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1 A INSERÇÃO E EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO Carina Gomes Melo RESUMO O presente artigo irá abordar a inserção da mulher e sua evolução no mercado de trabalho brasileiro e as necessárias medidas de proteção. O objetivo desse trabalho é mostrar os avanços em relação ao labor feminino e a mudança do olhar da sociedade diante da inserção feminina em ambientes onde somente homens eram vistos, bem como entender toda esta evolução através de uma investigação mais aprofundada na trajetória da mulher e sua evolução no meio laboral. É importante trazer a memória ou conhecimento os obstáculos e empecilhos que as primeiras trabalhadoras enfrentaram para combater a discriminação e vencer as barreiras que as impediam de fazer parte de um mundo social, cultural e econômico. A presença feminina se tornou constante e progressiva e o universo laboral cada vez mais necessita de suas habilidades. Ainda com a significativa evolução da mulher no mercado de trabalho, ela ainda se encontra em uma condição de desvantagem em relação aos homens, pois continua existindo muito preconceito e discriminação, principalmente desigualdade salarial. Mesmo com todas as barreiras já enfrentadas e outras que surgem constantemente, aumentam as mulheres no Mercado de Trabalho Brasileiro. Palavras-chave: Trabalho da Mulher. Inserção. Proteção. Evolução. ABSTRACT The present study will analyze the woman and her evolution in the brazilian labor market and her needs of protection. The objective of this article is show the advances of Artigo Científico apresentado para a conclusão de Bacharelado em Direito da Faculdade de Direito do Centro de Ensino Superior de Valença, da Fundação Educacional Dom André Arcoverde. MELO, Carina Gomes. Formanda da Fundação Educacional Dom André Arcoverde. Faculdade de Direito da turma de 2017 .Email .:carinagmelo@hotmail.com 2 female labor and the change of the society’s look against the female insertion where only men were seen and try to understand this evolution through some investigation deeper in the woman’s trajectory and her evolution in the working environment. It is important to bring to memory or knowledge the obstacles that the first women faced to fight against the discrimination and to win the battles that have impeded them to be a part of a social, cultural and economic world. The female presence became constant and progressive and the labor universe is always needed of her skills. Even with significant woman’s evolution in the labor market, she is still in a disadvantageous condition in relation to the men, because the discrimination still exists, mostly wage inequality. Even with all the barriers faced and others that will appear, the number of the women in the brazilian labor market is increasing. Keywords:Women’s work. Insertion. Protection. Evolution. INTRODUÇÃO A pesquisa apresentada neste artigo teve por objetivo analisar e compreender a inserção e a evolução da mulher no mercado de trabalho. Através da investigação e relato da trajetória da mulher no meio social, ambiente familiar, cultural é possível ter o perfil da mulher que foi evoluindo no mercado de trabalho do Brasil até os dias atuais. Foi desenvolvido um estudo sistematizado com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas. Os costumes e cultura do início do século traziam que o marido era o provedor, sustentador do lar. As mulheres não trabalhavam fora e não precisavam trazer o dinheiro para ajudar nas despesas do lar. As que ficavam viúvas ou que ficavam pobres precisavam de alguma forma se sustentar e também aos seus filhos e começaram a fazer artesanatos, guloseimas sob encomendas, davam aulas particulares, ensinavam a tocar instrumentos, faziam na maioria das vezes funções que nem eram consideradas “trabalho”. Além de pouco valorizadas, algumas dessas atividades por vezes eram mal vistas pela sociedade. Com todos os obstáculos e preconceitos as mulheres conseguiram transpor as barreiras culturais de serem vistas apenas como esposa, mãe e dona do lar. A partir da década de 70, as mulheres foram conquistando um espaço maior no mercado de trabalho. As mudanças culturais ocorridas na sociedade brasileira nos últimos anos contribuíram para que a mulher assumisse postos de trabalho no mundo público saindo no ambiente familiar e serviços onde não era reconhecido o seu trabalho. 3 1 CONCEITO DE TRABALHO E SURGIMENTO DAS RELAÇÕES TRABALHISTAS Inicialmente, é importante ressaltar que o trabalho livre e digno encontra respaldo na Declaração Universal dos Direitos Humanos, notadamente em seu artigo 23.1, senão vejamos: 23.1 - Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e á proteção contra o desemprego. 