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Apostila Constitucional Concurso Felipe Grangeiro

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
1 
 
OS: 0151/11/16-Gil 
CONCURSO: AGEPEN 
 
SUMÁRIO: 
1 Direitos e Garantias Fundamentais................................................................................01 
 Direitos e deveres individuais e coletivos 
2 Administração Pública.....................................................................................................32 
3 Defesa do Estado e das Instituições Democráticas.........................................................38 
4 CF Atualizada até a EC 93...............................................................................................43 
 
1 – Direitos e Garantias Fundamentais 
TEORIA 
1. BREVE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
A história dos direitos fundamentais está diretamente 
ligada ao aparecimento do constitucionalismo no final do 
século XVIII, que, entretanto, herdou da idade média as 
ideias de contenção do poder do Estado em favor do 
cidadão, tendo como ponto ápice a célebre Magna Carta, 
escrita na Inglaterra, em 1215, pela qual o Rei João Sem 
Terra reconhecia alguns direitos dos nobres, limitando o 
poder do monarca. 
Com a Revolução Francesa, em 1789, se acentuaram os 
movimentos e documentos escritos que buscavam garantir 
aos cidadãos os seus direitos elementares em face da 
atuação do poder público. Destaque-se a denominada 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, 
produto daquela revolução ocorrida em território francês. 
Pouco antes disso, porém, outro documento entrava para a 
história, como resultado da revolução Americana, a 
Declaração de Virgínia, elaborada em 1776, estabelecendo 
os direitos fundamentais do povo norte-americano, tais 
como a liberdade, a igualdade, eleição de representantes, 
dentre outros. 
Em 1948, logo após a 2
a
 Guerra Mundial, a Organização das 
Nações Unidas fazia editar a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem, estendendo para praticamente todo o 
mundo o respeito e a proteção aos direitos fundamentais 
do ser humano. 
Paulo Bonavides, comentando sobre a importância das 
declarações dos direitos do homem, enaltecendo aquela 
nascida na França, em mais uma lição magistral, ensina 
que: “Constatou-se então com irrecusável veracidade que 
as declarações antecedentes de ingleses e americanos 
podiam talvez ganhar em concretude, mas perdiam em 
espaço de abrangência, porquanto se dirigiam a uma 
camada social privilegiada (os barões feudais), quando 
muito a um povo ou a uma sociedade que se libertava 
politicamente, conforme era o caso das antigas colônias 
americanas, ao passo que a Declaração francesa de 1789 
tinha por destinatário o gênero humano. Por isso mesmo, e 
pelas condições da época, foi a mais abstrata de todas as 
formulações solenes já feitas acerca da liberdade”. 
 
2.0. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E GARANTIA. 
Muitos doutrinadores diferem “Direitos” de “Garantias” 
Fundamentais. Essa distinção, no direito brasileiro, foi feita 
por Rui Barbosa, ao separar as disposições declaratórias, e 
as garantias, disposições assecuratórias. Em outras 
palavras, o direito é o “bem” protegido pela norma e a 
garantia é o mecanismo criado pela norma para defender o 
direito. Em contrapartida, Sampaio Dória, defende a tese 
de que as Garantias também são Direitos. 
Os direitos e garantias fundamentais, consagrados na 
constituição federal, não são ilimitados, absolutos, uma vez 
que encontram seus limites nos demais direitos igualmente 
consagrados pela Carta Magna (Princípio da relatividade ou 
convivência das liberdades públicas). 
Na lição de Canotilho, os direitos fundamentais exercem a 
função de defesa do cidadão sob dupla perspectiva: a) no 
plano jurídico-político, funcionam como normas de 
competência negativa para os Poderes Públicos, proibindo-
os de atentarem contra a esfera individual da pessoa; b) no 
plano jurídico-subjetivo, implicam o poder de exercer 
positivamente os direitos fundamentais (liberdade 
positiva), e de exigir omissões dos poderes públicos. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Os direitos e garantias individuais não têm 
caráter absoluto. Não há, no sistema constitucional 
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter 
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse 
público ou exigências derivadas do princípio de convivência 
das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a 
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas 
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde 
que respeitados os termos estabelecidos pela própria 
Constituição. (...). (STF MS 23.452, 12/05/00). 
 
3.0. CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. 
A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que 
passam a ser institucionalmente reconhecidos, classifica os 
direitos fundamentais em dimensões (gerações). Em 
primeira análise, Paulo Bonavides, os classificou em: 
Direitos de primeira dimensão: são os direitos civis e 
políticos, e compreendem as liberdades clássicas 
(liberdade, propriedade, vida, segurança). São direitos do 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão 
 
 
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OS: 0151/11/16-Gil 
indivíduo perante o Estado, são limites impostos à atuação 
do Estado, resguardando direitos considerados 
indispensáveis a cada pessoa humana. Significa uma 
prestação negativa, um não fazer do Estado, em prol do 
cidadão. 
Direitos de segunda dimensão: correspondem aos direitos 
sociais, que são direitos de conteúdo econômico e cultural 
que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da 
população. Significa uma prestação positiva, um fazer do 
Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e 
econômica. Esses direitos nasceram em razão de lutas de 
uma nova classe social, os trabalhadores. 
Direitos de terceira dimensão: corresponde aos direitos 
difusos e coletivos, são os direitos de solidariedade e 
fraternidade, considerados transindividuais, os direitos de 
pessoas coletivamente consideradas. São direitos coletivos, 
como a proteção ao meio ambiente, à qualidade de vida 
saudável, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos 
povos e a defesa do consumidor, da infância e da 
juventude. 
Note-se que há um comparativo desses direitos ao lema da 
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
Em outra oportunidade, o mencionado autor cita ainda os 
direitos de quarta dimensão: “São direitos da quarta 
geração o direito à democracia, o direito à informação e o 
direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da 
sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima 
universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no 
plano de todas as relações de convivência”. 
Embora alguns doutrinadores afirmem que o direito à paz 
esteja inserido entre os direitos de terceira dimensão, 
Paulo Bonavides o desloca para a quinta dimensão, em 
virtude de suas características próprias e independentes, 
pois estaria em um “patamar superior”, merecendo 
visibilidade superior aos demais direitos fundamentais. E 
para tanto, afirma expressamente que “A dignidade jurídica 
da paz deriva do reconhecimento universal que se lhe deve 
enquanto pressuposto qualitativo da convivência humana, 
elemento de conservação da espécie, reino de segurança 
dos direitos”. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Enquanto os direitos de primeira geração(direitos civis e políticos) — que compreendem as 
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o 
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração 
(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se 
identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas — 
acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira 
geração, que materializam poderes de titularidade coletiva 
atribuídos genericamente a todas as formações sociais, 
consagram o princípio da solidariedade e constituem um 
momento importante no processo de desenvolvimento, 
expansão e reconhecimento dos direitos humanos, 
caracterizados, enquanto valores fundamentais 
indisponíveis, nota de uma essencial inexauribilidade. (...) 
