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Nota de Aula - Multiculturalismo 2014.1

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Av. Dom Luís, 911, Meireles 
Fortaleza-Ceará – CEP 60160-230 
Tel. (0xx85) 3461-2020 / FAX (0xx85) 3461.2020 Ramal 4074 
 E-mail: fc@christus.br 
1 
 
 
 
 
 
 
 
- PROBLEMAS FILOSÓFICOS DA MODERNIDADE - A QUESTÃO DO MULTICULTURALISMO 
 
.1 - O QUE É CULTURA? As palavras cultura, culto e colonização derivam do mesmo radical latino colo, cujo 
particípio passado é cultus e o particípio futuro é cultura. Colunus é o que cultiva uma propriedade rural. Dois 
tipos de colonização: eu moro, eu cultivo (eu moro e eu cultivo a terra). Cultus quer dizer que a sociedade já 
produziu o seu alimento e já tem memória, pois cultura remete a cultus através dos séculos. É o ser humano 
preso a terra e nela abrindo covas. Daí, a expressão culto aos mortos. Modernamente, assume a expressão de 
redes de significados construídos historicamente. 
 
.2- O QUE É CULTURALISMO? corrente filosófica que surge na Alemanha como desenvolvimento do 
neokantismo, cujo programa foi proposto por HERMANN COHEN em torno de quem se estruturou a Escola de 
Marburgo. A produção cultural desse grupo contribuiu para resgatar o prestígio da Filosofia. No plano da Filosofia 
do Direito o culturalismo produziu a teoria tridimensional do direito de Miguel Reale. 
 
.3.- O QUE É O MULTICULTURALISMO? Movimento que ocorre principalmente nos EUA e que tem como 
objetivo a elevação e valorização de meios formativos étnicos diferentes. Podemos observar esse movimento em 
currículos escolares que incluem a contribuição de pessoas não-brancas à história. Sua promoção se deveu à 
antiga opressão étnica e racial do etnocentrismo, uma espécie de cegueira para diferenças culturais ou 
julgamento negativo que membros de uma cultura tendem a fazer sobre outras culturas. 
 
.4.- O QUE É ETNICIDADE? É um conceito que se refere a uma cultura e estilo de vida comuns. Esse 
conjunto de pessoas é chamada de coletividade ou categoria étnica. Um trabalho etnográfico é uma explicação 
descritiva doa vida social e da cultura de um dado sistema social. Desempenha um papel importante na 
etnologia, o ramo da antropologia que estuda como as culturas se desenvolvem ao longo da história e se 
comparam uma as outras. Os que colaboram na formação da mesma cultura não pertencem necessariamente 
ao mesmo ramo étnico e nem sempre os mesmos descendentes de uma estirpe participam da mesma cultura., 
pois isto pode-se a afirmar que cultura não é uma função da herança biológica. 
 
.5.- ACOMODAÇÃO DAS CULTURAS. É um processo social com o objetivo de diminuir o conflito entre 
indivíduos ou grupos, encontrando um novo modus vivendi. É um ajustamento formal, aparecendo apenas nos 
aspectos externos do comportamento, sendo pequena ou nula a mudança interna, relativa a valores, atividades e 
significados. 
 
.6.- ACULTURAÇÃO. Processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em contato contínuo, 
originam mudanças importantes em uma delas ou em ambas. 
DISCIPLINA: Filosofia 
Prof.: Nicodemos F. Maia 
CARGA HORÁRIA: 
80h / a 
GRAU DE ENSINO: 
GRADUAÇÃO (Bacharelado) CURSO DE DIREITO 
CÓDIGO: 
31076 
 
NOTA DE AULA 
DISCIPLINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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.7.- ADAPTAÇÃO DAS CULTURAS. De maneira ampla, significa o ajustamento biológico do ser humano ao 
ambiente físico em que vive. Pode também ser aplicada à vida em sociedade, que ocasiona o surgimento de 
certo denominador comum entre os componentes de uma sociedade particular, certo grau de adesão e 
conformidade às normas estabelecidas, que varia com a margem de liberdade e de autonomia que o meio social 
permite ao indivíduo. 
 
.8.- ASSIMILAÇÃO CULTURAL. Processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e 
adquirem padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes de outra parte. É um ajustamento interno e 
indício da integração sócio-cultural, ocorrendo principalmente nas populações que reúnem grupos diferentes. Em 
vez de apenas diminuir, pode terminar com o conflito. 
 
.9.- SOCIOLOGIA CULTURAL: 1) quais as influências que os processos sociais exercem sobre a gestação e 
o desenvolvimento da cultura em geral? 2) quais as influências que os conteúdos culturais exercem sobre os 
processos sociais? 
 
.9.- AS DOUTRINAS RACISTAS: RAÇAS SUPERIORES E RAÇAS INFERIORES. 1) Doutrinas com 
pretensão de Filosofia da História: a) GOUBINEAU (1853-5); b) CHAMBERLAIN (1855-1927): causa básica do 
progresso é o fator racial. O povo regride quando se mistura e progride quando a raça é pura. Só existem três 
raças: branca; amarela e negra. A raça superior é a branca e dentro dela a ariana (gregos, romanos e teutões ou 
germanos) 2) Doutrinas antropométricas: a) Lapoge e Ammon – não leva em conta as estirpes, mas a 
antropometria física: 1) nórdico: alto e dolicocéfalo, ruivo, ambicioso, trabalhador, audaz, progressista, 
protestante, se sobrepõe, mas não oprime; 2) alpino: estatura média, braquicéfalo, laborioso, prudente, com 
talento, mas sem gênio, amante da uniformidade, igualdade e de receber proteção do Estado; 3) mediterrâneo: 
de baixa estatura, dolicocéfalo e moreno. 3) Doutrina da hereditariedade: a) FRANCIS GALTON e KARL 
PEARSON- baseia na hereditariedade para uma política de eugenia. Para melhorar a raça os brancos deviam 
expulsar as raças inferiores e elaborar uma política de eugênica tendente ao melhoramento da raça de uma país. 
 