1 Um conceito bastante aceito de trabalho é o John Locke: É o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual ele dificilmente valeria alguma coisa; é a ele que devemos a maior parte de todos os produtos úteis da terra; por tudo isso a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada, sendo o valor daquele o efeito do trabalho (...)2 Quando visto como uma atividade determinada, o conceito de trabalho pode ser aplicado amplamente a diversos tipos de atividade econômica, legitimando a exploração da força de trabalho no capitalismo, onde fica explícita a subordinação. Mas como consequência, o trabalho é o que permite aos indivíduos construírem seus objetivos e a si mesmos enquanto cidadãos, buscando a satisfação de suas necessidades de subsistência e pessoais. O trabalho sempre fez parte das necessidades humanas e tem sua origem com o aparecimento do ser humano com diferentes ferramentas, sempre tendo que empreender algum esforço para sua alimentação e subsistência. O conceito de trabalho é formado por elemento teológico que teve influência no ocidente greco-romano-helenista chegando até os nossos dias. Como mostra o Livro do Gênesis (3, 17); depois de pecar o homem foi amaldiçoado, ficando condenado a extrair seu sustento do suor, do cansaço, do labor de seu trabalho: “comederesmaledicta terra in opere tuo in laboribus comedes eamcunctisdiebus vitae tuae”.A concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa. Na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a condenação ao trabalho com o “suor do seu rosto”. O termo trabalho é originário do latim tripalium, que designa instrumento de tortura. Por extensão, significa aquilo que fadiga ou provoca dor. Na etimologia da palavra trabalho, ou tripalium, do Latim, um instrumento romano de tortura, espécie de tripé formado por três estacas cravadas no chão, onde eram supliciados os escravos: "tri" (três) e "palus" (pau) - literalmente, "três paus". Daí o verbo tripaliare (ou trepaliare), que significava, inicialmente, torturar alguém notripalium. 3 1DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS. Edição 2013. 2 LOCKE, John. Da propriedade,(Trecho)de O Segundo Tratado sobre o Governo Civil incluído no livro Os Clássicos da Política, vol. 1. Francisco Weffort (org.). São Paulo: Ática, 2002. 3 Trabalho, Realização e consumo Disponível em: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=334#Trabalhonaeconomia de mercado. Acesso em 13 de maio de 2017. 4A história do trabalho do homem foi se moldando e aperfeiçoando ao longo da história e podemos assistir quão grande foi sua trajetória laboral dentre os regimes de trabalho já existentes: primitivo, escravo, feudal, capitalista e comunista. Com o tempo, as mudanças políticas, culturais e econômicas da sociedade foram transformando, ao longo da história, as relações de trabalho. As transformações de trabalho são passadas de geração para geração através da cultura e novas técnicas se o homem vai transformando a natureza através do trabalho. O trabalho foi se adequando a novas tecnologias e com a sociedade em busca de satisfazer necessidades humanas. Hoje, podemos observar o quanto as relações trabalhistas evoluíram e concluir que o trabalho é diverso e que as formas de trabalho, antes conhecidas, servem de aprendizado para que a sociedade busque constante melhora. O trabalho já faz parte da vida humana e o homem evolui para trabalhar com menor esforço físico e desfrutar das tecnologias que ele mesmo produz. 2 A INSERÇÃO E EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO Com o fim da escravidão e a necessidade de remuneração do trabalho, houve a necessidade de mão de obra menos onerosa, sendo destinadas as mulheres e aos imigrantes funções menos valorizadas. As mulheres mais pobres começaram inicialmente de maneira autônoma e houve ainda um grande fluxo do campo para as cidades, sendo que as mulheres, algumas vezes, eram as chefes de família na ausência de seus maridos. Na virada no século XIX para o XX, algumas buscavam formas de subsistência diferenciadas, como quituteiras, domésticas, artesãs, cozinheiras e algumas também se prostituindo. A sociedade machista reprovava as trabalhadores por equiparar a mulher que “sai” das atividades costumeiras com prostitutas por estarem tendo contato com homens durante sua jornada de trabalho. As mulheres que trabalhavam eram mal vistas pela sociedade, que foi adaptada com o conceito de homem provedor. As famílias brasileiras, principalmente as de baixa renda, tiveram a necessidade de ter tanto o homem quanto a mulher atuantes no mercado de trabalho a fim de promover maior conforto e condição de subsistência. Por muitos anos, a sociedade tinha somente o homem como aquele que traz sustento ao lar, “o provedor” e, com a necessidade da mulher trabalhar fora do lar, os conceitos da sociedade se modificam, ainda que lentamente, de acordo com Toitio: 5 O trabalho feminino passa a integrar crescentemente a estrutura econômica a sociedade capitalista, sempre sob a determinação mencionada, ou seja, submetida ao capital e a sua necessidade de valorização. No entanto, nas primeiras décadas do século passado era ainda muito superior a proporção do trabalho masculino em relação ao feminino na esfera produtiva.4 Com o tempo, a mulher foi sendo incluída nas atividades têxteis. Com o crescente mercado industrial, muitas mulheres foram trabalhar em indústrias e, como decorrer das 1ª e 2ª Guerras Mundiais, entre 1914 e 1945, as mulheres assumiram os negócios da família e uma posição de trabalho no mercado, pelo fato dos homens estarem em campos de batalha. Foi necessário que as mulheres passassem a assumir posições consideradas masculinas, como a direção da família frente aos negócios e no mercado de trabalho. Durante a Segunda Guerra Mundial, a mão de obra da mulher foi bastante utilizada, inclusive nas fábricas de armamento, devido à indisponibilidade da mão de obra masculina. Posteriormente, o trabalho feminino passou a incomodar por se tratar de uma concorrência indesejada, pois aceitavam salários mais baixos que o dos homens. Ao final das guerras, o resultado tinha modificado a paisagem e a estrutura das sociedades mundiais, pois, com o regresso dos homens que lutaram pelo país, muitos dos que sobreviveram ao conflito foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho, outros ficaram com problemas psicológicos e muitos outros foram excluídos da vida social das comunidades, entre outras coisas, resultando num novo tipo de sentimento e atitude por parte das mulheres. Neste momento é que as mulheres novamente deixaram as casas e os filhos para levar para frente os projetos e os trabalhos realizados pelos maridos. 