(STF MS 22.164, 17/11/95). 
 
4.0. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS (EFICÁCIA PRIVADA OU EXTERNA). 
Quando se fala da relação entre particulares, vê-se que 
existe eficácia horizontal dos direitos fundamentais, mas 
quando se está diante da relação entre particular e Estado, 
passa a existir eficácia vertical dos direitos fundamentais. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Eficácia dos direitos fundamentais nas 
relações privadas. As violações a direitos fundamentais não 
ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e 
o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre 
pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os 
direitos fundamentais assegurados pela Constituição 
vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, 
estando direcionados também à proteção dos particulares 
em face dos poderes privados. Os princípios constitucionais 
como limites à autonomia privada das associações. (...). 
(STF RE 201.819, 27/10/06). 
 
5.0. EFICÁCIA “IRRADIANTE” DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. 
Dimensão subjetiva – é a visão clássica dos Direitos 
Fundamentais. Consiste em enxergá-los como um direito da 
pessoa em face do Estado, o qual deve exercer um papel 
negativo (abstenção de intervir para que não viole os 
direitos previstos, notadamente os direitos e garantias 
individuais) ou positivo (prestações que o Estado faz para as 
pessoas de forma a garantir condições mais dignas de 
sobrevivência, notadamente os direitos sociais). 
Dimensão objetiva – A dimensão objetiva dos direitos 
fundamentais tem como consequência a eficácia irradiante 
dos direitos para o legislativo na função de legislar, para o 
executivo na função de administrar e para o Judiciário na 
função jurisdicional. É a nova visão, onde os Direitos 
Fundamentais devem ser enxergados não só sob a ótica dos 
“direitos das pessoas frente ao Estado”, mas como 
enunciados que contém alta carga valorativa. Valores, 
princípios, regras que norteiam a aplicação do 
ordenamento jurídico e assumem um papel central no 
constitucionalismo. Nesse aspecto, a visão objetiva cumpre 
com o papel de: estruturar, regulamentar, concretizar, 
estruturar, impor o cumprimento das normas o mais rápido 
possível (visto que os direitos fundamentais têm aplicação 
imediata); em suma, devem ser observados pelas normas 
jurídicas futuras. Importante lembrar que esses direitos 
podem ser condicionados uns em relação aos outros (caso, 
de sigilo de dados, por exemplo), preservando-se os 
núcleos essenciais de cada um. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2016 – Profa. Malu Aragão 
 
 
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6.0. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
As características dos direitos fundamentais é um tema 
doutrinário, assim dá ensejo a muitas discussões jurídicas. 
Há um rol enumerativo das características, mas nunca 
deixando de existir divergências entre as teses dogmáticas 
apresentadas. Com fundamento nas doutrinas 
constitucionalistas e nos reconhecimentos jurisprudenciais, 
as características mais importantes no que tange aos 
direitos e garantias fundamentais são: universalidade, 
indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade, 
imprescritibilidade, complementaridade, individualidade, 
inviolabilidade, indisponibilidade, inalienabilidade, 
historicidade, irrenunciabilidade, vedação ao retrocesso, 
efetividade e limitabilidade. 
1. Universalidade: os direitos e garantias fundamentais 
vinculam-se ao princípio da liberdade, conduzido pela 
dignidade da pessoa humana, os mesmos devem ser 
destinados a todos os indivíduos, independente da 
raça, credo, nacionalidade, convicção política, a 
coletividade jurídica em geral. 
2. Indivisibilidade: os direitos compõem um único 
conjunto, uma totalidade, pois não são analisados de 
maneira isolada, separada. O desrespeito a um deles 
constitui a violação de todos. 
3. Interdependência: os direitos fundamentais são 
intrinsecamente relacionados, pois para atingirem 
suas principais finalidades possuem intersecções. 
4. Interrelacionaridade: a evolução da proteção nacional 
e internacional dos direitos fundamentais assegurou 
maior abrangência a inviolabilidade dos direitos e 
garantias fundamentais no âmbito regional e mundial. 
Dita característica concede a pessoa a opção da 
proteção da inviolabilidade do seu direito 
fundamental, a global ou regional. 
5. Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se 
perdem com o tempo, não prescrevem, apesar de 
existir exceções a essa regra. 
6. Inalienabilidade: os direitos são intransferíveis, 
inegociáveis e indisponíveis, sem cunho patrimonial. 
Tal inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa 
humana. 
7. Historicidade: os direitos fundamentais nasceram de 
uma única evolução e desenvolvimento histórico e 
cultural. Como afirmava o saudoso professor 
Norberto Bobbio: “os direitos do homem, por mais 
fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou 
seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas 
por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos 
poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de 
uma vez e nem de uma vez por todas. (...) o que 
parece fundamental numa época histórica e numa 
determinada civilização não é fundamental em outras 
épocas e em outras cultuas.” 
8. Irrenunciabilidade: parte da premissa de que os 
direitos fundamentais não podem ser renunciados 
pelo seu titular, que não pode fazer com eles o que 
quiser, uma vez que os mesmos possuem uma eficácia 
objetiva no sentido de que não importa apenas ao 
sujeito ativo, mas interessam a toda coletividade. 
Entretanto, a suprema Corte Constitucional (STF) vem 
admitindo a renúncia, ainda que excepcional, de 
certos direitos. 
9. Vedação ao retrocesso: os direitos fundamentais uma 
vez estabelecidos não se admite o retrocesso visando 
a sua limitação ou diminuição, existindo parte da 
doutrina afirmando que tais direitos constituem uma 
limitação metajurídica ao poder constituinte 
originário, atuando como critério de aferição da 
legitimidade do conteúdo constitucional. A referida 
característica impede a revogação de normas 
garantidoras de direitos fundamentais e impede a 
implementação de políticas públicas de 
enfraquecimento de direitos fundamentais. 
A exegese constitucional assegurada a proteção do 
núcleo essencial e intangível dos direitos 
fundamentais, tendo origem no próprio Estado 
Democrático de Direito que se define pela proteção 
extremada da dignidade do Homem e plena eficácia 
das normas implementadas, sendo que os direitos 
sociais já realizados e efetivados pela legislação devem 
ser tidos como constitucionalmente garantido, tendo 
como consequência a invalidade das medidas que 
visam anular ou cancelar o núcleo dos direitos 
fundamentais, devendo as mesmas ser consideradas 
inconstitucionais. 
10. Efetividade: o Estado deve exercer o papel de garantira máxima efetividade dos direitos fundamentais. 
11. Limitabilidade ou relatividade: reza que nenhum 
direito fundamental poderá ser considerado absoluto, 
mas devem ser interpretados e aplicados levando-se 
em consideração os limites fáticos e jurídicos 
existentes, especialmente quando estão diante de 
outros direitos fundamentais. Conforme ressalta Paulo 
Gustavo Gonet Branco: “(...) os direitos fundamentais 
podem ser objeto de limitações, não sendo, pois, 
absolutos. (...) Até o elementar direito à vida tem 
limitação explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em 
que se contempla a pena de morte em caso de guerra 
formalmente declarada.” 