. - AS VÁRIAS FACES DO MULTICULTURALISMO - AGNES HELLER: O multiculturalismo é uma palavra de 
moda e também um termo altamente politizado. Por outro lado, liberais conservadores e, mais tarde, 
universalistas tradicionais norte-americanos começaram a ver o multiculturalismo como um tipo de “chauvinismo 
tacanho” (Walzer, 1994). O multiculturalismo recentemente tem sido, todavia, atacado, especialmente entre 
antinacionalistas, como uma espécie de biopolítica e ideologia de apoio das chamadas “etnocracias” pós-
modernas (Gombar, 1994). O multiculturalismo é um conceito geral e, assim, transcontextual. Mas temas 
culturais não podem ser abordados de modo transcontextual. A compreensão de qualquer coisa que seja 
essencialmente holística – e a cultura é uma delas – demanda uma abordagem contextual. A cultura política 
deve ser algo contextual, pela simples razão de que todas as culturas como entidades devem ser compreendidas 
contextualmente. O discurso do multiculturalismo, no entanto, é freqüentemente conduzido de modo 
transcontextual e, além disso, superpolitizado. Essa falácia fecha o caminho para um diálogo aberto. Para 
tornar esse diálogo possível, eu recomendaria os três passos seguintes: Primeiro, deve-se desconstruir o 
conceito de cultura e discutir as várias esferas de cultura separadamente. Segundo, desconstruir o prefixo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“multi” no termo composto “multi-cultural” de modo que se distingam pelo menos quatro grandes tipos de culturas 
múltiplas. Terceiro, o conceito de cultura deve ser despolitizado na discussão geral e re-politizado apenas até o 
ponto em que se começa a examinar um tipo de multiculturalismo entre os três que iremos abordar. Três 
esferas de cultura: a cultura da vida cotidiana, a alta cultura e o discurso cultural. Entre os tipos de culturas 
múltiplas, vou distinguir quatro grandes grupos, ainda que existam razoavelmente distinções e subgrupos entre 
eles – o que, novamente, não fará justiça à qualidade única de cada cultura, seja ela tomada isoladamente ou 
como composto de culturas.Esses quatro grandes grupos são: a) a multiplicidade de culturas nos Novos Mundos 
(as Américas, a Austrália, a Nova Zelândia); b) as culturas tradicionalmente múltiplas dos Velhos Mundos (tanto 
na Europa quanto na Ásia); c) a multiplicidade de culturas verificada em países velhos como resultado de mais 
recentes imigrações em massa; d) um caso singular, o de Israel. 
Nossa discussão então será baseada na hipótese de que, uma vez que as culturas são sistemas abertos e 
holísticos, somente compreensíveis dentro de seus próprios ambientes, torna-se necessário desideologizar e 
despolitizar o termo multiculturalismo. O valor do multiculturalismo está enraizado na modernidade. Os 
valores supremos da modernidade são os conceitos universais de liberdade e de vida. Se houver conflito 
entre essas duas idéias-valor, à liberdade deve ser concedida prioridade. 
Hoje em dia o discurso cultural está atrelado à alta cultura. Pelos últimos 200 anos nós começamos a chamar 
“cultos” a homens e mulheres se o seu modo ou estilo de vida exigia uma experiência contínua na alta cultura e 
uma prática constante de discurso cultural, a partir de tópicos variados que iam além da tradição e do patrimônio 
cultural próprios de um único grupo cultural. Discurso não é o mesmo que fala discursiva, porque aquele inclui 
juízos, referências e alusões a uma experiência compartilhada. Homens e mulheres vivem, e sempre viveram, 
em dois mundos: um mundo cotidiano, de senso comum, e em “outro mundo”. O “outro mundo” engloba 
experiências compartilhadas que elevam homens e mulheres acima de suas ocupações cotidianas e do seu 
egoísmo. A alta cultura é o único herdeiro e sucessor da cultura tradicional, porque os objetos da alta 
cultura são densos em significado, não se pode jamais “encerrar” as suas interpretações. À cultura (menor) de 
massas, todavia, falta essa densidade de significado. Todos os tópicos podem ser enfocados num discurso 
cultural, ainda que os produtos de alta cultura sejam, em razão de sua inexaurível capacidade hermenêutica, 
especialmente aptos a serem tópicos de discussão. Mas a política, questões sociais, praticamente tudo que 
interesse a uma comunidade de pessoas pode ser relevante nesse contexto. O discurso cultural não é cultura 
fundamentalmente porque os seus temas sejam assuntos de cultura, mas sim porque o discurso em si 
constitui cultura, já que seu objetivo não é nem o de resolver problemas nem o de apurar os fatos. Nesse 
sentido o discurso cultural é um fim em si mesmo. As pessoas distanciam-se das ocupações normais da vida 
diária por meio do discurso cultural. Ao engajarem-se nele, elas suspendem a unidade imediata entre 
conhecimento e ação. Assim, pode-se dissociar o pensamento das atividades cotidianas, ou melhor, torna-se o 
pensar uma atividade cotidiana mediante a conversa prazerosa. Se houver grupos com origens culturais 
distintas e que provenham de variadas tradições culturais, então o discurso torna-se um discurso 
cultural. Já que discutimos aqui o multiculturalismo, o que temos em mente é uma comunidade mais ampla ou 
um corpo político que abranjam uma multiplicidade de diversas culturas – pelo menos no sentido de culturas 
cotidianas. O contexto de uma multiplicidade de culturas será diferente se todas essas culturas tiverem uma 
camada própria, indígena, de alta cultura; será outro, ainda, se apenas algumas delas a possuírem, assim como 
diverso será também se apenas uma ou nenhuma delas a possuir. Toda cultura é igual e o entendimento 
recíproco entre as culturas não é necessário, porque elas podem existir uma ao lado da outra. Em poucas 
palavras, o multiculturalismo norte-americano contemporâneo é uma ideologia que, sob a pretensão de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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promover e preservar a diversidade, em realidade abole a distinção entre os três níveis de cultura – os da 
vida cotidiana, da alta cultura e da cultura do discurso. Todas as culturas são niveladas aos elementos 
básicos da cultura cotidiana e da cultura de massas. Não é preciso dizer que a situação no Velho Mundo não 
se parece em absoluto com a da América. E é por isso que a política multiculturalista não tem nem os mesmos 
motivos, nem pode ou deve implicar, na Europa, os mesmos efeitos verificados na América do Norte. Na Europa 
o multiculturalismo não tem tão fortes vínculos com a cultura de massas. Seja como for, a cultura de massas é 
global, mas produzida nos Estados Unidos, não na Europa. Mesmo que a cultura de massas norte-
americana seja consumida pela mídia ao redor do mundo, ela não terá nada a ver com o multiculturalismo 
produzido na Europa. O multiculturalismo protetor defende cada cultura contra a discriminação, seja pelo 
Estado seja pela sociedade. Ele também protege o direito de todos os grupos à auto-articulação e o direito de 
reunião em público. Além disso, o multiculturalismo protetor defende de muitas maneiras as culturas contra 
pressões assimilatórias. O multiculturalismo norte-americano prestigia a segregação e o separatismo, e 
despreza o diálogo. Na opinião daqueles a quem chamo de “multiculturalistas ofensivos”, todas as culturas 
são iguais por definição. Afirmar algo diferente disso é por definição racista ou pelo menos elitista. Não obstante, 
o multiculturalismo europeu também pode ser ofensivo, por exemplo, ao considerar todas as regulamentações de 
imigração com suspeição, ou se mantiver objeções contra a promoção da língua ou da cultura nacional. As 
nações européias não são apenas nações constitucionais como aquelas do Novo Mundo. O que o 
multiculturalismo defensivo almeja conquistar e estabilizar como uma atitude geral entre os membros de 
culturas diferentes é que eles possam simultaneamente manter e cultivar suas raízes, práticas religiosas, 
padrões de vida familiar e de amizade, culinária, gestos e modos de contar piadas e assim por diante, e que tudo 
isso não deva ser considerado como algo estranho em sua diferença, mas como algo interessante, atraente e 
rico. E se algo é verdade no plano micro, por que não seria no plano mundial? O futuro da modernidade depende 
de muitas coisas, mas entre elas depende também da capacidade ou incapacidade das culturas de cooperarem, 
de compreenderem umas às outras e, até certo ponto, de integrarem-se. O multiculturalismo defensivo oferece 
algumas avenidas para que sejam alcançados esses objetivos. Já o multiculturalismo ofensivo abre todos os 
caminhos para a perpetuação da guerra étnica e para o desaparecimento da multiplicidade cultural, que 
supostamente deveria proteger. 
 
.- LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003. 
 
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 
que estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de 
Ensino a obrigatoriedade da temática "História e 
Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 
79-B: "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se 
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos 
Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, 
resgatando a contribuiçãodo povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. 
 § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o 
currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. "Art. 79-B. 
O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como „Dia Nacional da Consciência Negra‟." Art. 2o Esta Lei 
entra em vigor na data de sua publicação. 
CONVENÇÃO 111 DA OIT 
 Art. 1.0: Artigo 1.º 
(1) Para os fins da presente Convenção, o termo «discriminação» compreende: 
a) Toda a distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, 
ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de 
oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão; 
b) Toda e qualquer distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade 
de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especificada 
pelo Estado Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de patrões e 
trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados. 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010. 
 
Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis 
n
os
 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de 
abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, 
de 24 de novembro de 2003. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 
eu sanciono a seguinte Lei: 
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1
o
 Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a 
efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o 
combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. 
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em 
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o 
reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades 
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou 
privada; 
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços 
e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou 
étnica; 
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância 
social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais; 
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito 
cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam 
autodefinição análoga; 
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas 
atribuições institucionais; 
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada 
para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades. 
Art. 2
o
 É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo 
cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, 
especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, 
defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais. 
Art. 3
o
 Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos direitos e garantias 
fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz 
político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o 
fortalecimento da identidade nacional brasileira. 
Art. 4
o
 A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida 
econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de: 
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social; 
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa; 
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamento e a superação 
das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica; 
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às 
desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e estruturais; 
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a representação da 
diversidade étnica nas esferas pública e privada; 
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção 
da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante a implementação 
de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VII - implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades 
étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios de 
comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros. 
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas públicas destinadas a 
reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública 
e privada, durante o processo de formação social do País. 
Art. 5
o
 Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promoção da 
Igualdade Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III. 
TÍTULO II 
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
CAPÍTULO I 
DO DIREITO À SAÚDE 
Art. 6
o
 O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante políticas 
universais, sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agravos. 
§ 1
o
 O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e 
recuperação da saúde da população negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições públicas 
federais, estaduais, distritais e municipais, da administração direta e indireta. 
§ 2
o
 O poder público garantirá que o segmento da população negra vinculado aos seguros privados de 
saúde seja tratado sem discriminação. 
Art. 7
o
 O conjunto de ações de saúde voltadas à população negra constitui a Política Nacional de Saúde 
Integral da População Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas: 
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças dos movimentos sociais em defesa da saúde 
da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS; 
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra; 
III - desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educação para contribuir com a 
redução das vulnerabilidades da populaçãonegra. 
Art. 8
o
 Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: 
I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnicas e 
o combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS; 
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao 
processamento e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero; 
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra; 
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos processos de formação e educação 
permanente dos trabalhadores da saúde; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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V - a inclusão da temática saúde da população negra nos processos de formação política das lideranças 
de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS. 
Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos serão beneficiários de 
incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais, no 
saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde. 
CAPÍTULO II 
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 9
o
 A população negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais, esportivas e de 
lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cultural de sua 
comunidade e da sociedade brasileira. 
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9
o
, os governos federal, estaduais, distrital e municipais 
adotarão as seguintes providências: 
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra ao ensino gratuito e às 
atividades esportivas e de lazer; 
II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social e cultural da população 
negra; 
III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade aos 
membros da população negra faça parte da cultura de toda a sociedade; 
IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira. 
Seção II 
Da Educação 
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é 
obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil, observado o disposto 
na Lei n
o
 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
§ 1
o
 Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministrados no âmbito de 
todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social, econômico, 
político e cultural do País. 
§ 2
o
 O órgão competente do Poder Executivo fomentará a formação inicial e continuada de professores e 
a elaboração de material didático específico para o cumprimento do disposto no caput deste artigo. 
§ 3
o
 Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos responsáveis pela educação incentivarão a 
participação de intelectuais e representantes do movimento negro para debater com os estudantes suas 
vivências relativas ao tema em comemoração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar 
incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos 
quilombos e às questões pertinentes à população negra. 
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos competentes, incentivará as instituições de 
ensino superior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a: 
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos 
diversos programas de pós-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população negra; 
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que incluam 
valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira; 
III - desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de 
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários; 
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e 
comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a 
formação docente baseada em princípios de equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. 
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por entidades do 
movimento negro que desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante cooperação técnica, 
intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos. 
Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa. 
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de promoção da 
igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção. 
Seção III 
Da Cultura 
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras formas de 
manifestação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio histórico e 
cultural, nos termos dos arts. 215e 216 da Constituição Federal. 
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à preservação de 
seus usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. 
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios detentores de reminiscências históricas dos 
antigos quilombos, tombados nos termos do § 5
o
 do art. 216 da Constituição Federal, receberá especial 
atenção do poder público. 
Art. 19. O poder público incentivará a celebração das personalidades e das datas comemorativas 
relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem como sua 
comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas. 
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas modalidades, 
como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216 da 
Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio dos atos normativos necessários, a 
preservação dos elementos formadores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais. 
Seção IV 
Do Esporte e Lazer 
Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da população negra às práticas desportivas, 
consolidando o esporte e o lazer como direitos sociais. 
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, nos termos do art. 217 da 
Constituição Federal. 
§ 1
o
 A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as modalidades em que a capoeira se 
manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território nacional. 
§ 2
o
 É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres 
tradicionais, pública e formalmente reconhecidos. 
CAPÍTULO III 
DO DIREITO À LIBERDADEDE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS 
RELIGIOSOS 
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de 
matriz africana compreende: 
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação e manutenção, 
por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins; 
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões; 
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes ligadas às respectivas 
convicções religiosas; 
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de artigos e materiais religiosos adequados aos 
costumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas por legislação 
específica; 
V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao exercício e à difusão das religiões de 
matriz africana; 
VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada para a 
manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões; 
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para divulgação das respectivas religiões; 
VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de 
intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas internados 
em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submetidos a pena privativa de 
liberdade. 
