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Ensaio de Macroeconomia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESSIANE DA SILVA PAULINO 
 
 
 
ANÁLISE DA CONJUNTURA FISCAL BRASILEIRA: ABORDAGEM DOS NOVOS-
KEYNESIANOS FRENTE AO NOVO CONSENSO MACROECONÔMICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM-PA 
2018 
 
 
GESSIANE DA SILVA PAULINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA CONJUNTURA FISCAL BRASILEIRA: ABORDAGEM DOS NOVOS-
KEYNESIANOS FRENTE AO NOVO CONSENSO MACROECONÔMICO 
 
 
Ensaio apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Universidade Federal 
do Pará, como requisito para a obtenção da nota 
parcial (30%) da Disciplina de Macroeconomia I. 
Docente: Prof. Dr. Douglas Alencar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM-PA 
2018 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Este ensaio visa compreender a abordagem dos novos keynesianos na política fiscal 
frente ao novo consenso macroeconômico, com intuito, de identificar elementos que 
contribuam a compreensão da crise fiscal da economia brasileira na atualidade. Neste sentido, 
desenvolveu-se uma análise teórica sobre os novos-clássicos e os novos-keynesianos, com 
intuito, de destacar as restrições da abordagem dos novos-clássicos na estabilização da 
economia. Tais restrições ficam evidentes e se refletem por meio de uma preocupação 
exaustiva com a dimensão quantitativa das contas fiscais, ao intensificar a subordinação 
integral da política fiscal aos resultados de curto prazo. Além disso, apresenta-se a conjuntura 
fiscal brasileira, onde busca-se mostrar as limitações da visão dos novos-clássicos na reversão 
da trajetória ascendente da dívida pública, na sua busca de garantir credibilidade e diminuir o 
risco de se investir na economia nacional, onde o ônus da dívida pública é repassado a todos e 
os benefícios se voltam a um setor específico - o setor privado-financeiro nacional. 
O enfoque deste trabalho é na análise da questão fiscal sob a ótica macroeconômica, 
devido, o impacto das políticas fiscais no desempenho econômico. O fator motivacional desta 
pesquisa é a recente crise fiscal brasileira, especialmente, a partir de 2014. Frente a esta 
conjuntura, o novo consenso macroeconômico, defende o corte de gastos púbicos para geração 
de superávits, onde foram tomadas as seguintes decisões no caso brasileiro: aprovou-se a 
Proposta de Emenda Constitucional 55, além de defender a Reforma da Previdência, com o 
objetivo de reverter paulatinamente a trajetória ascendente da dívida pública, visto como 
essencial para a retomada da confiança na economia brasileira. 
No entanto, segundo os novos keynesianos, uma política macroeconômica, não deve 
objetivar colocar a dívida pública numa rota de solvência para tão somente sinalizar aos 
investidores, externos e domésticos, que um país é seguro. O objetivo deve ser muito maior: 
recuperar a competência do governo de efetivar políticas fiscais contracíclicas para tornar 
viável a construção de um contexto macroeconômico de crescimento em busca do pleno 
emprego, como garantia a equidade da distribuição da renda e não somente do ônus da dívida 
pública. Dito isso, este trabalho busca responder o seguinte questionamento: segundo a 
abordagem dos novos-keynesianos, quais os efeitos das políticas fiscais adotadas no novo 
consenso macroeconômico na crise fiscal da economia brasileira na atualidade? 
Este estudo tem como origem a disciplina de Macroeconomia I do Programa de Pós-
Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará. Com base para a discussão, 
utilizou-se livros de autores da macroeconomia, como Carlin & Soskice (2005); Snodow & 
Vane (2005) e Blanchard (2011) e artigos científicos de autores da política econômica 
brasileira, focando nos trabalhos que tem a política fiscal e seus impactos na economia, como 
objeto de análise, como LOPREATO (2006;2007) e GIAMBIGI (2008). Os principais dados, 
conjuntura fiscal brasileira para a realização deste trabalho foram: o resultado primário do 
governo federal: desagregado em receitas, despesas e transferências, como porcentagem do 
PIB; a dívida pública bruta e consolidada. Esses dados foram obtidos junto às seguintes bases: 
Conjuntura Fiscal Brasileira, do Banco Central do Brasil. Pautamos como abordagem: os novos 
clássicos e novos keynesianos, ao destacar principalmente a década de 1980, quando a teoria 
dos novos clássicos ganha força no cenário fiscal até a década atual, no cenário da crise fiscal 
brasileira, com intuito de sintetizar o impacto das políticas fiscais adotadas no novo consenso 
macroeconômico na estabilização da economia brasileira e trazer ao cenário a abordagem dos 
novos-keynesianos. 
 
