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MATERIAL DIDÁTICO EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 3.445 DO DIA 19/11/2003 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.portalprominas.com.br 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................................................3 UNIDADE 2 – A RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA: HISTÓRICO E ABORDAGEM DO PROGRESSO SUSTENTÁVEL……........................…………………………………………………………………............…………...5 UNIDADE 3 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL…………………………………………………….............….8 UNIDADE 4 – VIVER DE FORMA SUSTENTÁVEL…………………………………………............………………..11 UNIDADE 5 – PASSOS PARA SE CONSTRUIR UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL………….........…………13 UNIDADE 6 – RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DOS SERES VIVOS………………………..........…14 UNIDADE 7 – MELHORAR A QUALIDADE DA VIDA HUMANA…………………………………………..............17 UNIDADE 8 – CONSERVAR A VITALIDADE E A DIVERSIDADE DO PLANETA TERRA………….............................................................................................................................................……22 UNIDADE 9 – PERMANECER NOS LIMITES DA CAPACIDADE SUPORTE DO PLANETA TERRA...........…32 UNIDADE 10 – MODIFICAR ATITUDES E PRÁTICAS PESSOAIS…………………………………………..........36 UNIDADE 11 – PERMITIR QUE AS PESSOAS CUIDEM DO SEU PRÓPRIO AMBIENTE……………........…..38 UNIDADE 12 – GERAR UMA ESTRUTURA NACIONAL PARA A INTEGRAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E CONSERVAÇÃO……………………………..................…………………………..........................……….......……..41 UNIDADE 13 – CONSTITUIR UMA ALIANÇA GLOBAL………………………………………………….........……47 UNIDADE 14 – APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS DESCRITOS – AÇÕES PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL…......………………………………………………….................…..........................………………..50 REFERÊNCIAS ……………………………………………………………………………….........……………………..73 3 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO Como definição, desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. O enfoque principal de todo o desenvolvimento sustentável consiste em modificações de comportamentos e a aquisição de novas tecnologias para melhorar a qualidade de vida para todos e conservar o meio ambiente. É preciso compreender que conservação não é o oposto de desenvolvimento, mas para isso é necessário assumir compromissos com a nova ética sustentável e, acima de tudo, colocar em prática seus princípios. A Gestão e Planejamento Ambiental é uma grande aliada nesse processo de conscientização ecológica e mobilização das organizações, e o setor público tem enorme responsabilidade para que o desenvolvimento sustentável dê certo, pois está diretamente envolvido na formulação e cumprimento das leis tanto para os setores públicos como privados. O planeta Terra tem seus limites, e o crescimento populacional aliado ao consumismo irresponsável vem provocando impactos ambientais negativos. A vida sustentável exige que nos tornemos mais conscientes dos efeitos de nossas decisões sobre as sociedades, que entendamos que somos parte de uma grande comunidade de vida. Medidas legais, sociais, econômicas e técnicas devem ser integradas no planejamento e ação visando a sustentabilidade. Os programas educacionais e campanhas informativas têm um papel fundamental de orientar as pessoas a essa nova ética. 4 Buscou-se aqui fazer um levantamento dos passos que direcionem para uma vida sustentável e, é claro, como as comunidades do Planeta Terra são diferentes, é possível que se faça uma adaptação seguindo ações e princípios básicos de conservação aliada ao desenvolvimento econômico. Os princípios aqui descritos e suas respectivas ações nos põe a refletir sobre os cuidados que devemos ter com as outras pessoas e o respeito com todos os outros seres que fazem parte do Planeta Terra. As questões aqui levantadas devem ser consideradas para assegurar o progresso da humanidade, e serem encaradas como desafios a todos aqueles que levam a sério a necessidade de caminhar ao encontro da sustentabilidade. 5 UNIDADE 2 - A RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA: HISTÓRICO E ABORDAGEM DE PROGRESSO SUSTENTÁVEL Os problemas ambientais atuais como aquecimento global, desmatamentos, cultura consumista entre tantos outros começam a surgir no momento em que o homem se posiciona como “Dominador da Natureza”. Com esta mentalidade podia-se tirar o máximo possível de recursos naturais, acelerar o desenvolvimento econômico irresponsável e deixar espalhado pelo planeta os resíduos desse processo produtivo, um depósito de lixo atmosférico, aquático, terrestre, cósmico. No entanto, essa relação do homem com o seu meio ambiente (que caminham juntos desde a origem da humanidade), nem sempre foi tão devastadora. A ligação íntima com o meio natural, através de rituais, mitos, tornava a natureza e o homem a mesma coisa. A intervenção no meio era respeitosa, mesmo que devido ao temor da vingança divina, como Deus-Sol, Deus-Chuva, e outros. Há mais ou menos 2600 anos atrás, na Grécia Antiga, as teorias dos pré- Socráticos inclinaram-se ao estudo da natureza de maneira racional, pois esta tinha relação direta com os seres. Mas com o surgimento das Cidades-Estado Gregas, a discussão sobre natureza foi substituída pela discussão do comportamento humano (ética, política, costumes). Para completar, na Idade Média, o Cristianismo distancia o espírito da matéria, ou seja, a relação homem-natureza e o Renascimento, com o Antropocentrismo, favorece a perda de integração com a natureza. A ruptura dessa ligação espiritual com a Mãe-Terra, separando o homem da natureza e o desejo pelo poder e dinheiro foram ganhando espaço e moldando uma nova forma de civilização. No século XIX, Darwin com sua ousada Seleção Natural, aproxima a natureza do homem e, no século XX, a Ecologia mostra a necessidade de revalorizar a integração humana da sua natureza interior com a natureza exterior. A discussão ecológica entra em cena quando se faz necessária achar alternativas entre progresso e meio ambiente, ou seja, um progresso sustentável. Ecologia e economia caminham juntas, promovendo uma análise dos recursos disponíveis e seus custos/benefícios. 6 A atual visão ecológica apresenta uma base técnica, racional e lógica buscando oportunidades de crescimento econômico com responsabilidade ambiental. Uma outra questão que afeta diretamente o meio ambiente é o crescimento populacional. No início da era Cristã, a população no mundo era cerca de 250 milhões. Em 1850 alcançou 1,1 bilhão de pessoas e 3 bilhões em 1965. Hoje, somos aproximadamente 6,5 bilhões, sendo que a previsão para 2012 são 7 bilhões de indivíduos, podendo chegar em alguns anos a 12 bilhões. Como esse aumento enorme do número de vidas humanas poderá ser sustentado sem causar prejuízos ao planeta? (não nos esquecendo que já degradamos e poluímos o suficiente para que a nossa qualidade de vida esteja afetada). Claro que não é pelo nosso modo de vida atual e também não o é por meio das políticas rotineiras de empreendimentos.O crescimento populacional aliado ao consumismo irresponsável vem provocando impactos ambientais negativos. No entanto, devemos observar que o ritmo do desenvolvimento capitalista não é igual em todos os países, sendo que alguns consomem exageradamente e outros não tem o que pôr no prato para se alimentar. Assim não se pode comparar o consumo de um americano com o de um africano, que em sua maioria, consome o mínimo. Apesar desse vasto assalto à natureza, centenas de milhares de pessoas lutam em meio à pobreza, sem o mínimo de qualidade de vida, sem água potável e uma alimentação suficiente para nutrir as necessidades vitais. 7 Devemos ter o cuidado de não homogeneizar a relação homem-natureza, atribuindo a culpa de todos os problemas ambientais de forma igualitária. Temos que lembrar que essa relação acontece diferentemente ao redor do planeta e é influenciada por vários fatores como classe social, cultura, economia, etc. No entanto, não podemos ignorar que estamos pressionando o planeta Terra até os limites de sua capacidade. Desde a revolução industrial, o crescimento populacional vem aliado ao do consumismo. Isso tem causado enormes impactos ao meio ambiente, desde poluição atmosférica principalmente pelos gases metano e gás carbônico, como poluição do ar, solo, mananciais de água e oceanos afetando diretamente a saúde dos humanos e outras espécies. 