, pois independentemente do motivo, o crime estará consumado. Já na segunda conduta, há um fim especial de agir, qual seja, ferir o sentimento de respeito.
	Idem
	♥ Crime material
	♥ Plurissubsistente.
	
	212
	♥ Núcleo: vilipendiar
♥ Objeto material: cadáveres e cinza.
	Dolo
Fim especial? A mesma divergência de sempre.
	
	É formal ou material?
	
	
TÍTULO VI 
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
1. ESTUPRO
Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:  
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
Ação nuclear – constranger: forçar, obrigar. 
Comissivo ou omissivo impróprio
Relação sexual: espécie de constrangimento ilegal. Este crime é espécie do gênero constrangimento ilegal.
Condição elementar: violência ou grave ameaça. 
Essa violência é a violência material ou a vis corporalis, ou seja, aquela que usa a força física. Essa violência é real, e pode ser imediata ou mediata. 
A grave ameaça, também chamada de vis compulsiva, é aquela ameaça que age no psíquico da pessoa. Ela tem que ser grave, tão grave que o dano é maior do que a conjunção carnal. Esse mal pode ser direto ou indireto. Tem que ser verossímil. Só que a gravidade tem que ser vista sob o ponto de vista da vítima. O mal prometido pode não ser um injusto penal, como, por exemplo, contar ao marido.
Dissenso 
Em grande parte dos crimes dos estupros é necessário que a gente observe o “dissenso”, isto é, uma oposição veemente da vítima. 
Mas existem estupros em que esse dissenso não vai acontecer, mas ainda é estupro, como no caso da vítima, por exemplo, desmaiar. 
Objeto material
Alguem
Conjunção carnal
Cópula vagínica: a conjunção normal. 
Pode ser completa ou incompleta
Ejaculação ou nao
Obs.: não há conjunção carnal entre pessoas do mesmo sexo, porque isso requer sexos opostos. 
Ato libidinoso
É qualquer ato lascivo cuja finalidade é a satisfação do prazer sexual. Isso é muito polemico e muito amplo. Qualquer conduta ligada ao prazer sexual que você obrigue alguém a fazer mediante violência ou grave ameaça pode ser considerado ato libidinoso. 
Ex.: sexo oral, anal, introdução de objeto nas partes íntimas, apalpadelas no seio ou nádegas (ainda que a vítima esteja vestida), contato órgãos sexuais e até o beijo lascivo. 
Contudo, Bittencourt e Greco entendem que o beijo lascivo, a palpadela nas nádegas e nos seios: “não resta dúvida que essas condutas sempre se integraram no conceito de ato libidinosos, mas por conta da lei dos crimes hediondos, que considera estupro crime hediondo, e em consequência da alta pena do crime de estupro, não deverão assim ser considerados”. Então para esses autores não se pode, na prática, ser considerado crime de estupro porque falta danosidade proporcional à conduta. Feriria o princípio da proporcionalidade. Essa conduta poderia ser tipificada na contavenção penal de importunação ofensiva ao pudor.
Damásio discorda disso, e ele diz que esses atos configuram sim o crime de estupro. Se ele foi conseguido mediante violência, essa danosidade justifica a pena de 6 anos. Contudo se o cara pega no seio da mulher apenas para irritar a vítima, não há esse crime, pois é necessário o fim de satisfação da lascívia.
No beijo puro, casto ou roubado: não há que se falar desse crime. 
Aqui é necessário a vontade do agente de satisfazer a sua lascívia. 
Estupro sem contato físico? Há divergências 
Greco diz que sim, como obrigar a vítima a se masturbar. 
O STJ já se manifestou no sentido de que não se trata de estupro. Para o STJ é necessário o contato físico entre autor e vítima. 
Único ou misto? 
De ação única: tem um único verbo. Misto ou de ação múltipla: mais de um verbo. Podem ser alternativos� ou cumulativos�. 
Como o crime de estupro pode ocorrer de duas formas (conjunção carnal e ato libidinoso), surge a pergunta: é um tipo misto de ação múltipla/conteúdo variado ou é um crime de ação única? 
A primeira corrente diz que é um crime de ação única, com a seguinte fundamentação: porque o verbo é um só: constranger. O núcleo do tipo é o verbo constranger. Você constrange a pessoa a fazer ou não fazer alguma coisa, mas núcleo só tem um e, assim, não pode ser considerado de ação múltipla. 
A outra corrente classifica como crime de ação misto, e inclusive cumulativo. Isso porque o legislador fez questão de separar conjunção carnal de outro ato libidinoso. O legislador buscou reforçar a proteção do bem jurídico, e não enfraquecer. Assim, deve ser punido como se fossem dois crimes. Se o legislador não pretendesse isso, ele não teria feito essa distinção. Há pluralidade de dolo. O princípio da proporcionalidade diz que se o bem jurídico foi punido duas vezes, a pena deve ser maior. Detalhe: se esse ato libidinoso constitui uma “preliminar”, ele será absorvido pela conjunção carnal (o que não é o caso do sexo anal, por exemplo, pois fere a dignidade da vítima duas vezes – é cumulativo).
Mas temos uma terceira posição, que na verdade é um complemento à segunda posição: Vicente Greco concorda que o tipo é misto, mas diz que pode ser misto alternativo ou cumulativo, a depender da circunstancia. Seria um tipo misto alternativo se o ato libidinoso estiver dentro do desdobramento ou se for ato preparatório para a conjunção carnal. Contudo, se o ato libidinoso for separado da conjunção carnal, vai ser cumulativo. 
O STJ (6ª turma) em 2010 se posicionou no sentido de que o estupro é tipo misto alternativo. Mas o STJ (5ª) turma, também em 2010, se posicionou de forma diferente, dizendo que é misto cumulativo. 
Sujeito ativo
Crime comum
Sujeito passivo
Crime comum – inclusive prostitutas 
E as esposas?
Isso seria exercício regular do direito? Embora seja um dever, não podemos ferir a liberdade individual e a dignidade da pessoa humana. 