 
 
 
 
2. POLÍTICA FISCAL: MECANISMOS DE TRANSMISSÃO 
 
A política fiscal, que se caracteriza pelos impostos e transferências, pelo gasto e 
investimento do setor público e pela dívida pública, é uma das principais ferramentas que o 
governo dispõe para a estabilização econômica. Ao conduzir a política fiscal o governo assume 
o papel de fornecer os estabilizadores automáticos que isolam a economia de choques; realizar 
políticas discricionárias que estabilize o nível de produção em torno da taxa de equilíbrio; e 
planejar o financiamento das despesas públicas, de modo a garantir a sustentabilidade de sua 
dívida. Desse modo, o governo tem como principal desafio na condução da política fiscal, 
conciliar na tomada de decisão à arrecadação, gastos do setor público e a sustentabilidade da 
dívida pública frente as restrições orçamentárias às quais o setor público se encontra sujeito, 
para, assim, elevar a eficiência dos efeitos macroeconômicos de uma dada política fiscal 
(CARLIN; SOSKICE, 2006; BLANCHARD, 2011). 
Os efeitos macroeconômicos de uma mudança nos gastos públicos variam de acordo 
com a forma como a despesa é financiada. O governo pode financiar seus gastos através de 
impostos, empréstimos do público (emissão de títulos) e empréstimos do Banco Central 
(emissão de moeda). Em termos nominais, a identidade orçamentária do governo (fontes de 
financiamento estão do lado direito e suas utilizações do lado esquerdo) em cada período é, 
 
G + iB ≡ T + ΔB + ΔH 
 
 
 
 
 
 
Uma alteração na política fiscal, no modelo IS/LM descola a curva IS. Um aumento 
dos gastos públicos, aumenta a renda, que impulsiona a demanda por moeda, e como 
consequência, há um aumento da taxa de juro, que reduz o investimento do setor privado. Esse 
mecanismo de transmissão da política fiscal é a forma mais simples do efeito crowding-out, 
que reduz o efeito integral do multiplicador. Portanto, no equilíbrio de curto prazo, mesmo com 
o incremento do produto, devido ao aumento dos gastos do governo há uma redução dos gastos 
privados, devido a variação na taxa de juros, já que, a demanda adicional por moeda não é 
equilibrada por um aumento na oferta monetária (CARLIN; SOSKICE, 2006). 
Dessa forma, quando o governo toma recursos emprestados para financiar um déficit 
orçamentário, por meio da emissão de títulos públicos, por exemplo, gera uma pressão de alta 
nas taxas de juros no mercado de ativos financeiros. No entanto, o estoque de títulos públicos 
que foram vendidos para o setor privado no passado, constituirá a dívida pública presente. 
Nessa linha, haverá uma exigência contínua para a venda de títulos para cobrir a diferença entre 
despesas e receitas, uma vez que o estoque de títulos do governo irá crescer a cada ano, o que 
limita o mecanismo de transmissão da políticafiscal. A fim de corroborar com esta afirmação, 
alguns economistas que seguem a abordagem dos novos-clássicos, chamam a atenção para 
outros efeitos secundários que tendem a reduzir o efeito dos déficits públicos sobre a demanda 
agregada e, servem de base ao debate da política fiscal na atualidade, principalmente, sob a 
eficiência e a eficácia do Estado na estabilização econômica (CARLIN; SOSKICE, 2006). 
Onde, 
G = gasto do governo em bens e serviços 
i = taxa de juros nominal 
B = estoque de títulos em circulação 
T = tributação 
ΔB = novos títulos emitidos - período atual 
ΔH = emissão de moeda 
 
 
 
