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DEFEITOS DO FECHAMENTO DO TUBO NEURAL Dr. Gustavo Albertasse Dutra da Silva R1 – Pediatria Santa Casa de Juiz de Fora – MG 22/10/2015 DEFINIÇÃO Falha na formação / desenvolvimento embriológico do tubo neural ESPINHA BÍFIDA OCULTA: herniação leve das meninges, as vezes há tufo de pêlos ou cicatriz imediatamente acima da lesão MENINGOCELE: herniação mais intensa, fazendo saliência no dorso MIELOMENINGOCELE: herniação das meninges + conteúdo nervoso - resulta em déficit motor e sensitivo - pode levar à herniação (anomalias) na base do cérebro (amígdalas, verme cerebelar, IV ventrículo e porção inferior do bulbo) através do foramen magno Malformaçao ou Sd de Arnold Chiari tipo 2 - pode resultar (ou intensificar) hidrocefalia por obstrução do liquor Sintomas relacionados à Chiari tipo 2 - 5% dos RN com DFTN terão sintomas Estridor Oftalmoplegia Apnéia Reflexo nauseoso anormal e vômitos → na maioria das vezes os sintomas se resolvem SEM tratamento. Mas podem indicar disfunção da DVP. → pode ser necessário: descompressão da fossa posterior e/ou laminectomia cervical MIELOSQUISE: mielomeningocele “aberta” Espinha Bífida Ocuta Meningocele Mielomenigocele Mielosquise DEFINIÇÃO O DFT pode ser primário (95%) - falha no fechamento do tubo - ruptura de um tubo já fechado → fechamento ocorre entre o 15º-28º dia de gestação (neurulação primária) → neurulação secundária = após 28º dia DEFINIÇÃO Se os DFT ocorrerem mais rostralmente: - ANENCEFALIA - ENCEFALOCELE Se os DFT ocorrerem mais caudalmente: - MENINGO/MIELOCELE - ESPINHA BÍFIDA OCULTA DEFINIÇÃO Se o defeito ocorrer após a neurulação primária ele irá originar a Espinha Bífida Oculta EPIDEMIOLOGIA EUA: 1500-2000 bebes / ano 1 em 2000 nascidos vivos / ano Considerando apenas Espinha Bífida: - BRASIL: é o 4º em incidência (de 41 países) 1,139 : 1000 - México (1,525) e Venezuela (1,196) são os maiores - França/Paris (0,077) e Inglaterra/País de Gales (0,095) são os menores EPIDEMIOLOGIA Fatores de Risco: - pobreza e baixa escolaridade - idade < 19 anos ou > 40 anos - origem hispânica - hipertermia materna no início da gestação - diabetes e obesidade - uso de Anticonvulsivantes - uso de Antagonistas do Folato - deficiência de ácido fólico EPIDEMIOLOGIA Gêmeos monozigótios Consanguinidade História Familiar Positiva Trissomia do 13 e 18, triploidia e Síndrome de Meckel Outros defeitos cromossômicos… Genes ligados à via da Folato-Homocisteína... EPIDEMIOLOGIA Risco de recorrência: - 3 a 5% se houve gestação prévia. O risco aumenta em cada gestação! - quanto mais alta a lesão, maior o risco (acima de T11 o risco é de 7,8%) - Meckel = risco de 25% em nova gestação Herança autossômica recessiva EPIDEMIOLOGIA PREVENÇÃO: - ácido fólico 0,4 – 1 mg / dia ; 3 meses antes da gestação e até 3 meses de idade gestacional - iniciar após o diagnóstico de gestação seria ineficaz - reduz em 70% a recorrência!! - Administrado em dose dobrada e a longo prazo nas mulheres que já gestaram um bb com DFTN!! EPIDEMIOLOGIA ANVISA, através da resolução - RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002, preconiza o enriquecimento de farináceos e cereais com ácido fólico. Cada 100g destas farinhas deveriam conter 0,15mg de ácido fólico, as empresas tiveram até junho de 2004 para adequar seus produtos. Estudos avaliaram o impacto dessa medida: redução da ordem de 40% na incidência de espinha bífida DIAGNÓSTICO Alfa fetopronteína Ecocardiografia fetal Ressonância Magnética Amniocentese DIAGNÓSTICO Alfa-fetoproteína sérica materna: - 16 e 18 semanas (14 a 21 semanas) - DFTN: 79% + gestação normal: 3% + - atualmente em desuso devido a baixa especificidade, muitos falsos-positivos, positividade em muitas outras condições fetais e devido ao avanço da ecografia fetal DIAGNÓSTICO Ecografia fetal: - sensibilidade próxima de 100% e ainda pode dizer o nível do acometimento em 64% - ecografia tridimensional de alta resolução já consegue dizer malformações com 9 semanas - US obstétrico morfológico do 2º trimestre com 20-22 semanas → “sinal do limão” e “sinal da banana” DIAGNÓSTICO Ressonância Magnética