Isso é motivo para separação judicial – CC 
É crime e, inclusive, causa de aumento de pena. 
Alem disso, a Lei Maria da Penha contempla essa violência sexual. Então se o estupro for praticado por marido ou companheiro em ambiente domestico, a lei aplicada será a MP, e não o CP, por ser mais especial. 
Concurso de pessoas
Totalmente possível. 
Detalhe: se um estupra e instiga os outros a fazerem o mesmo, ele vai responder como autor do seu crime (estupro) e pelo fato de ter instigado outros, vai responder como partícipe de cada um que ele instigou.
Elemento subjetivo
Somente admitedolo direto. 
Fim especial de agir?
A maioria da doutrina diz que não tem elemento subjetivo especial.
Mas Bitencourt diz que tem sim esse fim especial de agir, que seria constranger alguém mediante violência ou grave ameaça para a conjunção carnal e ato libidinoso. 
Consumação
Trata-se de um crime material, então se cosuma no momento da conjunção carnal ou do ato libidinoso, e NÃO no momento do constrangimento.
Tentativa
O estupro é plurissubsistente, então admite tentativa. O difícil é saber quando é tentativa ou quando aquela conduta já é consumação.
Para Hungria, mesmo não havendo contato sexual pode haver tentativa se presente o animus. Ex.: o cara sai de casa com a intenção de estuprar a vítima x; mas ao entrar na casa vitima, ela acorda, grita e autor foge. 
Outros exemplos de tentativa: o autor chegou a empregar a violência ou agrave a ameaça, mas não conseguiu ter nenhum contato sexual. 
Já outros autores dizem que no caso do exemplo acima, em que houve grave ameaça e violência, o autor vai responder é por constrangimento ilegal, porque é necessário que tenha, ao menos, algum contato físico. 
E havendo desistência voluntária?
O autor já usou de violência e ate mesmo grave ameaça, não houve contato sexual e ele mesmo resolveu parar: se você desiste, responde pelos atos até então praticados, que são elementos do constrangimento ilegal. 
E havendo contato físico? 
Greco: se o fim específico for conjunção carnal é tentativa, em não crime consumado. Vejam: o elemento subjetivo é essencial (dolo), e se ele não estiver presente não há crime. Ex.: o cara saiu de casa deixando claro que queria ter uma conjunção carnal com a vítima, ou seja, o dolo dele era conjunção carnal. Assim, embora tenha havido ato libidinoso na tentativa de ter conjunção carnal, seria tentativa. Mas se não houvesse esse dolo de conjunção carnal, poderia ser crime consumado. 
E se o cara teve uma ejaculação precoce? 
Tentativa, e não consumado, porque o dolo dele era de conjunção carnal. Ele só não conseguiu por circunstancias alheias à sua vontade.
ESTUPRO QUALIFICADO
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:  
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.  
Lesão corporal: Essa lesão corporal não pode ser dolosa. Necessariamente, para que configure o estupro qualificado por este resultado, a lesão corporal deve ser preterdolosa. Caso a lesão corporal seja dolosa, será um concurso de crimes: lesão corporal grave e estupro. 
A idade: O autor tem que ter ciência da idade, porque isso faz parte do dolo. Com isso estamos evitando a responsabilidade penal objetiva. O engano da idade configura erro de tipo. 
§ 2o  Se da conduta resulta morte:  
Mesmas observações feitas para a lesão corporal. 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Art. 226. A pena é aumentada:
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;  
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; 
Art. 234-A.  Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:  
         I – (vetado);  
II – (vetado);  
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e 
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.  
Obs.: deveria saber da doença?
Se sabia, é indicativo de dolo. 
Se não sabia:
A maioria da doutrina diz que se trata de dolo eventual. 
Para a minoria, é culpa. 
Destaques: 
Concurso de Crimes: Sequestro ou Cárcere Privado + Estupro. 
A lei 11.106/05 prevê a privação da liberdade com fim libidinoso, que acrescentou um fim especial de agir ao crime de sequestro ou cárcere privado, qualificando-o.
Há a possibilidade do concurso desse crime com o crime de estupro? 
Depende do contexto fático
Se o autor conduz a vítima pra um lugar ermo a fim de submetê-la à conjunção carnal e logo após a libera, aquele sequestro só durou o tempo necessário para o estupro, e, então: não há concurso de crimes. O sequestro faz parte do iter criminis: fez parte do estupro, e será por este absorvido. 
Por outro lado se o sequestro e o estupro forem realizados em contextos diversos, em momentos bem destacados, haverá concurso de crimes: ex o autor sequestra com fim libidinoso, levou para a casa dele e manteve a garota sequestrada. Nesse caso a privação de liberdade não foi apenas um meio, e não temos como falar de crime único. Assim, ele responderá pelo sequestro na forma qualificada e estupro. As ações foram autônomas, e uma não pode ser absorvida pela outra.
2. VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:  
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Elementos objetivos
Fraude: elementar normativa. 
É chamado estelionato sexual: o agente engana a vítima para ter uma conjunção carnal. Nesse crime o consentimento da vítima está viciado: se soubesse não cederia. 
Essa fraude pode ser tanto quanto à identidade do agente (ex.: irmão gêmeo) como a legitimidade do ato sexual (ex.: simulação de casamento).
A vítima necessariamente terá que ser fraudada: levada ao erro ou mantida nele. Como seria isso? O agente pode tanto provocar o erro quanto se aproveitar do erro da vítima. 
Entretanto, há entendimento contrário: se a vitima for apenas mantida no erro, a conduta será atípica, porque o autor que tem que dar causa.
Obs.: não confundir esse crime com “sedução”: promessa de casamento
Obs.: o emprego da violência afasta a fraude
Obs.: toques médicos desnecessários – pode ser este. 
Outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade: ex.: bebida alcoólica. 
E o estupro de vulnerável? Vulnerável são aqueles que têm entre 14 e 18 anos e que não tem capacidade de reação. 