2.1 Política Fiscal: abordagem teórica 
 
A política fiscal, que se caracteriza pelos gastos do governo, pela tributação e pelo 
financiamento público, é uma das principais ferramentas que o governo dispõe para a 
estabilização econômica, sendo esta a base da abordagem teórica keynesiana. Segundo esta 
visão, o governo deve ser ativo e possuir um papel anticíclico na economia, seja por meio de 
uma elevação nos gastos do governo ou por mudanças na tributação. Por sua vez, os novos 
clássicos1 acreditam que, em uma economia de mercado, há um conjunto de forças que levam 
a economia ao pleno emprego e que, por isso, as políticas fiscais são pouco efetivas na redução 
da instabilidade econômica. Diante desse quadro, esta seção, objetiva apresentar abordagens 
teóricas referentes ao papel do governo, para, assim, identificar elementos determinantes do 
quadro fiscal brasileiro, diante deste cenário macroeconômico (CARVALHO et al, 2008; 
LOPREATO, 2006). 
A abordagem dos novos-clássicos questiona a supremacia da política fiscal na 
estabilização econômica da visão keynesiana. Fundamentando-se no pressuposto de que os 
agentes possuem expectativas racionais, assim, conhecem o comportamento da economia e 
aprendem com seus erros. Sendo o foco principal de sua crítica aos keynesianos, a dívida 
pública. Uma vez que, o efeito macroeconômico de uma política de geração de déficits fiscais 
seria idêntico ao de uma política que tenha como meta o equilíbrio orçamentário. No entanto, 
a diferença entre elas é a credibilidade que esta última proporcionaria, ao garantir a 
sustentabilidade da dívida pública, e, assim, assegurar a credibilidade da economia nacional, 
ao indicar um baixo risco de investimento aos agentes. Dessa forma, o ajuste fiscal e a 
promoção de superávits primários se tornam fundamentais para estabilizar a relação dívida/PIB 
e garantir a sustentabilidade da dívida pública e a credibilidade do país no mercado de 
investimento nacional e internacional (FROYEN, 1999; SNOWDON; VANE, 2005; 
CARVALHO et al, 2008) 
Os novos clássicos, baseado na visão da Equivalência Ricardiana2, mostram a pouca 
efetividade da política fiscal na demanda agregada, visto que, uma redução de impostos 
contrabalançada com um aumento de endividamento público terá efeito nulo sobre o consumo 
corrente, pois as pessoas vão distinguir nesse maior endividamento, um possível aumento na 
carga tributária futura. Assim, ao invés de aumentar o consumo, as famílias vão poupar para 
fazer face a esse possível aumento de impostos. No entanto, seus críticos, argumentam que é 
irrisória a possibilidade de que os contribuintes venham antecipar os impostos futuros. Além 
disso, ainda que antecipassem, muitos teriam plena consciência de que não estariam vivos para 
pagar integralmente essa carga tributária futura. Diante disso, muitos economistas rejeitam a 
visão pura da política fiscal dos novos clássicos. Contudo, a significância de sua teoria e suas 
implicações para a política fiscal, se consolida no novo consenso macroeconômico (CARLIN; 
SOSKICE, 2006; CARVALHO et al, 2008). 
 
1 Essa visão se fundamenta na economia clássica. Robert Lucas, Thomas Sargent e Robert Barro lideram os 
economistas novos-clássicos, que sustentam que, em decorrência de uma expansão no déficit público corrente, os 
contribuintes reduzirão o consumo e aumentarão a poupança corrente, por antecipar um aumento de impostos no 
futuro em virtude da elevação da dívida pública para financiar o déficit corrente (CARVALHO et al, 2008). 
2 O resultado da equivalência ricardiana depende dos seguintes pressupostos: a ausência de restrições de liquidez 
sobre as famílias, ou seja, as famílias são capazes de contrair empréstimos contra o rendimento futuro esperado 
na atual taxa de juros; a taxa de juros e o horizonte de tempo enfrentado pelas famílias e pelo governo são os 
mesmos; as famílias têm filhos e incorpora a utilidade de seus herdeiros no seu comportamento de consumo, ou 
seja, as famílias se comportam como se eles durassem para sempre (CARLIN; SOSKICE, 2006). 
 
 
 
