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7a aula AS PARTES NO PROCESSO DO TRABALHO

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. MARCÍLIO FLORÊNCIO MOTA
profmarciliomota@hotmail.com
 
Tema da aula: AS PARTES E PROCURADORES NO PROCESSO DO TRABALHO: A CAPACIDADE DE SER PARTE, A REPRESENTAÇÃO E A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
1. DEFINIÇÃO DE PARTE
	O processo é uma relação jurídica que envolve autor, réu, juiz e auxiliares da Justiça visando a solução de um conflito submetido ao Poder Judiciário. É relação, assim, de pessoas. As pessoas da relação processual, por sua vez, participam dela segundo interesses diferentes e específicos. O autor e o réu pretendem a prevalência de um direito material, o juiz busca a composição definitiva do conflito e os auxiliares da Justiça atuam de modo a favorecer o resultado da atividade judicial. 
As partes, autor e réu, demandante e demandado, requerente e requerido, reclamante ou reclamado (estes últimos termos são os mais utilizados no processo do trabalho), são os sujeitos do processo que têm interesse no objeto da causa. O que distingue a parte dos demais integrantes da relação processual é esse interesse direto no bem litigioso.
2. A CAPACIDADE DE SER PARTE 
Para que o processo seja regular, a participação nele exige o que a doutrina denomina de “capacidade de ser parte”. Em outras palavras, para ser autor ou réu num processo, ou mesmo para nele intervir como terceiro, é preciso que se reconheça a capacidade de ser parte àquele que postula essa participação.
A capacidade de ser parte, tal qual prevista no processo comum – art. 7º do CPC -, é a praticada no processo do trabalho. Possuem capacidade para ser parte todas as pessoas naturais, as pessoas jurídicas de direito privado e de direito público e as pessoas formais. 
Do dispositivo legal se extrai, destarte, que apenas as pessoas podem figurar num processo como parte. O nosso sistema jurídico não reconhece aos animais, por exemplo, a titularidade de direitos e só os que possuem aptidão para a titularidade de direitos e de obrigações, as pessoas, é que têm capacidade de ser parte.
Assim, num processo, podemos ter as pessoas naturais do trabalhador e do tomador de serviços e de seus sucessores: cônjuge, filhos, etc.
Relativamente às pessoas jurídicas de direito privado nós temos as associações civis, inclusive filantrópicas, as sociedades comerciais, as fundações privadas, as sociedades de economia mista e as empresas públicas.
No que concerne às pessoas jurídicas de direito público podemos ter a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as Autarquias e as Fundações Públicas.
No que respeita às pessoas formais, são elas o condomínio, a herança jacente ou vacante, o espólio e as sociedades informais, por exemplo – art. 12 do CPC. No processo do trabalho costumam figurar no processo como parte o espólio e o condomínio. No caso de condomínio não formalmente constituído, os juízes do trabalho costumam resolver a dificuldade na tramitação e solução do conflito com a citação de todos os co-proprietários para o processo.
3. A CAPACIDADE DE ESTAR EM JUÍZO 
A capacidade de estar em juízo corresponde à aptidão para praticar por si mesmo os atos da vida civil – arts. 7º e 8º do CPC. Essa capacidade é regulada pelo direito civil comum – arts. 1º a 6º do Código Civil. Assim, os menores de 18 e maiores de 16 anos devem ser assistidos na prática de atos da vida civil. Os menores de 16 anos devem ser representados. No processo do trabalho a assistência ou representação de incapazes pode ser pelo representante legal ou pelo Ministério Público do Trabalho – art. 793 da CLT.
O maior de 16 anos e o menor de 18 anos que seja empregado tem a emancipação, conforme o art. 5º do Código Civil. A sua reclamação é sem a necessidade de assistência. É de se destacar, nesse ponto, que a relação de emprego tem de ser reconhecida pelo empregador. Acaso não reconhecida a relação de emprego, o menor terá necessidade de assistência.
	As pessoas jurídicas são representadas de conformidade com a previsão no direito comum. As de direito privado por quem designar o ato constitutivo. As pessoas jurídicas de direito público, conforme a hipótese, pelos Advogados da União (União), pelos Procuradores (Estados e Distrito Federal), pelo Prefeito ou Procurador (Municípios) e por quem prevê o ato de constituição (Autarquias e Fundações Públicas).
	Nos casos das pessoas formais, as situações mais comuns são as do condomínio, representado pelo síndico, do espólio, representado pelo inventariante, e da entidade familiar, representada por qualquer dos cônjuges ou pessoa integrante da família.
	Para o condomínio informal, no qual não há síndico eleito, os juízes do trabalho determinam a citação de todos os condôminos para o processo e, na verdade, os integrantes do pólo passivo passam a ser os co-proprietários.
	É de se observar que nem sempre o falecimento de uma pessoa natural determinará que seus sucessores reclamem direitos por meio do espólio. Eles podem reclamar os direitos em nome próprio, pela condição de sucessores. Nesse caso, bastará que eles estejam habilitados como dependentes do falecido perante o INSS – Lei n. 6.858/1980. 
	A irregularidade de representação determina que o juiz promova a correção do defeito nos termos do art. 13 do CPC. Havendo desobediência à determinação, a conseqüência será a extinção do processo ou a revelia do réu, conforme a falta seja do reclamante ou do reclamado.
4. A CAPACIDADE POSTULATÓRIA
	