Alguns autores dizem que se você da o remédio ou a bebida para vítima – você a tornou vulnerável – é este crime. Mas se você se aproveita da vulnerabilidade dela que não foi provocada por você, é estupro de vulnerável. Claro que esse entendimento não é pacífico. 
Elemento subjetivo
Dolo. 
Fim especial de agir? Há divergências 
A maioria da doutrina diz que tem sim um fim de agir, porque o dolo é querer fraudar, e o fim especial de agir seria usar de fraude para ter conjunção carnal ou outro ato libidinoso.
Para outros autores, não há fim especial de agir. Para Bitencourt – o chato – não existe fim especial de agir, isso porque já estão integrados do próprio tipo penal. 
Consumação
Crime material: ato sexual.
Tentativa
Crime plurissubsistente. 
Ex.: alguém se faz passar por ginecologista chegando a tirar a roupa da vítima tendo a conduta final interrompida. 
FORMA QUALIFICADA
Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.  
Destaques:
Mulher que percebe o erro: Se percebe e continua, é atípico. Mas se ela percebe, reage, e o autor continua, se ele usar de violência ou ameaça, caracterizar-se-á o estupro. 
Prostituta realiza sexo mediante paga: se o autor não faz o pagamento, responde por este crime. 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
1. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:  
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
Núcleo do tipo
Ação nuclear: “ter”. 
Esse novo artigo, apesar de similar ao antecessor – que era bastante criticado-, não presume violência. 
As criticas eram tantas ao antecessor que foram parar no STF, onde se discutia se essa presunção seria relativizada ou não. O min. marco Aurélio adotou que ela era relativa; e Carmen Lúcia entendia que era absoluta.
Para Greco, acabou qualquer discussãoacerca da natureza da relação sexual (experiência sexual da vida). Não há nada mais objetivo do que a idade. A vulnerabilidade é absoluta, e não se discute nada.
Nucci discorda: agora se discutirá se a “presunção de violência” é relativa ou absoluta, mas se a “vulnerabilidade” é uma ou coisa. Para nucci continua a mesma coisa: se agarota já tem uma certa experiência sexual, ela não é vulnerável para efeito deste artigo. Para Nucci, essa vulnerabilidade é relativa (a mesma coisa que o min. Marco Aurélio entendia em relação à presunção de violência). Isso se dá por conta do princípio da intervenção mínima – o DP só deve atuar em casos extremamente necessários – e princípio da ofensividade pois, considerar crime cuja pena mínima é de 8 anos de reclusão para uma pessoa que teve relação sexual totalmente consentida, não há lesividade alguma. 
Obs.: essa discussão é entre 12 e 14, porque com menos de 12 não há discussão alguma. 
Forma livre
Pode existir com o consentimento da vítima; com fraude; com violência; grave ameaça etc. 
Discussão: 
Se da violência resultar lesão corporal de natureza grave, estamos diante do estupro de vulnerável qualificado, que veremos a frente. Mas e a lesão corporal de natureza leve?
Luiz Carlos Segundo: diz que a pessoa vai responder pelo art. 213, porque o 217 não está contemplando a forma violenta. É o princípio da legalidade
Greco: o estupro de vulnerável consentido já tem pena maior que o estupro do 213 com violência. Se o agente tiver uma relação sexual com menor de 14 anos e dessa relação resultar lesão corporal de natureza leve, ele vai responder pelo 217-a.
CONDUTAS EQUIPARADAS
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.  
Enfermidade: física mental
Obs.: não se proíbe que um doente mental se relacione sexualmente com alguém, desde que esse doente mental tenha algum discernimento. 
Não pode oferecer resistência: embriagada, sono profundo. 
E o 215? Alguns autores dizem que a diferença está em: se você deu a bebida para que a pessoa ficasse nessa condição, é o 215; mas se já encontrou vulnerável, é estupro de vulnerável. Mas isso não é pacifico.
Para Greco: não importa se o autor criou ou não a situação ou se já encontrou a vítima naquele estado. Para Greco sempre vai ser estupro de vulnerável com base no princípio da subsidiariedade. 
Para socorro, resolvemos esse conflito aplicando principio da subsidiariedade: quando a conduta se encaixar em dois tipos, e um for menos grave que o outro, o menos grave será subsidiário. Aplica-se o mais grave. 
Sujeitos
Ativo: crime comum.
Se ascendende, padrasto, madrasta, a pena é aumentada da metade – art. 226, II
Elemento subjetivo
Dolo.
A lei não exige expressamente o conhecimento da vulnerabilidade da vítima. Mas o dolo requer que esse conhecimento da idade da vítima exista por parte do agente. Só há crime se o autor souber que a vítima tem menos de 	14 anos. Pensar diferente seria aplicar a responsabilidade penal objetiva. 
Caso o agente desconheça, será erro de tipo, e a conduta será atípica. 
Crime material
Crime plurissubsistente
FORMAS QUALIFICADAS
§ 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:  
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4o  Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
Obs.: essa lesão e essa morte não podem ser dolosas. 
Obs.: Nova lei alterou a Lei dos Crimes Hediondos incluindo em seu bojo, claramente o estupro simples, qualificado e o de vulnerável (todas as formas).
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Art. 226. A pena é aumentada:
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;  
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; 
 Art. 234-A.  Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:  
        I – (VETADO);  
 II – (VETADO); 
 III - de metade, se do crime resultar gravidez; e 
 IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.  
2. CORRUPÇÃO DE MENORES
Corrupção de menores
Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Induzir: tipo nuclear. 
Essa é uma forma de repressão ao lenocínio – qualquer forma de agenciamento relacionado ao sexo.
Lascívia: elemento normativo. Mas já foi feita a interpretação quando falamos de ato libidinoso. A lascívia é o desejo sexual. 
Lascívia de outrem: tem que ser uma pessoa determinada, ou grupo determinado, porque se Guto ficar agenciado Laura pra fazer programa com muitas pessoas, configurará o crime da intermediação da prostituição, já que prostituição é a venda do corpo habitual para pessoas indeterminadas. 