8 UNIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. O desenvolvimento sustentável tem como convicção que as pessoas podem modificar comportamentos quando percebem que isso resultará em alguma melhoria, pessoal e para a comunidade. Se desejarmos realmente cuidar do planeta construir uma melhor qualidade de vida para todos, precisamos de valores, economias e sociedades diferentes da maioria que existe no mundo hoje. O enfoque é: conservação não é o oposto de desenvolvimento. Enfatiza que a conservação engloba tanto a proteção quanto o uso racional dos recursos naturais, sendo fator fundamental para o sucesso dos povos a obtenção de uma vida digna e para a garantia de bem-estar das gerações atual e futuras. Primeiro é necessário assegurar um amplo e profundo compromisso com uma nova ética sustentável e colocar em prática seus princípios. Em segundo lugar, integrar 9 conservação e desenvolvimento: a conservação para limitar as nossas atitudes à capacidade da Terra, e o desenvolvimento para permitir que as pessoas possam levar vidas longas, saudáveis e plenas em todos os lugares. Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, temos que reconhecer que os recursos naturais são finitos e que o planejamento é essencial, pois desses recursos dependem a existência humana, a diversidade biológica e o próprio crescimento econômico. É de vital importância o desenvolvimento econômico para países mais pobres, mas não é possível que os modelos de crescimento sejam os dos países industrializados. Os países do Hemisfério Norte, que possuem apenas um quinto da população do planeta, consomem 70% de energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial e ainda detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais. É curioso o relato que, segundo contam, Mahatma Gandhi faz ao ser perguntado se, depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico. Ele responde: “(…)a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?” Assim, para que o desenvolvimento sustentável aconteça de fato, deve haver redução do uso de matérias-primas e a busca de alternativas ecológicas viáveis, como reciclagem, reutilização, entre outros. A Gestão e Planejamento Ambiental é uma grande aliada nesse processo de conscientização ecológica e mobilização das organizações, pois busca a melhoria constante dos produtos, serviços e ambiente de trabalho, levando em conta o fator ambiental. Além de estimular a qualidade do ambiente, também colabora na redução de custos, como desperdício de água, energia e matérias-primas. Segundo Barbieri “Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam.” (BARBIERI, José Carlos. GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL – Conceitos Modelos e Instrumentos). Sabemos que o setor público tem grande responsabilidade na consolidação do desenvolvimento sustentável, pois define leis e normas que estabelecem critérios 10 ambientais que serão (supostamente) cumpridos tanto pelos órgãos públicos como privados. Também tem a função de fiscalização, por isso precisa ser coerente ao comprometer-se com o princípio de sustentabilidade, adequando suas ações à ética socioambiental. Sustentável é um termo usado com diversas combinações, e é preciso diferenciá- las aqui para entendermos sua abrangência. Quando dizemos uso sustentável aplica- se somente aos recursos renováveis em quantidade compatível com sua capacidade de renovação. Desenvolvimento sustentável tem como definição melhorar a qualidade de vida humana dentro da capacidade suporte dos ecossistemas. E economia sustentável é produto de um desenvolvimento sustentável. 11 UNIDADE 4 - VIVER DE FORMA SUSTENTÁVEL Viver de forma sustentável depende da aceitação do dever da busca de harmonia com as outras pessoas e com a natureza. E isso requer uma mudança drástica para a maioria das pessoas. A vida sustentável exige que nos tornemos mais conscientes dos efeitos de nossas decisões sobre as sociedades, que entendamos que somos parte de uma grande comunidade de vida. Mudar hábitos não é tarefa fácil, exige esforço, dedicação, aperfeiçoamento e ética. Mas como sugerir essa mudança quando muitos vivem na penúria, sem os elementos básicos da vida? Precisamos de um novo tipo de desenvolvimento que melhore rapidamente a qualidade de vida dos menos afortunados. O planeta Terra tem seus limites e para viver dentro desses limites, admitindo que aqueles que hoje têm menos passem a ter mais, duas coisas são necessárias: reduzir o crescimento populacional e estabilizar e reduzir o consumo de recursos dos povos mais ricos. A vida sustentável deve ser o novo padrão de indivíduos, comunidades, nações, mundo. A mudança deve partir de todos e os programas educacionais têm grande responsabilidade nas campanhas informativas para a difusão dessa ética. 12 O progresso na direção da sustentabilidadetem sido lento devido à ideia de que conservação e desenvolvimento são polos opostos. Medidas legais, sociais, econômicas e técnicas devem ser integradas no planejamento e ação visando a sustentabilidade. Muito do que há por ser feito, tem abrangência mundial e requer uma resposta mundial. 13 UNIDADE 5 - PASSOS PARA SE CONSTRUIR UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL O objetivo é o desenvolvimento que proporcione melhor qualidade de vida humana e que, ao mesmo tempo, conserve a vitalidade e diversidade do planeta Terra. Pode parecer utópico, mas é factível. As sociedades humanas diferem entre si, por essas razões, as ações e princípios a seguir devem ser adaptados a cada comunidade. Os caminhos podem ser diferentes, mas o objetivo é o mesmo: uma sociedade sustentável. Princípios da Sociedade Sustentável A regra básica é que a humanidade não deve tomar da natureza mais do que ela é capaz de repor. Isto significa ter estilos de vida e caminhos para o desenvolvimento que respeitem e funcionem dentro dos limites da natureza. Não é necessário deixar os muitos benefícios da tecnologia, mas a tecnologia também tem que funcionar dentro de tais limites. É um passo ao futuro e não uma volta ao passado. O primeiro princípio é o que proporciona base ética para os outros. Os quatro princípios seguintes definem critérios e os quatro últimos, os caminhos a seguir para se chegar à sociedade sustentável, a nível individual, local, nacional e internacional. Esses princípios nos fazem refletir sobre os cuidados que devemos ter para com as outras pessoas, o respeito e o cuidado com a natureza. Muitas culturas e religiões do mundo têm reconhecido isso há séculos. 14 UNIDADE 6 - RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DOS SERES VIVOS É um princípio ético e significa que o desenvolvimento não pode ocorrer em detrimento de outros grupos ou de gerações futuras. Deveríamos ter como objetivo a partilha justa de benefícios e custos do uso de recursos e da conservação do meio ambiente. Toda a vida na Terra faz parte de um grande sistema interdependente que influencia e que está sujeito aos componentes como rochas, água, solo e ar. O prejuízo de uma das partes afeta o todo. Essa ética reconhece a interdependência das comunidades humanas e o dever de cada um com seus semelhantes e com as gerações futuras. Temos responsabilidades com as outras formas de vida que compartilhamos com o Planeta. Conseguir apoio para a ética de viver de forma sustentável é importante porque está moralmente correto e sem ela o futuro da humanidade está em risco. Os resultados de cada um podem combinar-se num todo para haver resultados globais. A introdução dessa ética requer muitos apoios, inclusive das religiões do mundo e de grupos preocupados com a natureza e os princípios que deveriam guiar as relações entre as pessoas. Tais alianças são oportunas e adequadas. Temos direito aos benefícios da natureza, porém esses não estarão disponíveis se não cuidarmos do sistema que os fornecem. Além disso, todas as espécies e sistemas da natureza merecem respeito. O respeito à natureza fica muito evidente em sociedades que vivem em contato com a natureza e em consonância com suas tradições antigas de cuidados para com ela. 15 Ações prioritárias A proteção dos direitos humanos e do restante da natureza é uma responsabilidade de âmbito mundial, que transcende as fronteiras culturais, ideológicas e geográficas. A responsabilidade é tanto coletiva quanto individual. Abaixo, algumas ações para serem divulgadas e aplicadas à filosofia da ética mundial: Estabelecer verdadeira comunicação entre líderes religiosos e pensadores, filósofos, líderes de organizações envolvidas com a conservação e o desenvolvimento, políticos, escritores aliados aos princípios de conduta humana; Mobilizar pessoas através das organizações não-governamentais humanitárias preocupadas com o meio ambiente; Estabelecer novas coalizões a nível nacional e ligadas a uma cadeia internacional simples e pouco dispendiosa através da qual haverá informação mútua do progresso de cada um. Poderiam ser chamados grupos como WWF, UICN (União Internacional para a Conservação da natureza), entre outros; Os governos deveriam adotar um comprometimento com a ética mundial pela vida sustentável e definir respectivos direitos e responsabilidades. Também deveriam incorporar esses princípios em sua legislação nacional ou nas Cartas Constitucionais; As ações a serem realizadas devem incluir todos os setores da sociedade: O ensinamento dos pais aos filhos para agir com respeito às outras pessoas e espécies; Incorporação da ética mundial no trabalho dos educadores; Envolvimento das crianças na mudança de atitude; Utilização dos meios de comunicação para inspirar pessoas ao respeito pelo próximo e natureza; Ampliação do conhecimento em relação aos ecossistemas e sua capacidade suporte; Avaliação pelos advogados das implicações legais da ética mundial; Novas tecnologias e filosofias empresariais e econômicas para implementar a nova ética; Um trabalho simultâneo de políticos, legisladores e administradores para avaliar as mudanças e introduzi-las; 16 A introdução da ética mundial é um trabalho lento e árduo. Muitas pessoas não perceberão a necessidade de mudar e outras resistirão às mudanças, por pensarem que trazem uma ameaça aos seus interesses pessoais, portanto precisamos de mecanismos para superar os obstáculos mais difíceis. A criação de uma organização mundial poderia garantir a observância da ética mundial por todos os países. Poderia ser um movimento independente, comprometido com a ética e fazendo o possível para divulgá-la e evitar que houvesse violações. O primeiro passo seria definir o que seriam as violações à ética. Essas ações devem levar à criação de códigos de conduta que introduzam com a ética mundial no contexto cultural de cada sociedade. 