Ademais, as limitações aos direitos fundamentais não 
são ilimitadas, só podendo ser limitado o estritamente 
necessário, uma vez que com os preceitos 
constitucionais devem respeitar os princípios da 
razoabilidade e proporcionalidade. Segundo Konrad 
Hesse: “A limitação de direitos fundamentais deve, 
por conseguinte, ser adequada para produzir a 
proteção do bem jurídico, por cujo motivo ela é 
efetuada. Ela deve ser necessária para isso, o que não 
é o caso, quando um meio mais ameno bastaria. Ela 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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deve, finalmente, ser proporcional em sentido 
restrito, isto é, guardar relação adequada com o peso 
e o significado do direito fundamental.” 
12. Inviolabilidade: impõe a observância dos direitos 
fundamentais por normas infraconstitucionais ou por 
atos das autoridades públicas.. 
13. Complementaridade: os direitos fundamentais 
constitucionais se complementam e não há hierarquia 
entre eles. 
14. Concorrência: podem ser exercidos cumuladamente 
por um mesmo sujeito ativo. 
15. Aplicação imediata (eficácia direta, imediata e 
vinculante): com base no artigo 5º, §1º da 
Constituição Federal que diz: “As normas definidoras 
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata”, assevera que cabe aos poderes públicos 
(Judiciário, Legislativo e Executivo) promover o avanço 
desses direitos. 
Para o professor José Afonso da Silva, afirmar que as 
normas tem “aplicação imediata” significa que as 
normas são aplicáveis até onde possam, até onde as 
instituições ofereçam condições para seu 
atendimento. "Aplicabilidade", por outro lado, é um 
conceito desenvolvido pelo referido professor que se 
refere ao fato de as normas já poderem ser aplicadas 
às situações quando da promulgação da Constituição. 
Assim, todas as normas são aplicáveis, mas nem todas 
têm aplicação imediata. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM 
CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional 
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter 
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse 
público ou exigências derivadas do princípio de convivência 
das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a 
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas 
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde 
que respeitados os termos estabelecidos pela própria 
Constituição. O estatuto constitucional das liberdades 
públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão 
sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - 
permite que sobre elas incidam limitações de ordem 
jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade 
do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência 
harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou 
garantia pode ser exercido em detrimento da ordem 
pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de 
terceiros. (STF RMS 23.452/RJ, Relator Ministro Celso de 
Mello, DJ de 12.05.2000). 
EMENTA. A PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO 
OBSTÁCULO CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO 
EAO INADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE 
DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da 
proibição do retrocesso impede, em tema de direitos 
fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas 
as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação 
social em que ele vive. - A cláusula que veda 
o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas 
do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou 
o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de 
efetivação desses direitos fundamentais individuais ou 
coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais 
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser 
ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. 
Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após 
haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o 
dever não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, 
sob pena de transgressão ao texto constitucional, a 
preservá-los, abstendo-se de frustrar - mediante supressão 
total ou parcial - os direitos sociais já concretizados. (...) 
(STF ARE 639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, 
Segunda Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-177 DIVULG 
14-09-2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-
00125). 
DIREITOS. DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIOS DA 
ISONOMIA. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados 
são os brasileiros e estrangeiros residentes no país, 
devendo a expressão “residentes no país” ser interpretada 
no sentido de que tais direitos só serão assegurados dentro 
do território brasileiro, não excluindo o estrangeiro em 
trânsito pelo território nacional, segundo entendimento 
defendido pela doutrina e pela jurisprudência pátria. 
Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que 
couber, bem como ao próprio Estado. 
No que se refere ao direito à vida, a norma constitucional 
protege não só a vida extrauterina, mas a vida intrauterina. 
O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está 
previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda 
pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em 
concordância com os critérios albergados pelo 
ordenamento jurídico. Entretanto, deve-se buscar não 
somente a igualdade formal, direcionada ao legislador, mas 
a igualdade real ou material ou substancial, direcionada ao 
operador do direito, ao intérprete. Parte-se da premissa de 
que a verdadeira igualdade está em tratar igualmente os 
iguais e desigualmente os desiguais. 
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado 
estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as 
discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos 
desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo 
objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a 
súmula 683 do STF que reza: “O limite de idade para a 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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inscrição em concurso só se legitima em face do art. 7º, 
XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela 
natureza do cargo a ser preenchido”. Entretanto somente 
serão possíveis tais distinções se estiverem previstas em lei. 
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative 
actions), proveniente do direito norte americano, que cuida 
em estabelecer medidas de compensação para reduzir as 
desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do 
Ministrodo Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa 
Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em 
políticas públicas (e também privadas) voltadas à 
concretização do princípio constitucional da igualdade 
material e à neutralização dos efeitos da discriminação 
racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de 
compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por 
seus entes vinculados e até mesmo por entidades 
puramente privadas, elas visam a combater não somente as 
manifestações flagrantes de discriminação de fundo 
cultural, estrutural, enraizada na sociedade'. 
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole 
compensatória e não meramente garantir uma repartição 
de bens, sem levar em conta o uso da liberdade das 
pessoas e o esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o 
teste do princípio da proporcionalidade, as medidas de 
discriminação reversa devem ser adequadas para superar 
os obstáculos que o preconceito gerou para o grupo. Para 
isso devem-se dirigir a propiciar condições de acesso a bens 
e serviços que a discriminação vedou. Devem ter em mira o 
restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão 
efetiva quanto possível. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula Vinculante nº 37 - Não cabe ao Poder Judiciário, 
que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de 
servidores públicos sob o fundamento de isonomia. 
EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não 
domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar 
o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a 
tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito 
subjetivo, de que também é titular, à observância e ao 
integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas 
que compõem e dão significado à cláusula do devido 
processo legal. - A condição jurídica de não-nacional do 
Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir 
domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal 
acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou 
discriminatório. (...). (STF HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de 
Mello. DJ 18.06.2010). 
EMENTA (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da 
dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-
tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os 
fins a que se destinam) significa a celebração solidária da 
vida e alento aos que se acham à margem do exercício 
concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver 
com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A 
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é 
meritória o bastante para acobertá-la, infra 
constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas 
de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três 
realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o 
feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde 
não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de 
pessoa humana. O embrião referido na Lei de 
Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho 
de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam 
possibilidades de ganhar as primeiras terminações 
nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade 
como projeto de vida autônoma e irrepetível. (...) Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada totalmente 
improcedente. (STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 
29/05/2008). 
EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto 
entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver 
respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da 
sociedade que desejasse proteger todos os que a 
integrariam, independentemente da condição física ou 
viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a 
Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina 
(CFM), os exames complementares a serem observados 
para a constatação de morte encefálica deveriam 
demonstrar, de modo inequívoco, a ausência de atividade 
elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, ainda, 
inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por 
essa razão, o CFM, mediante a Resolução 1.752/2004, 
consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais. 
Desse modo, eles jamais se tornariam pessoa. Nessa senda, 
sintetizou que não se cuidaria de vida em potencial, porém, 
seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a 
anencefalia mostrar-se-ia incompatível com a vida 
extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou 
que seria improcedente a alegação de direito à vida dos 
anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos. 
(...). Destarte, a interrupção de gestação de feto 
anencefálico não configuraria crime contra a vida, 
porquanto se revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro, 
versou que atuar com sapiência e justiça, calcados na 
Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou 
paradigma moral e religioso, determinaria garantir o direito 
da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de 
tornar-se ré em possível ação por crime de aborto. (STF 
ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-
2012, Plenário). 
EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 
136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio 
da isonomia – cuja observância vincula todas as 
manifestações do Poder Público – deve ser considerado, 
em sua precípua função de obstar discriminações e de 
extinguir privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o 
da igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A 
igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade 
puramente abstrata – constitui exigência destinada ao 
legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, 
nele não poderá incluir fatores de discriminação 
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OS: 0151/11/16-Gil 
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A 
igualdade perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já 
elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes 
estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão 
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou 
discriminatório. A eventual inobservância desse postulado 
pelo legislador, em qualquer das dimensões referidas, 
imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva 
de inconstitucionalidade. (STF AI 360.461 AgR, Rel. Min. 
Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). 
EMENTA. (...). No mérito, asseverou-se que a norma 
adversada erigira a educação à condição de direito social, 
dever do Estado e uma de suas políticas públicas 
prioritárias. (...) Rechaçaram-se, de igual modo, as 
alegações de afronta aos princípios da igualdade, da 
isonomia, da não discriminação e do devido processo legal 
ao argumento de que não se afiguraria legítimo, no 
ordenamento, que vagas no ensino superior fossem 
reservadas com base na condição socioeconômica do aluno 
ou em critério racial ou de suas condições especiais. 
Salientou-se que a igualdade seria valor que teria, no 
combate aos fatores de desigualdade, o seu modo próprio 
de realização. Além disso, a distinção em favor dos 
estudantes que tivessem cursado o ensino médio em 
escolas públicas e os egressos de escolas privadas 
contemplados com bolsa integral constituiria discrímen a 
compensar anterior e factual inferioridade. (...). (STF ADI 
3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, 
Plenário). 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, 
nos termos desta Constituição; 
Somente poderá existir tratamento diferenciado entre os 
dois sexos quando a finalidade pretendida for atenuar os 
desníveis, constantes na constituição e nas leis 
infraconstitucionais. Exemplos: art. 7º, XVIII e XIX, 40, III, 
143, §§ 1º e 2º, 202,I e II. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo 
Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme 
a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir 
qualquer significado que impeça o reconhecimento da 
união contínua, pública e duradoura entre pessoas do 
mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como 
sinônimo perfeito de família. Asseverou que esse 
reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas 
regras e com idênticas consequências da união estável 
heteroafetiva. (...). (STF ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 
DJ 5.5.2011). (ADPF 132). 
EMENTA. (...) No mérito, rememorou-se posicionamento da 
Corte que, ao julgar o HC 106.212/MS (DJE de 13-6-2011), 
declarara a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da 
Penha (...). Reiterou-se a ideia de que a aludida lei viera à 
baila para conferir efetividade ao art. 226, § 8º, da CF. 
Consignou-se que o dispositivo legal em comento 
coadunar-se-ia com o princípio da igualdade e atenderia à 
ordem jurídico-constitucional, no que concerne ao 
necessário combate ao desprezo às famílias, considerada a 
mulher como sua célula básica. Aplicou-se o mesmo 
raciocínio ao afirmar-se a constitucionalidade do art. 1º da 
aludida lei (...). Asseverou-se que, ao criar mecanismos 
específicos para coibir e prevenir a violência doméstica 
contra a mulher e estabelecer medidas especiais de 
proteção, assistência e punição, tomando como base o 
gênero da vítima, o legislador teria utilizado meio 
adequado e necessário para fomentar o fim traçado pelo 
referido preceito constitucional. Aduziu-se não ser 
desproporcional ou ilegítimo o uso do sexo como critério 
de diferenciação, visto que a mulher seria eminentemente 
vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e 
psicológicos sofridos em âmbito privado. Frisou-se que, na 
seara internacional, a Lei Maria da Penha seria harmônica 
com o que disposto no art. 7º, item c, da Convenção de 
Belém do Pará (...) e com outros tratados ratificados pelo 
país. Sob o enfoque constitucional, consignou-se que a 
norma seria corolário da incidência do princípio da 
proibição de proteção insuficiente dos direitos 
fundamentais. Sublinhou-se que a lei em comento 
representaria movimento legislativo claro no sentido de 
assegurar às mulheres agredidas o acesso efetivo à 
reparação, à proteção e à justiça. (...). (STF ADC 19, Rel. 
Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, Plenário). 
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa 
combater o poder arbitrário do Estado, pois somente 
mediante espécies normativas elaboradas segundo as 
regras do processo legislativo pátrio podem-se criar 
obrigações para os indivíduos. O princípio da legalidade se 
difere do princípio da reserva legal nesse ponto, pois este 
consiste em dizer que a regulamentação de determinada 
matéria há de fazer-se necessariamente pelo poder 
legislativo, aparecendo na constituição sob a forma: “nos 
termos da lei” ou “na forma da lei” e aquele é a submissão 
e o respeito à lei. 
A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de 
modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal 
absoluta quando a norma constitucional exige para sua 
integral regulamentação a edição de lei formal, entendida 
como ato normativo emanado do Congresso Nacional 
elaborado de acordo com o devido processo legislativo 
constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal 
relativa quando a Constituição Federal, apesar de exigir 
edição de lei formal, permite que este fixe tão somente 
parâmetros de atuação para o órgão administrativo, que 
poderá complementa-la por ato infralegal, sempre, porém, 
respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela 
legislação. 
Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A 
reserva legal simples ocorre no caso de a Constituição 
Federal estabelecer, em seus artigos, que determinado 
assunto seja objeto de lei ("na forma da lei", "nos termos 
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OS: 0151/11/16-Gil 
da lei"). A lei não pode limitar o conteúdo da Constituição 
ou suprimi-lo, ou seja, há limites implícitos na lei que será 
elaborada. A reserva legal qualificada ocorre no caso de, 
além de estabelecer qual assunto será objeto de lei, o 
dispositivo da Constituição estabelece as condições ou fins 
que devem ser objeto da norma ("para fins de"). Como 
exemplos pode se indicar os incisos VII e XII, ambos do 
presente artigo. 
Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela 
legalidade estrita, pois não pode atuar contra a lei, nem na 
ausência da lei. 