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as religiões 
de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo de: 
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições, imagens ou 
abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na religiosidade de 
matrizes africanas; 
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico e cultural, os 
monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes africanas; 
III - assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matrizes africanas, ao lado 
da representação das demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação 
vinculadas ao poder público. 
CAPÍTULO IV 
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA 
Seção I 
Do Acesso à Terra 
Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas públicas capazes de promover o acesso da 
população negra à terra e às atividades produtivas no campo. 
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no campo, o 
poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrícola. 
Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao 
crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da produção. 
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação profissional agrícola para os trabalhadores 
negros e as comunidades negras rurais. 
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é 
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. 
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais voltadas para o 
desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de 
proteção ambiental das comunidades. 
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos receberão dos 
órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de financiamento 
público, destinados à realização de suas atividades produtivas e de infraestrutura. 
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas 
previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Seção II 
Da Moradia 
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas públicas para assegurar o direito à 
moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas 
ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e 
na qualidade de vida. 
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento 
habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comunitários associados à 
função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a regularização 
fundiária da habitação em área urbana. 
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais realizadas no âmbito do Sistema 
Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei n
o
 11.124, de 16 de junho de 2005, 
devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e culturais da população negra. 
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estimularão e facilitarão a participação de 
organizações e movimentos representativos da população negra na composição dos conselhos constituídos 
para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS). 
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promoverão ações para viabilizar o acesso da 
população negra aos financiamentos habitacionais. 
CAPÍTULO V 
DO TRABALHO 
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado de 
trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se: 
I - o instituído neste Estatuto; 
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965; 
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção n
o
 111, de 1958, da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão; 
IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunidade internacional. 
Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de 
trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à promoção da 
igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e 
organizações privadas. 
§ 1
o
 A igualdade de oportunidades será lograda mediante a adoção de políticas e programas de 
formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população negra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 2
o
 As ações visando a promover a igualdade deoportunidades na esfera da administração pública far-
se-ão por meio de normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específica e em seus 
regulamentos. 
§ 3
o
 O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado. 
§ 4
o
 As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o princípio da proporcionalidade de gênero 
entre os beneficiários. 
§ 5
o
 Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano, com 
ações afirmativas para mulheres negras. 
§ 6
o
 O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da mulher negra 
no trabalho artístico e cultural. 
§ 7
o
 O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação 
profissional nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores negros de 
baixa escolarização. 
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, 
programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orientará a 
destinação de recursos para seu financiamento. 
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de financiamento para constituição e 
ampliação de pequenas e médias empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o estímulo à 
promoção de empresários negros. 
Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos 
locais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população negra. 
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar critérios para provimento de cargos em comissão 
e funções de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir a estrutura da 
distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual, observados os dados demográficos oficiais. 
CAPÍTULO VI 
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação 
da população negra na história do País. 
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em 
salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, 
figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação de natureza política, ideológica, 
étnica ou artística. 
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica aos filmes e programas que abordem 
especificidades de grupos étnicos determinados. 
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão 
e em salas cinematográficas o disposto no art. 44. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, as 
empresas públicas e as sociedades de economia mista federais deverão incluir cláusulas de participação de 
artistas negros nos contratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter 
publicitário. 
§ 1
o
 Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, nas especificações para contratação de 
serviços de consultoria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a 
obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou 
serviço contratado. 
§ 2
o
 Entende-se por prática de iguais oportunidades de emprego o conjunto de medidas sistemáticas 
executadas com a finalidade de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao 
projeto ou serviço contratado. 
§ 3
o
 A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prática de iguais 
oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do poder público federal. 
§ 4
o
 A exigência disposta no caput não se aplica às produções publicitárias quando abordarem 
especificidades de grupos étnicos determinados. 
TÍTULO III 
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL 
(SINAPIR) 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR 
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como forma de 
organização e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços destinados a 
superar as desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo poder público federal. 
§ 1
o
 Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão participar do Sinapir mediante adesão. 
§ 2
o
 O poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do Sinapir. 
CAPÍTULO II 
DOS OBJETIVOS 
Art. 48. São objetivos do Sinapir: 
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive 
mediante adoção de ações afirmativas; 
II - formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a integração 
social da população negra; 
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distrital e municipais; 
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das ações afirmativas 
e o cumprimento das metas a serem estabelecidas. 
CAPÍTULO III 
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA 
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de promoção da igualdade racial contendo as 
metas, princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial 
(PNPIR). 
§ 1
o
 A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem como a 
organização, articulação e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável pela política de 
promoção da igualdade étnica em âmbito nacional. 
§ 2
o
 É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum intergovernamental de promoção da 
igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da igualdade étnica, 
com o objetivo de implementar estratégias que visem à incorporação da política nacional de promoção da 
igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios. 
§ 3
o
 As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção da igualdade étnica serão elaboradas por 
órgão colegiado que assegure a participação da sociedade civil. 
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais, no âmbito das respectivas esferas de 
competência, poderão instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter permanente e 
consultivo, compostos por igual número de representantes de órgãos e entidades públicas e de organizações 
da sociedade civil representativas da população negra. 
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos recursos referentes aos programas e 
atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos de 
promoção da igualdade étnica. 
CAPÍTULO IV 
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA 
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e 
Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar denúncias de 
preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a implementação de medidas para apromoção da igualdade. 
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, 
à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias, para a garantia 
do cumprimento de seus direitos. 
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres negras em situação de violência, garantida a 
assistência física, psíquica, social e jurídica. 
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a violência policial incidente sobre a população 
negra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocialização e proteção da juventude negra em 
conflito com a lei e exposta a experiências de exclusão social. 
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados por 
servidores públicos em detrimento da população negra, observado, no que couber, o disposto na Lei n
o
 7.716, 
de 5 de janeiro de 1989. 
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aos interesses da população negra 
decorrentes de situações de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública, 
disciplinada na Lei n
o
 7.347, de 24 de julho de 1985. 
CAPÍTULO V 
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL 
Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos 
orçamentos anuais da União, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se refere o inciso 
VII do art. 4
o
 desta Lei e outras políticas públicas que tenham como objetivo promover a igualdade de 
oportunidades e a inclusão social da população negra, especialmente no que tange a: 
I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, emprego e moradia; 
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da 
qualidade de vida da população negra; 
III - incentivo à criação de programas e veículos de comunicação destinados à divulgação de matérias 
relacionadas aos interesses da população negra; 
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas autodeclaradas 
negras; 
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na educação 
fundamental, média, técnica e superior; 
VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, distrital e municipais e de entidades da 
sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de oportunidades para a população negra; 
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das tradições africanas e brasileiras. 
§ 1
o
 O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas que garantam, em cada exercício, a 
transparência na alocação e na execução dos recursos necessários ao financiamento das ações previstas 
neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos orçamentários destinados aos programas 
de promoção da igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento 
agrário, habitação popular, desenvolvimento regional, cultura, esporte e lazer. 
§ 2
o
 Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício subsequente à publicação deste Estatuto, 
os órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas referidas no § 1
o
 
