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Função social da propriedade

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Função social da propriedade.
Da evolução histórica.
A propriedade em si tem sua existência paralela a humanidade, datadas ambas de longos períodos, isso porque o ser humano necessita de um lugar onde possa habitar, ao menos por certo lapso temporal, desenvolvendo suas atividades conforme o lugar lhe conceda; com o passar da evolução humana, a propriedade foi sendo delimitada e assegurada, pelos motivos pertinentes a cada época.
Logo no início de sua delimitação, ocorrida quando as pequenas organizações em grupos passaram a se assentar em determinado local e estabelecer moradia fixa, a propriedade detinha um caráter individualista, segundo a concepção do Doutrinador Carlos Roberto Gonçalves; sendo possuída e explorada por um único indivíduo que detinha amplos poderes sobre ela. Posteriormente passaram a surgir novas formas de se manter a propriedade, era possível que um indivíduo a possuísse e um terceiro a explorasse, prestando contas ao primeiro.[1: Gonçalves, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro – Vol. 5 direito das coisas. PDF. Pág.197]
Menciona o doutrinador Silvio de Salvo Venosa (2.014:14ª edição) que a posse preexiste ao ordenamento jurídico, com o surgimento das normas legais passou a receber proteção jurídica, vista de que é a exteriorização da propriedade e forte indicio de sua existência; antes da época Romana só era possível exercer esse direito sobre coisas móveis e de uso pessoal e constante, pois o solo pertencia a toda a comunidade. É possível visualizar a primeira manifestação da função social
Nesta época não estava homem preso ao solo, a utilização continua da terra foi tornando-se gradativamente a atualmente conhecida propriedade privada; que foi considerada pela lei das XII Tábuas de forma absolta, mantido por gerações cada vez mais ligada de forma intima ao indivíduo. Apenas na revolução Francesa passou novamente a ter, ainda que de forma tão singela, a busca por seu sentido social.
Do surgimento da Função Social.
O caráter e objetivo da propriedade tem evoluído a sua atual função social. Os países ocidentes subsiste a propriedade individual embora tenha evoluído e seu caráter absoluto sofrido restrições que podem ser voluntárias ou determinadas por lei, ou mesmo pela própria natureza da propriedade; tais restrições visam coibir abusos de seu exercício que possam acarretar prejuízo ao bem estar social.
A função social da propriedade é norma e princípio determinada inclusive pela Constituição Federal, a proporcionar o mínimo de convivência Social, visando não apenas a produtividade como a justiça social, conforme o entendimento da Doutrinadora Maria Helena Diniz (2.015:127). Aduz ainda Miguel Reale que ‘’a propriedade é como Janus bifronte: tem uma face voltada para o indivíduo e outra para a sociedade. Sua função, portanto, é individual e social’’.
Silvio de Salvo Venosa entende que a propriedade é direito natural do homem, mas que deve ser exercido não apenas em seu proveito, mas de toda a coletividade, sendo que seu não uso, ou mal uso, acarreta inquietação social e da legalidade ao Estado de desapropriação, trazendo como um exemplo atual, clássico o instituto da Usucapião, que vem para adequar a utilização social da propriedade. Por este raciocínio a justa utilização da propriedade advém do equilíbrio dos interesses individuais e sociais em seu uso.
Da Função Social.
A função social da propriedade determina que de toda propriedade emanam riquezas, que que individualmente e socialmente devem contribuir com a sociedade e por esse fato o proprietário deve portar-se como empregado, buscando gerar riquezas oriundas da propriedade, para o bem dela e de sociedade como um todo.
Nesse sentido, é possível verificar que a propriedade não é mais um bem intangível, o qual permanecia em poder de seu proprietário independente da forma como é empregada. A atual Constituição Federal determina de forma expressa que a propriedade tem o dever de agir conforme a sua função social, ou seja, para com a sociedade; ainda determina que essa função social será delimitada pela ordem econômica do país.
Dadas tais evoluções a mera posse anterior deve agora se adaptar a posse-trabalho, a posse e portanto a propriedade, só podem ser mantidas mediante a propriedade ser trabalhada em prol do benefício da sociedade.
Lembra Silvio de Salvo Venosa que o artigo 186 da Constituição determina de forma expressa que a propriedade urbana atenderá a sua função social quando objetivamente atende seus critérios de I. aproveitamento racional e adequado; II. Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III. Observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV. Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Das restrições.
Diante do exposto é possível verificar que o Direito de propriedade, ainda que garantido Constitucionalmente, não é absoluto; pela evolução social, a propriedade individualista passa a dar lugar a propriedade com finalidade social. (Maria Helena Diniz, 2.015:293) As limitações legais ao direito de propriedade são as que estão contidas em leis especiais que têm por objetivo proteger não só o interesse público, social ou coletivo, bem como o interesse privado ou particular considerado em função da necessidade social da coexistência pacífica.
A existência das restrições se da principalmente sob o enfoque de que a propriedade é o espelho de um Direito, que como todos os demais deve ser limitado ao convívio social.
Importa advertir contido que, se tratando dos interesses tutelados pela lei existe prevalência sobre os interesses particulares sobre os interesses sociais. Sobre este fato a própria Constituição no artigo 5º, XXIV prevê a possibilidade da desapropriação de propriedade particular em vista de sua inutilização, ou utilização inadequada, afim de resguardar acima de tudo o interesse da sociedade, ainda sim, visando o interesse privado, é devido ao desapropriado justa indenização.
Além das restrições Constitucionais de uso abusivo da propriedade, existem supletivamente as restrições administrativas; de propriedade rural, o qual sofreu uma série de inovações trazidas pelo Estatuto da Terra que procura distribuir a propriedade de forma a atender os princípios da justiça social e aumento da produtividade, estabelecendo ainda a respeito das alienações; restrições de natureza militar; por fim, no que nos diz respeito no momento, restrições em razão de lei eleitoral, que determina o uso da propriedade particular de fora obrigatória e gratuita para uso das mesas receptoras nos dias de eleição.
Também o código civil busca coibir o uso abusivo do direito da propriedade, quando em seu art. 1.128, § 1º diz que ‘’O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservadas, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.’’; equiparando inclusive o abuso desse direito a um ato ilícito, contra o interesse econômico, social, a boa-fé e aos bons costumes.
Conclusão.
A viga mestra da função social da propriedade é de fato a Constituição Federal, sendo que as demais leis infraconstitucionais buscam equilibrar os interesses quanto a propriedade, individuais e sociais.
A função social da propriedade buscar resguardar os bens de toda a coletividade, as heranças coletivas da sociedade, sendo elas a água, o ar, a história, dentre outras tantas, que a sociedade em dado momento, entendeu não se poder exercer sobre eles de forma individualista suas vontades; entendimento que por um tempo foi perdido, mas que novamente vêm se encontrando.

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