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A Administração Pública Angolana

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A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
ANGOLANA 
THE ANGOLAN PUBLIC ADMINISTRATION 
NewPaper nº 15/2018 
Amaral, Evandro José Coelho do 1 
Resumo 
Este artigo, vem apresentar a Administração Pública 
angolana, de acordo com a constituição da República 
de Angola e da Lei. 
Palavras-chaves: Administração, Estado e 
Angolana. 
Abstract 
This article presents the Angolan Public 
Administration, according to the constitution of the 
Republic of Angola and the Law. 
Keywords: Administration, State and Angolan. 
 
Introdução 
A Administração Pública tem como objectivo 
trabalhar em favor do interesse público e dos direitos 
e interesses dos cidadãos que administra. 
“Administrar significa não só prestar serviço 
executá-lo como, igualmente, dirigir, governar, 
exercer a vontade com o objectivo de obter um 
resultado útil e que até, em sentido vulgar, 
administrar quer dizer traçar programa de acção e 
executá-lo”, Di Pietro (2010, p. 44). 
Em suma, podemos definir Administração Pública 
como toda actividade do Estado. 
A Administração Pública é o sistema de serviços, 
organismo e entidades, que actuam de modo regular 
e contínuo para a cabal satisfação das necessidades 
colectivas. A Administração Pública angolana pode 
ser repartida em três Grupos, de acordo aos artigos 
201.º e 213.º da Constituição da República de 
Angola de 2010, designadamente: 
Administração Directa: 
 Administração Central: Competência 
extensiva a todo o território nacional 
(Presidência da República, Vice-
Presidência da República, ministérios e 
Secretarias de Estado). 
 
1 Graduado no Curso de Administração Pública, pelo 
Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações 
Internacionais (CIS), evandro.amaral2015@hotmail.com; 
 Administração Local / Periférica 
(interna e externa): Competência restrita a 
certas áreas ou circunscrições Governos 
provinciais, Administrações Municipais e 
Administrações Comunais 
Administração Indirecta do Estado: 
Entes personificados que realizam os fins do Estado. 
Gozam de autonomia administrativa, financeira e 
patrimonial. 
 Institutos Públicos: Institutos Públicos - 
Pessoas colectivas de natureza institucional 
dotadas de personalidade jurídica: INSS, 
INEA, Laboratório de Engenharia, IFAL… 
 Empresas Públicas: Pessoas colectivas de 
natureza empresarial, com fim lucrativo, 
que visam a prestação de bens ou serviços 
de interesse público, com total capital do 
Estado (Sonangol, TAAG, ENAD, 
ENANA). 
Administração Autónoma: 
São as entidades que prosseguem interesses próprios 
das pessoas que as constituem e que definem com 
independência a orientação da sua actividade. 
1. Associações Públicas: 
 Associações de entidades Públicas – 
Associações municipais 
 Associações Públicas de Entidades 
Privadas – Ordens Profissionais 
2. Autarquias Locais; 
3. Autoridades Tradicionais; 
4. Outras Formas de Organização e Participação 
dos cidadãos; 
 
1. Princípios do Direito Administrativo Angolano 
1. Prossecução do Interesse Público (Artigo nº 
198º, nº 1 CRA): os funcionários encontram-se ao 
serviço exclusivo da comunidade e dos cidadãos, 
prevalecendo sempre o interesse público sobre os 
interesses particulares ou de grupo (artigo nº 198º, nº 
1 CRA; artigo 1º, nº 1 da Lei 17/90, de 20 de 
Outubro; artigo 3º, nº 1 do Decreto 33/91, de 26 de 
Julho; ponto nº 4 do capítulo II da Resolução 27/94, 
2 
 