17 UNIDADE 7 - MELHORAR A QUALIDADE DA VIDA HUMANA É o principal objetivo do desenvolvimento, e torna possível os seres humanos obter autoconfiança, dignidade, satisfação. O crescimento econômico é um importante componente do desenvolvimento, porém não deve ser um objetivo isolado. Alguns objetivos das pessoas são universais, tais como vida longa e saudável, educação, acesso aos recursos necessários para um padrão de vida digno, liberdade política, garantia de direitos humanos e de proteção contra a violência. O desenvolvimento só é verdadeiro quando melhora a nossa vida em todos os aspectos. Os indicadores de desenvolvimento mostram que muitos países de menor renda tiveram melhorias em alguns indicadores. No entanto, as necessidades básicas de alimentação, moradia e saúde ainda não são satisfatórias. De acordo com o novo Índice de Pobreza Multidimensional (MPI), o número de pessoas consideradas pobres no mundo chega a 1,7 bilhão de pessoas. O Níger é o país com maior proporção de pobres no mundo (92,7%), seguido da Etiópia (90%), Mali (87,1%) e República Centro-Africana (86,4%). (Dados da BBC – 14/07/2010) Embora a produção mundial de alimentos tenha crescido, o aumento está concentrado onde há excesso, enquanto a fome espalha sofrimento e morteem países onde há carência. O analfabetismo e o desemprego escravizam o pobre à miséria. A qualidade de vida depende de oportunidade e capacidade de se ter um lugar na comunidade. 18 O desemprego e o subemprego ainda são graves problemas de alguns países, e resulta em perda de recursos humanos, provocando inquietação social e insatisfação pessoal. Os países mais pobres e mais endividados são os que têm maior dificuldade para o desenvolvimento humano e são os que mais necessitam dele. O aumento de pressão sobre os recursos da natureza, especialmente nos países mais pobres, causa degradação o que vem a anular perspectivas a longo prazo. Muitos países não podem (ou não querem) investir em programas sociais ou ambientais nos níveis necessários. Muitas são as causas da falta de recursos financeiros. Faz-se necessário maior auxílio financeiro internacional (com fiscalização) para fins sociais e para conservação e recuperação da natureza e dos recursos naturais essenciais. A ajuda na área social é mais importante do que a ampliação dos recursos financeiros (pelo menos no primeiro momento). O cancelamento da dívida e incentivos à exportação também são um caminho. Todos os governos devem rever suas prioridades orçamentárias e muitos deveriam redistribuir riquezas que possuem para financiar o desenvolvimento humano e os cuidados para com o meio ambiente. As políticas para amparar ou recuperar a economia são, portanto, essenciais para os países de baixa renda. Uma vez que todas as economias são baseadas nos recursos naturais e sistemas de sustentação da vida, medidas e políticas sociais e econômicas devem ser complementadas e devem conservar o meio ambiente e impedir a perda dos recursos naturais. Políticas sociais dirigidas adequadamente se fazem necessárias, pois sabemos que a relação aumento do Produto Interno Bruto pode não ser sinônimo de melhor qualidade de vida. Por exemplo, a riqueza de alguns países de alta renda não protegem os indivíduos da violência, drogas, doenças entre outros. 19 Os países de maior renda terão como meta especialmente o desenvolvimento humano. Atingido tal objetivo, o principal desafio é estender qualidade de vida para todos, para isso é necessário redução do consumo de energia e de recursos. Também deverão diminuir a emissão de gases poluentes do efeito estufa e outros. É uma difícil tarefa, especialmente mantendo níveis de emprego e a atividade industrial. Nenhuma nação, que passe por um desenvolvimento sustentável ficará isenta de sofrer amplos ajustes. E estes ajustes devem começar dando ênfase na melhoria da qualidade de vida humana. Um dos ajustes poderia ser a redução dos gastos militares para mínimo necessário à segurança. Isso não é tarefa fácil, mas deveria ser feito pelo interesse das pessoas do mundo todo. O primeiro passo é assegurar aos governos que a segurança de suas fronteiras e a ordem interna podem ser mantidos com menor investimento e que sua própria economia se beneficiaria com esta mudança. Já os países que ganham com vendas de armamentos teriam que ser incentivados a investir em outros setores. Ações prioritárias Redirecionar as prioridades do desenvolvimento é uma estratégia para melhorar a qualidade de vida as pessoas de forma a proporcioná-las: Acesso aos recursos necessários para um padrão de vida digna em bases sustentáveis; Vida longa e saudável com nutrição de qualidade; Educação que permita cada pessoa explorar seu potencial intelectual e se torne capaz de contribuir para a sociedade; Oportunidade de empregos que sejam compensadores. A melhoria da qualidade de vida depende também do aumento e manutenção de produtividade, qualidade do ambiente e da estabilização da população humana e de recursos. Ações imediatas para os países de menor renda Serviços básicos de saúde e educação para todos; Complementação de renda; subsídios par alimentação; programas especiais de nutrição; programas de conservação e serviços de educação que serão mais detalhados em outros itens; 20 Aumentar o crescimento econômico para acelerar o desenvolvimento humano aliado a conservação ambiental. Uma das estratégias é a abertura de mercados nacionais; Abertura de mercados internacionais; Investimento em ciência, tecnologia, educação e treinamento; Destinação de mais recursos para áreas rurais; Incentivo à educação e saúde pública com programas de nutrição para escolas, por exemplo; Especial atenção às comunidades nativas. A tomada de decisões deve acontecer em conjunto com estas comunidades; Investimento para melhorar o plano institucional e regulador de administração do meio ambiente; Assegurar à mulher condições de participar plenamente no processo de desenvolvimento nacional; Oportunidades de emprego para aumento de renda. A industrialização deve ser implementada de forma a salvaguardar o meio ambiente; Incentivo ao crescimento de pequenos e médios negócios; Transferência de tecnologia de países mais avançados para viabilizar uma industrialização que agrida menos o meio ambiente; Controle da situação do meio ambiente, saúde e educação. Ações para os países de maior renda Nesses países as pessoas desfrutam de um alto padrão de vida material que não é sustentável em termos globais. O desafio para estes países também é grande. Devem-se encontrar meios para garantir a qualidade de vida e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de recursos, o uso de energia e seu impacto no meio ambiente. Também têm a obrigação de ajudar os países de menor renda a atingir o desenvolvimento de que necessitam. Os governos deveriam adaptar as políticas nacionais de desenvolvimento para assegurar a sustentabilidade. Os itens abaixo são ações que poderiam contribuir para isso: Melhoria no padrão de vida dos mais pobres; Reduções na poluição das águas e do ar e, principalmente, impor restrições à emissão dos gases do efeito estufa que contribuem para a mudança climática; 21 Conservação da diversidade biológica e cultural; Informações ao público e campanhas educativas voltadas à sustentabilidade; Novas filosofias de relações internacionais econômicas, políticas e de comércio que possam ajudar países mais pobres a atingir seu desenvolvimento; Progresso na conservação e utilização de energia, bem como mudança para fontes de energia renováveis; Campanha para reciclagem e menor perda de materiais na produção; Industrialização com tecnologia menos ou nada poluente; Usos de meios de comunicação como Internet, telefones e outros ao invés de viagens a negócio. 