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10a A PETIÇÃO INICIAL TRABALHISTA

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. MARCÍLIO FLORÊNCIO MOTA
profmarciliomota@hotmail.com
Tema da aula: A PETIÇÃO INICIAL TRABALHISTA
1. Referências legais: art. 840 e seu § 1º e 787 da CLT; Lei n. 5.584/70 e arts. 282, 283 e 396 do CPC. 
2. Definição: A petição inicial trabalhista é a peça que dá início ao procedimento de uma ação (Reclamação Trabalhista) na esfera da Justiça do Trabalho. É peça processual que exige o cumprimento de formalidades para que o réu (Reclamado) exerça a sua plena defesa e para que o órgão jurisdicional possa entregar a prestação jurisdicional definitiva.
3. Requisitos legais: Os requisitos da petição inicial trabalhista nós extraímos da regra do § 1º do art. 840 da CLT, da Lei n. 5.584/70, que versa sobre o processo do trabalho, e dos artigos 282 e 283 do CPC, que podem ser aplicados subsidiariamente a este processo especial. A petição inicial trabalhista é peça que não reclama grande trabalho para a sua elaboração, mas que não dispensa o cuidado para que a narrativa corresponda à indicação da causa de pedir do pedido ou dos pedidos apresentados. A simplicidade da peça trabalhista não deve permitir a condescendência do juiz com omissões que prejudiquem a defesa do reclamado. 
	Vejamos a principal regra da CLT, § 1º do art. 840 da CLT:
Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
	a) O juízo a que é dirigido: O primeiro requisito exigido da inicial trabalhista é a indicação do juízo a que a petição será dirigida. A regra fala “Presidente da Junta”, porém já não temos mais as Juntas de Conciliação e Julgamento, mas VARAS DO TRABALHO. O endereçamento mais comum, então, será ao Juízo da Vara do Trabalho. Não podemos esquecer que a causa pode ser da competência originária do Tribunal Regional do Trabalho ou mesmo do Tribunal Superior do Trabalho, quando, então, a inicial deve ser dirigida ao Desembargador ou Ministro relator do processo. 
	b) A qualificação das partes: As partes, o reclamante e o reclamado, devem ser qualificadas na petição inicial. A qualificação do autor deve ser completa, incluindo o número de sua inscrição no CIC. A qualificação do réu deve ser a possível. Às vezes a parte não dispõe de um dado relevante e isso não será obstáculo ao processamento da causa. O fundamental é que o réu esteja individualizado, distinto de outras pessoas que possam ser confundidas com ele. 
	c) O endereço onde o advogado recebe intimações: O CPC prevê como requisito da inicial civil a indicação do lugar onde o advogado recebe intimações – inciso I do art. 39. Essa exigência não se aplica ao processo do trabalho por causa do jus postulandi. A omissão acarretará, se houver necessidade de intimação pelo correio, que a parte seja intimada diretamente. Não devemos esquecer que as partes devem indicar os seus endereços e que as intimações serão dirigidas a eles. Presumem-se recebidas as correspondências dirigidas aos endereços que constam dos autos – § 2º do art. 852-B e 2ª parte do Parágrafo único do art. 39 do CPC. 
d) Os fatos e fundamentos jurídicos do pedido: Os fatos e os fundamentos jurídicos equivalem à locução “breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio” no § 1º do art. 840 da CLT. O dispositivo celetista não destaca a questão com a mesma técnica do processo comum, mas é absolutamente incontroverso que a inicial trabalhista deve apresentar a causa de pedir de modo a que não prejudique a ampla defesa nem cause obstáculo ao julgamento de mérito pelo juízo. Observamos certo relaxamento quanto a esse aspecto da inicial trabalhista que não pode, contudo, ser esquecido pelo estudante de direito e principalmente pelos operadores do processo do trabalho. Os fatos correspondem à origem do direito pretensamente violado. A existência de um contrato de trabalho, de uma prestação de serviços autônoma, de uma relação de emprego doméstico etc. O fundamento jurídico é a causa violadora do direito. Pode ser o trabalho em horas extras sem a remuneração, por exemplo. Fundamento jurídico do pedido não é a indicação da regra legal que ampara o direito. O autor não está obrigado a indicar a regra legal que ampara o seu pedido. Prevalece aqui o princípio “dá-me os fatos e eu te darei o direito”. É de se atentar para a indicação das correspondentes causas de pedir quando a inicial trabalhista for com vários pedidos. 
	e) O pedido com as suas especificações: A inicial trabalhista é predominantemente com pluralidade de pedidos, ou seja, com pedidos cumulados. Assim, cumpre ao autor indicar um rol de pedidos que corresponda a todas as causas de pedir que tenham sido anunciadas anteriormente. Para uma correta formulação de pedidos ao juízo trabalhista cumpre ao autor identificar que direitos foram eventualmente violados e que agora podem ser reclamados. O advogado trabalhista deve entrevistar o seu cliente e se certificar sobre peculiaridades do trabalho e da disciplina legal do labor. É freqüente nos depararmos com omissões sobre direitos desrespeitados, questões que o trabalhador só levanta em juízo por ocasião de seu depoimento. Muitas categorias profissionais dispõem de Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo de Trabalho e é fundamental que o advogado conheça essas normas e indague de seu cliente, antes da elaboração da inicial, se os direitos previstos nesses instrumentos foram respeitados pelo empregador.
	f) O valor da causa: A inicial trabalhista, segundo o § 1º do art. 840 da CLT, não exige a indicação do valor da causa. Na linha desse regramento, a Lei n. 5.584/70 impunha ao juiz a fixação do valor da causa quando a inicial fosse omissa a esse respeito. Desde a lei n. 9.957/2000 se interpreta que houve uma imposição de indicação do valor da causa na inicial trabalhista, já que o valor da causa implica na adoção do rito sumaríssimo ou ordinário na tramitação do feito. Assim, na atualidade, a inicial trabalhista deve conter o valor da causa, o qual será o resultado da vantagem econômica pretendida pelo trabalhador com a Reclamação. Para a atribuição do valor da causa, o reclamante deve observar as regras dos arts. 258 a 260.
	g) As provas com que o autor pretende provar as suas alegações: A regra da CLT que trata da petição inicial escrita também não pede ao autor que diga quais as provas que pretende produzir. Essa aparente omissão é compreendida à luz das regras que regem os procedimentos processuais trabalhistas. Os procedimentos processuais trabalhistas são todos em audiência única onde devem ser produzidas todas as provas. Assim, basta ao autor produzir na audiência todas as provas que pretender. Destarte, a ausência de menção na inicial das provas que o autor pretende produzir não pode determinar a emenda da inicial ou o indeferimento de provas que ele entenda necessárias à prova dos fatos sobre os quais tem ônus.
h) O requerimento da citação do réu: A inicial trabalhista não exige o requerimento da citação do réu. A omissão não acarretará qualquer irregularidade, pois. A justificativa para a omissão é o fato de a inicial trabalhista não ser submetida a despacho para averiguação de sua regularidade e determinação da citação do réu. A notificação (citação) é encaminhada ao reclamado pela distribuição.
i) Os documentos indispensáveis à propositura da ação: Os documentos que são indispensáveis à propositura da ação, ou seja, aqueles referidos como geradores de direitos ou que provam violações de direito devem vir com a inicial trabalhista - art. 787 da CLT. 
É comum e reprovável a omissão. Observamos, por outro lado, que não apenas os documentos indispensáveis à propositura da ação, mas todos os que o autor tenha para provar fatos em seu favor, mesmo que não possam ser tidos por “indispensáveis”, devem vir com a petição inicial – art. 787. Omissõessignificativas nesse aspecto são, por exemplo, a falta de juntada de registro de nascimento de filhos para pedido de cotas de salário-família e de convenções coletivas para pedidos que são previstos nessas normas. 
Os documentos, ademais, quando fornecidos em cópia devem ser conferidos com o original pela secretaria ou autenticados pelo próprio advogado – art. 830 da CLT -, exceto se for documento comum às partes, como os recibos de salários e convenções coletivas de trabalho, conforme interpreta a jurisprudência.
j) O pedido de antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional: A inicial trabalhista comporta a postulação da antecipação dos efeitos da jurisdição. No processo do trabalho podemos utilizar o art. 273 para o pedido de antecipação da tutela ou as regras dos incisos IX e X do art. 659 da CLT. É preciso registrar, quanto a essa questão, que o pedido deve ser destacado para ser percebido na distribuição dos feitos. A inicial trabalhista não é submetida a despacho para averiguação de sua regularidade e determinação da citação do réu. A notificação (citação) é encaminhada ao reclamado pela distribuição e se não houver o destaque quanto ao pedido de antecipação da tutela o pedido pode deixar de ser observado imediatamente pelo juiz, o que recomenda, também, que o autor procure a secretaria da Vara para provocar a apreciação do pedido.
	