5. AS PARTES NA AUDIÊNCIA 
	A audiência é ato processual de extremo relevo no processo do trabalho. Quase todos os atos processuais são praticados na audiência, quando presentes as partes e o juiz. Assim, é importante destacar as partes na audiência porque a ausência delas tem consequências jurídico-processuais. Por outro lado, o tratamento jurídico da presença da parte e de seus procuradores (advogados) será diferente conforme tenhamos um empregado, um empregador ou um sujeito processual diverso de empregado e empregador.
	5.1. O empregado
O empregado mesmo assistido ou representado deverá comparecer pessoalmente à audiência, salvo se o caso for de ação plúrima (litisconsórcio) ou no caso de ação de cumprimento (art. 872 da CLT), quando à audiência poderá comparecer um dirigente sindical no lugar do trabalhador, conforme a redação do art. 843 da CLT. 
Casos da possibilidade da representação do empregado na audiência ainda temos na hipótese de doença ou de outra causa poderosa (relevante) – art. 843 e § 2º da CLT –, quando o trabalhador pode ser representado por um colega de profissão.
É importante anotarmos que o atestado médico da parte doente deve consignar a impossibilidade de sua locomoção para ser aceito pelo juiz (Súmula 122 do c. TST). Segue a transcrição da Súmula 122 do c. TST:
	
REVELIA. ATESTADO MÉDICO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 74 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência. (primeira parte - ex-OJ nº 74 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996; segunda parte - ex-Súmula nº 122 - alterada pela  Res. 121/2003, DJ 21.11.2003).
	Relativamente a “motivo poderoso”, esse é conceito jurídico-processual indeterminado, o que acarreta apreciação subjetiva e casuística (em cada caso). 
	Nos últimos dois casos, motivo de doença ou outro poderoso, caso o empregado não se faça substituir na audiência por um colega, o juiz determinará o seu adiamento, desde que saiba, na ocasião, da ocorrência que determinou o não comparecimento do trabalhador. Registre-se, por fim, que nada obsta que nesses casos o trabalhador seja substituído por um dirigente do sindicato.
	5.2. O empregador
O empregador é representado por preposto que é gerente ou empregado quetenha conhecimento dos fatos. Quem não é empregado não pode ser preposto do empregador, exceto em casos de reclamação trabalhista contra micro, pequeno empresário ou a entidade familiar. 
Assim, é importante que tenhamos em vista os casos em que as empresas pretendem ser representadas na audiência por contador ou procurador que não seja empregado. 
No caso de ação de empregado doméstico, qualquer das pessoas que viva na casa e seja capaz pode figurar como preposto. 
O preposto deve saber dos fatos da causa sob pena de se considerar a ocorrência de confissão. Vejamos o teor da Súmula 377 do c. TST sobre a matéria:
PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação) - Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05.05.2008. 
Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
	As sociedades de economia mista e as empresas públicas (BANCO DO BRASIL, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, CORREIOS, PETROBRÁS, etc.) são pessoas de direito privado e a representação na audiência é por preposto que conheça os fatos da causa sob a conseqüência da confissão para o caso de desconhecimento.
	As pessoas de direito público (UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, TERRITÓRIOS, MUNICÍPIOS, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS) não precisam de prepostos para a representação. É que as pessoas de direito público não incidem em confissão, porque os seus direitos são indisponíveis – art. 320 do CPC.
	É de se destacar que o Código de Ética da OAB proíbe que o advogado atue simultaneamente como advogado e preposto. No caso de advogado preposto no Processo do Trabalho, o juiz o aceitará como preposto se for empregado. É questionável se ele pode atuar concomitantemente como preposto e advogado. Alguns juízes admitem a participação conjunta e mandam que se oficie a OAB para a questão da irregularidade ética.
	O preposto tem de conhecer os fatos da causa. Esse conhecimento não é necessário que seja de vivenciar os fatos. Pode ser conhecimento informado pelo empregador ou por qualquer pessoa da empresa. A falta de conhecimento dos fatos da causa pelo preposto faz o empregador incidir na confissão dos fatos articulados na inicial.
	