Ao longo dos anos, diante de um quadro de instabilidade inflacionária e de crescimento 
dos níveis de déficit público, surgiu várias críticas em relação à intervenção do Estado na 
economia. Especialmente, na década de 1990, com a formulação do Consenso de Washington 
e com as intervenções do Fundo Monetário Internacional (FMI), definiu-se que o orçamento 
do setor público deveria estar em equilíbrio financeiro constante, com intuito de evitar o 
crescimento insustentável do déficit público, bem como a credibilidade e a reputação do 
governo perante seus credores. Dessa forma, se observa uma clara mudança na abordagem 
teórica da política fiscal, que passa a atuar com o intuito de garantir o equilíbrio das contas 
públicas, independente do cenário econômico em questão (LOPREATO, 2006; 2007; 
GIAMBIGI, 2008; CARVALHO et al, 2008). 
 A fim de obter esses resultados, intensificou-se a exigência de um maior ajuste das 
contas públicas mediante a geração de elevados superávit primários. Dessa forma, através do 
compromisso com a geração de metas para superávit primários, o setor público garantiria a 
realização dos pagamentos com encargos da dívida pública e contribuiria para a geração de um 
resultado nominal equilibrado, que leva em consideração as despesas financeiras. Além disso, 
após a adoção de regimes de metas inflacionárias, a partir da administração da taxa de juros e 
da importância em torno da questão da credibilidade e da reputação do setor público, a política 
fiscal passou a assumir um papel secundário, em prol da efetividade da política monetária 
(LOPREATO, 2006). 
Nesse sentido, nota-se uma queda do papel da política fiscal em detrimento à política 
monetária, que vem se consolidando como o novo consenso macroeconômico, uma visão 
convencional da política fiscal. Após a adoção de regimes de metas de inflação, a política fiscal 
deveria manter um rígido controle, a fim de contribuir para a obtenção das metas monetárias. 
Assim, a política fiscal não seria mais vista como “um poderoso instrumento 
macroeconômico”, mas sim como um instrumento de controle do déficit público. Tal 
comportamento acarretou no enfraquecimento do debate em torno de uma política fiscal ativa 
em prol da estabilidade macroeconômica. Segundo Mishkin (2002 apud ARESTIS; SAWYER, 
2004), a adoção de políticas fiscais insensatas poderia tornar mais difícil para as autoridades 
monetárias, perseguir as metas de inflação, uma vez que, a geração de altos déficits fiscais 
pressionaria o Banco Central a financiá-los por meio da emissão de moeda, o que poderia 
colaborar para a instabilidade inflacionária. 
A partir disso, tornou-se de uso geral, com base na visão mais convencional, estabelecer 
a necessidade de conduzir a política fiscal de maneira a gerar expressivos superávits primários 
para fazer frente à dívida pública, com intuito de diminuir sua proporção em relação ao PIB. A 
ideia difundida de orçamento equilibrado apoia-se, principalmente, na noçãode que o déficit 
público é um mal em si, pois representa um elemento central e desencadeador do processo 
inflacionário. O presente trabalho resgata os principais argumentos que servem como guia e 
recomendações que sustentam a visão convencional de condução da política fiscal para, em 
seguida, confrontá-la com uma visão crítica fundamentada, principalmente, no arcabouço pós-
keynesiano (MONTES; ALVES, 2012). 
Abordagens teóricas alternativas, procuram revelar o quanto a abordagem 
convencional, consolidada no novo consenso macroeconômico, apresenta limitações e assenta-
se numa visão um tanto quanto restrita em relação ao desempenho das finanças públicas e, por 
conseguinte, à condução da política fiscal. Tais restrições ficam evidentes e se refletem por 
meio de uma preocupação extenuante com a dimensão quantitativa das contas fiscais, 
intensificando, a subordinação absoluta da política fiscal aos resultados de curto prazo. Pois, 
uma política macroeconômica, não deve objetivar colocar a dívida pública numa rota de 
solvência para tão somente sinalizar aos investidores, externos e domésticos, que um país é 
seguro. O objetivo deve ser muito maior: recuperar a competência do governo de efetivar 
 
 
políticas fiscais contracíclicas para tornar viável a construção de um contexto macroeconômico 
de crescimento em busca do pleno emprego (MONTES; ALVES, 2012). 
 
2.2 Uma abordagem crítica à visão convencional: debate pós-keynesiano 
 
As mudanças na economia mundial e o acelerado desenvolvimento da teoria 
econômica, impulsionados pelas escolas monetarista (no final dos anos 60 e na década de 70) 
e novo-clássica (final dos anos 70 e início dos anos 80), reduziram o grau de liberdade do 
governo na condução da política fiscal. Assim, o avanço da financeirização da economia – no 
plano palpável – e das expectativas racionais – no plano teórico – levou a política fiscal a novos 
direcionamentos, compatíveis com aqueles que remontam a origem da teoria econômica, 
repercutindo em uma mudança de visão quanto ao papel a ser desempenhado pela política fiscal 
(MONTES; ALVES, 2012). 
Ideias como credibilidade da política econômica, sustentabilidade da dívida pública e 
definição de regras de controle das contas públicas passaram a fazer parte do discurso associado 
à condução da política fiscal. Estas questões, ao ganharem espaço, ajudaram na formação do 
“novo consenso macroeconômico” (ARESTIS; SAWYER, 2004). 
 
A atual visão do mainstream realça as inter-relações das variáveis econômicas 
com os fundamentos fiscais e defende que os problemas só são superados com 
a restauração da confiabilidade na trajetória sustentável das contas públicas. 
Nesta perspectiva, o papel da política econômica “responsável” é assegurar a 
credibilidade da política fiscal, como condição ‘sine qua non’ ao 
restabelecimento da confiança dos investidores. Pois, só assim, os agentes, 
vistos como atores que agem de acordo com as expectativas racionais, aceitam 
reduzir o prêmio de risco e retomar os investimentos, favorecendo o 
financiamento do balanço de pagamentos e a estabilidade da taxa de câmbio 
(LOPREATO, 2006, p. 3). 
 