Dispositivos correspondentes – artigo 5º, XXIX e artigo 37, 
“caput”, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula Vinculante nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a 
exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo 
público. 
EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-
se como instrumento constitucional de preservação da 
integridade de direitos e garantias fundamentais. O 
princípio da reserva de lei atua como expressiva limitação 
constitucional ao poder do Estado, cuja competência 
regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente 
idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou 
criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar 
obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em 
domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de 
atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048-
QO, 31/10/07). 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado 
o anonimato; 
Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção 
constitucional abrange não só o direito de expressão oral 
ou por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e 
ler”. 
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de 
comunicação. 
Dispositivos correspondentes – art. 5º, V, IX e XIV, e art. 
220, “caput” e §2º, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo 
caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e 
quadros espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, 
sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 
220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é 
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o 
exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura 
ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer 
pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, 
irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades 
e aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, 
pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de 
resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A 
crítica jornalística em geral, pela sua relação de inerência 
com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível 
de censura. Isso porque é da essência das atividades de 
imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus 
do pensamento crítico e necessário contraponto à versão 
oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na 
ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a 
locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, 
informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - 
REF, rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012). 
EMENTA: (...). Por entender que o exercício dos direitos 
fundamentais de reunião e de livre manifestação do 
pensamento devem ser garantidos a todas as pessoas,o 
Plenário julgou procedente pedido formulado em ação de 
descumprimento de preceito fundamental para dar, ao art. 
287 do CP, com efeito vinculante, interpretação conforme a 
Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que 
possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das 
drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, 
inclusive através de manifestações e eventos públicos. (...) 
Ressaltou-se existirem graves consequências resultantes da 
censura à liberdade de expressão e de reunião, realizada 
por agentes estatais em cumprimento de ordens emanadas 
do Judiciário. Frisou-se que, diante do quadro de incertezas 
hermenêuticas em torno da aludida norma, a revelar 
efetiva e relevante controvérsia constitucional, os cidadãos 
estariam preocupados em externar, de modo livre e 
responsável, as convicções que desejariam transmitir à 
coletividade por meio da pacífica utilização dos espaços 
públicos. (STF ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, DJ 
15.6.2011). 
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou 
impedindo sua circulação, calando-se a palavra e 
amordaçando a história que se consegue cumprir a 
Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode 
amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições 
ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece 
constitucionalmente admissível é o esquartejamento das 
liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no 
caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao 
biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela 
sua natureza de referenciabilidade do que precisa ser 
aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 
10/06/2015). 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou 
à imagem; 
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, 
configurem ou não infrações penais, tendo como requisito 
a proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo 
destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a 
notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela 
divulgação do direito de resposta é do órgão de 
comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e 
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lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à 
imagem (dano produzido contra a pessoa em suas relações 
externas). 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença; 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e 
as suas liturgias; 
A Constituição de 1824, em seu artigo 179, V, já assegurava 
os direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado, 
nos seguintes termos: 
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos 
Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança 
individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do 
Império, pela maneira seguinte. 
(...). 
V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez 
que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Publica. 
(...)”. 
A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o 
Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião 
como oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na 
liberdade de crença entra a liberdade de escolha de 
religião, a liberdade de aderir à qualquer seita religiosa, a 
liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também 
compreende a liberdade de não aderir à religião alguma, 
assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser 
ateu e de exprimir o agnosticismo”. 
Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado 
enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e 
sossego públicos, bem como compatíveis aos bons 
costumes. E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez 
que não será permitido a qualquer religião ou culto atos 
atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e 
criminal. 
Artigos correspondentes: art. 210, §1º e art. 215, §2º, 
ambos da CF/88. 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social 
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a 
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não 
constitui norma central, não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que 
não tem força normativa. 
Entretanto, o Preâmbulo faz parte da estrutura da 
Constituição Federal, que se divide em Preâmbulo, texto 
permanente e texto temporário (Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias – ADCT). 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. 
NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas 
centrais da Constituição Federal: essas normas são de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, 
mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a 
ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). 
II. Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. 
Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo 
força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade 
julgada improcedente. (ADI 2.076/AC. Rel. Min. Carlos 
Velloso, DJ 08.08.2003). 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
Hospitais, asilos (públicos e privados), presídios e quartéis 
são locais de internação coletiva. 
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
A escusa de consciência e de crença aplica-se às obrigações 
legais de forma genérica e não somente ao serviço militar 
obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado 
pelos doutrinadores quando enfocam o assunto. 
O artigo 143 da Constituição Federal, prescreve: 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. 
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir 
serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, 
alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o 
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, 
para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. 
 
O serviço alternativo no caso de descumprimento do 
serviço militar obrigatório por imperativo de consciência é 
estabelecido pela lei nº 8.239/91. 
Caso não seja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a 
privação dos direitos políticos, nos termos do artigo 15, IV, 
da CF/88: 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou 
suspensão só se dará nos casos de: 
... 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
(...). 
INVIOLABILIDADES 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e 
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência 
moral da personalidade para que em determinadas 
situações seja o indivíduo deixado em paz, constituindo um 
direito de controlar a indiscrição alheia nos assuntos 
privados que só a ele interessa, tem como um de seus 
fundamentos o princípio da exclusividade, formulado por 
Hannah Arendt com base em Kant. 
Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados, 
mas podem ser diferenciados. A intimidade da pessoa diz 
respeito às relações subjetivas e de trato íntimo, relações 
familiares e de amizade e a vida privada refere-se a todos 
os relacionamentos da pessoa, inclusive os objetivos, tais 
como os comerciais, de trabalho, de estudo, etc. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula 227 do STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano 
moral. 
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do Morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou durante o dia, por determinação judicial; 
A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo 
limitada pelos conceitos de direito privado, como já 
pacificou o STF, considerando casa todo local delimitado e 
separado que alguém utiliza com exclusividade, mesmo que 
para fins profissionais, não importando a relação jurídica de 
seus habitantes com aquele prédio ou terreno. O Código 
Penal Brasileiro conceitua “casa” em seu artigo 150. 
Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às 
18:00h e para Celso de Mello deve ser levado em conta o 
critério físico-astronômico, como o intervalo de tempo 
situado entre a aurora e o crepúsculo. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados 
de habitação coletiva (como quartos de hotel) - subsunção 
desse espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de 
"casa" - consequente necessidade, em tal hipótese, de 
mandado judicial, ressalvadas as exceções previstas no 
próprio texto constitucional. - para os fins da proteção 
jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da constituição da 
república, o conceito normativo de "casa" revela-se 
abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de 
habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, 
II), compreende, observada essa específica limitação 
espacial, os quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel. 
Min. Celso de Mello. DJ 18.05.2007). 
EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza 
permanente, a prisão do traficante, em sua residência, 
durante o período noturno, não constitui prova ilícita. (STF 
HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-10-
2004, Segunda Turma, DJ de 12-11-2004.) No mesmo 
sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento 
em 11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994. 
EMENTAS: (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. 
Captação e interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos 
ou acústicos. Meio probatório legalmente admitido. Fatos 
que configurariam crimes praticados por quadrilha ou 
bando ou organização criminosa. Autorização judicial 
circunstanciada. Previsão normativa expressa do 
procedimento. Preliminar repelida. Inteligência dos arts. 1º 
e 2º, IV, da Lei nº 9.034/95, com a redação da Lei nº 
10.217/95. Para fins de persecução criminal de ilícitos 
praticados por quadrilha, bando, organização ou associação 
criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a 
interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e 
acústicos, bem como seu registro e análise, mediante 
circunstanciada autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. 
Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais 
óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da 
autoridade policial, no período noturno, para instalação de 
equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. 
Invasão de domicílio. Não caracterização. Suspeita grave da 
prática de crime por advogado, no escritório, sob pretexto 
de exercício da profissão. Situação não acobertada pela 
inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, 
da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 
8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a 
inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio 
advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo 
concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, 
sob pretexto de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 2424 
RJ, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 
26/11/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-055 
DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010). 
EMENTA: (...) A entrada forçada em domicílio sem 
mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, 
quando amparada em fundadas razões, devidamente 
justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa 
ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da 
autoridade, e de nulidade dos atos praticados. (...) (STF RE 
603616, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, J. 05.11.2015). 
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das 
correspondências e nem de dados (bancários, fiscais ou 
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telefônicos) mediante lei, haja vista que a exceção 
constitucional expressa refere-se somente à interceptação 
telefônica, entretanto entende-se que nenhuma liberdade 
individual é absoluta, sendo possível, respeitados alguns 
parâmetros, a interceptação das correspondências e 
comunicações telegráficas e de dados sempre que as 
liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. 
O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de 
informações decorrentes da informática e a quebra do 
sigilo dos dados telefônicos consiste na apreensão do 
histórico de conta telefônica (extrato telefônico). 
Além de admitir que as comissões parlamentares de 
inquérito possam determinar a quebra do sigilo das 
comunicações de dados, recentemente o Plenário do 
Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade 
do artigo 6º da lei complementar nº 105/2001, no Recurso 
Extraordinário nº 601314, para reconhecer o direito da 
Receita Federal de obter dados bancários, sem necessidade 
de recorrer ao poder judiciário. 
Interceptação telefônica é a captação feita por um terceiro 
de uma comunicação telefônica alheia, sem o 
conhecimento dos comunicadores. Escuta telefônica é a 
captação realizada por um terceiro de uma comunicação 
telefônica alheia, mas com o conhecimento de um dos 
comunicadores. A gravação telefônica é a que ocorre entre 
dois interlocutores, onde um deles capta a conversa sem o 
conhecimento do outro e sem intervenção de terceiro. 
A lei 9.296/96 emergiu no ordenamento jurídico 
infraconstitucionala fim de regulamentar a parte final do 
artigo em comento. 
Artigos correspondentes: arts. 5, LVI, 136, I, “b” e “c” e 139, 
III, da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) A administração penitenciária, com 
fundamento em razões de segurança pública, de disciplina 
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, 
sempre excepcionalmente, proceder à interceptação da 
correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a 
cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não 
pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas 
ilícitas (...). (STF HC 70.814/SP). 
EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as 
Comissões Parlamentares de Inquérito são dotadas de 
poder investigatório, ficando assentado que devem elas, a 
partir de meros indícios, demonstrar a existência concreta 
de causa provável que legitime a quebra do sigilo. (...) 
Causa provável ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, 
bancário e telefônico. Segurança denegada. (STF MS 
24217/DF, rel Min Maurício Corrêa, 18/10/2002). 
EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da 
União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. 
Sigilo. 1. A Lei Complementar nº 105, de 10/1/01, não 
conferiu ao Tribunal de Contas da União poderes para 
determinar a quebra do sigilo bancário de dados constantes 
do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses 
poderes ao Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo 
Federal (art. 4º), bem como às Comissões Parlamentares de 
Inquérito, após prévia aprovação do pedido pelo Plenário 
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
plenário de suas respectivas comissões parlamentares de 
inquérito (§§ 1º e 2º do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. 
Rel. Min Menezes Direito. DJ 13.03.2008). 
EMENTA (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO 
FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. PEDIDO DIRETO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. 
REQUISIÇÃO FEITA PELA CPMI DOS CORREIOS. POSTERIOR 
AUTORIZAÇÃO DE COMPARTILHAMENTO COM O 
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO. 
LEGALIDADE. (...). (STF Inq. 2.245/MG. Rel. Min. Joaquim, 
Barbosa, DJ 09.11.2007). 
EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação 
telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e 
produção para fim de investigação criminal. Suspeita de 
delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. 
Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento 
administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos 
eventuais ilícitos administrativos teriam despontado à 
colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa 
a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do 
art. 1º da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em 
interceptação de comunicações telefônicas e em escutas 
ambientais, judicialmente autorizadas para produção de 
prova em investigação criminal ou em instrução processual 
penal, podem ser usados em procedimento administrativo 
disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em 
relação às quais foram colhidos, ou contra outros 
servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à 
colheita dessa prova. (STF Inq 2.424 QO. Rel. Min Cezar 
Peluso. DJ 24.08.2007). 
EMENTA. (...). Suposta ilegalidade decorrente do fato de os 
policiais, após a prisão em flagrante do corréu, terem 
realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos 
dois aparelhos celulares apreendidos. Não ocorrência. Não 
se confundem comunicação telefônica e registros 
telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica 
distinta. Não se pode interpretar a cláusula do art. 5º, XII, 
da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, 
depósito registral. A proteção constitucional é da 
comunicação de dados, e não dos dados. Art. 6º do CPP: 
dever da autoridade policial de proceder à coleta do 
material comprobatório da prática da infração penal. Ao 
proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos 
devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, 
a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, 
unicamente, colher elementos de informação hábeis a 
esclarecer a autoria e a materialidade do delito (dessa 
análise logrou encontrar ligações entre o executor do 
homicídio e o ora paciente). (...). (STF HC 91.867, rel. min. 
Gilmar Mendes, 2ª T, DJ de 20-9-2012). 
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EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de 
conversa telefônica por um interlocutor sem o 
conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação 
telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do 
STF no sentido da licitude da prova, desde que não haja 
causa legal específica de sigilo nem reserva de conversação. 
Repercussão geral da matéria (RE 583.397/RJ). 3. Ordem 
denegada. (STF HC 91613, Relator Min. GILMAR MENDES, 
2ª T, DJ 17-09-2012). 
EMENTA: (...). O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não 
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade 
em relação aos cidadãos, por meio do princípio da 
capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos 
objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária 
para a fiscal. (...). (STF RE 601314, Rel. Min. EDSON 
FACHIN, Plenário, Julgamento em 24.02.2016). 
