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UNIVERSIDADE PAULISTA FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL TRABALHO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL ESCALPELAMENTO, PROBLEMAS PSICOSSOCIAIS DAS MENINAS DE 05 A 16 ANOS APÓS O TRAUMA SOFRIDO NOS RIOS DE BELÉM E PROXIMIDADES BELÉM-PARÁ 2016 Alessandra de A. A. Mendes Ana Correa do Nascimento Francileide Silva Santos Kátia Cilene maciel QUAIS AS IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS DAS MENINAS DE 05 A 16 ANOS APÓS O TRAUMA SOFRIDO NOS RIOS DE BELÉM E PROXIMIDADES? Pré-projeto apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina Trabalho de Pesquisa em Serviço Social, no curso de Serviço Social, na Universidade Paulista. Prof.ª ENEIDA BARBOSA PARENTE BELÉM-PARÁ 2016 SUMÁRIO 1 OBJETIVOS 4 1.1 Objetivo Geral………………………………………………………………………… 4 1.1.1 Objetivos Específicos………………………………………………………………… 4 2 JUSTIFICATIVA 4 3 BASE TEÓRICA E PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS E HIPÓTESES 6 4 METODOLOGIA 9 5 CRONOGRAMA 10 6 ESTIMATIVA DE CUSTOS 11 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS 12 8 ANEXOS 13 OBJETIVOS Objetivo Geral Analisar de forma mais abrangente o cotidiano das meninas vítimas de escalpelamento e reconhecer as implicações psicossociais após o trauma sofrido . Objetivos Específicos Compreender através de uma pesquisas qualitativa, quais ações já foram realizadas para oferecer a essas meninas uma melhor aceitação de si próprias. Identificar fatores sociais de mudança na vida cotidiana. Compreender qual a importância do cabelo pra essa criança ou adolescente. JUSTIFICATIVA Escalpelamento conceitua-se para Cunha (2012), um trauma causado por avulsão parcial ou total do couro cabeludo (Figuras 1), decorrente, principalmente, de contato acidental dos cabelos longos com motor de eixo rotativo. A alta rotação desses motores gera uma força que suga os cabelos da vítima, tracionando e arrancando o couro cabeludo de forma abrupta. Segundo a Revista Pará+, dados fornecidos pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), entre os anos de 1979 e 2007 ocorreram escalpelamentos em 44 municípios do Estado do Pará, sendo os municípios de Belém (e suas ilhas) e as cidades de Breves e Cametá os mais prevalentes. O acidente impõe sequelas físicas (Figuras 3) e vivência de intenso sofrimento psíquico e social durante todo o tratamento e no decorrer da vida dos pacientes, acarretando danos significativos à autoestima, à identidade, à percepção corporal, ao humor, à sociabilidade e às relações afetivas globais, além de contribuir para alterar a dinâmica e a economia familiar. De acordo com a Marinha do Brasil ( Figuras 2), em 2015 a maioria das vítimas de escalpelamento foram crianças entre 5 a 16 anos (56,04%), e do gênero feminino (93,05%). Em 2015 foram registrados nove casos de escalpelamento em todo estado do Pará. Neste ano, até o momento há três registros. Normalmente, há maior ocorrência no mês de julho, entretanto este ano de 2016 nenhum caso foi registrado no mês. O presente trabalho de pesquisa propõe-se a identifiacar quais as implicações psicossociais as vítimas de escalpelamento na faixa etária de 5 a 16 anos, do gênero feminino enfrentam ambiente escolar após o trauma. Os traumas de uma vítima de escalpelamento vão além dos ferimentos crônicos. Muitas mulheres têm o rosto desfigurado pela violência do acidente e dores lancinantes, e ainda precisam superar o preconceito da sociedade em relação às marcas e cicatrizes. BASE TEÓRICA Um acidente que impõe sequelas físicas e vivência de intenso sofrimento psíquico e social durante todo o tratamento e no decorrer da vida dos pacientes, acarretando danos significativos à autoestima, à identidade, à percepção corporal, ao humor, à sociabilidade e às