Amniocentese DIAGNÓSTICO Pesquisar Anomalias Associadas: - Hidrocefalia e Mal Formação de Chiari tipo 2 e suas complicações OBS: 80 - 90% precisarão de DVP - Anomalias do SNC (72 – 92%) - Siringomielia, diastematomielia, defeitos de mielinização da medula (88%) DIAGNÓSTICO Pesquisar Anomalias associadas: - Gastrointestinais: hérnia inguinal, divertículo de Meckel, má rotação intestinal, onfalocele e ânus imperfurado. - Cardiovasculares: defeitos septais atriais ou ventriculares, ducto arteriovenoso patente e coarctação aórtica. - malformação renal, vias respiratórias, costelas e quadris. AVALIAÇÃO Geral: pesquisa de malformações associadas antes da cirurgia ou antes da alta hospitalar. Em TODOS os RN com DFTN. (Cloherty 6ª ed.) Dorso: há extravasamento do LCR ? Existe mais de uma mielomeningoele ? Cabeça: medir o PC diariamente. Monitorar fontanelas. OBS: alguns RN apresentarão hidrocefalia somente após a cirurgia AVALIAÇÃO DO RECÉM NASCIDO AVALIAÇÃO Membros inferiores: deformações são comuns – luxação dos quadris e pé torto congênito Bexiga e Rins: aumento dos rins/massa abdominal ? Função vesical preservada ? Exame neurológico: reflexos, sensibilidade, mobilidade…. AVALIAÇÃO A maioria dos RN poderá precisar (Cloherty 6ª ed.): - RX de tórax, coluna vertebral e quadris - Creatinina - US das vias urinárias e Uretrocistografia miccional - TC ou RM de crânio (normalmente feitas após a cirurgia) TRATAMENTO Parto cesáreo Estabilização do RN Proteger o placódio Prevenir infecções do SNC Cirurgia corretiva TRATAMENTO Via de parto: cesárea eletiva Estabilização do RN: cardiorespiratória e pulmonar → OBS: Chiari tipo 2 normalmente é assintomática no RN mas pode cursar com apnéia central ou estridor laríngeo por paralisia das cordas vocais TRATAMENTO Placódio: - proteger com gaze umedecida com soro fisiológico morno, coberto por cutativo plástico (evita a evaporação e adereência do curativo) - manter o decúbito ventral ou lateral - não expor ao látex (risco de alergia / anafilaxia) TRATAMENTO ATB profilático: - prevenir meningite e ventriculite - Ampicilina + Gentamicina (Cloherty 6ª ed.) TRATAMENTO Cirurgia: - fechamento do defeito no 1º dia de vida ou tão logo for possível. - DVP se houver hidrocefalia, hipert intra cran. → OBS: se o defeito estiver coberto com pele e o sistema nervoso não estiver exposto o reparo eletivo pode ser realizado com 30 dias de vida ou depois. TRATAMENTO Cirurgia Fetal: - reparo in utero desde 1994 - baixas taxas de DVP - reversão da herniação do metencéfalo TRATAMENTO MOMS: - estudo americano inciado em 2003 e finalizado em 2010 - multicêntrico, randomizado, duplo cego - incluiria 200 gestantes (158 no final) - 100 cirurgias fetais x 100 cirurgias pós-natal - cirurgia entre 19ª – 25ª semana de gestação - follow up: 1 ano de idade e 2,5 anos de idade www.spinabifidamoms.com MOMS - cirurgia fetal: menor necessidade de DVP e maior score mental com 2,5 anos de idade - dentre outras vantagens menos expressivas... TRATAMENTO MOMS PROGNÓSTICO > 75% chegarão à vida adulta 86% precisarão de tratamento da hidrocefalia 32% precisarão de tratar “medula ancorada” 49% terão escoliose 23% terão pelo menos 1 crise convulsiva Lesões mais baixas podem manter função erétil. Fertilidade não é alterada. PROGNÓSTICO 20 – 50% precisarão de cadeira de rodas 46% dos adultos deambulam 93% irão deambular normalmente se a lesão for a nível sacral 85% concluirão a ensino médio e/ou superior → fatores de risco para deficit intelectual-cognitivo: hidrocefaia grave e HIC não controlada, infecção do SNC, lesões em nível torácico alto, crises convulsivas e dificuldades visuais PROGNÓSTICO 85% precisarão de cateterismo intermitente 80% disfunção vesical social 50% algum grau de incontinência intestinal 25-67% apresentarão hipersensibilização ao látex → crianças normais = 0,7% REFERÊNCIAS Cloehrty 6ª edição Navantino Management of Myelomeningocele Study Bizzi JWJ, Machado A. Mielomeningocele: conceitos básicos e avanços recentes. J Bras Neurocirurg 23 (2): 138-151, 2012 https://www.youtube.com/watch?v=9Z4IyljGxyo
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