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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 1 OS: 0151/11/16-Gil CONCURSO: AGEPEN SUMÁRIO: 1 Direitos e Garantias Fundamentais................................................................................01 Direitos e deveres individuais e coletivos 2 Administração Pública.....................................................................................................32 3 Defesa do Estado e das Instituições Democráticas.........................................................38 4 CF Atualizada até a EC 93...............................................................................................43 1 – Direitos e Garantias Fundamentais TEORIA 1. BREVE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. A história dos direitos fundamentais está diretamente ligada ao aparecimento do constitucionalismo no final do século XVIII, que, entretanto, herdou da idade média as ideias de contenção do poder do Estado em favor do cidadão, tendo como ponto ápice a célebre Magna Carta, escrita na Inglaterra, em 1215, pela qual o Rei João Sem Terra reconhecia alguns direitos dos nobres, limitando o poder do monarca. Com a Revolução Francesa, em 1789, se acentuaram os movimentos e documentos escritos que buscavam garantir aos cidadãos os seus direitos elementares em face da atuação do poder público. Destaque-se a denominada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, produto daquela revolução ocorrida em território francês. Pouco antes disso, porém, outro documento entrava para a história, como resultado da revolução Americana, a Declaração de Virgínia, elaborada em 1776, estabelecendo os direitos fundamentais do povo norte-americano, tais como a liberdade, a igualdade, eleição de representantes, dentre outros. Em 1948, logo após a 2 a Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas fazia editar a Declaração Universal dos Direitos do Homem, estendendo para praticamente todo o mundo o respeito e a proteção aos direitos fundamentais do ser humano. Paulo Bonavides, comentando sobre a importância das declarações dos direitos do homem, enaltecendo aquela nascida na França, em mais uma lição magistral, ensina que: “Constatou-se então com irrecusável veracidade que as declarações antecedentes de ingleses e americanos podiam talvez ganhar em concretude, mas perdiam em espaço de abrangência, porquanto se dirigiam a uma camada social privilegiada (os barões feudais), quando muito a um povo ou a uma sociedade que se libertava politicamente, conforme era o caso das antigas colônias americanas, ao passo que a Declaração francesa de 1789 tinha por destinatário o gênero humano. Por isso mesmo, e pelas condições da época, foi a mais abstrata de todas as formulações solenes já feitas acerca da liberdade”. 2.0. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E GARANTIA. Muitos doutrinadores diferem “Direitos” de “Garantias” Fundamentais. Essa distinção, no direito brasileiro, foi feita por Rui Barbosa, ao separar as disposições declaratórias, e as garantias, disposições assecuratórias. Em outras palavras, o direito é o “bem” protegido pela norma e a garantia é o mecanismo criado pela norma para defender o direito. Em contrapartida, Sampaio Dória, defende a tese de que as Garantias também são Direitos. Os direitos e garantias fundamentais, consagrados na constituição federal, não são ilimitados, absolutos, uma vez que encontram seus limites nos demais direitos igualmente consagrados pela Carta Magna (Princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas). Na lição de Canotilho, os direitos fundamentais exercem a função de defesa do cidadão sob dupla perspectiva: a) no plano jurídico-político, funcionam como normas de competência negativa para os Poderes Públicos, proibindo- os de atentarem contra a esfera individual da pessoa; b) no plano jurídico-subjetivo, implicam o poder de exercer positivamente os direitos fundamentais (liberdade positiva), e de exigir omissões dos poderes públicos. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. (...). (STF MS 23.452, 12/05/00). 3.0. CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que passam a ser institucionalmente reconhecidos, classifica os direitos fundamentais em dimensões (gerações). Em primeira análise, Paulo Bonavides, os classificou em: Direitos de primeira dimensão: são os direitos civis e políticos, e compreendem as liberdades clássicas (liberdade, propriedade, vida, segurança). São direitos do DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 2 OS: 0151/11/16-Gil indivíduo perante o Estado, são limites impostos à atuação do Estado, resguardando direitos considerados indispensáveis a cada pessoa humana. Significa uma prestação negativa, um não fazer do Estado, em prol do cidadão. Direitos de segunda dimensão: correspondem aos direitos sociais, que são direitos de conteúdo econômico e cultural que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da população. Significa uma prestação positiva, um fazer do Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e econômica. Esses direitos nasceram em razão de lutas de uma nova classe social, os trabalhadores. Direitos de terceira dimensão: corresponde aos direitos difusos e coletivos, são os direitos de solidariedade e fraternidade, considerados transindividuais, os direitos de pessoas coletivamente consideradas. São direitos coletivos, como a proteção ao meio ambiente, à qualidade de vida saudável, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos povos e a defesa do consumidor, da infância e da juventude. Note-se que há um comparativo desses direitos ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Em outra oportunidade, o mencionado autor cita ainda os direitos de quarta dimensão: “São direitos da quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência”. Embora alguns doutrinadores afirmem que o direito à paz esteja inserido entre os direitos de terceira dimensão, Paulo Bonavides o desloca para a quinta dimensão, em virtude de suas características próprias e independentes, pois estaria em um “patamar superior”, merecendo visibilidade superior aos demais direitos fundamentais. E para tanto, afirma expressamente que “A dignidade jurídica da paz deriva do reconhecimento universal que se lhe deve enquanto pressuposto qualitativo da convivência humana, elemento de conservação da espécie, reino de segurança dos direitos”. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). Enquanto os direitos de primeira geração(direitos civis e políticos) — que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, nota de uma essencial inexauribilidade. (...) (STF MS 22.164, 17/11/95). 4.0. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (EFICÁCIA PRIVADA OU EXTERNA). Quando se fala da relação entre particulares, vê-se que existe eficácia horizontal dos direitos fundamentais, mas quando se está diante da relação entre particular e Estado, passa a existir eficácia vertical dos direitos fundamentais. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...) Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. Os princípios constitucionais como limites à autonomia privada das associações. (...). (STF RE 201.819, 27/10/06). 5.0. EFICÁCIA “IRRADIANTE” DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. Dimensão subjetiva – é a visão clássica dos Direitos Fundamentais. Consiste em enxergá-los como um direito da pessoa em face do Estado, o qual deve exercer um papel negativo (abstenção de intervir para que não viole os direitos previstos, notadamente os direitos e garantias individuais) ou positivo (prestações que o Estado faz para as pessoas de forma a garantir condições mais dignas de sobrevivência, notadamente os direitos sociais). Dimensão objetiva – A dimensão objetiva dos direitos fundamentais tem como consequência a eficácia irradiante dos direitos para o legislativo na função de legislar, para o executivo na função de administrar e para o Judiciário na função jurisdicional. É a nova visão, onde os Direitos Fundamentais devem ser enxergados não só sob a ótica dos “direitos das pessoas frente ao Estado”, mas como enunciados que contém alta carga valorativa. Valores, princípios, regras que norteiam a aplicação do ordenamento jurídico e assumem um papel central no constitucionalismo. Nesse aspecto, a visão objetiva cumpre com o papel de: estruturar, regulamentar, concretizar, estruturar, impor o cumprimento das normas o mais rápido possível (visto que os direitos fundamentais têm aplicação imediata); em suma, devem ser observados pelas normas jurídicas futuras. Importante lembrar que esses direitos podem ser condicionados uns em relação aos outros (caso, de sigilo de dados, por exemplo), preservando-se os núcleos essenciais de cada um. DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 3 OS: 0151/11/16-Gil 6.0. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. As características dos direitos fundamentais é um tema doutrinário, assim dá ensejo a muitas discussões jurídicas. Há um rol enumerativo das características, mas nunca deixando de existir divergências entre as teses dogmáticas apresentadas. Com fundamento nas doutrinas constitucionalistas e nos reconhecimentos jurisprudenciais, as características mais importantes no que tange aos direitos e garantias fundamentais são: universalidade, indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade, imprescritibilidade, complementaridade, individualidade, inviolabilidade, indisponibilidade, inalienabilidade, historicidade, irrenunciabilidade, vedação ao retrocesso, efetividade e limitabilidade. 1. Universalidade: os direitos e garantias fundamentais vinculam-se ao princípio da liberdade, conduzido pela dignidade da pessoa humana, os mesmos devem ser destinados a todos os indivíduos, independente da raça, credo, nacionalidade, convicção política, a coletividade jurídica em geral. 2. Indivisibilidade: os direitos compõem um único conjunto, uma totalidade, pois não são analisados de maneira isolada, separada. O desrespeito a um deles constitui a violação de todos. 3. Interdependência: os direitos fundamentais são intrinsecamente relacionados, pois para atingirem suas principais finalidades possuem intersecções. 4. Interrelacionaridade: a evolução da proteção nacional e internacional dos direitos fundamentais assegurou maior abrangência a inviolabilidade dos direitos e garantias fundamentais no âmbito regional e mundial. Dita característica concede a pessoa a opção da proteção da inviolabilidade do seu direito fundamental, a global ou regional. 5. Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, não prescrevem, apesar de existir exceções a essa regra. 6. Inalienabilidade: os direitos são intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, sem cunho patrimonial. Tal inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa humana. 7. Historicidade: os direitos fundamentais nasceram de uma única evolução e desenvolvimento histórico e cultural. Como afirmava o saudoso professor Norberto Bobbio: “os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas. (...) o que parece fundamental numa época histórica e numa determinada civilização não é fundamental em outras épocas e em outras cultuas.” 8. Irrenunciabilidade: parte da premissa de que os direitos fundamentais não podem ser renunciados pelo seu titular, que não pode fazer com eles o que quiser, uma vez que os mesmos possuem uma eficácia objetiva no sentido de que não importa apenas ao sujeito ativo, mas interessam a toda coletividade. Entretanto, a suprema Corte Constitucional (STF) vem admitindo a renúncia, ainda que excepcional, de certos direitos. 9. Vedação ao retrocesso: os direitos fundamentais uma vez estabelecidos não se admite o retrocesso visando a sua limitação ou diminuição, existindo parte da doutrina afirmando que tais direitos constituem uma limitação metajurídica ao poder constituinte originário, atuando como critério de aferição da legitimidade do conteúdo constitucional. A referida característica impede a revogação de normas garantidoras de direitos fundamentais e impede a implementação de políticas públicas de enfraquecimento de direitos fundamentais. A exegese constitucional assegurada a proteção do núcleo essencial e intangível dos direitos fundamentais, tendo origem no próprio Estado Democrático de Direito que se define pela proteção extremada da dignidade do Homem e plena eficácia das normas implementadas, sendo que os direitos sociais já realizados e efetivados pela legislação devem ser tidos como constitucionalmente garantido, tendo como consequência a invalidade das medidas que visam anular ou cancelar o núcleo dos direitos fundamentais, devendo as mesmas ser consideradas inconstitucionais. 10. Efetividade: o Estado deve exercer o papel de garantira máxima efetividade dos direitos fundamentais. 11. Limitabilidade ou relatividade: reza que nenhum direito fundamental poderá ser considerado absoluto, mas devem ser interpretados e aplicados levando-se em consideração os limites fáticos e jurídicos existentes, especialmente quando estão diante de outros direitos fundamentais. Conforme ressalta Paulo Gustavo Gonet Branco: “(...) os direitos fundamentais podem ser objeto de limitações, não sendo, pois, absolutos. (...) Até o elementar direito à vida tem limitação explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que se contempla a pena de morte em caso de guerra formalmente declarada.” Ademais, as limitações aos direitos fundamentais não são ilimitadas, só podendo ser limitado o estritamente necessário, uma vez que com os preceitos constitucionais devem respeitar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Segundo Konrad Hesse: “A limitação de direitos fundamentais deve, por conseguinte, ser adequada para produzir a proteção do bem jurídico, por cujo motivo ela é efetuada. Ela deve ser necessária para isso, o que não é o caso, quando um meio mais ameno bastaria. Ela DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 4 OS: 0151/11/16-Gil deve, finalmente, ser proporcional em sentido restrito, isto é, guardar relação adequada com o peso e o significado do direito fundamental.” 