Greco: essa forma de satisfazer a lascívia não pode ser conjunção carnal ou ato libidinoso; mas tão somente contemplativa, senão será estupro de vulnerável, e Guto responderá como partícipe do estupro de vulnerável. Assim, essa lascívia seria apenas contemplativa. 
Nucci: não concorda com Greco. Trata-se de uma exceção da teoria monística�. Quando a participação for induzimento será este crime e não estupro. Então ainda que a gente pense que essa conduta de Guto seria um partícipe, na verdade será este crime. 
Destinatário: se ele satisfizer sua lascívia com conjunção carnal será estupro de vulnerável.
Obs.: essa conduta não pode ser habitual. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.  
Crime comum ou geral
Não pode ser habitual – é, pois, crime instantâneo.
Havendo pluralidade: concurso de crimes ou crime continuado. 
Crime material ou causal: com a realização do ato. Embora o núcleo do tipo seja induzir menor de 14 anos, parece, em uma primeira análise, que ele se consumaria com a indução, e não com a realização do programa. Mas não, o crime é material: se realiza com a realização.
Plurissubsistente
Dolo + Fim especial de agir: vontade livre e consciente de satisfazer a lascívia de outra pessoa
O dolo necessariamente abrange ciência da idade 
Senão: erro de tipo
Obs.: erro de tipo exclui o dolo, mas não exclui a culpa. 
Obs.: Distinção do art. 242 do ECA: no eca, a corrupção de menores abrange a conduta que induz ou conduz o menor a praticar um crime. Mas no CP é só para a satisfação da lascívia, e, portanto, não se confunde com o crime em estudo. 
3. SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE
Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:  
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.”  
Núcleo: praticar; induzir a presenciar 
Apesar de ser comissivo, pode ser cometido na forma omissiva imprópria. 
- Praticar, o agente não interfere na vontade da vítima. Ele simplesmente aproveita a sua presença e pratica o ato sexual; ou observando que a vítima assiste, permite que ela ali permaneça. 
- Induzir: Fazer nascer na vítima a ideia de presenciar o ato sexual. 
Obs.: é possível pela internet. 
Obs.: a vítima não participa do ato sexual, senão a conduta passará a ser estupro. 
Elemento subjetivo 
Dolo + elemento subjetivo especial injusto: vontade livre e consciente de satisfazer a sua lascívia ou a de outrem. 
Então se alguém negligentemente deixa a porta do quarto aberta, e entra uma criança, e o casal não viu, não há que se falar de crime, porque não há forma culposa. A conduta será atípica. 
Ausente o fim especial de agir, não haverá este crime. 
Exige-se o conhecimento da idade da vítima, senão erro de tipo. 
Consumação e tentativa
Quando a vítima presencia o ato satisfazendo, portanto, a lascíviado agente.
Plurissubsistente: vítima induzida, mas não chega a presenciar. 
Sujeito
Ativo: crime comum. Tanto o que induziu quanto o 3º
Passivo: é sempre o menor de 14 anos. 
Bem jurídico
Desenvolvimento e dignidade sexual do menor de 14 anos. 
Concurso de pessoas
Quem induziu e quem pratica o ato sexual 
Obs.: TEM QUE TER LIAME SUBJETIVO – combinação. Senão, estaremos diante de AUTORIAS COLATERAIS, e cada um vai responder por seu crime separadamente. 
4. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO DE VULNERÁVEL
Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:  
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.  
Prostituição: é o uso do corpo e com pessoas indeterminadas e com habitualidade. 
Obs.: a maioria da doutrina só diz que há prostituição se, além desses requisitos, houver pagamento. Noronha, de forma diferente, acha que não requer pagamento, e uma ninfomaníaca está sim exercendo a prostituição. 
É um crime que pode ser cometido de várias formas (várias ações nucleares). 
Mas o que seria “outra forma de exploração sexual?”. Greco diz que seria fazer programas sem receber por eles (pois Greco é um dos autores que considera que para ser prostituição é necessário o pagamento). Outros dizem que seria um ato que não fosse conjunção carnal ou ato libidinosos.
Embora o tipo fale menor de 18 anos, tem que ser entre 18 e 14, porque se eu levo menor de 14 anos para se prostituir, eu serei partícipe do estupro de vulnerável.
Trata-se de um crime material (condutas); plurissubsistente; só admite a forma dolosa e não tem nenhum fim especial de agir.
§ 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.  
Proxenetismo mercenário. É quando Guto faz isso para receber $$$.
§ 2o  Incorre nas mesmas penas:  
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;  
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 
CAPÍTULO V 
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE  PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE  EXPLORAÇÃO SEXUAL 
1. CASA DE PROSTITUIÇÃO – Por Manu Lima
Art. 229.  Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:  
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Qual a postura do direito penal em relação a esse crime? Será que não há uma adequação social em relação a isso? Parece que a sociedade não se sente incomodada com esse tipo de conduta, tendo então uma adequação social. o que se diz é que criminalizar determinadas condutas e não punir as pessoas que praticam esses crimes, ocasiona o descrédito e a desmoralização da justiça penal. 
Então parece que esse tipo penal tivesse que ser revisto. 
Elementos objetivos
É necessário habitualidade e eu respondo pelo crime se a casa de prostituição for de fato minha ou for uma casa de terceiros, mas eu que cuido da casa, eu tomo de conta. 
Quando o legislador coloca – manter por conta própria- significa que é a pessoa que mantém a casa de prostituição, financeiramente. 
Todavia, pode ocorrer que um terceiro não se envolva diretamente com a casa de prostituição, mas apenas contribui com a manutenção da casa, então nesse caso a pessoa e o terceiro respondem como co-autores. 
Caso o terceiro mantenha a casa, mas não sabe que é para prostituição, então nesse caso não há o que se falar em crime por parte do terceiro, então o terceiro deve ter dolo, deve saber a finalidade da casa que está mantendo. 
A expressão estabelecimento para exploração sexual – é bem amplo. 
Essa exploração sexual pode ser com fins lucrativos ou não. 
Uma casa de massagem configuraria esse crime? Depende do fim da massagem. 