deste artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a participação nos programas de ação afirmativa 
referidos no inciso VII do art. 4
o
 desta Lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 3
o
 O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas necessárias para a adequada implementação 
do disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de participação crescente dos programas de ação 
afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2
o
 deste artigo. 
§ 4
o
 O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável pela promoção da igualdade racial 
acompanhará e avaliará a programação das ações referidas neste artigo nas propostas orçamentárias da 
União. 
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, poderão ser consignados nos orçamentos 
fiscal e da seguridade social para financiamento das ações de que trata o art. 56: 
I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
II - doações voluntárias de particulares; 
III - doações de empresas privadas e organizações não governamentais, nacionais ou internacionais; 
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais; 
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos internacionais. 
TÍTULO IV 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras em prol da população negra que tenham 
sido ou venham a ser adotadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para aferir a eficácia social das medidas previstas 
nesta Lei e efetuará seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de relatórios periódicos, 
inclusive pela rede mundial de computadores. 
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação. 
Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
 
Eloi Ferreira de Araújo 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
HC 82424 / RS - RIO GRANDE DO SUL 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. MOREIRA ALVES 
Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Julgamento: 17/09/2003 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação 
DJ 19-03-2004 PP-00017 EMENT VOL-02144-03 PP-00524 
Parte(s) 
PACTE. : SIEGFRIED ELLWANGER 
IMPTES. : WERNER CANTALÍCIO JOÃO BECKER 
COATOR: SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
Ementa 
 
