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Ciência Política - Principais autores

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Marcia Toshiba 2 1 2018-02-13T14:37:00Z 2018-02-13T14:37:00Z 5 1721 9294 77 21 10994 14 I PLATÃO E ARISTÓTELES Dos precursores da filosofia na antiguidade grega clássica os que mais se destacam são sem dúvida Platão e Aristóteles. Platão é o mais conhecido discípulo de Sócrates, de quem recebeu grande influência e quem retrata em muitos de seus escritos, e tem grande influência no pensamento político. Sua obra mais conhecida é "A república", onde se discute, a partir, inicialmente, de preceitos morais, as concepções de justiça, as virtudes morais e os papeis sociais em uma república ideal, onde as pessoas mais aptas a governar seriam os filósofos. Alexsandro Melo Medeiros sintetiza o pensamento de Platão: Platão é da opinião de que certos conhecimentos são necessários para a organização (administração) de um Estado. Da mesma forma que a medicina deve ser exercida por aquele que conhece a arte da cura, a navegação por homens que conhecem a arte náutica, a política deve ser exercida por homens que tenham conhecimento e instrução necessários ao exercício desta função. O político, no sentido que entende Platão, deve ser alguém capaz de realizar sua função por suas atribuições, qualidades e sua distinção pelo saber: deve, melhor do que ninguém , promulgar leis justas, sábias e boas; deve conhecer a justiça e o bem, pois só assim poderá realizar a tarefa que lhe cabe; deve, ele próprio, ter conquistado o conhecimento da Ideia do Bem e isso porque o fim supremo do homem – e com ele o da sociedade – é realizar, o quanto possível, o Bem, por intermédio de uma vida virtuosa forjada no autêntico saber. Desta forma, na concepção de Platão, a república deveria ser governada por aquele que tem o devido conhecimento da administração de um Estado (diz-se Estado analogicamente, pois o conceito de Estado é posterior), das leis e da justiça. Aristóteles, a seu turno, foi discípulo de Platão , mas divergiu quanto aos ensinamentos de seu mestre e fundou sua própria escola, o Liceu, mais voltada à análise das ciências naturais . O pensamento político de Aristóteles é caracterizado por não distinguir moral da política, compreendendo que a finalidade do Estado (também analogicamente) seria a educação moral dos indivíduos, havendo distinção apenas entre moral individual e moral social. Tal pensamento é o que se verifica na sua obra mais conhecida, “A política”. A semelhança do pensamento dos dois é que ambos pensam na ética e na metafísica, ainda que desenvolvam linhas de raciocínio divergentes. II AGOSTINHO DE HIPONA E TOMÁS DE AQUINO Esses dois autores marcam o pensamento medieval, não apenas de cunho discernimento entre uma e outra área separadas . Sem embargo, o pensamento de ambos os autores é caracterizado pela mescla de religião com a política, por vezes retomando os autores clássicos. Antônio Carlos Wolkmer inclui Agostinho de Hipona como destacado na Patrística (que era o pensamento dos primeiros teóricos da Igreja ), cuja obra reproduzia o pensamento clássico com maior influência do neoplatonismo. A influência platônica que marca a obra agostiniana é a transcendência espiritual, separando a cidade de deus (cidade ideal) da cidade dos homens (cidade real, mas supostamente falha). Segundo Wolmer : A reflexão proposta pelo Bispo de Hipona em sua mais significativa obra é a de que a história humana tem percorrido um eterno dualismo entre a cidade de deus (...) em peregrinação ao céu e muito próximo do ser divino, e a cidade terrena (...) formada por homens descendentes de Caim, marcadas pelo pecado, que não vivem na fé, comungam com os valores e exigências do mundo pagão. Assim, está presente no pensamento agustiniano o dualismo maniqueísta da cidade celestial que (...) se ocupará dos interesses espirituais e reinará soberana sobre seus inimigos e da cidade civil identificada com o Estado temporal que se encarregará das coisas materiais (...). O próprio Antônio Carlos Wolkmer enfatiza que o legado de Agostinho não foi propriamente político, mas influenciou nas concepções de Estado e Igreja, fundamentos da lei e a questão do poder. No declínio do feudalismo, com a criação de novas ordens religiosas e com a reforma da Igreja Católica surge a Escolástica (que é um modo de aprendizagem que supostamente concilia a fé com o pensamento racional ), onde se situa o pensamento de Tomás de Aquino. Foi professor de teologia e buscou realizar síntese entre a cultura pagã antiga e os dogmas católicos. Acreditava ele que ideias pré cristãs não necessariamente conflitavam, aproximando-se mais do legado de Aristóteles sobre a razão. Nas palavras de Antônio Carlos Wolkmer : Partindo de premissas aristotélicas, Tomás constrói uma doutrina teológica do poder e do Estado. Primeiramente, compreende que a natureza humana tem fins terrenos e necessita de uma autoridade social. Se o poder em sua essência tem uma origem divina, é captado e se realiza através da própria natureza do homem, capaz de seu exercício e sua aplicação. Certamente tanto o poder temporal quanto o poder espiritual foram instituídos por deus. Deus é o criador da natureza humana e como o Estado e a Sociedade são coisas naturalmente necessárias, deus é também o autor e a fonte do poder do Estado (...). Também sob a análise de Wolkmer , Tomás de Aquino não foi um pensador precipuamente político, mas o seu legado influenciou não apenas as concepções de Estado, legitimidade e poder como também de justiça e natureza das leis. III NICOLAU MAQUIAVEL Nicolau Maquiavel viveu