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ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva.

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PROFESSORES REFLEXIVOS EM UMA ESCOLA REFLEXIVA.
ISABEL ALARCÃO
CAPÍTULO 1
ALUNOS, PROFESSORES E ESCOLA FACE À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
	Na sociedade da informação em que vivemos, ao mesmo tempo complexa, aberta e global, precisamos dominar as competências adequadas para o acesso à informação, assim como a capacidade de avaliação e gestão da imensa quantidade de dados a que temos acesso pelos meios de comunicação. É preciso ter, também, a capacidade da compreensão para perceber objetos, pessoas, acontecimentos, relações, possibilitando o surgimento de um conhecimento pertinente, capaz de contextualizar e dar sentido às informações. 
	Podemos perceber que a escola ainda não acompanhou o novo contexto de sociedade da informação em que vivemos. Continua a ser um sistema fechado, quando deveria ser aberta aos pais e à comunidade; é ainda um sistema rígido, quando deveria ser flexível diante da variada quantidade de fontes e formas da informação; e se mantém acrítico, quando deveria valorizar o pensamento e a autonomia intelectual dos envolvidos. 
	A escola precisa se renovar para adaptar-se a uma sociedade da aprendizagem, onde o cidadão aprende a lidar com as informações de forma crítica e autônoma, participando ativamente da construção do conhecimento. 
Entre as competências necessárias para se viver na sociedade da informação, citamos o desenvolvimento da capacidade de transformar informação em conhecimento, por meio do pensamento e da compreensão. Para isso, a formação escolar deve contribuir para que o aluno desenvolva sua adaptação crítica à realidade, e possa continuar a aprender autonomamente. Esse modelo mobiliza a compreensão enquanto capacidade de escutar, observar e utilizar várias linguagens. 
	Quando falamos em competência, referimo-nos ao domínio de conhecimentos (fatos, idéias, conceitos), capacidades (saber fazer), contatos (relações sociais) e valores. Conforme Perrenoud, “Ter competência é saber mobilizar os saberes”.
 	Quais seriam as competências pertinentes a esse novo contexto de sociedade da aprendizagem? A curiosidade, a capacidade de utilizar conceitos, saber questionar, ter pensamento próprio, desenvolver sua auto-imagem; gerir a vida individual e de grupo, capacidade de adaptação, de construir sua identidade; o compromisso com o desenvolvimento constante, a capacidade de decisão, de trabalho em colaboração, a formação para o exercício da cidadania. 
	A competência para lidar com a informação na sociedade da aprendizagem leva à reestruturação do papel do professor e do aluno, portanto também a revisão do papel da própria escola. O aluno é um ser aprendente que vai a procura do saber, e encontra na sala de aula um espaço propício à construção desse saber. O novo contexto exige uma aprendizagem centrada no aluno, que possibilite a ele desenvolver sua autonomia e responsabilidade por meio do trabalho colaborativo. 
	O papel do professor também muda, pois agora é preciso criar, estruturar, dinamizar situações de aprendizagem: “Os professores são estruturadores e animadores das aprendizagens e não apenas estruturadores de ensino”. (p. 31) Esse novo papel exige um processo constante de autoformação e identificação profissional por meio da reflexão. 
Finalmente, a escola precisa ser autocrítica, aprendente, reflexiva; precisa também ser autogerida e desenvolver um projeto próprio. “A escola reflexiva é uma comunidade de aprendizagem e é um local onde se produz conhecimento sobre educação”. (p. 38).
CAPÍTULO 2
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR REFLEXIVO
O professor é fundamentalmente um profissional reflexivo. A noção de professor reflexivo baseia-se na capacidade humana de pensamento e criatividade; na atuação inteligente e flexível, mobilizando saberes da ciência, técnica, arte e sua sensibilidade. Dessa forma, a própria construção da identidade profissional envolve novos critérios de qualidade na educação e de competência profissional docente.
	O papel da escola na formação do professor reflexivo fica evidente na passagem: “se a capacidade reflexiva é inata no ser humano, ela necessita de contextos que favoreçam o seu desenvolvimento, contextos de liberdade e responsabilidade” (p. 45). A escola deve, portanto, oferecer condições de reflexividade individual e coletiva, e assim tornar-se uma comunidade educativa. 
A formação do profissional deve considerar a experiência do professor e estabelecer com ele um diálogo crítico; deve também levar ao pensamento sistemático e autônomo, que só pode ser conseguido num contexto de liberdade e responsabilidade. 
Quanto ao modelo de formação do professor reflexivo, precisamos considerar a necessidade de uma formação no contexto de trabalho do profissional: a pesquisa-ação, enquanto uma metodologia científica aplicada aos problemas práticos do cotidiano escolar, é o instrumento mais adequado para uma aprendizagem colaborativa em torno de questões pertinentes à realidade do professor. 
 	Além da pesquisa-ação, existem outras estratégias de desenvolvimento da reflexão na formação de professores, tais como:
1. A análise de casos: pensamento ou teorização sobre uma situação concreta;
2. As narrativas: “As narrativas revelam o modo como os seres humanos experienciam o mundo” (p. 53).
3. Os portfólios: conjunto coerente de registros;
4. As perguntas pedagógicas: a capacidade de questionar é o motor da aprendizagem e do conhecimento. 
CAPÍTULO 4
GERIR UMA ESCOLA REFLEXIVA
Como vimos, a escola deve criar condições de reflexividade; uma escola reflexiva, por sua vez, deve manter uma gestão integrada de pessoas e processos, de acordo com sua missão de educar. “Em resumo, a escola é uma comunidade social organizada para exercer a função de educar e instruir” (p. 81). 
A escola precisa se constituir em uma comunidade com pensamento e vida próprios, inserida em seu contexto local e global, e autônoma. Assim, a escola reflexiva leva a uma “organização que continuamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua organização e se confronta com o desenrolar de sua atividade num processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo” (p. 83). A escola, assim concebida, está em permanente construção. 
O Projeto escolar é o elemento fundamental da escola reflexiva, constituindo-se na carta de definição de sua política educativa. É, ao mesmo tempo, um produto e uma referência para a comunidade, e define a organização da escola para a aprendizagem. No centro do projeto da escola está o currículo, enquanto “conjunto de aprendizagens proporcionadas pela escola e consideradas socialmente necessárias num dado tempo e contexto” (87).
Em síntese, gerir uma escola reflexiva é gerir uma escola com projeto, num modelo democrático de gestão onde haja participação efetiva da comunidade escolar. Gerir a escola reflexiva é: liderar, mobilizar pessoas; agir em situação; nortear-se pelo projeto da escola; ter uma atuação sistêmica; garantir a participação democrática; pensar, escutar antes de decidir; avaliar e ser avaliado; ser conseqüente; ultrapassar dicotomias paralisantes; decidir; desenvolver a aprendizagem. Assim se constitui uma escola com identidade própria.
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003.

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