Nesse sentido, no novo consenso macroeconômico, o papel da política fiscal fica 
limitado a uma posição secundária frente a condução da política econômica, com vistas, a criar-
se condições propícias de credibilidade e estabilidade, onde a política monetária, por meio do 
regime de metas de inflação, passa a ser a principal forma de condução da política econômica. 
Onde a política fiscal, assume o objetivo principal de manter única e exclusivamente a inflação 
sob controle e sinalizar aos investidores externos que o país apresenta uma economia segura, 
deixando o crescimento do produto e emprego como objetivos secundários. Nesse sentido, 
busca-se neste tópico apresentar a abordagem dos novos-keynesianos, uma abordagem crítica 
a este Consenso Macroeconômico quanto a condução da política fiscal (MONTES; ALVES, 
2012). 
O desenvolvimento recente da macroeconomia ortodoxa, com destaque para as 
correntes monetarista e novo-clássica, pode ser considerado como a base para a condução de 
políticas econômicas pautadas em regras, voltadas ao controle dos déficits públicos. Destas 
duas escolas destacam-se três pontos de consenso (absorvido posteriormente pelo pensamento 
novo-keynesiano), sintetizados por Montes e Alves (2012), que foram fundamentais para o 
desenvolvimento e aperfeiçoamento do regime de metas de inflação: 
a) a visão de que a Curva de Phillips é vertical no longo prazo (inexistência de trade-
off entre inflação e desemprego), ou seja, que os efeitos da política monetária sobre o setor real 
da economia no longo prazo, é nulo, resultando apenas em mais inflação; 
 
 
b) o problema de inconsistência temporal gerado por políticas monetárias 
discricionárias, e; 
c) a construção de argumentos favoráveis a necessidade de estabilidade de preços para 
que o crescimento econômico seja promovido, haja vista a inflação deixar as economias mais 
sensíveis as crises, fragilizar o sistema financeiro, deteriorar as receitas do governo, distorcer 
preços relativos e gerar ineficiência na alocação dos recursos. 
Segundo a visão dos novos-keynesianos, a intervenção do Estado na economia, por 
meio das políticas macroeconômicas, é de suma importância, para a redução das incertezas, 
que prejudicam uma série de decisões de gastos a serem tomadas pelos agentes, em particular 
as de investimento, devido à presença de imperfeições intrínsecas de cada mercado. Os novos 
keynesianos, não acreditam que os mercados se equilibrem rapidamente, uma vez que, os 
salários e os preços são rígidos, devido a assimetria de informações. Nesse sentido, a política 
fiscal tem um papel significativo para incrementar a demanda agregada, onde não se trata de 
substituir o mercado pelo Estado, mas de buscar a estabilização da economia, devido, o 
importante papel que a política fiscal desempenha como política anticíclica (SNOWDON; 
VANE, 2005; BLANCHARD, 2011; MONTES; ALVES, 2012). 
E por fim, vale ressaltar que, a abordagem keynesiana não advoga gastos estruturais 
permanentes, mas sim, a importância do aumento dos gastos públicos em momentos em que a 
economia se encontra em situação de contração. Neste sentido, não predomina na visão dos 
novos-keynesianos qualquer tipo de menção a geração de déficits permanentes e contínuos. A 
ação de política fiscal deve ser, antes de tudo, cuidadosamente planejada, de maneira a evitar 
desequilíbrios significativos que impeçam a sua utilização nos momentos de maior 
necessidade. Sendo assim, não existe nenhum tipo de incompatibilidade em se incorporar ao 
pensamento de Keynes as questões associadas a disciplina fiscal, equilíbrio orçamentário e 
estratégia de redução do endividamento público, integradas, principalmente, a partir da 
abordagem dos novos-keynesianos (AFONSO, 2010). 
 
3. BRASIL: A POLÍTICA FISCAL NOS ÚLTIMOS ANOS 
 
A crise econômica da década de 1980, no Brasil, era agravada por um aumento acelerado 
da inflação, o qual, segundo a abordagem convencional, era resultante do aumento do déficit 
público. A partir disso, surgiu diversas transformações institucionais no setor público brasileiro. 
A rigor o processo teve início nos anos de 1980, com a criação de um sistema de controle 
estabelecido com o surgimento da Secretária do Tesouro Nacional em 1986, que possibilitariam 
uma apuração confiável do saldo fiscal “acima da linha”3 a partir da década de 1990. Já nos 
anos de 1990 e na primeira década do século XXI, criadas com a finalidade de alcançar 
superávit primários e garantir a sustentabilidade da dívida pública, destacam-se as 
transformações a seguir, posteriormente,discutidas ao longo do texto, formuladas no trabalho 
de Giambigi (2008): 
• a privatização de diversas empresas estatais, especialmente importante no que se refere 
às empresas estaduais, o que mudou significativamente o resultado primário das 
mesmas; 
 
3 Os resultados fiscais apurados “acima da linha” correspondem à diferença entre as receitas e as despesas do setor 
público (IPEA, 2017). 
 
