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Suzana Ferreira Pós Doutora em Direito - Itália suzanadagloria@uol.com.br + 55 17 99603 75423 Apontamentos nº 02 LEI DE INTODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (Decreto-Lei 4;657, de 04/10/1942, alterado pela Lei 12.376/2010) Conceito: um conjunto de normas sobre normas, visto que disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento, no tempo e no espaço. É considerado um Código de Normas. È um conjunto de normas sobre normas . É uma lei de introdução às leis, por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação. Objetivo da LINDB normas de sobredireito apresentando institutos e regras que abrangem todos os ramos do direito. Objetiva: a) tratar da obrigatoriedade das leis, discorrendo sobre a vigência e eficácia destas; b) estabelecer o início e o fim da produção de efeitos das normas; c) apresentar todas as fontes do direito; d) conferir ao intérprete princípios hermenêuticos e integrativos; e) solucionar o conflito das leis no tempo; f) resolver o conflito das leis no espaço. EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO A lei passa por três fases: elaboração, promulgação ( nascimento) e publicação ( começa a vigorar). Princípios a) da obrigatoriedade: (art. 3º da LICC) somente a norma jurídica publicada é obrigatória a todos e ninguém poderá descumpri-la, alegando ignorância. b) da continuidade: (art. 2º caput da LICC) a norma permanente só perderá a eficácia se outra, de mesma ou superior hierarquia, vier modificá-la ou revogá-la. c) da irretroatividade: (art. 6º da LICC) a lei nova não pode retroagir para abarcar situações consolidadas por lei anterior ( direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada) . VIGÊNCIA DA LEI ( Vacatio legis) Conceito: As leis nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas . Correspondem à determinação do início de sua vigência, à continuidade de sua vigência e à cessação de sua vigência. Existe um período de tempo que se estabelece entre a publicação e a entrada em vigor da lei. A lei não produzirá efeitos durante a vacatio legis, que existe: a) cognitivo: (para que a lei se faça conhecer antes de sua vigência); b) instrumental: ( para que a norma ganhe efetividade e os órgãos da administração se aparelhem). Sistema de vacatio legis a) simultâneo ou sincrônico: a lei sempre entra em vigor na mesma data em todo o território nacional. É o adotado pelo Brasil. b) progressivo: vigência distinta para locais distintos do território nacional. Era o do CC de 1916. c) omisso: não existe vacatio legis e toda lei entra em vigor na data de sua publicação. Espécies de vacatio legis a) expressa: há na lei expressão determinando quando entra em vigor. b) tácita: no silêncio da lei, entra em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada. Contagem: Art. 8, § 1º - inclui a data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente a sua consumação integral. Erros a) irrelevantes: não influi na interpretação da norma. b) substanciais: implicam divergência de interpretação e se: b-1 antes da publicação: corrige-se sem problemas. b-2 no período de vacatio legis: corrige-se e conta-se novo prazo. b-3 após a entrada em vigor: corrige-se mediante uma nova norma de igual conteúdo. Obs: O prazo de 45 dias não se aplica aos decretos e regulamentos, cuja obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial. REVOGAÇÃO É a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia, o que só pode ser feito por outra lei. Pode ser: a) expressa: a nova lei diz expressamente que revoga a anterior. b) tácita: a nova lei se torna incompatível com a anterior, ficando esta revogada. c) ab-rogação: revogação total da norma. d) derrogação: revogação parcial da norma. Critérios para verificação de revogação das normas: a) hierárquico: verifica qual das normas é superior. b) cronológico: norma posterior revoga anterior. c) especialidade: normas gerais não podem revogar ou derrogar norma especial. Repristinação Conceito: A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo disposição em contrário, ou seja, quando houver pronunciamento expresso do legislador nesse sentido. CONFLITOS DA LEI NO TEMPO O direito intertemporal visa solucionar os conflitos entre as novas e as velhas normas. Critérios: qual lei aplica? a) disposições