relações afetivas globais além de contribuir para alterar a dinâmica e a economia familiar(1), já que por sua vez as famílias tem gastos com tratamentos, mesmo que não sejam de um todo. Podemos dizer que, por este acidente traumático acontecer repetidas vezes é um fato social? No livro, “As regras do método sociológico”, DURKHEIM,( Emile 2001,cap.1), diz que fatos sociais são formas de agir, de pensar e de sentir que se generalizam, isso é, se repetem em todos os membros de uma sociedade ou de uma comunidade específica. Nem todo hábito que se repete, entretanto, pode ser considerado um fato social. Dormir e comer, por exemplo, são ações que todos nós praticamos, mas fazem parte do universo biológico – são portanto, assunto para as Ciências Naturais. Ademais da generalidade, duas características centrais definem a essência dos fatos sociais: a sua capacidade de coerção e sua externalidade em relação ao indivíduo. Independentemente da nossa vontade, os fatos sociais se impõem sobre nós. São comportamentos e hábitos que parecem emanar da nossa vontade pessoal, mas que na verdade são impostos. São comportamentos e hábitos que parecem emanar da nossa vontade pessoal, mas que na verdade são impostos(4). Mesmo com a regulamentação da Lei federal nº 1.970, de 2009, que torna obrigatória a instalação de proteções em torno de áreas móveis e do eixo do motor de embarcações (6), muitos ribeirinhos não se atentam em cumprir a lei. As maiorias dessas meninas escalpeladas são das próprias famílias ao qual pertence esses barcos. Com tantos anos de acontecimentos traumáticos por conta do escalpo, por que ainda há tanta relutância em cobrir o eixo do motor? Na opinião de Lima (2006) “A escolha desse motor, de centro, se dá pelo baixo custo, por ser mais econômico, e pelas suas proporções - é menor que o motor de popa permitindo navegação por pequenos igarapés.” O tratamento em longo prazo realizado na FSCMP, as vítimas permanecem internadas por alguns meses, ocorrendo conseqüentemente uma alteração da dinâmica familiar, provenientes das regiões ribeirinhas interioranas, distante da capital. Diante do exposto, vítimas e familiares se vêm obrigados a deixarem suas casas e trabalho para o tratamento multidisciplinar, levando-se em consideração a condição sócio-econômica baixa das famílias, de intensa pobreza. Como na maioria das vezes, os acidentes ocorrem em embarcações familiares, muitos se sentem culpados, tornado um trauma não só para a vítima, como também para toda família. Segundo Voltolini (2003): “Durante o longo período de reabilitação, marcado por sucessivas cirurgias, seus pais são forçados a abandonar as atividades de subsistência para acompanhar o tratamento, o que compromete o orçamento doméstico, ampliando ainda mais o drama familiar.” A alopecia permanente é um fato comum nas vítimas de escalpelamento, por conseqüência disto, o crânio fica recoberto por uma fina camada de pele, sendo muito sensível ao sol. A Região Norte é caracterizada por um clima equatoriano úmido, com temperaturas altas durante o ano todo, levando as “meninas de turbante” fazerem uso de peruca, lenço, chapéu, e outros métodos com o objetivo de proteger a fina camada de pele que recobre o crânio. Segundo Voltolini (2003): “As meninas de turbante perdem a vontade de se alimentar, de ir à escola, de namorar e de conviver com os amigos. Jamais integram as estatísticas da população economicamente ativa (PEA). Nem contribuempara o crescimento do PIB nacional, na medida que, envergonhadas, se escondem da sociedade e passando a viver na dependência econômica do país.” No trabalho parcial de conclusão de curso Roseane O. Castro estudante do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, diz que o drama vivido pela população ribeirinha poderia ser evitado ou até mesmo erradicado