Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2014.1 CURSO DE ENGENHARIA CIVIL NOTA DE AULA DE MECÂNICA DOS SOLOS – COMPACTAÇÃO ISABELLY CÍCERA DIAS VASCONCELOS isabelly.vasconcelos@unipe.br 1 SUMÁRIO 2 INTRODUÇÃO ... 03 EMPREGO DA COMPACTAÇÃO DOS SOLOS ... 07 COMPACTAÇÃO X ADENSAMENTO ... 09 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO – NBR 7182/86 ... 10 CURVA DE COMPACTAÇÃO ... 15 ENERGIA DE COMPACTAÇÃO ... 17 ENSAIO MODIFICADO DE PROCTOR OU AASHO STANDARD ... 19 CBR (CaliforniaBearingRatio) ou ISC (Índice de Suporte Califórnia) EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ... ... 20 22 CONTROLE DA COMPACTAÇÃO ... 28 CONTROLE DO TEOR DE UMIDADE ... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 33 INTRODUÇÃO Muitas vezes, na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito compressível ou apresentar características que deixam a desejar de um ponto de vista econômico. Pareceria razoável em tais circunstâncias, simplesmente relocar obra. Mas muitas vezes o engenheiro é forçado a realizar o projeto com o solo que ele tem em mãos. Para resolver este problema, uma possibilidade é adaptar a fundação da obra às condições geotécnicas do local. Uma outra possibilidade é tentar melhorar as propriedades de engenharia do solo local. Dependendo das circunstâncias, a segunda opção pode ser o melhor caminho a ser seguido. 3 INTRODUÇÃO Neste capítulo será apresentado um método de estabilização e melhoria do solo por vias manuais ou mecânicas. 4 DEFINIÇÃO DE COMPACTAÇÃO Processo manual ou mecânico que visa a reduzir o volume de vazios do solo, melhorando as suas características de resistência, deformabilidade e permeabilidade. INTRODUÇÃO 5 INTRODUÇÃO Os fundamentos da compactação de solos são relativamente novos e foram desenvolvidos pelo engenheiro americano Ralph Proctor, que, na década de 20 (1920), postulou ser a compactação uma função de quatro variáveis: a) Peso especifico seco b) Umidade; c) Energia de compactação; d) Tipo de solo (solos grossos, solos finos, etc.). A compactação dos solos tem uma grande importância para as obras geotécnicas, já que por intermédio do processo de compactação consegue-se promover no solo um aumento de sua resistência e uma diminuição da sua compressibilidade e permeabilidade, também a longo prazo. O objetivo principal da compactação é obter um solo, de tal maneira estruturado, que possua e mantenha um comportamento mecânico adequado ao longo de toda a vida útil da obra. 6 EMPREGO DA COMPACTAÇÃO DOS SOLOS • Construção de aterros •Construção de camadas construtivas de pavimentos 7 EMPREGO DA COMPACTAÇÃO DOS SOLOS •Construção de barragens de terra 8 •Reenchimentos de cavas de fundações e de tubulações enterradas COMPACTAÇÃO X ADENSAMENTO Pelo processo de compactação, a compressão do solo se dá por expulsão do ar contido em seus vazios, de forma diferente do processo de adensamento, onde ocorre a expulsão de água dos espaços entre os grãos do solo. Além do mais, as cargas aplicadas quando compactamos o solo são geralmente de natureza dinâmica e o efeito conseguido é imediato, enquanto que o processo de adensamento é diferido no tempo (pode levar muitos anos para ocorra por completo, a depender do tipo de solo) e as cargas são normalmente estáticas. 9 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO – NBR 7182/16 Em 1933, Proctor postulou os procedimentos básicos para a execução do ensaio de compactação. A energia de compactação utilizada na realização destes ensaios é hoje conhecida como energia de compactação "Proctor Normal". 