de 26 de Agosto; alínea f) do artigo 3º e artigo 9º, 
ambos da Lei 03/10, de 29 de Março). 
2. Princípio da Legalidade: os funcionários actuam 
em conformidade com os princípios constitucionais 
e de acordo com a lei e o direito (artigo 6º e artigo 
nº198º, nº 1 CRA; artigo 1º, nº 2 da Lei 17/90, de 20 
de Outubro; artigo 4º, nº 1 do Decreto 33/91, de 26 
de Julho; ponto nº 5 do capítulo II da Resolução 
27/94, de 26 de Agosto, alínea a) do artigo 3º e artigo 
4º, ambos da Lei 03/10, de 29 de Março). 
3. Princípio da Igualdade: os funcionários não 
podem beneficiar ou prejudicar qualquer cidadão em 
função da sua ascendência, sexo, raça, língua, 
convicções políticas, ideológicas ou religiosas, 
situação económica ou condição social (artigo 23º e 
artigo nº 198º, nº 1 CRA; ponto nº 10 do capítulo III 
da Resolução 27/94, de 26 de Agosto). 
4. Princípio da Justiça e da Imparcialidade: os 
funcionários, no exercício da sua actividade, devem 
tratar de forma justa e imparcial todos os cidadãos, 
actuando segundo rigorosos princípios de 
neutralidade (artigo nº 198º, nº 1 CRA; artigo 1º, nº 
2 da Lei 17/90, de 20 de Outubro; ponto nº 6 do 
capítulo II da Resolução 27/94, de 26 de Agosto; 
alínea e) do artigo 3º e artigo 8º, ambos da Lei 03/10, 
de 29 de Março). 
5. Princípio da Proporcionalidade: os 
funcionários, no exercício da sua actividade, só 
podem exigir aos cidadãos o indispensável à 
realização da actividade administrativa (artigo nº 
198º, nº 1 CRA; ponto nº 11 do capítulo III da 
Resolução 27/94, de 26 de Agosto). 
6. Princípio da Colaboração e da Boa-Fé: os 
funcionários, no exercício da sua actividade, devem 
colaborar com os cidadãos, segundo o princípio da 
Boa Fé, tendo em vista a realização do interesse da 
comunidade e fomentar a sua participação na 
realização da actividade administrativa (ponto nº 9 
do capítulo III da Resolução 27/94, de 26 de Agosto). 
7. Princípio da Informação e da Qualidade: os 
funcionários devem prestar informações e/ou 
esclarecimentos de forma clara, simples, cortês e 
rápida (ponto nº 12 do capítulo III e ponto 20 do 
capítulo V da Resolução 27/94, de 26 de Agosto). 
8. Princípios da Lealdade: Os funcionários, no 
exercício da sua actividade, devem agir de forma 
leal, solidária e cooperante (ponto nº 19 do capítulo 
IV e nº 21 do Capítulo V da Resolução 27/94, de 26 
de Agosto; alínea k) do artigo 3º e artigo 14º, ambos 
da Lei 03/10, de 29 de Março). 
9. Princípios da Integridade: Os funcionários 
regem-se segundo critérios de honestidade pessoal e 
de integridade de carácter (ponto nº 7 do capítulo II 
da Resolução 27/94, de 26 de Agosto; alínea h) do 
artigo 3º e artigo 11º, ambos da Lei 03/10, de 29 de 
Março). 
10. Princípio da Competência e 
Responsabilidade: Os funcionários agem de forma 
responsável e competente, dedicada e crítica, 
empenhando-se na valorização profissional (artigo 
3º, nº 2 do Decreto 33/91, de 26 de Julho; ponto nº 7 
e 8 do capítulo II da Resolução 27/94, de 26 de 
Agosto; alíneas c) e g) do artigo 3º e artigos 6º e 10º, 
todos da Lei 03/10, de 29 de Março). 
11. Princípio do Respeito pelo Património 
Público: O servidor público deve abster-se das 
práticas que lesem o património público (alínea d) do 
artigo 3º e artigo 7º, ambos da Lei 03/10, de 29 de 
Março). 
12. Princípio da Probidade: os servidores públicos 
não podem solicitar ou aceitar, para si ou para 
terceiros, directa ou indirectamente quaisquer 
presentes, empréstimos, facilidades ou em geral, 
quaisquer ofertas que possam pôr em causa a 
liberdade da sua acção, a independência do seu juízo 
e a credibilidade e autoridade da Administração 
Pública (ponto nº 13 do capítulo III da Resolução 
27/94, de 26 de Agosto, alínea b) do artigo 3º e artigo 
5º, ambos da Lei 03/10, de 29 de Março). 
2. Direitos e Garantias dos Administrados 
De acordo com nºs 1, 2, 3 e 4 do artigo 200.º da 
Constituição da República de Angola: 1. Os cidadãos 
têm direito de ser ouvidos pela administração 
pública nos processos administrativos susceptíveis 
de afectarem os seus direitos e interesses legalmenteprotegidos. 2. Os cidadãos têm direito de ser 
informados pela administração sobre o andamento 
dos processos em que sejam directamente 
interessados, bem como o de conhecer as decisões 
que sobre eles forem tomadas. 3. Os particulares 
interessados devem ser notificados dos actos 
administrativos, na forma prevista por lei, os quais 
carecem de fundamentação expressa quando afectem 
direitos ou interesses legalmente protegidos. 4. É 
garantido aos particulares o direito de acesso aos 
arquivos e registos administrativos, sem prejuízo do 
disposto na lei em matérias relativas à segurança e 
defesa, ao segredo de Estado, à investigação criminal 
e à intimidade das pessoas. 
 