se os motores dos barcos fossem protegidos. Algumas medidas preventivas, como educação preventiva à população, fiscalização de embarcações, bem como a divulgação do assunto, estão sendo providenciadas pelas autoridades governamentais, organizações não governamentais (ONGS), ministério público, marinha e sociedade civil. Em 2004 a Capitania dos Portos exigiu a implantação de uma carenagem de madeira para proteção dos motores, mas essa solução foi ineficaz e paliativa. Os acidentes continuaram existindo com o mesmo percentual, já que a carenagem de madeira deixa “frestas” onde o cabelo penetra entrando em contato com o eixo do motor em alta rotação. A carenagem para proteção ideal seria de material metálico, mas inacessível pela baixa renda (ASSOCIAÇÃO SARAPÓ, 2007). O escalpelamento é um problema de contexto social e relevante de saúde pública de determinada região do Brasil, sendo considerado como um drama amazônico. Esses acidentes graves e traumáticos estão fora da mídia e acabam passando despercebidos pelo restante do país, e muitas pessoas nem imaginam sua existência(7). Para estudar o trauma psíquico provocado pelo acidente das vítimas, utilizamos como referencial teórico os estudos da Psicanálise e da Psicopatologia Fundamental, um campo teórico-clínico que utiliza o método clínico como meio de produção do conhecimento. De fato, o instrumental legado pela Psicopatologia Fundamental possibilita transformar a vivência traumática em experiência que traga benefícios para o sujeito, através da fala para um outro – o psicanalista. Segundo Berlinck (1998), a Psicopatologia Fundamental ''se dispõe a escutar um sujeito que porta uma única voz que fale do phatos que é somático e que vem de longe e de fora, ela é sempre objeto da transferência, ou seja, de um discurso que narra o sofrimento, as paixões, a passividade que vem de longe e de fora e que possui um corpo onde brota, para um interlocutor que, por suposição, seja capaz de transformar, com o sujeito, essa narrativa numa experiência. Esta palavra, aqui, adquire o sentido preciso do enriquecimento, ou seja, a experiência é a possibilidade de se pensar aquilo que ainda não foi pensado(BERLINCK, 1998:57).'' Hipóteses Fazem parte das implicações psicossociais das meninas escalpeladas, o afastamento da escola e do convívio familiar devido tempo de hospitalização para o tratamento. Surgimento de dificuldades financeiras por conta de os pais muitas vezes precisarem se afastar do trabalho por causa do tratamento. METODOLOGIA A presente pesquisa terá como sujeitos as alunas do curso de Serviço Social da Universidade Paulista, Belém-Pará. Foi desenvolvida com um estudo qualitativo, exploratório de cunho bibliográfico, onde através desta metodologia entendemos algumas implicações psicossociais das meninas entre 5 a 16 anos, escalpeladas nos rios de Belém e proximidades. Compreendemos que essas meninas não são vítimas do acaso, mas sim de um problema que vem perdurando por anos, trazendo dor não somente as vítimas do escalpo, mas também as famílias das mesmas. Segundo a Revista Paraense de Medicina Pará Medical Journal,(p.85), nos casos de crianças, a situação de escalpelamento agregada à hospitalização, pode se configurar como uma experiência potencialmente traumática, pois afasta a criança de sua vida cotidiana, de seu ambiente familiar e promove um confronto com a dor e a limitação física, favorecendo a instalação de um sentimento de culpa, punição e medo da morte, o que pode provocar mudanças na vida e no cotidiano, uma vez que o dia-a-dia passa a ser organizado em função do tratamento. Além das consequências físicas do escalpelamento, Beckman e Santos destacam aspectos emocionais, tais como a baixa autoestima, alteração na autoimagem, medo da morte e saudade da família e aspectos sociais