12. Inviolabilidade: impõe a observância dos direitos fundamentais por normas infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas.. 13. Complementaridade: os direitos fundamentais constitucionais se complementam e não há hierarquia entre eles. 14. Concorrência: podem ser exercidos cumuladamente por um mesmo sujeito ativo. 15. Aplicação imediata (eficácia direta, imediata e vinculante): com base no artigo 5º, §1º da Constituição Federal que diz: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”, assevera que cabe aos poderes públicos (Judiciário, Legislativo e Executivo) promover o avanço desses direitos. Para o professor José Afonso da Silva, afirmar que as normas tem “aplicação imediata” significa que as normas são aplicáveis até onde possam, até onde as instituições ofereçam condições para seu atendimento. "Aplicabilidade", por outro lado, é um conceito desenvolvido pelo referido professor que se refere ao fato de as normas já poderem ser aplicadas às situações quando da promulgação da Constituição. Assim, todas as normas são aplicáveis, mas nem todas têm aplicação imediata. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA: OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. (STF RMS 23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 12.05.2000). EMENTA. A PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO OBSTÁCULO CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO EAO INADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social em que ele vive. - A cláusula que veda o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de efetivação desses direitos fundamentais individuais ou coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, sob pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-los, abstendo-se de frustrar - mediante supressão total ou parcial - os direitos sociais já concretizados. (...) (STF ARE 639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-177 DIVULG 14-09-2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP- 00125). DIREITOS. DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são os brasileiros e estrangeiros residentes no país, devendo a expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido de que tais direitos só serão assegurados dentro do território brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito pelo território nacional, segundo entendimento defendido pela doutrina e pela jurisprudência pátria. Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que couber, bem como ao próprio Estado. No que se refere ao direito à vida, a norma constitucional protege não só a vida extrauterina, mas a vida intrauterina. O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em concordância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico. Entretanto, deve-se buscar não somente a igualdade formal, direcionada ao legislador, mas a igualdade real ou material ou substancial, direcionada ao operador do direito, ao intérprete. Parte-se da premissa de que a verdadeira igualdade está em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. O referido princípio não veda o tratamento diferenciado estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a súmula 683 do STF que reza: “O limite de idade para a DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 5 OS: 0151/11/16-Gil inscrição em concurso só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do cargo a ser preenchido”. Entretanto somente serão possíveis tais distinções se estiverem previstas em lei. Vale destacar as discriminações positivas (affirmative actions), proveniente do direito norte americano, que cuida em estabelecer medidas de compensação para reduzir as desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do Ministrodo Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em políticas públicas (e também privadas) voltadas à concretização do princípio constitucional da igualdade material e à neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por seus entes vinculados e até mesmo por entidades puramente privadas, elas visam a combater não somente as manifestações flagrantes de discriminação de fundo cultural, estrutural, enraizada na sociedade'. A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole compensatória e não meramente garantir uma repartição de bens, sem levar em conta o uso da liberdade das pessoas e o esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o teste do princípio da proporcionalidade, as medidas de discriminação reversa devem ser adequadas para superar os obstáculos que o preconceito gerou para o grupo. Para isso devem-se dirigir a propiciar condições de acesso a bens e serviços que a discriminação vedou. Devem ter em mira o restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão efetiva quanto possível. Jurisprudência relacionada ao tema: Súmula Vinculante nº 37 - Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido processo legal. - A condição jurídica de não-nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. (...). (STF HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de Mello. DJ 18.06.2010). EMENTA (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células- tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infra constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. (...) Ação direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente. (STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 29/05/2008). EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da sociedade que desejasse proteger todos os que a integrariam, independentemente da condição física ou viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina (CFM), os exames complementares a serem observados para a constatação de morte encefálica deveriam demonstrar, de modo inequívoco, a ausência de atividade elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, ainda, inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por essa razão, o CFM, mediante a Resolução 1.752/2004, consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais. Desse modo, eles jamais se tornariam pessoa. Nessa senda, sintetizou que não se cuidaria de vida em potencial, porém, seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a anencefalia mostrar-se-ia incompatível com a vida extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou que seria improcedente a alegação de direito à vida dos anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos. (...). Destarte, a interrupção de gestação de feto anencefálico