Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clínica Médica V Pneumonias Definição de pneumonia comunitária (PAC): Pacientes sem historia de internação > 48h nos últimos 90 dias. Pacientes sem historia de uso de ATB venoso ou quimioterapia nos últimos 30 dias Pacientes NÃO instucionalizado e afins. Tipos Histológicos: Pneumonia Lobar Caracterizada pela consolidação alveolar extensa, ocupando uma grande área do parênquima alveolar. O agente principal é o pneumococo em 90-95% dos casos. Broncopneumonia Caracterizada pela consolidação alveolar multifocal, coalescentes, que predominam na região peribrônquica. Este é o tipo mais frequente de apresentação da pneumonia. Agentes Etiológicos: Pneumococo Maioria dos casos H. influenzae > 65 anos e DPOC Moraxella DPOC Klebisiella Alcóolatras e Diabéticos / Pneumonia do lobo pesado S. aureus Usuários de drogas EV / Pneumatoceles S. pyogenes Criança ou jovem com faringoamigdalite supurativa Pseudomonas Pneumopatia estrutural prévia (Bronquiectasia / Fibrose Cística) Bactérias anaeróbias Pneumonia aspirativa / Pneumonia necrosante (abscessos) PAC Ambulatorial (Segundo etiologia – 2009): Pneumococo Mycoplasma C. pneumoniae Vírus Haemophilus Fatores de risco: Idade avançada Tabagismo DPOC Alcoolismo Diabetes Infecções virais prévias Queda da consciência Quadro clínico da PAC típica: Pneumonia pneumocócica Taquipnéia Calafrios e tremores seguidos de febre alta, dor torácica e tosse produtiva com expectoração purulenta (esverdeada). Exame físico com prostração, dispneia, taquicardia, hipertermia. Ausculta com estertores inspiratórios, consolidação pulmonar ou derrame pleural. Hemograma com leucocitose neutrofílica com desvio para a esquerda. Radiografia de tórax com infiltrado alveolar do tipo broncopneumônico, com múltiplas condensações alveolares coalescentes, broncograma aéreo, e grande área de consolidação pulmonar. Pneumonia Atípica = Qualquer pneumonia causada por um germe atípico (Mycoplasma, Legionella e Chlamydia). São caracterizadas por uma progressão mais lenta e predominância de sintomas sistêmicos (síndrome gripal) sobre os respiratórios. Acomete mais os pacientes acima dos 5 anos e abaixo dos 40. O grande marco é a dissociação clínico-radiológica, com uma radiogrfaia mostrando um infiltrado pulmonar (padrão intersticial) maior que o esperado. Pneumonia por S. aureus: Grave: Lactentes, Pós-influenza, Usuários de drogas IV, Fibrose Cística e Bronquiectasias Complicações: Pneumatoceles, Derrame pleural, Pneumonia necrosante, abscesso Pneumonia por Pseudomonas: Grave Doença estrutural previa (Fibrose cística / Bronquiectasia) Pneumonia por Anaeróbios: Dentes em mau estado Hálito Fétido Macroaspiração (Alcóolatras, rebaixamento de consciência, distúrbios da deglutição) Evolução mais lenta *Na broncoaspiração o paciente vai fazer pneumonite química. Só deve ser iniciado o antibiótico quando o paciente apresentar sinais de pneumonia. Localização pulmonar: Parte superior do lobo inferior e Parte posterior do lobo superior Pneumonia por Mycoplasma: Idade entre 5 – 20 anos Miringite bolhosa Anemia hemolítica Excesso de IgM (Crioaglutininas) Sd. de Stevens-Jhonsson Fenômeno de Raynauld Pericardite Sd. de Guillain-Barré Diagnóstico da PAC: É definido pelo quadro clínico-laboratorial em conjunto com a radiografia de tórax Exames invasivos não devem ser solicitados de rotina. O diagnostico etiológico só deve ser procurado se houver motivo para se acreditar que o resultado possa alterar o antibiótico usado empiricamente. Escore CURB-65: C – Confusão mental U – Ureia > 50mg/dl R – Respiração > 