22 UNIDADE 8 - CONSERVAR A VITALIDADE E A DIVERSIDADE DO PLANETA TERRA A conservação somente proporcionará benefícios duradouros se estiver integrada com formas corretas de desenvolvimento. Deve incluir providências no sentido de proteger a estrutura, as funções e a diversidade dos sistemas naturais do planeta. Para isso devemos: Conservar os sistemas de sustentação da vida. São processos ecológicos que determinam o clima, eliminam resíduos do ar e água, regula o fluxo de água, reciclam elementos essenciais, permitem a autorrenovação do ecossistema. Enfim, são estes sistemas que mantêm o planeta adequado para vida. As atividades humanas estão provocando mudanças radicais nesses processos através da poluição global e destruição ou modificação dos ecossistemas. De acordo com modelos climáticos,a temperatura média da Terra deve aumentar 1ºC até 2025 e 3ºC antes do final do século. Pode não parecer muito, mas pode fazer mudanças consideráveis, por exemplo, regiões climáticas vão mudar, assim como os índices de precipitação. Haverá aumento do nível dos oceanos e intensificação de secas e tempestades anormais. 23 Acompanhado essas consequências do efeito estufa, também temos a eliminação da camada de ozônio que contribui para novas ameaças mundiais. Fora os velhos problemas de poluição das águas, do solo, desmatamentos de florestas e várzeas, represamento e canalização da água corrente e introdução de espécies não- nativas. Os ecossistemas costeiros estão se deteriorando rapidamente devido ao controle deficiente do desenvolvimento urbano, industrial, comercial, turístico, agrícola e a falta de controle da disposição dos resíduos. Conservar a biodiversidade Diversidade biológica é a variedade total de classes genéticas, espécies e ecossistemas. Está em contínua mudança. À medida que a evolução traz novas espécies, novas condições ecológicas causam o desaparecimento de outras. Isto sempre ocorre, pois a natureza é mutável, mas as atividades humanas vêm acelerando o esgotamento e a extinção das espécies e modificando as condições para a evolução. A diversidade biológica deve ser conservada porque todas são componentes de sustentação da vida e, por princípio, merece respeito, independentemente da sua utilização pela humanidade. As plantas e os animais, evoluindo por centenas de milhares de anos, tornaram o planeta adequado para as formas de vida que conhecemos hoje. Ajudam a manter o equilíbrio químico da Terra e a estabilizar o clima. Sabemos pouco acerca da importância dos diferentes ecossistemas e das espécies que os compõem. E todas as sociedades, rurais e urbanas, continuam a lançar mão de vários ecossistemas para satisfazer suas necessidades. A diversidade biológica é fonte de toda riqueza, nos fornece o alimento, muitas das matérias-primas, variedades de bens e serviços. O material genético usado na agricultura, medicina e indústria vale bilhões de dólares ao ano. E muitas pessoas gastam bilhões de dólares para apreciarem a beleza da natureza através do turismo e recreação. Embora não saibamos exatamente quantas espécies existam, alguns especialistas calculam que, se persistir a tendência atual, pode haver redução de até 25% das espécies do mundo até meados deste século. Muitas espécies estão perdendo uma parte considerável de sua variação genética. 24 Assegurar o uso sustentável de recursos renováveis Recursos renováveis são a base de todas as economias, incluem o solo, a água, produtos que retiramos de seu estado natural, tais como madeira, castanhas, plantas medicinais, peixe, carne e couro de animais selvagens, espécies domesticadas criadas pela agricultura, aquicultura e silvicultura; e ecossistemas, tais como os dos campos, florestas e águas. Se forem usados de forma sustentável, tais recursos renovar-se-ão perpetuamente. No entanto, devido à atual insustentabilidade de grande parte da pesca, exploração de florestas, entre outros, o futuro de muitas comunidades está ameaçado. Erosão, irrigação mal administrada, salinização, alcalinização já destruíram enormes áreas de solo que antes eram férteis. A retirada de água no mundo tem aumentado cada vez mais, sendo que muitas áreas áridas e semiáridas já sofrem com a escassez de água. A concorrência crescente de usuários de água ameaça a capacidade administrativa que cuida da água e sua distribuição. Em países de menor renda, a causa principal de mortalidade são elementos patogênicos provenientes da água. O desmatamento de florestas tropicais para algum tipo de cultivo ou pastagem está reduzindo a diversidade biológica, e assim, aniquilando com fontes de riquezas e beleza ainda desconhecidos. As florestas temperadas e boreais são altamente estáveis, todavia a poluição do ar, a derrubada de madeira e a urbanização estão fragmentando tais recursos. A pesca excessiva combinada com oscilações naturais têm resultado na diminuição de algumas áreas de pesca. Muitas áreas de pesca são exploradas além dos níveis considerados sustentáveis a longo prazo. Podemos dizer que o uso é sustentável quando se mantêm dentro da capacidade de renovação daquele recurso. Ações prioritárias Para conservar a vitalidade e diversidade do Planeta Terra em seu próprio direito e como fator fundamental do ser humano, é necessário a prática das seguintes ações: impedir a poluição; recuperar e manter a integridade dos ecossistemas do nosso planeta; conservar a diversidade biológica; assegurar que os recursos renováveis sejam usados de forma sustentável. 25 A seguir detalhes de cada ação: Impedir a poluição A poluição é o processo de sobrecarga dos ecossistemas da Terra com materiais prejudiciais ou energia desperdiçada. Evoluiu de um incômodo local para uma ameaça mundial. Portanto, governos, municípios e indústrias, de todos os países do mundo, devem tomar providências. As emissões para o ar, as descargas nos rios e oceanos e a disposição dos resíduos sólidos deveriam ser controladas por um único órgão governamental ou ligado a ele, investido de poderes e recursos para impor a execução de melhores padrões. O controle integrado da poluição evita o risco de que os materiais poluentes simplesmente sejam transferidos de um meio para outro. Municípios e empresas de utilidade pública deveriam ser investidos de poder, recursos e orientação para manter a boa qualidade do ar e saneamento básico eficiente em suas áreas. As indústrias podem fazer muito para impedir a poluição, usando melhor a tecnologia disponível e desenvolver processos que não emitam gases poluentes. Devem também utilizar métodos mais eficientes de reaproveitamento de recursos úteis e descartar adequadamente produtos perigosos. Fazendeiros deveriam diminuir consideravelmente ou totalmente a quantidade de fertilizantes e defensivos que são carregados pelas águas das chuvas. A Europa e América do Norte são os maiores responsáveis pela emissão mundial de gases poluentes causadores do efeito estufa e chuva ácida. À medida que países de menor renda forem se industrializando os problemas se agravarão. Veículos motorizados são a principal fonte emissora de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Conversores catalíticos podem ajudar muito, 26 mas as indústrias devem intensificar seus esforços na produção de motores menos poluentes (queima limpa). A mudança climática é uma das maiores ameaças à sustentabilidade. A responsabilidade pela redução das emissões de dióxido de carbono cabe, especialmente, aos países industrializados, uma vez que são eles a maior fonte de emissão total do dióxido de carbono, além de possuírem recursos econômicos e capacidade técnica para providenciarem a ação corretiva. A indústria e serviços públicos devem, quando possível, substituir o carvão por gás natural ou outras fontes menos poluidoras. Governo e indústria devem acelerar a utilização de energia solar, eólica e outros sistemas de energia renovável. É recomendável o fechamento de instalações antigas e mais poluentes, e também o plantio de árvores em número suficiente para retenção de uma quantidade equivalente de carbono. As florestas devem ser mantidas, ou se possível, expandidas. Para proteção da camada de ozônio devem ser eliminadas a produção e utilização do clorofluocarboneto. Governantes e instituições devem trabalhar juntos para reduzirememissões de gás metano, como por exemplo: melhorar a manutenção dos sistemas de produção de petróleo e gás natural, para reduzirem vazamentos de metano; reciclagem de resíduos incineráveis; melhorem a manutenção dos aterros sanitários. Os governantes também devem desenvolver e implementar planos nacionais para redução das emissões de gás estufa pela atividade agrícola. Uma das providências é reduzir emissões de óxido nitroso pelo uso de adubos e compostos animais. Também áreas cultivadas que sejam adequadas apenas a uma colheita anual, deveriam ser convertidas em plantações perenes. Há um amplo consenso de que, mesmo tomando providências imediatas para diminuição de emissão de gases “estufa”, é inevitável um aquecimento do clima do planeta Terra, portanto, há que se estudar urgentemente medidas