não configuraria crime contra a vida, porquanto se revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro, versou que atuar com sapiência e justiça, calcados na Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou paradigma moral e religioso, determinaria garantir o direito da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de tornar-se ré em possível ação por crime de aborto. (STF ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4- 2012, Plenário). EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio da isonomia – cuja observância vincula todas as manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o da igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, nele não poderá incluir fatores de discriminação DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 6 OS: 0151/11/16-Gil responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A igualdade perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. A eventual inobservância desse postulado pelo legislador, em qualquer das dimensões referidas, imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva de inconstitucionalidade. (STF AI 360.461 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). EMENTA. (...). No mérito, asseverou-se que a norma adversada erigira a educação à condição de direito social, dever do Estado e uma de suas políticas públicas prioritárias. (...) Rechaçaram-se, de igual modo, as alegações de afronta aos princípios da igualdade, da isonomia, da não discriminação e do devido processo legal ao argumento de que não se afiguraria legítimo, no ordenamento, que vagas no ensino superior fossem reservadas com base na condição socioeconômica do aluno ou em critério racial ou de suas condições especiais. Salientou-se que a igualdade seria valor que teria, no combate aos fatores de desigualdade, o seu modo próprio de realização. Além disso, a distinção em favor dos estudantes que tivessem cursado o ensino médio em escolas públicas e os egressos de escolas privadas contemplados com bolsa integral constituiria discrímen a compensar anterior e factual inferioridade. (...). (STF ADI 3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, Plenário). I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Somente poderá existir tratamento diferenciado entre os dois sexos quando a finalidade pretendida for atenuar os desníveis, constantes na constituição e nas leis infraconstitucionais. Exemplos: art. 7º, XVIII e XIX, 40, III, 143, §§ 1º e 2º, 202,I e II. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família. Asseverou que esse reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas regras e com idênticas consequências da união estável heteroafetiva. (...). (STF ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, DJ 5.5.2011). (ADPF 132). EMENTA. (...) No mérito, rememorou-se posicionamento da Corte que, ao julgar o HC 106.212/MS (DJE de 13-6-2011), declarara a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha (...). Reiterou-se a ideia de que a aludida lei viera à baila para conferir efetividade ao art. 226, § 8º, da CF. Consignou-se que o dispositivo legal em comento coadunar-se-ia com o princípio da igualdade e atenderia à ordem jurídico-constitucional, no que concerne ao necessário combate ao desprezo às famílias, considerada a mulher como sua célula básica. Aplicou-se o mesmo raciocínio ao afirmar-se a constitucionalidade do art. 1º da aludida lei (...). Asseverou-se que, ao criar mecanismos específicos para coibir e prevenir a violência doméstica contra a mulher e estabelecer medidas especiais de proteção, assistência e punição, tomando como base o gênero da vítima, o legislador teria utilizado meio adequado e necessário para fomentar o fim traçado pelo referido preceito constitucional. Aduziu-se não ser desproporcional ou ilegítimo o uso do sexo como critério de diferenciação, visto que a mulher seria eminentemente vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e psicológicos sofridos em âmbito privado. Frisou-se que, na seara internacional, a Lei Maria da Penha seria harmônica com o que disposto no art. 7º, item c, da Convenção de Belém do Pará (...) e com outros tratados ratificados pelo país. Sob o enfoque constitucional, consignou-se que a norma seria corolário da incidência do princípio da proibição de proteção insuficiente dos direitos fundamentais. Sublinhou-se que a lei em comento representaria movimento legislativo claro no sentido de assegurar às mulheres agredidas o acesso efetivo à reparação, à proteção e à justiça. (...). (STF ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, Plenário). II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa combater o poder arbitrário do Estado, pois somente mediante espécies normativas elaboradas segundo as regras do processo legislativo pátrio podem-se criar obrigações para os indivíduos. O princípio da legalidade se difere do princípio da reserva legal nesse ponto, pois este consiste em dizer que a regulamentação de determinada matéria há de fazer-se necessariamente pelo poder legislativo, aparecendo na constituição sob a forma: “nos termos da lei” ou “na forma da lei” e aquele é a submissão e o respeito à lei. A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal absoluta quando a norma constitucional exige para sua integral regulamentação a edição de lei formal, entendida como ato normativo emanado do Congresso Nacional elaborado de acordo com o devido processo legislativo constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal relativa quando a Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei formal, permite que este fixe tão somente parâmetros de atuação para o órgão administrativo, que poderá complementa-la por ato infralegal, sempre, porém, respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela legislação. Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva legal simples ocorre no caso de a Constituição Federal estabelecer, em seus artigos, que determinado assunto seja objeto de lei ("na forma da lei", "nos termos DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 7 OS: 0151/11/16-Gil da lei"). A lei não pode limitar o conteúdo da Constituição ou suprimi-lo, ou seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A reserva legal qualificada ocorre no caso de, além de estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da Constituição estabelece as condições ou fins que devem ser objeto da norma ("para fins de"). Como exemplos pode se indicar os incisos VII e XII, ambos do presente artigo. Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela legalidade estrita, pois não pode atuar contra a lei, nem na ausência da lei. Dispositivos correspondentes – artigo 5º, XXIX e artigo 37, “caput”, todos da CF/88. Jurisprudência relacionada ao tema: Súmula Vinculante nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica- se como instrumento constitucional de preservação da integridade de direitos e garantias fundamentais. O princípio da reserva de lei atua como expressiva limitação constitucional ao poder do Estado, cuja competência regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048- QO, 31/10/07). LIBERDADE DE EXPRESSÃO IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção constitucional abrange não só o direito de expressão oral ou por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de comunicação. Dispositivos correspondentes – art. 5º, V, IX e XIV, e art. 220, “caput” e §2º, todos da CF/88. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e quadros espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A crítica jornalística em geral, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível de censura. Isso porque é da essência das atividades de imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus do pensamento crítico e necessário contraponto à versão oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF, rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012). EMENTA: (...). Por entender que o exercício dos direitos fundamentais de reunião e de livre manifestação do pensamento devem ser garantidos a todas as pessoas,o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação de descumprimento de preceito fundamental para dar, ao art. 287 do CP, com efeito vinculante, interpretação conforme a Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos. (...) Ressaltou-se existirem graves consequências resultantes da censura à liberdade de expressão e de reunião, realizada por agentes estatais em cumprimento de ordens emanadas do Judiciário. Frisou-se que, diante do quadro de incertezas hermenêuticas em torno da aludida norma, a revelar efetiva e relevante controvérsia constitucional, os cidadãos estariam preocupados em externar, de modo livre e responsável, as convicções que desejariam transmitir à coletividade por meio da pacífica utilização dos espaços públicos. (STF ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, DJ 15.6.2011). EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história que se consegue cumprir a Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece constitucionalmente admissível é o esquartejamento das liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela sua natureza de referenciabilidade do que precisa ser aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 10/06/2015). V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, configurem ou não infrações penais, tendo como requisito a proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela divulgação do direito de resposta é do órgão de comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 8 OS: 0151/11/16-Gil lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à imagem (dano produzido contra a pessoa em suas relações externas). IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; A Constituição de 1824, em seu artigo 179, V, já assegurava os direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado, nos seguintes termos: Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. (...). V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Publica. (...)”. A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião como oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na liberdade de crença entra a liberdade de escolha de religião, a liberdade de aderir à qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de não aderir à religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo”. Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e sossego públicos, bem como compatíveis aos bons costumes. E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez que não será permitido a qualquer religião ou culto atos atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e criminal. Artigos correspondentes: art. 210, §1º e art. 215, §2º, ambos da CF/88. PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não constitui norma central, não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que não tem força normativa. Entretanto, o Preâmbulo faz parte da estrutura da Constituição Federal, que se divide em Preâmbulo, texto permanente e texto temporário (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT). Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas centrais da Constituição Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 2.076/AC. Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 08.08.2003). VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Hospitais, asilos (públicos e privados), presídios e quartéis são locais de internação coletiva. VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; A escusa de consciência e de crença aplica-se às obrigações legais de forma genérica e não somente ao serviço militar obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado pelos doutrinadores quando enfocam o assunto. O artigo 143 da Constituição Federal, prescreve: Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. O serviço alternativo no caso de descumprimento do serviço militar obrigatório por imperativo de consciência é estabelecido pela lei nº 8.239/91. Caso não seja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a privação dos direitos políticos, nos termos do artigo 15, IV, da CF/88: DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85)3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 9 OS: 0151/11/16-Gil Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: ... IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (...). INVIOLABILIDADES X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência moral da personalidade para que em determinadas situações seja o indivíduo deixado em paz, constituindo um direito de controlar a indiscrição alheia nos assuntos privados que só a ele interessa, tem como um de seus fundamentos o princípio da exclusividade, formulado por Hannah Arendt com base em Kant. Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados, mas podem ser diferenciados. A intimidade da pessoa diz respeito às relações subjetivas e de trato íntimo, relações familiares e de amizade e a vida privada refere-se a todos os relacionamentos da pessoa, inclusive os objetivos, tais como os comerciais, de trabalho, de estudo, etc. Jurisprudência relacionada ao tema: Súmula 227 do STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do Morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial; A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo limitada pelos conceitos de direito privado, como já pacificou o STF, considerando casa todo local delimitado e separado que alguém utiliza com exclusividade, mesmo que para fins profissionais, não importando a relação jurídica de seus habitantes com aquele prédio ou terreno. O Código Penal Brasileiro conceitua “casa” em seu artigo 150. Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às 18:00h e para Celso de Mello deve ser levado em conta o critério físico-astronômico, como o intervalo de tempo situado entre a aurora e o crepúsculo. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados de habitação coletiva (como quartos de hotel) - subsunção desse espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de "casa" - consequente necessidade, em tal hipótese, de mandado judicial, ressalvadas as exceções previstas no próprio texto constitucional. - para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da constituição da república, o conceito normativo de "casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel. Min. Celso de Mello. DJ 18.05.2007). EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza permanente, a prisão do traficante, em sua residência, durante o período noturno, não constitui prova ilícita. (STF HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-10- 2004, Segunda Turma, DJ de 12-11-2004.) No mesmo sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento em 11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994. EMENTAS: (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. Captação e interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos. Meio probatório legalmente admitido. Fatos que configurariam crimes praticados por quadrilha ou bando ou organização criminosa. Autorização judicial circunstanciada. Previsão normativa expressa do procedimento. Preliminar repelida. Inteligência dos arts. 1º e 2º, IV, da Lei nº 9.034/95, com a redação da Lei nº 10.217/95. Para fins de persecução criminal de ilícitos praticados por quadrilha, bando, organização ou associação criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos, bem como seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. Invasão de domicílio. Não caracterização. Suspeita grave da prática de crime por advogado, no escritório, sob pretexto de exercício da profissão. Situação não acobertada pela inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 2424 RJ, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 26/11/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010). EMENTA: (...) A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. (...) (STF RE 603616, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, J. 05.11.2015). XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das correspondências e nem de dados (bancários, fiscais ou DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 10 OS: 0151/11/16-Gil telefônicos) mediante lei, haja vista que a exceção constitucional expressa refere-se somente à interceptação telefônica, entretanto entende-se que nenhuma liberdade individual é absoluta, sendo possível, respeitados alguns parâmetros, a interceptação das correspondências e comunicações telegráficas e de dados sempre que as liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de informações decorrentes da informática e a quebra do sigilo dos dados telefônicos consiste na apreensão do histórico de conta telefônica (extrato telefônico). Além de admitir que as comissões parlamentares de inquérito possam determinar a quebra do sigilo das comunicações de dados, recentemente o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do artigo 6º da lei complementar nº 105/2001, no Recurso Extraordinário nº 601314, para reconhecer o direito da Receita Federal de obter dados bancários, sem necessidade de recorrer ao poder judiciário. Interceptação telefônica é a captação feita por um terceiro de uma comunicação telefônica alheia, sem o conhecimento dos comunicadores. Escuta telefônica é a captação realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica alheia, mas com o conhecimento de um dos comunicadores. A gravação telefônica é a que ocorre entre dois interlocutores, onde um deles capta a conversa sem o conhecimento do outro e sem intervenção de terceiro. A lei 9.296/96 emergiu no ordenamento jurídico infraconstitucionala fim de regulamentar a parte final do artigo em comento. Artigos correspondentes: arts. 5, LVI, 136, I, “b” e “c” e 139, III, da CF/88. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...) A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas (...). (STF HC 70.814/SP). EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as Comissões Parlamentares de Inquérito são dotadas de poder investigatório, ficando assentado que devem elas, a partir de meros indícios, demonstrar a existência concreta de causa provável que legitime a quebra do sigilo. (...) Causa provável ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. Segurança denegada. (STF MS 24217/DF, rel Min Maurício Corrêa, 18/10/2002). EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. Sigilo. 1. A Lei Complementar nº 105, de 10/1/01, não conferiu ao Tribunal de Contas da União poderes para determinar a quebra do sigilo bancário de dados constantes do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito, após prévia aprovação do pedido pelo Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas respectivas comissões parlamentares de inquérito (§§ 1º e 2º do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. Rel. Min Menezes Direito. DJ 13.03.2008). EMENTA (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. PEDIDO DIRETO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. REQUISIÇÃO FEITA PELA CPMI DOS CORREIOS. POSTERIOR AUTORIZAÇÃO DE COMPARTILHAMENTO COM O MINISTÉRIO PÚBLICO PARA INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO. LEGALIDADE. (...). (STF Inq. 2.245/MG. Rel. Min. Joaquim, Barbosa, DJ 09.11.2007). EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. (STF Inq 2.424 QO. Rel. Min Cezar Peluso. DJ 24.08.2007). EMENTA. (...). Suposta ilegalidade decorrente do fato de os policiais, após a prisão em flagrante do corréu, terem realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos celulares apreendidos. Não ocorrência. Não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a cláusula do art. 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados, e não dos dados. Art. 6º do CPP: dever da autoridade policial de proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração penal. Ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito (dessa análise logrou encontrar ligações entre o executor do homicídio e o ora paciente). (...). (STF HC 91.867, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, DJ de 20-9-2012). DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 11 OS: 0151/11/16-Gil EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do STF no sentido da licitude da prova, desde que não haja causa legal específica de sigilo nem reserva de conversação. Repercussão geral da matéria (RE 583.397/RJ). 