LIBERDADE DE PROFISSÃO 
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer; 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) A reserva legal estabelecida pelo art. 5º, XIII, 
não confere ao legislador o poder de restringir o exercício 
da liberdade profissional a ponto de atingir o seu próprio 
núcleo essencial. (...) O jornalismo é uma profissão 
diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício 
das liberdades de expressão e de informação. (...) O 
jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são 
atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e 
não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. 
Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, 
inciso XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de 
jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os 
preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da 
Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de 
informação e de comunicação em geral. (...)A exigência de 
diploma de curso superior para a prática do jornalismo - o 
qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissional das 
liberdades de expressão e de informação - não está 
autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma 
restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do 
pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade 
jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da 
Constituição. (...). (STF RE 511.961/SP, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, DJ 13.11.2009). 
EMENTA. (...). A atividade de músico não depende de 
registro ou licença de entidade de classe para o seu 
exercício. Essa é a conclusão do Plenário ao negar 
provimento a recurso extraordinário, afetado pela 2ª 
Turma, em que a Ordem dos Músicos do Brasil – Conselho 
Regional de Santa Catarina alegava que o livre exercício de 
qualquer profissão ou trabalho estaria constitucionalmente 
condicionado às qualificações específicas de cada profissão 
e que, no caso dos músicos, a Lei 3.857/60 estabeleceria 
essas restrições — v. Informativos 406 e 568. Aduziu-se que 
as restrições feitas ao exercício de qualquer profissão ou 
atividade profissional deveriam obedecer ao princípio da 
mínima intervenção – a qual se pautaria pela razoabilidade 
e pela proporcionalidade. Ressaltou-se que a liberdade de 
exercícioprofissional, contida no art. 5º, XIII, da CF, seria 
quase absoluta e que qualquer restrição a ela só se 
justificaria se houvesse necessidade de proteção a um 
interesse público, a exemplo de atividades para as quais 
fosse requerido conhecimento específico, técnico, ou 
ainda, habilidade já demonstrada. (STF RE 414426/SC, rel. 
Min. Ellen Gracie, 1º.8.2011). 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo 
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
Artigo correspondente: art. 139, I, da CF/88. 
LIBERDADE DE REUNIÃO 
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, 
em locais abertos ao público, independentemente de 
autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
O direito a reunião é uma manifestação coletiva da 
liberdade de expressão, tendo como requisitos: pluralidade 
de participantes, temporariedade, finalidade pacífica, 
ausência de armas, lugares abertos ao público e 
comunicação prévia. 
Haverá restrição ao direito de reunião na hipótese de 
decretação do estado de defesa e suspensão no caso de 
decretação do estado de sítio (art. 136, §1º, I, “a” e art. 
139, IV, ambos da CF). São limitações circunstanciais. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Por entender caracterizada a ofensa ao art. 
5º, XVI, da CF, que assegura a todos o direito de reunião 
pacífica, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, o Tribunal julgou 
procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo 
Partido dos Trabalhadores - PT e outros para declarar a 
inconstitucionalidade do Decreto distrital 20.098/99, que 
veda a realização de manifestação pública, com a utilização 
de carros, aparelhos e objetos sonoros na Praça dos Três 
Poderes, na Esplanada dos Ministérios e na Praça do Buriti 
e vias adjacentes. (STF ADI 1969/DF, 28.6.2007). 
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO 
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, 
vedada a de caráter paramilitar; 
O direito de associação só alcança as associações criadas 
para fins lícitos, com ou sem personalidade jurídica. O 
caráter paramilitar é verificado quando a associação 
destina-se ao treinamento do uso de material bélico, com 
as seguintes características: organização hierárquica e 
respeito ao princípio da obediência. 
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 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Com efeito, a liberdade de associação não se 
confunde com o direito de reunião, possuindo, em relação 
a este, plena autonomia jurídica (...). Diria, até, que, sob a 
égide da vigente Carta Política, intensificou-se o grau de 
proteção jurídica em torno da liberdade de associação, na 
medida em que, ao contrário do que dispunha a Carta 
anterior, nem mesmo durante a vigência do estado de sítio 
se torna lícito suspender o exercício concreto dessa 
prerrogativa. (...) Revela-se importante assinalar, neste 
ponto, que a liberdade de associação tem uma dimensão 
positiva, pois assegura a qualquer pessoa (física ou jurídica) 
o direito de associar-se e de formar associações. Também 
possui uma dimensão negativa, pois garante, a qualquer 
pessoa, o direito de não se associar, nem de ser compelida 
a filiar-se ou a desfiliar-se de determinada entidade. Essa 
importante prerrogativa constitucional também possui 
função inibitória, projetando-se sobre o próprio Estado, na 
medida em que se veda, claramente, ao Poder Público, a 
possibilidade de interferir na intimidade das associações e, 
até mesmo, de dissolvê-las, compulsoriamente, a não ser 
mediante regular processo judicial. (STF ADI 3.045, de 
1º./6/2007). 
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento; 
As associações aqui referidas devem ser entendidas em 
sentido amplo, incluindo os partidos políticos e as 
associações sindicais (art. 8º, I), as quais devem ser criadas 
na forma da lei, sem necessidade de autorização do poder 
público, nem possibilidade de interferência deste em seu 
funcionamento, considerando que a interferência arbitrária 
do poder público no exercício desse direito pode acarretar 
responsabilidade penal, político-administrativa e civil. 
Importante diferenciar os institutos, pois a associação não 
tem fins lucrativos, o patrimônio é constituído pela 
contribuição dos membros para alcançar fins educacionais, 
religiosos, culturais etc. Já a cooperativa, sociedade ou 
empresa constituída por membro de determinado grupo 
econômico ou social, objetiva desempenhar, em beneficio 
comum, determinada atividade econômica. 
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado; 
Fica subentendido que qualquer ato normativo editado 
pelo poder Executivo ou pelo poder Legislativo, no sentido 
de dissolução compulsória, será inconstitucional, uma vez 
que a Lei Maior limita a atuação ao Poder Judiciário 
(cláusula de reserva do Poder Judiciário), autorizando-o à 
dissolução somente quando a finalidade buscada pela 
associação for ilícita, valendo ressaltar que no caso da 
medida mais drástica, ou seja, no caso da dissolução, a 
decisão judicial exige o trânsito em julgado. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA (...). Cabe enfatizar, neste ponto, que as normas 
inscritas no art. 5º, incisos XVII a XXI da atual Constituição 
Federal protegem as associações, inclusive as sociedades, 
da atuação eventualmente arbitrária do legislador e do 
administrador, eis que somente o Poder Judiciário, por 
meio de processo regular, poderá decretar a suspensão ou 
a dissolução compulsória das associações. Mesmo a 
atuação judicial encontra uma limitação constitucional: 
apenas as associações que persigam fins ilícitos poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou suspensas. “Atos 
emanados do Executivo ou do Legislativo, que provoquem a 
compulsória suspensão ou dissolução de associações, 
mesmo as que possuam fins ilícitos, serão inconstitucionais. 