de adaptação a essa nova situação. Os governantes devem rever seus planos de desenvolvimento e conservação com base nas mudanças climáticas. Deve fazer ajustes focando o uso da terra, aumento do nível do mar, mudanças na agricultura (reservando as plantas de culturas mais adequadas para gerações futuras), adotar medidas para manter as defesas naturais como recifes de corais e mangues, rever planos para atendimento de calamidades e 27 situações de emergências. Os órgãos internacionais devem oferecer ajuda na preparação de tais revisões e assistência em caso de calamidades. Recuperação e manutenção da integridade dos ecossistemas da Terra Os governantes e os órgãos devem, na medida do possível, usar as bacias hidrográficas como unidades naturais de gerenciamento de terra e da água. A água interliga as atividades das comunidades humanas entre si e com as de animais e plantas. A política para a água deve ser baseada na capacidade suporte de bacias hidrográficas, e deve prever todos os tipos de uso adequado. A utilização dos recursos hídricos deve ser aliada à manutenção dos ecossistemas que desempenham um papel fundamental no ciclo da água, tais como as florestas. Dentro da conservação, a tarefa mais difícil é chegar ao correto equilíbrio entre os usos alternativos do meio ambiente. A sustentabilidade depende da conversão, para uso intensivo do homem, somente daquelas áreas que possam suportar tal uso, conservando os sistemas naturais onde possam proporcionar benefícios maiores, ou seja, essenciais à manutenção da diversidade e das funções ecológicas. Os governantes devem proteger os ecossistemas naturais remanescentes; recuperar ecossistemas degradados; desenvolver formas de utilização sustentável dos ecossistemas; considerar todos os custos sociais e benefícios ao analisar a conversão de terras para agriculturas ou sistemas urbanos. Devido ao aumento populacional, as terras usadas na agricultura terão que ser cultivadas mais intensamente. Mostra-se como prioridade o desenvolvimento de técnicas para uma atividade agrícola mais intensiva e sustentável. O manejo engloba ações como: melhoramento das condições do solo; controle de pestes e pragas de forma economicamente eficiente e ecologicamente saudável; conservar habitats dos polinizadores de culturas e inimigos naturais das pestes. Quanto ao desmatamento, é imprescindível que os governantes tenham como meta detê-lo, revendo a política nacional de concessões para exploração de madeira em cada região. Devem proteger grandes áreas de florestas antigas, buscando uma negociação internacional que apoie a ação conjunta para conservar as florestas do mundo e buscar manejo sustentável de áreas para reflorestamento para uso da madeira. 28 A ação global conjunta para conservação de florestas torna-se crucial devido ao valor das florestas com seus recursos, biodiversidade e manutenção do equilíbrio do clima. Conservar a diversidade biológica As áreas protegidas são estabelecidas para salvaguardar exemplares importantes da herança natural ou cultural, tem como finalidade a conservação dos sistemas de sustentação da vida e da diversidade biológica e para apreciação humana. Há muitos tipos de áreas protegidas, cada uma com seus benefícios próprios. Cabe ao governo estabelecer ou manter órgãos especializados com a finalidade de fornecer orientação, infraestrutura administrativa, pessoal treinado e fundos para planejamento e cuidados da rede nacional de áreas protegidas. Os sistemas nacionais de áreas protegidas devem ser regidos por uma clara política e pessoas especializadas, assegurando que haja um plano administrativo eficiente, que envolva a comunidade local e assegure que estas sejam participantes da conservação e dos benefícios (com retorno financeiro) da economia sustentável da área protegida. As áreas protegidas podem ter especial importância para o desenvolvimento, quando proporcionam: conservação da água e do solo em zonas propensas a grande erosão, caso a vegetação original seja removida, principalmente encostas íngremes de cabeceiras e as margens de rios; controle e purificação do fluxo de água; 29 defesa às pessoas contra desastres naturais, tais como enchentes, aumento do nível do mar; manutenção da vegetação natural essencial em solos de baixa produtividade; manutenção dos recursos genéticos selvagens ou espécies importantes para a medicina; proteção de espécies e populações altamente sensíveis à influência humana; criação de habitats para reprodução, alimentação ou descanso para aquelas espécies migratórias usadas pelo homem ou ameaçadas de extinção; rendimentos e oportunidades de emprego, provenientes principalmente do turismo, o chamado atual ecoturismo. As espécies ameaçadas merecem a devida atenção dos governantes e ONGs. Cada país deve fazer o possível para evitar sua extinção. As espécies invasivas causam importantes perdas da biodiversidade e seu controle é difícil e às vezes impossível, por isso, as espécies não-nativas (exóticas) de animais, plantas e elementos patógenos devem passar por rigorosas medidas e sua liberação deve ser impedida. O conhecimento das espécies e sua inter-relação é fator importante para a conservação do ecossistema. A pesquisa biológica e o monitoramento devem ser voltados principalmente para a conservação da diversidade, buscando promover o intercâmbio entre universidades nacionais e internacionais. O recenseamento aéreo e terrestre de áreas protegidas é outro recurso que deve ser mais implantado, de modo a estruturar um banco de dados de conservação nacionais, que possa ser de fácil acesso a todos e estar interligado com o Centro Mundial para Monitoramento da Conservação. Este Centro tende a se tornar o repositório mundial de todos os dados relativos à diversidade biológica. A maior prioridade da conservação da diversidade biológica é a conservação in situ de espécies em seus habitats naturais. No entanto, em alguns casos os habitats tornaram-se tão degradados ou o tamanho da população diminuiu a tal ponto que não é possível garantir a sobrevivência da espécie em estado selvagem. Sob essas circunstâncias, um programa de conservação genética pode abranger tais espécies, podendo ser in situ ou ex situ. Muitos grupos de espécies, particularmente pássaros, peixes, répteis e certas plantas ameaçadas de extinção mundial, são mantidos em coleções particulares, em 30 razoáveis quantidades de população. Esse fato deve constar dos acordos regionais e internacionais e devem ser inspecionados e aprovados. Assegurar que os recursos renováveis sejam usados de forma sustentável Os incentivos para uso dos recursos naturais de forma sustentável dependem dos direitosde propriedade dos usuários. Pessoas com direito específico para a pesca têm incentivo para limitar sua retirada, de forma a conservar o recurso. Portanto, a exclusividade, a duração e outros direitos de propriedade têm profunda influência no incentivo dos usuários para conservar os recursos. Governantes e comunidades locais deveriam desenvolver conjuntamente uma política para a administração do recurso renovável. A comunidade local ser atuante, criar instituições e ser encorajada a participar do processo. Deve estar incluso suporte aos projetos de desenvolvimento rural, conservação e uso sustentável das espécies e ecossistemas selvagens. Em muitos países as espécies selvagens e ecossistemas são recursos que podem ser usados com controle, ou seja, sustentavelmente. Para isso, é preciso que a pesquisa e o controle sejam priorizados pelos governantes. Deve-se dar ênfase às espécies economicamente importantes. Assegurar que a retirada de um determinado recurso não exceda sua capacidade de sustentar a exploração. 31 Minimizar o esgotamento de recursos não-renováveis. São recursos não-renováveis os minérios, petróleo, gás e carvão. Usá-los de forma sustentável não é possível, mas podemos “prolongar sua vida” através de processos como reciclagem, redução de consumo ou substituição (quando possível) por um recurso renovável. 