 
• a venda de diversos bancos estaduais de propriedade estatal, o que acabou com um 
mecanismo clássico de financiamento dos déficits públicos estaduais4; 
• o Plano Real, de 1994, que, devido ao fim da elevada inflação, contribuiu para ampliar 
a transparência das contas públicas, ao se poder aferir com maior precisão o verdadeiro 
significado das variáveis nominais; 
• a renegociação das dívidas estaduais em 1997/1998, processo que esteve na raiz do 
ajustamento fiscal pelo qual passaram os Estados e municípios a partir de 1999; 
• a adoção de um sistema de metas razoavelmente rígidas de resultado primário para o 
setor público consolidado, religiosamente cumpridas desde então, a partir de 1999; 
• as medidas de aumento da receita para viabilizar o ajuste fiscal em 1999, prática 
posteriormente repetida diversas vezes, e 
• a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), consolidando o processo iniciado 
com a privatização dos bancos estaduais e continuado com a renegociação das dívidas 
estaduais e municipais, fruto de uma reflexão acerca da importância de definir regras 
formais, como parte de uma abordagem fiscal baseada na definição de novas 
instituições. 
 
A estabilização e a integração ao mercado internacional levaram à construção de um 
novo regime fiscal. Nos anos 1990, a abertura comercial brasileira abriu a possibilidade de 
controlar a inflação e acirrou o debate em torno do papel da política fiscal. Nesse sentido, a 
política fiscal, passou a cumprir o papel de valorização dos capitais e garantia de credibilidade. 
Nesse sentido, com a implantação do Plano Real (1994) instaura-se um modelo de disciplina 
fiscal forte. Segundo Oliveira (2007), a necessidade de sustentar o programa de estabilização e 
de garantir o ajuste fiscal em curso, legitimou a introdução de uma institucionalidade apoiada 
em regras rígidas e garantidas por lei, com reflexos diretos no grau de autonomia das unidades 
estaduais. Assim, o estabelecimento de um ajuste fiscal nos Estados, a partir de um controle 
hierárquico empreendido pela União, foi orientado para a redução do setor público e o controle 
do endividamento. A condução da política fiscal atrelou-se a regras e normas rígidas de 
cumprimento das metas programadas, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que 
estabelece a meta de superávit primário e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que reforça 
o controle fiscal das contas de estados e municípios (LOPREATO, 2006; 2007). 
A concepção do novo regime fiscal deu atenção à defesa da estabilidade e credibilidade 
a economia nacional, ao reduzir a incerteza no mercado, ao garantir que movimentos 
inesperados da taxa de juros e câmbio serão compensados com o aumento do superávit primário 
e, assim, garantir o ajuste ao longo do tempo das contas púbicas. Assim, o uso de instrumentos 
fiscais, está subordinado a este objetivo maior, e não em prol de políticas de crescimento. Essa 
prática seguiu a ordem teórica dominante depois da derrocada da visão keynesiana de defesa 
do pleno emprego e das alterações da dinâmica capitalista na fase da globalização e ganhou 
 
4 Os bancos estaduais tinham se convertido, na prática, em verdadeiras Casas de Moeda, sem maior controle por 
parte das autoridades federais: No início de 1983, aconteceu um fato gravíssimo. Alguns dos novos governadores 
eleitos perceberam que seus bancos estaduais podiam fazer saques a descoberto no Banco do Brasil, que era o 
depositário das reservas bancárias, à ordem do BC. O que levava mais de um mês para chegar ao conhecimento 
do BC, via balancetes mensais do BB. Não existia um sistema de informações gerenciais, nem serviços em tempo 
real. O primeiro deles foi o governador do Rio de Janeiro. Depois fizeram o mesmo os governadores de Goiás, 
Santa Catarina e Paraíba. O governador deste último estado, Wilson Braga, teve a gentileza de me avisar no dia 
do saque, em atenção ao fato de eu ser seu amigo e paraibano. Alertei-o para a gravidade do ato, mas ele retrucou 
afirmando que precisava pagar o funcionalismo e por isso já havia efetuado o saque” (NÓBREGA, 2005, p. 295 
apud GIAMBIGI, 2008). 
 
 
corpo a partir da crise da Ásia, quando o programa de ajuste acompanhou as diretrizes impostas 
pelo FMI (LOPREATO, 2007). 
No entanto, regras e instituições por si só não são suficientes para atingir determinados 
resultados fiscais, se o conjunto das forças políticas dominantes do país não atua na mesma 
direção. Pois, frente a estes avanços fiscais acima citados, a situação fiscal nacional se 
deteriorou, sendo a sustentabilidade da dívida pública durante a década de 2000, garantida pelo 
aumento do superávit na balança comercial até o ano de 2013, dependente da economia externa. 
No ano de 2015, as receitas e as despesas primárias representam aproximadamente 20% do PIB 
brasileiro, com a inclusão das transferências, o Brasil possui um déficit, o qual recorreu à 
empréstimos para financiá-lo, sendo este mesmo cenário que persistiu no ano de 2016 e 2017, 
no entanto, a falta de credibilidade, acentuou ainda mais a crise fiscal brasileira (Gráfico 1). 
 