30 irpm B – Baixa pressão arterial (< 90 X 60 mmHg) 65 – Idade > 65 anos *Pacientes com escore 0 ou 1 podem ser tratados ambulatorialmente. Escores de 2 ou mais indicam internação do paciente. Indicações de internação em CTI: O1 critério Maior OU 03 critérios Menores Maior: Choque séptico Necessidade de Ventilação mecânica Menor: FR > 30irpm Confusão desorientação Ureia > 45mg/dl Leucopenia e Trombocitopenia Hiportermia ou Hipotensão (PAS < 90 ou PAD < 60 mmHg) *Procurar o agente etiológico quando na internação do paciente, através de exame do escarro, hemoculturas, etc. Critérios para considerar como PAC Grave: Necessidade de ventilação mecânica ou Choque séptico Relação PF < 50, Envolvimento de mais de um lobo, PAS < 90 ou PAD < 60mmHg Critérios de Ewig Tratamento Empírico: Patentes previamente hígidos, sem fator de risco para pneumococo resistente: Macrolídeos (Azitromicina / Claritromicina / Eritromicina) OU Doxiciclina Presença de comorbidades, uso de ATB nos últimos 3 meses, fator de risco para pneumococo resistente: Fluoroquinolona Respiratória (Levofloxacino 750mg) OU Macrolídeo + Beta-lactâmico (Amoxacilina, Cefuroxima, Clavulin, Ceftriaxone) Suspeita de aspiração: Betalactâmico + Inibidor da betalactamase (Amoxacilina + Clavulanato) Suspeita de Pseudomonas: Pipetazo / Ciprofloxacina + Aminoglicosídeo / Cefalosporina de 4º Geração Suspeita de MRSA: Adicionar Vancomicina ou Linezolida *A PAC deve ser tratada por 7-10 dias em quadros brandos e 10-14 dias em casos mais graves. O paciente deve estar afebril por no mínimo 3 dias. *A pneumonia por Mycoplasma ou Chlamydia deve ser tratada sempre por 14 dias. *A ausência de resposta ao tratamento ou piora clínica/radiológica em 48-72h é considerada como fracasso precoce. Após 72h, é considerada falha tardia. *Prevenção com vacinas anti-pneumocóccica e anti-influenza para pacientes > 60 anos. Pneumonia Hospitalar: É aquela que ocorre após 48h de internação, geralmente tratada no CTI, não se relacionando à intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Pneumonia associada à Ventilação Mecânica é aquela que ocorre após 48-72 horas de Intubação Orotraqueal. São precoces quando ocorrem até o 4º dia de internação (48h – 4º dia) e não há fatores de risco associados. O paciente não possui mais germes atípicos Principais agentes são: Pneumococo, Haemophilus, Enterobactérias não-MDR Tratamento: Beta-lactâmico + Inibidor da beta-lactamase (Pipetazo / AMP + SBT) OU Quinolona respiratória (Levofloxacino 750mg/dia) OU Cefalosporina de 3º geração (Ceftriaxone 2g/dia) É tardia quando ocorre após o 5º dia de internação ou há fatores de risco associados (ATB por mais de 24h nos últimos 15 dias, Neurocirurgia, SDRA, Pacientes de asilos e home care, imunossupressão) Principais agentes são: Pseudomonas, Enterobactérias, S. aureus Os Gram negativos entéricos são responsáveis por 60% dos casos, destacando-se a E. coli como a principal Considerar o padrão local (hospitalar) de resistência! Tratamento empírico: Beta-lactâmico + Inibidor da beta-lactamase (Pipetazo) OU Ciprofloxacino + Aminoglicosídeo OU Cefalosporina de 4º Geração Adicionar Linezolida ou Vancomicina nos casos de MRSA *Observar resposta rápida ao tratamento em até 72 horas de uso de ATB. *A duração do tratamento é de 14 a 21 dias. Resumindo: Derrame Pleural Transudatos: Definição: decorrentes do aumento da pressão hidrostática capilar e/ou redução da pressão osmótica do plasma. Principal causa: ICC Outras: Sindrome nefrótica, Cirrose hepática com ascite, desnutrição proteica, diálise peritoneal, obstrução de veia cava superior. Exsudatos: Definição: ocorrem em consequência a uma doença que afeta diretamente a pleura, de caráter infeccioso, inflamatório ou neoplásico, ou a obstrução linfática. Principal causa: Pneumonia bacteriana Outras causas: Tuberculose, colagenoses e neoplasias. Critérios de Light (1 ou mais positivos = Exsudato): Relação proteína pleural/proteína plasmática > 0,5 Relação LDH pleural/ LDH plasmático > 0,6 LDH pleural acima de 200UI/L Aspecto do liquido pleural: Amarelo-citrino Transudato Turvo Inflamatório ou Quiloso Hemorrágico Acidente de punção, neoplásico ou embólico Purulento Empiema Hemotórax Outros parâmetros: Colesteroldo liquido pleural < 45mg/dl Transudato Glicose < 60mg/dl Infeccioso, tuberculoso, neoplásico Citometria > 10.000/mm³ PNM bacteriana, pancreatite aguda, neoplasia Citometria > 50.000/mm³ Derrame parapneumônico Polimorfonucleares Pneumonia, embolia pulmonar, pancreatite aguda Monomorfonucleares Tuberculose, derrame neoplásico, colagenoses Amilase Pancreatite aguda, neoplasia maligna, ruptura esofágica Triglicerídeos > 110mg/dl Quilotórax Derrame parapneumônico: pH < 7,2 Glicose < 40 ou 60mg/dl LDH > 1.000 U/L Bacteriologia positiva (Gram ou outra) Abscesso Pulmonar: Lesão cavitária maior que 2 cm contendo pus, localizada no parênquima pulmonar, geralmente contendo nível hidroaéreo. A presença de pequenas cavitações menores que 2 cm no interior de um infiltrado pneumônico define o termo Pneumonia Necrosante. É considerado primário quando ocorre em decorrência de uma pneumonia bacteriana em um paciente sem lesões brônquicas obstrutivas e sem nenhuma condição ou doença de imunodepressão. É considerado secundário quando ocorre em decorrência de uma pneumonia obstrutiva, propagação por contiguidade de abscessos extrapulmonares, ou em pacientes com estado de imunodepressão. É considerado agudo quando a evolução ocorre em menos de 1 mês e crônico quando a evolução é superior a 1 mês. As bactérias anaeróbias são os agentes etiológicos mais comuns. O paciente geralmente refere sintomas há mais de 1 mês, do tipo febre vespertina, sudorese noturna, perda ponderal e tosse produtiva. É comum a expectoração de grande quantidade de material purulento e fétido. A radiografia de tórax é característica. A terapia antibiótica de escolha é a Clindamicina 600mg IV de 8/8h até a defervescência, seguida por 150-300mg VO 6/6h por no mínimo 3 semanas. A cirurgia (lobectomia) só é indicada quando não há resposta ao tratamento prolongado, quando há presença de empiema pleural ou quando há suspeita de neoplasia maligna ou qualquer lesão obstrutiva. Empiema Pleural: O derrame pleural associado à pneumonia bacteriana é chamado de Parapneumônico. O derrame que corre livre na cavidade pleural é considerado puncionável quando na incidência de Laurell forma uma camada > 1cm de espessura. Na maioria das vezes é leve a moderado e livre. Sempre deve ser puncionável através de pleurocentese. Derrame simples Resolve apenas com ATB. Derrame complicado Deve sempre ser drenado em selo d”agua. Empiema pleural = Todo liquido purulento com bacteriologia positiva no Gram. Está quase sempre associado à formação de septos e espessamento pleural. Quando encontra-se loculado a TC é mandatória. No caso de empiema livre, a drenagem em selo d’água é suficiente. Nos casos de resolução incompleta, a decorticação cirúrgica pode ser empregada. As bactérias mais envolvidas são: S. pneumoniae, Klebisiella, S. aureus, S. pyogenes, e anaeróbios. A recomendação atual é que se faça o ATB para a pneumonia de base. A duração deve ser prolongada por pelo menos 4-6 semanas.
Compartilhar