4. A referência à doutrina: O autor pode fazer a transcrição de teorias da doutrina que favoreçam o seu pedido. A revelação do pensamento dos doutrinadores deve ser feita com comedimento, restrita aos casos em que a questão teórica está sendo discutida nos Tribunais ou quando a teoria for nova. 
5. A transcrição da jurisprudência: A citação da jurisprudência também pode ser oportuna. É preciso que se tenha o cuidado para a transcrição do que é verdadeiramente importante por ser inovador ou por ser decisão em torno de uma matéria ainda em franca discussão nos Tribunais. A jurisprudência não deve ser citada pela simples razão de dar aparência de erudição à peça inaugural, o que também se aplica à transcrição da doutrina.
6. A adição da inicial: A adição da inicial corresponde ao acréscimo de pedido ou de causa de pedir na inicial. Esse acréscimo é perfeitamente possível, sem a concordância do réu, até a oferta da defesa. O autor pode, então, aditar a inicial até a defesa do réu, o que ocorre no início da audiência.
7. A emenda ou complementação da inicial: A emenda ou complementação da inicial é ato que pode ser praticado por iniciativa da parte ou por determinação do juiz após a leitura da inicial na audiência. A emenda ou complementação é necessária para suprir omissão na vestibular, em especial relativa à indicação de alguma causa de pedir.
8. O indeferimento da petição inicial: O indeferimento da inicial ocorre quando o juiz constata uma falta que impossibilita o aproveitamento da inicial. O mais comum é o não conhecimento de um pedido por omissão da causa de pedir do que o indeferimento da inicial por completo. O Tribunal Superior do Trabalho tem súmula que indica que o indeferimento da inicial só é lícito se o juiz houver concedido oportunidade para que o autor sane a omissão – Súmula 263.
Professor Marcílio Florêncio Mota

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