5.3. Sujeitos diversos de empregado e empregador
Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para abranger as relações de trabalho além das relações de emprego, interpretamos que não se aplica ao trabalhador não empregado a representação em substituição para os casos de ações plúrimas, ação de cumprimento ou por doença ou outro motivo poderoso – art. 843 da CLT. A “substituição” no caso é de empregados.
Assim, se houver justo motivo para o não comparecimento do trabalhador, o juiz deverá considerar a ocorrência e atuar determinando o seu adiamento.
Por outro lado, o preposto para a representação da pessoa reclamada, natural ou jurídica, não tem de ser empregado. O tomador dos serviços pode ser representado por qualquer pessoa. Persistirá, contudo, que esse preposto deve conhecer os fatos da causa sob “pena” de se considerar que o tomador dos serviços confessou os fatos articulados com a inicial.
6. O COMPARECIMENTO DO ADVOGADO À AUDIÊNCIA
	a) Na relação de emprego
Na relação de emprego, empregado e empregador podem comparecer à audiência independentemente de seus advogados, pois possuem o “jus postulandi”, art. 791 da CLT. Não obstante, empregado ou empregador podem constituir advogado para a reclamação ou para a defesa, o que chega a ser aconselhável em face da complexidade dos direitos e do processo do trabalho.
Na hipótese de processo do trabalho versar sobre relação de emprego, o não comparecimento do advogado não acarreta consequências jurídicas, mesmo que ele tenha assinado a petição inicial ou a defesa.
	b) Nas relações de trabalho diversas da relação de emprego 
Nos casos de Processo do Trabalho que versem sobre questões não atinentes à relação de emprego, como, por exemplo, de sindicato contra sindicato ou de representante comercial contra o tomador de seus serviços, o não comparecimento do advogado à audiência acarreta consequências jurídicas, precisamente aquelas previstas no § 2º do art. 453 do CPC, ou seja, o juiz pode dispensar a prova da parte cujo advogado não compareceu à audiência. É assim porque o “jus postulandi” é reconhecido ao empregado e ao empregador – art. 791. Quem não é empregado ou empregador precisa de advogado no processo do trabalho. 
É de se atentar, por outro lado, que se o réu comparecer à audiência sem advogado e ainda não tiver feito a sua defesa, o juiz não pode permitir que ela faça a sua própria defesa, a menos que ele possua habilitação legal, não haja advogado no lugar ou os que existirem sejam impedidos ou recusem a causa – art. 37 do CPC. 
Na hipótese de réu que não tenha constituído advogado para a defesa, o juiz deverá, entendemos, determinar o adiamento da audiência e a regularização do defeito até a audiência em sequência, sob pena de revelia e confissão da matéria de fato.
7. Consequências da ausência do autor (reclamante) e réu (reclamado) à audiência
a) Não comparecimento à audiência inaugural
O reclamante que não comparece à audiência inicial tem contra si o arquivamento da reclamação - art. 844 da CLT, o que se aplica a qualquer autor (empregado, trabalhador não-empregado, sindicato, empresa, etc.). O arquivamento da reclamação equivale à extinção do processo sem julgamento de mérito. A hipótese não está arrolada de modo específico no art. 267 do CPC, mas outra não tem sido a interpretação dos Tribunais.
	Se o faltoso for o reclamado, a consequência da ausência é a revelia e a confissão da matéria de fato suscitada pelo autor, seja o réu empregado ou empregador – art. 844 da CLT. Não teremos a confissão, todavia, em ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 320 do CPC.
	No que respeita ao arquivamento, ressaltamos, contudo, que a Reclamação Trabalhista, mesmo arquivada, promove a interrupção da prescrição, conforme a interpretação que está na Súmula 268 do c. TST:
PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA ARQUIVADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. 
A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.
	