32 UNIDADE 9 - PERMANECER NOS LIMITES DA CAPACIDADE SUPORTE DO PLANETA TERRA O impacto máximo que o Planeta ou qualquer ecossistema pode tolerar é sua capacidade suporte. Se o homem não chegar ao equilíbrio entre o nível de exploração dos recursos e a capacidade suporte da Terra a obtenção de sustentabilidade será impossível. Mesmo sendo difícil ter a exatidão da capacidade suporte dos ecossistemas, sabemos com toda certeza que há limites para a capacidade que ecossistemas e biosfera conseguem tolerar sem uma deterioração arriscada. E, se por um lado sabemos que tais limites existem, por outro, não sabemos exatamente onde estão tais limites. E acima de tudo, é importante ressaltar que buscamos melhoria sustentável na qualidade de vida de bilhões de pessoas, não somente a sobrevivência. Essa capacidade suporte varia de região para região e está diretamente relacionada com a quantidade de pessoas, quantidade de alimentos, água, energia e matérias-primas que cada pessoa utiliza ou desperdiça. Poucas pessoas consumindo muito podem causar tanto prejuízo quanto muitas pessoas consumindo pouco. As providências para nos mantermos dentro da capacidade suporte da Terra vão variar de país para país, e mesmo de uma comunidade para outra dentro do próprio país. Mas, no planejamento da estratégia do desenvolvimento devem ser considerados: Uma minoria de pessoas, localizada principalmente em países de maior renda, consomem exageradamente energia, alimentos e outros recursos. Essa minoria tem condições de reduzir seu consumo com qualidade de vida. Sabemos que não será fácil fazê-las reduzir espontaneamente; 33 A maioria das pessoas, habitantes principalmente em países de menor renda, tem padrão de vida que varia do miserável ao tolerável. Usam apenas uma pequena parcela dos recursos da Terra; As taxas de crescimento populacional são mais altas onde a pobreza é maior. A esta situação, devemos nos posicionar para que as disparidades no consumo de recursos e taxas de crescimento populacional sejam superados. Esforços conjuntos são necessário para reduzir o consumo de recursos e energia nos países de maior renda. A redução pode ser favorecida pelo desenvolvimento de tecnologias que otimizem a produção de energia e materiais, incluindo reciclagem, e pela demanda de produtos com menores impactos. O consumo de energia comercial por pessoa é uma medição útil do impacto ambiental. Isto porque é a energia que possibilita a retirada dos recursos renováveis e não-renováveis dos ecossistemas para retornar aos ecossistemas na forma de resíduos. Quanto mais poluente for a fonte de energia, maior será o impacto. Em média, o habitante de um país de “alto consumo” gasta 18 vezes a energia comercial usada por um habitante de um país de “baixo consumo”. A maioria dos países de alta renda tem populações quase estáveis, mas o consumo de recursos continua aumentando. Já a maioria dos países de baixo consumo tem altas taxas de fertilidade. O crescimento populacional rápido prejudica as perspectivas de um crescimento sustentável, pois os governos precisam suprir as necessidades básicas da população. Um dos maiores desafios para a sustentabilidade está na estabilização das populações humanas e o consumo de recursos em bases mais equitativas e sustentáveis. Precisamos, para isso, mudar nossos estilos de vida (principalmente países com maior renda) em benefício de um padrão de vida digno para todos e um futuro digno para nossos descendentes. Ações prioritárias A seguir, algumas ações para nos mantermos dentro dos limites da capacidade de suporte do Planeta Terra: Manejar seus recursos ambientais de forma sustentável; Tratar de forma integrada assuntos como crescimento populacional e consumo de recursos; 34 Reduzir consumo e desperdício excessivo; Fornecer melhores serviços de informação, planejamento familiar e assistência médica. Governantes, órgãos educativos e grupos não-governamentais devem dar suporte e promover a educação formal e informal no sentido de conscientizar as pessoas que a capacidade de suporte do Planeta não é ilimitada. A introdução de impostos muito bem estruturados para energia deve vir a incentivar tecnologias mais eficientes e o uso de fontes alternativas que emitam menos dióxido de carbono e outros poluentes. A fonte de energia mais limpa deveria ser tributada somente em grau que permita sua eficiência, ao passo que outras fontes devem ser tributadas em taxas progressivamente maiores, de forma a deter a poluição. Os impostos sobre matérias-primas poderiam seguir o mesmo procedimento para incentivar o uso de tecnologias mais eficientes, de recursos renováveis e de produtos mais duráveis. Os consumidores (especialmente de países de maior renda) podem usar seu poder de compra para fortalecer produtos que causem menos prejuízo ao ambiente. Podem se tornar “consumidores verdes”. Mas, também para isso, há necessidade de informação segura acerca de produtos e serviços. Para estabilizar a população, alguns fatores precisam ser trabalhados, como: informações sobre serviços de planejamento familiar e acesso a estes serviços; renda e segurança familiar; assistência médica à gestante e à criança; condição da mulher na sociedade; educação para homens e mulheres; fatores religiosos e culturais. As pessoas limitam o tamanho das famílias quando isto lhes convém social e economicamente. A educação para as mulheres precisam ser melhoradas, pois quanto maior o grau de escolaridade, menos filhos elas possuem. O planejamento familiar é altamente desejável, pois estima-se que poderia salvar 200.000 mulheres e 5 milhões de crianças, através de assistências aos casais para espaçar seus filhos e evitar gestações de alto risco. Mulheres de localidades com menor renda como África, Ásia e América Latina sofrem constantemente por falta desta assistência e enfrentam situações desastrosas onde muitas das gestações acabam em aborto. Onde as unidades de assistência ao planejamento familiar foram instaladas, houve considerável redução da fertilidade. Cabe ao governo, administraçãolocal e 35 órgãos de ajuda ao desenvolvimento assegurar a inclusão do planejamento familiar em todos os programas urbano e rural, alocando recursos para isso em seus orçamentos. 36 UNIDADE 10 - MODIFICAR ATITUDES E PRÁTICAS PESSOAIS Reexaminar valores e alterar comportamentos são pontos de partida para viver com sustentabilidade. Apoiar atitudes que promovam a modificação de atitudes é fundamental e a difusão de informações por meio de sistemas formais e informais de educação se faz necessário para que essa nova ética seja explicada e entendida por todas as pessoas. Muitas pesquisas demonstram que a preocupação com a deterioração ambiental está largamente difundida em todos os países. Entretanto, outras pesquisas demonstram que as pessoas “cansam-se” rapidamente dessas mensagens destrutivas e seguem com seus estilos de vida, seja o consumo excessivo (países com maior renda) ou a retirada de matérias-primas dos ecossistemas para sobrevivência (países com menor renda). Outras pessoas simplesmente não veem como a modificação de seu comportamento poderia ajudar outras pessoas. Algumas pessoas mudam seus estilos de vida em alguns aspectos. Até mesmo governantes conscientes da importância do meio ambiente são tentados a abrandar as regras quando enfrenta uma recessão ou desemprego crescente. As pessoas adotarão a ética da vida sustentável quando forem persuadidas de que é necessário e correto fazê-lo. A educação é um importante fator na consecução dessas mudanças, seja ela formal ou informal. A educação formal deveria não somente ser proporcionada de forma ampla, mas também modificada em seu conteúdo. Deveriam ser iniciados no conhecimento e nos valores que permitirão viver de forma sustentável. Isso requer que a Educação Ambiental esteja aliada à Educação Social. Quanto à educação informal deve 37 haver o aproveitamento do poder e influência dos meios de comunicação, como jornais, programas de televisão, rádio, revistas e lugares de entretenimento. Ações prioritárias Os planos de ação devem constituir-se em iniciativas conjuntas de governantes, instituições educacionais, ONGs, meios de comunicação e o setor de negócios e ter como objetivo difundir os princípios da sustentabilidade, como: Identificar as características específicas de cada sociedade como a história local, traços culturais, ecossistemas, símbolos e planejar os programas educacionais com base na cultura e meio ambiente desta sociedade em questão. Inserir a educação ambiental na educação formal em todos os níveis de escolaridade. O ensino nas escolas deveria ser prático e teórico, e estar ligado a projetos de campo. Ter como meta a lição de que a sustentabilidade vale a pena ser levada para casa; Professores treinados nas Ciências Sociais deveriam trabalhar juntos com educadores ambientais, usando métodos para incluir a conscientização no contexto da sustentabilidade. Já os cursos de nível secundário e superior deveriam fornecer treinamento nas habilidades técnicas e administrativas para se viver em uma economia sustentável. É crucial que todas as escolas ensinem técnicas corretas para a vida sustentável; Oficinas de treinamento de novas técnicas e como usar os recursos de forma sustentável e lucrativa para trabalhadores como agricultores, pescadores, entre outros. 38 UNIDADE 11 - PERMITIR QUE AS PESSOAS CUIDEM DO SEU PRÓPRIO MEIO AMBIENTE As comunidades organizadas e bem informadas podem contribuir em muito para decisões que as afetam diretamente e ao mesmo tempo desempenham papel indispensável na formação de uma sociedade sustentável. É necessário se organizar para trabalhar pela sustentabilidade em sua própria comunidade representando uma força poderosa e eficaz, independente e ser uma comunidade rica, pobre, urbana ou rural. Uma comunidade sustentável cuida do seu próprio ambiente e não danifica o alheio. Utiliza os recursos de forma sustentável, recicla materiais, conserva os sistemas de sustentação da vida e a diversidade dos ecossistemas locais, diminui resíduos e reconhece a necessidade de trabalhar em conjunto com outras comunidades. O principal objetivo é promover a sustentação do meio ambiente local produtivo, administrando o solo, a água, e a diversidade biológica de modo a favorecer a população. 