10 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO – NBR 7182/86 Fases de execução de um ensaio de compactação: • Ao se receber uma amostra de solo para a realização de um ensaio de compactação, o primeiro passo é colocá-la em bandejas de modo que a mesma adquira a umidade higroscópica (secagem ao ar); • O solo então é destorroado, quarteado e passado na peneira #4, após o que adiciona-se água na amostra para a obtenção do primeiro ponto da curva de compactação do solo. Para que haja uma boa homogeneização de umidade em toda a massa de solo, é recomendável que a mesma fique em repouso por um período aproximado de 24 horas; • Após preparada a amostra de solo, a mesma é colocada em um recipiente cilíndrico com volume igual a 1000 cm³ e compactada com um soquete de 2,5 kg, caindo de uma altura de aproximadamente 30cm, em três camadas com 26 golpes do soquete por camada; 11 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO – NBR 7182/86 • Este processo é repetido para amostras de solo com diferentes valores de umidade, utilizando-se em média 5 pontos para a obtenção da curva de compactação; • De cada corpo de prova assim obtido, determinam-se o peso especifico do solo seco e o teor de umidade de compactação. 12 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO – NBR 7182/16 13 ▪ Volume do cilindro 1000 cm3 ▪ Massa do soquete 2,5 kg ▪ Altura de queda 30 cm PROCTOR NORMAL ENSAIO DE COMPACTAÇÃO – NBR 7182/86 14 Após efetuados os cálculos dos pesos específicos secos e das umidades, lançam-se esses valores (γd;w) em um par de eixos cartesianos, tendo nas ordenadas os pesos específicos do solo seco e nas abcissas os teores de umidade. CURVA DE COMPACTAÇÃO 15 A partir dos pontos experimentais obtidos conforme descrito anteriormente, traça-se a curva de compactação do solo. 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70 1,75 1,80 10 12 14 16 18 20 r d (g /c m ³) w (%) wot rd max Nota-se que na curva de compactação o peso especifico seco aumenta com o teor de umidade até atingir um valor máximo, decrescendo com a umidade a partir de então. CURVA DE COMPACTAÇÃO rd (g/cm 3) w (%)wot rd,max ramo úmido ramo seco boa resistência e rigidez baixa permeabilidade 16 E = energia aplicada ao solo, por unidade de volume p = peso do soquete L = altura de queda do soquete n = número de camadas N = número de golpes aplicados a cada camada V = volume do cilindro 1000 326305,2 E ³/.85,5 cmcmkgE ENERGIA DE COMPACTAÇÃO 17 Embora mantendo-se o procedimento de ensaio descrito anteriormente, um ensaio de compactação poderá ser realizado utilizando-se diferentes energias. A energia de compactação empregada em um ensaio de laboratório pode ser facilmente calculada mediante o uso da seguinte equação: ENERGIA DE COMPACTAÇÃO ENERGIA DE COMPACTAÇÃO w E1 E2 ( > E1) rd Aumentando a energia de compactação: ▪ Redução do teor de umidade ótimo ▪ Elevação no valor da massa específica seca máxima 18 ENSAIO MODIFICADO DE PROCTOR OU AASHO STANDARD Tendo em vista o maior peso dos equipamentos de compactação, tornou-se necessário alterar as condições do ensaio, para manter a indispensável correlação com o esforço de compactação no campo. Surgiu, assim, o ensaio modificado de Proctor ou AASHO Modificado. Embora a amostra seja compactada no mesmo molde, isto é feito, no entanto, em cinco camadas, sob a ação de 25 golpes de um peso de 4,5 kg, caindo de 45 cm de altura. A energia específica de compactação é, para esse novo ensaio, da ordem de 25 kg · cm/cm3 . 19 CBR (California Bearing Ratio) ou ISC (Índice de Suporte Califórnia) O Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR - California Bearing Ratio) é a relação, em percentagem, entre a pressão exercida por um pistão de diâmetro padronizado necessária à penetração no solo até determinado ponto (0,1” e 0,2”) e a pressão necessária para que o mesmo pistão penetre a mesma quantidade em solo-padrão de brita graduada. 20 CBR (California Bearing Ratio) ou ISC (Índice de Suporte Califórnia) Através do ensaio de CBR é possível conhecer qualserá a expansão de um solo sob um pavimento quando este estiver saturado, e fornece indicações da perda de resistência do solo com a saturação. Apesar de ter um caráter empírico, o ensaio de CBR é mundialmente difundido e serve de base para o dimensionamento de pavimentos flexíveis. 