5 O trabalho feminino era bem aceito pelos empresários, por elas aceitarem salários inferiores aos dos homens, ainda que fosse realizado o mesmo serviço. Essa aceitação pela sociedade foi conquistada através de um processo lento, e ainda há inúmeras diferenciações entre homens e mulheres, de forma que foram necessárias algumas medidas de proteção ao labor feminino. O papel de provedor, antes unicamente atribuído aos homens, passa a ser aos poucos aceito pela sociedade e a mulher vai vencendo aos poucos o preconceito e cultura machista no decorrer dos anos, deixando de ter um papel voltado somente para atribuições domésticas e obtendo cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Agora, ela passa a ter dupla jornada, 4 TOITIO, R. D. O trabalho feminino frente ao domínio do capital. In: III Simpósio Lutas Sociais na América Latina. Londrina: Anais do III Simpósio, 2008. 5 BALTAR, P.; LEONE, E. T. “A mulher na recuperação recente do mercado de trabalho brasileiro.” Revista brasileira de Estudos Populacionais, São Paulo, v.25, n.2, p. 233-249, jul/dez. 2008. 6 pois ainda mantém-se como dona de casa e ingressa como profissional, como ocorre nos dias atuais. Mesmo com grande contribuição de seu trabalho, a mulher sofria preconceito, discriminação e desigualdade salarial quando exercia a mesma função de um homem. Ainda que a mulher estivesse cada vez mais presente em diversos setores laborais, os cargos de presidência, chefia e direção, que eram os de melhor remuneração e reconhecimento, eram privativos na maioria das vezes aos homens. 3 O ESTADO NA PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS FEMININOS Há alguns fundamentos para justificar a intervenção do Estado na proteção e defesa dos direitos da mulher no mercado de trabalho como: a) Fundamento fisiológico: a mulher não é dotada da mesma resistência física do homem e sua constituição é mais frágil, de modo a exigir do direito uma atitude diferente e mais compatível com o seu estado. b) Fundamento Social: interessa à sociedade a defesa da família, daí por que o trabalho da mulher deve ser especialmente protegido, de tal modo que a maternidade e as solicitações dela decorrentes sejam devidamente conciliadas com as ocupações profissionais. De acordo com Álvaro Ricardo de Souza Cruz: As ações afirmativas podem ser entendidas como medidas públicas e privadas, coercitivas ou voluntárias, implementadas na promoção/integração de indivíduos e grupos sociais tradicionalmente discriminados em função de sua origem, raça, sexo, opção sexual, idade, religião, patogenia física, psicológica, etc.6 Com relação à exploração do trabalho da mulher por volta de 1920, afirma Thiago Moura da Silva: A exploração do suor feminino ocorrida durante a Revolução Industrial foi imensamente combatida pelo Estado, pois tal abuso era prejudicial à mulher, principalmente durante a fase puerperal, e aos filhos, os quais não recebiam a atenção nem os cuidados necessários para crescerem de maneira saudável durante a gravidez e no decorrer do período de lactação. 7 As primeiras medidas protetivas no Brasil em relação ao trabalho da mulher foram: 6 SOUZA CRUZ, Álvaro Ricardo de. O direito à diferença: as ações afirmativas como mecanismo de inclusão social de mulheres, negros,homossexuais e pessoas portadoras de deficiência, 2005, p.143. 7 SILVA, Thiago Moura da .“A Evolução dos Direitos das Mulheres nas Relações de Trabalho.” Revista Fórum Trabalhista: RFT – ano 2, n. 6, maio/jun 2013, Belo Horizonte: Fórum, 2013, p.157. 7 A Lei n.º 1.596, de 29 de dezembro de 1917, que instituiu o Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, proibiu o trabalho de mulheres em estabelecimentos industriais no último mês de gravidez e no primeiro puerpério e também no período noturno. Em âmbito federal, o Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto n.º 16.300, de 21 de dezembro de 1.923) facultava às mulheres, empregadas em estabelecimentos industriais e comerciais, descanso de trinta dias antes e outros trinta dias mais após o parto. O médico do estabelecimento ou mesmo o médico particular da obreira deveria fornecer a seus superiores um atestado referente ao período de afastamento, constando a provável data do parto. Em 1932, durante o governo de Vargas foram normatizadas condições de proteção ao trabalho feminino, relativo à igualdade salarial, ao trabalho noturno, proteção à maternidade e proibição de discriminação por gênero . Em 1934, foi ratificada a convenção nº 3, da OIT, que – Garantia a mulher licença remunerada antes e depois do parto, intervalos de 30 minutos para aleitamento durante a jornada de trabalho, remuneração por parte do governo durante seu afastamento para suprir suas necessidades e de seu filho e a ilegalidade da dispensa da trabalhadora grávida durante o período em que estivesse de licença. No Brasil, apenas na Segunda Constituição Republicana, que se deu em 1934, foi assegurada a igualdade de salários entre homens e mulheres, a proibição do trabalho destas últimas em condições insalubres, preconização da assistência médica e sanitária à gestante, garantindo-lhe um descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego .8 Com a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1º de maio de 1943, há um capítulo exclusivo para a proteção do trabalho da mulher, no qual estão dispostas diferentes garantias às mulheres, a fim de promover sua inserção no mercado de trabalho e protegê-las de quaisquer discriminações, bem como para lhes oferecer condições diante de suas características próprias, principalmente relativas à maternidade. As diferenças relativas ao trabalho entre homens e mulheres são aplicadas, respeitando o artigo 5º, I, da Constituição Federal. Houve um grande avanço na edição de normas protetivas à mulher com a promulgação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), em 1943, expondo várias matérias relativas ao trabalho e ao exercício das atividades da mulher no ambiente de trabalho, estabelecidas no 8 BARROS, Alice Monteiro de. A mulher e o direito do trabalho. São Paulo: LTr Editora Ltda.,1995 p. 36. 