HABEAS-CORPUS. PUBLICAÇÃO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO. CRIME IMPRESCRITÍVEL. 
CONCEITUAÇÃO. ABRANGÊNCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE EXPRESSÃO. LIMITES. ORDEM 
DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros "fazendo apologia de idéias preconceituosas 
e discriminatórias" contra a comunidade judaica (Lei 7716/89, artigo 20, na redação dada pela Lei 
8081/90) constitui crime de racismo sujeito às cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, 
artigo 5º, XLII). 2. Aplicação do princípio da prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus não são uma 
raça, segue-se que contra eles não pode haver discriminação capaz de ensejar a exceção constitucional 
de imprescritibilidade. Inconsistência da premissa. 3. Raça humana. Subdivisão. Inexistência. Com a 
definição e o mapeamento do genoma humano, cientificamente não existem distinções entre os homens, 
seja pela segmentação da pele, formato dos olhos, altura, pêlos ou por quaisquer outras características 
físicas, visto que todos se qualificam como espécie humana. Não há diferenças biológicas entre os seres 
humanos. Na essência são todos iguais. 4. Raça e racismo. A divisão dos seres humanos em 
raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social. Desse pressuposto origina-se o 
racismo que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito segregacionista. 5. Fundamento do 
núcleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus eos arianos formam raças distintas. Os 
primeiros seriam raça inferior, nefasta e infecta, características suficientes para justificar a segregação e 
o extermínio: inconciabilidade com os padrões éticos e morais definidos na Carta Política do Brasil e do 
mundo contemporâneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrático. Estigmas que por si 
só evidenciam crime de racismo. Concepção atentatória dos princípios nos quais se erige e se organiza a 
sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacífica 
convivência no meio social. Condutas e evocações aéticas e imorais que implicam repulsiva ação estatal 
por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e 
constitucional do País. 6. Adesão do Brasil a tratados e acordos multilaterais, que energicamente 
repudiam quaisquer discriminações raciais, aí compreendidas as distinções entre os homens por 
restrições ou preferências oriundas de raça, cor, credo, descendência ou origem nacional ou étnica, 
inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro, de que são exemplos a xenofobia, 
"negrofobia", "islamafobia" e o anti-semitismo. 7. A Constituição Federal de 1988 impôs aos agentes de 
delitos dessa natureza, pela gravidade e repulsividade da ofensa, a cláusula de imprescritibilidade, para 
que fique, ad perpetuam rei memoriam, verberado o repúdio e a abjeção da sociedade nacional à sua 
prática. 8. Racismo. Abrangência. Compatibilização dos conceitos etimológicos, etnológicos, 
sociológicos, antropológicos ou biológicos, de modo a construir a definição jurídico-constitucional do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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termo. Interpretação teleológica e sistêmica da Constituição Federal, conjugando fatores e circunstâncias 
históricas, políticas e sociais que regeram sua formação e aplicação, a fim de obter-se o real sentido e 
alcance da norma. 9. Direito comparado. A exemplo do Brasil as legislações de países organizados sob a 
égide do estado moderno de direito democrático igualmente adotam em seu ordenamento legal punições 
para delitos que estimulem e propaguem segregação racial. Manifestações da Suprema Corte Norte-
Americana, da Câmara dos Lordes da Inglaterra e da Corte de Apelação da Califórnia nos Estados Unidos 
que consagraram entendimento que aplicam sanções àqueles que transgridem as regras de boa 
convivência social com grupos humanos que simbolizem a prática de racismo. 10. A edição e publicação 
de obras escritas veiculando idéias anti-semitas, que buscam resgatar e dar credibilidade à concepção 
racial definida pelo regime nazista, negadoras e subversoras de fatos históricos incontroversos como o 
holocausto, consubstanciadas na pretensa inferioridade e desqualificação do povo judeu, equivalem à 
incitação ao discrímen com acentuado conteúdo racista, reforçadas pelas conseqüências históricas dos 
atos em que se baseiam. 11. Explícita conduta do agente responsável pelo agravo revelador de manifesto 
dolo, baseada na equivocada premissa de que os judeus não só são uma raça, mas, mais do que isso, 
um segmento racial atávica e geneticamente menor e pernicioso. 12. Discriminação que, no caso, se 
evidencia como deliberada e dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilícito de prática de 
racismo, com as conseqüências gravosas que o acompanham. 13. Liberdade de expressão. Garantia 
constitucional que não se tem como absoluta. Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão não 
pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. 14. As 
liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, 
observados os limites definidos na própria Constituição Federal (CF, artigo 5º, § 2º, primeira parte). O 
preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o "direito à incitação ao racismo", dado 
que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com 
os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade 
jurídica. 15. "Existe um nexo estreito entre a imprescritibilidade, este tempo jurídico que se escoa sem 
encontrar termo, e a memória, apelo do passado à disposição dos vivos, triunfo da lembrança sobre o 
esquecimento". No estado de direito democrático devem ser intransigentemente respeitados os 
princípios que garantem a prevalência dos direitos humanos. Jamais podem se apagar da memória dos 
povos que se pretendam justos os atos repulsivos do passado que permitiram e incentivaram o ódio 
entre iguais por motivos raciais de torpeza inominável. 16. A ausência de prescrição nos crimes de 
racismo justifica-se como alerta grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a 
reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos que a consciência jurídica e histórica não mais 
admitem. Ordem denegada. 
 