	O arquivamento do processo, como dissemos, equivale à extinção do processo sem julgamento de mérito. Se o autor desejar impugnar a decisão, sobretudo porque, por exemplo, faltou à audiência por motivo de doença, deverá ingressar com Recurso Ordinário. O pedido de desarquivamento pode ser conhecido pelo juiz como se fosse Recurso Ordinário a partir da aplicação do princípio da fungibilidade. É claro que o pedido de desarquivamento dos autos não é recurso, mas para aproveitar o processo já interposto o juiz pode aplicar a interpretação.
	Por outro lado, diante do Recurso Ordinário, o juiz poderá fazer uso do art. 296 do CPC para exercer juízo de retratação, o que prestigiará vários princípios processuais, incluindo o da economia processual. Caso o juiz não exerça a retratação de modo positivo, o autor pode fazer tramitar o RO ou, o que será mais rápido, desistir do recurso e ingressar com nova Reclamação.
	O autor que der causa a dois arquivamentos fica impedido de reclamar por seis meses – art. 732 da CLT. A doutrina interpreta, então, que não se aplica ao processo do trabalho o instituto da perempção previsto no Parágrafo único do art. 268 do CPC, como já tivemos oportunidade de ressaltar. Interpretamos que a regra do art. 732 se aplique a qualquer processo trabalhista.
	Uma última observação é quanto a que o processo previne o juízo para ações ajuizadas na mesma localidade. Na hipótese de instauração de outro processo no mesmo local, a distribuição o direcionará para o juízo do processo arquivado. 
	
	
	b) Não comparecimento à audiência em continuação
	O não comparecimento do autor ou do réuà audiência em continuação do procedimento pode acarretar a confissão dos fatos articulados pela parte contrária, se para a audiência as partes tenham sido convocadas para depor sob “pena” de confissão.
	Sem a previsão da aplicação da confissão, o não comparecimento das partes não acarreta maiores consequências jurídicas que não a prática dos atos processuais previstos para ela, apesar da ausência da parte.
	Em faltando à audiência autor e réu, o juiz julgará o caso conforme a distribuição do ônus probatório – art. 818 da CLT c/c o art. 333 do CPC.
	