8 Titulo III, Capitulo III “Da proteção ao Trabalho da Mulher”, abordando, de forma mais abrangente, diversos temas relativos à mulher trabalhadora. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) dedicou à proteção do trabalho da mulher um capítulo com 27 artigos visando sua proteção, sendo alguns deles: - O artigo 384, que prevê um intervalo de 15 minutos de descanso, no mínimo, antes do início da jornada extra de trabalho da mulher. Mesmo que homens e mulheres sejam iguais em direitos e obrigações, esse dispositivo somente se aplica às mulheres pelas diferenças fisiológicas. - O artigo 390, da CLT, também traz uma proteção para a mulher diante de sua força muscular ser inferior a do homem: “Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande o emprego de força muscular superior a vinte (20) quilos, para o trabalho contínuo, ou vinte e cinco (25) quilos, para o trabalho ocasional”. 3.1 Proteção à gravidez e à maternidade A proteção à maternidade prevista no artigo 392, da CLT é conhecida como o direito à licença maternidade. Este benefício é concedido por 120 dias sem qualquer prejuízo salarial para empregadas do setor privado, tanto para mães biológicas quanto para adotivas. E as servidoras de órgãos públicos beneficiam-se de mais 60 dias, podendo, então, gozar de 180 dias, de acordo com a Lei n°11.770/2008. Este é um dos direitos mais importantes para as trabalhadoras, pois a possibilidade de gravidez é um dos motivos defendidos por aqueles que defendem o salário inferior às mulheres em relação aos homens. A proteção prevista visa resguardar tanto a mãe, quanto a criança. Antes dessa proteção a trabalhadora gestante não possuía quaisquer direitos, por vezes, eram demitidas quando não podiam executar algumas de suas atividades e outras vezes, inclusive, eram demitidas em razão da gravidez. Foram, então, durante o decorrer dos anos, estabelecidas normas de proteção à trabalhadora gestante, garantindo-lhe estabilidade durante o período gestacional e posterior como se vê nos artigos 391 e 392 da CLT. A mulher, também, conta com direito ao repouso em casos de aborto não criminoso pelo período de duas semanas, como traz o artigo 395, da CLT. O artigo 392-A, acrescentado pela Lei nº 10.421/02, traz uma proteção à mãe adotante e à criança adotada. O artigo 2°, do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos . Essa lei visa criar maior integração entre a mãe e o filho, pois, assim como um recém-nascido precisa de um período com sua mãe, 9 acriança adotada precisa criar laços e se integrar ao novo lar. Mas para essas mães não há o direito a estabilidade, somente o período de concessão da licença. Ainda, o artigo 394-A traz que a empregada gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres, devendo exercer suas atividades em local salubre. O artigo 396, da CLT garante a mulher e ao filho o direito de intervalos durante a jornada para amamentação. Com o retorno do período de licença-maternidade, a mulher terá o direito a dois descansos de meia hora cada um durante a jornada de trabalho, para que possa amamentar o próprio filho até que ele complete seis meses de idade. O artigo 461, da CLT proíbe a distinção de remuneração entre os que exercem idêntica função, na mesma localidade e para o mesmo empregador sem distinção de sexo, não podendo homens e mulheres que desempenham a mesma função receber remuneração distinta. Os direitos assegurados na CLT não são o bastante para garantir as necessidades da mulher no seu ambiente de trabalho, pois a maior parte dos artigos dispostos na CLT também é aplicável aos homens. O Estatuto da Mulher Casada, de 1962, retirou a condição de relativamente incapaz da mulher casada, constante até então no Código Civil de 1916.Retirou, também, do marido o poder de autorizar o trabalho de sua esposa. Este estatuto legal traz à mulher liberdade frente e a sociedade para trabalhar. Em 1967, houve a promulgação de uma nova Constituição Federal no país. Esta teve parte do seu texto alterado em 1969 por emenda constitucional. Os textos trouxeram a proibição de diferenciação salarial por motivo de sexo ou estado civil e do trabalho da mulher em condições insalubres, garantiram a licença remunerada à gestante antes e após o parto, sem prejuízo do salário ou emprego, bem como seus respectivos benefícios previdenciários. Foram proibidos os critérios de admissão diferentes por motivo de sexo, cor, ou estado civil, além de assegurar aposentadoria à mulher trabalhadora aos trinta anos de serviço com salário integral. 