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
Decreto nº 65.810 - de 8 de dezembro de 1969 
Presidente da República, havendo o Congresso Nacional aprovado pelo decreto legislativo n. 23 (*), de 21 
junho de 1967, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas Discriminação Racial, que 
foi aberta à assinatura em Nova York e pelo Brasil 7 de março de 1966; 
E havendo sido depositado de Ratificação, junto ao Secretário Geral das Nações Unidas, a 27 de março de 
1968; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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E tendo a referida Convenção entrado em vigor, de conformidade com o disposto em seu artigo 19, 1.°, a 4 de 
janeiro de 1969; 
Decreta que a mesma, apensa por cópia ao presente Decreto, seja executada e cumprida tão inteiramente 
como nela se contém. 
Emílio G. Médici - Presidente da República. 
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
Os Estados partes na presente Convenção, 
Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-se em princípios de dignidade inerentes a todos os seres 
humanos, e que todos os Estados Membros comprometeram-se a tomar medidas separadas e conjuntas em 
cooperação com a Organização, para a consecução de um dos propósitos das Nações Unidas que é promover 
e encorajar o respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todas, 
sem discriminação de raça, sexo, idioma ou religião. 
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do homem proclama que todos os homens nascem 
livres e iguais em dignidade e direitos e que todo homem tem todos os direitos estabelecidos na mesma, sem 
distinção de qualquer espécie e principalmente de raça, cor ou origem nacional. 
Considerando que todos os homens são iguais perante a lei e têm o direito à igual proteção contra qualquer 
discriminação e contra qualquer incitamento à discriminação, 
Considerando que as Nações Unidas têm condenado o colonialismo e todas as práticas de segregação e 
discriminação a ele associadas, em qualquer forma e onde quer que existam, e que a Declaração sobre a 
Concessão de Independência, a Países e povos Coloniais, de 14 de dezembro de 1960 (Resolução n. 
1.514(XV), da Assembléia Geral) afirmou e proclamou solenemente a necessidade de levá-las a um fim rápido 
e incondicional, 
Considerando que a Declaração das Nações Unidas sobre eliminação de todas as formas Discriminação 
Racial, de 20 de novembro de 1963, ( Resolução n. 1.904 (XVIII) da Assembléia Geral ), afirma solenemente a 
necessidade de eliminar rapidamentea discriminação racial através do mundo em todas as suas formas e 
manifestações e de assegurar a compreensão e o respeito à dignidade da pessoa humana, 
Convencidos de que qualquer doutrina de superioridade baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, 
moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa, em que, não existe justificação para a discriminação 
racial, em teoria ou na prática, em lugar algum, 
Reafirmando que a discriminação entre os homens por motivos de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo a 
ralações amistosas e pacíficas entre as nações e é capaz de disturbar a paz e a segurança entre povos e a 
harmonia de pessoas vivendo lado a lado até dentro de um mesmo Estado. 
Convencidos que a existência de barreiras raciais repugna os ideais de quaisquer sociedade humana, 
Alarmados por manifestações de discriminação racial em evidência em algumas áreas do mundo e por políticos 
governamentais baseadas em superioridade racial ou ódio, como as políticas de apartheid, segregação ou 
separação, 
Resolvido a adotar todas as medidas necessárias para eliminar rapidamente a discriminação racial em todas as 
suas formas e manifestações, e a prevenir e combater doutrinas e práticas racistas com o objetivo de promover 
o entendimento entre raças e construir uma comunidade internacional livre de todas as forma segregação racial 
e discriminação racial, 
Levando em conta a Convenção sobre Discriminação nos Empregos e Ocupação adotada pela Organização 
Internacional do Trabalho em 1958, e a Convenção contra discriminação no Ensino adotada pela Organização 
da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 1960, 
Desejosos de completar os princípios estabelecidos na Declaração das Nações Unidas sobre a eliminação de 
todas as formas de discriminação racial e assegurar o mais cedo possível a adoção de medidas práticas esse 
fim, 
Acordam no seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARTE I 
ARTIGO I 
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção, exclusão, restrição ou 
preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito 
anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de 
direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer 
outro domínio de sua vida. 
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado 
Parte nesta Convenção entre cidadãos. 
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais dos Estados Partes, 
relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições não discriminem contra 
qualquer nacionalidade particular. 
4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas especiais tomadas como o único objetivo de 
assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que necessitem da proteção 
que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos 
humanos e liberdades fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam, em conseqüência , á 
manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos 
alcançados os seus objetivos. 
ARTIGO II 
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por todos os meios 
apropriados e sem uma política de eliminação da discriminação racial em todas as suas formas e de promoção 
de entendimento entre todas as raças e para esse fim: 
a) cada Estado parte compromete-se a efetuar nenhum ato ou prática de discriminação racial contra pessoas, 
grupos de pessoas ou instituições e fazer com que todas as autoridades públicas nacionais ou locais, se 
conformem com esta obrigação; 
b) cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defender ou apoiar a discriminação racial praticada por 
uma pessoa ou organização qualquer; 
c) cada Estado parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim de rever as políticas governamentais nacionais 
e locais e para modificar, ab-rogar ou anular qualquer disposição regulamentar que tenha como objetivo criar a 
discriminação ou perpetra-la onde já existir; 
d) cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropriados, inclusive, se as circunstâncias o exigirem as 
medidas legislativas, proibir e por fim, a discriminação racial praticadas por pessoa, por grupo ou das 
organizações; 
e) cada Estado Parte compromete-se favorecer, quando for o caso, as organizações e movimentos multi-
raciais e outros meios próprios a eliminar as barreiras entre as raças e a desencorajar o que tende a fortalecer 
a divisão racial. 
2. Os Estados Parte tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social, econômico, cultural e 
outros, as medidas especiais e concretos para assegurar como convier o desenvolvimento ou a proteção de 
certos grupos raciais de indivíduos pertencentes a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições 
de igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades fundamentais. 
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de manter direitos desiguais ou distintos para os 
diversos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos em razão dos quais foram tomadas. 
ARTIGO III 
Os Estados Partes especialmente condenam a segregação racial e o apartheid e comprometem-se a proibir e a 
eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas as práticas dessa natureza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ARTIGO IV 
Os Estados partes condenam toda propaganda e toda as organizações que se inspirem em idéias ou teorias 
baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem 
étnica ou que pretendem justificar ou encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais e 
comprometem-se a adotar imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal 
discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com este objetivo, tendo em vista os princípios formulados 
na Declaração universal dos direitos do homem e os direitos expressamente enunciados no artigo 5 da 
presente convenção, eles se comprometem principalmente: 
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de idéias baseadas na superioridade ou ódio raciais, 