(STF ADI 3.045, 1º./6/07). 
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado; 
 
XXI – as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados judicial ou extrajudicialmente; 
Aqui consta a grande diferença entre associações e 
sindicatos, pois a estes cabe a defesa dos direitos e 
interesses coletivos e individuais da categoria (art. 8º, III), 
enquanto que aquelas possuem finalidades sociológicas. 
O dispositivo diz respeito à representação processual, que 
por sua vez difere da substituição processual (legitimidade 
ativa extraordinária). Aquela ocorre numa situação onde o 
representante atua em nome do representado, caso em 
que se faz necessário à autorização. A substituição 
processual o legitimado atua em seu nome próprio para 
defesa de direito alheio, não sendo necessária autorização. 
Vale dizer que no caso de impetração de mandado de 
segurança coletivo (art. 5º, LXX), a associação prescinde de 
autorização, uma vez que atua como substituto processual. 
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de 
que entidade de classe não tem legitimidade para 
promover interpelação judicial em defesa da honra de seus 
associados, por se tratar de um direito personalíssimo de 
quem, concretamente, seviu atingido pelas afirmações 
tidas por ofensivas (PET nº 1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o 
Ministro Celso de Mello, DJ de 9/4/99). 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). A representação prevista no inciso XXI do 
artigo 5º da Constituição Federal surge regular quando 
autorizada a entidade associativa a agir judicial ou 
extrajudicialmente mediante deliberação em assembleia. 
Descabe exigir instrumentos de mandatos subscritos pelos 
associados. (...). (STF RE 192.305, 21/5/01). 
Súmula 629 do STF - A impetração de mandado de 
segurança coletivo por entidade de classe em favor dos 
associados independe da autorização destes. 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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DIREITO DE PROPRIEDADE 
XXII – é garantido o direito de propriedade; 
O direito de propriedade é garantia individual e relativa. 
XXIII – a propriedade atenderá a função social; 
O conceito de função social consta nos artigos 182, §2º e 
186, da CF/88. 
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou 
por interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta 
Constituição; 
As exceções estão previstas nos artigos 182, §4º, 184 e 243, 
todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). A expropriação de glebas a que se refere o 
art. 243 da CF há de abranger toda a propriedade e não 
apenas a área efetivamente cultivada (...). (STF RE 
543.974/MG, 26.3.2009). 
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano; 
Trata-se de Requisição Administrativa, desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública. 
A indenização é posterior porque deverá ser paga somente 
se houver dano, o qual será devido até na hipótese do 
artigo 139, VII, da CF/88, ou seja, durante o Estado de Sítio. 
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, 
desde que trabalhada pela família, não será objeto de 
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento; 
Frise-se que o benefício da impenhorabilidade aqui 
concedida diz respeito exclusivamente aos débitos 
decorrentes da própria propriedade produtiva, devendo 
dita pequena propriedade rural ser trabalhada pela família, 
requisito este essencial para o reconhecimento do instituto. 
A título de informação, o Estatuto da Terra, lei nº 4.504/64, 
tenta definir "propriedade familiar" e usa como referência 
de área, o módulo rural. 
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
Propriedade intelectual, que compreende os direitos 
autorais, também conhecidos como direito de cópia 
(copyright) e os direitos à propriedade industrial, marcas e 
patentes, descritos no inciso XXIX, do presente artigo. 
Registre-se que a lei dos direitos autorais é a lei no. 
9.610/98. 
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico 
das obras que criarem ou de que participarem aos 
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações 
sindicais e associativas; 
O texto contém três garantias: a das participações 
individuais em obras coletivas, que são as produzidas em 
colaboração por diversos autores, a das reproduções da 
imagem e voz humanas e a de fiscalização do 
aproveitamento econômico das obras. 
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais 
privilégio temporário para sua utilização, bem como 
proteção às criações industriais, à propriedade das 
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
São asseguradas duas garantias: privilégio temporário de 
utilização aos autores de inventos e a proteção às criações 
industriais, à propriedade das marcas, nomes de empresas 
e outros signos distintivos. 
O autor de inventos é aquele que fez uma descoberta ou 
criou coisa nova, industrializável, que produz resultado no 
mercado. A Lei 9.279/96 dispõe sobre essa matéria e prevê 
o direito de obter a patente. Essa mesma lei protege à 
marca registrada no Brasil, bem como a marca 
notoriamente conhecida, independentemente de estar ou 
não registrada no Brasil, conhecidas por marcas notórias. 
DIREITO DE SUCESSÕES 
XXX – é garantido o direito de herança; 
Para José Afonso da Silva “herança” significa a 
universalidade de bens transmitida pelo finado aos seus 
sucessores, segundo a ordem das vocações hereditárias. 
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País 
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge 
ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus; 
A regra só se aplica aos bens de estrangeiros situados no 
Brasil porque a lei brasileira não tem eficácia 
extraterritorial. 
Segundo Celso de Mello, o legislador constituinte utilizou o 
critério do jus domicilii, aplicando a lei brasileira, 
combinado com o critério do jus patriae, quando a lei 
estrangeira, pessoal do de cujus, for mais favorável ao 
cônjuge ou filhos brasileiros. E se o morto era domiciliado 
no exterior, aplicar-se-á a lei brasileira se for mais benéfica 
ao cônjuge ou filhos brasileiros, no que diz respeito aos 
bens situados no Brasil (critério forum rei sitae). 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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OS: 0151/11/16-Gil 
O presente dispositivo também abrange os netos 
brasileiros, desde que sejam herdeiros, pois a finalidade do 
legislador constitucional é a proteção dos descendentes 
brasileiros convocados à herança. O adjetivo “brasileiros”, 
ora empregado, qualifica cônjuges e filhos e a conjunção 
“ou” tem sentido tanto aditivo como alternativo. 
DIREITO DE INFORMAÇÃO 
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
É garantia de natureza administrativa, que decorre do 
princípio da publicidade dos atos da Administração Pública. 
Porém essa garantia não é absoluta, já que o Poder Público 
pode recusar-se a fornecer a informação quando esta for 
imprescindível à segurança do Estado e da sociedade, nos 
termos da lei nº 12.527/2011. Ressalte-se, ainda a criação 
da comissão da verdade, instituída pela lei 12.528/2011. 
Importante dizer que quando houver negativa 
administrativa sobre informações pessoais a ação 
constitucional cabível poderá ser o habeas data, mas 
quando o direito denegado for informações de interesse 
coletivo ou geral, a ação constitucional cabível a espécie 
será o mandado de segurança (art. 5º, LXIX e LXXII). 
Dispositivo correspondente: art. 5º, XIV, da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse 
do representado, ter acesso

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