3.2 Trabalho da mulher nas décadas de 70 e 80 e oadvento da Constituição Federal de 1988 A presença de mulheres no mercado de trabalho, que havia começado por volta dos anos 20, foi crescendo ao longo dos anos. No final dos anos 60 e início dos anos 70, ocorre nos país o Regime Militar, um período de autoritarismo e as mulheres lutam cada vez mais 10 por seus direitos. Muitas participaram de movimentos sindicais, organizações, movimentos políticos e estudantis, enfrentando o machismo da época. Cada vez mais eram vistas em ambientes descritos como masculinos. Os anos 80 são marcados por uma intensa recessão e pelo aumento da inflação, que se refletiu por toda a sociedade, tão logo na parcela mais carente da sociedade. Foi necessário que as mulheres fossem em busca de emprego afim de ajudar nas finanças da família, já que a crise econômica trouxe enorme prejuízo às famílias. Com a promulgação da atual Constituição Federal em 1988, o legislador buscou promover igualdade entre os gêneros, sendo importante destacar alguns artigos no tocante a essa proteção: - artigo 5º,que assegura a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. - artigo 7º, inciso XX, que estabelece a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. - artigo 7º, inciso XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Só valem, portanto, as “discriminações” contidas na Constituição Federal que visem assegurar a igualdade de direitos e obrigações, entre homens e mulheres. Pode ser citado, como exemplo, o artigo 7º, XXX, da Constituição Federal, que proíbe a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estada civil; ou então, o artigo 7º, XVIII, da Constituição Federal, que dispõe sobre a licença à gestante em período superior à licença- paternidade e, ainda, o artigo 40, parágrafo 1º, III, a e b, bem como o artigo 201, parágrafo 7º, da Constituição Federal, que dão tratamento diferenciando à mulher, diminuindo o tempo necessário para se aposentar. O tratamento igualitário entre homens e mulheres, previsto no inciso I, do artigo 5,º da Constituição Federal, portanto, pressupõe que o sexo não pode ser utilizado como discriminação com o propósito de desnivelar substancialmente homens e mulheres, mas pode e deve ser utilizado com a finalidade de atenuar os desníveis social, político, econômico, cultural e jurídico existentes entre eles. A participação das mulheres no processo constituinte foi de grande repercussão na história político-jurídica do país. Com o lema “Constituinte pra valer tem que ter palavra de mulher”, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em 1985, criou e divulgou a campanha Mulher e Constituinte, a qual mobilizou uma série de debates entre as mulheres, por todo o Brasil, e resultou na elaboração da Carta da Mulher Brasileira aos Constituintes, que foi entregue ao Congresso Nacional, no dia 26 de agosto de 1986, por mais de mil mulheres. 9 Desta forma as discriminações com relação ao trabalho feminino foram proibidas com a promulgação da Constituição de 1988 . 4 DISCRIMINAÇÃO À MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO 9 IGUALDADE ENTRE SEXOS Carta de 1988 é um marco contra discriminação Disponível em: http://www.conjur.com.br/2010-nov-05/constituicao-1988-marco-discriminacao-familia-contemporanea. Acesso em 05 de maio de 2017. 11 A discriminação no ambiente de trabalho pode ocorrer de duas formas de maneira direta e de maneira indireta, a direta é feita por fundamentação de critérios proibidos no ordenamento brasileiro, como caso da mulher, a discriminação por gênero, a indireta é feita quando ocorre a igualdade no tratamento, gerando, por consequência, o efeito desigual como ocorre em que mulheres são tratadas da mesma maneira que os homens sem serem respeitadas as suas particularidades. Discriminar tem a ação de segregar algo ou alguém, ou seja, separação, diferenciação, estabelecimento de diferença por fatores diversos, como, por exemplo, gênero, mesmo diante de tanta evolução e aceitação da mulher no mercado de trabalho ainda é notável a diferenciação de salários quando esta ocupa a mesma posição que um homem e ainda esbarra-se com a dificuldade de posições melhores como presidência e gerência de grandes empresas. De acordo com Alice Monteiro de Barros: Para se conhecer bem a discriminação, não basta identificar suas manifestações, mas principalmente as razões que a ensejam, as quais poderão ser arroladas da seguinte forma: ódio, a superioridade racial, a antipatia, os preconceitos, a ignorância, o temor, a intolerância e a política meditada e estabelecida.10 Um dos principais motivos para essa discriminação dá-se ao fator histórico, e concepção de que estas são menos preparadas que os homens para funções de liderança. Infelizmente vemos que em muitos locais de trabalho ainda existe o preconceito contra a mulher no âmbito profissional. Há cargos que ainda são considerados masculinos. Segundo afirma Alice Monteiro de Barros, a discriminação sofrida pelas mulheres pressupõe : “[...] um tratamento diferenciado comparativamente desfavorável, que nem sempre advém de preconceito contra as mulheres, mas do fato de que sua contratação poderá elevar os custos operacionais da empresa”. Por outro lado, percebe-se que “os comportamentos conservadores em relação à mulher na vida familiar e social, reforçam a discriminação. [...] Nos traços preconcebidos funcionais, o homem é o sustento da família e a mulher a responsável pelos serviços domésticos.”.11 10BARROS, Alice Monteiro de. Curso do Direito do Trabalho. 3 ed. São Paulo: LTR,2007, p.1100. 11 BARROS, Alice Monteiro de. Discriminação no emprego por motivo de sexo. In: CANTELLI, Paula de Oliveira; RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio. (Coord.). Discriminação. 2 ed. São Paulo: LTr, 2010. 