Gráfico 1: Resultado primário do governo geral entre 2002 e 2015 – desagregado em receitas, 
despesas e transferências (em % do PIB) 
 
Fonte: BCB, 2015 
 
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) é o principal indicador de endividamento 
público, apresentando no período de 2013-2016 um rápido crescimento, saltou de 51,3% para 
72,5% do PIB, sendo a trajetória ascendente da DBGG a mais duradoura no período de 2000-
2016. De acordo com este indicador, a trajetória ascendente da dívida torna-se prejudicial para 
o crescimento, especialmente a partir da faixa de 50-60% em relação ao PIB, o que se encaixa 
na situação hoje vivida pelo Brasil. Quando se analisam os fatores contribuintes para tal 
trajetória, estão presentes o crescente déficit primário – que surgiu após muitos anos de 
consecutivos superávits primários –, a queda do PIB e o aumento do custo médio da dívida 
pública de 11,2% a.a. para 12,57% a.a., em 2016 (CHUDIK et al, 2015; BCB, 2016). 
A Dívida Consolidada Líquida (DCL) em relação ao PIB (DLSP/PIB) evidencia a 
sustentabilidade da dívida, uma vez que correlaciona o montante total das obrigações 
financeiras frente ao seu desempenho econômico. A série histórica da relação DLSP/PIB 
iniciou-se em dezembro de 2001 e atingiu seu valor mais alto em setembro de 2002 (62,4%), 
mantendo-se em trajetória declinante até 2013. Em 2014, quando se registrou déficit primário 
– o primeiro da série histórica anual iniciada em 2002 – a relação DLSP/PIB elevou-se em 
relação ao ano anterior, movimento mantido no ano seguinte, alcançando em junho de 2016 o 
indicador de 42% na relação DLSP/PIB (GRÁFICO, 2). 
 
 
 
Gráfico 2 – Dívida Líquida do Setor Público (até jun/16) 
 
Fonte: BCB, 2016 
 
O indicador DLSP/PIB em junho de 2015 (34,5%) comparado com o verificado em 
junho de 2002 (59,8%) foi reduzido em 25,4 p.p. Esse resultado foi alcançado pela geração de 
superávits primários médios superiores a 3% do PIB ao ano e da redução da parcela de juros 
líquidos sobre a dívida pública em 2015. A partir de 2014, a redução do ritmo de crescimento 
da economia brasileira afetou as receitas orçamentárias,com impacto, a revisão em julho de 
2015, de suas metas fiscais. Com isso, para o ano de 2016, a meta de superávit primário foi 
alterada para -0,3% do PIB (BCB, 2016). 
 
3.1 Apontamentos sobre a crise fiscal brasileira à estudos futuros 
A crise econômica em 2016, ressurgiu uma questão muito importante para o equilíbrio 
das contas públicas brasileiras, estamos falando das dívidas que os estados brasileiros possuem 
com a União. A descentralização ao mesmo tempo, que tem pontos positivos, principalmente 
para a eficiência da alocação dos recursos. Tem pontos negativos, a falta de responsabilidade 
fiscal levou muitos estados a mercê de elevados endividamento. O problema da dívida dos 
estados começou na ditadura. Nos anos 1970, o governo federal centralizava bastante a 
arrecadação de tributos, o que dificultava a vida dos estados, que tinham poucas receitas 
disponíveis. Na qual, passaram a buscar empréstimos no exterior, que na época era abundante. 
Nos anos 1980, com a crise da dívida externa os estados passaram a se financiar com 
empréstimos de bancos nacionais, com a União e com bancos estaduais (inclusive com emissão 
de títulos) (OLIVEIRA, 2007). 
A dívida pública dos estados junto a União triplicou entre 1983 e 1993, correspondendo 
a 40% da dívida pública brasileira. Com o plano Real (1994), o controle da inflação prejudicou 
ainda mais as receitas dos estados. Nesse momento a União passou a intervir na situação fiscal 
das unidades federativas, assumindo suas dívidas e refinanciando o valor que eles deviam, 
tornando-se credora dos mesmos e permitindo que eles pudessem se reestruturar 
financeiramente, com 30 anos para saldar suas dívidas (data da aprovação do acordo (1997) -
2027); reajuste do valor da dívida de acordo com o IGP-DI + taxa pré-fixada. Além do mais, 
privatizou-se os bancos estaduais e os estados ficaram proibidos de emitir títulos de dívida. Ao 
longo dos anos, este acordo firmado em 1997, tornou-se onerosa aos estados o pagamento de 
suas dívidas, que passou a ser indexado, em 2016, ao IPCA ou a taxa Selic (o que for menor) + 
uma taxa pré-fixada de 4%, ao invés do IGP-DI. 
 