E os motéis ? O motel não tem a destinação de exploração sexual, mesmo que possa ocorrer exploração no motel, não configura casa de prostituição. 
Ocorre o crime independe de lucro e mediação direta. 
Sujeito ativo 
– é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, todavia, a pessoa deve ser proprietário ou gerente da casa de prostituição, mas importante destacar que essa condição não caracteriza esse crime como próprio. 
Se várias prostitutas resolverem alugar uma casa para receber seus clientes, respondem por esse crime? Depende: 
- Se naquela casa cada prostituta exerce a sua prostituição, não há este crime, porque prostituição não é crime, 
- Entretanto se a prostituta tem uma casa, onde ela se prostitui e outras pessoas se prostituem, e ela tem algum tipo de agenciamento nisso, nesse caso vai haver o crime. 
Obs: O fato de no contrato de aluguel da casa ter o nome de uma única prostituta, isso não significa que já configure esse crime, é necessário ter o agenciamento de outras prostitutas por parte daquela. 
Sujeito passivo- a pessoa que está sendo explorada e secundariamente a coletividade. 
NUCCI – discorda da posição de Régis Prado de colocar que as pessoas que estão sendo exploradas são vitimas, pois para NUCCI as pessoas não estão na casa de prostituição obrigadas, então para Nucci a vítima é somente a coletividade.
Elemento subjetivo:
Somente pode ser cometido por dolo e não há nenhum tipo de elemento especial de agir. Nesse caso há o dolo genérico. 
Consumação
Se configura um crime habitual, se não sabemos a partir de quantos dias vai configurar a habitualidade, fica difícil identificar o momento que o crime está se consumando. 
Para Bitencourt configura a consumação quando há pluralidade de encontros. 
Para Capez e Greco, para que se configure o crime não é necessária a pluralidade de encontros, a inauguração da casa configura a consumação do crime. 
Tentativa
Nucci coloca que os crimes habituais não admitem tentativa. 
Paulo José - para ele caso a casa de prostituição funcione somente em um dia e não funcione mais, nesse caso ocorreu a tentativa. 
Para Rogério Greco – No instante da inauguração é impedido ou com divulgação da casa de prostituição e é impedido, ocorreu tentativa. 
Greco fala que os doutrinadores se prendem muito no fato de que crime habitual não admite tentativa, mas esquecem que esse crime é plurissubsistente. 
Objeto jurídico:
Consiste na moralidade pública sexual e dignidade sexual.
2. TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS PARA FIM DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
Art. 231.  Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro.  
Vejam que o caput não fala de fraude. 
Obs.: O art. 232, que não vamos estudar porque é bem parecido com esse, trata do tráfico de pessoas dentro do próprio país. Este crime requer que seja para o estrangeiro. 
Elementos objetivos
Condutas: promover ou facilitar a entrada ou a saída. 
Promover: você o pratica quando arregimenta a pessoa e organiza tudo para que ela saia do país para exercer a profissão. 
Facilitar: Mas eu cometo esse crime não só promovendo, como também facilitando a saída de pessoas. Aqui, entretanto, já existe a vontade deliberada da vítima. A vítima tem um comportamento ativo, pois ela busca auxilio junto ao agente.
Nesses dois casos, esse agenciador funciona como se fosse um empresário do sexo. 
A lei não exige pluralidade de vítimas, nem requer uma habitualidade. 
Elemento subjetivo
Apenas o dolo, e não admite a forma culposa.
Nucci: além do dolo, esse crime tem um fim especial de agir, que seria a promoção da prostituição. Socorro não concordacom isso, porque o próprio núcleo do tipo já é promover.
Regis Prado: quanto à segunda parte, há sim um fim especial de agir. O dolo seria praticar aquela conduta com um fim de que a pessoa vai exercer a prostituição no estrangeiro. 
Sujeitos
Ativo: Crime comum, geralmente praticado em concurso de pessoas.
Passivo: Geralmente são aquelas pessoas que sofrem de grandes privações – maior reprovabilidade. E que por vezes são enganadas tornando-se verdadeiras escravas do sexo. 
Consumação e tentativa 
Regis prado: É um crime formal – se consuma no momento em que a pessoa pratica qualquer conduta, independentemente da pessoa independentemente entrar ou sair no estrangeiro. O exercício da prostituição seria um exaurimento, porque já se consumou no momento da entrada ou da saída da pessoa.
Greco e Nucci: Não é um crime formal, mas sim material, ou seja, só vai se consumar quando a vítima que ou saiu do Brasil ou que entrou efetivamente começar a realizar os programas. 
Como é um crime plurissubsistente que tem várias etapas, admite tentativa. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.  
Extensão da pena 
Agenciar, empresariar, atrair, transportar, alojar, comprar etc. (§1º)
§ 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
Aumento de pena: ($$ 2º e 3º)
§ 2o  A pena é aumentada da metade se:  
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;  
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;  
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.  
CAPÍTULO VI DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
1. ATO OBSCENO
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Ato obsceno é um tipo normativo. Depende do juízo de valor, e conceitua-lo não é fácil. Deve-se lançar mão do princípio da adequação social. O DP tem como principal função a adequação social, que serve como termômetro para identificar o pudor médio da sociedade. 
Tutela o pudor público: vergonha. É uma conduta de caráter corporal que deixa as pessoas constrangidas.
Assim, um ato obsceno é um ato de cunho sexual, que ofende o pudor médio da sociedade. O sendo de pudor deve ser avaliado conforme o local. A média moral ainda repele determinadas condutas sexuais. 
Ex.: andar nu acintosamente; mostrar os seios, nádegas ou órgão sexual; ato libidinoso ou conjunção carnal em parque; apalpar nádegas ou seios de pessoas. 
Só que nem todo ato de conteúdo sexual é ato obsceno, como é o caso do nu artístico. 
O nu alastrou-se entre as publicações, mas não ganhou ainda as ruas. Nossos costumes admitem excessos, como no carnaval, mas não todo dia. 