12 Na prática, as mulheres ainda que exercendo as mesmas tarefas que um homem as mulheres continuam ganhando menos, o que mostra a discriminação decorrente do gênero o que é vedado pela Constituição Federal. A grande dificuldade na matéria das relações trabalhistas e as discriminações que ocorrem não se dão somente nas oportunidades oferecidas, mas também a todos os benefícios e ascensão dentro das empresas que ainda preferem reservar certos postos aos homens . Às mulheres são destinados, na maioria das vezes, os setores de serviços, educação, saúde, serviços domésticos, culinários, comércio, sendo por ultimo reservadas as vagas em indústrias e construção. Dados do IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA) mostram que a divisão nos setores e discriminação em postos de trabalho em relação às mulheres: Com exceção do trabalho doméstico e da ocupação como militar ou funcionário público estatutário, os homens eram maioria dentro da população ocupada nas diversas formas de inserção. Esse cenário foi verificado tanto em 2003 quanto em 2011. Mesmo diante do predomínio masculino, constatou-se que as diferenças de inserção entre homens e mulheres foram reduzidas em 2011, com as mulheres aumentando sua participação em todas as formas de ocupação. Em 2003, por exemplo, a proporção de homens com carteira assinada no setor privado era de 62,3%, enquanto a das mulheres era de 37,7%, uma diferença de 24,7 pontos percentuais. Em 2011, essas proporções foram de 59,6% e de 40,4%, fazendo com que essa diferença diminuísse para 19,1 pontos percentuais.O maior crescimento de participação feminina foi observado no emprego sem carteira no setor privado: diferença de 26,9 pontos percentuais em 2003 (63,5% homens e 36,5% mulheres) e de 19,1 pontos percentuais em 2011 (59,5% homens e 40,5% mulheres). Quando analisada a participação de homens e mulheres por formas de ocupação, percebeu-se que as mulheres têm participação superior ou semelhante a dos homens, tanto quando a escolaridade é de 11 anos ou mais de estudo ou de nível superior. Em 2011, os maiores percentuais nos dois níveis de escolaridade foram registrados pela população feminina ocupada entre os militares e funcionários públicos estatutários - de 93,3%, quando o perfil educacional dessas mulheres era de 11 anos ou mais de estudo e de 60,6%, quando de nível superior completo. Outro fato a destacar, é a participação das mulheres com 11 anos ou mais de estudo, no universo total da população ocupada feminina com carteira assinada no setor privado. Para elas, a participação foi de 77,5%; enquanto para eles, esse indicador foi de 58,9% - uma diferença de 18,7 pontos percentuais em 2011. No ano de 2003 essa diferença havia sido de 20,3 pontos percentuais. Em 2011, a proporção de homens trabalhadores domésticos com 11 anos ou mais de estudo (23,8%) era superior a das mulheres com mesma escolaridade ocupadas nesse trabalho (19,2%), indicando que, apesar de nesse trabalho a presença ser majoritariamente feminina, a proporção de homens com pelo menos o ensino médio era maior que a das mulheres. 12 Em 2013, os homens ganharam, em média, 20,8% a mais do que as mulheres no Brasil, de acordo com os dados da PNAD.13 12Pesquisa Mensal de Emprego – PME. Disponível em <https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/Mulher_Mercado_Trabal ho_Perg_Resp_2012.pdf> Acesso em 15 de maio de 2017 13Direito do trabalho e meio ambiente do trabalho I. 13 Segundo uma pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2015: Brasil é país com maior diferença salarial entre homens e mulheres No Brasil, as mulheres são maioria da população, passaram a viver mais, têm tido menos filhos, ocupam cada vez mais espaço no mercado de trabalho e, atualmente, são responsáveis pelo sustento de 37,3% das famílias. Em 2014, o Instituto apontou que apenas quatro estados (Rondônia, Roraima, Amazonas e Pará) têm mais homens que mulheres e o Amapá tem um número equilibrado entre os dois sexos. Em 2012, eram oito estados com maioria masculina - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Em 2010, havia um contingente maior de mulheres entre os universitários de 18 a 24 anos de idade, representando 57,1% do total de estudantes que frequentam o ensino superior nessa faixa etária. Dentro da população total na faixa etária citada (não apenas formada por universitários), 15,1% das mulheres frequentavam ensino superior contra 11,4% dos homens. Consequentemente, o nível educacional das mulheres é maior do que o dos homens na faixa etária de 25 anos ou mais. A principal diferença percentual por sexo encontra-se no nível superior completo, onde 12,5% das mulheres completaram a graduação contra 9,9% dos homens. Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2013 também mostram maior escolarização das mulheres. De um total de 173,1 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade, 9 milhões de mulheres possuem mais de 15 anos de instrução, contra 6,5 milhões de homens. Outra pesquisa feita no Distrito Federal a fim de apurar as diferenças salariais obteve o seguinte resultado: Os salários delas são mais baixos e representam, em média, 75% dos salários deles. De acordo com o documento, na comparação entre 2012 e 2015 atingiu-se a menor diferença entre os rendimentos de homens e mulheres, desde que a pesquisa começou a ser feita. De acordo com o boletim, em 2015 o rendimento médio real das mulheres ocupadas na região metropolitana de São Paulo era R$ 1.667, enquanto a dos homens chegava a R$ 2.245. O rendimento médio por hora das mulheres diminuiu 6%, caindo para R$10,25. O dos homens passou para R$ 12,20.14 Em 2009, foi feito um relatório por ocasião do Dia Internacional da Mulher e o Brasil teve dados em que as praticas discriminatórias da mão de obra feminina em relação aos homens ficou evidente. Bruxelas, 4 mar (EFE).