39 No plano da comunidade deve estar inserido a conservação, o controle da poluição e a recuperação de ecossistemas degradados. Para que as ações sejam efetivas, a comunidade deve ser orientada para a ética da vida sustentável e ter acesso a recursos para a administração local. Todos os cidadãos da comunidade têm direito de participar das decisões que os afetam. As comunidades apresentam variações em sua capacidade de cuidar do meio ambiente. Deve-se levar em consideração a falta de habilidades, conhecimentos, práticas adequadas e outros recursos que podem prejudicar essa capacidade. Os problemas para o desenvolvimento sustentável na comunidade podem ser decorrentes das políticas locais, nacionais, internacionais, legislação e situação econômica. Também podem aparecer conflitos entre os indivíduos da própria comunidade. Ações prioritárias Proporcionar às comunidades um maior controle de suas próprias vidas, incluindo acesso aos recursos, direito de participação nas decisões, educação e treinamento. Permitir que as comunidades supram suas necessidades de forma sustentável; Permitir as comunidades conservar o seu meio ambiente. Os órgãos governamentais deveriam dar suporte à administração comunitária de recursos. Se as normas locais forem insuficientes para assegurar a sustentabilidade, os governantes podem precisar interferir, por exemplo, no estabelecimento de padrões de administração comunitária. As autoridades ligadas à administração da terra deveriam dar suporte à concessão de direitos de propriedade em cada comunidade, legalizando a posse e fornecendo registro de propriedade. É imprescindível fazer uso do conhecimento local, integrando-o aos resultados dos estudos científicos. É preciso envolver a comunidade fazendo com que essa perceba a utilidade de compartilhar conhecimentos. As tecnologias saudáveis ao meio ambiente são melhores quando desenvolvidas em conjunto com a comunidade. A participação plena é essencial, deve ser assegurada por todos no processo, especialmente nas decisões administrativas dos recursos naturais. Os governates locais são elementos-chave para o cuidado com o meio ambiente. Suas responsabilidades incluem o planejamento de uso da terra, controle de desenvolvimento, suprimento de água, tratamento de esgoto, assistência médica, transporte público e educação. São os 40 que possuem maior contato com os cidadãos locais e por isso deveriam encabeçar o desenvolvimento sustentável junto à comunidade. As ações em comunidades de menor renda poderiam estar centradas em projetos comunitários nas áreas de agroecologia, agroflorestas, conservação do solo e água, artesanato, recuperação do solo degradado, ecoturismo. Esses projetos deveriam ser constantemente avaliados e os objetivos, se necessário, reexaminados e redefinidos. A avaliação se torna útil para que as pessoas desenvolvam suas experiências, que podem ser repassadas a outras pessoas. Governos, ONGs, grupos religiosos, universidades nacionais e internacionaisdeveriam melhorar as condições e dar suporte para as ações comunitárias pelo meio ambiente. Incentivos econômicos podem motivar as comunidades a usarem os recursos de forma sustentável. 41 UNIDADE 12 - GERAR UMA ESTRUTURA NACIONAL PARA A INTEGRAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E CONSERVAÇÃO Para que uma sociedade seja sustentável, é necessário haver a integração do desenvolvimento humano com a conservação ambiental. É importante que haja um enfoque no âmbito nacional, devendo os governantes fornecer uma estrutura nacional, abrangendo as instituições políticas econômicas, leis e regulamentos nacionais, e um banco de informações. Muitos dos órgãos especiais estabelecidos pelo governo para a proteção do meio ambiente têm orçamentos inadequados e poderes limitados. A política ambiental tem sido reativa, respondendo a problemas somente após a sua ocorrência, sendo o custo da reparação muito mais alto do que as medidas preventivas. As leis relativas ao meio ambiente são ferramentas importantes na implementação da política necessária para a sustentabilidade. Uma importante função da lei é a aplicação de sanções aos infratores e desencorajamento do comportamento antisocial. A lei fortalece a ação dos administradores ambientais, dando-lhes poder ou obrigando-os a desempenhar as suas funções, além de equipá-los com mandato e autoridade para que possam agir. A legislação ambiental determina os padrões de comportamento social e a vigência das políticas. A legislação ambiental, baseada, por sua vez, no entendimento científico e na análise clara dos objetivos sociais, deveria estabelecer normas de conduta humana para levar as comunidades a viverem dentro dos limites de capacidade da Terra. 42 Os governantes deveriam assegurar que suas nações tenham sistemas amplos de legislação ambiental abrangendo, no mínimo, os seguintes itens: planejamento de uso da terra e controle do desenvolvimento; uso sustentável de recursos renováveis e consumo sem desperdício de recursos não-renováveis; prevenção da poluição, salvaguardando a saúde humana e os ecossistemas; uso eficiente de energia; controle de substâncias perigosas; descarga de resíduos, minimizando perdas e promovendo a reciclagem; conservação das espécies e dos ecossistemas através da administração do uso da terra; uso da melhor tecnologia disponível, quando tiverem sido estabelecidos os padrões para prevenção da poluição; auditoria ambiental periódica para indústrias, departamentos e órgãos do governo; garantir acesso público aos dados de auditoria ambiental, resultados de monitoração, informações sobre produção, uso e descarga de substâncias perigosas. As leis e medidas devem ser efetivamente cumpridas, sendo que sanções, punições devem ser severas o bastante para desestimular as contravenções. A implementação da legislação ambiental dependem da educação e do treinamento dos advogados, administradores, industriais, homens de finanças e cientistas. Tal treinamento deveria ser prioridade nos sistemas educacionais nacionais. Embora os padrões nacionais devessem ser estabelecidos e seguidos, as nações deveriam aceitar que medidas de proteção ambiental pudessem ser promulgadas a nível local. As autoridades locais deveriam ser incentivadas a fazer uso de seus próprios poderes para proteger o meio ambiente, especialmente quando o envolvimento da comunidade na formulação e implementação das medidas possa torná-las mais eficazes. A política econômica pode ser um eficaz instrumento para a sustentação dos ecossistemas e dos recursos naturais. Todas as economias dependem do meio ambiente como fonte de serviços de sustentação da vida e de matérias-primas. Os sistemas convencionais lidam com o meio ambiente como sendo ilimitados ou gratuitos; dessa forma, incentivam as pessoas a exaurir os recursos e a degradar os 43 ecossistemas. Por isso, novos modelos que incorporam valores éticos, humanos e considerações econômicas estão sendo criados para enfrentarmos o desenvolvimento humano sustentável. A causa pela conservação ganha força quando os recursos ambientais são corretamente valorizados e incluídos nos levantamentos nacionais, e os custos de seu esgotamento tornam-se evidentes. Os governos deveriam adotar e implementar taxas, impostos sobre recursos, licenças negociáveis para que a indústria opere dentro dos padrões ambientais da forma mais eficiente em termos de custos. Na verdade, tais incentivos fazem uso das forças de mercado para que produtores e consumidores sintam-se motivados a perseguir os objetivos ambientais. Estimulam o desenvolvimento da tecnologia e prática sustentáveis. As políticas, padrões e subsídios de preços, podem ser usados para motivar a indústria a adotar tecnologias que utilizem recursos com maior eficiência. Energia, água e matérias-primas a preços altos podem estimular a conservação de recursos. Os instrumentos regulamentares e econômicos, tais como impostos, taxas, subsídios, licenças negociáveis, etc. ajudam a corrigir os desvios causados pela fixação de preços que subavaliam os sistemas de suporte à vida e recursos naturais, podem estimular o desenvolvimento de novos produtos saudáveis ao meio ambiente e gerar renda. Os instrumentos econômicos e reguladores são vários e podem ser adequados às circunstâncias. Se os governos estiverem dispostos a entender os efeitos de suas políticas, terão que adotar procedimento para a contabilidade ambiental e de recursos. É necessário incluir os custos do prejuízo ambiental e do esgotamento de recursos para se obter um demonstrativo da verdadeira (e sustentável) renda. Um problema a resolver é a conversão dos valores de certos bens naturais para termos monetários, para possibilitar a adequada comparação de valores. A economia e a lei devem trabalhar juntas. A lei