Obs.: Não se compreende aqui o gesto obsceno ou a palavra obscena, que serão contravenção. Requer conduta ligada à expressão corporal. 
Obs.: Micção não obsceno se não mostrar o pênis. 
Obs.: Tom de brincadeira não elide o crime. 
Praticado em lugar público ou aberto ao público: Praticar sexo dentro do cinema, por exemplo, configura esse crime. 
- Exposto ao público: local privado visível para quem está em local público
- Se privado visível de outro local privado: não há que se falar de ato obsceno. Obs.: se for um prédio, por haver um grande numero de pessoas expostas a essa conduta, há crime sim. 
Obs.: a publicidade que nós estamos falando aqui se refere ao lugar, e não ao número de pessoas. Esse é um crime de perigo: ainda que muitas pessoas não tenham visto, a possibilidade de ser visto por muitas pessoas é grande. É preciso que ele POSSA SER VISTO, independentemente de SER VISTO. 
E quanto a um terreno afastado e ermo, mesmo que seja local público e acessível, não oferece publicidade requerida? Naquele local não existe a possibilidade que pessoas vejam. Diferente é no mesmo local que não tenha ninguém, mas é um local do lado de uma estrada, por exemplo. 
E quanto ao local escuro que não dê para se ver? Ex.: carrinhos na litorânea. No interior do automóvel se houver impossibilidade de ser visto é atípico. 
Trata-se de um crime de perigo pela possibilidade de ofensa ao pudor público. Havendo a impossibilidade de ser visto, será atípico. 
Sujeitos
Crime vago: o sujeito passivo é a coletividade
Consumação
Consuma-se com a prática do ato independente se as pessoas se sentiram ofendidas – formal.
Tentativa
Hungria: é muito difícil reconhecer o começo da execução. 
Greco: é plenamente possível a tentativa. 
Elemento objetivo
Dolo: direto e eventual. Este último seria, por exemplo, eu estar em um determinado local sem ter certeza se outras pessoas podem ver ou não. 
Obs.: e se a pessoa sem perceber deixa sexo oposto? Não configura esse crime, porque foi uma conduta culposa.
2. ESCRITO OU OBJETO OBSCENO
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
TÍTULO VII DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
1. BIGAMIA
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Você só pode casar novamente depois da sentença de anulação do casamento. 
E o cônjuge ausente? No direito civil existe a chamada “declaração de ausência”. Mas essa declaração de ausência serve para efeitos de herança. E para efeito de bigamia, eu posso casar novamente? A maioria da doutrina diz que não. Mas há uma saída: entrar com pedido de divórcio a partir da declaração de ausência. 
O fundamento para a existência desse crime é a família. São crimes que afetam de forma direta a formação da família. 
O CC trata das causas impeditivas de um casamento: ascendentes e descendentes; adotado e adotante; irmãos; quem já for casado.
O CP, reforçando a última proibição citada do CC, diz que quem já for casado e casar novamente, praticará bigamia.
Assim, o pressuposto para a existência do crime de bigamia é que a pessoa já seja casada. 
E a união estável? Embora a união estável permita a concessão de vários direitos para o companheiro/a, não se pode considerar uma pessoa que tem várias uniões estáveis como bígamos. 
Mas para um novo casamento, é necessário que haja um divórcio ou a morte.
Nós temos também algumas situações de casamentos que podem ser desfeitos: casamento nulo ou casamento anulável. Contudo, é preciso aguardar a sentença judicial. 
E o casamento só no religioso? Não configura crime de bigamia, porque para o direito o casamento religioso funciona como uma união estável. 
O caput traz um crime próprio, porque necessariamente tem que ser uma pessoa casada. 
Este crime admite co-autoria: o juiz sabe que o cara é casado. Ele não vai responder como partícipe, mas como coautor. Ele está tendo uma participação direta aqui. Ele não pode ser considerado partícipe, porque o partícipe tem uma interferência menos grave. 
Só admite a forma dolosa, e pode ser dois tipos de dolo: o direto e o eventual. 
E a falsificação de documentos? Pra casar, eu tenho que falsificar documentos. É crime meio e crime fim. Éimpossível praticar bigamia sem praticar falsificação. Assim o STJ, em várias oportunidades, já decidiu nesse sentido: crime fim absorve o crime meio – só responde pela bigamia (princípio da consunção). Detalhe: a falsidade só vai ser absorvida pela bigamia se o cara responder por bigamia consumada ou tentada. Se for descoberta a falsificação do documento antes do início dos atos executórios, o cara vai responder pela falsidade. Em suam: se o crime de bigamia for consumado ou ao menos tentado ele absorverá a falsidade; caso contrário a pessoa responde pela falsificação de documento. 
Consumação: HÁ DIVERGÊNCIAS 
1ª corrente: consuma-se com a pronúncia do juiz ou padre (religioso com efeito civil) “eu vos declaro marido e mulher”. A assinatura seria uma mera formalidade. Isso porque, de acordo com o CC: 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
2ª corrente: se consuma com o “sim”. O que vem depois é formalidade. 
3ª corrente: se consuma com a assinatura. 
Predomina a primeira corrente.
Tentativa 
O direito penal não interfere em atos preparatórios, isto é, só interfere quando começa a execução.
Mas o que seria o ato preparatório e o que seria ato de execução? 
1ª corrente: os atos executórios só se iniciam com o “sim”. Tudo que estiver antes – como levar os documentos e entrar na igreja – são atos preparatórios. Só vai se consumar quando o juiz declarar marido e mulher. Então só o intervalo entre “sim” e “eu os declaro” seria ato executório. A justificativa é que nem se sabe se vai ter “sim”. 
2ª corrente: Os atos executórios se iniciam com a celebração do casamento – quando a noiva entra e o juiz inicia a cerimônia. Nesse intervalo até o juiz os declarar marido e mulher, serão atos executórios. 
3ª corrente: Se esse crime se consuma com o sim, é crime oral, inclusive de uma única palavra, e, assim, não admite tentativa. 