7. O ADVOGADO 
Na Justiça do Trabalho vigora o jus postulandi – art. 791 da CLT -, ou seja, as partes, empregado e empregador, podem acompanhar suas Reclamações pessoalmente e sem a constituição de advogado, embora a complexidade do processo e dos direitos não recomende o efetivo exercício do jus postulandi pela parte.
A dispensabilidade do advogado, entretanto, é restrita aos empregados e empregados e não significa que a parte não o utilize no processo, mesmo quando empregado ou empregador. 
A parte pode ter no processo a assistência do advogado do sindicato (Lei n. 5.584/70) ou contratar um advogado particular para o fim de assistência postulatória. Há três modos de concessão de poderes de representação para um advogado: por meio de mandato escrito, por meio de mandato tácito (que se subtende pelo comparecimento da parte com o advogado a uma audiência trabalhista) ou por meio de mandato verbal transcrito no termo de audiência (quase nunca praticado). 
Sem mandato o advogado não é admitido a procurar em juízo, conforme o art. 36 do CPC, o que se aplica no Processo do Trabalho.
É preciso atentar, por outro lado, para que a procuração seja passada por quem de direito. No caso de pessoa jurídica, o outorgante deve ser identificado no instrumento de procuração. A falta pode comprometer o recurso, conforme a OJ n. 373 da SDI-1 do TST e os arestos a seguir transcritos:
IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO INVÁLIDA. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU REPRESENTANTE. ART. 654, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL (DJe divulgado em 10, 11 e 12.03.2009)
Não se reveste de validade o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica em que não haja a sua identificação e a de seu representante legal, o que, a teor do art. 654, § 1º, do Código Civil, acarreta, para a parte que o apresenta, os efeitos processuais da inexistência de poderes nos autos.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. INSTRUMENTO DE MANDATO SEM IDENTIFICAÇÃO DO REPRESENTANTE LEGAL DA PESSOA JURÍDICA. INVALIDADE. Nos termos do artigo 654, § 1º, do Código Civil, o instrumento de mandato deve conter, entre outros requisitos, a qualificação do outorgante e do outorgado. Nesse sentido, é indispensável a identificação do representante legal da empresa na procuração por meio da qual se conferem poderes ao advogado, sob pena de invalidade do instrumento. Constando do instrumento tão-somente a rubrica de quem outorgou os poderes, sem sua identificação, tem-se por inválida a procuração. Agravo de instrumento não conhecido. (Tribunal Superior do Trabalho TST; AIRR 858/2007-029-03-40.9; Primeira Subseção de Dissídios Individuais; Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa; DJU 06/03/2009; Pág. 134).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUTENTICAÇÃO. DECLARAÇÃO DO ADVOGADO. AUSÊNCIA. É indispensável a comprovação de autenticidade das peças processuais contidas no instrumento do Agravo, seja por declaração do advogado subscritor, seja por chancela lançada em cada peça. Art. 544, § 1º, do CPC. Instrução Normativa 16/99, item IX, do TST. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. REPRESENTAÇÃO. IDENTIFICAÇÃO DO REPRESENTANTE LEGAL DA OUTORGANTE. NECESSIDADE. Se os poderes outorgados ao subscritor do Recurso são provenientes de instrumento de mandato outorgado por pessoa jurídica sem a identificação de seu representante legal, tem-se por inexistente o Apelo, por irregularidade de representação. Agravo de Instrumento não conhecido. (Tribunal Superior do Trabalho TST; AIRR 29/2003-089-15-40.0; Segunda Turma; Rel. Min. José Simpliciano Fontes de Faria Fernandes; DJU 06/03/2009; Pág. 174) CPC, art. 544.
8. OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
O processo do trabalho não contempla, nos casos de relação de emprego, os honorários sucumbenciais, a menos que o empregado seja beneficiário da gratuidade da Justiça e esteja assistido por advogado de seu sindicato. Os honorários, nesse caso, são fixados até 15% do valor da condenação e eles são devidos mesmo na procedência parcial da Reclamação. O percentual dos honorários é previsto na lei que prevê a assistência judiciária gratuita – Lei n. 1060/50. A interpretação em torno dos honorários nós encontramos nas Súmulas 219 e 329 do c. TST e na OJ n. 305 da SDI-1.
Para os casos que não forem de relação de emprego, nos quais, então, os advogados são necessários, o perdedor assume os honorários sucumbenciais – arts. 20 e ss. do CPC. 
9. O ESTAGIÁRIO
O estagiário inscrito na OAB só pode receber procuração e atuar em conjunto com um advogado, conforme o Estatuto da Advocacia. Na prática, alguns juízes relevam a atuação do estagiário numa audiência sem que em companhia de advogado. 
10. A GRATUIDADE DA JUSTIÇA
	A gratuidade da Justiça é conferida ao pobre na forma da Lei. Para a concessão da gratuidade, o trabalhador tem de receber até dois salários mínimos mensais ou declarar pobreza e insuficiência de recursos, conforme o § 3º do art. 790 da CLT. 
A declaração de pobreza apresentada na própria inicial ou em documento é suficiente ao deferimento do pedido e pode ser concedida de ofício. Vejamos a OJ 304 da SDI-1.
Nº 304 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO. DJ 11.08.03. Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50).
	No sistema da Lei n. 5.584/70, que interpretamos que esteja revogada pelo § 3º do art. 790 da CLT nessa parte da gratuidade da Justiça, a concessão dos benefícios da gratuidade alcançava apenas aqueles que recebiam menos de 2 (dois) salários mínimos. 
	O adversário do postulante da gratuidade pode impugnar o pedido dizendo que o requerente possui recursos para o processo e, nesse caso, aquele que faz a impugnação assume o ônus da prova da suficiência de recurso por parte de quem requereu a gratuidade da Justiça.
	O TST tem admitido que a gratuidade possa ser deferida ao empregador pessoa natural ou jurídica. Divergimos no tocante à concessão da gratuidade à pessoa jurídica. 
	A gratuidade da Justiça não se restringe às custas e despesas do processo e alcança o depósito recursal, ou seja, o depósito que o empregador condenado tem de promover como condição ao uso de recurso no Processo do Trabalho.
11. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
O MPT é uma importante instituição no mundo do trabalho. A sua atuação é múltipla e consiste, principalmente, na investigação de ilícitos trabalhistas, na convocação de pessoas para ajustamento de condutas, no ajuizamento de ações civis públicas, na vigilância da prevalência do interesse público nas questões trabalhistas, na representação ou assistência de incapazes e na arbitragem de conflitos coletivos. O MPT participa de todas as sessões dos órgãos colegiados da Justiça do Trabalho opinando nos julgamentos sempre em que houver a necessidade da defesa do interesse público, inclusive na questão do respeito ao ordenamento jurídico. Para melhor compreensão das atribuições do MPT vide os arts. 83 e 84 da Lei Complementar n. 75.
Professor Marcílio Florêncio Mota

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