 
3 
 
3. Gestão Pública e sua Característica 
A Gestão Pública é uma actividade de 
Administração executada pelo Estado, criada com 
interesse de satisfazer as necessidades dos cidadãos. 
No entanto, não deixa de ser um processo que exige 
uma mudança tanto para o Estado como para os 
utentes, uma vez que ambas as partes respeitam 
normas e princípios fundamentais da Gestão 
Pública, (Azevedo, 2007). 
A Gestão Pública não sofre a pressão para reduzir os 
custos e aumentar a eficiência, uma vez que as 
restrições são legais e regularizadas para a sua 
actuação. Mas por outro lado a gestão pública sofre 
influências políticas dos partidos e grupos da 
oposição, mas devem ficar cientes à pressão dos 
cidadãos, visto que contribuem para o aumento das 
receitas públicas, (Azevedo, 2007). 
 Os gestores do topo têm a sua actividade 
mais exposta à opinião pública, menos 
autonomia de decisões estratégicas e menor 
autoridade sobre os subordinados; 
 As decisões estratégicas são mais 
vulneráveis a interrupções de grupos 
externos; 
 As organizações públicas produzem bens e 
serviços e as suas actividades são rotineiras, 
uma vez que lidam com situações de 
externalidades; 
 Os gestores públicos estão sujeitos a 
intenso escrutínio público e têm um alto 
grau de honestidade, abertura e 
accountability, (Rocha, 2011). 
Hoje em dia, com a evolução das novas tecnologias 
de informação e comunicação e uma economia 
baseada em inovações, é importante falar da nossa 
Administração Pública, dos nossos serviços e pensar 
no melhoramento contínuo da qualidade de serviço 
prestado pela Administração Pública. No entanto, 
podemos notar que a nossa economia agora é mais 
bem estruturada graças à boa gestão e às novas 
tecnologias de informação, isto é, com essas 
ferramentas o serviço torna-se mais eficiente e eficaz 
principalmente na divulgação dos dados, na 
promoção da transparência, interactividade e acesso 
dos cidadãos-utentes aos serviços, passando estes a 
poderem ser prestados através de vários canais 
(presencial, web e voz). 
Um outro factor importante na gestão de qualidade 
dos serviços é o trabalho em equipa, ou seja, é uma 
das fermentas que contribui no processo da melhoria 
contínua dos serviços públicos, mobiliza as pessoas 
na quebra de barreiras a qualidade, promove a 
comunicação interna das organizações e motiva os 
funcionários para o esforço conjunto de melhorar os 
seus serviços de modo que possam minimizar as 
falhas, (Azevedo, 2007). 
Conclusão 
Ponderando tudo que foi visto atrás podemos 
concluir a gestão democrática é de suma importância 
para implementação de políticas públicas 
sustentáveis, sendo que o Estatuto da Cidade é o 
instrumento democrático de maior influência, pois 
aponta directrizes básicas para uma planificação 
urbana estruturada e ainda, tem-se o Plano Director 
que vem para efectivar a participação popular e 
gestão democrática na elaboração de políticas 
públicas adequadas. 
Outra política a ser adoptada é a participação da 
sociedade civil nas discussões deliberativas, 
podendo sugerir alternativas, pois conhece os 
problemas locais, sendo também uma estratégia de 
fortalecimento da gestão e de enriquecimento de 
alternativas para superação das condições sociais 
impostas pela pobreza e por um meio ambiente 
degradado. Esse é o papel da administração pública 
orientada para o desenvolvimento económico. 
Referências Bibliográficas 
 
Azevedo, A. (2007). Administração Pública 
Modernização Administrativa, Gestão e 
Melhoria dos Processos Administrativos 
CAF e SIADAP. Vida Económica. 
Di Pietro, M. S. (2010). Direito Administrativo (23ª 
ed.). São Paulo: Atlas. 
Rocha, O. J. (2011). Gestão Pública - Teoria, 
modelos e práticas. Escolar editora, Lda. 
 Legislação Consultada: 
1. Constituição da República de Angola de 
2010. 
2. Lei nº 3/10. Lei da Probidade Pública. (29 
de Março de 2010). [I Série – N.º 57]. 
Luanda: Imprensa Nacional. 
3. Decreto 33/91. Regime Disciplinar dos 
Funcionários Públicos e Agentes da 
Administração Pública. (26 de Julho de 
1991). [I Série – N.º 31]. Luanda: Imprensa 
Nacional. 
4. Lei 17/90. Sobre os Princípios a Observar 
pela Administração Pública. (20 de 
Outubro de 1990). [I Série – N.º 46]. 
Luanda: Imprensa Nacional.

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