estabelece as regras e os padrões. O mercado assegura que a sociedade opere dentro das regras e padrões, com a máxima eficiência possível. É preciso que a base do conhecimento relativo ao meio ambiente seja fortalecida e esteja acessível a todos. As instituições de pesquisa deveriam ser revistas e providenciar os seguintes itens: identificar e definir as tarefas principais; planejar e realizar as investigações apropriadas; 44 criar um ambiente de estimulo à pesquisa; participar de programas internacionais; difundir e aplicar os resultados da pesquisa. Nos últimos anos, as instituições de pesquisa têm sofrido redução de apoio. É preciso reverter este processo, em especial nas ciências do meio ambiente e nos países de menor renda. As políticas e os programas pela sustentabilidade devem ser baseados no conhecimento científico dos fatores que serão afetados. A pesquisa deve ser constante, pois aumentará a compreensão do meio ambiente. A informação aumenta as oportunidades. Trata-se de um bem essencial e um dos principais meios de fortalecer as pessoas, contanto que sejam comunicadas de forma facilmente inteligível. O acesso às informações relativas ao meio ambiente deve estar disponível. Os governantes deveriam estabelecer os sistemas nacionais de monitoração, que poderiam abranger as principais características físicas, químicas e biológicas do meio ambiente e a condição dos recursos naturais. Todos esses fatores são importantes por sua própria natureza ou como indicadores do bem-estar e da qualidade de vida do meio ambiente. É necessária uma cooperação internacional para se desenvolvermétodos padronizados, promover o estabelecimento de monitoração e centros de dados nacionais, em especial nos países de menor renda. Também é necessária uma rede mundial para a monitoração do meio ambiente, com pontos de transferência de dados; dessa forma, as informação de nível nacional podem contribuir para uma visão mundial. No nível internacional, implantar sistemas baseados em satélites para contínua monitoração do meio ambiente, como distribuição das principais formações ecológicas, da biomassa e da produtividade da vegetação, como também mudanças nos padrões de uso da terra. Embora esses sistemas sejam caros e de interpretação nem sempre fácil, são o meio mais barato de se obter uma visão ampla do estado dos ecossistemas da Terra. Poderia ser instituído um programa nacional de auditoria ambiental, com relatórios apresentados regularmente pelos governantes sobre a situação de seu meio ambiente. 45 Ações prioritárias Estas ações estão voltadas para a integração do desenvolvimento humano com a conservação ambiental: instituições que ofereçam condições para que as decisões sejam tomadas de forma integrada e participativa, considerando os fatores presentes e futuros; políticas eficazes e planos legais amplos que salvaguardem os direitos humanos, os interesses das gerações futuras, a produtividade e a diversidade do Planeta Terra; políticas econômicas e tecnologias aperfeiçoadas que aumentem os benefícios de um determinado grupo de recursos e mantenham, ou até aumentam, as riquezas naturais; conhecimento comprovado baseado na pesquisa e no controle. Os governantes deveriam estabelecer como principal objetivo a criação de uma sociedade sustentável, assegurando que setores e órgãos componentes do governo, deem a devida consideração às mudanças para o desenvolvimento sustentável, adotando uma política ambiental integrada. Promover ações conjuntas pela instituição de fóruns para a discussão de políticas, reunindo representantes do governo, grupos ambientalistas, comércio e indústria, povos indígenas e outros interessados, todos em condição igualitária e cooperativa. Tais fóruns podem tornar-se órgãos permanentes de consulta e ter poderes amplos, ou grupos de trabalho formados para lidar com uma questão específica. Outra meta a ser alcançada é o desenvolvimento de estratégias para a sustentabilidade através de planejamento regional e local. Cada plano deveria ser um projeto conjunto do governo e dos moradores da região. Também os planos deveriam integrar políticas rurais e urbanas que estão intimamente ligados. O EIA (Estudo de Impacto Ambiental) é o termo usado para prever e identificar as prováveis consequências ambientais de uma determinada atividade proposta. Poderia significar “Avaliação do impacto do desenvolvimento”, já que os efeitos sociais e econômicos também deveriam ser examinados. O EIA é um meio importante de identificação e prevenção de problemas, sendo uma etapa fundamental do planejamento. Poderia ser aplicado em projetos de desenvolvimento demonstrando uma probabilidade prévia de impactos ambientais, sociais ou econômicos e estar sujeito à revisão. 46 Os órgãos de ajuda internacional deveriam dar prioridade à assistência aos países para que possam desenvolver sua capacidade de implementar e avaliar os EIAs. Informação e conhecimento são imprescindíveis para o progresso de forma racional. Um programa nacional deve ser flexível, capaz de redirecionar seu curso com base na experiência e novas necessidades. Para que medidas de âmbito nacional sejam incorporadas, devem-se levar em consideração os seguintes pontos: considerar cada região como um sistema integrado; reconhecer que cada sistema influencia e é influenciado por outros sistemas, sejam ecológicos, econômicos, sociais ou políticos; considerar o indivíduo como o centro do sistema; promover tecnologias que possibilitem uma utilização mais eficaz dos recursos. 47 UNIDADE 13 - CONSTITUIR UMA ALIANÇA GLOBAL É imperativo que as nações reconheçam seu interesse comum no meio ambiente mundial. A sustentabilidade de uma nação depende frequentemente de acordos internacionais para administração de recursos compartilhados. A mudança climática, a destruição da camada de ozônio e a poluição do ar, dos rios e dos oceanos constituem-se em ameaças globais. Riqueza e poder não são proteção contra essas ameaças e por isso Estados soberanos devem parar de olhar para si próprios como unidades autossuficientes e aceitar a condição futura de serem peças componentes de um sistema global. A interdependência é um dos fenômenos atuais de maior impacto no destino das nações. A civilização humana está a caminho de se tornar uma nação mundial, em várias dimensões como social, econômica, cultural e política. Mas a transição não é tranquila, ao contrário, é cheia de conflitos e turbulências. Para que possamos evoluir da condição nacional para a global, precisamos reorganizar as leis, de tal forma que reflitam a necessidade da vida sustentável para todos os povos, como também os deveres das nações com relação ao planeta que compartilham. A nova aliança deve conter em seu âmago o entendimento de que todos têm um papel a desempenhar na salvaguarda do Planeta Terra, e aqueles que possuem maiores recursos econômicos e sociais devem dar uma contribuição maior. A dívida externa de alguns países é gigantesca e forçam os países a movimentos simultâneos de redução do padrão de vida, aceitação da pobreza crescente e exportação de quantidades maiores de recursos escassos, o que acelera a destruição ambiental. Apesar dessas pressões, muitos países de menor renda investem mais na conservação ambiental, proporcionalmente ao seu PNB, do que países de maior renda. 48 A maioria dos países de baixa renda obtém 3/4 ou mais de sua receita de exportação, a partir de commodities primárias. Os preços desses produtos, incluindo cobre, minério de ferro, açúcar, borracha, algodão e madeira têm decrescido nos últimos anos. Tais preços não incluem os custos de usuário e os custos ambientais decorrentes da produção dos recursos. Assim, a riqueza natural dos países exportadores está subsidiando os importadores. Para aumentar a capacidade de autossustentação econômica dos países de baixa renda – e, desta forma, promover seu desenvolvimento sustentável e proteger seu meio ambiente – devem ser reduzidas as dívidas desses países e melhoradas as suas condições de comércio. A ética do cuidado com a Terra aplica-se em todos os níveis, internacional, nacional e individual. Todas as nações têm a ganhar com a sustentabilidade mundial e todas estão ameaçadas caso não consigamos essa sustentabilidade. Ações prioritárias Para que se obtenha uma verdadeira aliança global, cada país deve aceitar sua parcela de responsabilidade e ter compromisso de agir na proporção de seus meios disponíveis. A aliança exigirá a existência de instituições internacionais, intergovernamentais e não governamentais adequadamente organizadas. Além disso, devem ser tomadas as seguintes providências: cada nação deveria aceitar o dever de viver sustentavelmente, apoiando novas leis internacionais; deve se chegar a um acordo sobre como conservar os bens comuns mundiais, e como dividir seus benefícios de forma equitativa; os países de maior renda deveriam reduzir seu consumo de recursos, especialmente através do aumento de sua eficiência; a dívida dos
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