21 EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO 22 COMPACTAÇÃO NO CAMPO ROLOS COMPRESSORESSOQUETES VIBRATÓRIOESTÁTICOS PNEUMÁTICOLISOPÉ DE CARNEIRO EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil acesso para os rolos compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de 15kgf, podendo ser manuais ou mecânicos (sapos). Altura da camada compactada: - Solos finos: de 10 a 15cm - Solos grossos: em torno de 15cm SOQUETES 23 EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO SOQUETE: R$ 19.375,65 (nov/16) 24 EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO PÉ DE CARNEIRO 25 São mais adequados para solos finos. Também podem ser utilizados em solos grossos com mais de 20% de finos. EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO PÉ DE CARNEIRO: R$ 361.786,08 (nov/16) Espessura das camadas compactadas: 15 cm; Nº de passadas dos rolos: Solos finos: 4 a 6 passadas; Solos grossos: 6 a 8 passadas; 26 EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO LISO Recomendados para a compactação do capeamento e base de estradas; Utilizados em solos arenosos, pedregulhosos e pedra britada. 27 EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO LISO: R$ 203.224,94 (nov/16) Espessura das camadas compactadas: 5 a 15 cm com 4 a 5 passadas 28 EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO PNEUMÁTICO Recomendados para a compactação de capas asfálticas, bases e sub-bases de estradas e indicados para os solos de granulação fina e arenosa. 29 R$ 414.949,07 (nov/16) EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO VIBATÓRIO 30 Trata-se de rolos lisos equipados com um mecanismo motorizado de vibração. São utilizados para a maioria dos tipos de solos e são mais eficientes se a umidade deles for ligeiramente maior do que a ótima. EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO ROLO VIBATÓRIO: R$ 373.786,32 (nov/16) 31 São particularmente eficientes para solos grossos com pouca ou nenhuma fração de finos. Espessura máxima da camada compactada é de 15 cm. CONTROLE DA COMPACTAÇÃO 32 Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em campo, temos que atentar para os seguintes aspectos: • tipo de solo; • espessura da camada; • entrosamento entre as camadas; • número de passadas; • tipo de equipamento; • umidade do solo; • grau de compactação alcançado. Assim, alguns cuidados devem ser tomados: • A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da camada compactada deverá ser menor que 20cm; • Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da umidade ótima; • Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere a umidade quanto ao material. CONTROLE DA COMPACTAÇÃO 33 Na prática, o procedimento usual de controle da compactação é o seguinte: • Coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em laboratório o ensaio de compactação. Obtém-se a curva de compactação e daí os valores de peso especifico seco máximo e o teor de umidade ótimo do solo; • No campo, a proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se verificar, para cada camada compactada, qual o teor de umidade empregado e compará-lo com a umidade ótima determinada em laboratório. Este valor deve atender normalmente a seguinte especificação: wcampo - 2% < wot < wcampo + 2%. CONTROLE DA COMPACTAÇÃO 34 • Determina-se também o peso especifico seco do solo no campo, comparando-o com o obtido no laboratório. Define-se então o grau de compactação do solo, dado pela razão entre os pesos específicos secos de campo e de laboratório: GC = (ρd campo / ρdmax) x 100. Deve-se obter sempre valores de grau de compactação superiores a 95%. • Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido, e uma nova compactação deverá ser efetuada. CONTROLE DA COMPACTAÇÃO 35 Processo de aeração (redução da umidade de camada de solo a ser compactada). Processo de umedecimento (aumento da umidade de camada de solo a ser compactada) CONTROLE DO TEOR DE UMIDADE 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Caputo, H. P. Mecânica dos Solos e Suas Aplicações, Vol. 1, 2 e 3. Livros Técnicos Científicos. Editora S. A. Craig, R.F. (1974) – Mecânica dos Solos, Editora LTC. Das, B.M. (2011) – Fundamentos de Engenharia Geotécnica. Editora Thompson. Lambe, T.W. & Whitman, R.V. (1969) Soil Mechanics. John Wiley & Sons, Inc. Pinto, C.S. (2006) – Curso Básico de Mecânica dos Solos. Editora Oficina. Vargas, M.(1977) – Introdução à Mecânica dos Solos. MacGraw Hill. 37
Compartilhar