3. Ordem denegada. (STF HC 91613, Relator Min. GILMAR MENDES, 2ª T, DJ 17-09-2012). EMENTA: (...). O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. (...). (STF RE 601314, Rel. Min. EDSON FACHIN, Plenário, Julgamento em 24.02.2016). LIBERDADE DE PROFISSÃO XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...) A reserva legal estabelecida pelo art. 5º, XIII, não confere ao legislador o poder de restringir o exercício da liberdade profissional a ponto de atingir o seu próprio núcleo essencial. (...) O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. (...) O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, inciso XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. (...)A exigência de diploma de curso superior para a prática do jornalismo - o qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de expressão e de informação - não está autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da Constituição. (...). (STF RE 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 13.11.2009). EMENTA. (...). A atividade de músico não depende de registro ou licença de entidade de classe para o seu exercício. Essa é a conclusão do Plenário ao negar provimento a recurso extraordinário, afetado pela 2ª Turma, em que a Ordem dos Músicos do Brasil – Conselho Regional de Santa Catarina alegava que o livre exercício de qualquer profissão ou trabalho estaria constitucionalmente condicionado às qualificações específicas de cada profissão e que, no caso dos músicos, a Lei 3.857/60 estabeleceria essas restrições — v. Informativos 406 e 568. Aduziu-se que as restrições feitas ao exercício de qualquer profissão ou atividade profissional deveriam obedecer ao princípio da mínima intervenção – a qual se pautaria pela razoabilidade e pela proporcionalidade. Ressaltou-se que a liberdade de exercícioprofissional, contida no art. 5º, XIII, da CF, seria quase absoluta e que qualquer restrição a ela só se justificaria se houvesse necessidade de proteção a um interesse público, a exemplo de atividades para as quais fosse requerido conhecimento específico, técnico, ou ainda, habilidade já demonstrada. (STF RE 414426/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 1º.8.2011). LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Artigo correspondente: art. 139, I, da CF/88. LIBERDADE DE REUNIÃO XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; O direito a reunião é uma manifestação coletiva da liberdade de expressão, tendo como requisitos: pluralidade de participantes, temporariedade, finalidade pacífica, ausência de armas, lugares abertos ao público e comunicação prévia. Haverá restrição ao direito de reunião na hipótese de decretação do estado de defesa e suspensão no caso de decretação do estado de sítio (art. 136, §1º, I, “a” e art. 139, IV, ambos da CF). São limitações circunstanciais. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). Por entender caracterizada a ofensa ao art. 5º, XVI, da CF, que assegura a todos o direito de reunião pacífica, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores - PT e outros para declarar a inconstitucionalidade do Decreto distrital 20.098/99, que veda a realização de manifestação pública, com a utilização de carros, aparelhos e objetos sonoros na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios e na Praça do Buriti e vias adjacentes. (STF ADI 1969/DF, 28.6.2007). LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; O direito de associação só alcança as associações criadas para fins lícitos, com ou sem personalidade jurídica. O caráter paramilitar é verificado quando a associação destina-se ao treinamento do uso de material bélico, com as seguintes características: organização hierárquica e respeito ao princípio da obediência. DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 12 OS: 0151/11/16-Gil Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). Com efeito, a liberdade de associação não se confunde com o direito de reunião, possuindo, em relação a este, plena autonomia jurídica (...). Diria, até, que, sob a égide da vigente Carta Política, intensificou-se o grau de proteção jurídica em torno da liberdade de associação, na medida em que, ao contrário do que dispunha a Carta anterior, nem mesmo durante a vigência do estado de sítio se torna lícito suspender o exercício concreto dessa prerrogativa. (...) Revela-se importante assinalar, neste ponto, que a liberdade de associação tem uma dimensão positiva, pois assegura a qualquer pessoa (física ou jurídica) o direito de associar-se e de formar associações. Também possui uma dimensão negativa, pois garante, a qualquer pessoa, o direito de não se associar, nem de ser compelida a filiar-se ou a desfiliar-se de determinada entidade. Essa importante prerrogativa constitucional também possui função inibitória, projetando-se sobre o próprio Estado, na medida em que se veda, claramente, ao Poder Público, a possibilidade de interferir na intimidade das associações e, até mesmo, de dissolvê-las, compulsoriamente, a não ser mediante regular processo judicial. (STF ADI 3.045, de 1º./6/2007). XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; As associações aqui referidas devem ser entendidas em sentido amplo, incluindo os partidos políticos e as associações sindicais (art. 8º, I), as quais devem ser criadas na forma da lei, sem necessidade de autorização do poder público, nem possibilidade de interferência deste em seu funcionamento, considerando que a interferência arbitrária do poder público no exercício desse direito pode acarretar responsabilidade penal, político-administrativa e civil. Importante diferenciar os institutos, pois a associação não tem fins lucrativos, o patrimônio é constituído pela contribuição dos membros para alcançar fins educacionais, religiosos, culturais etc. Já a cooperativa, sociedade ou empresa constituída por membro de determinado grupo econômico ou social, objetiva desempenhar, em beneficio comum, determinada atividade econômica. XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; Fica subentendido que qualquer ato normativo editado pelo poder Executivo ou pelo poder Legislativo, no sentido de dissolução compulsória, será inconstitucional, uma vez que a Lei Maior limita a atuação ao Poder Judiciário (cláusula de reserva do Poder Judiciário), autorizando-o à dissolução somente quando a finalidade buscada pela associação for ilícita, valendo ressaltar que no caso da medida mais drástica, ou seja, no caso da dissolução, a decisão judicial exige o trânsito em julgado. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA (...). Cabe enfatizar, neste ponto, que as normas inscritas no art. 5º, incisos XVII a XXI da atual Constituição Federal protegem as associações, inclusive as sociedades, da atuação eventualmente arbitrária do legislador e do administrador, eis que somente o Poder Judiciário, por meio de processo regular, poderá decretar a suspensão ou a dissolução compulsória das associações. Mesmo a atuação judicial encontra uma limitação constitucional: apenas as associações que persigam fins ilícitos poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou suspensas. “Atos emanados do Executivo ou do Legislativo, que provoquem a compulsória suspensão ou dissolução de associações, mesmo as que possuam fins ilícitos, serão inconstitucionais. (STF ADI 3.045, 1º./6/07). XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Aqui consta a grande diferença entre associações e sindicatos, pois a estes cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria (art. 8º, III), enquanto que aquelas possuem finalidades sociológicas. O dispositivo diz respeito à representação processual, que por sua vez difere da substituição processual (legitimidade ativa extraordinária). Aquela ocorre numa situação onde o representante atua em nome do representado, caso em que se faz necessário à autorização. A substituição processual o legitimado atua em seu nome próprio para defesa de direito alheio, não sendo necessária autorização. Vale dizer que no caso de impetração de mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX), a associação prescinde de autorização, uma vez que atua como substituto processual. O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que entidade de classe não tem legitimidade para promover interpelação judicial em defesa da honra de seus associados, por se tratar de um direito personalíssimo de quem, concretamente, seviu atingido pelas afirmações tidas por ofensivas (PET nº 1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 9/4/99). Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). A representação prevista no inciso XXI do artigo 5º da Constituição Federal surge regular quando autorizada a entidade associativa a agir judicial ou extrajudicialmente mediante deliberação em assembleia. Descabe exigir instrumentos de mandatos subscritos pelos associados. (...). (STF RE 192.305, 21/5/01). Súmula 629 do STF - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 13 OS: 0151/11/16-Gil DIREITO DE PROPRIEDADE XXII – é garantido o direito de propriedade; O direito de propriedade é garantia individual e relativa. XXIII – a propriedade atenderá a função social; O conceito de função social consta nos artigos 182, §2º e 186, da CF/88. XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta Constituição; As exceções estão previstas nos artigos 182, §4º, 184 e 243, todos da CF/88. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...). A expropriação de glebas a que se refere o art. 243 da CF há de abranger toda a propriedade e não apenas a área efetivamente cultivada (...). (STF RE 543.974/MG, 26.3.2009). XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; Trata-se de Requisição Administrativa, desapropriação por necessidade ou utilidade pública. A indenização é posterior porque deverá ser paga somente se houver dano, o qual será devido até na hipótese do artigo 139, VII, da CF/88, ou seja, durante o Estado de Sítio. XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; Frise-se que o benefício da impenhorabilidade aqui concedida diz respeito exclusivamente aos débitos decorrentes da própria propriedade produtiva, devendo dita pequena propriedade rural ser trabalhada pela família, requisito este essencial para o reconhecimento do instituto. A título de informação, o Estatuto da Terra, lei nº 4.504/64, tenta definir "propriedade familiar" e usa como referência de área, o módulo rural. XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Propriedade intelectual, que compreende os direitos autorais, também conhecidos como direito de cópia (copyright) e os direitos à propriedade industrial, marcas e patentes, descritos no inciso XXIX, do presente artigo. Registre-se que a lei dos direitos autorais é a lei no. 9.610/98. XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; O texto contém três garantias: a das participações individuais em obras coletivas, que são as produzidas em colaboração por diversos autores, a das reproduções da imagem e voz humanas e a de fiscalização do aproveitamento econômico das obras. XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; São asseguradas duas garantias: privilégio temporário de utilização aos autores de inventos e a proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, nomes de empresas e outros signos distintivos. O autor de inventos é aquele que fez uma descoberta ou criou coisa nova, industrializável, que produz resultado no mercado. A Lei 9.279/96 dispõe sobre essa matéria e prevê o direito de obter a patente. Essa mesma lei protege à marca registrada no Brasil, bem como a marca notoriamente conhecida, independentemente de estar ou não registrada no Brasil, conhecidas por marcas notórias. DIREITO DE SUCESSÕES XXX – é garantido o direito de herança; Para José Afonso da Silva “herança” significa a universalidade de bens transmitida pelo finado aos seus sucessores, segundo a ordem das vocações hereditárias. XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus; A regra só se aplica aos bens de estrangeiros situados no Brasil porque a lei brasileira não tem eficácia extraterritorial. Segundo Celso de Mello, o legislador constituinte utilizou o critério do jus domicilii, aplicando a lei brasileira, combinado com o critério do jus patriae, quando a lei estrangeira, pessoal do de cujus, for mais favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros. E se o morto era domiciliado no exterior, aplicar-se-á a lei brasileira se for mais benéfica ao cônjuge ou filhos brasileiros, no que diz respeito aos bens situados no Brasil (critério forum rei sitae). DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 14 OS: 0151/11/16-Gil O presente dispositivo também abrange os netos brasileiros, desde que sejam herdeiros, pois a finalidade do legislador constitucional é a proteção dos descendentes brasileiros convocados à herança. O adjetivo “brasileiros”, ora empregado, qualifica cônjuges e filhos e a conjunção “ou” tem sentido tanto aditivo como alternativo. DIREITO DE INFORMAÇÃO XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; É garantia de natureza administrativa, que decorre do princípio da publicidade dos atos da Administração Pública. Porém essa garantia não é absoluta, já que o Poder Público pode recusar-se a fornecer a informação quando esta for imprescindível à segurança do Estado e da sociedade, nos termos da lei nº 12.527/2011. Ressalte-se, ainda a criação da comissão da verdade, instituída pela lei 12.528/2011. Importante dizer que quando houver negativa administrativa sobre informações pessoais a ação constitucional cabível poderá ser o habeas data, mas quando o direito denegado for informações de interesse coletivo ou geral, a ação constitucional cabível a espécie será o mandado de segurança (art. 5º, LXIX e LXXII). Dispositivo correspondente: art. 5º, XIV, da CF/88. Jurisprudência relacionada ao tema: Súmula vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
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