transitórias: o próprio legislador na nova lei concilia a mesma com as relações já definidas pela norma anterior b) princípio da irretroatividade: (é regra, a exceção é a retroatividade) a lei não deve retroagir para atingir fatos e efeitos já consumados sob a lei antiga. DIREITO ADQUIRIDO Conceito: Aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular. Limites: a) não prevalece contra normas constitucionais (exceto para alguns doutrinadores, se decorrente de emenda constitucional pois se trata de cláusula pétrea). b) retroagem normas administrativas e processuais. c) retroagem normas penais benéficas ao réu. d) retroagem normas que dizem respeito ao estado e à capacidade das pessoas. ATO JURÍDICO PERFEITO Conceito: já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. É o ato que tem aptidão para produzir efeitos. Pode ser: a) instantâneo: aquele que, no momento de seu nascimento, já produz efeitos- não existe conflito de leis. b) diferido: é o ato que produz efeito em um momento único, mas concretiza-se em momento posterior à sua prática. c) de trato sucessivo ou execução continuada: é o ato que produz efeitos periodicamente, enquanto a relação jurídica se protai no tempo. Espécies: a) condicional: evento futuro e incerto. b) termo: evento futuro e certo - já produziram efeitos. COISA JULGADA Conceito: imutabilidade dos efeitos da sentença, não sujeita a recursos. Portanto, como regra, aplica a lei nova aos casos pendentes e aos futuros, só podendo retroagir quando: a) não ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada; b) o legislador expressamente, mandar aplicá-la a casos pretéritos. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO Princípio da territorialidade Conceito: A norma tem aplicação dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado, estendendo-se às embaixadas, consulados, navios de guerra onde quer que se encontrem, navios mercantes em águas territoriais ou em alto-mar, navios estrangeiros (menos os de guerra) em águas territoriais, aeronaves no espaço aéreo do Estado e barcos de guerra onde quer que se encontrem. O Brasil segue o sistema da territorialidade moderna - art. 7º - a lei do País em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. Pela EXTRATERRITOORIALIDADE, a norma é aplicada em território de outro Estado, segundo os princípios e convenções internacionais. Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem. Fazer a leitura dos artigos de 8 a 19 da LINDB. HERMENÊUTICA JURÍDICA Conceito: É a ciência, a arte da interpretação da linguagem jurídica. Exegese é a prática das regras hermenêuticas. INTERPRETAÇÃO: (é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica). Há interpretação mais simples, quando a lei é clara, e complexas, quando o preceito e de difícil entendimento. PODE SER: a) gramatical: busca o significado literal da norma. b) lógica: busca contextualizar a norma, visando o seu alcance, e tem por base o sistema jurídico. c) histórica: busca a intenção do legislador quando da elaboração e do momento que foi elaborada. d) teleológica: busca a adaptação da norma ao contexto social existente ao tempo de sua aplicação. e) sistemática: busca a interpretação contextual da norma, sua colocação nos textos, suas subordinações a outros textos, sua ordem na espécie legislativa que a prevê e sua conseqüente seara de aplicação.SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO a) - sistema da livre pesquisa: o intérprete deve buscar a finalidade social da norma. ( utilizado no Brasil- art. 5º da LICC). b) - sistema dogmático: o direito só pode ser interpretado com base na lei. c) - sistema histórico: evolutivo (Savigny) procura abrandar o sistema dogmático. Passos na interpretação e integração da lei a) interpretação gramatical ou literal. b) verificação dos quatros critérios (lógica+ histórica+ teleológica+ sistemática). c) utilização da analogia. d) uso das fontes secundárias (costumes+ doutrina+ jurisprudência). e) utilização dos princípios gerais do direito. Resultados da interpretação a) declarativo: lei diz o que pretendia dizer. b) restrito: lei disse mais do que precisava, restringindo o intérprete o seu alcance. c) extensivo: lei disse menos do que deveria, sendo necessária a ampliação de seu campo de atuação.
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