BIGAMIA IMPRÓPRIA
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
Em tese essa conduta seria o caso de concurso de pessoas – duas ou mais pessoas colaborando para um crime – sendo culpadas de acordo com sua culpabilidade. Mas o legislador preferiu separar bem essas duas condutas. 
Este $ é, então, um tipo penal autônomo, embora seja um $, e não um concurso de pessoas. 
Traz um crime considerado de concurso necessário. 
Trata-se de uma exceção da teoria monista – art. 29.
Só admite o dolo direto – a pessoa tem que efetivamente conhecer. 
CAUSA DE EXCLUSÃO DO CRIME DE BIGAMIA
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
2. SIMULAÇÃO DE CASAMENTO
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
A condição elementar deste crime é a fraude. Se retirarmos a fraude desta conduta, nem será crime. 
Por conta dessa elementar fraude que esse crime também é conhecido como “estelionato matrimonial”. 
Através desta fraude, a pessoa que está sendo enganada acredita que está casando seriamente. 
É um “soldadinho de reserva” – toda vez que a conduta puder se encaixar num crime mais grave, é para lá que ela vai. Esse é um crime subsidiariedade. Então se o art. 215 tem uma pena mais grave, é por esta que o sujeito responderá, embora pudesse também se encaixar aqui. Aqui se aplicaria qualquer simulação de casamento que não seja com o objetivo de relação sexual. É uma subsidiariedade expressa. 
É gay e fingiu casamento para os pais: a doutrina minoritária diz que não há esse crime, porque necessariamente a pessoa enganada tem que ser o “cônjuge”. Mas a doutrina majoritária diz que o legislador não falou nada disso, isto é, qualquer pessoa pode ser enganada. 
É apenas doloso. Se houver uma finalidade específica – fim especial de agir –, a depender do fim, pode ser esse crime ou outros.
Se consuma no momento em que a cerimônia acabou de ser realizada, independentemente da pessoa que está enganando conseguir ou não aquilo que ela está querendo com a fraude. Trata-se de um crime formal: não precisa que o resultado final seja atingido. 
Admite-se a tentativa. 
Sujeito ativo: crime comum. Admite coautoria, que poderia ser alguém que se passa por juiz/padre/testemunha. 
Sujeito passivo: 1- Estado; 2 – A pessoa enganada. 
Obs.: toda vez que tivermos um crime cujo sujeito passivo é o estado e pudermos identificar uma pessoa, a pessoa será o principal. 
Bem jurídico: a preservação do instituto “casamento” e a preservação da família. 
CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
1. REGISTRO DE NASCIMENTO INEXISTENTE
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Esse crime também é conhecido como “suposição de fato”.
Pode acontecer 3 formas:
- A mulher nunca engravidou
- A mulher está grávida, mas se antecipou.
- A criança nasceu morta – natimorto. 
Nas duas primeiras formas, o nascimento não aconteceu. Se tiver havido um nascimento, não haverá o crime. 
Na terceira hipótese, o procedimento é diverso, e não chegar no cartório e registrar como se ela não tivesse morrido. Diferente é você enganar, como o cara não saber que o procedimento era outro – erro de tipo.
Assim como bigamia requer uma falsidade, esse crime também vem acompanhado de algum tipo de falsidade. 
Esse crime é uma espécie de falsidade ideológica, isso porque essa falsidade necessariamente tem que ser promovida no cartório de “registro civil”. É uma falsidade específica nesse registro civil. Esse é um crime especial em relação ao 299 e em relação ao 297. 
O elemento subjetivo é o dolo, que é a vontade livre e consciente de fazer o registro de nascimento inexistente, e não requer um fim especial de agir. 
Trata-se de um crime material: se consuma quando efetivamente acontece o registro. 
Admite coautoria. Ex.: testemunhas, médico que admite óbito etc.
Sujeito passivo: Estado, e de forma secundária a pessoa que foi diretamente afetada com aquela conduta. 
Bem jurídico: estado de filiação; a ordem familiar; a fé pública (veracidade dos documentos).
2. SONEGAÇÃO DE ESTADO DE FILIAÇÃO
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Crime comissivo. Necessariamente, para que haja esse crime, eu tenho que deixar essa criança nesses locais indicados. 
Esse crime pode ser cometido pelos pais, mas também pode ser cometido por outra pessoa: “filho próprio ou alheio”. 
Necessariamente, para a existência desse crime, tem que ser um asilo de expostos. Se você abandona no mato, ou em outro lugar, não configura esse crime, pois é o caso de abandono de incapaz (art. 133�) ou de recém-nascido (art. 134�). 
“Ocultando-lhe a filiação”: se eu deixar uma criança num asilo de expostos e colocar toda a identificação – nome, filiação etc. – não há que se falar desse crime. É necessário ocultar a filiação, ou então atribuir outra. 
O elemento subjetivo é o dolo, que é a vontade livre e consciente de deixar. Além do dolo, há um fim especial de agir: prejudicar qualquer direito inerente ao estado civil.
É um crime comum: pode ser cometido pelos pais ou por qualqueroutra pessoa. 
É um crime formal: se consuma no momento em que há o abandono, ainda que não prejudique qualquer direito inerente ao estado civil. Mas há divergências: há autores que entendem que esse crime é material. Sendo material, só vai se consumar quando o direito ao estado civil for violado – essa posição é minoritária.
Trata-se de um crime plurissubsistente, então admite tentativa. 
3. PARTO SUPOSTO. SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE DIREITO INERENTE AO ESTADO CIVIL DE RECÉM-NASCIDO
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:  
Pena - reclusão, de dois a seis anos.  
Como se percebe, são múltiplos os comportamentos previstos pelo tipo penal que podem se configurar no delito em estudo. 
Trata-se de um tipo misto cumulativo. Dessa forma, não há fungibilidade entre as condutas, o que implica, em caso de se realizar mais de uma, a aplicação do cúmulo material. 