 
O agravamento da crise econômica no ano de 2016, a situação fiscal dos estados e do 
governo federal se agravou. O Governo Federal, então, passou a negociar uma medida de 
emergência, que pudesse aliviar a situação no curto prazo: o pagamento da dívida dos estados 
fora adiado por 6 meses; a imposição de um limite máximo para os gastos públicos, com a 
aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, entre outras. Essas medidas 
seguem a ótica do novo consenso macroeconômico e visa alcançar a sustentabilidade da dívida 
pública, somente para a garantia de credibilidade aos investidores. 
 Ao estabelecer um teto de longo prazo aos gastos públicos, a proposta busca reverter 
paulatinamente a trajetória ascendente da dívida pública para a retomada da confiança na 
economia nacional. Mas, deve se indagar se a mesma é eficiente? E para que/quem está voltado 
os ônus e benefícios da mesma? Pois acredita-se que uma medida de estabilização da economia, 
não pode executar medidas que tem como foco restrito, garantir a credibilidade da economia 
brasileira, frente aos seus possíveis investidores, com a distribuição do ônus da dívida pública 
à toda sociedade. Nesse sentido, resgata-se a abordagem keynesiana, que defende como 
objetivo, a estabilização da política fiscal, que recupere o papel do governo na 
efetivação/condução das mesmas, para tornar viável a construção de um contexto 
macroeconômico de crescimento em busca do pleno emprego, ao considerar, uma política 
fiscal ativa, de acordo com o cenário macroeconômico presente, por exemplo, em momento de 
crises, é necessário efetivar políticas fiscais contracíclicas, com intuito de garantir uma a 
estabilização da economia no longo prazo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. CONCLUSÃO 
 
 A política fiscal qualifica-se como um importante instrumento do governo à 
condução da política econômica. Análise das abordagens teóricas referentes a política fiscal, 
revelou o quanto a abordagem convencional, consolidada no novo consenso macroeconômico, 
apresenta limitações e assenta-se numa visão um tanto quanto estreita em relação ao papel das 
finanças públicas e, por conseguinte, em relação à condução da política fiscal. Segundo 
abordagens alternativas, uma política macroeconômica, não objetiva colocar a trajetória da 
dívida pública numa rota de solvência para tão somente sinalizar aos investidores, que um país 
é seguro. O objetivo é muito maior: recuperar a capacidade do governo de realizar políticas de 
gastos fiscais contracíclicas para tornar viável a construção de um contexto macroeconômico 
de crescimento em busca do pleno emprego. Assim, a sustentabilidade da dívida pública é, 
dessa forma, apenas uma das condições necessárias para a viabilização dos objetivos de 
política, já que possibilita a utilização do instrumento de política fiscal de gastos. 
A política macroeconômica sob a ótica da abordagem novo-clássico deixa pouco 
espaço à atuação da política fiscal, que deve se limitar à criação de estabilidade e credibilidade 
da economia. Enquanto isso, a gestão da demanda agregada foi atribuída à política monetária. 
Assim, tal postura de austeridade isola a política fiscal e a condiciona seus objetivos e 
resultados, somente a criação de credibilidade, sendo este o modelo recomendado a qualquer 
país, em qualquer cenário econômico. Este ponto atrai diversas críticas, uma delas diz respeito 
a possíveis efeitos, que são ignorados, frente a possibilidade de uma crise econômica que 
podem anular os efeitos da política da política monetária na geração de demanda agregada. 
Outro ponto controverso tem como análise a evolução da relação dívida/PIB, já que, os mesmos 
acreditam que, apenas o superávit primário assegura um bom desempenho ao crescimento 
econômico, e esquecem de analisar as fontes/determinantes da evolução dessa relação, como a 
rolagem da dívida pública dos estados; o pagamento de juros; a dependência externa na geração 
desses superávits; a importância das commodities, no caso da economia brasileira, entre outros. 
 Através deste estudo percebe-se que no Brasil a política fiscal é subordinada a 
resultados de curto prazo. A partir da década de 1990, busca principalmente gerar superávits, 
no entanto, por seus dados, conclui-se que o resultado quantitativo positivo não foi suficiente 
para a garantia da sustentabilidade da dívida pública brasileira no longo prazo, sendo esta a 
principal conclusão deste trabalho. Por fim, sendo a política fiscal, um poderoso instrumento 
de análise da economia para diferentes períodos históricos, ela pode servir como base para 
estudo para diversos casos, sendo essencial um aprofundamento da análise dos fatores 
determinantes da crise fiscal brasileira que podem contribuir para reforçar a abordagem dos 
novos-keynesianos frente ao novo consenso macroeconômico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
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apresentação no III Encontro da Associação Keynesiana Brasileira, realizado entre 11 e 13 
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LOPREATO, Francisco Luiz Cazeiro. A política fiscal brasileira: limites e entraves ao 
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OLIVEIRA, Fabrício Augusto. Teorias da federação e do federalismo fiscal: o caso 
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SNOWDON, B.; HOWARD R. V. Modern Macroeconomics: its origins, development and 
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