em uma época de grande instabilidade política na Itália pós medieval , o que influenciou muito no seu legado. Inicialmente, no século XV a península itálica apresentava um governo descentralizado, dividida em pequenos principados, ora governados por um regime monárquico familiar, ora governado pela Igreja Católica, que acabava influenciando na rivalidade entre as unidades administrativas na península itálica e dando margem a retaliações de grupos estrangeiros, a exemplo da França e Espanha. Nesse contexto, Nicolau Maquiavel consegue cargo administrativo na segunda chancelaria de Florença no governo de Lourenço de Médici, ocasião em que exercia algo similar à uma função diplomática, negociando em nome de Florença com outros Estados e iniciando a formação de uma unidade militar nesta cidade, o que não pode concluir. Com a deposição de Lourenço de Médici, Maquiavel é afastado da atividade administrativa, indiciado, preso, torturado, despojado de parte de seus bens e por fim afastado da vida pública, necessitando se exilar em uma pequena província italiana, sem conseguir, a partir disso, retornar à vida pública. Durante a sua estadia no interior da Itália, ele estudou os autores clássicos e escreveu as suas principais obras, dentre as quais se destaca “O Príncipe”. Seus escritos são caracterizados pela separação entre moral política e moral comum, frisando que o governante de um Estado não deve se pautar pela moral comum, posto que o que está em jogo no governo
de um Estado não é a individualidade do príncipe como pessoa e sim o bom andamento de toda a nação, o que permitiria ao líder, então, cometer atos imorais à vista do homem comum. Também é característico de suas obras o retorno à autores e historiadores clássicos como Tito Lívio, afastando-se, ao mesmo tempo, dos pensadores que lhe eram contemporâneos, de visão mormente religiosa, propondo que os autores clássicos seriam mais fidedignos por observarem os fatos e a história tais como estavam, e não como, na vista dos autores de seu tempo, deveria ser sob a ótica da moral cristã. Maquiavel é considerado por muitos como o fundador da moderna Ciência Política, e marca a ruptura entre o pensamento medieval cristão que fundia religião política e o pensamento moderno que separa Igreja e Estado. I V MARX E ENGELS Karl Marx e Friederich Engels viveram na Europa no período do que eles chamaram de “revolução industrial”, que foi a época de êxodo massivo das populações rurais ao meio urbano a fim de trabalhar nas indústrias, gerando uma grande alteração nas estruturas sociais, onde predominava o poder do detentor dos meios de produção – o burguês – sobre os meios de vida do trabalhador assalariado – o proletário, e é justamente esse cenário o cerne da obra conjunta dos autores. O legado dos autores Marx e Engels na sua obra “Manifesto do Partido Comunista” , que é a que mais marca o pensamento marxista (posto que Karl Marx escreveu outras obras nesse sentido) versa sobre a dominação política e econômica da burguesia nas nações e também no plano internacional. É visível, pois, que os autores não tem uma obra que discorre diretamente sobre política e sim sobre uma forma de economia com grande impacto político e jurídico, na medida em que a proposta da obra seria a dominação de todo o mercado (meios de produção) por um determinado grupo, o que interfere nas relações sociais, nacionais e internacionais. V MAX WEBER Max Weber foi um intelectual posterior a Marx, muito influente em diversos campos, principalmente na sociologia, mas também na ciência política. Em sua obra mais influente nesta última área, “A política como vocação”, Max Weber estuda o Estado como detentor legítimo do monopólio da força física, legitimidade esta justificada para garantir a integridade do corpo social. Também é muito notável a influência do pensamento de Nicolau Maquiavel nos escritos de Weber que abordam uma ética propriamente política. Sem embargo, nesta mesma obra Max Weber enfatiza o surgimento dos políticos profissionais e o papel da vocação política: com a superveniência do Estado moderno, que resulta do monopólio da violência e do aumento da complexidade social, surge o político profissional, que pode ser aquele que vive da política (que seria aquele que não possui meios de subsistir que não os advindos de sua atividade) , ou também aquele que vive da política (que tem recursos para subsistir e não depende da atividade política para tal). Este último se aproximaria do que Max Weber definiu como político vocacionado. Nas palavras do autor: Interessamo-nos, aqui, principalmente pelo segundo desses tipos: domínio em virtude da dedicação, dos que obedecem, ao "carisma" exclusivamente pessoal do "líder". Pois essa é a raiz de uma vocação em sua expressão mais elevada. A dedicação ao carisma (...) significa que o líder é pessoalmente reconhecido como o líder inerentemente "chamado" dos homens. Os homens não obedecem em virtude da tradição ou lei mas porque acreditam nele. Quando é mais do que um oportunista limitado e presunçoso, o líder vive para sua causa e "luta pela sua obra ". ' A dedicação de seus discípulos, seus seguidores, seus amigos pessoais do partido é orientada para a sua pessoa e para suas qualidades. A obra de Max Weber analisa também a forma com que o Estado moderno passa a se organizar internamente: se o Estado medieval era caracterizado pela confusão entre domínio (material) do rei e domínio do Estado, o Estado moderno passa a separá-los, detendo os meios materiais de gestão e de domínio da força, o que garantiria o domínio e o controle social.

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