- As trabalhadoras brasileiras são as que sofrem com maior diferença salarial em relação aos homens no mundo todo, com 34% de variação entre as remunerações de ambos os gêneros, segundo um estudo publicado hoje pela Confederação Internacional dos Sindicatos (ICFTU, em inglês). O estudo, baseado em pesquisas com 300 mil mulheres de 24 países, afirma que estas, no mundo todo, ganham em média 22% a menos que os homens. Depois do Brasil, as maiores diferenças ocorrem na África do Sul (33%), no México (29,8%) e na Argentina (26,1%). Nos Estados Unidos, a diferença é de 20,8%. As menores diferenças nas remunerações são registradas na Suécia (11%), Dinamarca (10,1%), Reino Unido (9%) e Índia (6,3%). Além da brecha salarial, as mulheres sofrem outros tipos de discriminação, como uma menor promoção da carreira profissional e a carência de políticas que conciliem o Disponível em http://averdadesobreofeminismo.blogspot.com.br/2015/06/fee-analisa-diferenca-salarial-e.html Acesso em 16 de maio de 2017 14 Mulheres são a maioria da população e ocupam mais espaço no mercado de trabalho. Disponível em <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/03/mulheres-sao-maioria-da-populacao-e-ocupam-mais- espaco-no-mercado-de-trabalho> Acessado em 16 de maio de 2017. 14 trabalho e a vida familiar, lamentou a presidente da confederação, SharanBurrow. Além disso, o estudo afirma que a atual crise afeta de forma "especial" as mulheres no momento de buscar um emprego ou em suas condições trabalhistas.15 Em recente matéria da Revista Veja, Marcelo Almeida traz o título: Brasil levará 100 anos para igualar salários de homens e mulheres. A diferença salarial entre mulheres e homens no Brasil é uma das maiores do mundo, e equiparar a condição dos dois sexos no país levará um século. Essas são algumas das conclusões do Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016 do Fórum Econômico Mundial, publicado nesta quarta-feira em Genebra. Segundo o Fórum Econômico Mundial, país ocupa a 129ª posição no ranking de igualdade de salários entre gêneros, formado por 144 nações.16 Diante de tantas práticas de discriminação sofrida pelas mulheres, medidas de proteção continuaram sendo aplicadas. O artigo 2º, da Lei 9029/95 tornou crime algumas condutas discriminatórias. Sempre que se sentir ofendida ou discriminada no ambiente de trabalho ou quando estiver em função deste devem ser aplicadas as medidas dispostas nos artigos 3º e 4º, da Lei n. 9.029/95. Houve ainda outras leis no sentido de impedir praticas discriminatórias no ambiente de trabalho. A Lei n. 9.799/99 alterou a CLT, nela inserindo o art. 373-A, que dispõe acerca da proteção ao trabalho da mulher e regulamenta o art. 7º, XX, da Constituição no que tange a proteção da trabalhadora. A grande dificuldade na matéria das relações trabalhistas e as discriminações que ocorrem não se dão somente nas oportunidades oferecidas, mas também a todos os benefícios e ascensão dentro das empresas que ainda preferem reservar certos postosaos homens . 4.1 Assédio sexual dentro do ambiente de trabalho As mulheres ainda são as maiores vitimas de assédio sexual nas relações trabalhistas. O assédio sexual consiste na abordagem repetida de uma pessoa a outra, com a pretensão de obter favores sexuais, mediante imposição de vontade. O assédio sexual ofende a honra, a imagem, a dignidade e a intimidade da pessoa. O Código Penal Brasileiro tipifica como crime tal conduta no artigo 216- A . A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o assédio sexual como: 15 Brasil é o país com maior diferença salarial. Disponível em <https://economia.uol.com.br/ultnot/efe/2009/03/04/ult1767u141428.jhtm> Acessado em 16 de maio de 2017 16 Brasil levará 100 anos para igualar salários de homens e mulheres. Disponível em <http://veja.abril.com.br/economia/brasil-levara-100-anos-para-igualar-salarios-de-homens-e-mulheres/> Acesso em 13 de maio de 2017 15 Atos, insinuações, contatos físicos forçados, convites impertinentes, desde que apresentem uma das características a seguir: a) ser uma condição clara para manter o emprego; b) influir nas promoções da carreira do assediado; c) prejudicar o rendimento profissional, humilhar, insultar ou intimidar a vítima. Amauri Mascaro Nascimento diz que para configurar assédio sexual devem ser pontuadas as seguintes hipóteses: a) do empregador contra o subordinado, que é o mais grave, porque envolve uma relação de poder, como a de emprego, na qual aquele se situa na posição dominante e este na de dominado; b) a do preposto do empregador sobre o empregado, podendo configurar a dispensa indireta por justa causa do empregador por ato lesivo à honra e boa fama do empregado, além de reparações civis, as mesmas previstas para o dano moral; c) do empregado contra colega, o que mostra que o assédio sexual não tem como única situação uma relação de poder, podendo sujeita-lo a punição disciplinar ou dispensa por justa causa de incontinência de conduta, ou clientes, o que põe em discussão o problema da responsabilidade civil da pessoa jurídica pelos atos praticados por seus prepostos, prevista no Código Civil, aspecto que exige da empresa cuidados especiais, medidas preventivas e rigor na seleção e fiscalização dos empregados para não ser acusada por atos dos mesmos; d) embora mais difícil a de empregado sobre superiora hierárquica, punível também como justa causa e as mesmas reparações civis. 