como a ruptura das relações sociais e do convívio familiar, devido ao longo processo de hospitalização, o que altera a realização das ocupações. E quando saem do hospital elas ainda passam por situações de preconceitos. Em um artigo publicado no site do G1 PARÁ(6), há um relato comovente a respeito da autoestima de uma criança de apenas dez anos quanto aos cabelos: "Ela está muito triste, disse que preferia ter morrido do que ficar desse jeito. Ela nem quer se olhar no espelho e está com medo de voltar para a escola e ser chamada de careca", conta a mãe da menina, a atendente de supermercado Claudete Moraes dos Santos, de 27 anos. A partir dos artigos e autores acima citados, compreendemos que os problemas psicossociais dessas meninas que sofreram escalpelamento é de suma importância à ser pesquisado, pois a maioria delas deixa de viver o que gostaria de viver, por ter a vida marcada por um acidente tão traumático. CRONOGRAMA Atividades 1° mês 2° mês 3° mês 4° mês 5° mês Delimitação do problema X Objetivos X Base teórica e Pressupostos conceituais X e hipóteses Metodologia X Cronograma X Estimativa de custos X Referências Bibliográficas X Anexos X REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS CUNHA, C. B. et al. Perfil epidemiológico de pacientes vitimas de escalpelamento tratados na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v.27, 2012. Disponível em: << http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n1/03.pdf>>. Acessado em 28 de agosto de 2016 Palestra da marinha do Brasil, Disponível em: <<https://www.mar.mil.br/cpaor/arquivos/escalpelamento.pdf>> Revista Pará+, Disponível em:<<http://paramais.com.br/solenidade-marcara-fim-da-semana-de-combate-aos-acidentes-com-escalpelamento-2/Agência Pará de Notícias>> DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico. São Paulo_ Martin Claret, 2001.Disponível em:<< https://pt.scribd.com/doc/55327714/DURKHEIM-Emile-As-regras-do-metodo-sociologico-3-ed-Sao-Paulo-Martins-Fontes-2006>>. Acessado em 21 de Outubro 2016. REVISTA PARAENSE DE MEDICINA PARÁ MEDICAL JOURNAL Órgão Oficial da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará Vol. 28(2) abril-junho 2014 ISSN 01015907 Disponível em << http://www.santacasa.pa.gov.br/data/news/28-3.pdf>>. Acessado em 21 de Outubro de 2016 G1 PARÁ Rede liberal, Disponível em:<<http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2012/04/cresce-o-numero-de-acidentes-com-escalpelamentos-no-para-em-2012.html>>. Acesso em 21 de outubro2016 Trabalho apresentado como requisito parcial para Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. Disponível em:<<http://www.ufjf.br/facfisio/files/2010/09/Roseane-.pdf>>. Acesso em 22 de Outubro de 2016, 09:30:30 Berlinck, Manoel Tosta. Psicopatologia Fundamental. São Paulo: Escuta, 2000.https://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php?title=Psicopatologia_Fundamental,_%27pathos%27_e_experi%C3%AAncia acesso em 22 de outubrode 2016 BERLINCK, Manoel Tosta. O que é psicopatologia fundamental? In: Revista latinoamericana de psicopatologia fundamental. Vol. 1, n. 1, p. 46-59, março de 1998 acesso em 23 de outubro de 2016 LIMA, S.M.S.F. Trauma e Dor nos Caminhos dos Rios: Mulheres Ribeirinhas e a Realidade do Escalpelamento. 2006. Disponível em: <http://www.fundamentalpsychopathology.org/anais2006/6.39.1.htm> Acesso em 23 de outubro de 2016 VOLTOLINI, R. O que temos a ver com as meninas de turbante da Amazônia? 2003. Disponivel em: < http://200.242.252.70/oliberal/social/default7.asp>. Acesso em 23 de outubro de 2016 ANEXOS Figuras 1- Avulsão parcial do couro cabeludo Figuras 1-Avulsão parcial do couro cabeludo Figuras 2- Maior número de escalpelamentos são com crianças, e do gênero feminino Figuras 3- Sequelas físicas
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