Assim, de acordo com a redação legal, podemos apontar os seguintes elementos: 
a) conduta de dar parto alheio como próprio; 
Ao contrário do que ocorre com o delito de registro de nascimento inexistente, na infração tipificada pelo art. 242, na modalidade de dar parto alheio como próprio, existe, efetivamente, o nascimento de uma criança. No entanto, o agente atribui como próprio o filho nascido de outra mulher. 
Sujeitos 
Ativo: Para Greco, no que diz respeito à conduta de dar parto alheio como próprio, somente a mulher poderá configurar como sujeito ativo do delito, tratando-se, pois, de crime próprio. Nos demais comportamentos, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. 
Passivo: Para Greco, é o Estado, bem como as pessoas que foram prejudicadas com a conduta levada a efeito pelo sujeito ativo. 
Consumação e tentativa
Consumação: Para Greco, verifica-se quando criada a situação duradoura que realmente implique alteração do status familiae da criança.
Tentativa: plurissubsistente. 
Elemento subjetivo
Doloso
b) conduta de registrar como seu filho de outrem; 
É conhecida, popularmente, como “adoção à brasileira”, sendo extremamente comum sua ocorrência, praticada, principalmente, por famílias que atuam no sentido de ajudar alguém que não possui condições para criar e cuidar de seu filho. 
Essa é a razão pela qual existe o reconhecimento legal da nobreza do comportamento, criando, assim, nos termos do PU, um tipo derivado privilegiado, permitindo-se, ainda, ao julgador a aplicação do perdão judicial, oportunidade em que deixará de aplicar a pena. 
Sujeitos
Ativo: Para Greco, comum
Passivo: mesmas considerações
Consumação e tentativa
Consumação: para Greco, com o efetivo registro de filho alheio como se fosse próprio. 
Tentativa: plurissubsistente.
Elemento subjetivo
Doloso
c) a ocultação de recém-nascido ou sua substituição, mediante supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil. 
“Ocultação”
No primeiro caso, o agente oculta o recém-nascido, não levando a efeito o seu registro, com a finalidade de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil. 
Greco entende que essa finalidade, vale dizer, a supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil, deve fazer parte do dolo do agente ou, para a doutrina dominante, cuida-se de um elemento subjetivo especial constante do tipo penal, sem o qual não se poderá reconhecer a infração penal. Veja-se, por exemplo, a hipótese, muito frequente, em que os pais, dado o estado de miserabilidade em que se encontram, não registram o filho recém-nascido, acreditando, erroneamente, terem de pagar algum valor para a efetivação do registro. Embora, para o Estado, ocorra uma ocultação do nascimento de uma criança, não podemos entendê-la como típica, pois ausente essa finalidade de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil. 
A lei menciona, expressamente, a figura do recém-nascido, não se podendo incluir, consequentemente, por meio dessa expressão, o natimorto. 
“Substituição”
Na segunda hipótese, ocorre a troca de recém-nascidos. É o intercâmbio de duas crianças, que veem alterada, dessa forma, seu estado civil ao serem introduzidas em famílias que não são suas. 
Sujeitos
Ativo: Para Greco, crime comum
Passivo: mesmas considerações.
Consumação e tentativa
Consumação: Para Greco, com a supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil. Logo, se da ocultação ou da supressão não resultou privação de direito do neonato, haverá unicamente tentativa.
Tentativa: plurissubsistente.
Elemento subjetivo
Segundo a doutrina dominante, além do dolo, o agente ainda terá de atuar com um fim especial de agir, no sentido de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil. Assim, por exemplo, aquele que, por engano, sai da maternidade com filho de outrem, supondo-se tratar-se do próprio filho, não comete o delito em estudo. 
 MODALIDADES COMISSIVA E OMISSIVA
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:  
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.  
CAPÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
1. ABANDONO MATERIAL
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:  
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.  
Misto: esse crime pode ser cometido de três formas diferentes.
Nas primeira e segunda condutas, temos um tipo misto ALTERNATIVO. 
Na segunda e terceira, e primeira e terceira, temos um tipo misto CUMULATIVO. 
Trata-se de um crime próprio, tanto em relação ao sujeito ativo quanto em relação ao sujeito passivo.
É doloso, e não existe nenhum fim especial de agir. 
A doutrina diz que consuma-se a partir de um tempo juridicamente relevante, independentemente da vitima ter realmente sofrido um prejuízo, isto é, seria um crime formal, mas há divergências. Par outra corrente é material: só vai se consumar o crime quando dessas ausências houver efetivamente um perigo para o sujeito passivo. 
Admite tentativa? Não. É um crime omissivo, e crime omissivo é UNISSUBSISTENTE – não admite tentativa. 
Bem jurídico: assistência material à família
a) Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência 
Trata-se de um crime OMISSÍVO PRÓPRIO. 
Considera-se subsistência a alimentação, a habitação, a saúde etc. 
Mas quem tem esse dever de assistência? O legislador enumerou, e esse rol é taxativo, e não exemplificativo. Só cometem os crimes essas pessoas que estão elencadadas – numerus claus.
- Cônjuge: não é possível ampliar o rol de cônjuge para companheiro, porque seria analogia in malam partem. 
- Menor de 18 anos
- Inapto para trabalho: aqui não há idade nenhuma. Também inclui doença física/psicológica
- Ascendente inválido ou maior de 60 anos: mas não é o simples fato de os nossos pais serem inválidos e nós não provermos essa subsistência que este crime estará configurado. 
Obs.: se um dos 5 filhos prover, está tudo ok, porque os pais não estão mais passando necessidades. 
“Não lhes proporcionando os recursos necessários”: se provi pouca comida, cometo esse crime? Paulo José da Costa Júnior diz que não haveria esse crime se prover de forma parcial. Só haveria se eu deixasse de levar totalmente alimentação para os meus filhos. Essa posição não é pacífica: existem autores que dizem que, se ele tem condição de levar mais comida e não leva, há esse crime.
“Sem justa causa”: elemento normativo. 
Obs.: tenho filhos e pais precisando, mas meu salário não dá para os dois. Se eu der para os filhos, e não para os pais, estarei praticando esse crime? Haveria uma justa causa, mas nenhum autor se manifestou

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