17 Através do assédio, o assediador constrange, intimida a vitima que, em grande parte, são mulheres. É configurada pela conduta reiterada, através de gestos e outros indicativos. Entende-se por assédio qualquer constrangimento com objetivo de obter para si ou para terceiro favorecimento sexual, mesmo quando não há a relação sexual e é tipificado assédio, independente da opção sexual do assediador. 4.2 Revista Íntima A Lei nº 13.271, de 2016 estabelece que “empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta, ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino”. Tal proibição já era adotada pelo artigo 373-A, inciso VI, da CLT é vedado ao empregador ou ao preposto realizar revistas íntimas nas “empregadas ou funcionárias”. Caso o empregador desrespeite a norma fica sujeito à multa de R$ 20 mil, a serem revertidos a órgãos de proteção à mulher. E em casos de reincidência, independentemente da indenização por danos morais e materiais e sanções de ordem penal pagará a multa em dobro. 17 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 31. ed. São Paulo: LTR, 2005. 16 CONCLUSÃO Desde o início do século passado, a mulher brasileira veio conquistando seu espaço, avançando em setores destinados aos homens e vem se destacando como profissional. No início a elas eram somente destinadas as funções de “menor” importância e remuneração as que eram rejeitadas pelos homens,e aos poucos elas vêm avançando em ambientes “proibidos” a elas. Durante o período das Guerras Mundiais, foram inseridas no mercado de trabalho para suprir a mão de obra dos homens que estavam em campos de guerra, mas mostraram-se competentes e habilidosas para exercerem funções consideradas masculinas. Com o final da Guerra e retorno dos homens, elas não aceitaram voltar às funções a elas atribuídas e mostraram isso através de manifestos e posicionamentos até mesmo na política. Grandes mudanças ocorreram nesse caminhar e ascensão feminina, como leis de proteção, mudanças nas Constituições, para proteger a trabalhadora brasileira de qualquer discriminação em função do gênero. Diante deste avanço, ainda é nítida a discriminação por parte dos empregadores e da sociedade na aceitação da mão de obra feminina em certos setores, sendo que há ainda alguns em que a mão de obra masculina tem papel de destaque e que as poucas mulheres que conseguem ultrapassar as barreiras do preconceito são remuneradas com vencimentos inferiores aos homens, mesmo em ocasiões de maior capacitação. Algumas, com maior acesso à escolarização, até conseguem ocupar posições de diretoria, gerência e outros cargos privativos aos homens. As trabalhadoras mais escolarizadas conquistaram empregos melhores e acesso a carreiras antes ocupadas exclusivamente por homens e a postos de gerência e diretoria. Mas as atividades de menor remuneração continuam destinadas às mulheres. A sociedade, acostumada numa cultura machista de marido provedor, adotou a concepção de que a renda da mulher poderia ser inferior, pois somente era um auxilio para o marido o que hoje não é mais visto diante dos inúmeros casos de mulheres que são chefes de família e arrimo de lares: há muitas mães solteiras, viúvas e outras que não possuem outra renda a não ser a própria, desconstituindo, assim, a imagem de família do inicio do século passado. Muitas ainda exercem a dupla jornada, pois, ao retornarem ao lar, têm a estrutura 17 familiar que lhes exige esforço e dedicação por conta dos afazeres domésticos. Elas são por tanto mães, esposas e profissionais. Com o avanço no mercado de trabalho, a mulher teve que se capacitar, o que é notado através de seus estudos e qualificação para competir com os homens a vaga pretendida. É necessário acabar com a diferença salarial no mercado de trabalho, não há fundamento para uma mulher que desempenha as mesmas funções que um homem ganhar menos que ele. A população brasileira é composta em sua maior parte por mulheres e ainda os ambientes universitários contam com as mulheres em maior proporção que os homens, portanto é indiscutível que esta, ao longo dos anos, buscou não somente seu lugar no mercado de trabalho, mas vem se especializando para competir com o sexo oposto e ainda ser valorizada diante da sua formação e aperfeiçoamento. A mulher brasileira ainda nos dias atuais necessita de proteção governamental através de políticas de ações afirmativas que visam à igualdade para competir em nos ambientes laborais e exercício das suas atividades com dignidade, respeito, proteção, segurança, saúde. O que se vê é reflexo da sociedade que a via somente como mãe, do lar, esposa. Mas a mulher moderna ainda exerce essas funções e, hoje, de forma capaz também exerce a função de trabalhadora dentro de diversos setores. Ainda, há muito que ser visto quanto ao labor feminino e a necessidade de proteção e as ações de proteção sempre serão necessárias frente ao reconhecimento das discriminações sofridas pelas mulheresao longo de suas relações trabalhistas. REFERÊNCIAS: BALTAR, P.; LEONE, E. T. A mulher na recuperação recente do mercado de trabalho brasileiro. Revista brasileira de Estudos Populacionais, São Paulo, v.25, n.2, p. 233-249, jul/dez. 2008. BARROS, Alice Monteiro de. A mulher e o direito do trabalho. São Paulo: LTr Editora Ltda., 1995. ____. Curso do Direito do Trabalho. 5 ed. São Paulo: LTr, 2009. BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.15 ed. 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