qualquer incitamento à discriminação racial, assim como quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, 
dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como 
também qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento; 
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim como as atividades de propaganda organizada e 
qualquer outro tipo de atividades de propaganda que incitar à discriminação e que a encorajar e a declara delito 
punível por lei a participação nestas organizações ou nestas atividades. 
c) a não permissão às autoridades públicas nem às instituições públicas, nacionais ou locais, o incitamento ou 
encorajamento à discriminação racial. 
ARTIGO V 
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas no artigo 2, os Estados Partes comprometem-
se a proibir e a eliminar a discriminação racial em todas suas formas e a garantir o direito de cada um à 
igualdade perante a lei sem distinção de raça, de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no gozo 
dos seguintesdireitos: 
a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qualquer outro órgão que administre justiça; 
b) direito à segurança da pessoa ou á proteção do Estado contra violência ou lesão corporal cometida, quer 
por funcionários de Governo, que por qualquer indivíduo, grupo ou instituição; 
c) direitos políticos principalmente direito de participar às eleições - de votar e ser votado - conforme o sistema 
de sufrágio universal e igual, direito de tomar parte no Governo, assim como na direção dos assuntos públicos, 
em qualquer grau e o direito de acesso, em igualdade de condições, às condições, às funções públicas; 
d) outros direitos civis, principalmente, 
i) direito de circular livremente e de escolher residência dentro das fronteiras do Estado; 
ii) direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de voltar a seu país; 
iii) direito a uma nacionalidade; 
iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge; 
v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em conjunto, à propriedade; 
vi) direito de herdar; 
vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; 
viii) direito à liberdade de opinião e de expressão; 
ix) direito à liberdade de reunião e de associação pacífica; 
e) direitos econômicos, sociais e culturais, principalmente: 
i) direitos ao trabalho, a livre escolha de seu trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho, à 
proteção contra o desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a uma remuneração equitativa e 
satisfatória; 
ii) direito de fundar sindicatos e a eles se afiliar; 
iii) direito à habitação; 
iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços sociais; 
v) direito à educação e à formação profissional; 
vi) direito a igual participação das atividades culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público, tais como, meios de 
transportes, hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques. 
ARTIGO VI 
Os Estados partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver sob sua jurisdição, proteção e recursos perante 
os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado competentes, contra quaisquer atos de discriminação racial 
que, contrariamente à presente convenção, violaram seus direitos individuais e suas liberdades fundamentais, 
assim como o direito de pedir a esses tribunais uma satisfação ou reparação justa e adequada por qualquer 
dano de que foi vitima em decorrência de tal discriminação. 
ARTIGO VII 
Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medidas imediatas e eficazes, principalmente no campo do 
ensino, educação, da cultura, e da informação, para lutas contra os preconceitos que levem à discriminação 
racial e para promover, o entendimento, a tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais e étnicos assim 
como para propagar ao objetivo e princípios da Carta das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos 
do Homem, da Declaração das nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial e 
da presente Convenção. 
PARTE II 
ARTIGO VIII 
1. Será estabelecido um Comitê para a eliminação da discriminação racial (doravante denominado "o Comitê") 
composto de 18 peritos conhecidos para sua alta moralidade e conhecida imparcialidade, que serão eleitos 
pelos Estados Membros dentre seus nacionais e que e que atuarão a título individual, levando-se em conta 
uma repartição geográfica equitativa e a representação das formas diversas de civilização assim como dos 
principais sistemas jurídicos. 
2. Os membros do comitê serão eleitos em escrutínio secreto de uma lista de candidatos designados pelos 
Estados Partes, Cada Estado Parte poderá designar um candidato escolhido dentre seus nacionais. 
3. A primeira eleição será realizada seis meses após a data da entrada em vigor da presente Convenção. Três 
meses pelo menos antes de cada eleição, o Secretário Geral das Nações Unidas enviará uma Carta aos 
Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Geral 
elaborará uma lista por ordem alfabética, de todos os candidatos assim nomeados com indicação dos Estados 
partes que os nomearam, e a comunicará aos Estados Partes. 
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião dos Estados Partes convocada pelo Secretário 
Geral das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quorum será alcançado com dois terços dos Estados 
Partes, serão eleitos membros com Comitê, os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria 
absoluta de votos dos representantes dos Estados partes presentes e votantes. 
5. a) os membros do Comitê serão eleitos por um período de quatro anos Entretanto, o mandato de nove 
membros eleitos na primeira eleição, expirará ao fim de dois anos; logo após a primeira eleição os nomes 
desses nove membros serão escolhidos, por sorteio, pelo Presidente do Comitê. 
b) para Preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte, cujo perito deixou de exercer suas funções de membro 
do Comitê, nomeará outro perito dentre seus nacionais sob reserva da aprovação do comitê. 
6) Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas dos membros do comitê para o período em que 
estes desempenharem funções no comitê. 
ARTIGO IX 
1. os estados partes comprometem-se a apresentar ao Secretário Geral, para exame do Comitê, m relatório 
sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras que tomarem para tornarem efetivas as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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disposições da presente convenção: a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da convenção, 
para cada Estado interessado no que lhe diz respeito, e posteriormente, cada dois anos, e toda vez que o 
Comitê solicitar informações complementares aos Estados Partes. 
2. O comitê submeterá anualmente à Assembléia Geral, um relatório sobre suas atividades e poderá fazer 
sugestões e recomendações de ordem geral baseadas no exame dos relatórios e das informações recebidas 
dos Estados Partes. Levará estas sugestões e recomendações de ordem geral ao conhecimento da 
Assembléia Geral, e, se as houver, juntamente com as observações dos Estados Partes. 
ARTIGO X 
1. Comitê adotará seu regulamento interno. 
2. O Comitê elegerá sua mesa por um período de dois anos. 
3. O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas fornecerá os serviços de Secretaria ao Comitê. 
4. O Comitê reunir-se-á normalmente na Sede das Nações Unidas. 
ARTIGO XI 
1. Se um Estado Parte julgar que outro Estado igualmente Parte não aplica as disposições da presente 
Convenção, poderá chamar a atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê transmitirá, então, a comunicação 
ao Estado Parte interessado. Num prazo de três meses, O estado destinatário submeterá ao Comitê as 
explicações ou declarações por escrito, a fim de esclarecer a questão e indicar as medidas corretivas que por 
acaso tenham sido tomadas pelo referido Estado. 
2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data do recebimento da comunicação original pelo Estado 
destinatário a questão não foi resolvida a contento do dois estados, por meio de negociações bilaterais ou por 
qualquer outro processo que estiver a sua disposição, tanto um como o outro terão o direito de submete-la 
novamente ao comitê, endereçando uma notificação ao Comitê assim como ao outro Estado interessado. 
3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma

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